Curso de Bacharelado em Enfermagem Artigo de Revisão A ADOLESCÊNCIA E O HIV/AIDS: CONHECIMENTOS, PRÁTICAS E PERCEPÇÕES ADOLESCENCE AND HIV / AIDS: KNOWLEDGE, PRACTICES AND PERCEPTIONS Elizete Guedes Palma1, José de Arimatéia de Souza Dutra1, Mauro Trevisan2 1 Alunos do Curso de Bacharelado em Enfermagem 2 Mestre, docente do Curso de Bacharelado em Enfermagem Resumo Introdução:A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) passou a afetar também os adolescentes, principalmente em função da precocidade das relações sexuais e do uso de drogas. Para fazer frente a essa realidade o sistema de saúde desenvolve políticas públicas específicas, mas ainda não é suficiente, pois nem sempre elas são implementadas de forma adequada. Objetivo: Descrever os conhecimentos, práticas e as percepções dos adolescentes para prevenção do HIV/AIDS e analisar as formas de contribuição que as equipes de saúde podem oferecer aos adolescentes e o HIV/AIDS, para que haja aceitação e adesão ao tratamento, bem como enfrentamento do preconceito existente na sociedade.Metodologia: Revisão bibliográfica descritiva e pesquisa de campo quantitativa, realizada em uma escola pública situada em Águas Lindas de Goiás-GO, com 280 alunos do Ensino Médio, na faixa etária de 14 a 21 anos, dos turnos vespertino e noturno, sobre suas práticas sexuais e seu conhecimento do HIV/AIDS. A enquete foi realizada por meio de um questionário, contendo 12 perguntas fechadas. Resultados: Os alunos que participaram da pesquisa representam 63,2% dos que estão matriculados no Ensino Médio da escola pesquisada e concordaram em participar, por meio de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e autorização da Direção. As respostas foram tabuladas e convertidas em gráficos, elaborados no programa Excel. Para a discussão recorreu-se à literatura relacionada diretamente a cada tópico do questionário. Conclusão: Os adolescentes iniciam a vida sexual precocemente e desinformados a respeito das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs). Todos têm conhecimento sobre a existência da AIDS, principalmente por informações recebidas na escola. O sistema de saúde local pouco tem contribuído para melhorar essa situação. Como se trata de cidade com apenas 19 anos de emancipação política sugere-se pesquisas sobre as políticas públicas locais de enfrentamento do HIV/AIDS pelos adolescentes e suas famílias. Palavras chave: HIV/AIDS; Adolescência; Enfermeiro. Abstract Introduction: A Acquired Immunodeficiency Syndrome (AIDS) has also affect teenagers, mainly due to the precocity of sex and drug use. To address this reality the health system develops specific policies, but it is still not enough, because they are not always implemented properly. Objective:Describe the knowledge, practices and perceptions of adolescents for prevention of HIV / AIDS and analyze forms of contribution that health teams can offer teenagers and HIV / AIDS, for which there is acceptance and adherence to treatment, as well as coping prejudices existing in society.Methodology: Descriptive literature review and quantitative field research conducted in a public school located in ÁguasLindas de Goiás-GO, with 280 high school students, aged 14-21 years, afternoon and night shifts, on their practices sex and their knowledge of HIV / AIDS. The survey was conducted through a questionnaire containing 12 closed questions. Results: Students who participated in the survey represent 63.2% of those enrolled in high school and researched the school agreed to participate by signing the Informed Consent Form (ICF) and authorization of the Director. The responses were tabulated and converted into graphs, prepared in Excel. For the discussion turned to the topic directly related to each of the questionnaire literature. Conclusion: The teenagers start having sex early and uninformed about Sexually Transmitted Diseases (STDs) life. All are aware of the existence of AIDS, mainly by information received at school. The local health system has contributed little to improve this situation. As it comes to city with only 19 years of political emancipation is suggested research on local public policies addressing HIV / AIDS among adolescents and your families. Keywords: HIV / AIDS; Adolescence; Nurse. Contato: [email protected]; [email protected] Introdução A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) é uma doença de características próprias. Sua fisiologia já foi descoberta, mas, devido à grande mutação do vírus HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana), ainda não existe uma vacina eficaz, ou seja, não tem cura. Sua forma de transmissão carrega estigmas, como a homossexualidade, a promiscuidade, usuários de drogas, profissionais do sexo; e pessoas marginalizadas e discriminadas. Muitos adolescentes foram contaminados pela transmissão vertical (transmissão da mãe HIV positivo para o seu bebê pelo parto, amamentação ou durante a gestação, caso não haja prevenção), mas sentem se discriminados como aqueles que adquiriram pela transmissão horizontal (transmissão por sangue, sêmen e secreções vaginais, através de relações sexuais desprotegidas, agulhas compartilhadas por usuários de drogas, transfusão de sangue contaminado e objetos perfuro cortantes não esterilizados), pois essa responsabilidade é da 2 gestante. (GOMES; SILVA; OLIVEIRA, 2011; BRASIL 2013). O fato de ser portador de uma doença estigmatizante e crônica pode levar o adolescente a modificar completamente a sua vida em uma fase em que está passando por diversas mudanças e em que a imagem corporal e a vida sexual são de grande importância. Para ele não é fácil receber o diagnóstico positivo de HIV/AIDS e conviver com o tratamento e seus efeitos, além de correr o risco de sofrer preconceito de seus pares e até mesmo dos familiares (GUIMARÃES, 2013). Conforme o Manual de rotinas para a Assistência ao Adolescente Vivendo com HIV/AIDS, também do Ministério da Saúde, “desde a identificação dos primeiros casos de AIDS no Brasil, a epidemia da infecção pelo HIV continua desafiando a sociedade, o sistema de saúde e seus profissionais, tanto no âmbito da prevenção como na assistência” (BRASIL, 2006, p. 9). Os primeiros casos da doença foram identificados em São Francisco, nos Estados Unidos, em 1981, entre homossexuais do sexo masculino que apresentavam Sarcoma de Kaposi e pneumonia por Pneumocystis carinii, doenças oportunistas que atacam o indivíduo, em função da baixa imunidade. Até 2007 a taxa de infecção era de 14 mil pessoas por dia, com 20 milhões de mortes desde a detecção dos primeiros casos. