Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Ultra-Wide-Band sobre fibra óptica Nuno Franclim Sousa RELATÓRIO FASE 1 - MODELAÇÃO DO DISPOSITIVO LASER SEMICONDUTOR (VCSEL) EM MATLAB. Dissertação realizada no âmbito do Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores Major Telecomunicações Orientador: Prof. Henrique Manuel de Castro Faria Salgado Versão 1.0 29-02-2012 i © Nuno Franclim Sousa, 2012 ii Resumo Este documento apresenta o estudo e implementação do semicondutor laser VCSEL em ambiente MATLAB. Serão apresentados os resultados obtidos e a forma de lá chegar. Também serão disponibilizados os ficheiros do matlab para que seja possível ver ou simular para quem estiver interessado em verificar. iii iv Índice Resumo ............................................................................................ iii Índice................................................................................................ v Lista de figuras ................................................................................... vi Lista de tabelas .................................................................................. vii Abreviaturas e Símbolos ....................................................................... viii Capítulo 1 .......................................................................................... 1 Introdução ......................................................................................................... 1 2.1 - Objetivo ................................................................................................. 2 2.2 - Equações dinámicas do laser VCSEL ................................................................ 2 2.3 - Parâmetros do laser ................................................................................... 2 2.4 - Normalização ........................................................................................... 3 2.5 - Estado estacionário .................................................................................... 3 Capítulo 2 .......................................................................................... 5 Simulações ........................................................................................................ 5 2.1 - Modelo Simulink ........................................................................................ 5 2.2 - Ponto de threshold .................................................................................... 7 2.3 - Resposta a um degrau ................................................................................. 9 2.4 - Resposta a um seno ................................................................................. 10 Referências .......................................................................................12 v Lista de figuras Ilustração 1 : Modelo do Simulink ........................................................................... 5 Ilustração 2 : Bloco DEE ...................................................................................... 6 Ilustração 3 : Entrada em rampa para obtenção do ponto de threshold ............................. 7 Ilustração 4 : Resposta a um degrau ....................................................................... 9 Ilustração 5 : Simulação do seno sem valores iniciais (n0 e p0) ..................................... 10 Ilustração 6 : Simulação do seno com valores iniciais (n0 e p0) .................................... 11 vi Lista de tabelas Tabela 1 : Parâmetros do laser VCSEL .....................................................................2 vii Abreviaturas e Símbolos Lista de abreviaturas (ordenadas por ordem alfabética) DEEC Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores DEE Differential equation editor FEUP Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto LED Light emitting diode VCSEL Vertical-cavity surface-emitting laser Lista de símbolos a Ganho diferencial β Fator de emissão espontânea c Velocidade da luz no vazio ε Fator de compressão de ganho Γ Fator de confinamento ótico I Corrente de injeção de portadores I0 Corrente de alimentação “DC” (no ponto de funcionamento) N Densidade de electrões na banda de condução N0 Densidade de electrões na banda de condução com corrente “DC” I0 N0m Densidade de electrões para o dispositivo ser transparente (ganho compensa as perdas) ηi Rendimento de injecção de portadores P Densidade de fotões na cavidade P0 Densidade de fotões na cavidade com corrente “DC” I0 q Carga do electrão τs Tempo de vida dos electrões τp Tempo de vida dos fotões V Volume da região ativa vg Velocidade de grupo viii Capítulo 1 Introdução O dispositivo