MONITORIZAÇÃO DA CONSCIÊNCIA Como usar o Índice Bispectral Durante a Anestesia TM Um Guia de Bolso para Médicos BIS 52 SEGUNDA EDIÇÃO Scott D. Kelley, M. D. Monitorização da Consciência Como Usar o Índice BiespectralTM Durante a Anestesia Um Guia de Bolso para Médicos SEGUNDA EDIÇÃO Scott D. Kelley, M. D. Diretor Médico Aspect Medical Systems Objetivos da Aprendizagem Após ler este guia, o médico anestesista poderá: • Descrever a ligação entre o efeito anestésico, os sinais de EEG e o Índice BIS • Integrar as informações do BIS durante a indução, a manutenção e a emergência • Identificar situações especiais que podem influir na monitorização do BIS • Formular respostas para mudanças súbitas no BIS que ocorrerem durante a anestesia • Resumir o impacto, baseado em evidência, da utilização da monitorização BIS durante o procedimento anestésico • Recomendar a monitorização BIS em uma estratégia de redução do risco de consciência intra-operatória • Listar os recursos e caminhos para acessar suporte médico adicional para a monitoração do BIS Este recurso destina-se exclusivamente a fins educativos. Não é aconselhável oferecer recomendações abrangentes ou recomendações de práticas médicas específicas ao paciente a respeito da tecnologia de monitoração BIS.As escolhas médicas abordadas neste texto podem ou não ser consistentes com as necessidades do seu paciente, com suas abordagens de prática médica ou com as diretrizes de prática aceitas por sua instituição ou pelo seu grupo médico. Cabe a cada médico definir suas próprias determinações a respeito das decisões de prática médica que atendam ao melhor interesse dos pacientes. Recomenda-se que os leitores examinem as informações atuais do produto, inclusive as Indicações de Uso fornecidas atualmente pelo fabricante. O editor, o autor e a Aspect Medical Systems, Inc. eximem-se de qualquer responsabilidade por qualquer tipo de ferimento e/ou danos pessoais ou patrimoniais decorrentes das informações fornecidas neste texto. Índice Visão Geral Executiva e Pontos Fundamentais . . . . . . . . . . . . . . .1 O Índice BIS – Um Parâmetro de EEG Processado Validado Clinicamente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5 Monitorização BIS Durante a Anestesia Geral Típica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11 Questões Especiais com Impacto na Monitorização BIS . . . . . .18 Gerenciamento Clínico: Como Responder às Mudanças Súbitas do BIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21 Impacto Clínico da Monitorização BIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24 Como Usar a Monitorização do BIS para Reduzir a Consciência Intra-operatória . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .25 A Evolução da Monitorização da Função Cerebral . . . . . . . . . . .35 Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .38 Visão Geral Executiva e Pontos Fundamentais Visão Geral Executiva e Pontos Fundamentais Os sistemas de monitorização do Índice Biespectral (BIS) conferem aos profissionais anestesistas a capacidade de acessar informações de EEG processadas como uma forma de aval iação dos efeitos de certos anestésicos durante o tratamento de pacientes que selecionam para monitorar. O impacto cl ínico da monitorização BIS foi demonstrado em vários testes controlados aleatórios, que revelaram o potencial da monitoração BIS para facil itar mel horias – inclusive na segurança do paciente – durante o procedimento anestésico. Uma vez que a monitoração BIS pode ser desconhecida por alguns anestesistas, é importante mencionar os elementos fundamentais da tecnologia BIS e reconhecer a relação entre as informações da monitorização BIS e o estado clínico do paciente. Antes de usar as informação de monitorização BIS como um guia auxiliar no procedimento anestésico, é também relevante examinar as situações importantes e as limitações que possam influir no número BIS. Uma discussão mais profunda dos seguintes pontos fundamentais pode ser encontrada neste guia: • Índice BIS: Um Parâmetro de EEG Processado com Validação Clínica (Consulte a Página 5) – O Índice BIS é o resultado da análise avançada de sinal de EEG desenvolvida pela Aspect Medical Systems. Durante a análise do sinal, as características múltiplas do EEG são determinadas. O algoritmo do BIS foi desenvolvido para quantificar as mudanças nas características de EEG que melhor se relacionam com as mudanças no estado clínico induzidas por fármacos. • Alcance Clínico do BIS: Um Conceito Contínuo (Consulte a Página 7) – O Índice BIS é um número sem dimensão dentro de uma escala de extremos clínicos assim como características específicas de EEG. Indivíduos despertos e não sedados geralmente apresentam 1 valores de BIS >97. Com a sedação progressiva induzida por fármacos, os números do BIS diminuem e os valores do BIS devem ser interpretados levando em conta esta continuidade. Um BIS igual a 60 representa uma alta sensibilidade na identificação da inconsciência induzida por fármacos. No entanto, em algumas situações e com algumas combinações de sedativos e analgésicos, os indivíduos inconscientes podem apresentar valores do BIS >60. Valores do BIS <30 indicam níveis crescentes de supressão de EEG. Um do BIS igual a 0 representa um sinal de EEG isoelétrico. • Como Utilizar o BIS Durante a Anestesia Geral (Consulte a Página 11) – A administração de anestesia geral envolve o uso de medicamentos anestésicos para induzir e manter a inconsciência e, em seguida, a redução e/ou a descontinuação do anestésico para permitir emergência e retorno da consciência. Os profissionais anestesistas devem considerar que na maioria dos estudos clínicos em que se usou o BIS para ajudar a orientar a dosagem do agente anestésico, os anestésicos principais foram ajustados para manter os valores do BIS abaixo de 60 durante a cirurgia. – A consideração das informações do BIS pode ser útil em várias situações clínicas que se desenvolvem durante o procedimento anestésico. Similarmente, os médicos devem também estar preparados para avaliar e responder a mudanças inesperadas nos valores do BIS. Idealmente, as informações do BIS devem ser integradas com outras informações de monitoração e avaliações do paciente disponíveis. • Questões Especiais com Impacto na Monitorização BIS (Consulte a Página 18) – É importante entender que várias situações clínicas podem influir na precisão do valor do BIS como um indicador do efeito hipnótico do anestésico. As quatro áreas fundamentais incluem: a influência do tônus muscular (EMG) do músculo frontal; 2 Visão Geral Executiva e Pontos Fundamentais interferências elétricas e mecânicas dos dispositivos médicos; estados anormais de EEG; e certos agentes e coadjuvantes anestésicos – que podem todos contribuir para valores