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que até 2030 cerca de 70 milhões de pessoas serão infectadas, caso não sejam tomadas medidas eficazes de prevenção e de tratamento da doença (PINTO et al., 2007). Acredita-se que o vírus desencadeador da doença, que foi chamado Human Immunodeficiency Virus (HIV), tenha origem em um vírus que era endêmico em regiões da África Central. Esse vírus infectava macacos e chegou à população humana graças ao uso da carne dos animais como alimento. O HIV, identificado em 1983, é um retrovírus do gênero Lentivirus, que possui duas fitas idênticas de ácido ribonucléico (RNA), a enzima transcriptase reversa (TR) e um envelope fosfolipídico (RODRIGUES, 2009). Dois tipos virais distintos do HIV foram identificados. O HIV-1 é o tipo associado com a doença nos Estados Unidos, Europa, África Central, e outras partes do mundo, enquanto o HIV-2 foi detectado na parte ocidental da África, muito semelhante ao primeiro tipo e subdividido em sete subtipos. O HIV possui alta variabilidade genética, devido à transcriptase reversa, fazendo com que a cada ciclo reprodutivo ocorram mudanças no seu genoma, o que sempre dificultou a formulação de medicamentos para combatê-lo (SUCUPIRA; JANINE, 2006). Segundo o Ministério da Saúde, a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), tornou-se uma pandemia no inicio da década de 1980, quando as pessoas foram infectadas pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Após adquirirem as doenças oportunistas, em função da baixa imunidade, faleciam em decorrência da AIDS (BRASIL, 2010). O vírus HIV não afeta somente os adultos, mas também os adolescentes. Os limites cronológicos da adolescência são definidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) entre 10 e 19 anos e pela Organização das Nações Unidas (ONU) entre 15 e 24 anos, critério este usado principalmente para fins estatísticos e políticos. Nas normas e políticas de saúde do Ministério da Saúde do Brasil, os limites da faixa etária de interesse são as idades de 10 a 24 anos. No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, Lei n. 8.069/1990), considera criança a pessoa até 12 anos de idade incompletos e define a adolescência como a faixa etária de 12 a 18 anos de idade (BRASIL, 2004). É nesta fase de transição entre a infância e a vida adulta, caracterizada pelos impulsos do desenvolvimento físico, mental, emocional, sexual e social e pelos esforços do indivíduo em alcançar os objetivos relacionados às expectativas culturais da sociedade em que vive que ocorrem as mudanças corporais da puberdade, quando o indivíduo consolida seu crescimento e sua personalidade, obtendo progressivamente sua independência econômica, além da integração em seu grupo social (EISENSTEIN, 2005). A adolescência é uma etapa da vida de grandes transformações biológicas, psíquicas e sociais. O comportamento sexual do adolescente é um marco normal do desenvolvimento e quando inicia sua atividade sexual pode estar vulnerável ás doenças sexualmente transmissíveis (DST) e AIDS. Fatores que colocam adolescentes e jovens em maior risco para as DST são a idade precoce de início da vida sexual, uso incorreto ou inconsistente de preservativos e experimentação de álcool e outras drogas (BRASIL, 2013). A infecção pelo HIV na adolescência é um tema difícil de ser abordado para a família, mesmo com políticas que visam superar o preconceito. A doença é vista de forma negativa e há dificuldade de aceitação, ocorrendo enfretamento social, com diminuição da autoestima. Muitas famílias tratam o diagnóstico positivo como um segredo a ser guardado, por vergonha e medo da reação da sociedade. A adolescência é uma fase de mudanças físicas e psicológicas, onde o jovem busca a aceitação, a liberdade e a vivência da sexualidade e um diagnóstico positivo de AIDS pode comprometer muito a sua vida (SPINARDI et al., 2008). No final da última década os jovens entre 15 e 24 anos representavam aproximadamente 45% de novas infecções pelo HIV no mundo, sendo que no Brasil a taxa de incidência (por 100.000 habs.) de casos de AIDS notificados no 3 sexo masculino, em 2008, foi de 2,2 e para o sexo feminino foi de 2,8. A taxa nacional em 2010 era de 9,5. O início precoce da vida sexual, em média aos 15 anos de idade, foi considerado a principal causa da contaminação, responsável por grande número de indivíduos atingidos pelo HIV na faixa de 25-29 anos de idade, visto que a doença se manifesta de sete a dez anos depois da exposição ao vírus (MAFRA-TOLEDO et al., 2011). Os adolescentes se contaminam com o HIV no início da vida sexual principalmente por não perceberem sua vulnerabilidade ao vírus e à doença, quando deixam de incorporar os conhecimentos adquiridos sobre o assunto às relações com os parceiros, não adotando práticas preventivas, por não acreditarem estarem sujeitos ao problema. A contaminação é vista como algo externo e não como uma possibilidade pessoal e real (FERREIRA et al., 2009). Essa falta de percepção ainda se alia ao consumo de álcool e uso de drogas ilícitas, em situações de promiscuidade, aumentando as chances de contaminação. A falta de um projeto de vida, principalmente entre os jovens das classes sociais mais pobres, também facilita a contaminação, pois não encaram a vida como um valor a ser preservado. É preciso viver intensamente o momento e a prevenção é deixada de lado (ZAMIN, 2012). Uma vez contaminados pelo HIV os adolescentes encontram muitas dificuldades para lidar com o problema. As principais dificuldades expostas pelos mesmos referem-se aos horários de tomar os antirretrovirais (TARV), o gosto desagradável, falta de informação da necessidade de tomar os TARV, desinformação do seu diagnóstico, falta de comunicação sobre HIV/AIDS. Entre os cuidadores primários, outro fator encontrado é a transferência de responsabilidade em tomar os TARV do cuidador para o adolescente (ADÃO; CARACIOLO, 2007). Os conflitos sobre a própria doença, pois se trata de uma doença incurável, e por ser cercada de estigmas e preconceitos, faz com que os adolescentes não tomem a medicação em ambiente que não seja o seu lar. Quanto maior é o conhecimento a respeito do seu diagnóstico, dos benefícios das medicações, sobre os exames e o que seus valores representam, a comunicação clara sobre o HIV/AIDS, melhora os resultados na adesão ao tratamento (GUERRA; SEIDL, 2010). Contudo, muitas famílias optam por não divulgar que o adolescente foi contaminado pelo HIV e procuram fazer com que esse jovem adote plenamente o tratamento, justamente para não manifestar os sintomas que identificariam a existência da doença para o seu grupo social. Esse jovem pode não sofrer o preconceito, mas sofre com o silêncio, por não poder confidenciar suas dificuldades para os amigos (MOTTA et al., 2013). Por outro lado, divulgando ou não, o jovem contaminado está preso às rotinas do tratamento, complexas e contínuas. Geralmente os adolescentes preferem tomar os TARV em casa, para terem privacidade. Quando não podem fazêlo dessa forma, procuram esconder o medicamento dos amigos ou retiram a identificação das embalagens, para evitar a discriminação. Diante dessas dificuldades os adolescentes necessitam da assistência dos profissionais de saúde, mas não é fácil buscá-los (SUET, 2010). O Ministério da Saúde estabelece uma série de situações, desde o diagnóstico do HIV/AIDS até a transição do tratamento da infância para a adolescência ou desta para a fase adulta, momentos em que os profissionais de saúde têm muito a contribuir. Na revelação do diagnóstico recomenda-se que os profissionais