percepção das manicures e pedicures frente as - TCC On-line

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PERCEPÇÃO DAS MANICURES E PEDICURES FRENTE ÀS HEPATITES B E C
E SEUS METODOS DE PREVENÇÃO EM SALÕES DE BELEZA NA REGIÃO
METROPOLITANA DE CURITIBA
Clicélia Terezinha Kuhn1, Mario Rene2
1 Acadêmica do curso de Tecnologia em Estética e Imagem Pessoal da Universidade Tuiuti do
Paraná (Curitiba, PR);
2 Biólogo, Prof. Msc Universidade Tuiuti do Paraná.
Endereço para correspondência: Clicelia Kuhn, [email protected]
RESUMO: As hepatites B e C constituem relevantes problemas de saúde pública em todo o
mundo. O compartilhamento de artigo de higiene pessoal como barbeadores, escovas de
dentes, alicate de manicure, espátulas e cortadores de unhas atuam como fator de risco
importante para a transmissão de vírus da hepatites B e C. Este estudo objetivou avaliar os
métodos de esterilização, sendo considerado os métodos físicos e físico-químico e o
conhecimento sobre o vírus das hepatites B e C e suas vias de transmissão, através
questionários aplicados em 10 profissionais da região metropolitana de Curitiba. Em relação
ao compreendimento sobre o problema os resultados mostraram-se insatisfatórios.
Concluindo-se então a atuação dos órgãos competentes junto aos salões capacitando as
profissionais, diminuindo assim a transmissão do vírus.
Palavras-chave: Esterilização, hepatite, controle de infecção.
_________________________________________________________________________
ABSTRACT: Hepatitis B and C are important public health problems worldwide. Sharing
article toiletries like razors, toothbrushes, manicure pliers, nail clippers and trowels act as an
important risk factor for transmission of hepatitis viruses B and C. This study aimed to
evaluate the methods of sterilization methods being considered the physical and physicchemical and knowledge about the hepatitis B and C and their transmission routes through
questionnaires in 10 professionals metropolitan region of Curitiba. In relation to understood
of the problem, the results were unsatisfactory. Conclusions that the action of the competent
organs work together with the salons to built the capacity of professionals, thereby
decreasing transmission of the virus.
Keywords: Sterilization, hepatitis, infection control.
__________________________________________________________________________
1
1. INTRODUÇÃO
Segundo a OMS, 2 bilhões de pessoas já se infectaram com o vírus da
hepatite e cerca de 600.000 pessoas morrem por ano devido às hepatites. Mesmo
com descobertas e progressos realizados nas ultimas três décadas a hepatite B e C
ainda são consideradas uma doença infecciosa grave. 1,2.
Tratando-se da transmissão o Vírus Humano da Hepatite B (HVB) do e Vírus
Humano da Hepatite C (HVC) encontra-se no sangue, saliva, secreções, entre
outros materiais biológicos. Entre todas as maneiras de contaminação, considera-se
o compartilhamento de materiais contaminados utilizados em salões de beleza um
grande agravante para a transmissão do vírus1,3.
Nestes estabelecimentos, os funcionários devem receber orientações sobre
transmissão do vírus de HVB e HVC, métodos de prevenção e reprocessamento de
materiais, sobre a importância da higienização das mãos, respeitar e adequar-se as
normas de vigilância sanitária vigentes, seguir as normas de boas práticas para
garantir a segurança e qualidade nos serviços prestados aos seus clientes4.
A esterilização dos materiais utilizados nos procedimentos de manicure é a
melhor forma de erradicação da transmissão deste vírus. Os métodos de
esterilização podem ser realizados de forma física, química ou físico-quimica
automatizada. O método de vapor saturado sob pressão (autoclave), calor seco
(estufa) e Oxido de Etileno (ETO) são os principais 4,5.
O objetivo deste estudo é descrever processos de esterilização, realizar uma
breve revisão sobre as hepatites B e C, pois elas são as mais freqüentes e
contagiosas doenças infecciosas relacionadas aos serviços prestados à saúde e
verificar o nível de conhecimento das profissionais de salões de beleza, diante da
transmissão e prevenção das hepatites B e C.