que será modulado neste projecto é o laser VCSEL, muito utilizado recentemente devido ao seu baixo custo de produção (comparativamente com outros díodos laser) e com boas características de performances. Antes de mais, uma breve descrição do modo de funcionamento de um laser semicondutor, e da diferença para um LED. Um LED baseia-se no princípio de uma junção p-n de um material semicondutor, formando assim um díodo, quando se aplica uma tensão de alimentação, a banda de energia superior (designada banda de condução) fica cheia de electrões, e a banda de valência fica cheia de lacunas. Quando esta inversão de população é grande o suficiente os electrões transitam da banda de condução (de energia superior) para a banda de valência (de menor energia) e esta transição por vezes é radiativa, isto é, a energia liberta-se sob a forma de radiação com um comprimento de onda controlado pela diferença de energia entre as bandas de valência e de condução, dando-se assim emissão de luz. O problema inerente a este dispositivo é a falta de eficiência, sendo que muitas das transições que ocorrem dão origem a radiação com modos de emissão e direcções muito diferentes da desejada ou mesmo transições não radiativas. Nos dispositivos laser, para compensar estes defeitos temos uma emissão de fotos estimulada, isto é, faz-se com que os fotões emitidos na direção e comprimento de onda desejado viagem pela cavidade (zona ativa) sendo estes a estimular os eletrões a transitarem de banda com a emissão de um fotão com as características exactamente iguais ao fotão estimulador. Existem vários tipos de laser, que variam em formas de reflexão e tamanhos da região ativa. O que vou estudar é o mais utilizado por ser mais barato. Esta possui uma região ativa muito pequena, ex. Volume=2,4*10-18 m3, e um coeficiente de reflexão nas extremidades de aproximadamente 99%, conseguida por uma espécie de rede de bragg. 1 2 Introdução 2.1 - Objetivo Este relatório descreve o trabalho realizado na segunda fase no projeto da tese de mestrado. O trabalho consiste na modelação em ambiente MATLAB do comportamento do VCSEL, com algumas aproximações que permitem uma análise rápida e eficaz da resposta do mesmo aos estímulos de entrada. 2.2 - Equações dinámicas do laser VCSEL As equações dinâmicas que modelam a resposta do laser numericamente formam um sistema de 2 equações diferenciais, uma referente à variação do número de portadores de carga, e outra referente a variação do número de fotões na cavidade do laser. A primeira equação descreve a variação de portadores [1] é ( ( )( )( ) ( ) ) ( ) Em que as variáveis aqui presentes estão descritas na secção “Abreviaturas e Símbolos – pág. vii”. Estas equações modelam o comportamento do laser VCSEL quando lhe é aplicado um sinal I, que é a variável de entrada destas equações. 2.3 - Parâmetros do laser Segundo o documento consulado [2] alguns parâmetros encontrados num laser VCSEL são: Tabela 1 : Parâmetros do laser VCSEL Parâmetro Valor Unidades -18 m3 a – Ganho diferencial 8.1 x 10-20 m2 N0m – Densidade de electrões na transparência 1.85 x 1024 m-3 Β – Fator de emissão espontânea 1.7 x 10-4 -- Γ – Fator de confinamento ótico 0.045 -- τs – Tempo de vida dos electrões 2.6 ns τp – Tempo de vida do fotões 1.83 ps ε – Fator de compressão de ganho 2 x 10-23 m3 V – Volume da região ativa 2.4 x 10 2 Introdução 3 vg – Velocidade de grupo 8.57 x 107 m/s ηi - Rendimento de injecção de portadores 0.8 -- 2.4 - Normalização Com o objectivo de facilitar os cálculos em termos computacionais fiz uma normalização das equações tal como descrito na referência [1], sendo estas as descritas em seguida. ( ) Com estes pressupostos são obtidas as equações normalizadas: ( [( ( ) ( )( ) ) ) ( ) ] ( ) 2.5 - Estado estacionário Para ajudar na simulação calculei os valores em estado estacionário para o laser. Mais especificamente a corrente de threshold (Ith) e a densidade de electrões de threshold (Nth). Para o estado estacionário, dP/dt=0, logo: ( )( ) ( Considerando que antes do ponto de threshold ( ( ) ) ) 4 Introdução ( ) Substituindo os valores obtive: ( ) ( ) Para encontra o Ith é só substituir o valor de Nth na equação dN/dt, considerando P=0: ( ) Este será o valor esperado para a entrada em funcionamento do VCSEL. Para encontrar os valores de N0 e P0 utilizei as equações normalizadas [1], eliminando n0 nas equações (1.3) e (1.4), com dn/dt = 0 e dp/dt = 0 obtém-se a equação de 3ª ordem: [ ( ( ) ) ] [ ( ) ] ( ) Encontrando as raízes do polinómio de grau 3, retira-se o valor provável para p0, seguidamente encontra-se n0 através da seguinte equação: ⁄ ( ) Para uma corrente de alimentação “DC” de 5mA