de saúde tratem cada caso individualmente, levandose em conta o contexto, social, familiar e cultural do adolescente (BRASIL, 2013). A comunicação deve ser processual, pois saber que se é portador de doença incurável gera muitas inquietações, como o medo da morte, do preconceito e da discriminação. Assim, o adolescente precisa receber todo o suporte emocional necessário, mas não se deve guardar segredo sobre o diagnóstico e sim comunicá-lo de forma humanizada (RABUSKE, 2009). Um dos maiores desafios da equipe de saúde é conseguir a adesão plena do adolescente e de seus familiares ao tratamento antirretroviral. A não percepção da vulnerabilidade e o desejo de ser igual aos pares podem levar o adolescente a não aderir à terapia, de forma que possa evitar a replicação do vírus. Os profissionais precisam levar até o adolescente os conhecimentos necessários sobre a doença e a medicação, sua necessidade e seus efeitos, estabelecendo, para isso, uma relação de confiança. As informações devem ser estendidas aos familiares, pois o tratamento, para ser eficaz, implica em mudança de rotinas e aquisição de novos hábitos. Trata-se, portanto, de um trabalho de educação em saúde (RIBEIRO, 2011). Como o tratamento da AIDS passou por diversos avanços desde que o vírus foi identificado, ela se tornou praticamente uma doença crônica, não exatamente fatal, fazendo com que as equipes de saúde possam conscientizar os adolescentes portadores a buscarem melhor qualidade de vida. Isso envolve a continuidade da vida sexual e implica em estabelecer relações, revelar o diagnóstico e tomar medidas preventivas (BARATA, 2006). O adolescente e seu parceiro (a) devem ser orientados sobre os riscos da não prevenção e sobre como levar uma vida sexual plena, saudável e segura, apesar da doença. O 4 profissional deve esclarecer ao adolescente que isolar-se não é a melhor opção para a sua vida, bem como relacionar-se sexualmente apenas com jovens que também sejam soropositivos (BRASIL, 2010). Como está passando por uma fase de crescimento corporal, o adolescente com HIV/AIDS precisa ser encaminhado para avaliação nutricional, com profissional que também faz parte da equipe de saúde. O nutricionista orienta a dieta a ser seguida pelo jovem, para manter o ritmo do crescimento, corrigir falhas como sobrepeso e obesidade (o uso de TARVs modificam o metabolismo lipídico e a resistência periférica à insulina), minimizar os efeitos colaterais dos medicamentos e trabalhar o conceito positivo de imagem corporal, sempre buscando contar com o apoio dos familiares (RODRIGUES et al., 2009). É preciso encaminhar o adolescente que chega à fase adulta para um atendimento compatível com sua idade e esse é um processo que precisa ser conduzido cuidadosamente pela equipe de saúde. A transição deve ser gradual, feita de forma individual e planejada, buscando-se a maior interação possível com a nova equipe de atendimento, com total compartilhamento de informações (COSTA; BERNAL; HALLAL, 2013). Os familiares também devem ser envolvidos no processo, pois se trata de sair de uma zona de conforto e assumir novas relações com outros profissionais. O adolescente pode rejeitar os novos profissionais e comprometer completamente o tratamento, razão pela qual a transição tem sido um dos maiores desafios das equipes de saúde, quando se trata de adolescentes com HIV/AIDS (MACHADO; SUCCI; TURATO, 2010). A partir dessas informações, foi realizada uma pesquisa quantitativa, para responder ao seguinte problema: “O que o sistema de saúde tem feito para informar os adolescentes sobre o HIV/AIDS em Águas Lindas de Goiás-GO?” O objetivo geral do estudo foi analisar as formas de contribuição que as equipes de saúde podem oferecer aos adolescentes na prevenção e acompanhamento do HIV/AIDS, para que haja aceitação e adesão ao tratamento, bem como enfrentamento do preconceito existente na sociedade. A abordagem do tema para os profissionais de saúde, especialmente o enfermeiro, é relevante, para que possam se inteirar de todos os aspectos do problema, para oferecerem uma assistência humanizada e de qualidade aos adolescentes que procuram esclarecimentos na prevenção e no tratamento. Metodologia A pesquisa é de natureza descritiva e quantitativa, apresentada em forma de revisão bibliográfica de vários livros e artigos, realizada na biblioteca da Faculdade ICESP PROMOVE e em sítios eletrônicos, como a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS); e respectivamentede pesquisa de campo, realizada com alunos do Ensino Médio de uma escola pública, em Águas Lindas de Goiás/GO. Os descritores para a pesquisa dos artigos foram: HIV/AIDS, adolescência, enfermeiro. Os critérios de inclusão dos textos na revisão bibliográfica foram: relação direta com o tema; publicação entre 2004 e 2014 (primeiro semestre), excluídos material de natureza histórica; apresentação em língua portuguesa ou tradução oficial; e apresentarem pesquisas de campo sobre o tema, para a parte da análise dos dados. Foram selecionados 20 textos para a revisão bibliográfica e 15 textos para a fundamentação teórica da pesquisa de campo, além dos textos institucionais. A pesquisa de campo foi realizada entre agosto e novembro de 2014, através da aplicação de questionários para alunos da escola selecionada. Com critérios de inclusão como ter idade entre 14 e 21 anos e estar presente na escola no momento da pesquisa, além de aceitarem participar do estudo, mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE); e também da autorização do Diretor, após serem esclarecidos sobre sigilo, confidencialidades e anonimato das respostas. A população de adolescentes que cursam o Ensino Médio é de 443 alunos e a amostra selecionada foi de 280 alunos, que estavam presentes no dia da pesquisa e concordaram em colaborar. O questionário é composto por 12 questões fechadas de múltipla escolha, onde os jovens podem expressar os seus conhecimentos, práticas e as percepções sobre o tema abordado. A décima questão prepara para a intervenção dos pesquisadores na escola, ao final do estudo, no sentido de informar aos entrevistados os resultados encontrados e repassar-lhes orientações a respeito da relação entre adolescência e HIV/AIDS, por meio de palestra. A autorização para a aplicação do instrumento de coleta de dados é necessária, visto que se trata de pesquisa com seres humanos. O estudo foi autorizado pelo o comitê de ética, Número CAAE 029411/14, conforme a Resolução 196/96 versão 2012, que garante aos participantes a confidencialidade e a privacidade de suas respostas (BRASIL, 2012). Não foram utilizadas imagens dos participantes e a coleta de dados foi autorizada pela direção da escola, mediante solicitação dos pesquisadores. A pesquisa também seguiu as normas do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa (NIP), 2014, da Faculdade ICESP/PROMOVE. 