A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO O JOGO COMO MEDIADOR DO ENSINO-APRENDIZAGEM EM SALA DE AULA: AS POSSIBILIDADES DOS JOGOS CARTOGRÁFICOS SOBRE MAPAS TEMÁTICOS RAIANE FLORENTINO1 ANDRÉA APARECIDA ZACHARIAS2 Resumo: Este trabalho aborda os resultados parciais obtidos no desenvolvimento da dissertação de mestrado, que tem como proposta o uso de "Jogos Cartográficos sobre Mapas Temáticos" para contribuir na mediação do ensino dos conteúdos de Geografia, especificamente a Cartografia Temática, no ambiente escolar. O método de pesquisa utilizado é o Estudo de Caso, por Yin (2001). A fundamentação teórica busca sustentar a hipótese do trabalho, apresentando os conceitos da Cartografia Temática e a contribuição do lúdico no ensino. Os jogos protótipos foram aplicados nas escolas públicas do município de Rio Claro/SP e São José dos Campos/SP e, através disso, foi possível verificar sua eficácia e que eles necessitam de correção. As propostas de jogos estão mensuradas, até o momento, em cinco quebra cabeças, um jogo da memória, um jogo dominó e um jogo de tabuleiro. Palavras-chave: Mediação pedagógica; Jogos Cartográficos; Ensino de Geografia Abstract: This work deals with the partial results obtained in the development of the dissertation, whose proposed the use of "Cartographic Games on Thematic Maps" to contribute to the mediation of the teaching of Geography of content, specifically the Thematic Cartography, in the school environment. The research method used is the case study by Yin (2001). The theoretical foundation seeks to sustain the hypothesis of work, presenting the concepts of Thematic Cartography and a playful contribution in teaching. The prototypes games were applied in public schools in the city of Rio Claro / SP and São José dos Campos / SP and thereby made it possible to verify their effectiveness and that they need correction. Games proposals are measured so far in five puzzles, a memory game, a domino game and a board game. Keywords: Pedagogical mediation; Cartographic games; Geography teaching 1 – Introdução A pesquisa expõe a reflexão sobre o uso do lúdico no ensino, trazendo jogos para trabalhar os temas da Geografia, especificamente a Cartografia Temática, relacionados com o Ensino Fundamental (terceiros e quartos ciclos) e Médio. A justificativa do tema escolhido está baseada no discurso de professores que afirmam não entender e, tão pouco, compreender os mapas temáticos. Diante disso, elaborou-se a proposta de utilizar jogos para aplicar tais conteúdos. 1 Acadêmica do Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de Rio Claro. E-mail de contato: [email protected] 2 Docente no Curso de Geografia, da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus Experimental de Ourinhos/SP e do Programa de Pós-Graduação em Geografia, da UNESP, Campus de Rio Claro. E-mail de contato: [email protected] 3582 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO A pesquisa utiliza o método Estudo de Caso, por Yin (2001). O objetivo e o objeto de estudo estão relacionados com a reflexão acerca do uso deste material no ensino. A base de dados apresenta questionários respondidos pelos professores vinculados com a rede pública de ensino do Estado de São Paulo. Com base nisso foi possível eleger os principais assuntos a serem desenvolvidos nos jogos. Os protótipos elaborados foram aplicados em uma escola do município de Rio Claro/SP (E. E. Professora Heloísa Lemenhe Marasca) e duas na cidade de São José dos Campos/SP (E. E. Professor Pedro Mazza e E.M.E.F Professora Maria Nazareth de Moura Veronese). A partir dessa dinâmica e da contribuição dos docentes, com opiniões e sugestões, foi verificado que o jogo foi aceito positivamente por todos os indivíduos, tornando as aulas atrativas e dinâmicas. Porém, notou-se que os protótipos necessitam de correções e adequações, para uma futura divulgação em eventos científicos e para os demais interessados. O presente trabalho apresenta, então, um breve apontamento sobre as contribuições da Cartografia Escolar no ensino de Geografia e uma reflexão sobre as aplicações dos jogos nas escolas. 