do BIS elevados. Condições clínicas graves – que podem requerer resposta imediata – têm sido associadas com o súbito aparecimento de valores baixos do BIS. • Impacto Clínico da Monitorização BIS (Consulte a Página 24) – Um número substancial de testes controlados aleatórios demonstra o impacto dos procedimentos anestésicos orientados pelo BIS nos resultados com os pacientes. Comparado com a prática médica padrão, o ajuste da dosagem do anestésico principal para manter os valores do BIS de acordo com uma faixa alvo (geralmente valores do BIS de 45 a 60 durante a manutenção) tem, com certos agentes anestésicos, reduzido a dosagem de anestésico e a duração do despertar e da recuperação. A utilização da monitorização BIS como guia auxiliar na administração de anestesia pode também estar associada com a redução da incidência de consciência com lembrança em adultos durante a anestesia geral e sedação. • Monitorização BIS e Redução da Consciência Intra-Operatória (Consulte a Página 25) – A consciência intra-operatória desintencional pode ocorrer em 0,1 a 0,2% de pacientes adultos submetidos à anestesia geral. Por causa do possível dano psicológico, inúmeras organizações estão apoiando os esforços para reduzir a incidência do recobro da consciência. A eficácia da monitorização BIS foi demonstrada em dois testes prospectivos, eos médicos podem considerar esta evidência para o desenvolvimento de estratégias específicas do paciente a fim de evitar a consciência. Informações mais recentes e recursos clínicos, educativos e de formação adicionais podem ser consultados em www.BISeducation.com. Se você precisar de informações clínicas sobre o uso do BIS, contate a Aspect Medical Systems pelo telefone +31.30.662.9140 ou enviando um e-mail par [email protected]. 3 Informações importantes Sobre o Uso da Monitorização BIS Os sistemas de monitorização do BIS destinam-se à utilização por profissionais clínicos treinados em sua correta utilização. Eles se destinam à utilização em pacientes adultos e pediátricos para monitorizar o estado cerebral através da aquisição de dados de sinais do EEG. O BIS pode ser usado como um auxiliar na monitorização dos efeitos de certos agentes anestésicos, e esse uso com certos agentes anestésicos pode ser associado à redução do uso do anestésico primário e à redução da duração do despertar e da recuperação. A utilização da monitorização BIS como guia auxiliar na administração de anestesia poderá estar associada com a redução da incidência de consciência com lembrança em adultos durante a anestesia geral e a sedação. BIS é uma tecnologia de monitoração complexa destinada a complementar a avaliação clínica e objetiva de profissionais treinados. Na interpretação do BIS, o parecer clínico deve sempre ser considerado, em conjunto com outros sintomas clínicos disponíveis. Confiar apenas no BIS para o controle da anestesia intra-operatória não é recomendado. Tal como acontece com qualquer parâmetro monitorizado, as interferências e a fraca qualidade do sinal podem conduzir a Valor do BIS incorretos. Interferências potenciais podem ser causadas por um contato incompleto com a pele (alta impedância), atividade ou rigidez muscular, movimentação da cabeça e do corpo, movimentos oculares constantes, colocação inadequada dos sensores e interferência elétrica incomum ou excessiva. Os valores do BIS também devem ser interpretados cuidadosamente com certas combinações de anestésicos, tais como aquelas que se baseiam principalmente em cetamina ou óxido nitroso/narcóticos para produzir a inconsciência. Devido a uma experiência clínica limitada nas aplicações seguintes, os valores do BIS devem ser interpretados com cautela em pacientes com distúrbios neurológicos conhecidos e nos que fazem uso de outras medicações psicoativas. 4 O Índice BIS O Índice BIS – Um Parâmetro de EEG Processado Validado Clinicamente O Índice BIS é um parâmetro de EEG processado, extensamente validado e com utilidade clínica demonstrada. Obtém-se utilizando um conjunto de medidas de técnicas de processamento do sinal de EEG, incluindo análise biespectral, análise espectral de potência e análise no domínio do tempo. Estas medidas foram combinadas por meio de um algoritmo para otimizar a correlação entre o EEG e os efeitos clínicos da anestesia e quantificadas utilizando a escala do Índice BIS. Em 1996, a U.S. Food and Drug Administration homologou o Índice BIS como um auxiliar na monitorização dos efeitos de certos agentes anestésicos. Em 2003, a Food and Drug Administration aprovou uma indicação adicional que afirma: “A utilização da monitorização BIS para ajudar na administração de anestesia pode estar associada com a redução da incidência de consciência com lembrança em adultos durante a anestesia geral e a sedação”. O uso da monitorização BIS para orientar a administração da anestesia e monitorizar o estado do paciente é uma decisão médica. Cabe a cada médico a responsabilidade de tomar as decisões clínicas que melhor se adequem ao paciente. Hoje, o Índice BIS ainda é a forma mais consagrada de monitorização da função cerebral ou da consciência usada no contexto clínico dos procedimentos de anestesia e sedação. Os valores do Índice BIS são o resultado de duas inovações particulares: análise biespectral e algoritmo BIS. A análise biespectral é um método de processamento de sinal que avalia os relacionamentos entre os componentes do sinal e captura a sincronização de sinais como os do EEG. Ao quantificar a correlação entre todas as freqüências dentro do sinal, a análise biespectral produz uma faceta adicional de EEG da atividade cerebral.1 5 O algoritmo BIS foi desenvolvido para combinar as características de EEG (biespectrais e outros) que demonstraram alta correlação com a sedação/hipnose nos EEGs de mais de 5.000 adultos. Os quatro recursos fundamentais do EEG que caracterizavam o espectro total das mudanças induzidas por anestésico eram o grau de ativação de alta freqüência (14 a 30 Hz), a quantidade de sincronização de baixa freqüência, a presença de períodos parcialmente suprimidos no EEG e a presença de períodos totalmente suprimidos (isto é isoelétricos, “linha plana”) no EEG.2 O algoritmo possibilita a combinação ideal dessas características de EEG para proporcionar um parâmetro confiável do EEG processado do efeito anestésico e sedativo – o Índice BIS (Figura 1). Biespectro Medida de Supressão Parcial e Total log μv2 Potência (μv2 em dB) Espectro de Potência f1 (Hz) Freqüência (Hz) f2 (Hz) BIS = 40 Figura 1: O algoritmo BIS, desenvolvido mediante modelos estatísticos, combina a contribuição de cada um dos recursos fundamentais de EEG para gerar a escala do Índice BIS. 6 O Índice BIS O Índice BIS: U m a C o n t i n u i d a d e O Índice BIS é um número entre 0 e 100 aferido para se correlacionar com extremos clínicos importantes e estados do EEG durante a administração de agentes anestésicos (Figura 2). Os valores do BIS próximos a 100 representam um estado clínico de “vigília”, enquanto que 0 denota o efeito de EEG máximo possível (isto é, um EEG isoelétrico). Onda de pequena amplitude e freqüência rápida 100 BIS = 90 Acordado Sedação moderada 60 BIS = 50 Anestesia geral Onda de grande amplitude e freqüência lenta 40 BIS = 30 Anestesia profunda Microvolts 20 50 EEG Isoelétrico INTERVALO DO ÍNDICE BIS 80 BIS = 70 BIS = 10 0 50 Segundos 0 Figura 2: O Índice BIS é colocado em uma escala para se correlacionar com extremos clínicos importantes durante a administração de agentes anestésicos. 