UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CLARISSA LIMA FRANCO CARACTERIZAÇÃO DOS CASOS CONFIRMADOS DE CARCINOMA MAMÁRIO DO ESTADO DE SERGIPE NO ANO DE 2013 FLORIANÓPOLIS (SC) 2014 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CLARISSA LIMA FRANCO CARACTERIZAÇÃO DOS CASOS CONFIRMADOS DE CARCINOMA MAMÁRIO DO ESTADO DE SERGIPE NO ANO DE 2013 Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Linhas de Cuidado em Enfermagem – Doenças Crônicas Não-Transmissíveis do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista. Profa. Orientadora: Silvia M. Azevedo dos Santos FLORIANÓPOLIS (SC) 2014 3 FOLHA DE APROVAÇÃO O trabalho intitulado CARACTERIZAÇÃO DOS CASOS CONFIRMADOS DE CARCINOMA MAMÁRIO DO ESTADO DE SERGIPE NO ANO DE 2013 de autoria do aluno CLARISSA LIMA FRANCO foi examinado e avaliado pela banca avaliadora, sendo considerado APROVADO no Curso de Especialização em Linhas de Cuidado em Enfermagem – Área Doenças Crônicas Não-Transmissíveis. _____________________________________ Profa. Dra. Silvia M. Azevedo dos Santos Orientadora da Monografia _____________________________________ Profa. Dra. Vânia Marli Schubert Backes Coordenadora do Curso _____________________________________ Profa. Dra. Flávia Regina Souza Ramos Coordenadora de Monografia FLORIANÓPOLIS (SC) 2014 4 AGRADECIMENTOS Primeiramente, agradeço ao meu Deus pela vida. Por guiar meus passos me mostrando o melhor caminho a seguir, através da sua luz e proteção. Ao meu anjo da guarda, Helenice. Sei que está feliz por mais essa conquista na minha vida. Partiu cedo para o plano espiritual, mas continuará sempre presente nos meus valores e planos da vida. Te amo Vó. Agradeço aos meus pais, Carlos e Valéria, por me proporcionar as grandes oportunidades sem medir esforços, cada um do seu jeito. Quero um dia ser metade do exemplo de vocês para os meus filhos. Assim me sentirei realizada. Amo vocês infinitamente. Às minhas irmãs, companheiras eternas. Sou feliz por saber que as terei por perto pelo resto da minha vida. Amo muito. Aos meus familiares, pelos incentivos constantes e pela vibração a cada conquista minha. Em especial agradeço à minha madrinha Verena e meu tio Roberto. Muito obrigada! Aos amigos verdadeiros que ficam felizes por saberem do meu crescimento. À Wagner, tão especial e incentivador nessa etapa. Por fim, agradeço a minha orientadora Silvia Azevedo pelas pontuações e correções necessárias. 5 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 01 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................................... 02 3 MÉTODO............................................................................................................................ 05 4 RESULTADO E ANÁLISE.............................................................................................. 07 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................ 11 REFERÊNCIAS.................................................................................................................. 13 6 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1. Percentual dos resultados dos procedimentos de Core Biopsy realizados no estado de Sergipe no ano de 2013.......................................................................................... 08 Gráfico 2. Faixa etária dos casos confirmados de carcinoma mamário do estado de Sergipe do ano de 2013 ......................................................................................................... 09 Gráfico 3. Tipo de carcinoma mamário diagnosticado no estado de Sergipe do ano de 2013....................................................................................................................................... 