História do teatro – Frase, oração e período

Propaganda
7
Português
História do teatro –
Frase, oração e período
Grupo 04 – Novos ares
corel stock photos
EF7p-08-21
O texto é sempre portador de novos ares
de cultura e de conhecimento.
A história do teatro se confunde com a
própria história da humanidade. Desde tempos
imemoriais, antes mesmo do uso da linguagem,
o homem, para atender à necessidade de se expressar e de se comunicar, utiliza gestos, expressões faciais e corporais, imitações, que são
formas de representação. Para contar a história
de uma caçada, por exemplo, é provável que o
homem primitivo tenha recorrido à representação para se fazer entender. Até hoje, a natureza
humana utiliza a representação cotidianamente, muitas vezes sem perceber. Afinal, quem
nunca “fingiu” ser alguém diferente do que
realmente é, para ser agradável, educado(a),
para sair de uma situação embaraçosa ou por
qualquer outro motivo? As motivações podem
ser inumeráveis, mas é certo que uma vez ou
outra na vida temos de “representar”. Por isso o
teatro sempre atraiu as pessoas que, de alguma
forma, mesmo que indiretamente, reconhecemse nas representações teatrais.
Não se sabe ao certo quando surgiu o teatro, mas sabe-se que, inicialmente, ele estava ligado aos ritos religiosos de alguns povos, dentre eles os egípcios, os chineses e os
gregos, que desenvolveram a arte teatral e a
imortalizaram. Esses povos acreditavam que,
por meio de encenações, rituais com cantos,
danças e músicas, era possível invocar os
deuses para evitar desastres naturais e até
conseguir benefícios, como uma boa colheita,
chuva, entre outros.
Ruína do teatro de arena grego Epidaurus
Na Grécia, por volta do séc. VI a.C., havia,
entre outras festas em homenagem aos deuses,
as dedicadas a Dionísio, ou Baco, deus do vinho, da alegria, da fertilidade e do teatro. Em
sua homenagem, havia danças e cantavam-se
em coro poemas chamados ditirambos. Em uma
dessas festas – Dionísias – um ator se separou
do coro, colocou uma máscara e disse ser um
deus, e não ele mesmo, e começou a dialogar
com o coro. Assim surgiram os primeiros atores e as primeiras peças escritas.
As peças contavam histórias de mitos,
heróis e deuses gregos. Foram criados os primeiros teatros, locais destinados especialmente às representações teatrais. Havia dois
tipos de peças: as tragédias e as comédias. As
tragédias eram histórias dramáticas e as comédias eram histórias engraçadas, também
chamadas de sátiras. Os autores mais famosos
são Sófocles, Ésquilo e Eurípedes (tragédias)
e Aristófanes (comédias). Suas peças inspiraram a criação teatral posterior e são encenadas até hoje em praticamente todo o mundo.
8
Capítulo 06 – História do teatro – Frase, oração e período
Mais tarde, na Europa do séc. XII, apareceram companhias de teatro que iam de cidade em cidade, em carroças, sempre em grupos
– a trupe – para suas apresentações. Eram os
saltimbancos, que, como os gregos, representavam peças cômicas ou trágicas (atualmente
No Renascimento, com o antropocentrismo
e o incremento das artes em geral, a perseguição
ao teatro foi atenuada. Nessa época, surgiram
os teatros como os conhecemos hoje: casas com
palco e platéia. Também nessa época apareceu,
na Itália, a commedia dell’arte, tipo de apresentação teatral em que os atores dançavam, cantavam, faziam malabarismos, representavam e
também viajavam de cidade em cidade.
AFP / Roger-Viollet
AFP / Roger-Viollet
Na commedia dell’arte, havia personagens
fixos, como Arlequim, Colombina, Pantaleão
o Polichinelo etc., que, no Brasil, serviram de
inspiração ao carnaval.
AFP / Roger-Viollet
esse teatro itinerante é também chamado de
teatro mambembe). Os saltimbancos eram perseguidos por se recusarem a seguir o padrão
imposto pela Igreja (textos cristãos), ou seja,
eles não abriam mão da liberdade de escolher
as peças que representavam. Por causa dessa
perseguição, os saltimbancos, marginalizados,
começaram a usar máscaras. Os circos atuais
são remanescentes dos saltimbancos e até hoje
andam de cidade em cidade.
Saltimbancos
9
Português
Grupo 04 – Novos ares
Em 1564, na Inglaterra, nasceu William
Shakespeare, um dos maiores dramaturgos de
todos os tempos. Ele escreveu muitas peças,
que encantam a todos até hoje, pois contemplam, de forma singular, praticamente todos
os aspectos da natureza humana.
Dentre as obras-primas de Shakespeare estão Hamlet, Romeu e Julieta, Sonho de uma noite
de verão, A tempestade, Rei Lear, Otelo, Macbeth
e muitas outras. É considerado por muitos o
maior autor teatral de todos os tempos.