1.1 Biossegurança
Atualmente a biossegurança é uma preocupação de todos os serviços
relacionados à saúde, onde pode-se incluir os serviços estéticos, qual representa
uma área com grandes possibilidades de infecção (é a colonização de um
organismo hospedeiro por algum tipo de microorganismo) e infecção cruzada (é a
transferência de micrrorganismo de uma pessoa para outra pessoa, podendo ocorrer
2
de forma direta, contato direto com a fonte de infecção, ou indireta, a transferência
ocorre por meio de veículos)4,6.
Biossegurança é o conjunto de ações voltadas para a prevenção, diminuição
ou
eliminação
de
riscos
as
atividades
de
pesquisa,
produção,
ensino,
desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços, visando à saúde do homem,
dos animais, a preservação do meio ambiente e a qualidade dos resultados 4,7.
Porém para que os conceitos de biossegurança sejam implantados e
consolidados, é necessária a conscientização por parte dos profissionais,
principalmente sobre a importância da adoção de medidas de controle de infecção
como forma eficaz de redução dos riscos de transmissões de agentes infecciosos 4.
1.2 Barreira biológica
A pele atua como uma das barreiras biológicas mais importantes contra os
microorganismos. Entretanto quando agentes infecciosos encontram a barreira
biológica rompida, ou quando são inoculados por meios de instrumentais no
organismo,
os
microorganismos
encontram
condições
favoráveis
ao
seu
desenvolvimento, iniciando assim um processo infeccioso. Alguns procedimentos na
área manicure e pedicure, podem atuar como facilitador de entrada de
microorganismos nos tecidos humanos3. Visando a padronização da nomenclatura,
no estudo adotou-se o termo “instrumentais” para todos os materiais utilizados nos
procedimentos de manicure e pedicure. Como exemplo destes instrumentais,
podemos citar: alicates, espátulas, toalhas, algodão, palitos, entre outros. Observouse que a maioria desses instrumentais pode atuar como vetor na transmissão
cruzada de agentes infecciosos, justificando assim o controle de infecção em salões
de beleza8.
O conceito de controle de microorganismos é definido como um conjunto de
conhecimentos utilizados para controlar, destruir, inibir ou remover microorganismos
em seu meio, e para que o controle de infecção seja eficaz, devem ser adotadas
medidas básicas, dentre elas o rigoroso controle de microorganismos de
instrumentais através da esterilização, lavagem das mãos e assepsia do ambiente 4,8.
3
1.3 Lavagem das mãos
A assepsia das mãos é considerada a ação isolada mais importante no
controle de infecções em serviços relacionados à saúde, sendo comprovada a
correlação entre a higiene das mãos e instrumentais e a diminuição na transmissão
de microorganismos, devendo ser realizada a lavagens das mãos antes e depois de
cada atendimento6,8-10. A utilização simples de água e sabão pode reduzir a
população microbiana transitória presentes nas mãos, e interromper a cadeia de
transmissão de microorganismos, a ação de higienização das mãos pode ser
intensificada quando utilizado agentes com base alcoólica. As manifestações de
preocupação com a necessidade da higiene das mãos iniciaram-se no século XI,
porém já no século XIX, surgiu a primeira evidência cientifica que a higienização das
mãos poderia evitar a febre puerperal, porem essa prática não foi compreendida
pelos profissionais da época. Mesmo com a constatação da importância deste gesto
simples, vem sendo ignorada facilitando a transmissão de microorganismos, estes
que podem ser transmitidos de maneira direta ou indireta, por meio de gotículas de
secreção respiratórias e pelo ar6,11.