10 Gráfico 4. Grau histológico do casos confirmados de carcinoma mamário do estado de Sergipe do ano de 2013.......................................................................................................... 11 7 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Quantitativo de procedimentos diagnósticos de CA de mama no estado de Sergipe no ano de 2013........................................................................................................... 07 i RESUMO O câncer de mama, assim como outras neoplasias malignas, resulta de uma proliferação incontrolável de células anormais, que surgem em função de alterações genéticas, sejam elas hereditárias ou adquiridas por exposição a fatores ambientais ou fisiológicos. O objetivo do estudo foi caracterizar o perfil dos casos diagnosticados de câncer de mama, identificando a faixa etária prevalente, o tipo de câncer diagnosticado e o grau histológico. Trata-se de uma pesquisa com abordagem quantitativa do tipo descritiva. A pesquisa foi realizada no estado de Sergipe, no Centro de Atenção Integral a Saúde da Mulher (CAISM). Foram utilizadas as informações registradas nos laudos dos exames histopatológicos de mama e para essa amostra foi atribuído o percentual de 100%. O estado de Sergipe apresentou um número de diagnósticos caracterizado pela faixa etária mais evidenciada na literatura – 40 a 49 anos de idade. Em relação ao tipo de carcinoma encontrou-se elevado número de casos de câncer de mama ductal infiltrante de grau histológico I. Os resultados confirmam a literatura evidenciam que um diagnóstico mais preciso permite uma intervenção mais precoce e melhores resultados no tratamento. 1 1 INTRODUÇÃO O câncer de mama é o câncer mais frequente na população feminina. No mundo, cada vez mais vem aumentando as taxas de mortalidade decorrentes da doença, com exceção apenas dos países desenvolvidos. (SILVA, 2013) No Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), são estimados por ano 52.680 novos casos de câncer validos para 2012 e 2013. Em 2011 foram registrados 13.225 óbitos por câncer de mama em mulheres no país com taxas de mortalidade em crescimento no período 2000-2011. No Estado de Sergipe, no ano de 2012 foram diagnosticados 71 casos de câncer de mama e no ano de 2013, 65 casos (CAISM, 2014). Alguns marcos norteiam o caminho da evolução do câncer de mama no país, dentre eles o lançamento do Programa VIVA MULHER em 1998; a Política Nacional de Atenção Oncológica em 2005 acompanhados do Plano de Ação para o Controle dos Cânceres do Colo do Útero e de Mama 2005-2007. Além desses, pode-se destacar em 2009 o Encontro Internacional sobre o Rastreamento do Câncer de Mama promovido pelo INCA; a implantação do sistema de informação SISMAMA em 2009 e do SISCAN em 2012 (SILVA, 2013). Existem estratégias disponíveis no tocante a doença. A primeira delas é a prevenção do câncer de mama, a segunda a detecção precoce, seguidas do diagnóstico e tratamento e por fim, os cuidados paliativos. A prevenção do câncer de mama está relacionada a identificação e correção do fatores de risco evitáveis. A detecção precoce e diagnóstico refere-se as estratégias tecnológicas existentes como o exame de mamografia, a ultrassonografia mamária, a punção aspirativa por agulha fina (PAAF) e o core biopsy. Além desses é imprescindível o exame clínico das mamas e o autoexame. A estratégia de tratamento baseia-se na tentativa de cura e reabilitação da paciente, já os cuidados paliativos minimizando o sofrimento em casos onde a cura não será alcançada (PORTO; TEIXEIRA; SILVA, 2013). Caracterizar o perfil dos casos diagnosticados de câncer de mama, pode contribuir para o desenvolvimento de estratégias de prevenção da doença. Identificando-se a faixa etária prevalente é possível traçar atividades e intensificar a detecção precoce dos casos. Além de contribuir com informações mais precisas sobre a realidade do câncer