11 Interbio v.9 n.1, Jan-Jun, 2015 - ISSN 1981-3775 ANOMALIA DENTÁRIA DE NÚMERO: AGENESIA DENTÁRIA DENTAL ANOMALY OF NUMBER: TOOTH AGENESIS VICENTIN, Camila 1; ZEULI, Camila E. R.² Resumo A agenesia dentária é considerada uma anomalia dentária de número e muito frequente entre os seres humanos. Ela pode ocorrer tanto em virtude de uma síndrome quanto ser um padrão familiar isolado, dentre outras causas, visto que sua etiologia ainda permanece desconhecida. O impacto em nível estético e funcional que a agenesia dentária provoca é enorme, constituindo um fator de preocupação não só para os portadores da anomalia como também para os profissionais que acreditam ser o tratamento um grande desafio. Diante disto esta revisão de literatura teve o intuito de sintetizar as evidencias da prevalência de agenesias dentárias no período entre os anos de 2005 a 2014 em bases de dados disponíveis em bibliotecas virtuais. Desse modo, observou-se que a agenesia dentária é prevalente em ambas as idades sendo que alguns estudos correlacionaram a prevalência da mesma à história familiar. Porém o diagnóstico e tratamento da agenesia dentária dependerá do tipo de agenesia existente, a fim de que se crie uma terapêutica conforme cada caso. Palavras-chave: agenesia dentária, anomalia de número, síndrome. Abstract The dental Agenesis is considered a dental anomaly of number and very common among humans. She can occur both in virtue of a syndrome as being an isolated familiar pattern, among other causes, since its etiology remains unknown. Impact on aesthetic and functional level that dental Agenesis causes is enormous, constituting a factor of concern not only to the bearers of the anomaly but also for professionals who believe the treatment being quite a challenge. On this this review of literature had to synthesize the evidence of the prevalence of dental agenesias in the period between the years 2005 to 2014 in databases available in virtual libraries. Thus, it was observed that the dental Agenesis is prevalent in both ages and some studies have correlated the prevalence of same to the family history. However the diagnosis and treatment of dental Agenesis will depend on the type of existing Agenesis, in order to create a therapy according to each case. Key words: tooth Agenesis, anomaly of number, syndrome. 1 Discente do Curso de Odontologia do Centro Universitário da Grande Dourados, Dourados/MS,Brasil [email protected] ² Docente do Curso de Odontologia do Centro Universitário da Grande Dourados, Dourados/MS, Brasil VICENTIN, Camila; ZEULI, Camila E. R. 12 Interbio v.9 n.1, Jan-Jun, 2015 - ISSN 1981-3775 Introdução O presente estudo possui por intuito averiguar a prevalência da agenesia dentária relacionada à anomalia dentária hipoplasiante. O interesse em realizar a pesquisa anomalia dentária hipoplasiante: agenesia dentária, deu-se por ser um tema atual e necessário, uma vez que traz problemas estéticos e psicológicos para os acometidos por esta patologia. Conforme Oliveira (2011) a agenesia dentária é uma anomalia de número que expressa à falta de desenvolvimento de um ou mais dentes. Desse modo as anomalias dentais de forma, número, desenvolvimento e tamanho, podem ser determinados embriologicamente e podem ocorrer em diversas fases do desenvolvimento fetal. As anomalias de número ocorrem no decorrer da formação inicial dos genes dentais, as de forma, durante a morfodiferenciação e as de posição durante a erupção do dente (CARVALHO; TAVANO, 2008). Farias et al. (2006) destacaram que a agenesia de um ou mais dentes apresenta-se como uma anomalia que pode atingir ambas as dentições, causar modificações na forma e tamanho dos dentes homólogos e legatários. Dentre as técnicas radiográficas, a radiografia panorâmica é a mais recomendada para o estudo da agenesia, por registrar todo o complexo maxilomandibular num única tomada, suas interações com o crânio e a ampliação dentária do cliente com um mínimo de radiação. Para Moreschi et al., (2010) a agenesia