ENSINO DE GEOGRAFIA – ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGENS NAS SÉRIES INICIAIS E CONTINUIDADE NA FORMAÇÃO DO ALUNO Rosirene Borges Rodrigues dos Santos/Universidade Federal de Goiás [email protected] CONSIDERAÇÕES INICIAIS Desafiante é o adjetivo que melhor revela a educação de um grupo de pessoas. Acrescentemos a ele o advérbio extremamente e teremos um quadro mais próximo da realidade em que os educadores no Brasil têm vivido nos últimos anos, visto que os desafios porque estes passam estão cada vez mais complexos. Tenho percebido essa complexidade porque atuo há doze anos como professora de Geografia na rede pública, tanto estadual como municipal em Goiânia em turmas do ensino básico e consigo distinguir que o crescimento das demandas por estudos na área do ensino é cada vez mais urgente. Minha maior atuação neste período tem sido na rede municipal com alunos do 2º Ciclo de Formação Humana (4º ao 6º ano) com crianças e adolescentes de oito a quatorze anos e EJA – Educação de Jovens e Adultos, na modalidade Ensino Noturno (6º ao 9º ano) e é por isso que compartilho minhas reflexões acerca do assunto que trata do caráter multifacetado da Geografia, da aproximação entre as ciências na sala de aula, das atuais pesquisas do meio acadêmico, dos problemas sociais nas escolas e das estratégias de aprendizagem. FORMAÇÃO E O DIÁLOGO ENTRE AS LICENCIATURAS Há um grande salto na produção bibliográfica na área educacional nos últimos anos, especialmente pela criação dos programas de pós-graduação no país e uma incipiente aproximação entre os mestres e doutores das universidades trabalhando com pesquisas dentro das escolas, no entanto, algumas destas pesquisas, quando finalizadas, 1 ainda permanecem nas bibliotecas acadêmicas, em que seu resultado sequer é informado às escolas participantes, conforme registra Perez (2002): No Brasil, a mais notável deficiência do sistema de pesquisa científica e tecnológica é seu confinamento, quase absoluto, aos limites estritos do ambiente acadêmico. (...). Todos os graduandos de licenciatura – ou quem se permite entrar numa sala de aula e ser chamado professor - devem estudar a obra dos grandes pensadores, educadores, psicólogos e filósofos que teorizam sobre educação. Mas, acima de tudo, perceber na prática, in loco, como se processam as relações cotidianas entre conhecimento, professor, aluno e ambiente educacional, conforme reforça CAVALCANTI (2008): (...) ações individuais, ou de grupo, por exemplo, numa pesquisa colaborativa ou num projeto de estágio curricular integrador, são relevantes e contribuem, de fato, para mudanças mais significativas das práticas, mas é preciso ir além e aproximar instituições e contextos, além dos sujeitos. Um exemplo marcante de que há uma distância entre teoria da universidade e prática nas escolas é a desistência de quatro professores recém formados, em menos de dois meses, numa escola da rede pública municipal, região noroeste de Goiânia, em que eu atuava. Aos que tive oportunidade de conversar sobre suas motivações, as respostas foram parecidas: “trabalhar na educação não era bem o que eu pensava” e “eu não estava preparado para esta realidade”. A tradução destas falas, pelas discussões que fazemos em cursos de capacitação ou no diálogo com os colegas é que três motivos são a base para um possível desânimo dos educadores: (1) Há um crescente aumento da violência em sala de aula, que se expressa na agressividade verbal do aluno, na apatia do mesmo e no choque de valores morais entre as gerações – professores e alunos. 