5 Resultados e Discussão Os 280 alunos que compuseram a amostra estudam nos turnos vespertino (71) e noturno (209). A sua distribuição por sexo, faixa etária e turno é mostrada no Gráfico 1: Gráfico 1: Sexo, faixa etária e turno da amostra pesquisada 100% 60% 50% 40% 60% 65% 35% 40% 0% 59,30% 39,60% 1,10% Fonte: Pesquisa Acadêmica, 2014. Conforme se observa, as mulheres são em maior número que os homens nos dois turnos. A maior parte dos alunos que responderam ao questionário é do turno noturno 59,30%, também é maioria na faixa etária entre os 17 a 19 anos para este turno, mas no turno vespertino predomina a faixa etária de 14 a 16 anos com um total de 39,60% de alunos. Somente três alunos, do turno noturno, estão na faixa etária de 20 a 21 anos. Oficialmente, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, a adolescência abrange a fase de 12 anos completos até 18 anos completos (BRASIL, 2004). Para a OMS, compreende o período entre 10 e 20 anos de idade. Como os alunos que constituem a amostra da pesquisa ainda estão cursando o Ensino Médio, cuja terminalidade é prevista para os 17 anos, os alunos até 21 anos foram incluídos, caso desejassem participar. Havia uma informação prévia, do Diretor da escola, de que os alunos do turno noturno estavam razoavelmente dentro da faixa etária para o grau de ensino que cursam. Nesse momento da vida, a maioria dos jovens começa a namorar e inicia a vida sexual. A faixa etária entre 15 a 24 anos é considerada a mais propícia para que o jovem contraia uma doença sexualmente transmissível (DST) ou o HIV/AIDS. Nos Estados Unidos, onde a notificação de todas as DSTs é compulsória, estima-se que o percentual de jovens atingidos seja de 25%. No Brasil, a notificação é obrigatória somente para sífilis e AIDS e, em razão disso, não se tem estatísticas precisas do número de jovens que contraíram as DSTs no município de Águas lindas de Goiás-GO. Sabe-se, no entanto, que a AIDS, por exemplo, já migrou dos grupos de risco para os jovens heterossexuais (TAQUETTE; VILHENA; PAULA, 2004). Os fatores que levam os jovens a adquirirem DSTs/AIDS são de natureza biológica, psíquica e social. Nas meninas, o epitélio cilíndrico do colo do útero está mais exposto, facilitando a contaminação pela atividade sexual, que muitas vezes é antecipada pela baixa idade da menarca. O jovem busca a construção de sua identidade social e sexual e, para isso, varia bastante de parceiros e sentem se invulneráveis diante dos riscos que essa troca representa, deixando-se influenciar por comportamentos grupais. A baixa escolaridade e o baixo nível socioeconômico também contribuem para a disseminação dessas doenças, devido à falta de conhecimentos sobre as doenças e sua prevenção. A predominância dos papeis masculinos e femininos, bem como o uso de drogas também contribui para a contaminação dos jovens pelas DSTs/AIDS (TAQUETTE; VILHENA; PAULA, 2004). Diante dessas informações, o Gráfico 2 apresenta a situação civil dos alunos, a situação sexual e o uso ou não de camisinha durante as relações sexuais. Gráfico 2: Situação civil, sexual e preventiva dos alunos 60,00% 50,00% 40,00% 30,00% 20,00% 10,00% 0,00% 49,60% 33,20% 53,50% 46,50% 53,30% 36% 7,90% 9,30% 10,70% Fonte: Pesquisa Acadêmica, 2014. Dos alunos solteiros (49,6%), a maioria não teve relações sexuais (46,5%). Estes, portanto, não constituem um grupo de risco para o HIV/AIDS. A não ser que consumam drogas injetáveis, tenham feito transfusão de sangue contaminado ou exerçam profissões de risco, como a Enfermagem. Os demais alunos (53,5%) constituem grupos de risco, diretos ou indiretos, em relação às DSTs/AIDS. O grupo de alunos que estão casados ou vivendo juntos com os seus parceiros correm risco de contrair HIV/AIDS na medida em que 6 seus conhecimentos sobre métodos preventivos forem insuficientes e a crença de que o casamento heterossexual os deixa imunes às tais doenças e, em consequência disso, não usem a camisinha. A confiança na fidelidade do cônjuge representa outra forma de risco. É relativamente frequente que em relações extraconjugais o preservativo não seja utilizado, o mesmo ocorrendo nas relações sexuais no casamento. São muitas as mulheres infectadas por seus maridos supostamente monogâmicos. É a vulnerabilidade cultural, que pode se tornar ainda maior se a escolaridade e a situação econômica forem baixas (MAIA; GUILHEM; FREITAS, 2008). Situação semelhante vive os alunos que estão namorando sério e mantêm relações sexuais com os seus parceiros, pois pode ocorrer uma traição, sem o uso de preservativo. Como o HIV/AIDS pode ser contraído tanto por intercurso sexual quanto por transfusão de sangue contaminado ou uso de drogas injetáveis com o compartilhamento entre usuário infectado, não é preciso que haja traição para que algum dos dois se contamine. Quem está namorando sério deve ficar atento se o parceiro apresenta feridas na boca ou nos genitais e não se relacionar sem o preservativo. Se o homem for soropositivo, já existem métodos de fertilização in vitro que permitem uma “purificação” do sêmen, gerando a possibilidade de terem filhos sem o vírus HIV. (GARCIA, 2007). É relativamente pequeno o número de alunos que estão “só ficando”, mas representa um grupo de risco. “Ficar”, na linguagem do jovem significa: ocasionalmente. É como se a cada relação sexual, com parceiro fixo ou não, esses dois grupos jogassem uma “roleta russa”, onde apostam suas vidas. O não uso do preservativo, principalmente o masculino, decorre de comportamentos culturais, como não gostar e confiar no parceiro e de um fator temporal, que é a imprevisibilidade das relações de quem “só está ficando”.Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2013), há uma tendência de aumento no número de caso de HIV entre os jovens de 15 a 24 anos, e estas condutas contribuem para esse aumento (MARTINS et al., 2006). O número de alunos que ainda não têm experiência sexual é relativamente alto (46,5%), inclusive entre os jovens de 17 a 19 anos. Esse fato demonstra que a educação influencia o comportamento sexual. Quanto mais informação o jovem tem, mais tarde se inicia no sexo. O trabalho dos governos, inserindo a educação sexual no currículo escolar, muito tem contribuído para evitar as DSTs. No Brasil, desde os anos 1990, as campanhas de prevenção do HIV/AIDS visam principalmente educar os jovens para o uso do preservativo. No entanto, os jovens sem escolaridade, de mais baixa renda ou que vivem em contextos de vulnerabilidade ainda estão sujeitos a contrair o vírus e desenvolver a doença. (PAIVA et al., 2008). O próximo tema do questionário envolve: as crenças que os alunos possuem sobre a sexualidade, os possíveis comportamentos de risco que assumem; e os conhecimentos que têm sobre o HIV/AIDS. Esses dados são apresentados no Gráfico 3: [...] um aprendizado no que se refere à aproximação do outro. No "ficar" o jovem se experimenta e se conhece na relação com o sexo oposto. O "ficar" é então um ensaio para o próximo passo: o namoro. Existe o "ficar" sem relações sexuais, e o "ficar" com relações sexuais (MARTINS, 2012, p. 2). Gráfico 3: Crenças, comportamentos e conhecimentos sobre DST, HIV/AIDS e as formas de prevenções A busca pela identidade leva o adolescente ao desenvolvimento de relacionamentos amorosos, mas por falta de maturidade, expõe-se a