é a forma mais comum de anomalias dentárias, atingindo cerca de 20% da população. A etiologia da agnesia dentária relaciona-se a fatores nutricionais, traumáticos, infecciosos ou hereditários, outros fatores, como, patologias virais e problemas endócrinos ainda podem estar envolvidos. A etiologia da agenesia dentária, também pode estar associada às modificações nos genes MSXI, AXIN2 e PAXX9, já que os dentes mais afetados na dentição permanente são os segundos prémolares inferiores seguidos pelos incisivos laterais superiores. Assim sendo os genes MSX1 e AXIN2 estão envolvidos nas etapas iniciais da odontogênese, associados com agenesia dentária em pessoas que apresentam alterações como a fissura palatina e o cancro colo retal (RIBEIRO et al., 2011). Entre os discernimentos adotados para dispor as anomalias dentárias, podemse adotar a etapa de desenvolvimento odontogênico aparentada, a morfologia terminal das irregularidades e as partes e tecidos dentários atacados, adotando-se o critério acréscimo, a descimento e o deslocamento dos tecidos e órgãos dentários, as anomalias dividem-se em três grandes grupos, anomalias hiperplasiantes, hipoplasiantes e heterotópicas. Contudo este estudo apenas enfocará com maior profundidade as anomalias hipoplasiantes que se caracterizam pelo arrefecimento do número ou pelo desenvolvimento inacabado dos dentes, com modificações estruturais, morfológicas ou funcionais, como por exemplo, a agenesia, hipoplasia de esmalte e dentina e microdontia (SCARPIM et al., 2006). Na pesquisa realizada, por Mei (2007) em 1300 radiografias panorâmicas em uma clínica de ortodontia de Dourados, a prevalência da agenesia dentária foi no gênero feminino 55,9%, o dente comumente envolvido para ocorrência deste tipo de anomalia foi o terceiro molar seguido do pré-molar, principalmente os inferiores, também houve a presença desta anomalia nos incisivos lateral superior e primeiro prémolar superior. A localização da agenesia deu-se mais frequente na maxila no quadrante direito, seguido pelo quadrante superior esquerdo. Assim este estudo é relevante, porque por meio deste foi apresentado uma análise da bibliografia, sendo de peculiar acuidade a percepção das alterações de desenvolvimento da cavidade oral, com enfoque na agenesia dentária. Os benefícios da realização desta pesquisa foram porque a VICENTIN, Camila; ZEULI, Camila E. R. 13 Interbio v.9 n.1, Jan-Jun, 2015 - ISSN 1981-3775 agenesia, afeta esteticamente, funcionalmente e psicologicamente os pacientes, procedendo em prejuízos à qualidade de vida dos mesmos, assim esta pesquisa proporcionará, a inserção de um tratamento ortodôntico planejado conforme a necessidade de cada paciente, assim por meio deste estudo os profissionais que se interessem pelo assunto, assim como os futuros profissionais, obterão informações atualizadas sobre esta anomalia que afeta de forma crescente a população, podendo assim fornecer um tratamento correspondente à classificação da agenesia dentária. Portanto, este trabalho propôs uma revisão literária apresentada, sendo importante a percepção das modificações de desenvolvimento da cavidade oral, com enfoque na agnesia dentária. Assim sendo este tema é relevante, porque revelou a importância dos aspectos estéticos e psicológicos que atingem os pacientes, alterando suas qualidades de vida. Ainda faz-se necessário o cirurgião-dentista estar informado sobre este assunto, de forma a proporcionar aos seus clientes um tratamento adequado conforme o seu tipo de agnesia dentária. Foi objetivo deste estudo identificar a prevalência da agenesia dentária relacionada à anomalia dentária hipoplasiante, bem como os fatores envolvidos no acometimento desta anomalia, através de uma revisão bibliográfica. Modificações de Desenvolvimento da Cavidade Oral: Agenesia Dentária As etapas de iniciação, histodiferenciação, justaposição, calcificação e erupção retribuem aos passos de concepção e desenvolvimento do órgão dentário, respeita um padrão histológico