2 (2) Problemas sociais de toda ordem: alimentação inadequada, higiene e saúde pessoal, violência doméstica, falta de perspectiva financeira, falta de objetivo de vida, família ausente, alcoolismo, drogas, criminalidade, demências entre outros problemas. (3) Sistema de ensino que inibe a retenção dos alunos, permitindo que alguém quase analfabeto chegue ao último ano do ensino fundamental. A política das redes públicas é exigir que a escola suporte todas as demandas sociais que envolvem desde a alimentação e higiene, passando por campanhas ambientais e contra as doenças tropicais como a dengue, visitar as famílias até encontrar alternativas para os psicóticos. E, obviamente, ensinar a quem ainda não foi alfabetizado e, além de tudo, ensinar os conteúdos de forma precisa. Na maioria dos casos, em apenas quatro horas por dia. Cresce o oferecimento de cursos de capacitação sobre as práticas dos professores. Em geral, as redes conhecem nossas falas e desafios, no entanto, não consegue suportar todas as demandas, como garantir atendimento psicológico aos alunos com reais déficits de aprendizagem ou aos que fazem uso de drogas. O melhor da capacitação é o compartilhamento das experiências bem-sucedidas, no entanto, poucas vezes durante o ano letivo e algumas vezes descontextualizado daquela realidade. Assim, aumentam-se as demandas para as questões de saúde profissional dos professores e do corpo diretivo das escolas. Não basta identificar os problemas da escola, é preciso pesquisar e usar os resultados em benefício daquela comunidade escolar. Daí, a imperiosa necessidade de se fazer pesquisa observando o que há no lugar e divulgado o resultado final àorigem da pesquisa para que a formação do estudante de licenciatura fique estanque e presa aos moldes da universidade e não haja resistência ao apoio dos professores do ensino básico para as próximas pesquisas. Com todos os desafios o ensino básico brasileiro necessita apoio direto do meio acadêmico, não apenas das pesquisas em Licenciatura e Pedagogia, mas também dos profissionais de saúde, neurologia, psicologia, sociologia, filosofia, economia, estatística etc. Entretanto, tenho ciência de que esta afirmação parece um tanto utópica, vez que sequer as ciências das áreas vinculadas diretamente estão cumprindo o papel do diálogo entre elas mesmas. Vejamos o que MORIN (2008:115) coloca sobre o diálogo entre as disciplinas: 3 (...) termos interdisciplinaridade, multidisciplinaridade e transdisciplinaridade, difíceis de definir, porque são significar, pura e simplesmente, que diferentes disciplinas são colocadas em volta de uma mesma mesa, como diferentes nações se posicionam na ONU, sem fazerem nada além de afirmar, cada qual, seus próprios direitos nacionais e suas próprias soberanias em relação às invasões do vizinho. Mas interdisciplinaridade pode significar também troca de cooperação (...) multidisciplinaridade (...) associação de disciplinas (...) as disciplinas ora são convocadas como técnicos especializados para resolver tal ou qual problema; ora, ao contrário, estão em completa interação para conceber esse objeto e esse projeto, como no exemplo da hominização. No que concerne à transdisciplinaridade, trata-se frequentemente de esquemas cognitivos que podem atravessar as disciplinas, às vezes com tal virulência, que as deixam em transe. De fato, são os complexos de inter-multi-trans-disciplinaridade que realizaram e desempenharam um fecundo papel há história das ciências; é preciso conservar as noções chave que estão implicadas nisso, ou seja, cooperação; melhor, objeto comum; e melhor, projeto comum. De fato, há momentos que a linha que divide as disciplinas para o ensino na escola é muito tênue, não havendo uma definição clara sobre se o professor está ingressando na disciplina do outro (Língua Portuguesa, Geografia, Língua Estrangeira, História, Matemática etc.). Sobre isso, nas universidades, percebe-se que há um respeito por todas as áreas do conhecimento, porém não há diálogo suficiente entre elas e, obviamente, refletem-se nas práticas dos professores em sala de aula. Ainda na mesma obra, Morin utiliza um termo capaz de equacionar o desafio de inter-multi-transdisciplinaridade, ou seja, da união das ciências. Devemos “ecologizar” as