2 – As contribuições da Cartografia Escolar no ensino de Geografia Ensinar a ler em Geografia significa criar condições para que a criança leia o espaço vivido, utilizando-se da cartografia como linguagem, efetivando-se o letramento geográfico (CASTELLAR, 2011, p.123). Nesse fragmento, fala-se do termo "letramento geográfico", que possui relação com outro termo importante, "alfabetização cartográfica". É imprescindível afirmar que ambos não possuem a mesma definição. Primeiramente, alfabetização significa a apropriação da técnica de saber ler e escrever. Então, adaptando-se ao termo alfabetização cartográfica, entende-se como saber ler e elaborar mapas. Já o letramento geográfico é o resultado desse aprendizado, sendo, então, quando o indivíduo aprende sobre o espaço geográfico, território, lugar e região. Os currículos brasileiros de ensino apresentam diversos conteúdos de Geografia envolvendo a Cartografia, como o fuso horário, orientação, mapas, escala, 3583 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO entre outros. Esses elementos, muitas vezes, são de difícil entendimento para o professor e, consequentemente, para o aluno. É necessário que o estudante, desde o início da sua formação escolar, compreenda o espaço geográfico e isso se torna possível a partir do momento em que ele exercita conceitos relativos às noções espaciais, como a lateralidade, tamanhos, escalas, entre outros (DESIDERIO et al, 2009). As autoras ibidem apontam que é preciso produzir e organizar materiais didáticos no ensino de Geografia que abordem a realidade local, pois é importante familiarizar o estudante com o espaço vivenciado por ele. Muitas vezes, o docente pode atrair a atenção dos alunos relacionando os conteúdos do currículo com a exposição de fatos sobre a escola, o bairro da escola, a cidade em que vivem, ou até mesmo citar uma notícia muito comentada nos telejornais. Fuckner (2009) aponta que os PCNs [...] recomendam que sejam problematizados os eventos ou situações que ocorrem no lugar onde os alunos estão inseridos, permitindo, dessa forma, discutir o comportamento social e suas relações com a natureza. (FUCKNER, M. A, 2009, p.85) É essencial que o aluno entenda que o local onde ele está estudando existe e apresenta detalhes que não constam nos livros. É necessário viver e vivenciar esse contato com o meio, como aponta Desiderio et al (2009): Nos PCNs, a cartografia é citada como instrumento de aproximação dos lugares e do mundo, que contribui não apenas para que os alunos venham a compreender e a utilizar uma ferramenta básica da Geografia, os mapas, como também para desenvolver capacidades relativas à representação, localizações e relações entre as temáticas e suas espacialidades. O estudo da linguagem cartográfica é importante e fundamental desde o início da escolaridade, pois com ele o aluno começa a desenvolver suas noções espaciais. Esse processo de aprendizagem acontece conforme os níveis de desenvolvimento e as etapas de aprendizagem. (DESIDERIO et al, 2009, p.34) Portanto, a Geografia, especificamente a Cartografia, contribui nesse processo trabalhando não apenas o espaço vivido, como os aspectos geográficos de diferentes lugares do mundo. Inserida nesta área, está a Cartografia Temática, que possui peculiaridades importantes. Para descrevê-la, primeiramente é necessário apontar os significados que a própria Cartografia possui. No Quadro 1, Duarte (1991), em seu livro "Cartografia 3584 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO Temática", apresenta diversas classificações para esta ciência. O autor ibidem, com base nesse levantamento, conclui que a Cartografia é a arte e ciência ao mesmo tempo, sendo tida, muitas vezes, como ferramenta ou técnica formada por um conjunto de operações que se preocupa em transformar a superfície curva da Terra em plana, utilizando uma simbologia para representá-la. Além das descrições feitas, é importante destacar, também, o papel da Cartografia na ótica escolar: A Cartografia é um instrumento essencial no ensino de Geografia. Para além das simples localizações, saber ler um mapa oferece muitas possibilidades de análises geográficas. Atualmente, os produtos cartográficos convencionais e os obtidos pelo geoprocessamento são ferramentas importantes no processo de ensino/aprendizagem. Através deles, é possível explorar uma série de conteúdos geográficos conectados às principais noções de cartografia escolar. Escala, coordenadas geográficas, projeções, orientação, localização e representação são noções fundamentais da cartografia no ensino de Geografia. Quando internalizadas desde o processo de alfabetização, facilitam o entendimento concreto de uma série de conteúdos geográficos. (DESIDERIO et al, 2009, p.34) Martinelli (2014, p.20), em sua obra "Mapas, gráficos e redes: elabore você mesmo", demonstra com detalhes a introdução e as características da Cartografia Temática, exibindo o passo a passo de como elaborar mapas, gráficos e redes. O autor afirma que no século XVIII houve um grande avanço para a Cartografia, com a instituição de academias científicas, marcando o início da ciência cartográfica moderna, considerado o maior impulso dado aos mapeadores, que ocorreu com o avanço do imperialismo, no fim do século XIX. Isto se deve porque as potências precisavam de um inventário cartográfico exato para suas incursões exploratórias. Este evento contribuiu para o fortalecimento e crescimento de outras ramificações de estudos operados com a divisão do trabalho científico, de modo a fazer com que desenvolvesse outro tipo de Cartografia: a Cartografia Temática, ou seja, o domínio dos mapas temáticos. 