7 Deve-se observar que o intervalo do índice BIS representa uma seqüência que se correlaciona com o estado clínico e as respostas esperadas (Figura 3). 100 Acordado • Responde a vozes normais Intervalo do Índice BIS 80 Sedação leve/moderada • Pode responder a comandos em voz alta ou a estímulos/sacudidelas suaves 60 Anestesia Geral • Baixa probabilidade de lembrança 40 explícita • Não responde a estímulo verbal Estado hipnótico profundo 20 0 • Supressão de Impulsos EEG com linha plana Este gráfico reflete uma associação geral entre o estado clínico e os Valores do BIS. Os intervalos são baseados nos resultados de um estudo multicêntrico sobre o BIS envolvendo a administração de agentes anestésicos específicos.8 Os valores e intervalos de BIS partem do pressuposto de que o EEG está livre de interferências que possam afetar seu desempenho. A titulação de anestésicos levando em conta intervalos do BIS deve depender das metas individuais estabelecidas para cada paciente. Essas metas e os intervalos do BIS associados podem variar ao longo do tempo e no contexto do estado do paciente e do plano de tratamento. Figura 3: Intervalo do Índice BIS: Uma Seqüência de Estados Clínicos e Mudanças do EEG 8 O Índice BIS À medida que os valores do BIS caem abaixo de 70, a função da memória é significativamente afetada, e a probabilidade de lembrança explícita diminui drasticamente. Durante o procedimento de sedação, valores do BIS >70 podem ser observados durante níveis aparentemente adequados de sedação. Nesses níveis, no entanto, pode aumentar a probabilidade de consciência e potencial de lembrança.3 Em estudos com voluntários, um valor limiar de BIS <60 representa uma alta sensibilidade para refletir a inconsciência. Como se observou anteriormente, a especificidade desse valor limiar pode depender da técnica anestésica utilizada – especialmente no caso da de analgésicos opióides. Embora uma sequência de respostas possa ocorrer em torno de um valor do BIS igual a 60, testes clínicos prospectivos demonstraram que manter os valores do BIS na faixa de 45 a 60 assegura o efeito hipnótico adequado durante a anestesia geral balanceada e, ao mesmo tempo, melhora o processo de recuperação.4 Similarmente, em dois grandes testes prospectivos, manter os valores do BIS abaixo de 60 foi a estratégica clínica associada à redução da incidência da consciência intra-operatória.5, 6 Valores do Índice BIS abaixo de 40 significam um efeito maior da anestesia no EEG. Com valores do BIS muito baixos, o grau de supressão de EEG é o determinante principal do valor do BIS.7 Um valor do BIS igual a 0 ocorre com a detecção de um sinal de EEG isoelétrico. As respostas do BIS são similares quando a maioria, mas não todos, dos agentes anestésicos é administrada em quantidades crescentes. Especificamente, as respostas do BIS aos agentes hipnóticos típicos (midazolam, propofol, tiopental, isoflurano) foram similares.8, 9 Contudo, o halotano demonstrou ter valores do BIS maiores em uma dose de concentração alveolar mínima equipotente.10 Além disso, as respostas do BIS à administração de cetamina são atípicas11 e, as respostas do BIS à administração de agentes analgésicos – incluindo analgésicos opióides e óxido nitroso – dependem do nível de estimulação concomitante. 9 Os valores do Índice BIS podem refletir a redução da taxa metabólica cerebral produzida pela maioria dos hipnóticos. Uma correlação significativa entre os valores do Índice BIS e a redução na atividade metabólica cerebral total, devido ao efeito anestésico crescente, foi medida com o uso de tomografia por emissão de pósitrons (Figura 4).12 É importante observar, no entanto, que fatores diferentes da administração de drogas e que podem influir no metabolismo cerebral (por exemplo, alterações na temperatura ou homeostase fisiológica) também podem produzir mudanças no Índice BIS. PET % TMC BIS 100 95 64 66 54 62 38 34 Figura 4: Uma correlação significativa é observada entre a diminuição da taxa de metabolismo cerebral (% TMC = porcentagem inicial de metabolismo da glicose em todo o cérebro, medida por uma aquisição de imagem PE T) e o aumento do efeito anestésico (conforme a medição do valor do BIS decrescente). (Adaptado da Referência 12) Finalmente, é importante notar que o valor do BIS proporciona uma medição do estado cerebral derivado do EEG, não da concentração de um fármaco em particular. Por exemplo, os valores do BIS diminuem durante o sono natural, bem como durante a administração de um agente anestésico.13 10 Monitorização BIS Durante AG Típica Monitorização BIS Durante a Anestesia General Típica A monitorização BIS proporciona informação potencialmente úti l durante cada uma das três fases de um caso “ típico” de anestesia geral: • Indução de anestesia (e, tipicamente, gestão das vias respiratórias) • Manutenção da anestesia • Despertar da anestesia Os sistemas BIS exibem o valor do Índice BIS como um valor singular, calculado a partir dos dados obtidos nos últimos 15 a 30 segundos do registro de EEG e atualizados a cada segundo. A obtenção do valor do Índice BIS de acordo com vários segundos de dados de EEG “atenua” efetivamente os dados para impedir flutuações excessivas nos valores do BIS. Isso também permite que um valor seja determinado mesmo que o sinal de EEG seja interrompido brevemente. A maioria dos sistemas de BIS permite que o usuário altere a taxa de atenuação para que se adapte ao ambiente clínico. Um valor do BIS, apesar da sua elevada capacidade de resposta, não é instantaneamente alterado pelas mudanças no estado clínico. Quando ocorrem mudanças abruptas no estado hipnótico – por exemplo, durante a indução ou um despertar rápido – o valor do BIS pode levar cerca de 5 a 10 segundos para refletir a mudança clínica observada. A maioria dos sistemas de BIS também exibe uma tendência gráfica a tendência de BIS (Tabela 1) – que representa os cálculos contínuos do Índice BIS durante o caso. A Tabela 1 usa a tendência de BIS para apresentar as informações disponíveis a partir da monitorização do BIS durante cada uma das três fases de um caso de anestesia geral. 