de mama no estado, uma vez que a doença vem crescendo cada vez mais nos últimos anos. 2 A demanda por procedimentos diagnósticos de câncer de mama aumenta consideravelmente no dia-a-dia. São realizados aproximadamente 694 procedimentos de PAAF (Punção Aspirativa por Agulha Fina) no estado de Sergipe anualmente (CAISM, 2014). Partindo da necessidade de uma prevenção e detecção precoce eficazes, torna-se relevante a pesquisa com o objetivo geral de caracterizar o perfil dos casos confirmados de Carcinoma Mamário do estado de Sergipe do ano de 2013 através da identificação da faixa etária dos casos confirmados; da caracterização do tipo predominante da lesão de caráter neoplásico maligno; e da determinação do grau histológico dos casos confirmados. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 CANCER DE MAMA O câncer de mama, assim como outras neoplasias malignas, resulta de uma proliferação incontrolável de células anormais, que surgem em função de alterações genéticas, sejam elas hereditárias ou adquiridas por exposição a fatores ambientais ou fisiológicos. Tais alterações genéticas podem provocar mudanças no crescimento celular ou na morte celular programada, levando ao surgimento do tumor (BRASIL, 2013). O processo de carcinogênese é, em geral, lento, podendo levar vários anos para que uma célula prolifere e dê origem a um tumor palpável. Esse processo apresenta os seguintes estágios: iniciação, fase em que os genes sofrem ação de fatores cancerígenos; promoção, fase em que os agentes oncopromotores atuam na célula já alterada; e progressão, caracterizada pela multiplicação descontrolada e irreversível da célula (BRASIL, 2013). No que diz respeito à identificação dos fatores de risco, embora não haja uniformidade na sua definição e método de mensuração e apesar das contradições observadas entre os diferentes estudos, o sexo, a idade, a história familiar e a história pregressa de câncer de mama, a história reprodutiva e a suscetibilidade genética têm sido apontados como associados a um risco aumentado de desenvolver câncer de mama (THULER, 2003). O diagnóstico precoce e o rastreamento são componentes da detecção precoce. No diagnóstico precoce são identificadas pessoas com sinais e sintomas da doença, enquanto no rastreamento busca identificar lesões sugestivas da doença em uma população sem sinais e sintomas (WHO, 2007 in BRASIL, 2013). 3 O sintoma mais comum de câncer de mama é o aparecimento de um nódulo, geralmente indolor, duro e irregular, mas há tumores que são de consistência branda, globosos e bem definidos. Alguns estudos apontam que os nódulos representam 90% da apresentação inicial dos casos sintomáticos confirmados de câncer (KÖSTERS; GØTZSCHE, 2008; LOSTUMBO et al., 1995 in BRASIL, 2013) e que cerca de 10% dos nódulos suspeitos tem diagnóstico de câncer confirmado posteriormente (BRASIL, 2013). Outros sinais de câncer de mama incluem: saída de secreção pelo mamilo – especialmente quando é unilateral e espontânea –, coloração avermelhada da pele da mama, edema cutâneo semelhante à casca de laranja, retração cutânea, dor ou inversão no mamilo, descamação ou ulceração do mamilo. A secreção papilar associada ao câncer geralmente é transparente, podendo também ser rosada ou avermelhada devido à presença de hemácias. Não deve ser confundido com as descargas fisiológicas ou associado a processos benignos, que costumam ser bilaterais, turvas, algumas vezes amareladas ou esverdeadas, e se exteriorizam na maioria das vezes mediante manobras de compressão do mamilo. Podem também surgir linfonodos palpáveis na axila (BRASIL, 2013). O INCA recomenda para o rastreamento de mulheres assintomáticas o exame clínico das mamas para todas as mulheres a partir dos 40 anos de idade, com periocidade anual; a mamografia para mulheres com idade entre 50 