3585 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO AUTOR ANO PÁGINA DEFINIÇÃO Antonio Geraldo da Cunha 1986 160 Arte ou ciência de compor cartas geográficas. Aurelio Buarque de Holanda 1980 366 Arte ou ciência de compor cartas geográficas. Cêurio de Oliveira 1983 97 "1. Vocábulo criado pelo historiador português Visconde de Santarém, em carta de 8 de dezembro de 1839, escrita em Paris, e dirigida ao historiador brasileiro Adolfo Varnhagen. Antes da divulgação e consagração do termo, o vocábulo usado tradicionalmente era cosmografia. 2. Conjunto de estudos e operações científicas, artísticas e técnicas, baseado nos resultados de observações diretas ou de análise de documentação, visando a elaboração e preparação de cartas, projetos e outras formas de expressão, bem como a sua utilização." Cêurio de Oliveira 1988 13 "É a ciência que se ocupa da elaboração de mapas de toda espécie. Abrange todas as fases dos trabalhos, desde os primeiros levantamentos até a impressão final dos mapas" 15 "É a ciência e arte que expressa, graficamente, por mapas e cartas; o conhecimento humano da superfície da Terra." "A Sociedade Brasileira de Cartografia , entidade nacional, define a Cartografia como o conjunto das operações áreas, terrestres, hidrográficas e de gabinete que, direta ou indiretamente, conduzem à elaboração e reprodução de mapas." 1 "É a ciência e a arte de expressar graficamente, por meio de mapas e cartas, o conhecimento humano da superfície da Terra. É ciência porque essa expressão gráfica, para alcançar exatidão satisfatória, procura um apoio científico que se obtém pela coordenação de determinações astronômicas e matemáticas com topográficas e geodésicas. É arte quando se subordina as leis estéticas da simplicidade, clareza e harmonia, procurando atingir o ideal artístico da beleza." Zenobia P. S. de Moraes Bastos Mucio P. R. de Bakker João Soukup 1978 1965 1966 "É a arte e ciência de elaborar mapas; é arte porque para sua perfeita execução necessita-se satisfazer as exigências de um conjunto de preceitos como: saber escolher e aproveitar-se dos dados numéricos e literários geográficos, possuir um senso instruído e uma habilidade experimentada no desenho minucioso 10 e arranjo com símbolos, letreiros, etc. A Cartografia é ciência porque exige uma constante ocupação metódica com a invenção e o aperfeiçoamento das projeções cartográficas e com o estudo e a organização dos métodos gráficos da mais compreensível representação dos elementos do conteúdo, como, também, na parte dos processos de impressão." Quadro 1 – Definição da Cartografia. Fonte dos dados: Duarte, P. (1991 p.14) Organização: FLORENTINO (2015) Duarte (1991, p.23) defende que essa especialidade da Cartografia pode ser entendida como "planejamento, execução e impressão de mapas sobre um fundo 3586 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO básico, ao qual serão anexadas informações através de simbologia adequada, visando atender as necessidades de um público específico". Inserido nesta área estão os mapas temáticos. Para explicar o que vem a ser esse tipo de mapa é necessário falar, primeiramente, sobre mapas em geral. É tido como a representação espacial mais comum, além de ser a mais utilizada. É um instrumento visual eficiente na transposição das informações nas aulas de Geografia, porque permite que o aluno compreenda o espaço por ele vivido, pois através dos mapas é possível obter as representações de fenômenos e localidades, saber onde e o que ocorreu em determinado local, além de compreender, analisar e estudar o clima, os tipos de relevo, tipos de solo, entre outros. Sobre o plano bidimensional, Martinelli (2014, p.23) defende que além de mostrar a localização ou o caminho de um lugar ou da área, os mapas podem, também, responder questões como "o quê?", "por quê?", "em que ordem?", "quanto?", "em que velocidade?", "por quem?", "com que finalidade?" e "para quem?". Tais questões estão relacionadas com os tipos de abordagens existentes, como explicita o autor ibidem: TIPO DE ABORDAGEM CARACTERÍSTICA Qualitativa (≠) referente à questão "o quê?", representando relações de diversidade entre os conteúdos dos lugares, caminhos ou áreas. Quantitativa (Q) referente à questão "quanto?", representando relações de proporcionalidade entre os conteúdos dos lugares, caminhos ou áreas. referente à questão "em que ordem?", representando relações de ordem entre os