11 12 l Estímulo Cirúrgico Tempo Manutenção Despertar BIS Durante o Despertar • A monitoração do BIS permite a redução na dosagem de anestesia logo após a diminuição do estímulo cirúrgico, promovendo um rápido despertar que evita a recuperação prematura da consciência bem como o despertar demorado da anestesia. Administração de Analgésico Resposta do BIS Despertar espertar BIS Durante a Manutenção • Em resposta ao estímulo nocivo, as respostas ao BIS podem ser observadas em paralelo com ou independentemente das respostas hemodinâmicas.22, 23, 14 Titulação de Agente Indução BIS Durante a Indução. • A monitoração do BIS pode ser útil para medir a resposta à dose de indução intravenosa.14 • As respostas ao BIS são sensíveis a vários coadjuvantes que influem na indução intravenosa da anestesia.15, 16 Indução Tabela 1: Monitoração do BIS durante um caso de anestesia geral. • Durante a indução por inalação, a monitoração do BIS revela a variabilidade do tempo inicial entre os pacientes, bem como o efeito de outras medicações ou estratégias.17, 18, 19 • A monitoração do BIS pode facilitar diferentes estratégias para intubação ou colocação de dispositivos nas vias respiratórias (ex., LMA).20 • As respostas do BIS durante a intubação também são importantes. Histórico ou previsão de dificuldades na intubação são fatores de risco de consciência intraoperatória.21 Tentativas prolongadas de intubação podem resultar em diminuição do efeito hipnótico decorrente do agente de indução, sem movimento somático evidente. • Por causa dessas considerações, uma boa estratégia é implementar a monitoração do BIS juntamente com outras monitorações padrão do paciente (ECG, pressão arterial, SpO2, capnografia) antes da indução para individualizar o tratamento ao paciente durante a indução e a gestão das vias respiratórias. • Testes clínicos demonstram que o ajuste da dosagem de anestésico para manter os valores do BIS dentro de um intervalo alvo de 45 a 60 durante a manutenção resulta em melhores padrões de recuperação perioperatória em comparação com o procedimento anestésico padrão.4, 25 • As respostas do BIS ao estímulo podem ser significativamente atenuadas em uma forma dependente da dosagem com administração de opióides, por exemplo, fentanil ou remifentanil.26 • Pode ser útil observar a variabilidade do BIS, a saber, a oscilação cíclica no BIS durante a cirurgia. Tanto a variabilidade do BIS em curto prazo quanto a atividade de EMG derivada do BIS têm sido úteis na avaliação da adequação do analgésico em pacientes submetidos a cirurgias. Em voluntários, o analgésico opióide reduziu a variabilidade do BIS.27, 28, 29, 30 • Mudanças abruptas e inesperadas na tendência de BIS requerem uma avaliação adicional e uma correlação clínica. (Consulte as Tabelas 4 e 5.) •A tendência do BIS refletirá o efeito hipnótico decrescente quando a administração do agente anestésico for reduzida ou interrompida no fim da cirurgia. •Os valores do BIS durante o despertar são variáveis: - Podem aumentar gradualmente em resposta à redução na dose de anestesia (ex., concentração de agente de fração expirada). - Podem aumentar rapidamente para valores >60 antes do retorno da consciência, particularmente se o nível de EMG aumentar substancialmente. - São tipicamente menores imediatamente após o despertar do que na linha de base, em consistência com o efeito residual do fármaco. •Com a analgesia adequada, um paciente pode permanecer inconsciente e apresentar valores do BIS <60 apesar da baixa concentração de agente hipnótico, até que seja fornecido um estímulo adicional (ex., posicionamento, aspiração orofaríngea). •Altos valores do BIS em um paciente que não reage podem resultar de interferência de EMG ou de efeito residual de BNM. Monitorização BIS Durante AG Típica 13 Integração das Informações do BIS Durante o Procedimento Anestésico A integração da monitorização BIS com outras monitorizações tradicionais criou novos paradigmas para a avaliação e o controle intra-operatório de pacientes.31, 32, 33 A tabela 2 delineia as estratégias de controle conceitual baseadas na integração do perfil clínico com os dados do BIS para alcancar às técnicas anestésicas “balanceadas”, utilizando componentes hipnóticos e analgésicos. O uso do valor do BIS em combinação com os dados hemodinâmicos e a avaliação do paciente pode facilitar a seleção racional de sedativos, analgésicos e bl oqueadores autonômicos. Embora um valor do BIS de 40 a 60 seja um alvo típico durante a fase de manutenção, a faixa-alvo de valor do BIS precisa ser adaptada à técnica anestésica. Por exemplo, durante a anestesia balanceada, incluindo a administração de opióides para proporcionar uma anestesia adequada, a faixa-alvo de 45 a 60 pode ser muito apropriada. Contudo, para o controle de anestesia que utiliza pouco ou nenhum opióide ou suplemento analgésico, a dosagem crescente de agente hipnótico – geralmente um anestésico volátil – para produzir uma supressão aceitável de uma má resposta ao estímulo (ex., movimento) resultará em valores do BIS menores, comumente na faixa de 25 a 35. Uma vez que não existe nenhuma técnica anestésica apropriada para todos os pacientes em todas as situações cl ínicas, o uso ótimo da monitorização BIS para orientar o procedimento anestésico dependerá dos objetivos clínico do anestesista. Com base nesta consideração e em respostas específicas do BIS aos agentes (discutidas anteriormente com mais detalhes), é importante lembrar que não existe nenhum valor ou faixa de valores de BIS que possa ser recomendado como apropriado para todos os pacientes, condições e técnicas anestésicas. 14 Monitorização BIS Durante AG Típica É importante enfatizar que depender apenas da monitorização BIS para o controle de anestesia intraoperatória não é recomendado. O juízo clínico é crucial ao interpretar os dados do BIS. A avaliação do paciente deve incluir a aval iação e a correlação dos dados do BIS com os dados hemodinâmicos e outros dados de monitorização, bem como a observação dos sinais clínicos. O valor do BIS é uma informação adicional a ser usada em conjunto com outras informações disponíveis para a avaliação do paciente. 