e 69 anos de idade com intervalo máximo de 2 anos entre os exames; e o exame clínico das mamas e mamografia anual para mulheres a partir dos 35 anos de idade, pertencentes a grupos populacionais com risco elevado de desenvolver câncer de mama (BRASIL, 2007). A mamografia, a ultrassonografia e a ressonância magnética desempenham papel central na detecção, no diagnóstico e na conduta das doenças mamárias. A mamografia continua a ser a mais importante técnica de imagem para as mamas. Trata-se do método de escolha para o rastreamento populacional do câncer de mama em mulheres assintomáticas e é a primeira técnica de imagem indicada para avaliar a maioria das alterações clínicas mamárias (CHALA; BARROS, 2007). Para o diagnóstico das lesões palpáveis da mama o INCA recomenda para mulheres com menos de 35 anos de idade, a ultrassonografia (USG). Para as mulheres com mais de 35 anos de idade, a mamografia é o método recomendado, podendo ser complementado pela ultrassonografia em determinadas situações clínicas. Nos diagnósticos de lesões suspeitas é recomendado a 4 investigação com Punção Aspirativa por Agulha Fina (PAAF), Punção por Agulha Grossa (PAAG) ou biopsia cirúrgica (BRASIL, 2007). As lesões precursoras do carcinoma mamário como a hiperplasia ductal atípica, a neoplasia lobular e carcinoma ductal in situ apresentam alterações genéticas comuns aos carcinomas. Nem todas as lesões proliferativas epiteliais são precursoras, como as hiperplasias usuais, por exemplo. Entretanto lesões não proliferativas como as alterações colunares, são, de fato, precursoras do câncer (BRASIL, 2013). As neoplasias lobulares são lesões não invasivas, localizadas ou extensas, que comprometem a unidade lobular e podem disseminar-se para os ductos. Recentemente reconhecidas como lesões precursoras, as neoplasias lobulares constituem achados incidentais de biópsias da mama, tendem à multicentricidade e à bilateralidade (BRASIL, 2013). O carcinoma ductal in situ é uma proliferação epitelial neoplásica intraductal que respeita a barreira da membrana basal. São classificados de baixo e alto grau, considerando o volume nuclear, a distribuição da cromatina e as características dos nucléolos. Tal classificação representa o grau de agressividade da lesão (BRASIL, 2013). A Doença de Paget, um tumor raro que representa 0,5% a 4% das patologias malignas da mama, provoca prurido no complexo areolopapilar e apresenta-se inicialmente como um eritema e espessamento cutâneo, evoluindo para uma erosão cutânea eczematoide ou exudativa. Noventa e sete por cento das pacientes portadoras dessa patologia apresentam um carcinoma subjacente. Nos casos subclínicos, o diagnóstico é feito por meio de exame histopatológico do complexo areolopapilar (BRASIL, 2013). O carcinoma invasivo da mama constitui um grupo de tumores epiteliais malignos que transpassam a membrana basal da unidade ductotubular terminal, invade o estroma e tem potencial para produzir metástases. O carcinoma ductal infiltrante é o tipo mais prevalente, com vários subtipos histopatológicos, alguns particularmente relacionados a um melhor prognóstico como os medulares, os mucinosos e os tubulares. Os linfomas, sarcomas e melanomas, embora raros, porém de pior prognóstico, podem ocorrer na mama (BRASIL, 2013). O câncer de mama quando identificado em estágios iniciais (lesões menores que dois centímetros de diâmetro) apresenta prognóstico favorável. Para isso é necessário implantar estratégias para a detecção precoce da doença (BRASIL, 2013). A prevenção primária do câncer de mama está relacionada ao controle dos fatores de risco reconhecidos. Embora os fatores hereditários e muitos daqueles relacionados ao ciclo reprodutivo 5 da mulher não sejam passíveis de mudança, evidências demonstram uma diminuição do risco relativo para câncer de