Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de 2013, INPE O uso da cartografia escolar para estudos temáticos locativos Gabriela Geron 1 Mafalda Nesi Francischett 2 1 Universidade Estadual do Oeste do Paraná 85601-275 – Francisco Beltrão - PR [email protected] 2 Universidade Estadual do Oeste do Paraná 85601-275 – Francisco Beltrão - PR [email protected] This article aims to (in) form data Thematic Cartography, important work of teaching urban area, with emphasis on geography. For this purpose we developed a sequence for teaching topographical maps that relate some important issues such as topography, elevation, hydrography, dimensions and slope of Pato Branco - Paraná. Reason for this is due to the lack of teaching materials (in) formative work to specific concepts of Geography at the local level, in Elementary Education II, focusing on the locality, to bring scientific information necessary for student learning. The fact that the public textbooks used in schools are national, bring general information, local, depending on the region, is not contemplated. Thinking about this elaborate letters that represent the physical characteristics of the urban area of Pato Branco / PR, with activities that the teacher may have as a basis for their lessons in the process of teaching and learning, with better results. Because students will relate the content with reality didactically. 1. Introdução Há grande dificuldade para encontrar material didático principalmente mapas, para uso nas aulas de Geografia, mais ainda que contemplem o local, onde os alunos residem. Por isso, fomentamos esta proposta, focada no município de Pato Branco, no Sudoeste do Paraná. A razão decorre do fato que os mapas existentes, utilizados pelos professores, são especificamente os que estão nos livros didáticos. Neles, os conteúdos não contextualizam a realidade, em escala pequena, não possibilitam trabalhar alguns elementos. Para que sejam ensinados os conteúdos como: vegetação, urbanização, rede hidrográfica e viária do município, os mapas continuam sendo a base. A análise da representação cartográfica é condição necessária para indicar se no mapa há conhecimento que possibilite ao leitor entender a espacialidade que ele representa. Por isso, é a linguagem cartográfica vai auxiliar na compreensão do espaço representado. O aprendizado das representações cartográficas precisa ir além da estrutura, dos procedimentos aplicados aos pontos, linhas e polígonos, ele é mediado pelas regras agrupadas em função das diferentes feições de cada estrutura no contexto que representam. Estamos nos referindo principalmente a orientação geográfica e à compreensão dos fenômenos por categorias, usados tanto para representação do conhecimento, como para o seu desenvolvimento, numa abordagem geográfica escolar, ou seja, a representação cartográfica precisa ser elaborada para fins da interpretação, entendimento e explicitação de seu conteúdo, de sua temática. 2. Metodologia de Trabalho A pesquisa se desenvolveu com levantamento documental, seguida da digitalização e análise das cartas topográficas, na escala de 1:50.000, com o propósito de embasar este 2598 Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de 2013, INPE procedimento metodológico na elaboração de cartas topográficas em recursos pedagógicos de práxis. Desenvolvemos as análises, na perspectiva dialética, com o propósito de pensar a educação e o ensino em Geografia. Para a digitalização da carta topográfica foi utilizado o programa Quantum Gis Tethys, tendo como base as cartas topográficas SG.22-Y-A-II-2 (MI-2861/2) de 1980 e 1999. Por meio das cartas digitalizadas elaboramos uma base cartográfica, com a invenção de mapas de diversas temáticas. Foram construídos mapas da área urbana do município, com as temáticas: a hidrografia e relevo. Apoiamos-nos em conteúdos norteados pelas Diretrizes Curriculares Estaduais de Geografia de 2008 (DCEs), nelas constam também que a metodologia de ensino deve permitir que os alunos se apropriem dos conceitos fundamentais da Geografia e compreendam o processo de produção e transformação do espaço geográfico, por isso, os conteúdos devem ser trabalhados de forma crítica e dinâmica, interligados com a realidade próxima do aluno. Digitalizamos os dados das cartas topográficas, como curvas de nível, rede hidrográfica, rede viária e áreas urbanas. Com estes dados foram realizadas análises das características físicas da região estudada. O processo de digitalização foi realizado de acordo com as convenções cartográficas do município de Pato Branco, conforme representado na carta 01. Carta 01: Topografia do município de Pato Branco. Fonte: IBGE, 1998 Autora: GERON, 2012. Com a base cartográfica topográfica do município, o professor pode trabalhar, com os alunos, diferentes tópicos e conteúdos, conforme a necessidade. Neste exemplo, sugerimos: a 2599 Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de 2013, INPE construção da legenda; identificar o sistema de coordenadas; identificar as cotas mestras e numerar as demais curvas de nível; delimitar uma área da carta, ampliá-la e proceder a hipsometria, com as cores. É importante que os trabalhos tenham sempre como base a participação efetiva dos alunos no processo de construção e de escolha da área de estudo. É muito importante que eles compreendam como foi construído o material e será melhor a conhecido o que está sendo estudado. 