15 Tabela 2: Estratégias de controle da anestesia usando o Índice BIS. Sinais Físicos • • • • 16 Perfil Clínico Hipertensão Taquicardia Movimento Respostas autônomas "Leve" • Hemodinâmica estável • Nenhum movimento/ resposta "Adequado" • Instabilidade hemodinâmica • Hipotensão • Arritmia "Profundo" Monitorização BIS Durante AG Típica Valor do BIS* Estratégia de Controle Valor alto • Avalie o nível de estímulo cirúrgico • Confirme a administração de hipnóticos/analgésicos • Considere o da dosagem de hipnótico/analgésico • Considere a administração de anti-hipertensivo Inrtervalo desejado (ex., BIS de 45 a 60) • Avalie o nível do estímulo cirúrgico • Considere o da dosagem do analgésico • Considere a administração de anti-hipertensivo Valor baixo • Considere a administração de anti-hipertensivo • Avalie o nível atual do estímulo cirúrgico • Considere a da dosagem do hipnótico e o do analgésico Valor alto Inrtervalo desejado (ex., BIS de 45 a 60) Valor baixo Valor alto Inrtervalo desejado (ex., BIS de 45 a 60) Valor baixo • Avalie o nível atual do estímulo cirúrgico • Considere o da dosagem do hipnótico • Considere o da dosagem do analgésico • Continue a observação • Considere a • Considere a da dosagem do hipnótico da dosagem do analgésico • Considere o suporte à pressão arterial • Avalie outras etiologias • Considere o da dosagem de hipnótico/analgésico • Avalie outras etiologias • Considere o suporte à pressão arterial • Considere a da dosagem de hipnótico/analgésico • Considere o suporte à pressão arterial • Avalie outras etiologias * O potencial impacto de interferências deve ser considerado na interpretação dos valores do BIS. 17 Questões Especiais com Impacto na Monitorização BIS Inúmeros testes prospectivos demonstram que apesar do potencial de interferências e outros problemas, valores do BIS confiáveis podem ser obtidos em vários tipos de casos clínicos.5, 34 Contudo, em certas circunstâncias os valores do BIS talvez não reflitam com precisão o estado hipnótico. Como se observou, a monitorização do BIS é um auxiliar para o diagnóstico clínico, não seu substituto. O médico deve estar preparado para identificar e responder a situações em que os sinais de EEG subjacentes – e, conseqüentemente, o valor do BIS – possam não refletir com precisão os extremos clínicos da sedação e da hipnose. Por exemplo, os valores do BIS >60 podem ocorrer como resultado de interferências externas, certos agentes farmacológicos ou outras causas, em vez de refletir o efeito anestésico inadequado e o potencial para a consciência intra-operatória. Similarmente, os valores do BIS <40 podem se desenvolver como conseqüência de condições clínicas graves e não meramente em decorrência do efeito anestésico adicional. Como se mencionou as alterações no estado psicológico que reduzem o metabolismo cerebral podem resultar em valores do BIS menores. Um estudo recente apresenta uma ampla discussão do espectro de possíveis condições clínicas e interferências que podem ter impacto no valor do BIS exibido.35 É importante que os médicos considerem essas condições ao avaliar valores e respostas de tendências do BIS incomuns. Essas condições são ampliadas com exemplos clínicos na Tabela 3. 18 Questões Especiais com Impacto na Monitorização do BIS Tabela 3: Fatores relatados que influem no BIS. Interferência de EMG e Agentes de Bloqueio Neuromuscular (BNM – Bloqueadores Neuro Musculares) • O excesso de tônus muscular dos músculos da testa pode aumentar os valores do BIS (“Interferência de EMG”). • Os agentes de BNM reduzem a atividade EMG e podem resultar em diminuição do BIS. • Durante a anestesia estável sem interferência de EMG, os agentes de BNM têm pouco ou nenhum efeito sobre o BIS. BNM Dado Tendência do BIS Tendência do EMG Aumento na EMG Tempo Dispositivos Médicos A interferência eletromecânica pode, sob certas condições, aumentar os valores de: • Marca-passos • Aquecedores de ar comprimido aplicados sobre a cabeça • Sistemas de navegação cirúrgica (cirurgia nasal) • Dispositivos de raspagem endoscópica (ombro, cirurgia nasal) • Eletrocauterização Cessação da função marca-passo Tendência do BIS Tendência do EMG Tempo Condições Clínicas Graves 100 80 BIS O que segue tem sido associado a baixos valor do BIS durante o período intra-operatório, presumivelmente por causa de uma acentuada redução no metabolismo cerebral: • Parada cardíaca, hipovolemia, hipotensão • Isquemia cerebral/ choque circulatório • Hipoglicemia, hipotermia 60 Tendência do BIS Hipovolemia Parada Cardíaca Bypass Cardiopulmonar 40 20 0 9:00 9:03 9:07 9:11 9:15 Tempo 19 Tabela 3: Fatores relatados que influem no BIS (cont.). Estados de EEG Anormais Podem estar associados a baixos valores do BIS: • Estado pós-icto, demência, paralisia cerebral, EEG com baixa voltagem • Lesão cerebral grave, morte cerebral • Alerta paradoxal ou delta paradoxal Podem estar associados com o aumento dos valores do BIS: • Atividade de EEG epileptiforme Sevo % Tendência do BIS Período de Acidente Cerebral Aumentado Tempo Certos Agentes e Coadjuvantes Anestésicos BIS • Cetamina – pode aumentar 100 temporariamente os valores Cetamina 80 do BIS devido à ativação de .5 mg/kg EEG 60 Curva do BIS • Etomidato – a mioclonia 40 fármaco-induzida pode Elevação do BIS presumida aumentar temporariamente os 20 depois da cetamina valores do BIS 0 10:20 10:35 10:50 • Halotano – resulta em valores Tempo do BIS maiores do que o isoflurano ou o sevoflurano em doses MAC equipotentes • Isoflurano – tem sido relatada uma resposta paradoxal transitória ao aumento da dose • Óxido nitroso – pode ter um efeito mínimo sobre o BIS • A efedrina, mas não a fenilefrina, pode aumentar o BIS 20 Controle Clínico Controle Clínico: Como Responder às Mudanças Súbitas do BIS Quando a monitorização BIS é usada durante o procedimento anestésico, flutuações nos valores do BIS provavelmente serão notadas. Tal variação, como uma simples flutuação na pressão sangüínea, não é necessariamente significativa do ponto de vista clínico. Contudo, considerações específicas devem ser feitas quanto às mudanças súbitas do BIS ou situações nas quais o BIS pareça inapropriadamente alto ou baixo. Por exemplo, mudanças no estado hipnótico devidas a mudanças na dose e/ou nos padrões de administração do agente produzem mudanças no valor do BIS. Normalmente, se a mudança na dosagem do anestésico foi incremental - por exemplo, um pequeno ajuste na configuração do vaporizador - as mudanças subseqüentes nos valores do BIS serão graduais. Em contraste, uma drástica mudança súbita seria inesperada, e uma avaliação adicional seria apropriada. As tabelas 4 e 5 apresentam um processo de avaliação para aumentos ou diminuições súbitas no valor do BIS. 21 Tabela 4: Avaliação do aumento/alto valor de BIS. Como Responder a Aumentos Súbitos do BIS BIS 100 Tempo (min) n) Aumento Súbito do BIS Examine a presença de interferências (EMG, eletrocauterização ou sinais de alta freqüência) Interferências de alta freqüência, incluindo as indicadas, podem contaminar o sinal de EEG e fazer o BIS oscilar para um valor maior. Certifique-se de que os sistemas de administração de anestesia estejam funcionando adequadamente para que a dose pretendida de agente anestésico chegue ao paciente Alterações