maiores riscos. A sexualidade pode não ter sido ainda incorporada totalmente como parte da individualidade e o adolescente não tem noção de sua vulnerabilidade, pois pode ser que ainda lhe falte capacidade cognitiva para lidar com eventos hipotéticos futuros. Para ser aceito por seus pares pode se envolver em comportamentos de risco, no sexo ou no uso de drogas. No Brasil, cerca de quatro milhões de jovens tornam-se sexualmente ativos a cada ano, a maioria em relacionamentos de “ficar”, onde as relações sexuais, visto que ocasionais, podem ocorrer sem nenhuma proteção (BRASIL, 2006). Observa-se ainda que 53,5% (150) dos alunos já tiveram relações sexuais. Desses, 53,3% usam camisinha regularmente, como forma de prevenção de DSTs e gravidez, mas 10,7% nunca usam e 36% usam apenas 50,00% 40,00% 30,00% 20,00% 10,00% 0,00% 40,71% 35,30% 29,28% 9,28% 12,14% Fonte: Pesquisa Acadêmica, 2014. As principais convicções manifestadas pelos alunos referem-se à dicotomia homem/mulher típica de uma sociedade que ainda é machista: aonde a mulher deve chegar virgem ao casamento, mas o homem deve ter experiência sexual, pois precisa de sexo mais do que a mulher e entende mais do assunto do que 7 ela. Pesquisa conduzida com estudantes de Medicina revelou que as crendices permanecem na vida adulta, principalmente entre os homens (LIMA; CERQUEIRA, 2008). Entre os alunos pesquisados neste estudo, esse dado se confirmou entres os homens do turno vespertino, que estão na faixa etária de 14 a 16 anos. Já no turno noturno a diferença estatística entre homens e mulheres, que manifestaram crenças, não foi significativa. Os estereótipos sexuais que estabelecem padrões a serem seguidos por cada gênero começam no meio familiar e religioso. São construções sociais, culturais e históricas, transmitidas e compartilhadas pelas pessoas e reforçadas pela educação machista e patriarcal, que ainda é observada na sociedade brasileira, apesar de todos os avanços e da educação escolar, que procura desconstruir os mitos relacionados à masculinidade e feminilidade (REIS; MAIA, 2008). Os comportamentos de risco que 9,28% dos alunos pesquisados assumiriam estão relacionados à promiscuidade, ou seja, sexo com conhecidos e amigos e ainda com estranhos que acabaram de conhecer, além da possibilidade de diversos parceiros antes do casamento. Nesse caso, as diferenças estatísticas entre homens e mulheres e nas duas principais faixas etárias consideradas não foi significativa. Estudos conduzidos com adolescentes mostram que o uso de bebidas alcoólicas, drogas ilícitas e lícitas geralmente contribuem para aumentar as chances de que essas atitudes ocorram, principalmente em relação ao número de parceiros sexuais e a não adesão ao uso da camisinha, com predominância entre os homens. A adolescência é uma fase exploratória e o jovem muitas vezes busca sensações novas e assume perigos que em outra fase da vida não se exporia: como se relacionar sexualmente com um estranho que acabou de conhecer, sem nenhuma proteção. A escolarização contribui para evitar esses comportamentos de risco (CRUZEIRO et al., 2010). Sobre o conhecimento das DSTs foi considerada a resposta que demonstrasse saber todas que faziam parte da lista. Todos os alunos pesquisados marcaram a AIDS, mas foram poucos os que marcaram a Hepatite B, além de confundirem doenças como caxumba com DST e tomarem um sintoma e sinal, como o corrimento e mau cheiro, também como DST. As doenças como sífilis e gonorreia são bastante conhecidas pelos alunos. Os diagnósticos de DSTs, principalmente a AIDS, têm aumentado nos últimos anos especialmente entre os mais jovens na faixa de 13 a 16 anos, principalmente em decorrência das primeiras experiências sexuais, que ocorrem precocemente e de forma despreparada e desinformada. As pesquisas sugerem que, apesar de toda a informação veiculada pela mídia, os jovens que iniciam sua vida sexual não possuem informações básicas a respeito de quais são as DSTs e como se prevenir para não serem contaminados. Diante da desinformação se expõem desnecessariamente a comportamentos de risco como a promiscuidade e não usar o preservativo (OLIVEIRA et al., 2009). O percentual de alunos que têm conhecimentos sobre prevenção das DSTs e transmissão do HIV pode ser considerado baixo, de acordo com o observado no Gráfico 3 (35,30% e 29,28%, respectivamente). Um grande erro dos alunos é considerar que durante o período menstrual não pode ocorrer a contaminação e não é preciso usar o preservativo. Também manifestam diversos erros em relação à transmissão do HIV, como a doação de sangue, o convívio social, frequência em piscinas e banheiros, aperto de mão e beijo na boca. As pesquisas demonstram que na atualidade a transmissão heterossexual do HIV se tornou a mais frequente, principalmente entre os jovens e mulheres casadas. Somente o contato direto com sangue, sêmen, secreções vaginais e leite materno têm sido implicados como fontes de infecção. As outras possibilidades, como saliva, lágrimas e urina, apesar de terem traços do vírus não são consideradas fontes de transmissão, bem como as fontes ambientais (picadas de mosquitos) ou inanimadas (banheiros e piscinas). Os indivíduos infectados pelo HIV não precisam se distanciar do convívio social ou deixarem de frequentar os lugares onde sempre foram. O que precisam fazer é tomar cuidado com infecções oportunistas, devido à baixa imunidade, para não desenvolverem outras doenças, que poderiam ser fatais. Por isso, é essencial que se submetam à terapia antirretroviral (BRASIL, 2013). Quanto à feminizacão do HIV/AIDS, é preciso considerar que na sociedade brasileira as mulheres casadas, que vivem maritalmente ou praticam sexo regularmente com seus parceiros, têm pouco poder de decisão sobre métodos preventivos, seja a camisinha ou o anticoncepcional. Diante disso, é muito alto o número de mulheres contaminadas em idade reprodutiva, a partir da adolescência. Essas mulheres têm grandes possibilidades de transmitirem o vírus para seus filhos, de forma vertical, seja na gravidez, no parto ou pela via da amamentação, caso não haja prevenção. Por isso, o conhecimento sobre as formas de transmissão do HIV e prevenção das DSTs é fundamental para as adolescentes, no início de sua vida sexual (GALVÃO; CERQUEIRA; MARCONDES-MACHADO, 2004). Foi questionado aos adolescentes sobre os meios pelos quais adquiriram os conhecimentos sobre HIV/AIDS. Foram analisados os agentes educadores considerados obrigatórios, como o sistema de saúde, a escola e a família. Os resultados estão no Gráfico 4: 8 Gráfico 4: Fontes de conhecimentos dos adolescentes sobre HIV/AIDS 75,30% 80,00% 60,00% 40,00% 7,50% 28,90% 41,42% 20,00% 0,00% Fonte: Pesquisa Acadêmica, 2014. Os jovens que admitiram não terem tido orientação sobre HIV/AIDS possivelmente não a obtiveram pelas fontes formais, mas no restante do questionário demonstraram que possuem conhecimentos básicos. É importante considerar que a escola está cumprindo o seu papel de formadora de comportamentos, pelo alto índice de alunos que nela obtiveram orientação, durante as aulas. Preocupa