deliberado. Classifica-se de organogênese e cada um desses estágios são sensíveis às inferências de agentes modificadores que alteram a morfologia e fisiologia dos tecidos (FERNANDES NETO, 2009). A agenesia dentária é uma anomalia de desenvolvimento, resultante da alteração do número de dentes presentes na cavidade bucal, comumente encontrada em seres humanos. A etiologia desta condição relaciona-se a fatores ambientais, como por exemplo, rubéola, diferentes tipos de traumatismos nos processos alveolares e usos de substâncias químicas, como a talidomida e a quimioterapia ou radioterapia (RIBEIRO et al., 2011). Além das etiologias demonstradas acima, pacientes com displasia ectodérmica, um conjunto de desordens que envolvem tecidos e derivados do ectoderma, as anormalidades bucais como a agenesia dentária são presentes (SARMENTO et al., 2006). Dessa forma as anomalias do desenvolvimento dentário são ocasionadas por interações complexas entre fatores genéticos e ambientais durante o processo de desenvolvimento. Este processo multifatorial, com vários níveis, multidimensional progressivo ao longo do tempo e podem ser classificados conforme a dimensão, o número, a forma, a erupção, estrutura do esmalte e estrutura da dentina. A anomalia de número que expressa à falta de desenvolvimento de um ou mais dentes, denomina-se agnesia dentária, por outro lado, o desenvolvimento de um número aumentado de dentes é chamado de hiperdontia, e as peças dentárias adicionais como dentes supranuméricos (OLIVEIRA, 2011). A agenesia dentária é uma anomalia que pode ser contraída ou agregada a alguma síndrome, comumente é transmitida hereditariamente como característica autossômica dominante com penetrância incompleta e expressividade variável. Contudo têm sido relatadas algumas formas desta anomalia dentária autossômica recessiva e ligada ao X. A incidência de agenesia dentária varia com o tipo de dente, os terceiros molares são os dentes mais afetados, seguidos dos incisivos laterais superiores ou os segundos pré-molares inferiores (MORESCHI et al., 2010). VICENTIN, Camila; ZEULI, Camila E. R. 14 Interbio v.9 n.1, Jan-Jun, 2015 - ISSN 1981-3775 Os genes PAX9 e MSX1, presente no cromossomo 4, tem sido associado à agenesia dos segundos pré-molares e terceiros molares. Estes genes podem estar relacionados à agenesia devido manterem-se conservados na escala evolutiva, codificando um fator de transcrição, estando, portanto, envolvidos na regulação de outros genes. A sua expressão ocorre comumente na fase embrionária, especialmente na odontogênese (OLIVEIRA, 2011). De acordo com Faber (2006) sujeitos que possuem mutações nas regiões codificadoras do PAX9 são mais propícios a apresentar ausência dos primeiros e segundo molares superiores e os segundos molares inferiores. Enquanto que as mutações no MSX1 a ausência mais frequente são os primeiros e segundos pré-molares superiores e os segundos pré-molares inferiores (Figura 1). Figura 1: Ausências dentárias nos genes PAX9 e MSX1. Fonte: Faber (2006) Entretanto Arboleda et al., (2006) acrescentam que o PAX9 é um gene envolvido no desenvolvimento das estruturas crânios faciais e suas mutações associações a heranças genéticas, portanto anteriormente a agenesia era caracterizada como uma anomalia recessiva autossômica, porém agora a mesma é vista como um padrão de herança genética autossômica dominante. Porém fatores ambientais, como trauma facial ou dentário, realização de quimioterapia e radioterapia no decorrer da formação dentária, infecções quando estão tendo formação dos dentes, doenças sistêmicas, medicamentos como a talidomida, sarampo, rubéola durante a gravidez, também podem ser tidos como fatores para o desenvolvimento da agenesia dentária. Além dos genes acima citados, temse também o outro gene que a pouco foi estudado em casos de agenesia dentária TGF- alfa e β. Visto que este gene está expresso em diversas fases do desenvolvimento das estruturas craniofaciais (porção epitelial e mesenquimal do palato e da cavidade