mama de cerca de 4,3% a cada 12 meses de aleitamento materno, adicionais à redução de risco relacionada à maior paridade (COLLABORATIVE, 2002 in BRASIL, 2013). Fatores relacionados ao estilo de vida como obesidade pós-menopausa, sedentarismo, consumo excessivo de álcool e terapia de reposição hormonal, podem ser controlados e contribuir para diminuir a incidência do câncer de mama, o que historicamente tem sido pouco valorizado. Com base em amplo resumo sobre evidências científicas da relação entre alimentação, atividade física e prevenção de câncer, estima-se que é possível prevenir 28% dos casos de câncer de mama por meio da alimentação, nutrição, atividade física e gordura corporal adequada (INCA, 2011b in BRASIL, 2013). Nos Estados Unidos, no início da década de 2000, a diminuição drástica da prescrição de reposição hormonal em mulheres na pós-menopausa provocou redução significativa da incidência do câncer de mama nesta população (RAVDIN et al., 2007 in BRASIL, 2013). A terapia de reposição hormonal, quando indicada na pós-menopausa, deve ter seu risco benefício avaliado e deve ser feita sob rigoroso acompanhamento médico, pois aumenta o risco de câncer de mama (SHAH et al., 2005 in BRASIL, 2013). 3 MÉTODO 3.1 TIPO DE ESTUDO Trata-se de uma pesquisa com abordagem quantitativa do tipo descritiva. A pesquisa quantitativa segundo Fonseca (2002, p.20) “se centra na objetividade, influenciada pelo positivismo, considera que a realidade só pode ser compreendida com base na análise de dados brutos.” Assim, os dados serão analisados de forma descritiva que segundo Gonçalves (2005, p.14) “é aquela em que o pesquisador apenas registra os dados levantados sem manipulação dos registros submetidos à observação, onde o principal objetivo é a descoberta da frequência com que determinados eventos acontecem numa determinada situação e nessa vertente o pesquisador não interfere e sim apenas descreve o objeto da pesquisa, além de descobrir a frequência, fenômeno, natureza, características e relações do objetivo com outros fenômenos.” 6 3.2 LOCAL DO ESTUDO A pesquisa foi realizada no estado de Sergipe, no Centro de Atenção Integral a Saúde da Mulher (CAISM) localizado no município de Aracaju/SE. O CAISM é uma unidade especializada que oferece um amplo leque de serviços nas áreas de ginecologia clínica e obstetrícia, mastologia, cardiologia e planejamento familiar, prevenindo, diagnosticando e oferecendo tratamento para uma série de doenças que atingem as mulheres, inclusive os cânceres de mama e do útero. Sua missão se cumpre na execução de ações fundamentais na assistência às usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS). Em Sergipe, o Centro de Atenção à Mulher é a única unidade de saúde pública que realiza os serviços de cirurgia de alta freqüência (CAF), histeroscopia diagnóstica e punção aspirativa por agulha fina (PAAF). O atendimento para esses e outros serviços é feito com igualdade de acesso para as moradoras dos 75 municípios sergipanos. O CAISM é mantido pela Secretaria Estadual de Saúde do estado de Sergipe e o acesso é garantido através da marcação via unidade básica de saúde dos municípios. 3.3 CASUÍSTICA Foram incluídas todas as mulheres com diagnosticados de carcinoma mamário que continham as informações referentes ao estadiamento da doença do ano de 2013 e que residam no Estado de Sergipe. Foram excluídos todos os casos de carcinoma mamário que foram diagnosticados antes e após o período pré-estabelecido, além dos casos diagnosticados que não foram do estado de Sergipe. 