3. Resultados e Discussão Por meio das cartas digitalizadas (in) formamos dados da Cartografia Temática necessários para trabalhar a área urbana no ensino, com ênfase nos conteúdos de Geografia. Para este propósito desenvolvemos alguns passos para auxiliar no trabalho com os mapas, que relacionam as temáticas: relevo, altitude, hidrografia, localização, orientação, cotas e declividade dos municípios pertencentes ao município de Pato Branco – Paraná. É importante efetivar o contato do aluno com a carta, isto é possível com apoio do professor. Fazer leitura e análise do mapa, nele, são apresentadas as características de seus componentes, como a legenda, identificação, escala e temática, por exemplo. E, por meio das informações contidas no mapa, alunos e professor efetivam o processo de leitura e análise do conteúdo. A escala e as coordenadas também são exemplos que a serem estudados por meio do mapa. Os cálculos podem ser bem exemplificados pelo professor utilizando a própria carta. O estudo das coordenadas é seguido ou paralelo ao estudo da escala, tanto da geográfica, quanto da cartográfica. As coordenadas apresentadas são as UTMs, identificadas nas extremidades da grade, através delas o sistema de coordenadas pode ser explicados e conhecido, bem como efetivar cálculos que identifiquem a coordenada x e y de pontos reconhecidos no mapa. Trabalhar nas representações, por exemplo, o relevo por meio das curvas de nível, o trabalho pode ser iniciado com o professor identificando algumas cotas principais - curvas de nível - explicar como funciona a distribuição das mesmas conforme a altitude – altimetria e equidistância-, explicar até que os alunos possam continuar identificando todas as curvas de nível apresentadas na carta, enumerando-as, assim entenderão melhor como é a dinâmica do relevo do município em que mora. Na carta, apresentada a seguir, fica possível identificar as principais categorias convencionais como o aeroporto, por exemplo, a pista de pouso que é uma linha reta localizada na parte oeste; as vias de acesso representadas em vermelho, que podem ser identificadas pelos alunos com auxilio do professor. Através dessas duas feições o aluno irá identificar a área de estudo. Dentre as características físicas, é possível realizar os estudos gerais de relevo por meio das curvas de nível e da hidrografia da área, identificar e destacar os rios que “cortam” o município, explicar como se dá a distribuição hidrográfica na área delimitada (como será explicado à diante). 2600 Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de 2013, INPE Carta 02: Área pertencente ao município de Pato Branco. Fonte: IBGE, 1998. Autora: GERON, 2012. Com esta carta é possível identificar as características físicas gerais como a hidrografia, identificando e destacando o curso do rio principal e seus afluentes, explicar como se dá a distribuição dos mesmos. Como podemos ver, cortando a área urbana do município: o rio Ligeito, é o principal abastecedor de água no município. Na hidrografia da área representada fica delimitada parte da microbacia do rio Ligeiro e alguns se seus afluentes. Por meio da representação é possível identificar as ordens dos rios: primeira, segunda e terceira, conforme os números 01, 02 e 03, indicados na carta. Na área urbana, estão localizados o rio Ribeirão Penso e o rio Ligeiro, como mostra a carta 03. Para que a hidrografia possa ser analisada, apresentamos a carta 02, com os rios em destaque. É possível identificar também as diferentes ordens, dos rios, na mesma carta, bem como a microbacia e compará-la com a carta 03. 2601 Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de 2013, INPE Carta 03: Hidrografia do município de Pato Branco. Fonte: IBGE, 1998. Autoria: GERON 2012. Segundo Teodoro et al (2007), a dinâmica hidrográfica segue a ordem onde as águas superficiais escoam para as partes mais baixas do terreno, formando riachos e rios, sendo que as cabeceiras são formadas por riachos que brotam em terrenos íngremes das serras e montanhas e à medida que as águas dos riachos descem, juntam-se a outros riachos, aumentando o volume e formando os primeiros rios, esses pequenos rios continuam seus trajetos recebendo água de outros tributários, formando rios maiores até desembocarem nas suas foz. Na área estudada está situada parte da microbacia hidrográfica do rio Ligeiro, área destacada em azul claro, na carta 03. Por meio dessa carta é possível estudar a dinâmica da hidrografia e iniciar o estudo do conceito de bacias, comparando a dinâmica da microbacia representada com as bacias hidrográficas mais conhecidas, como a do rio Iguaçu. Também podemos identificar outras parcelas de rede hidrográfica pertencentes Para o estudo da declividade é utilizado o mapa de relevo, conforme a carta 04, este mapa representa, a maior e a menor altitude. 