disciplinas, isto é, levar em conta tudo que lhes é contextual, inclusive as condições culturais e sociais, ou seja, ver em que meio elas nascem, levantam problemas, 4 ficam esclerosadas e transformam-se. É necessário também o “metadisciplinar”; o termo “meta” significando ultrapassar e conservar. Não se pode demolir o que as disciplinas criaram; não se pode romper todo o fechamento: há o problema da disciplina, o problema da ciência, bem como o problema da vida; é preciso que uma disciplina seja, ao mesmo tempo, aberta e fechada. É preciso que se juntem todos os ramos do conhecimento para salvaguardar a educação formal no Brasil sob pena de escrevermos sem fim sobre o assunto, alguns profissionais de educação – os que têm acesso as pesquisas acadêmicas - aliarem teoria e prática, mas não se resolver problema algum devido às inúmeras demandas nas escolas. 2.1. Rede de Pesquisa em Ensino de Cidade, um estudo de caso. Uma boa perspectiva de trabalho que tem surgido, a meu ver, de forma inédita é um grupo de trabalho que tem procurado preencher a lacuna da distância entre as licenciaturas e as escolas. É a Rede de Pesquisa em Ensino de Cidade – REPEC, constituída por professores UFG, UEG e UCG, alunos de graduação e pós-graduação e professores de Geografia da Rede Municipal de Educação de Goiânia e vinculada ao Laboratório de Estudos e Pesquisas em Educação – LEPEG que funciona no Instituto de Estudos Sócio-Ambientais, responsável pelos cursos de Geografia e o recém-criado, Ciências Ambientais pela Universidade Federal de Goiás. Elaborar materiais didáticos temáticos sobre a região metropolitana de Goiânia, em parceria com professores de Geografia da Educação Básica é seu objetivo primordial. Foram elaborados dois fascículos didáticos: um sobre alfabetização cartográfica e outro sobre bacias hidrográficas, ambos relacionados à Região Metropolitana de Goiânia. Na fase atual, estes dois fascículos são aplicados por professores da Rede Municipal de Ensino de Goiânia entre seus alunos, como projeto-piloto. Ainda estão sendo elaborados mais dois fascículos com a temática Urbano e a temática Violência. Estas temáticas foram escolhidas após uma pesquisa realizada com professores da Rede Municipal de Ensino de Goiânia , os quais indicaram a necessidade de se produzir 5 materiais didáticos desses conteúdos específicos, para contribuir na mediação da relação ensino-aprendizagem de Geografia na escola básica, uma vez que há a constatação da escassez desses recursos didáticos, notadamente ao se tratar de Goiânia e seu entorno. 3. ESTRATÉGIAS DE ENSINO DA GEOGRAFIA Em início de carreira, atuando no Ensino Médio, há doze anos, percebi que mapas não eram ferramentas de uso autônomo dos meus alunos, pois muitos tinham conhecimento cartográfico quase sem significância. Classifico-os este modelo como equívocos de uso de um mapa por parte dos alunos: a) Na forma - quando um aluno apontava um mapa político da África como sendo o Brasil com a divisão territorial porque lhe teria um formato semelhante. Isso poderia soar normal não fosse absolutamente contextualizado, pois eu não lhes mostrava o mapa africano e sim o mapa-múndi; b) Na compreensão de cidade e Estado - quando os alunos apontam, ao olhar num mapa político do Brasil mudo (sem nomes), que o Estado de São Paulo é o Estado do Amazonas (porque em suas referências São Paulo é grande, portanto o maior desenho que há lá só pode ser São Paulo); c) Na compreensão das categorias dos lugares - quando os alunos não entendem que estão na sala de aula (e esta sala de aula tem um nome ou n°) que esta sala de aula está inserida numa escola (e esta escola tem um nome), que por sua vez se localiza num bairro (e este bairro é conhecido por um nome) que juntamente com outros bairros, formam uma cidade (que têm um nome) que por sua vez estão num modelo de unidades da federação (e cada um têm um nome) que por sua vez formam um país que