A microbiota normal da pele é dividida em microbiota residente, composta por
elementos aderidos normalmente nos estratos mais profundos da camada córnea,
formando colônias de microorganismos e se mantém em equilíbrio com o
hospedeiro, são microorganismos de difícil remoção, porém quando por alguma
causa são eliminados no ambiente, apresentam pouca patogenicidade, podendo
causar infecções em pessoas suscetíveis, e microbiota transitória, composta por
microorganismos que se depositam na superfície da pele, formada normalmente por
bactérias, fungos e vírus, apresentando alto nível de patogenicidade, sendo estes de
fácil remoção através da ação mecânica 6,11.
1.4 Esterilização
Esterilização é o processo de destruição de todas as formas de vida
microbiana (bactérias, vírus, fungos e esporos) mediante a aplicação de agentes
físicos, químicos ou físicoquímico1,4,6-8,10,12-14. Obtendo-se assim um objeto estéril, no
sentido microbiológico, livre de microorganismos vivos. Cabe ressaltar que o
conceito de esterilização utilizado neste estudo alcança apenas a esterilização
4
através de métodos físicos, sendo eles o forno de Pasteur (calor seco), Autoclave
(calor úmido) e meio físico-químico ETO (oxido de etileno). Optou-se por estes
métodos por estes serem mais utilizados pelos centros de beleza4.
1.4.1 Esterilização física
A esterilização por meio físico consiste na utilização do calor, em suas varias
formas, sendo indicada para instrumentais termorresistente, podendo ser utilizada
na forma de calor seco ou úmido4,12.
1.4.1.1 Esterilização através do calor seco
O equipamento utilizado para a esterilização através deste método é o forno
de Pasteur, conhecido também como estufa. O processo baseia-se no calor gerado
através de resistências, este método requer altas temperaturas e longo tempo de
exposição. A irradiação do calor causa a destruição dos microorganismos, ocorrendo
uma desidratação progressiva do núcleo das células. Este processo é mais indicado
para metais, instrumentais de ponta ou corte, que podem ser oxidados pelo vapor,
sendo inadequado para tecidos, plásticos, borrachas ou papel. Ao colocar uma
carga no forno deve-se deixar espaço suficiente entre as caixas metálicas para
haver uma adequada circulação do calor5,10.
As temperaturas sugeridas para ciclos de esterilização por calor seco são
apresentadas na tabela 01.
Tabela 01 – Relação tempo de exposição-temperatura sugerida para os ciclos de
esterilização por calor seco.
Temperatura (0C)
Tempo de exposição (min)
170
60
160
120
150
150
140
180
Fonte: Tratado de medicina estética, 2011
Para uma esterilização efetiva deve-se marcar o tempo de exposição quando
o termômetro de bulbo instalado no orifício superior da estufa atingir a temperatura
ideal, a estufa deve permanecer fechada durante o ciclo de esterilização, terminado
5
o ciclo, a estufa deve ser desligada para o resfriamento gradual dos instrumentais e
evitar a condensação de vapor e umedecer os instrumentais 4,6,9.
Alguns autores demonstraram a falta de padronização do procedimento para
a esterilização no forno de Pasteur que podem comprometer a eficácia do ciclo de
esterilização, as falhas mais freqüentes são: tempo de esterilização insuficiente, falta
de treinamento para operar o equipamento, instrumentais inadequadamente limpos,
caixas metálicas com excesso de material impedindo a circulação de ar, interrupção
do ciclo de esterilização, para a colocação ou retirada de materiais e ainda a sobre
carga do equipamento qual não pode ultrapassar a marca de 80% do interior do
equipamento2,5,13.
1.4.1.2 Esterilização através do calor úmido
A esterilização através do calor úmido é realizada em autoclaves, sendo
considerado o método mais seguro, acessível e rápido do mercado, qual emprega
vapor de água sob pressão em temperatura aproximada de 121°C5,10,12, com tempo
de exposição de 20 a 30 minutos 7,8,12,13. Neste processo, os microorganismos são
destruídos pela ação combinada do calor, pressão e da umidade que promovem a
termocoagulação e a desnaturação das proteínas da estrutura genética celular 6,13.