temos: Que desnormalizados correspondem a: 4 Capítulo 2 Simulações 2.1 - Modelo Simulink O simulink é um programa associado ao matlab que permite fazer uma simulação por blocos, isto oferece uma forma mais fácil de modular o sistema. Nas simulações pretendidas utilizei o bloco dee com as equações do laser normalizadas, que permitem reduzir o peso dos cálculos uma vez que os valores passam de ordem de grandezas 1020 para 100. Ilustração 1 : Modelo do Simulink 5 6 Simulações O bloco DEE tem a seguinte configuração: Ilustração 2 : Bloco DEE 6 Introdução 7 2.2 - Ponto de threshold Para a simulação do ponto de theshold utilizei uma simulação em rampa, a fim de ver o ponto de entrada em funcionamento. A simulação pode ser realizada através do ficheiro VCSEL_th.m com I0 = 2 mA, I de sinal qualquer e tempo de simulação de 5000 ns, esta utiliza o modelo VCSEL_ramp.mdl simulink. Os resultados obtidos são os apresentados no gráfico seguinte: Ilustração 3 : Entrada em rampa para obtenção do ponto de threshold Como se pode ver no gráfico (de cima para baixo temos corrente de entrada ‘I’, densidade de electrões ‘N’ e densidade de fotões ‘P’) já em valores desnormalizados, o ponto em que o laser entra em funcionamento é por volta do tempo de simulação de 2µs, que equivale a um valor de corrente de 0.8mA, um pouco mais do que o valor calculado na equação (1.10) de 0.67mA. Esta diferença deve-se às aproximações feitas para o cálculo de Nth (1.6) a (1.9). Quanto o valor de Nth é praticamente igual ao calculado (3.6*10 24 m-3) (1.9). A resposta do laser a uma rampa corresponde, como vemos no gráfico, a um aumento no número de portadores de carga linearmente com o aumento da corrente de injecção, sendo 8 Simulações que os fotões estão a “zero” aparentemente, porque na realidade já temos valores na ordem de 1014 logo no início da simulação. Este comportamento inicial é o esperado num LED, sendo que a emissão não é estimulado, e o laser ainda não tem ganho suficiente para entrar no “modo laser”. Quando se atinge a corrente de threshold começamos a ter emissão laser (estimulada) com o ganho a ser superior as perdas. 8 Introdução 9 2.3 - Resposta a um degrau Quando na entrada aplicamos um degrau, a resposta do laser tem uam certa oscilação amortecida, esta deve-se ao facto do tempo de vida dos fotões e dos portadores se diferenciar numa ordem de grandeza (ps para ns), isto provoca a oscilação entre portadores e fotões. Quando a corrente sobe repentinamente os portadores demoram a chegar ao valor de threshold, quando atingem esse valor os fotões aumentam muito rapidamente (10 3 mais rapidamente que os electrões) isto consome electrões em demasia e provoca a diminuição dos fotões e assim consecutivamente até que se atinge a estabilidade. Podemos ver na imagem seguinte esse comportamento. Para a realização da simulação seguinte utiliza-se o ficheiro VCSEL_step.m, com uma corrente I0 de 2mA, I de sinal 3mA, tempo de simulação de 10ns e início de degrau aos 7ns. Ilustração 4 : Resposta a um degrau A simulação foi feita num tempo muito pequeno para permitir observar com clareza a resposta, e a “transferência de energia” entre os portadores e os fotões. A simulação dá uns valores um pouco diferentes dos cálculos, mais uma vez devidas as diversas aproximações feitas nos cálculos teóricos. 10 Simulações 2.4 - Resposta a um seno Por último apliquei uma entrada em seno com frequência de 1Ghz. Fiz 2 simulações, uma com valor inicial 0 para N e P e outra com os valores N0 e P0 calculados. Os resultados são apresentados nas ilustrações seguintes. Para a simulação utilizei o ficheiro VCSEL_sin.m com I0 = 5mA, Isinal = 1mA, Frequência = 1000Mhz e 10 períodos simulados. A diferença das 2 simulações está na inclusão de n0 e p0 no valor inicial da simulação. Ilustração 5 : Simulação do seno sem valores iniciais (n0 e p0) Nesta simulação vemos que inicialmente a simulação dá-nos uma grande oscilação devido ao arranque desde 0, que na realidade nunca ocorre porque o laser está a ser continuamente alimentado para se manter no seu ponto de funcionamento, seja este já na região de ganho ou imediatamente antes. Para evitar este fenómeno faço a simulação já com os valores iniciais p0 e n0 calculados teoricamente. 10 Introdução 11 Ilustração 6 : Simulação do seno com valores iniciais (n0 e p0) Neste caso vemos claramente a maior rapidez do laser em seguir as oscilações pedidas pelo sinal de entrada. Mesmo assim temos ali umas oscilações devidas aos erros de aproximações nos cálculos. Referências [1] Tese de Doutoramento do professor Henrique Manuel de Castro Faria Salgado, 1993. [2] Relatório UROOF, Deliverable 3.3, 2008. 12