3.4 ASPECTO ÉTICO A pesquisa seguiu os princípios da Resolução 466/12 e contou com a autorização do Comitê de Ética e Pesquisa da Secretaria Estadual de Saúde de Sergipe, respeitando o sigilo e anonimato dos casos identificados. Foram selecionados todos os exames histopatológicos, realizada no ano de 2013 e descritos em tabelas sem o anonimato das pacientes pesquisadas. Apenas a pesquisadora teve acesso aos resultados dos exames selecionados. Por se tratar de uma pesquisa com dados obtidos por meio dos laudos das pacientes submetidas ao procedimento de CORE BIOPSY, não houve riscos já que não foi revelado a 7 identificação dos pacientes dos laudos analisados. A pesquisa trouxe benefícios para a população como também para todos os profissionais da área da saúde, uma vez que foram levantados dados referentes à situação dos casos diagnosticados de carcinoma mamário do Estado de Sergipe, auxiliando profissionais e os serviços de saúde através das informações sobre a caracterização da doença. 3.5 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DOS DADOS Inicialmente foram selecionados todos os exames histopatológicos de mamas realizados por mulheres residentes no Estado de Sergipe, no ano de 2013, que se encontram armazenados no CAISM de Aracaju. Num segundo momento selecionou-se todos os exames que tiveram resultado positivo para câncer de mama e passei a organiza-los de acordo com as variáveis pesquisadas: faixa etária, tipo predominante e grau histológico. Após, os resultados foram analisados, interpretados e discutidos. 3.6 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS Os dados obtidos foram organizados em um banco de dados construído a partir de uma tabela no Excel. A análise foi feita através da estatística descritiva e a apresentação dos resultados através de tabelas, gráficos ou figuras. 4 RESULTADO E DISCUSSÃO A PBA (Punção Por Biópsia Aspirativa) é um método bastante sensível e específico, demonstradamente efetivo na investigação e manejo das patologias mamárias. Apresenta relação custo-benefício bastante favorável. É um procedimento simples, rápido e bem aceito pelas pacientes, praticamente não apresenta contra-indicações e as complicações são raras e benignas (REIS et al., 1998). No ano de 2013, foram realizados 588 punções aspirativas em mulheres que residem no Estado de Sergipe, que serão apresentados na Tabela 1, segundo o tipo de punção realizada. Tabela 1: Quantitativo de procedimentos diagnósticos de CA de mama no estado de Sergipe no ano de 2013. Procedimento diagnóstico Quantitativo PAAF 456 8 CORE BIOPSY 132 Total 588 Fonte: Centro de Atenção Integral a Saúde da Mulher (CAISM). Atualmente, os métodos mais utilizados pelos patologistas para o diagnóstico inicial do câncer de mama são a biópsia por agulha grossa e a punção biópsia aspirativa. Essas duas técnicas possuem vantagens e limitações, mas a biópsia por agulha grossa, mais comumente conhecida por core biopsy, tem sido cada vez mais adotada como procedimento padrão para o diagnóstico inicial do câncer de mama, pois, além de ser um procedimento relativamente pouco agressivo, possibilita análise histopatológica do tumor, ao contrário da punção por agulha fina, que possibilita apenas a análise citopatológica do material obtido. Além disso, dados de literatura indicam que a core biopsy possui sensibilidade e especificidade superiores às da punção biópsia aspirativa, tanto para o diagnóstico de lesões benignas quanto para o diagnóstico de lesões malignas (SILVA, 2012). Dos 132 core biopsy realizados, 49% foram positivos confirmando o diagnóstico de carcinoma mamário conforme mostra o Gráfico 1 apresentado a seguir. Gráfico 1: Percentual dos resultados dos procedimentos de Core Biopsy realizados no estado de Sergipe no ano de 2013. Fonte: Centro de Atenção Integral a Saúde da Mulher (CAISM). A faixa etária mais predominante dos resultados de carcinoma mamário foi 40 a 49 anos de idade, seguido da faixa etária de 50 a 59 anos de idade conforme mostra o Gráfico 2. Nesse estudo foram encontrados apenas 03 casos de carcinoma mamário na faixa etária