Este método é o mais indicado por preservar a estrutura dos instrumentais metálicos
e de corte, permite a esterilização de tecidos, vidros e liquido, devendo observar-se
sempre o tempo de exposição e temperaturas indicadas. Ao colocar a carga na
autoclave, deve-se certificar-se que a mesma não ultrapasse o nível de 70% da
capacidade interna da autoclave, os pacotes devem ser dispostos paralelamente uns
aos outros, mantendo ao menos 1 cm entre os pacotes e não encostando os
mesmos nas paredes internas da câmara, favorecendo a circulação do vapor e
facilitando a secagem dos pacotes10. Atualmente existem autoclaves que
apresentam dispositivos de secagem através da sucção do ar, aproveitando o calor
dos instrumentos que foram aquecidos pelo calor. A qualidade da água utilizada
neste processo e vital, devendo ser utilizada somente água destilada ou filtrada 4.
6
1.4.2 Esterilização através de processo físico-químico
A esterilização por meio físico-químico consiste na utilização do calor e a
concentração de gás, umidade e tempo de exposição, sendo indicada para
instrumentais termossensíveis quais não podem ser expostos ao vapor 8,13.
1.4.2.1 Esterilização através de EtO (Oxido de Etileno)
O oxido de etileno é um éter cíclico, que apresenta-se em forma de gás
incolor e inodoro, altamente inflamável, explosivo e com potencial carcinogênico,
porém quando misturado a um gás inerte, sob determinadas condições, os riscos de
incêndios são minimizados a níveis seguros6-8. É um poderoso agente esterilizante,
A atividade microbicida do EtO é considerada resultante da alquilação das cadeias
proteícas do DNA e RNA, impedindo a multiplicação celular, inativando todos os
microorganismos, sendo os esporos bacterianos os mais resistentes, especialmente
o B. subtilis, qual é utilizado como indicador biológico do processo 6,8,13. O EtO é
normalmente utilizado por empresas, é um processo lento e apresenta custo elevado
para suas instalações, necessita de instalações próprias, local isolado e aerado bem
como uso de EPI´s especiais8.
1.5 Reprocessamento de materiais
A eficiência da esterilização depende de um preparo prévio, que consiste na
classificação,
lavagem,
secagem,
revisão,
preparo
e
empacotamento
dos
instrumentais. Falhas cometidas nestas etapas, podem comprometer o resultado da
esterilização, cuja a qualidade é importante para a realização dos procedimentos de
manicure e pedicure4,5,6.
É fundamental a análise e a pré-seleção dos instrumentais a serem
reprocessados, devendo-se considerar critérios tais como se o material pode ser
reprocessado, se o método disponível é compatível com as propriedades do
instrumental, riscos ocupacionais, análise do custo benefício, entre outros4.
Os instrumentais utilizados em manicure e pedicure podem ser separados em
três categorias propostas por Spaulding, sendo classificados como críticos,
instrumentais utilizados em procedimentos invasivos com penetração em pele
apresentando grande risco de transmissão de infecção, semi-criticos, instrumentais
7
que entram em contato somente com mucosa íntegra e pele não íntegra, e não
críticos, instrumentais que entram em contato com a pele íntegra ou que não entram
em contato direto com o cliente4-8,13.
1.5.1 Central de materiais
Todo o processamento de instrumentais deve ocorrer na Central de Materiais
e Esterilização. Área que destina-se a instalação de equipamentos destinados ao
preparo e esterilização dos instrumentais, o local deve ser dotado de bancada com
pia com água corrente e potável para uso exclusivo para limpeza dos instrumentais 9.
Não havendo local próprio para a realização do preparo, pode ser destinado um
espaço dentro da área de procedimento, desde que seja respeitado a necessidade
de estrutura mínima e adoção de medidas padronizadas, entre elas o fluxo
adequado dos instrumentais afim de evitar o cruzamento de instrumentais limpos e
esterilizados e instrumentais contaminados, cabe ressaltar que os profissionais
responsáveis por esta área devem ser treinados e utilizarem EPI´s (avental
impermeável de manga longa, touca, óculos de proteção, luvas de borracha e
calçados impermeáveis1.4.6.13).