tem um nome que está num continente, num sistema de planetas, numa galáxia e todo o conjunto chamamos Universo, que é o todo; d) Na orientação com o uso da rosa-dos-ventos – quando eles confundem a posição dos pontos (especialmente leste-oeste) impressas no papel em comparação à realidade. e) Nas escalas – quando eles não conseguem perceber que se o mapa de Goiás é maior que o Brasil não quer dizer que o Estado de Goiás é maior que o país Brasil e etc. 6 f) No uso indiscriminado do conceito “crítico” vinculado à Geografia – classes inteiras usavam o conceito “crítico” para indignação e/ou zombaria, no sentido de se armarem contra tudo: todos os políticos, a televisão, a direção da escola, o vereador do bairro... no entanto, desconheciam linhas imaginárias, nomes de oceanos da Terra e pontos cardeais, entre outros equívocos. Tantos foram os equívocos observados entre esses alunos do Ensino Médio que um exemplo destoante da situação me surpreendeu, ao encontrar um casal de irmãos que compreendia o mapa-múndi muito melhor que os demais, apesar de terem estudado na mesma escola nos anos anteriores. Eles conheciam o mapa-múndi, as fronteiras, os nomes dos países e ainda participavam mais das aulas. Eu não os considerava mais interessados ou mais inteligentes ou ainda mais receptivos aos conteúdos das aulas, até porque havia outros alunos com estas características e, no entanto não tinham esta mesma abordagem em Geografia. Procurei saber o porquê desta diferença e eles me contaram que achavam que era devido ao jogo War que sempre jogavam em casa. Cabe aqui lembrar que este jogo era no formato cartela e não para uso virtual, no computador, como existe no mercado atualmente. A partir desta constatação, comecei a trabalhar com o mapa-múndi de forma mais consistente. Procurando entender o porquê dos alunos não terem acesso aos mapas, apesar deles estarem presentes em todas as publicações e serem considerado ferramentas importantes por parte dos professores de Geografia, verifiquei que poucos alunos haviam tido oportunidade de realizarem atividades com mapas, sejam locais, regionais ou globais, políticos ou físicos. E que conteúdos como coordenadas geográficas, legendas, escalas eram abordados apenas na 5ª série (hoje 6º ano). Busquei, então, saber o porquê desta aparente contradição, questionando entre os professores mais experientes das licenciaturas e soube que os próprios professores, ou seus antecessores, especialmente dos anos 80, teriam renunciado ao uso de mapas – no caso em Goiânia - porque houve a retomada da Geografia política, econômica e social após o fim da ditadura no início dos anos 80. Por décadas, a Geografia foi meramente descritiva e em nome da ditadura quando o ensino da memorização era o exercício mais usado da Geografia. Com a abertura política, os professores formados passaram a priorizar priorizando tudo o que fosse “crítico” ou tivesse cunho político, econômico e social. 7 De fato, na minha formação dos anos 90 não me lembro de estudos com informações tais como o posicionamento dos estados brasileiros, o conhecimento das capitais ou um incentivo por exercitar a memória visual nos mapas de bairros, ou dos municípios de Goiás, do Brasil, dos países do mundo. 3.1. A alfabetização cartográfica Felizmente, existe atualmente um movimento para a alfabetização cartográfica em trabalhos de vários pesquisadores nos cursos de pós-graduação pelo país, como SIMIELLI (1996) que além dos atlas publicados, oferece estudos e linhas de pesquisa que desenvolvem técnicas para aprimoramento deste conhecimento como na representação tão abstrata das formas topográficas e nas passagens da tridimensionalidade (realidade) para a bidimensionalidade (mapa). Também MORAES (2006) que se preocupa em pesquisar e divulgar o trabalho nas séries iniciais com mapas, enfatizando que o trabalho com a alfabetização cartográfica : (...) são indicadas para os anos iniciais