Experimentos de Instrumentação Industrial 1o Experimento: Strain Gauge - Sensor de Deformação Deformações e fadiga são geradas nas partes componentes, subsistemas e sistemas pelo peso, temperatura, pressão, vibração ou forças de deslocamento. Um dos métodos mais usuais para realizar estas medições é pelo uso de extensômetros metálicos, strain gauges, conectados em ponte de Wheatstone. O extensômetro baseia-se no princípio de que quando um condutor está sujeito a um esforço de tensão ou compressão, ocorre uma variação de resistência. A amplitude da variação, relacionada com a resistência original, é proporcional à intensidade do esforço aplicado, ou ainda: E = Esforço (máxima microdeformação) = var iação do comprimento ∆L = comprimento original L Em aplicações de extensômetros utiliza-se uma constante de proporcionalidade conhecida como Fator de Calibração (Gage Factor), que varia de 2 a 4 para as ligas mais usuais na fabricação de extensômetros,. Este parâmetro é baseado na variação da resistência ocorrida no extensômetro para sua resistência total relacionada com a variação no comprimento do condutor para seu comprimento unitário, ou ainda: GF = ∆R ∆L R L A tensão de saída do amplificador de um medidor de deformação, com extensômetros em ponte de wheatstone é dada por: eo = ∆R ∗ Vex ∗ G R onde Vex é a tensão de alimentação da ponte e G é o ganho do amplificador de instrumentação. Exemplo: Uma ponte de extensômetros com G=2 e ∆L =1500µE (dados provenientes de L catálogo do fabricante), possui ∆R = 2 ∗1500 = 3000 µ E . R Desta maneira, pode-se calcular a tensão de saida do medidor como sendo, eo = 3000 ∗ Vex ∗ G . 1. Estude o circuito eletrônico do módulo condicionador de sinais da balança de strain gauges do LECI. Identifique neste circuito as partes principais, entendendo sua função: Laboratório de Controle e Automação I – Experimentos de Instrumentação Industrial Prof. Anísio Rogério Braga – DAAE/CEFET-MG, Prof. José Carlos Rodrigues – DELT-UFMG, Profa. Carmela Maria Polito Braga – DELT-UFMG 1 regulador de tensão para Vex, amplificador de instrumentação, filtro RC passa baixas (para filtrar o ruído de 60Hz) e o circuito de balanceamento da ponte. 2. Verifique a construção física da balança e a fixação dos strain gauges na mesma. Analise os esforços possíveis sobre os mesmos. 3. Prepare a balança para iniciar o processo de calibração da mesma, ajustando os limites da faixa operacional a ser assumida para esta balança (ou ainda, o ponto de zero e o limite máximo da faixa admitida - fundo de escala). ATENÇÃO: não utilize pesos muito elevados para não deformar a balança em excesso. Limite sua escolha ao peso de 400g. Cuidado ao manusear os padrões secundários de peso a serem utilizados na calibração. Eles não devem ser tocados com as mãos. 4. Levante 20 pontos para traçar, posteriormente, a curva de calibração da balança, sendo 10 pontos com variações crescentes e 10 com variações decrescentes. 5. Utilize o MatLab para fazer o ajuste de curva destes pontos, com o método dos mínimos quadrados (ver anexo) ou utilizando alguma função do MatLab. Determine a equação de calibração do medidor e as características de desempenho estático possíveis. 6. Verifique, com osciloscópio, o efeito do ruído presente na medição e o efeito da filtragem realizada. 