conteúdos dos lugares, caminhos ou áreas. Quadro 2 – Tipos de abordagens e suas características. Fonte dos dados: Martinelli (2014, p.23) Organização: FLORENTINO (2015) Ordenada (O) Para manifestar o tema dos mapas, utilizam-se as abordagens qualitativa (≠), ordenada (O) e quantitativa (Q), por meio das manifestações em ponto, linha e em área, explorando as variações visuais com propriedades perceptivas compatíveis. A representação Qualitativa (≠), segundo Martinelli (2014) pretende: 3587 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO Expressar a existência, a localização e a extensão das manifestações dos fenômenos que se diferenciam pela sua natureza e atributos, podendo ser classificadas por critérios estabelecidos pelas ciências que estudam tais fenômenos. (Martinelli, 2014. P.25) Utiliza três noções básicas de Geometria para representar tais fenômenos: linha, ponto e área. Para utilizar a variável visual ponto, ou seja, a variável visual forma em ocorrência pontual3, é necessário fazer a correspondência da informação a ser transmitida pelo mapa. Se, no caso, o mapa for sobre recursos minerais, cada recurso deve ser representado por uma forma específica, podendo ser uma estrela, um triângulo, um quadrado, etc. No caso da representação Quantitativa (Q), o próprio nome informa que se refere à quantidade e as formas de ilustrar isso podem ser bem diversificadas. As manifestações ocorrem em ponto e área, utilizando a variável visual forma com figuras geométricas proporcionais, que, também, fazem uso, simultaneamente, da variável visual tamanho. Quando se trata de representações Ordenadas (O) é necessário ficar atento, pois a característica marcante deste mapa é a ordem hierárquica das informações. Para identificá-las não basta apenas observar se o mapa trata de quantidades ou qualidades, é preciso ler atentamente a legenda e, então, interpretar o mapa. As manifestações neste tipo de representação ocorrem em ponto (pode utilizar a variável visual valor), em linha (também utiliza a variável visual valor) e em área (método corocromático ordenado, que utiliza a variável visual valor ou cor). Há, também, o tipo de representação Dinâmica. "O dinamismo dos fenômenos pode ser apreciado no tempo e no espaço" (MARTINELLI, 2014, p.51). O autor ibidem explica que no espaço, o dinamismo ocorre em função do deslocamento de indivíduos; e no tempo, pode ser identificada por transformações qualitativas ou quantitativas (exemplo: se analisar a retração da vegetação amazônica num determinado espaço de tempo, notará a degradação que esta área sofreu). Para as variações quantitativas no tempo, é possível utilizar o método das figuras geométricas proporcionais e o método coroplético. Portanto, concluindo a exposição dos quatro tipos de representações em mapas temáticos, é notável a quantidade de informações que eles possuem, 3 Expressão utilizada por Martinelli (2014). 3588 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO conferindo ao indivíduo maior atenção no momento da análise. Desse modo, salienta-se a importância da alfabetização cartográfica, bem como o letramento geográfico. Esses conceitos são fundamentais e devem ser desenvolvidos no ambiente escolar. Diversas vezes este assunto não é aprofundado em sala de aula, pois os professores afirmam não saber trabalhar com mapas temáticos devido à sua complexidade. Destarte, os Jogos Cartográficos visam contribuir neste processo, facilitando a assimilação deste conteúdo de difícil entendimento para o educador e, consequentemente, para o estudante. 3 – Reflexões sobre o momento da aplicação dos jogos nas escolas A presente pesquisa tem caráter qualitativo, que utiliza como método o Estudo de Caso. Para seu desenvolvimento, foram utilizados técnicas e procedimentos extraídos do livro “Estudo de Caso: Planejamento e Métodos”, cujo autor, Yin (2001), expõe detalhadamente orientações e exemplos sobre o uso deste método. Para o autor, Estudo de Caso é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especificamente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos. Para Schramm (1971), é o esclarecimento de uma decisão ou um conjunto de decisões: o motivo pelo qual foram tomadas, como foram implementadas e com quais resultados: There are at least as many kinds of case studies as there are kinds of surveys and experiments. Yet. the essence of a case study, the central tendency among all types of case study, is that it tries to illuminate a decision or a set of decisions: why they were taken, how they were implemented, and with what result. (Schramm, 1971, p.5) Neste trabalho, pretende se apropriar das ideias de Yin (2001) e adaptá-las conforme a necessidade. Relacionando as orientações do autor com