que um percentual relativamente baixo de alunos tenha tido acesso a essas informações pelo sistema de saúde. O material do Ministério da Saúde sobre o assunto é muito rico e específico para os jovens. Como não foram obtidas informações sobre esse tema com a Secretaria Municipal de Saúde de Águas Lindas de Goiás-GO, é preciso investigar como as políticas públicas direcionadas à orientação dos jovens sobre sexualidade são implementadas no município. O Brasil é considerado um dos países mais modernos nas políticas de enfrentamento do HIV/AIDS. A primeira organização instituída foi o Grupo de Apoio e Prevenção à AIDS (Gapa), em 1985, uma Organização Não Governamental (ONG). A primeira política pública foi o Programa Estadual de DST/AIDS de São Paulo, sendo que o programa nacional foi criado em 1985 e em 1986 foi instituída a notificação obrigatória. Entre 1993 e 2002, o programa nacional funcionou em forma de convênios com estados e municípios e depois desse período os entes públicos passaram a receber verbas específicas para a prevenção, assistência e promoção dos direitos humanos dos portadores do HIV/AIDS. O principal financiador do programa é o Banco Mundial. São disponibilizadas informações, drogas antirretrovirais e assistência ambulatorial e hospitalar às pessoas com HIV/AIDS, de forma ampla e inclusiva, com redução significativa da mortalidade e morbidade, bem como dos custos hospitalares, em função das doenças oportunistas (SOUSA et al., 2012). Águas Lindas de Goiás-GO é uma cidade com apenas 19 anos de emancipação política e nem todos os serviços públicos funcionam a contento, mas não se justifica que um programa de tal relevância aparentemente não esteja sendo desenvolvido de forma adequada. O mesmo se pode dizer em relação à orientação familiar. A família deve ser o primeiro agente orientador de crianças e jovens em relação à sexualidade, mas devido ao modelo cultural brasileiro isso geralmente não acontece. Os pais têm vergonha de tratar desse assunto com os filhos e no máximo orientam as meninas sobre contracepção na adolescência. Os meninos aprendem com os amigos ou na internet, instâncias onde as informações nem sempre são corretas e podem também ser preconceituosas. Por isso, é importante envolver as famílias nas políticas públicas de prevenção do HIV/AIDS, por meio de metodologias que facilitem o diálogo entre pais e filhos, para que os temas sejam discutidos e encaminhados com liberdade. A baixa escolaridade familiar pode dificultar essa estratégia, mas sem dúvida a discussão ampla junto aos serviços de saúde ajuda no protagonismo da família na orientação sexual dos jovens, melhora as relações e promove a participação de todos nas decisões. Essa pesquisa é fundamental para que possa haver mudança de comportamento entre os adolescentes, como aqueles que foram mencionados (promiscuidade e relacionar-se com estranhos), incentivando-os a se tornarem sujeitos de sua própria sexualidade (LUNA et al., 2012). A escola, como espaço de formação, pelos números observados, tem cumprido o seu papel. Mesmo que se considere que os conhecimentos dos alunos são insuficientes é preciso lembrar que a maior parte deles foi adquirida na escola. Um estudo realizado no interior de São Paulo mostrou a relevância da presença do enfermeiro na escola, para auxiliar os professores no tratamento dos temas relacionados à sexualidade. O estudo também destacou que a mídia apenas informa quantitativamente, mas não traz discussões sobre as dinâmicas dos relacionamentos e as práticas de sexo seguro. Assim, os jovens se dirigem aos amigos ou buscam informações na internet, o que não é considerado suficiente para a sua formação. De qualquer forma, é preciso valorizar o trabalho da escola e inserir o enfermeiro nesse contexto (LIMA; PAGAN, 2010). Os adolescentes foram questionados quanto a serem portadores do vírus HIV, se tem parentes e amigos com o vírus, e se pertencem a grupos de risco. As respostas são apresentadas no Gráfico 5: 9 Gráfico 5: Riscos e vulnerabilidades para o HIV/AIDS 8,00% 6,00% 4,00% 2,00% 0,00% 6,42% 5,71% 6,07% 4,64% 6,07% 0,71% Fonte: Pesquisa Acadêmica, 2014. Os dois alunos que declararam serem soropositivos marcaram que possuem o vírus HIV, mas não desenvolveram sintomas da AIDS. São mulheres, o que confirma a vulnerabilidade atual desse sexo ao HIV. As duas estão namorando sério, uma tem entre 14 e 16 anos e a outra tem entre 17 e 19 anos. A mais nova admite que usa a camisinha apenas algumas vezes, mas a outra afirma usar sempre, mas também afirma pertencer a um grupo de risco, o que a coloca, com grande possibilidade, entre usuários de drogas injetáveis. A mais nova pode ter sido contaminada por um parceiro, visto que admite ter feito sexo com pessoa possivelmente contaminada. Seus conhecimentos sobre DSTs e mecanismos de contaminação pelo HIV são baixos. A mais nova teve apenas orientação familiar e a mais velha teve informações por meio da escola e da internet. Essas jovens precisam aderir à TARV, mas os estudos que destacam as estratégias para que tenham esse comportamento ainda são escassos. A adesão implica em negociação entre a equipe de saúde e o paciente, quanto a tomar remédios, fazer exercícios, seguir uma dieta e não apenas seguir as ordens do primeiro. Geralmente o adolescente, com sua autoestima comprometida, nega a enfermidade, sendo que a desinformação e a falta de apoio social completam as dificuldades para o tratamento. Essas dificuldades envolvem os horários para tomar a medicação, efeitos colaterais e resistência à ingestão da medicação. Na adolescência, as dificuldades são permeadas pelo questionamento e pela rebeldia (GUERRA; SEIDL, 2010). Foi observada uma contradição nas respostas dos adolescentes quanto a pertencer ou não a um grupo de risco, visto que 53,5% dos alunos já tiveram relações sexuais e, destes, 46,7% não usam a camisinha ou fazem uso dela ocasionalmente. Portanto, esse percentual pertence a um grupo de risco. No entanto, somente 6,07% se vê pertencendo a um desses grupos. Essa é uma problemática importante para a adolescência, quanto ao risco de contaminação pelo HIV e desenvolvimento da AIDS. Os jovens não acreditam que possa acontecer com eles e, por isso, não se previnem adequadamente. Essa negação torna as mulheres, principalmente, ainda mais vulneráveis ao HIV. Elas acreditam no relacionamento monogâmico, no uso de drogas injetáveis apenas para recreação ou que as relações sexuais durante o período da menstruação eliminam a possibilidade de infecção. Mas não se podem estigmatizar as mulheres, pois os homens também assumem comportamentos de risco, principalmente o de fazer sexo no primeiro encontro ou ter várias parceiras sexuais ao mesmo tempo. O que é necessário é que ambos usem preservativo, não usem drogas e não assumam comportamentos que podem colocá-los diante do risco de infecção. E, para isso, ambos precisam de informação, que deve cada vez mais ser fornecida pelo sistema de saúde, formando um elo consistente com escola e família (D’OLIVEIRA; COUTO; CARDOSO, 2007). Considerações Finais A população jovem, na