1.5.2 Limpeza dos instrumentais
A primeira etapa para o correto reprocessamento de instrumentais consiste na
limpeza10, cujo o objetivo e a remoção das sujidades visíveis, pois matéria orgânica
presente envolve os microorganismos, protegendo-os da ação do agente
esterilizante8. Recomenda-se deixar os instrumentais abertos, desarticulados e
desmontados, totalmente imersos em solução de água adicionada de detergente
enzimático, respeitando a diluição e tempo de imersão propostas pelo fabricante 6.13.
Decorrido o tempo recomendado, na forma manual, realiza-se fricção em todos os
instrumentais utilizando uma escova de plástico, em seguida enxaguado com água
potável, esta etapa é finalizada com a secagem dos instrumentais, qual tem o
objetivo de evitar a interferência da umidade no processo de esterilização, a
secagem pode ser realizada com pano limpo e seco, papel toalha ou estufas
reguladas para esse fim1,4,6,9.
8
1.5.3 Revisão e preparo dos instrumentais
A revisão deve ser durante o preparo dos instrumentais, e consiste na
verificação da integridade das funções cós instrumentais ou presença de sujidades.
O preparo consiste na montagem dos kits e empacotamento. Esta etapa deve ser
realizada em área limpa e organizada, devendo existir no local as listas dos
instrumentais que compõem cada kit4.
1.5.4 Empacotamento dos instrumentais
Os instrumentais devem ser acondicionados em invólucros adequado para o
método de esterilização empregado 9,12. A embalagem do instrumental é de vital
importância durante e após o processo de esterilização, garantindo a qualidade e a
longevidade da esterilidade. As embalagens devem atender as especificações do
equipamento para garantir que o instrumental foi esterilizado com segurança,
considerando a permeabilidade para a penetração do agente esterilizante 4.
1.5.5 Tipos de embalagens e identificação dos pacotes
As embalagens indicadas para o forno de Pasteur são as caixas metálicas e
papel Kraft n
0
8010, os instrumentais contidos em seu interior devem ter um limite
para proporcionar a correta circulação do calor e todas as caixas deverão ser
fechadas com tampa. A embalagem recomendada para a esterilização em autoclave
é o papel grau cirúrgico com indicador químico com mudança da cor após exposto
ao processo, podendo ser encontrado na forma de envelopes ou rolos, com
diferentes tamanhos, devendo ambas as embalagens ser seladas a quente, de
modo que não apresentem rugas, neste processo não é necessário a utilização de
caixas, tecido de algodão cru ou sintético duplo, caixas próprias para a utilização em
autoclaves, entre outras6,10. A esterilização deverá ser repetida quando a
embalagem apresentar danos (rasgos, furos ou abertas), umidade ou não houver
mudança na cor do indicador químico, devendo ser trocado a embalagem4.
Todo o instrumental empacotado para ser esterilizado deve conter a
identificação do material contido dentro da embalagem, data e lote, assim como o
nome legível do responsável que o preparou, estando assim o instrumental pronto
para ser esterilizado1,4,6.
9
1.5.6 Estocagem
A estocagem dos materiais esterilizados deve ocorrer em ambiente fechado,
limpo, com umidade relativa de 30 a 60% com temperatura máxima de 25°C.
Recomenda-se que a estocagem seja feita em armários com portas ou em caixas
plásticas com tampa, sempre com superfícies lisa para facilitar a assepsia do local.
O prazo de validade é variável, dependendo da embalagem e da eficiência do
empacotamento1,4. Em geral é de 7 dias para a esterilização por calor úmido e
seco4, podendo chegar a anos para ETO6.