a pesquisa em questão, estabeleceu-se, inicialmente, o objetivo e o objeto de estudo: realizar uma reflexão sobre o uso de jogos para mediar o ensino da Cartografia Temática, especificamente os Mapas Temáticos, em sala de aula. A introdução desses jogos 3589 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO com os temas supracitados, pretende promover o desenvolvimento e a assimilação, de maneira que o aluno habilite sua linha de raciocínio próprio. Feito isso, realizou-se o levantamento bibliográfico, para sustentar a hipótese do trabalho, com os temas: Cartografia Temática (Mapas Temáticos, Semiologia Gráfica, Variáveis Visuais e Tipos de Representação), Cartografia Escolar, o uso do lúdico no ensino (focando nas experiências de pesquisadores) e o papel docente na mediação do lúdico em sala de aula. Assim, foi selecionada a base de dados a serem coletadas: questionários e entrevistas verbais informais com os professores da rede pública de ensino. Isto permitiu explorar o conhecimento deles em relação à Cartografia Temática, além de saber as técnicas e dinâmicas utilizadas para aplicar tal tema. Diante desse levantamento, foram escolhidos os temas para a elaboração dos jogos protótipos, que tem como princípio trabalhar questões de difícil entendimento para o professor e, consequentemente, para o aluno. Os jogos protótipos elaborados são: I) Um Jogo da Memória – apresenta pares com mapas temáticos; II) Um Jogo Dominó – traz em suas peças instrumentos e conceitos da Cartografia em geral; III) Um Jogo de Tabuleiro – por meio da dinâmica com perguntas e respostas, aborda assuntos gerais da Geografia, referentes ao Ensino Fundamental (terceiros e quartos ciclos) e Médio; IV) Cinco Jogos de Quebra-Cabeça – o encaixe das peças formam mapas temáticos; Os mapas utilizados nos jogos foram extraídos do IBGE e do Caderno do Professor, oferecido pelo Estado de São Paulo para as escolas estaduais públicas. Neste Caderno, eles são expostos sem um aprofundamento acerca das informações de cada um. Portanto, pretende-se perscrutar cada mapa utilizando a ação do jogo. Os protótipos foram aplicados em escolas da rede pública de ensino, sendo uma em Rio Claro/SP e duas no município de São José dos Campos/SP. Durante a atividade, observou-se o comportamento da turma e, ao final da ação, um questionário requisitando as críticas do docente foi aplicado, visando obter sugestões e opiniões acerca do material didático. Todas as aplicações foram 3590 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO realizadas em duas aulas sequenciais, de modo que a primeira era direcionada para a exposição do conteúdo e a segunda para a dinâmica com os jogos. O material didático foi aceito positivamente pelos indivíduos (docentes e alunos). A análise dos resultados não obteve um rendimento plenamente satisfatório, mas vale destacar que o índice de desempenho dos envolvidos se reflete nisso. Conclusões Até o presente momento, a pesquisa obteve resultados que sustentam o propósito da dissertação, que é o de refletir sobre a eficiência do uso do lúdico como mediador do ensino. Neste caso, o uso de jogos para trabalhar os conteúdos da Geografia, especificamente a Cartografia Temática, auxiliou o professor na compreensão e propagação de um assunto tão complexo aos alunos, como reconhecer as variáveis visuais utilizadas na elaboração dos mapas e entender sua função e propósito, assim como identificar as representações qualitativas, ordenadas, dinâmicas e quantitativas nos mapas. O interessante da atividade com o jogo é que juntos os alunos chegam ao resultado esperado, um auxiliando o outro e unidos eles compreendem e aprendem sobre o assunto que, até então, era desconhecido. Figura 1 – Aplicação dos jogos. Fonte dos dados: FLORENTINO (2015). 3591 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO Em todas as turmas o material didático foi bem recebido e acolhido, tanto pelo professor como pelos estudantes. Os docentes aprovaram o uso deste recurso e incentivaram sua produção, para que eles possam ter acesso futuramente. Referências Bibliográficas CASTELLAR, S. M. V. A cartografia e a construção do conhecimento em contexto escolar. In: ALMEIDA, Rosângela Doin de. Novos rumos da cartografia escolar: currículo, linguagens e tecnologia. São Paulo: Contexto, 2011. p.121-136. DESIDERIO, R., SUMAR, R., NASCIMENTO, R. S.. A Cartografia Escolar no ensino de Geografia da 5ª série do ensino fundamental: praticando a orientação e desenhando trajetos. In: NOGUEIRA, Ruth E. (Org.) Motivações hodiernas para ensinar geografia: representações do espaço para visuais e invisuais. 1ed. Florianópolis: s.n., 2009, v. 1, p. 27-42. DUARTE, P. A. 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