faixa etária de 14 a 24 anos, tem sido cada vez mais vítima da infecção pelo HIV, vírus que provoca a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS). Nessa população, as mulheres são ainda mais vulneráveis, uma vez que confiam em uma suposta fidelidade do parceiro - seja marido ou namorado - e convivem sem restrições com parceiros usuários de drogas injetáveis. Sendo muitas vezes elas mesmas também que fazem uso, inclusive das drogas lícitas, como o álcool. Assim, a prevalência da AIDS saiu do grupo de risco inicial: os homossexuais do sexo masculino, para atingir a população de forma indiscriminada. Passado o momento inicial de pânico, a década de 1980, as pessoas se desinteressaram pela informação sobre a doença e reduziram os métodos preventivos. Estratégias essas que, dentre as quais o preservativo masculino é o principal, fazem parte de políticas públicas de saúde, sendo a brasileira considerada uma das mais avançadas do mundo. O problema é que a partir do século XXI o Governo Federal deixou de fazer convênios com os Estados e Municípios e passou a repassarlhes as verbas, para que desenvolvam seus próprios programas preventivos. Muitos investem adequadamente tais recursos, esclarecendo e tratando da população infectada pelo HIV, mas em outros, os programas, se existirem, não contam com uma estrutura que funcione corretamente. Diante dessa realidade, o estudo realizado se propôs saber “O que o sistema de saúde tem feito para informar os adolescentes 10 sobre o HIV/AIDS, em Águas Lindas de GoiásGO?” Para responder a esse problema foram abordados 280 alunos, entre 14 e 21 anos de idade, de uma escola pública localizada no município citado, todos cursando o Ensino Médio. A pesquisa revelou algumas situações preocupantes, como a falta de informação desses jovens sobre as DSTs, de maneira geral:sobre os comportamentos considerados de risco para a infecção pelo HIV e formas de contágio. Apesar dessa desinformação a pesquisa verificou que a escola está cumprindo o seu papel como educadora em saúde, pois das instruções que os alunos possuem a maior parte foi adquirida na escola, ou em conversas familiares. Outras formas de obtenção dos meios de prevenção são as conversas com amigos e a internet. O sistema de saúde foi um dos que menos forneceram aos alunos informações sobre o HIV/AIDS. Dessa forma, a resposta ao problema de pesquisa é que em Águas Lindas de Goiás-GO sua estrutura de saúde pouco tem contribuído para informar os jovens e evitar o contágio pelo HIV. A pesquisa perguntou aos jovens se eles tiveram acesso ao Posto de Saúde ou aos Agentes Comunitários de Saúde e menos de 30% responderam afirmativamente. O fato é que a população só procura o posto de atendimento local em último caso. Preferem buscar tratamento no Distrito Federal, pois em sua comunidade faltam médicos além de existir apenas um hospital, pequeno e mal aparelhado, sem os serviços mais avançados que a população precisa. A escola, que está fazendo a sua parte, não tem como contar com os profissionais de saúde da área, para ajudá-la na tarefa de informar os jovens sobre os perigos das DSTs, principalmente a AIDS. A pesquisa revelou duas alunas infectadas pelo HIV, ainda sem apresentar os sintomas da AIDS, e 13 jovens que podem estar infectados, pois assumiram que fizeram sexo com pessoas contaminadas ou apresentam comportamentos de risco como: a promiscuidade e não usar o preservativo em suas relações sexuais. Diante desses dados, ela sugere que sejam feitos novos estudos com a população jovem do município e ainda com o sistema municipal de saúde, para verificar como tem estruturado o atendimento à população, em termos de prevenção das DSTs, principalmente o contágio pelo HIV e o possível desenvolvimento da AIDS. Conclui-se que para evitar o agravamento dessa situação, é fundamental que o sistema de saúde capacite seus profissionais para desenvolverem um trabalho preventivo, em conjunto com as famílias, educando os jovens, para que evitem os comportamentos de risco, sem deixar de passar pelas experiências da juventude, e se protejam das DSTs, principalmente da AIDS, que ainda não tem cura. A família, a escola e o sistema de saúde formam um triângulo com toda capacidade de informar os jovens sobre como evitar essas doenças e terem uma vida sexual saudável. Além do papel de orientar os já contaminados a não transmitirem o vírus aos filhos, questão que vem gerando muitas preocupações. Dessa forma, o sistema de saúde municipal precisa cumprir a sua função e estabelecer relações de apoio tanto às famílias e à escola, quanto os adolescentes, contaminados ou não. 11 Referências 1. ADÃO, VM; CARACIOLO, J.M.M. Fatores que influenciam a adesão aos antirretrovirais. In: CARACIOLO, JMM; SHIMMA, E (Coord.). Adesão – da teoria à prática: experiências bem sucedidas no estado de São Paulo. São Paulo: CRT DST/AIDS, 2007. 2. BARATA, G.F. A primeira década da AIDS no Brasil: o Fantástico apresenta a doença ao público (1983-1992). Dissertação (História Social). São Paulo: USP, 2006. 3. BRASIL. Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente. 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Prezado Senhor, Nós, Elizeth Guedes Palma e José de Arimatéia de Souza Dutra, acadêmicos do Curso de Bacharelado em Enfermagem, das Faculdades ICESP/PROMOVE, vimos solicitar de V. Sa. a autorização para realizar uma pesquisa com os adolescentes (15 a 17 anos), que cursam o Ensino Médio, sobre estratégias de enfermagem para a prevenção do HIV/AIDS. Esclarecemos que o preenchimento dos questionários atenderá à finalidade de elaboração de um trabalho acadêmico de conclusão de curso, a ser apresentado perante Banca Examinadora da instituição de ensino superior. Trata-se de pesquisa de natureza quantitativa, cujo objetivo geral é analisar as formas de contribuição que as equipes de saúde podem oferecer aos adolescentes com HIV/AIDS, para que haja aceitação e adesão ao tratamento, bem como enfrentamento do preconceito existente na sociedade. Os resultados obtidos com o estudo podem auxiliar na orientação de estratégias de enfermagem aos adolescentes, considerando-se sua vulnerabilidade nos espaços de convivência, em especial no ambiente escolar. Essas estratégias se voltam para a prevenção da disseminação do vírus HIV, bem como para o cuidado que os adolescentes precisam ter ao desenvolverem a AIDS, tendo em vista a melhora na expectativa da qualidade de vida e saúde. A pesquisa foi autorizada pelo Comitê de Ética em Pesquisa das Faculdades ICESP/PROMOVE, obedecendo às normas da Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde. Para quaisquer esclarecimentos, V. Sa. pode entrar em contato com os pesquisadores, pelos telefones (61) 8592-3556 e (61) 8637-8551. Desde já agradecemos a atenção dispensada e nos colocamos ao seu inteiro dispor para o que se fizer necessário, inclusive para divulgação dos resultados da pesquisa junto aos alunos, com as devidas orientações sobre sexualidade e prevenção do HIV/AIDS, no final do ano de 2014, após a apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) para a