do ensino básico (2º ao 5º ano). Entretanto, caso o aluno não tenha tido essa formação, a sugestão é que sejam implementadas também em anos posteriores (6º e 7º ano especialmente). Após esse trabalho de alfabetização cartográfica o professor terá condições de trabalhar mais adequadamente com produtos cartográficos já elaborados (mapas, cartas e plantas), os quais têm maior rigor nas suas representações, com símbolos e convenções cartográficas, muitas delas internacionalmente padronizadas. Ao encontrar tanta publicação acerca do assunto “alfabetização cartográfica”, termo este desconhecido na época de minha formação levou-me à franca alegria porque entendo que a cartografia é um excelente recurso para se entender o mundo. O aluno o vê, sente o “pulsar” do mundo, ouve falar cidades, lugares tidos como distantes, em países, em continentes, nas reportagens, no convívio familiar. As atividades a seguir foram aplicadas a alunos de 6º ano, 7º e 8º ano e foram devidamente ilustradas por um conjunto de mapas com boa visualização em quadros de cerca 1,5m2 e ficam expostos nas paredes das salas de aula permanentemente. São mapas de Goiânia, (embora esteja defasado, com a ausência de alguns bairros), do 8 Estado de Goiás com todos os municípios goianos, do Brasil político e do planisfério político. Estou sentado numa cadeira e eu me chamo __________________. Essa cadeira faz parte de uma sala de aula que é a sala _________ que está dentro de uma ____________________________________ escola que está chamada num bairro cujo nome é ___________________________________ que fica numa cidade chamada _____________________ ________________ ________________ que que se é um que é localiza dos a capital do em um país países do Estado de chamado continente chamado _________________________________ que fica num planeta chamado __________________ que ________________ é que um dos está ______________________. Todos nove planetas na esses do galáxia lugares recebem Sistema chamada o nome de __________________________. Ocupamos um lugar no espaço. Estamos sentados na cadeira dentro de uma sala de aula que fica na escola que está dentro do bairro que está dentro da cidade que fica em um estado que se localiza numa região que é uma das cinco regiões de um país que está dentro de um continente que está no planeta que fica num sistema dentro da galáxia. Isto é tudo que existe. Agora enumere de acordo com os lugares. ( 1 ) Eu ( Universo ( ) Terra ) Goiânia Região Centro-Oeste ( Morais ( ( ) Escola ( ) Sala ( 5ª ) Brasil ( ( ) América do Sul ) Goiás ) Via Láctea ( ( 13 ) ( ) ) Setor Cândida de ) Sistema Solar Municipal Cel. José Viana Alves Apesar disto, 20% dos alunos ainda tiveram dificuldade em compreender que Goiânia é uma cidade/município do Estado de Goiás, que por sua vez é um estado brasileiro de um país que está na América do Sul que é a parte sul do continente americano, um dos continentes do planeta Terra. Isso porque a visualização do mapa para alguns não leva em conta a ampliação dos mapas. Há alunos que levam muito tempo para compreender que o mapa de Goiânia está maior que o Brasil apenas por estar ampliado. Para estes, apenas mostrando o “formato” do mapa de Goiânia inserido num “tamanho menor” no mapa de Goiás e este no Brasil é que a aprendizagem se fez presente. 9 Este problema da noção de escala poderá ser resolvido através das novas tecnologias de imagens como as resultantes do Google Earth, que tornam claras a noção de local-global e global-local conforme se utilizam a ferramenta de aproximação e afastamento no planeta. Sobre isso, realizo uma pesquisa na área de geotecnologias aplicadas à educação, em fase de finalização. Registro que concluí nos últimos anos que é feliz o professor que cria suas próprias técnicas, observando, interagindo, e depois os resultados são concretos. Como é bom registrar os acertos dos alunos nas avaliações individuais e sem consulta. Eles aprenderam, conseguiram visualizar o que planejei. 