2602 Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de 2013, INPE Carta 04: Relevo do município de Pato Branco. Fonte: IBGE, 1998. Autoria: GERON 2012. Segundo Barrella (2001), bacia hidrográfica é definida como um conjunto de terras drenadas por um rio e seus afluentes, formada nas regiões mais altas do relevo por divisores de água, onde as águas das chuvas, ou escoam superficialmente formando os riachos e rios, ou infiltram no solo para formação de nascentes e do lençol freático. Analisando o relevo representado, na carta 04, percebemos por meio da cor e, principalmente da proximidade ou não das cotas que as áreas com menor altitude estão próximas de seus afluentes e da foz dos rios e, as áreas de maior altitude estão onde nascem os rios. Com os alunos também é possível realizar o estudo do relevo, fornecendo a eles o indicativo de algumas cotas de altitude para que consigam continuar completando na carta, com as demais. Por meio dessa atividade eles perceberão qual a amplitude do relevo. Nas margens dos rios, as curvas estão mais distantes porque são locais mais planos. Na carta os alunos, com auxilio do professor, vão identificar a área de menor e a de maior declividade e destacá-las. Indicamos que façam a hipsometria com as cores na própria carta, Para estudar o relevo, podemos sugerir que criem um mapa de declividade, utilizando o sistema de cores, em que o tom mais escuro seja para as curvas que representam uma maior altitude e os tons mais claros áreas de menor altitude. A análise da declividade, por meio das curvas de nível, indica que nas que estão mais próximas a declividade é maior e, nas margens dos rios as curvas estão mais distantes, portanto, são locais mais planos. Após destacar as áreas de menor declividade observa-se o comportamento do relevo da área, sua maior (880 metros) e menor (740 metros) altitude por meio da leitura das cotas indicadas no mapa. Para a análise do relevo é sugerido que se faça, por meio da pintura, a hipsometria nas curvas de nível. Para isso os alunos juntamente com o professor precisam identificar todas as cotas, utilizando como ponto inicial as cotas indicadas no mapa, depois selecionar uma cor para cada altitude. Com a representação hipsometrada 2603 Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de 2013, INPE fica melhor para analisar, por exemplo, que a área urbana está localizada numa menos altitude, por isso o relevo é mais plano. Depois das atividades realizadas, na carta, discutir os aspectos físicos, como a erosão superficial, a qual muda a topografia nas margens dos rios. Além de discussões sobre as transformações naturais decorrentes. Também é possível estudar a ação do homem no relevo, na área onde existem manchas urbanas é possível identificar que as curvas estão mais espaçadas, isto é, que foram aplainadas para a ocupação humana. 4. Conclusões Por meio das sugestões didáticas elaboradas nas cartas topográficas, apresentadas neste artigo, sugerimos a relação teoria e prática, com os conceitos geográficos necessários para interpretar as representações e identificar como estes se tornam entendíveis pelos alunos. Ao analisar e relacionar a carta com aspectos físicos representados, os alunos irão ter oportunidade para conhecem a realidade via representação, isto significa conhecimento. Assim, defendemos que a linguagem cartográfica se torna importante e necessária no ensino aprendizagem de Geografia. Referências Bibliográficas ALMEIDA, Rosângela Doin de; PASSINI, Elza Yasuko. O espaço geográfico: ensino e representação. 15° ed. São Paulo: Contexto, 2006. BECKER, Berta K.; CHRISTOFOLETTI, Antonio; DAVIDOVICH, Fany R.; GEIGER, Pedro (Orgs). Geografia e Meio Ambiente no Brasil, Rio de Janeiro: 1995. BUENO, Beatriz Piccolotto Siqueira. Decifrando mapas: sobre o conceito de ‘território’ e suas vinculações coma Cartografia. Anais do Museu Paulista, junho-dezembro ano/vol. 12. Número 012, São Paulo: USP, 2004, pp.193-234. CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia, escola e construção de conhecimento. Campinas (SP): Papirus, 2003. CASTROGIOVANNI , Antônio C. (org); CALLAI Helena C.; KAERCHER Nestor A. 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