Banca Examinadora. Atenciosamente, ____________________________________________________ ELIZETE GUEDES PALMA Acadêmica de Enfermagem ____________________________________________________ JOSÉ DE ARIMATÉIA DE SOUZA DUTRA Acadêmico de Enfermagem AUTORIZAÇÃO EMITIDA EM: _____ de ____________________ de 2014. ASSINATURA E CARIMBO DO DIRETOR DA INSTITUIÇÃO ESCOLAR: __________________________________________________________________ Nome do Diretor Diretor do Colégio Estadual Maria do Carmo Lima Águas Lindas de Goiás - GO 16 APÊNDICE B TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) PARA OS ADOLESCENTES Eu, (somente iniciais do nome)________________, de ______ anos de idade, do sexo ____________________, declaro que concordei em participar de uma pesquisa sobre estratégias de enfermagem para a prevenção do HIV/AIDS, realizada pelos acadêmicos das Faculdades ICESP/PROMOVE, Elizete Guedes Palma e José de Arimatéia de Souza. Estou consciente de que no questionário serão abordados assuntos sobre a minha sexualidade e que meu nome será mantido em sigilo, bem como turma e horário em que estudo no Colégio Estadual Maria do Carmo Lima, em Águas Lindas de Goiás - GO, razão pela qual concordei em participar, dispensando autorização de um responsável, a não ser o Diretor da escola. Responderei às perguntas do questionário em sala de aula e poderei tirar dúvidas com os responsáveis pela pesquisa, podendo interrompê-la a qualquer momento, desistindo de participar do estudo. Também posso entrar em contato com os pesquisadores pelos telefones (61) 8592-3556 e (61) 8637-8551. Fui informado(a) de que os resultados da pesquisa poderão ser divulgados na escola, no final do ano de 2014, como forma de receber orientação sobre a prevenção do HIV/AIDS. Águas Lindas de Goiás, ____ de ___________________ de 2014. 17 APÊNDICE C QUESTIONÁRIO APLICADO NA PESQUISA DE CAMPO Prezado(a) aluno(a), contamos com a sua inestimável colaboração para que possamos desenvolver uma pesquisa sobre o HIV/AIDS na adolescência, que hoje constitui um grave problema de saúde pública. Para isso, precisamos de suas respostas sinceras para as perguntas a seguir. O sigilo das respostas está garantido, pois não precisamos que escreva o seu nome. 1 – Você é, e a qual faixa etária você pertence: ( ) Homem ( ) Entre 14 e 16 anos ou ( ) Entre 17 e 19 anos ( ) Mulher 2 - Atualmente você está: ( ) solteiro(a) ( ) casado(a) ou vivendo junto ( ) namorando sério ( ) só “ficando” 3 – Você já teve relações sexuais? ( ) Sim ( ) Não Se já teve relações sexuais, costuma fazer uso da camisinha? (Se não teve, deixe em branco) ( ) Sim ( ) Não ( ) Algumas vezes 4 – Você já ouviu falar ou já leu sobre o vírus HIV, que provoca a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), uma doença que ainda não tem cura? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não me lembro 5 – Sobre as suas crenças a respeito da sexualidade, escreva nos parênteses os números abaixo: 1- Sim, se você concorda 2 – Não, se você discorda 3 - Se você não sabe ( ) A mulher deve chegar virgem ao casamento. ( ) O homem deve chegar ao casamento com experiência sexual. ( ) Relação sexual com camisinha diminui o prazer. ( ) Os homens necessitam de relações sexuais mais vezes do que as mulheres. ( ) Os homens entendem mais de sexo que as mulheres. ( ) A mulher pode ter relações sexuais com vários homens antes de casar. ( ) É natural a mulher tomar iniciativa de ter relações sexuais. ( ) Só o homem deve tomar a iniciativa de ter relações sexuais. ( ) É natural ter relações sexuais no namoro. ( ) É natural ter relações sexuais com amigos(as) e conhecidos(as). ( ) É natural ter relações sexuais com estranhos (conheceu naquele momento). ( ) Mesmo que uma pessoa esteja usando métodos para evitar filhos, precisa usar camisinha quando for transar com alguém, para evitar as doenças sexualmente transmissíveis. ( ) É possível pegar AIDS ao se praticar sexo oral ou anal, sem ter praticado o sexo vaginal. ( ) É possível dizer que uma pessoa tem HIV/AIDS simplesmente olhando para ela. ( ) Quando a menina está menstruada, não tem risco de pegar AIDS e nem de engravidar e, por isso, pode ter relação sexual sem camisinha. 6 – Quais das doenças abaixo são transmitidas por meio da relação sexual? ( ) Sífilis ( ) Catapora ( ) Hepatite B 18 ( ( ( ( ( ( ) Dengue ) Corrimento com mau cheiro ) Gonorréia ) Caxumba ) Verruga ou Crista de galo ou HPV ) HIV/AIDS 7 – Sobre seus conhecimentos a respeito de que forma uma pessoa pode pegar AIDS? (Responda de acordo com a numeração abaixo): ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( 1 - Sim 2 - Não 3 - Não sei ) Se não usar camisinha durante as relações sexuais. ) Compartilhamento de seringas e agulhas no momento do uso de drogas. ) Se doar sangue. ) Se receber uma transfusão de sangue. ) Se apertar a mão de uma pessoa que tem HIV/AIDS. ) Se usar o mesmo banheiro de uma pessoa que tem HIV/AIDS. ) Através do leite materno, quando a mãe tem HIV/AIDS. ) Através da picada de inseto (mosquito ou pernilongo). ) Na gravidez, quando a mãe tem HIV/AIDS. ) Se conviver socialmente com uma pessoa que tem HIV/AIDS. ) Se tocar no sangue de uma pessoa que tem HIV/AIDS que teve um acidente. ) Ao fazer tatuagem ou furar a pele com objetos não esterilizados e contaminados com o HIV, como pode acontecer com os técnicos de enfermagem e enfermeiros. ) Ao freqüentar uma piscina. ) Ao usar o banheiro onde esteve uma pessoa com HIV/AIDS. ) Ao compartilhar esponjas e sabonetes que tenham sido usados por uma pessoa com HIV/AIDS. ) Ao beijar na boca de uma pessoa com HIV/AIDS. 8 – Você já teve orientação sobre doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e sobre a AIDS? ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ) Nunca tive. ) Sim, na escola. ) Sim, no Posto de Saúde. ) Sim, em livros. ) Sim, na internet. ) Sim, em revistas. ) Sim, com amigos. ) Sim, com familiares. ) Sim, em jornais. ) Sim, na televisão. ) Na comunidade, por meio de Agentes de Saúde. 9 – Pense e responda (lembre-se: ninguém da escola vai ler sua resposta): 1 - Sim 2 - Não ( ) Sou portador do vírus HIV, mas não desenvolvi a AIDS. ( ) Sou portador do vírus HIV e já tenho sintomas da AIDS. ( ) Tenho amigos que são soropositivos (têm o vírus HIV). ( ) Tenho parentes que são soropositivos (têm o vírus HIV). ( ) Já perdi amigos e/ou parentes devido ao HIV/AIDS. ( ) Já transei com alguém que pode ter me contaminado com o HIV, mas nunca fiz o exame para ter certeza. ( ) Pertenço a um grupo de risco (usuários de drogas, homossexuais, profissional do sexo, faço sexo sem camisinha). 19 10 – Você gostaria de conhecer os resultados desta pesquisa e, em função deles, receber orientações mais detalhadas sobre HIV/AIDS? ( ( ( ( ( ) Sim, considero esse conhecimento muito importante. ) Sim, apesar de já ter conhecimento suficiente. ) Não, o que sei já me basta. ) Não, apesar de considerar que outras pessoas precisam desse conhecimento. ) Não, pois considero que os conhecimentos oferecidos pela escola, família, mídia e outras fontes são suficientes. OBRIGADO POR SUA PARTICIPAÇÃO!!!