no ajuste do vaporizador, taxas de fluxo de gás fresco, ajustes da bomba de infusão intravenosa e vias de administração intravenosa podem ser responsáveis por uma súbita alteração no nível do efeito anestésico e no valor de BIS resultante. Certifique-se de que Uma mudança abrupta no BIS pode refletir a dose de anestesia um novo estado cortical relativo à dosagem seja suficiente de anestesia e alterações nas condições cirúrgicas. Avalie o nível atual do estímulo cirúrgico 22 O BIS pode apresentar um aumento temporário em resposta a aumentos no estímulo nocivo. Controle Clínico Tabela 5: Avaliação da diminuição/baixo valor de BIS. Como Responder a Diminuições Súbitas do BIS Tempo Diminuição Súbita do BIS Avalie as alterações farmacológicas Administração por bolus de anestésico intravenoso, alterações recentes na anestesia por inalação, administração de agentes coadjuvantes (bloqueadores beta, agonistas alfa2) podem resultar em diminuições agudas do BIS. Avalie o nível atual O BIS pode apresentar uma diminuição do estímulo cirúrgico temporária em resposta a diminuições no estímulo nocivo. Considere a diminuição como uma resposta possível para a administração de relaxantes musculares Em algumas situações, o BIS diminuirá em resposta à administração de agente bloqueador intramuscular, especialmente se EMG em excesso estiver presente antes de administrá-lo. Avalie outras Hipotensão, hipotermia e hipoglicemia alterações profundas ou anoxia podem produzir fisiológicas potenciais diminuições na atividade do estado cerebral. Avalie a emergência decorrente da anestesia Padrões paradoxais de emergência têm sido descritos com diminuições transitórias abruptas no BIS antes do despertar, durante a anestesia por inalação. A importância clínica dessas alterações permanece desconhecida. 23 Impacto Clínico da Monitorização BIS Existe um vasto e crescente acervo de literatura científica sobre monitorização BIS, que pode ser examinado pelo profissional médico para determinar o uso do BIS em um paciente, com base no tipo de agente anestésico, na dosagem e em parâmetros individuais do paciente. AAté a presente data, pelo menos 25 pesquisas clínicas prospectivas aleatórias avaliaram a influência do procedimento anestésico orientado pelo BIS em comparação com a prática padrão. Na maioria destes estudos, o anestésico primário foi ajustado para manter os valores do BIS em uma “zona alvo,” tipicamente entre 40 e 60 ou 45 e 60. A gama de benefícios que foram observados em pelo menos um teste clínico com certos agentes anestésicos inclui: • Redução no uso do anestésico primário4 • Redução do tempo de despertar e recuperação4 • Maior satisfação do paciente36 • Menor incidência de consciência e lembrança intra-operatórias5, 6 Os primeiros dois benefícios acima foram demonstrados em um estudo de Gan e colaboradores, que utilizou propofol/alfentanil/óxido nitroso e observou que 1) 13 a 23% menos drogas hipnóticas foram usadas; 2) um despertar 35 a 40% mais rápido foi obtido; 3) obtevese uma elegibilidade 16% mais rápida para alta da UCPA; e 4) mais pacientes foram avaliados como “excelente e completamente orientados” na admissão à UCPA (43% vs 23%).4 Como se observou, a monitorização BIS também está sendo reconhecida como um intervenção eficaz para diminuir a incidência de consciência intra-operatória – um problema que tem assumido uma importância renovada nos últimos anos.5, 6 O uso da monitorização BIS para reduzir a consciência intra-operatória é discutido em detal he na seção a seguir. 24 Como Usar a Monitorização BIS para Reduzir a Consciência Intra-operatória Como Usar a Monitorização BIS para Reduzir a Consciência Intra-operatória Apesar das melhores intenções, uma pequena porcentagem de pacientes que se submetem à anestesia geral recobra a consciência inesperadamente e é capaz de se lembrar de partes de sua experiência intra-operatória. Esta seção aborda o papel que a monitorização BIS pode desempenhar na diminuição da incidência de eventos adversos. Consciência Intra-operatória Durante a Anestesia Em várias pesquisas prospectivas de larga escala, a incidência de consciência intra-operatória foi avaliada como presente durante a anestesia geral em 0,1 a 0,2% dos pacientes.37, 38, 39 Em 2004, o Joint Commission’s Sentinel Event Alert #32 observou que a cada ano 20.000 a 40.000 pacientes podem se tornar conscientes e lembrar de eventos ocorridos durante a cirurgia.40 Uma visão geral de vários fatores peri-operatórios que colocam os pacientes em maior risco de consciência é apresentada na Tabela 6. A presença de alguns desses fatores de risco foi reportada como causadora do aumento do risco relativo de consciência em aproximadamente 1% dos pacientes. 25 Tabela 6: Potenciais fatores de risco de estado consciente: uma visão geral. Histórico de Anestesia e do Paciente Episódio anterior de estado consciente Uso ou abuso de substância Pacientes de dor crônica medicados com altas doses de opióides Histórico ou previsão de dificuldade de intubação Estado físico ASA de 4 a 5 Reserva hemodinâmica limitada Procedimentos Cardíaco, trauma, cirurgia de emergência Cirúrgicos Cesariana Controle anestésico Uso planejado de: • Relaxantes musculares durante a fase de manutenção • Anestesia Intravenosa Total • Óxido nitroso – anestesia opióide Doses de anestesia reduzidas durante paralisia 26 Como Usar a Monitorização BIS para Reduzir a Consciência Intra-operatória A causa presumida da consciência intra-operatória é um período de efeito anestésico inadequado, resultante de uma dose insuficiente de anestesia, interrupção da administração de anestésico ou a possibilidade de resistência inerente à anestesia.41 Por exemplo, em algumas situações clínicas, a administração de doses muito baixas de anestesia pode ser apropriada à luz do risco hemodinâmico ou de outras metas clínicas. Tais doses, no entanto, estão associadas a uma freqüência maior de consciência intra-operatória. Relatórios de pacientes incluem descrições aterradoras da consciência intra-operatória, destacando as sensações e emoções potencialmente horríveis que podem ocorrer quando o efeito anestésico é inadequado.42 Os pacientes que experimentam a consciência intra-operatória podem desenvolver um espectro de trauma psicológico que varia de sintomas suaves e transitórios até sintomas de incapacidade consistentes com distúrbios de estresse pós-traumático.43 27 Aconselhamento Prático da ASA O “Practice Advisory for Intraoperative Awareness and Brain Function Monitoring”, publicado em 2006, descreve a utilização de múltiplas modalidades de monitoração – técnicas clínicas, monitorização convencional e monitoração da função cerebral – para avaliar a profundidade da anestesia e reduzir a probabilidade de consciência intra-operatória.21 