3.2. Cartografia e Topônimos Gostaria de poder contribuir com o fim de falas de educadores sobre o ensino de topônimos. Há uma comunidade virtual na famosa rede de relacionamentos Orkut “Geógrafo não é atlas”, com mais de 5.000 participantes. Entendo que não temos condições de saber os nomes de todos os acidentes geográficos, localidades no mundo, bairros do nosso município (Goiânia registra mais de 500 bairros), ou a posição de todos as centenas de países com suas capitais, mas devemos saber a posição dos estados brasileiros e se esforçar para conhecer pelo mapa – e in loco – se possível, dos municípios dos estados brasileiros. Esta medida ajuda nosso alunado a ver maior significância em sua aprendizagem e fortalece nossa confiança ao ensinar sobre determinados assuntos. Segundo Menezes (2008): os nomes geográficos tornam os lugares testemunhos históricos do povoamento, descobrimento, presença e permanência sobre e do espaço geográfico. Este registro histórico é marcado pela passagem de gerações, raças, povos e grupos lingüísticos na sucessão e ocupação de um território. Revela tendências sociais, religiosas, políticas. Os nomes geográficos singularizam lugares, identificando-os claramente. (...) São os testemunhos históricos do povoamento, descobrimento, conhecimento, presença, permanência entre outros do espaço geográfico. Através deles é marcada a 10 passagem de gerações, raças, povos e grupos lingüísticos, na sucessão da ocupação de um território. Oliveira (2005) cita Vygotsky, que refere-se à memória infantil como diferente do adulto, não em termos da quantidade de material que pode ser lembrado, mas dos modos de organização do processo de rememoração. Ele afirma que a criança “pensa lembrando” e o adulto “lembra pensando”. É muito mais fácil à criança usar seu poder de memória nas aprendizagens de forma lúdica dos topônimos. E assim como a alfabetização cartográfica deve perpassar aos adolescentes, jovens e adultos que não tiveram a oportunidade deste estudo, lembro que é possível trabalhar com topônimos na continuidade da formação do aluno do ensino básico. CONSIDERAÇÕES FINAIS As pesquisas vinculadas às metodologias de aprendizagem, às didáticas e a constante vigilância sobre como o aluno aprende não devem estar nas faculdades dedicadas à formação de pedagogos. Elas devem perpassar sobre todos os cursos de licenciatura porque os que estão indo para a sala de aula não são apenas os pedagogos e nossos coordenadores pedagógicos na maioria das vezes não conseguem auxiliar nas dificuldades dos professores em sala de aula, até porque cabe ao professor licenciado a informação daquele conteúdo. REFERÊNCIAS CAVALCANTI, Lana S. Formação inicial e continuada em geografia: trabalho pedagógico, metodologias e (re) construção do conhecimento. In: Formação de professores: reflexões do atual cenário sobre o ensino da geografia/ org. Beatriz A. Zanatta, Vanilton C. Souza – Goiânia: NEPEG, 2008, ed. Vieira, 180 p. 11 MENEZES, Paulo M. L; SANTOS, Cláudio J. B. Geonimia e Cartografia: da pesquisa histórica ao geoprocessamento. Portal da Cartografia. Londrina, v.1, n.1, maio/ago., p. 75 92, 2008. MORAES, L.B. A alfabetização cartográfica nas séries inicias da educação básica. In: V Seminário das Licenciaturas, 2006. MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento; tradução Eloá Jacobina. – 15ª ed. – Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008. OLIVEIRA, Marta Khol. História, consciência e educação. Viver Mente e Cérebro – Coleção Memória da Pedagogia, São Paulo, v.2, p. 6-13, 2005. PEREZ, José Fernando. Pesquisa: a construção de novos paradigmas. São Paulo em Perspectivas. 16(4), 30-35, 2002. SIMIELLI, Maria E. R. Cartografia e ensino: proposta e contraponto de uma obra didática. São Paulo, 1996. Tese (Livre Docência) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo. 12