nasal) (COSTA, 2010). Portanto, a etiologia da agenesia dentária ainda é incerta, pois não há como dizer de modo exato a transmissão hereditária, por exemplo, entretanto sabe-se que a mesma associa-se a algum gene dominante ligado ao gênero, ou a um padrão autossômico recessivo ou autossômico dominante com vários graus de expressividade e penetrância reduzida. Fatores nutricionais, traumáticos e infecciosos também podem estar envolvidos VICENTIN, Camila; ZEULI, Camila E. R. 15 Interbio v.9 n.1, Jan-Jun, 2015 - ISSN 1981-3775 na ocorrência desta anomalia (VICENTIN, 2008). Cabe ressaltar que as diferenças étnicas e genéticas existentes, principalmente encontrados na agenesia os resultados não podem ser generalizados. As anomalias dentárias podem determinar, em alguns casos, uma modificação no padrão normal da oclusão, gerando uma função mastigatória anormal, falha no crescimento das arcadas e do processo alveolar, retenção de dentes decíduos dentre outras. Desse modo a classificação das anomalias dentárias é denominada conforme a fase do desenvolvimento odontogênico afetada, a morfologia terminal das anormalidades e os tecidos acometidos. Sendo as mesmas divididas em três grupos: anomalias hiperplasiantes, hipoplasiantes e heterotópicas. Contudo neste estudo apenas será enfocado sobre anomalias hiperplasiantes (OLIVEIRA, 2011). A agenesia dentária tem prevalência em ambas às idades, e independe do sexo, porém alguns dos estudos retrataram a correlação existente entre a agenesia dentária e a história familiar. Ao longo dos anos os homens no geral apresentam maior incidência de dentes supranumerários e macrodontia, já entre as mulheres a incidência maior é de hipodontia e microdontia. A hipodontia é um defeito em um gene singular, no geral transmitido por herança autossômica dominante. Já a oligodontia é mais rara é ocorre em associação a síndromes genéticas (MATUDA, 2007). Materiais e Métodos Realizou-se uma pesquisa bibliográfica integrativa, tendo como questão norteadora: prevalência da anomalia dentária hipoplasiante com foco na agenesia dentária. A revisão de literatura deve conter informações atualizadas sobre a problemática levantada e somente por meio de uma boa revisão literária é que o pesquisador fica informado sobre os dados que precisará recolher para realizar seu estudo. A revisão bibliográfica integrativa é um tipo de revisão que segue um cronograma pré-estabelecido que deve orientar todo o processo de revisão, da identificação do problema, ou seja, esta revisão permite ao pesquisador analisar o conhecimento pré-existente sobre determinado tema (SILVA; DAVIM, 2012). Por tratar-se de um trabalho pautado em revisão bibliográfica como metodologia, dispensou-se a formalidade da avaliação pelo CEP, já que não foi realizada pesquisa com seres humanos. Os cuidados éticos relevantes em relação à pesquisa para a configuração do trabalho são quanto às referências, lembrando que todo conteúdo utilizado foi referenciado. Realizou-se a pesquisa na biblioteca do Centro Universitário da Grande Dourados-UNIGRAN, e nos bancos de dados online SCIELO, BBO (Bibliografia Brasileira de Odontologia), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e MEDLINE (Medical Literature Analysis na Retrieval System Online). Este estudo teve como critérios de inclusão, artigos, teses, dissertações e resumos que retratem sobre a agnesia dentária hipoplasiante com foco na agenesia dentária, publicados a partir de 2005 a 2014. Teve como critérios de exclusão, estudos publicados anteriores a 2005, mesmo que versem sobre o assunto. Para a busca de pesquisas nas bases de dados foram utilizadas as seguintes palavras-chave: agnesia dentária, anomalia hipoplasiante, síndrome. Após a seleção dos estudos, os mesmos resultados encontrados serão analisados de modo sistemático. Discussão Foram encontrados 23 estudos que relataram a respeito da agenesia dentária, na Figura 2 encontra-se a porcentagem de estudos por ano. VICENTIN, Camila; ZEULI, Camila E. R. 16 