7. Aplique um degrau de deformação (um "peteleco") na barrinha e observe/salve a saída do medidor. Aplique outro teste para obter uma massa de dados para validação. Encontre um modelo dinâmico para este sistema. Valide o modelo encontrado (cap. 3 Doebelin) Comente as características estáticas e dinâmicas desta balança. Módulo Condicionador para Células de Carga VCC 0 Vc 12V COMP VEE Fonte de Alimentação R1 100 33nF 12V 0 VEE +Vex Vex=6V 10 C2 0 0 VEE LM723 OUT + + Vz Vref VCC GND U1 R5 20k 13 R4 560 R3 2.2k Vcc+ 12 5 9 6 7 R2 1k 33nF CL CS - Vcc- 2 3 4 11 VCC Regulador de tensão para a tensão de excitação do circuito em ponte de Wheatstone C1 VCC R7 560 R6 Balanço 100k 0 Balanceamento C3 .1uF 7 0 1 8 3 U2 V+ - - GS1 GS2 + + OUT 6 REF 2 RG 10k R=120 JP2 GND V- G=1+50k/RG 5 4 0 Vo R8 15k INA114AP C5 .1uF Célula de Carga VIN(-) VCC Filtro f0=100Hz 0 Vof 1 2 3 4 R2 R1 R3 R4 Strain-gages C4 .1uF 0 Vo 0 VEE VIN(+) Amplificador de Instrumentação Laboratório de Controle e Automação I – Experimentos de Instrumentação Industrial Prof. Anísio Rogério Braga – DAAE/CEFET-MG, Prof. José Carlos Rodrigues – DELT-UFMG, Profa. Carmela Maria Polito Braga – DELT-UFMG 2 2o Experimento: Medição de Temperatura Temperatura, ao contrário de outras quantidades, é uma quantidade abstrata que precisa ser definida em termos do comportamento dos materiais, submetidos à mudança de temperatura. Nos experimentos propostos nesta seção estão incluídos sensores que utilizam mudança na resistência (RTD - PT100, termistor), mudança na tensão de circuito aberto produzida por efeito termo elétrico (termopar), mudança na queda de tensão de tensão em junção PN semicondutora (-2,2mV/ 0C ). Escalas de temperatura existentes para representar convenientemente o nível de atividade termodinâmica associado com mudanças na temperatura: • • • Escala Fahrenheit (1715): 180 divisões (graus) entre o ponto de gelo (320 F) e o ponto de ebulição (2120 F) da água. Escala Celsius (1742): 100 divisões entre o ponto de gelo e o ponto de ebulição da água. Posteriormente Linnaeus definiu o valor zero da escala como sendo o ponto de congelamento de água. Inicialmente esta escala foi chamada de centígrada (referindo-se às 100 divisões da escala), mas em 1948 foi modificada para Celsius, em homenagem a Anders Celsius). Escalas absolutas: Kelvin e Rankine, usadas para descrever temperaturas absolutas, onde o valor zero á assumido ser igual ao mínimo termodinâmico. Elas são definidas como: θ k = Tc + 273,15 θ R = TF + 459,67 Termopares Sensor simples constituído de dois materiais diferentes em contato térmico, chamado de junção (Fig. 1). Pode ser feito de pares de fios trançados juntos, por meio de solda, ou por meio da colocação de dois fios pressionados, com pressão suficiente para mantê-los juntos. A operação deste sensor baseia-se na combinação de efeitos termoelétricos que produzem pequenas tensões de circuito aberto, quando duas junções termopares são mantidas em temperaturas diferentes. A tensão termoelétrica v0 é uma função não linear da temperatura, que pode ser representada por uma equação empírica como sendo: 2 2 v0 = C1 (T1 − T2 ) + C 2 (T1 − T2 ) onde C1 e C2 são constantes termelétricas dependentes do material usado na junção e T1 e T2 são as temperaturas das junções. - J1, T1 Material J2, T2 v Material Laboratório de Controle e Automação I – Experimentos de Instrumentação Industrial Prof. Anísio Rogério Braga – DAAE/CEFET-MG, Prof. José Carlos Rodrigues – DELT-UFMG, Profa. Fig. 1: Termopar com junção Dual Carmela Maria Polito Braga – DELT-UFMG 3 A seleção do termopar (ou dos materiais que o constituem) é feita para : • oferecer estabilidade de longo termo em níveis maiores de temperatura; • garantir compatibilidade com a instrumentação disponível; • minimizar custo; • maximizar sensitividade sobre a faixa de operação ( µV /0C ). . Alguns tipos de termopares com faixa de medição são mostrados na tabela 1. Tipo E Material Positivo Cromel Material Negativo Constantan J Ferro Constantan K Cromel Alumel R Platina 13% Ródio Platina S Platina 10% Ródio Platina T Cobre Constantan Faixa de Medida 0 0 a 980 C 0 -185 a 400 C 0 -185 a 1260 C 0 0 a 1590 C 0 0 a 1535 C 0 -185 a 400 C Tabela 1: Tipos de termopares Termômetros de Resistência Consistem de um elemento sensor que apresenta uma mudança na resistência com a mudança da temperatura e um circuito condicionador para converter mudança de resistência para uma tensão de saída. Existem dois tipos de sensores que são usualmente empregados: RTD's (resistance temperature detectors) e termistores. RTD's são elementos resistivos simples feitos de platina (PT 100 – bastante linear), níquel ou liga de níquel-cobre (não lineares), que possuem coeficiente positivo de resistividade. Estes materiais são estáveis e proporcionam uma resposta reproduzível para temperaturas sobre longos períodos de tempo. Termistores são fabricados de materiais semicondutores tais como óxido de manganês, níquel ou cobalto. Estes materiais semicondutores possuem um coeficiente de resistividade altamente negativo. Quando a aplicação requer uma exatidão muito elevada, silício dopado ou germânio são utilizados como materiais para o termistor. Ver circuito em ponte da Fig. 1 para sensores resistivos. Sensores Precisos de Temperatura (Semicondutores) LM135/LM235/LM335, LM135A/LM235A/LM335A Precision Temperature Sensors (http://www.national.com/ds/LM/LM135.pdf) Laboratório de Controle e Automação I – Experimentos de Instrumentação Industrial Prof. Anísio Rogério Braga – DAAE/CEFET-MG, Prof. José Carlos Rodrigues – DELT-UFMG, Profa. Carmela Maria Polito Braga – DELT-UFMG 4 General Description The LM135 series are precision, easily-calibrated, integrated circuit temperature sensors. Operating as a 2-terminal zener,the LM135 has a breakdown voltage directly proportional to absolute temperature at +10 mV/°K. With less than 1Ω dynamic impedance the device operates over a current range of 400 µA to 5 mA with virtually no change in performance. When calibrated at 25°C the LM135 has typically less than 1°C error over a 100°C temperature range. Unlike other sensors the LM135 has a linear output. Applications for the LM135 include almost any type of temperature sensing over a -55°C to +150°C temperature range. The low impedance and linear output make interfacing to readout or control circuitry especially easy. The LM135 operates over a -55°C to +150°C temperature range while the LM235 operates over a -40°C to +125°C temperature range. The LM335 operates from -40°C to +100°C. The LM135/LM235/LM335 are available packaged in hermetic TO-46 transistor packages while the LM335 is also available in plastic TO-92 packages. Features • • • • • • • • Directly calibrated in °Kelvin 1°C initial accuracy available Operates from 400 µA to 5 mA Less than 1Ω dynamic impedance Easily calibrated