abaixo de 35 anos. 9 Estudo conduzido no estado de São Paulo identificou o câncer de mama como a principal causa de mortalidade por neoplasias em mulheres na faixa etária de 30 a 49 anos, no período de 1991 a 1995 (GUERRA; GALLO; MENDONÇA, 2005). Em pacientes abaixo dos 35 anos de idade, a doença é incomum, consequentemente o diagnostico necessita de um alto índice de suspeição clínica. Aproximadamente, apenas 4% de todos os casos diagnosticados de câncer de mama ocorrem nessa faixa etária. Alguns estudam demonstram que a mulher jovem com carcinoma de mama apresenta um pior prognostico em consequência de uma doença mais avançada no momento do diagnostico ou devido a divergências na biologia tumoral. Sugere-se que o câncer de mama de inicio precoce esteja relacionado a diferentes fatores etiológicos, aspectos histopatológicos e desfecho clínico quando comparado ao câncer de mama na pós-menopausa (HALLAL et al., 2003). Entre as neoplasias, o cancer de mama caracteriza-se por atingir mulheres em todas as idades, em especial, acima dos 45 anos, pois é um dos fatores de risco para a doença. Porém nos últimos anos, o cancer de mama vem acometendo mulheres com idades inferiores a 40 anos, o que causa preocupação aos especialistas, favorecendo a implementação de campanhas de conscientização da comunidade para detecção precoce do tumor (MOURAO et al., 2008). Gráfico 2: Faixa etária dos casos confirmados de carcinoma mamário do estado de Sergipe do ano de 2013. Fonte: Centro de Atenção Integral a Saúde da Mulher (CAISM). Quando se discute os tipos de câncer de mama, o carcinoma invasivo de mama é definido como um grupo de tumores epiteliais malignos caracterizados por invadir o tecido adjacente e ter marcada tendência à metástase a distância (VIEIRA et al., 2008). 10 O carcinoma ductal infiltrante e o carcinoma lobular infiltrante, na sua apresentação pura ou em combinação com outros tipos, são as formas mais comuns de carcinoma de mama. Quando dois ou mais diferentes tipos de células estão presentes, o tumor é normalmente classificado de acordo com aquele tipo que se apresenta mais numeroso. As pacientes com carcinoma ductal infiltrante apresentam normalmente um maior envolvimento linfático e um pior prognóstico que aquele verificado nos pacientes com tipos menos frequentes de carcinoma invasivo de mama (ABREU; KOIFMAN, 2002) O tipo de carcinoma mamária mais diagnosticado no estado de Sergipe no ano de 2013 foi o Ductal Infiltrante com 39 casos confirmados, seguindo do lobular invasivo com apenas 08 casos, conforme mostra o Gráfico 3. Gráfico 3: Tipo de carcinoma mamário diagnosticado no estado de Sergipe do ano de 2013. Fonte: Centro de Atenção Integral a Saúde da Mulher (CAISM). Segundo Abreu e Koifman (2002, p.122) “O grau histológico reflete o potencial de malignidade do tumor indicando a sua maior ou menor capacidade de metastatização. Índices prognósticos para câncer da mama feminina usando a combinação de estadiamento da doença e grau histológico são freqüentemente utilizados, podendo melhorar a predição do resultado”. No estudo realizado por Farias; Souza; Aarestrup (2005) ficou demonstrado que tumor grau histológico II e III têm pior curva de sobrevida que tumor grau histológico I. O grau histológico predominante no estado de Sergipe foi o grau I (Gráfico 4). 11 Gráfico 4: Grau histológico do casos confirmados de carcinoma mamário do estado de Sergipe do ano de 2013. Fonte: Centro de Atenção Integral a Saúde da Mulher (CAISM). 