Interbio v.9 n.1, Jan-Jun, 2015 - ISSN 1981-3775 Figura 2: Total de Estudos sobre Agenesia dentária, publicados entre 2005 a 2013. Fonte: Elaborada pela autora da pesquisa. Observa-se na figura acima que a maioria dos estudos 36% foram publicados em 2011, seguidos dos anos 2006, 2008, 2009 e 2010 com 13% respectivamente, em 2012 foram publicados 5% dos estudos e no ano de 2007 e 2013 1%. De acordo com Souza et al., (2012) é provável que a maioria dos estudos tenham sido realizados em 2011, em virtude de conforme forem passando os anos, a preocupação com a estética ter sido algo aumentado no ser humano. Na pesquisa realizada com 52 homens e 48 mulheres entre 14 a 26 anos de idade, clientes da clínica odontológica da universidade de Antofagasta Chile, por meio da radiografia panorâmica, antes do tratamento ortodôntico, observaram a incidência de 20% de agenesia dentária 8,25% referiam-se ao número total de molares e 1,03% de agenesia dos sisos inferiores, sendo a agenesia dentária mais incidente no gênero feminino, o fator da agenesia ser encontrada mais neste gênero ainda não está bem esclarecida e também pode ser por isso a maior busca por tratamento odontológico, em virtude da maioria ser do gênero feminino, elas passaram a buscar mais o tratamento da agenesia dentária em virtude da melhora estética bucal (HERNÁNDEZ; RODRIGUEZ, 2009). Em relação aos dentes onde mais se encontram a agenesia dentária é como observa-se na Figura 3, os terceiros molares 39%, seguidos do 2º pré-molar 27%, 1º prémolar 17%, incisivos laterais 13% e outros dentes 4%. Conforme Costa (2010) e Liu (2011) a literatura enfatiza que a incidência relacionada à agenesia dentária dos terceiro molares varia de 1 a 35% de acordo com a população analisada. Como já foi dito a falta de dentes pode ser devido a um fato isolado ou mesmo como parte de uma síndrome, nos casos isolados podem ter origem familiar, por meio da transmissão da forma autossômica recessiva, autossômica dominante ou ligada ao gene X. crianças com fendas palatinas ou labial, síndrome de Down, síndrome de Rieger e síndrome de Book também apresentam agenesia dentária. A prevalência de agenesia dentária entre sujeitos de 7 a 16 anos de idade da cidade de Campo Grande-MS, dentre as 1.500 radiografias panorâmicas entre 2005 a 2007, foi 40,6%, o terceiro molar e segundo pré-molar inferior foram os dentes mais afetados (BORBA et al., 2010). VICENTIN, Camila; ZEULI, Camila E. R. 17 Interbio v.9 n.1, Jan-Jun, 2015 - ISSN 1981-3775 Dentre os 112 pacientes atendidos na clínica odontológica da Universidade Nacional Autônoma de México, constataram que 53% dos casos de agenesias ocorriam em crianças do sexo feminino, 21,4% foi agenesia do terceiro molar e 4,5% de outros dentes. Sobre a linhagem familiar mostrou que por parte paterna e materna os traços de ocorrência de agenesia também ocorreram (PÉREZ; NAVARRETE 2009). Figura 3: Dentes onde se encontra a agenesia dentária Fonte: Elaborado pela autora. De acordo com Hurtado et al., (2013) a agenesia dentária é a ausência de um ou mais dentes na dentição temporária ou permanente, pode ocorrer isoladamente ou como parte de uma síndrome genética, assim sendo incidência de agenesia dentária de dentes permanentes varia entre 1,6% a 9,6%, os fatores bastante envolvidos nestes tipos de agenesia são o PAX9, portanto o diagnóstico inicial é necessário para estabelecer uma terapêutica adequada. A agenesia dentária do primeiro molar superior é comumente encontrada, este tipo de agenesia afeta a mastigação dos pacientes, porque estes desempenham um papel importante na mastigação, como apoio na dimensão vertical da face e como dentes de ancoragem ortodôntica contra a força, 9,3% da etnia japonesa tem este tipo agnesia dentária (ABE et al., 2010). Sobre a agenesia de decíduo apresenta-se associada à má formação do dente correspondente no lado contra lateral. Está disponível uma série de tratamentos para pessoas que apresentam agenesia, sendo a decisão da melhor terapêutica a ser adotada ser discutida com o paciente e especialista, já que a mesma não baseia-se somente em qual dente está faltando, mais também no comprimento do arco, posição dos incisivos e lábios, assim como o perfil estético. Dentre as alternativas tem-se o fechamento do espaço ou sua abertura, para realizar a reabilitação protética adequada (OLIVEIRA, 2011). França (2011) pesquisaram 254 pacientes atendidos em uma clínica radiológica particular de Uberlândia-MG, entre janeiro de 2006 a janeiro de 2007, observaram que 57% do gênero feminino e 42,9% do gênero masculino apresentaram agenesia. 