A opinião consensual do Practice Advisory foi que a “a decisão de usar um monitor de função cerebral em determinados pacientes deve ser tomada pelo médico de acordo com o caso." Deve-se notar que o Practice Advisory também afirmou que a monitorização cerebral não é indicada rotineiramente para todos os pacientes que se submetem à anestesia geral e que a monitorização da função cerebral tem atualmente o mesmo status de muitas outras modalidades de monitorização usadas em situações selecionadas, determinadas por médicos individuais. O Practice Advisory da ASA tem como objetivo ajudar os anestesistas a desenvolverem uma estratégia clínica para minimizar a ocorrência de consciência. Tal estratégia envolve elementos de tratamento que ocorrem durante o período peri-operatório – tais como exame e preparação pré-operatórios, monitorização e intervenção intraoperatória e atividades de acompanhamento pós-operatório. Uma visão geral da estratégia clínica resultante é apresentada na Tabela 7. Alternativamente, os médicos podem julgar conveniente implementar a abordagem de algoritmo apresentada na Figura 5 para minimizar o risco de consciência. 28 Como Usar a Monitorização BIS para Reduzir a Consciência Intra-operatória O Aconselhamento Prático também alertou os médicos anestesistas para reconhecerem que a dosagem de agentes anestésicos para obter certos valores de função cerebral numa tentativa de impedir a consciência intra-operatória pode conflitar com outras preocupações médicas, incluindo a função dos órgãos vitais e a co-morbidez existente.21 Similarmente, a Joint Commission’s Sentinel Event Alert #32 observou que os anestesistas devem ponderar os riscos psicológicos da consciência anestésica em face dos riscos fisiológicos do excesso de anestesia.40 Tabela 7: Estratégia clínica para minimizar o estado conciente: uma visão geral. Período Préoperatório Avaliar o risco: • Paciente • Procedimento • Técnica anestésica Obter o consentimento informado em situações de alto risco Período Intraoperatório Considerar a pré-medicação para obter amnésia Período Pósoperatório Avaliar relatos do paciente sobre o estado consciente Usar várias modalidades para avaliar a profundidade da anestesia • Sinais clínicos - Dissimulados com o uso de relaxante muscular • Monitorização convencional - PA, FC, fração expirada do agente • Monitorização da função cerebral (ex., BIS) Considerar amnésicos para consciência não pretendida Oferecer tratamento de acompanhamento apropriado ao paciente Relatar a ocorrência para fins de garantia da qualidade 29 30 Informe ao paciente sobre a possibilidade de consciência Exame Pré-operatório do Paciente Episódio anterior de consciência Tolerância prevista a opióides e sedativos Histórico ou previsão de vias respiratórias difíceis Histórico ou previsão de instabilidade hemodinâmica Procedimento cirúrgico com maior risco de consciência SIM O Paciente Tem Fatores de Risco de Consciência? Considere a administração profilática de benzodiazepina Planos de Controle Anestésico Uso de relaxante muscular durante a fase de manutenção Doses de anestesia reduzidas durante paralisia Anestesia Intravenosa Total Anestesia com óxido nitroso - opióide ALGORITMO PARA EVITAR A CONSCIÊNCIA A consciência pode ocorrer com sinais vitais normais Medicações cardiovasculares (ex., beta bloqueadores) podem esconder os sinais O uso de agentes BNM pode esconder os sinais somáticos Evitar a paralisia não impede a consciência A consciência com BIS tem sido reportada tipicamente com BIS >60 META: BIS < 60 Iniciar antes da indução Fatores não-anestésicos podem influir no valor do BIS Monitorização da Função Cerebral Várias tecnologias disponíveis Apenas o BIS tem dados que demonstram 80% de redução de consciência Figura 5: Uma abordagem algorítmica para evitar a consciência intra-operatória. Faltam estudos para avaliar a capacidade para reduzir a ocorrência de consciência Considerações Clínicas Monitorização Convencional Pressão arterial Frequência cardíaca Frequência Respiratória Fração expirada do agente Faltam estudos para avaliar a capacidade para reduzir a ocorrência de consciência Sinais Clínicos Observação do Paciente Movimento Suor, lacrimação Reflexo ciliar, pupilas Usar Várias Modalidades para Monitorizar a Profundidade da Anestesia e Minimizar a Ocorrência de Consciência Como Usar a Monitorização BIS para Reduzir a Consciência Intra-operatória 31 Monitorização BIS e Consciência: Evidência Até a data, a inclusão da monitorização BIS é a única intervenção de monitorização que a evidência científica comprovou que reduz a consciência intra-operatória. Dois grandes testes prospectivos observaram uma redução de aproximadamente 80% na incidência de consciência sempre que a monitorização BIS foi utilizada em conjunto com outros monitores padrão.5, 6 Além desses dois grandes testes, outros relatórios de monitorização BIS e de consciência intraoperatória surgiram nas publicações. Estes incluem um pequeno teste controlado aleatório,44 um grande estudo segmentado de observação,37 e vários relatórios de casos.45, 46, 47, 48 Incidência de Consciência Os dois grandes testes prospectivos proporcionam ao controle clínico uma estrutura para usar a monitorização BIS com eficiência. Em uma investigação, a equipe de anestesistas foi instruída a manter os valores do BIS dentro de uma faixa de 40 a 60 e a evitar valores maiores que 60 durante a indução e a manutenção.5 Esse controle resultou em um benefício significativo: apenas dois pacientes dentre os 4.945 pacientes tratados reportaram consciência, representando uma redução de 77% comparada com o estudo anterior dos investigadores (Figura 6). 0,2% 14/ 7.826 0,1% 0,0% 2/ 4.945 Controle Histórico BIS Figura 6: A monitorização BIS reduziu a consciência em 77% em pacientes de rotina submetidos à anestesia geral com relaxante muscular.5 32 Como Usar a Monitorização BIS para Reduzir a Consciência Intra-operatória Incidência de Consciência No outro teste aleatório, que envolveu pacientes com maior risco de consciência, a monitorização BIS foi iniciada antes da indução, e a administração de anestesia foi submetida à titulação para manter os valores do BIS entre 40 a 60 desde a laringoscopia até à sutura da ferida.6 Esse tratamento resultou em uma redução de 82% na incidência de consciência (Figura 7). 1,0% 11/ 1.238 0,8% 0,6% 0,4% 2/ 1.225 0,2% 0,0% Controle BIS Figura 7: A monitorização do BIS reduziu a consciência em 82% em pacientes com maior risco de consciência.6 Em cada estudo, dois episódios de consciência foram reportados nos pacientes, apesar do uso da monitorização BIS. Todos os quatro casos de consciência ocorreram durante períodos de significativo estímulo nocivo (exemplo: intubação, esternotomia mediana) e foram associados a valores do BIS próximos ou acima de 60. Estes casos destacam a necessidade de os anestesistas se manterem particularmente vigilantes em relação às respostas do BIS ao estímulo nocivo e de estarem preparados para intervir prontamente quando os valores do BIS excederem a 60 por algum tempo. 