Wide operating temperature range 200°C overrange Low cost 3L TO 92, 4.80 x 4.80 x 3.80mm body size LM 335 Connection Diagrams (TO-92 Plastic Package SO-8) Bottom View - Order Number LM335Z - or LM335AZ Temperature Accuracy (Note 1) LM335, LM335A Parameter Conditions LM335A LM335 Units Min Typ Max Min Typ Max Operating Output Voltage TC = 25°C, IR = 1 mA 2.95 2.98 3.01 2.92 2.98 3.04 V Uncalibrated Temperature Error TC = 25°C, IR=1mA 1 3 2 6 °C Uncalibrated Temperature Error TMIN ≤ TC ≤ TMAX, IR=1mA 2 5 4 9 °C Temperature Error with 25°C TMIN ≤ TC ≤ TMAX, IR = 1 mA 0.5 1 1 2 °C Laboratório de Controle e Automação I – Experimentos de Instrumentação Industrial Prof. Anísio Rogério Braga – DAAE/CEFET-MG, Prof. José Carlos Rodrigues – DELT-UFMG, Profa. Carmela Maria Polito Braga – DELT-UFMG 5 Calibration Calibrated Error at Extended TC = TMAX (Intermittent) 2 2 °C Temperatures Non-Linearity IR = 1 mA 0.3 1.5 0.3 1.5 °C Experimentos 1. 2. 3. 4. Identifique os sensores disponíveis: termopar, PT-100, LM 335 (semicondutor). Verifique o circuito eletrônico para condicionamento do sinal de cada sensor. Obtenha o ganho, calibre e determine as demais características estáticas de cada sensor. Obtenha a resposta dinâmica de cada um desses sensores. Para os que permitirem, obtenha e compare a resposta dinâmica do elemento sensor sem invólucro de proteção e com invólucro. Obtenha modelos matemáticos representativos deles e observe a mudança introduzida pelo invólucro. Compare as dinâmicas dos sensores estudados. Comente e proponha um método para compensar o atraso introduzido pelo invólucro. 5. Comente sobre as vantagens e desvantagens de cada sensor estudado. VCC 5 9 6 Vc COMP Vcc- R4 560 R1 100 C2 0 +Vex = 5V 13 R3 2.2k 10 OUT + + Vz Vref 7 R2 1k CL CS - Vcc+ LM723 2 3 4 C1 33nF U1 11 12 Regulador de tensão para a tensão de excitação do circuito em ponte de Wheatstone R7 560 33nF 0 Exemplo: Um sensor resitivo de temperatura tipo RTD (e.g. PT100) é usado para medir temperaturas de 0C a 100C. Projete o circuito condicionador de sinal ao lado para que seja minimizado o autoaquecimento do sensor. Para minimizar o autoaquecimento do sensor devido a dissipação de potência Joule projeta-se uma corrente constante baixa, e.g. Io=500uA (Valores típicos de corrente estão na faixa de 100uA a 1mA). R1 = R2 = 5V/500uA R1 = R2 = 10k 1% Rz provê o ajuste de zero do circuito para uma determinada temperatura. No caso do PT100, que apresenta 100 Ohms a zero Celsius usa-se um resistor de 56 Ohm em série com um potenciometro multivoltas de 100 Ohm. RG provê o ajuste de ganho e consequentemente d efundo de escala. Sensor de Temperatura Resistivo RG Io = Vex/R Io R1 R2 50k Io R(T) é o sensor resitivo. Se R(0) = R e R(T)=R+r(T), tem-se: VEE 4 OUT V- 3 + + Vo = Vex* [RG/R1]*[r(T)/R]. Ajustando-se RG para 20k, tem-se uma variação de 0.1V/1% de variação de R. 8 U3A 0 Para Rz = R, tem-se: VCC 0 U3B 8 0 V+ OUT 5 7 Vo 1 V+ 4 VEE TL082 6 - Vo = Vex* [RG/R1]*[r(T)+R-Rz]/Rz. V- TL082 2 - Rz R(T) VCC Anisio R. Braga, DAEE/CEFETMG, Sensor de temperature resistive, doc. GEACOPI20010701/01, julho 2002. Fig 1: Circuito de medição em ponte para sensores resistivos Laboratório de Controle e Automação I – Experimentos de Instrumentação Industrial Prof. Anísio Rogério Braga – DAAE/CEFET-MG, Prof. José Carlos Rodrigues – DELT-UFMG, Profa. Carmela Maria Polito Braga – DELT-UFMG 6