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Atualmente o câncer de mama vem ocupando um grande espaço nas prioridades das ações em saúde devido ao crescente número de mulheres diagnosticadas. Buscar estratégias de prevenção e detecção precoce da doença devem ser prioridades da atenção básica dos municípios e estados. O estado de Sergipe, no ano de 2013, apresentou um número de diagnósticos caracterizado pela faixa etária mais evidenciada na literatura – 40 a 49 anos de idade. Casos diagnosticados em faixas etárias inferiores ao em evidencia, possuem um prognostico ruim, uma vez que o câncer de mama precoce possui uma extensão maior e malignidade superior ao diagnosticado na fase da menopausa. Em relação ao tipo de carcinoma encontrou-se um significativo predomínio de casos de câncer de mama ductal infiltrante de grau histológico I, caracterizando a maioria dos casos com bom prognostico. A realização dos exames de imagem como mamografia, ultrassonografia, punções aspirativas e biopsias são utilizados na detecção da doença. Devem ser usados pelos profissionais de saúde de maneira adequada às faixas etárias femininas, objetivando resultados exatos no rastreamento. Frente ao exposto acredita-se que esse estudo não apenas mostrou o perfil das mulheres com câncer de mama no Estado de Sergipe como evidenciou que um diagnóstico mais preciso permite uma intervenção mais precoce e melhores resultados no tratamento. Espera-se que a médio e longo prazo se consiga desenvolver medidas de promoção da saúde e prevenção de 12 agravos, como o câncer de mama, que atinjam a todas as mulheres residentes no Estado de Sergipe. 13 REFERÊNCIAS ABREU, E; KOIFMAN, S. Fatores prognósticos no câncer da mama feminino. Revista Brasileira de Cancerologia, 2002, 48(1): 113-31. CAISM. Centro de Atenção Integral a Saúde da Mulher. Secretaria Estadual de Saúde de Sergipe. Dados disponíveis em arquivos. Aracaju, 2013/2014. CHALA L. F; BARROS, N. Avaliação das mamas com métodos de imagem. Radiol Bras vol.40 no.1 São Paulo Jan./Feb. 2007. CRIPPA, C.G; HALLAL, A. L. C; DELLAGIUSTINA, A.R; TRAEBERT, E.E; GONDIN, G; PEREIRA, C. Perfil Clínico e Epidemiológico do Câncer de Mama em Mulheres Jovens. Arquivos Catarinenses de Medicina V. 32. no. 3 de 2003. FARIAS, R. E; SOUZA, A. R ; AARESTRUP, F. M. Avaliação da apoptose no carcinoma ductal infiltrante da mama: associação com graus histológicos e fatores prognósticos. Revista Brasileira de Cancerologia 2005; 51(3): 209-218. GONÇALVES, H. A. Manual de metodologia da pesquisa científica. Avercamp, 2005. GUERRA, M. R; GALLO, C. V. M;. MENDONÇA, G. A. S. Risco de câncer no Brasil: tendências e estudos epidemiológicos mais recentes. Revista Brasileira de Cancerologia 2005; 51(3): 227-234. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Controle dos cânceres do colo do útero e da mama. 2. ed. – Brasília/DF, 2013. BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Mamografia: da prática ao controle. Rio de Janeiro, 2007. MOURÃO, C.M.L; SILVA, J.G.B; FERNANDES, A. F. C; RODRIGUES, D.P .Perfil de pacientes portadores de câncer de mama em um hospital de referência no Ceará. Rev. RENE. Fortaleza, v. 9, n. 2, p. 47-53, abr./jun.2008. PORTO, M. A. T; TEIXEIRA, L. A; SILVA, R. C. F. Aspectos Históricos do Controle do Câncer de Mama no Brasil. Revista Brasileira de Cancerologia 2013; 59(3): 331-339. REIS, F. J. C; ANDRADE, J. M; VELLUDO, M. A. S. L; OLIVEIRA, S. A; FEITOSA, R. B; MARANA, H. R. C; BIGHETTI, S. Punção Biópsia Aspirativa (PBA) com Agulha Fina no Diagnóstico Diferencial de Patologias da Mama. RBGO 20 (4): 209-213, 1998. SILVA, L. A. S. R. Revista Brasileira de Cancerologia. Volume 59, nº 3 jul/ago/set 2013 SILVA, A. R. Core biopsy: uma técnica confiável para o diagnóstico histopatológico do câncer de mama? Bras Patol Med Lab • Volume 48 • Número 1 • fevereiro 2012. 14 THULER, L. C. Considerações sobre a prevenção do câncer de mama feminino. Revista Brasileira de Cancerologia, 2003, 49(4): 227-238. VIEIRA, D. S. C; DUFLOTH, R. M; SCHMITT, F. C. L; ZEFERINO, L. C. Carcinoma de mama: novos conceitos na classificação. Rev Bras Ginecol Obstet. 2008; 30(1):42-7.