33 Consciência Intra-operatória e Prática Anestésica Além da ASA, sociedades profissionais no mundo todo têm tratado do tema específico da monitorização cerebral para impedir a consciência. A American Association of Nurse Anesthetists,49 o Royal College of Anaesthetists e a Association of Anaesthetists of Great Britain and Ireland,50 e a Australian and New Zealand College of Anesthetists51 enfatizam que a monitorização da função cerebral deve ter seu uso considerado e/ou disponível em situações clínicas que colocam o paciente sob um maior risco de consciência. Por exemplo, o AANA’s 2006 Position Statement aconselhou que “a monitorização da função cerebral, se disponível, deve ser considerada particularmente em situações nas quais haja um aumento do risco de consciência intra-operatória.”49 Estes enunciados somam-se às opiniões dos membros da ASA: 69% dos membros da ASA pesquisados no Aconselhamento Prático concordaram ou concordaram fortemente com o enunciado: “As monitorizações da função cerebral são valiosas e devem ser usadas para reduzir o risco de consciência intra-operatória em pacientes em condições que os poderão colocar sob risco de consciência intraoperatória.” Deve-se considerar que outros pacientes, sem fatores de risco reconhecidos, experimentarão a consciência por causa de eventos intra-operatórios não previstos ou desconhecidos. É importante lembrar da evidência clínica que demonstra a eficácia da monitorização BIS tembém nesta situação.5 34 A Evolução da Monitoração da Função Cerebral A Evolução da Monitorização da Função Cerebral Apesar dos notáveis avanços na avaliação dos sistemas cardiovascular e respiratório durante a anestesia, a determinação do efeito dos agentes anestésicos no sistema nervoso central permanecia um desafio. Hoje, tecnologias que permitem a monitorização neurofisiológica de rotina do sistema nervoso central proporcionam uma avaliação direta do efeito anestésico durante a anestesia.52 A combinação da monitoração da função cerebral com a monitorização tradicional e a avaliação de sintomas clínicos pode proporcionar aos anestesistas uma abordagem mais completa para otimizar a seleção e/ou dosagem de anestésicos e agentes coadjuvantes para cada paciente. As preocupações a respeito das conseqüências dos efeitos anestésicos inadequados e excessivos cresceram nos últimos anos. Como se observou anteriormente, o efeito anestésico inadequado é a etiologia primária da consciência intra-operatória não intencional.41 Esse evento adverso foi discutido em detalhe na seção anterior. O efeito anestésico excessivo também tem conseqüências. Em algumas situações, o efeito anestésico excessivo pode resultar em depressão cardiovascular e, muito raramente, em parada cardíaca.53 Mais recentemente, surgiram novas preocupações sobre outras conseqüências do efeito anestésico excessivo. A exposição a altas doses de anestésico volátil é um risco para alterações epileptiformes transitórias agudas no EEG.54 Além disso, o efeito anestésico excessivo tem sido associado ao resultado adverso de longo prazo.55, 56 A capacidade da monitorização da função cerebral deve permitir ao anestesista monitorar o efeito anestésico específico ao paciente. Evitar o efeito anestésico excessivo reduz a ocorrência de recuperação prolongada e de orientação demorada.4, 36, 57 35 À medida que as futuras investigações e experiências clínicas venham a estabelecer os riscos potenciais de curto e de longo prazo do efeito anestésico excessivo, poderá se tornar importante para os anestesistas modular melhor a exposição do paciente à anestesia. Dado o crescente reconhecimento das conseqüências do efeito anestésico excessivo, bem como inadequado, é provável que um número maior de anestesistas integre a monitorização da função cerebral no controle geral da anestesia. 36 Resumo Resumo Este guia de bolso discutiu como a monitorização da função cerebral BIS pode ser usada com mais eficiência durante as diferentes fases do procedimento anestésico. É importante que os anestesistas apreciem completamente as aplicações, limitações e considerações especiais acerca do uso da monitorização BIS. Durante a década passada, a monitorização BIS foi utilizada no tratamento de mais de 18 milhões de pacientes com um registro de segurança e eficácia bem documentado. Como resultado, a monitorização BIS está bem estabelecida como um dispositivo útil entre os profissionais anestesistas. Evidências publicadas documentam os benefícios para os pacientes na área da segurança e na qualidade do procedimento anestésico resultante do uso da monitorização BIS. Estas pesquisas clínicas proporcionam razões baseadas em evidências para a incorporação da monitorização BIS como uma ferramenta para facil itar o controle intra-operatório com certos agentes anestésicos. Dependendo das características específicas do paciente, do procedimento cirúrgico e da técnica anestésica planejada, a utilização da monitorização BIS pode ser uma decisão muito apropriada. Contudo, a decisão de usar a monitoração BIS deve ser tomada caso a caso pelo médico. Com a continuidade da experiência e da investigação clínica, os médicos anestesistas são encorajados a permanecer a par da literatura disponível sobre o uso, os benefícios e as limitações da monitorização BIS para orientar o tratamento do paciente. Informações clínicas adicionais e outros recursos educativos podem ser acessados em www.BISeducation.com. O suporte clínico também está disponível por telefone (Discagem Gratuita nos EUA: 800.442.8655; Fora dos EUA: + 31.30.662.9140) e pelo e-mail ([email protected]). 37 Referências 1. Sigl J, e col. J Clin Monit. 1994;10:392-404. 2. Rampil I. Anesthesiology. 1998;89:980-1002. 3. Liu, J. e col. Anesth Analg. 1997;84:185-9. 4. Gan T. e col. Anesthesiology. 1997;87:808-15. 5. Ekman A. e col. Acta Anaesthesiol Scand. 2004;48:20-6. 6. Myles P. e col. Lancet. 2004;363:1757-63. 7. Bruhn J. e col. J Clin Monit Comput. 2000;16:593-6. 8. Glass P. e col. Anesthesiology. 1997;86:836-47. 9. Flaishon R. e col. Anesthesiology. 1997;86:613-9. 10. 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EUA: LIGAÇÃO GRÁTIS 1.888.BIS INDE(X) (247-4633) Aspect, Bispectral Index, o logotipo BIS e BIS são TEL: 1.617.559.7000 FAX: 1.617.559.7400 marcas comerciais da Aspect Medical Systems, Inc. e foram Fora dos EUA: TEL: +31.30.662.9140 FAX: +31.30.662.9150 registradas nos EUA, na UE e em outros países Email: [email protected] 083-0012 1.01