1.6 Validação dos processos
Validação é a verificação prática e documentada de todo o processo de
esterilização, que avalia o desempenho dos equipamentos e certifica-se que
cumprem suas finalidades12. A validação do processo de esterilização através do
monitoramento, deve-se incluir uma combinação de indicadores químicos, biológicos
e controles físicos, que avaliem as condições de esterilização e a eficácia do ciclo de
esterilização. A monitoração física corresponde ao controle de tempo de exposição,
da temperatura e da pressão. Os indicadores químicos consistem em fitas adesivas
ou embalagens impregnadas com tinta termocromica, ambos os métodos servem
somente para diferenciar o instrumental exposto ao calor dos não expostos. O
indicador biológico, é um sistema de ampolas que contém suspensão de esporos do
tipo Geobacillus stearothermophilus (autoclave)12, é um microorganismo não
patogênico e termofilo15, e Bacillus subtilis, bactéria Gram-positiva não patogênica16
(forno de Pasteur e EtO), são utilizados para testar a eficácia do processo quanto a
destruição dos microorganismos7. As ampolas são colocadas dentro de pacotes
testes (assim identificados) em pontos pré determinados. A periodicidade ideal para
realizar a validação do processo é de uma vez por semana, seguindo as orientações
do fabricante. É necessário ainda o registro de todos os ciclos realizados, contendo
dia, tempo de exposição, pressão (quando o processo apresentar), lote, entre outros
dados, sempre assinados pelo responsável pelo ciclo 4.
10
1.7 Hepatites
Doenças infecciosas de origem bacteriana ou viral, que podem ser
transmitidas em centros de beleza, uma vez que estes locais são considerados
possíveis fontes de contaminaçãopois trabalham com equipamentos capazes de ferir
ou cortar a pele facilitando a entrada de possíveis microorganismos, pois em centros
de beleza trabalha-se com clientes relativamente saudáveis e que podem não
apresentar sinais e sintomas da hepatite 17.
1.7.1 Hepatites B
O VHB é um vírus DNA envelopado de cápsula dupla, membro da família
Hepadnavirus, é resistente e suporta extremos de temperatura e umidade 8, podendo
sobreviver até sete dias no ambiente1,3,5. A infecção pelo VHB é uma das causas
mais comuns de doença viral no mundo, ainda muito mais infecciosa que o vírus do
HIV1,3,5.
Tratando-se da transmissão da doença, o vírus VHB, encontra-se no sangue,
saliva, colostro, sêmen e secreções, sendo através destes materiais que ocorrem a
transmissão horizontal, podendo ocorrer também de forma vertical quando a mãe
transmite ao filho através da placenta. Outras fontes possíveis de infecção são:
transfusão de sangue ou hemoderivados, compartilhamento de perfurocortantes e
acidentes com material biológico1,2,3,12,18. O VHB tem regressão assintomática e
espontânea em até 80% dos casos, mas em situação contrária pode levar a sinais
sintomas, entre eles mal estar, dor articular, astenia, icterícia, falta de apetite,
náuseas, entre outros sintomas, e na fase crônica pode apresentar cirrose ou
hepatocarcinoma1,2,12,18.
A transmissão do VHB pode ser evitada com a conscientização e capacitação
dos profissionais da beleza através de métodos de preventivos, como a higiene das
mãos entre cada atendimento e uma correta lavagem seguida de esterilização dos
instrumentais compartilhados1. A vacinação contra o vírus VHB o método mais eficaz
na prevenção da contaminação, sendo indicada para todos os profissionais da área
da saúde2,7,10,18. Devendo ocorrer um esquema de vacinação, sendo a 1 a dose no
dia zero, 2a dose após 30 dias e a 3a dose em 150 dias a contar da segunda
dose2,3,7,18.
11
1.7.2 Hepatites C
O vírus VHC foi descoberto no fim da década de 70, é um vírus da família
Flaviviridae, com genoma em fita simples8,19, é uma infecção grave que pode evoluir
a cronicidade em ate 85% dos casos com evolução lenta (anos ou décadas),
podendo apresentar amplo espectro clínico, desde formas assintomáticas até a
hepatite
crônica
intensamente
ativa,
podendo
evoluir
para
cirrose
e
19
hepatocarcinoma , é transmitido de forma direta, percutâneo, através do sangue
contaminado2,3,7,17 ou mesmo escova de dentes19. Sendo indivíduos com maior risco
de contaminação usuários de drogas injetáveis8,19. A grande dificuldade de estudo
da hepatite C reside no fato de ser um patógeno humano, não havendo meios de
cultura que adaptem-se à pesquisa, e o único animal compatível com os estudos são
os chimpanzés, porém de custos proibitivos. A prevalência do VHC em profissionais
da área da saúde é baixa3, não há vacinação contra o VHC e tampouco uma
profilaxia eficaz pós-exposição3,7,8.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica em livros e publicações em periódicos
artigos científicos entre os anos de 1995 a 2012, por meio de sites consulta de seus
acervos de dados como Lilacs, PubMed e Scielo.