37,9% dos pesquisados a agenesia foi relacionada aos dois incisivos laterais, 77% do pré-molar superior esquerdo e 7,4% dos segundos pré-molares. VICENTIN, Camila; ZEULI, Camila E. R. 18 Interbio v.9 n.1, Jan-Jun, 2015 - ISSN 1981-3775 Celikoglu et al., (2012) investigaram 3.872 prontuários de pacientes ortodônticos, do departamento de ortodontia da Universidade Ataturk da Turquia, a fim de averiguar a prevalência da agenesia dentária, entre os pacientes de 12 a 25 anos de idade, observaram que 94% tinham agenesia do incisivo maxilar lateral (IML), sendo também constatada a predominância de agenesia no sexo feminino. Garib et al., (2010) também realizaram um estudo com 126 pacientes, por meio da verificação das radiografias panorâmicas, a fim de verificar a prevalência de agenesia dentária nos pacientes entre 7 a 35 anos de idade, observaram que 35,5% apresentaram agenesia do terceiro molar, 10,3% nos prémolares, 7,9% segundo pré-molar e 3,9% no segundo pré-molar inferior. Sendo que 18,8% das agenesias foram em dentes permanentes. Díaz-Perez et al., (2009) também pesquisaram a prevalência de agenesia dentária em dentes permanentes, entre 112 pacientes atendidos no departamento de odontologia da Universidade do México. Constataram que 26% tinham agenesia dentária 21,4% era agenesia do terceiro molar e 4,5% apresentaram de outros dentes. Sobre a agenesia dentária ser mais prevalente no sexo feminino os autores não encontraram dados estatísticos relevantes, porém a história familiar de agenesia dentária obtiveram um índice estatístico significante. Na pesquisa realizada por Malta (2012) com 250 pacientes atendidos na clínica de medicina dentária da Universidade Fernando Pessoa, com idade entre 7 a 18 anos de idade, também não acharam relação estatística significante da prevalência de agenesia dentaria relacionada ao sexo, dos pesquisados 32,8% apresentaram agenesias, 14,9% dos terceiros molares, 61,4% apresentaram de dois dentes os incisivos laterais superiores. Enquanto que Barbosa (2005) constaram que nas 116 famílias nucleares 37,9% apresentaram agenesia dentária do 2º pré-molar, 29,9% incisivo lateral, 9,7% 1º pré-molar e 5,8% incisivo lateral. E ao compararem a presença de agenesia dentária também nos pais dos mesmos, observaram que 21,1% dos pais tinham agenesia dentária do 2º molar inferior direito e 29,4% das mães do segundo pré-molar inferior esquerdo. Conclusão A agenesia dentária tem prevalência em ambas às idades, e independe do sexo, porém alguns dos estudos retrataram a correlação existente entre a agenesia dentária e a história familiar. Porém mesmo os estudos demonstrando a relação da agenesia dentária com história familiar, não se pode generaliza lá, visto ser necessário uma avaliação minuciosa nos pacientes portadores de agenesia dentária. Portanto a literatura faz-se considerar que a agenesia dentária é uma anomalia cada dia mais frequente, não havendo um consenso científico a respeito das causas serem genéticas, sexo, patologias sistêmicas, fatores ambientais ou locais. Conclui-se, desse modo que apesar de já haverem muitos estudos publicados sobre o assunto ainda há muito o que se estudar acerca do que é recomendado ao cirurgião-dentista nos casos de agenesia dentária. Referências Bibliográficas ABE, R.; ENDO, T.; SHIMOOKA, S. Maxillary first molar agenesis and other dental anomalies. 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