Seguida de uma pesquisa exploratória onde o instrumento para a coleta de
dados foi um questionário com pesquisas semi estruturadas, tendo como critério de
inclusão, profissionais atuantes na profissão de manicure ou pedicure, salões
localizados na região metropolitana de Curitiba, os salões foram escolhidos
aleatoriamente somando um total de 10 salões participantes, contando com um
questionário com onze perguntas aplicadas a um total de dez manicures, onde todos
os dados utilizados foram previamente autorizados pelos participantes. Todas as
participantes foram do sexo feminino, não sendo este um pré requisito, porem foi
observado que na profissão de manicure ou pedicure predomina profissionais do
sexo feminino.
12
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para analisar o perfil de conhecimento das profissionais da região
metropolitana de Curitiba, foi elaborado um questionário contendo onze perguntas
relacionadas ao assunto e ao perfil das profissionais listados abaixo:
1- Idade:
2- Escolaridade:
3- Tempo de profissão:
4- Você possui carteirinha de vacinação, e quais foram as vacinas que você tomou?
5- Quais as doenças que podem ser transmitidas através do contato com sangue?
6- Qual a atividade que você exerce que apresenta risco de contagio para a hepatite
B e C?
7-Existe risco de você como profissional transmitir a hepatites durante um
atendimento?
8- Você usa luvas em todos os procedimentos?
9- Qual o método de desinfecção utilizado em sua área de trabalho?
10-O estabelecimento em qual você trabalha dispõem de autoclave ou outro
equipamento de esterilização?
11-Você recebeu algum tipo de treinamento relacionado com esterilização e/ou
desinfecção?
Este questionário teve como principal alvo avaliar o conhecimento das
profissionais dos salões de beleza da região metropolitana de Curitiba em relação a
transmissão das hepatites B e C e seus métodos de prevenção. Posteriormente os
dados foram analisados e inseridos na tabela e gráficos listados a seguir:
Pergunta
Sim
Existe risco de você como profissional transmitir
a hepatites durante um atendimento?
Não
8
2
Você usa luvas em todos os procedimentos?
1
9
O estabelecimento em qual você trabalha
dispõem de autoclave ou outro equipamento de
esterilização?
Você recebeu algum tipo de treinamento
relacionado com esterilização e/ou desinfecção?
10
0
10
0
13
Figura 1. Profissionais que apresentam carteira de vacinação e tomaram
vacina contra o vírus da hepatite B
Figua 2. Quais as doenças que podem ser transmitidas através do contato
com sangue?
1
Micoses não são doenças transmissíveis através do sangue
14
Figura 3. Atividade que apresenta risco de contagio da hepatites B e C
Figura 4. Qual o método de desinfecção utilizado em sua área de trabalho?
Os resultados a respeito do tempo de profissão variam entre cursando (o
curso de manicure, já atendendo ao público) a dezoito anos de atuação. Com idades
entre dezesseis anos até quarenta e seis anos de idade, todas do sexo feminino,
15
com escolaridade entre o ensino médio em 90% dos casos e o nível superior
representando 10%.
Percebe-se que os métodos de esterilização são conhecidos, e todas as
profissionais receberam o treinamento em algum momento de sua vida profissional,
observou-se ainda que o método mais utilizado nos estabelecimentos visitados foi a
autoclave e forno de Pasteur sendo que a esterilização a EtO não foi citada em
nenhuma das entrevista isto se deve ao fato de que autoclave e forno de Pasteur
são métodos mais simples e podem se realizados no próprio local.
Entre as entrevistadas 90% possuíam carteira de vacinação e 10% respondeu
não ter carteira de vacinação, demonstrando que estes 10% não conhecem a
importância do registro de vacinação. Apenas 50% das entrevistadas afirmaram ter
tomado as três doses de vacina contra o vírus da hepatite B, dado alarmante
considerando risco transmissão de hepatites entre estes profissionais.
Ao se tratar de doenças transmissíveis pelo contato com sangue, todas as
entrevistadas responderam em primeira resposta HIV, destas 70% incluíram
hepatites, como já mencionado anteriormente o vírus da hepatite é muito mais
infeccioso e resistente se comparado ao vírus do HIV, porem devido a falta de
campanhas de divulgação sobre a hepatites, as profissionais não compreendem a
gravidade da doença, qual pode facilmente evoluir a óbito ou causar danos
irreversível ao portador da doença, tendo como única alternativa de cura o
transplante de fígado.
Entre as entrevistadas, 90% concordam em que na atividade de manicure
pode-se contaminar com o vírus da hepatites, através de cortes ou instrumentais mal
esterilizados ou instrumentais contaminados, porem não assimilaram a doença com
sua via de transmissão e contágio (o sangue), 10% respondeu não saber qual
atividade desempenhada que pode apresentar riscos de contagio, porém ao tratarse do risco de transmissão do vírus durante uma atendimento 80% responderam ser
possível a transmissão e 20% responderam não haver possibilidade.
Ao tratar-se do uso de EPI´s 90% concordaram com o risco de contágio ou
risco de transmissão do vírus, porem somente 10% declararam utilizar luvas de
procedimento em todas as suas atividades diárias de manicure e outras 90%
16
declararam não fazer uso das mesmas, ficando a grande maioria das profissionais
expostas ao risco de contaminação.
Em relação ao método de desinfecção aplicado em sua área de trabalho,
apenas 20% citaram álcool 70% e souberam a identificar a diferença entre
desinfecção e esterilização, 40% citaram meio de desinfecção com álcool 70% e
algum tipo de esterilização e 40% citaram somente meios de esterilização, ficando
claro que a 80% não sabe a diferença entre os procedimentos, dado que nos leva a
observar a falta de padronização em métodos de desinfecção nos estabelecimentos.
Embora 100% das entrevistadas responderam haver recebido algum tipo de
treinamento em sua vida profissional sobre desinfecção e esterilização, e mesmo
com treinamento não conseguiram diferenciar o processo, aumentando o risco de
contaminação pelo vírus. Todas as entrevistadas afirmaram haver equipamento de
esterilização disponível no ambiente de trabalho, sendo que muitas delas se
referiram ao equipamento como “esterilizador”.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa demonstrou-se necessária para a análise de biossegurança.
Pois a investigação a respeito da hepatites B e C como transmissível em ambientes
de salões de beleza, mostrou-se com elevado índice de significância sendo que 80%
não soube relatar a diferenciar desinfecção de esterilização.
Desta maneira, salienta-se que é imprescindível a atuação de órgãos
responsáveis junto aos salões de beleza, capacitando as profissionais para o uso de
EPIs, prestando esclarecimentos sobre as doenças transmissíveis, formas de
proteção e vias de transmissão, oferecendo capacitação a respeito de esterilização
de desinfecção e métodos utilizados, como ainda o desenvolvimento de cartilhas e
panfletos explicativos sobre o tema abordado e ampliação de campanhas de
vacinação dos profissionais da área de beleza contra o vírus da hepatite B.
Diante deste contexto, observa-se a necessidade de atuação do Tecnólogo
em Estética, para o desenvolvimento de Procedimentos Operacionais Padrão
(POP´s), treinamento das profissionais e promover a educação continuada, visto que
o profissional Tecnólogo em Estética esta altamente qualificado para essa função,
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tendo como base as disciplinas de microbiologia, biossegurança, matérias primas,
legislação e manicuro e pedicuro.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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