AFP
Foi também na Renascença que surgiu a
ópera, que nada mais é do que uma peça de teatro representada por meio da música e do canto. Segundo F. Gentil, não há como separar, na
ópera, a música da representação. Como as falas
são constituídas de versos simples, muitas vezes
até com rima, sem a música o texto não teria
sustentação, ficando curto demais e até mesmo
perdendo o sentido. Já a música está inserida
no contexto da trama, sendo que desvinculá-la
a deixaria sem sentido e demorada demais. A
sua beleza e o seu encanto estão exatamente na
união da música com a representação.
AFP / CRISTINA QUICKLER
Encenação da peça Rei Lear, de Shakespeare.
Wikimedia
Encenação da ópera Carmen, de Georges Bizet.
Hamlet e Horácio no cemitério. Delacroix, 1839.
EF7p-08-21
Museu do Louvre, Paris.
Com a ascensão da burguesia, aumentouse o número de peças teatrais voltadas para
esse tipo de público, bem como aumentaramse os incentivos a autores e produções. O teatro afastou-se de seu caráter popular e as
peças passaram a ser encenadas nas cortes,
para a nobreza e as pessoas ligadas a ela. Um
autor importante dessa época é o francês Molière, cujas peças ainda hoje são representadas e apresentam incrível atualização.
10
Capítulo 06 – História do teatro – Frase, oração e período
Wikimedia
Luís XIV e Molière. Obra de Jean Leon Gerome, 1863.
A Revolução Francesa pôs fim a esse elitismo e, aos poucos, foram aparecendo autores preocupados em levar o teatro ao maior
número de pessoas possível. As peças também sofreram modificações, de acordo com a
visão de mundo vigente na época, e passaram
a enfocar mais a realidade.
No fim do séc. XIX cresceu a importância do ator, que passou a representar toda
a força dramática do espetáculo. Começou a
se definir também a figura do diretor como
o coordenador geral do espetáculo, cabendo
a ele a supervisão dos atores, dos elementos
cênicos, a escolha da peça a ser encenada e o
público-alvo. A função do diretor é manter o
equilíbrio de todos os elementos cênicos.
Depois dessa longa trajetória, já é possível vislumbrar um teatro como o que conhecemos hoje. Isso não significa que ele não
tenha evoluído desde aquela época; ao contrário, é sempre portador de novos ares para
a cultura do mundo todo, contribuindo para
que ela se renove constantemente e chegue
a um número cada vez maior de pessoas. O
teatro contemporâneo é riquíssimo e atende
aos mais variados gostos, concepções e ideologias. Mas essa é uma outra história.
fotos: corel stock photos
A dramaticidade ou a comicidade das representações teatrais envolvem e encantam a platéia.
11
Português
Grupo 04 – Novos ares
O sarau
Na época do Império, no Brasil, praticamente não havia apresentações teatrais. Mas havia os saraus, reuniões em que artes como a poesia e a música eram saboreadas por um público pequeno, composto por poucos amigos, em ambiente doméstico. Nesse período, o sarau
era uma das raras oportunidades de contato com a arte que as pessoas cultas tinham.
Os saraus, porém, não se restringiram às elites. Aos poucos, as pessoas mais simples
foram conquistando o direito de fazer seus próprios saraus, em que se divertiam principalmente com músicas como o lundu, um dos ritmos que contribuiu para a formação do que
hoje conhecemos como samba, que se tornou um dos símbolos do nosso país.
AFP / ROGER_VIOLLET
Reunião musical com Franz Schubert ao piano.
Um sarau é o bocado mais delicioso que temos, de telhado abaixo. Em um sarau todo o
mundo tem o que fazer. O diplomata ajusta, com um copo de champagne na mão, os mais
intrincados negócios; todos murmuram e não há quem deixe de ser murmurado. O velho lembrase dos minuetos e das cantigas do seu tempo, e o moço goza todos os regalos da sua época;
as moças são no sarau como as estrelas no céu; estão no seu elemento; aqui uma, cantando
suave cavatina, eleva-se vaidosa nas asas dos aplausos, por entre os quais surde, às vezes,
um bravíssimo inopinado, que solta de lá da sala do jogo o parceiro que acaba de ganhar sua
partida do écarté, mesmo na ocasião em que a moça se espicha completamente, desafinando
um sustenido; daí a pouco vão outras, pelos braços de seus pares, se deslizando pela sala e
marchando em seu passeio, mais no compasso que qualquer de nossos batalhões da Guarda Nacional, ao mesmo tempo que conversam sempre sobre objetos inocentes que movem olhaduras
e risadinhas apreciáveis. Outras criticam de uma gorducha vovó, que ensaca nos bolsos meia
bandeja de doces que veio para o chá, e que ela leva aos pequenos que, diz, lhe ficaram em
casa. Ali vê-se um ataviado dandy que dirige mil finezas a uma senhora idosa, tendo os olhos
pregados na sinhá, que senta-se ao lado. Finalmente, no sarau não é essencial ter cabeça nem
boca, porque, para alguns é regra, durante ele, pensar pelos pés e falar pelos olhos.
EF7p-08-21
Joaquim Manuel de Macedo. A moreninha. São Paulo: Ática, 31. edição, 2000, p. 93.
12
Capítulo 06 – História do teatro – Frase, oração e período
A volta do sarau
“Vamos comer canção, vamos comer poesia.” A proposta cantada por Caetano Veloso na
música Vamo comer (1987) nunca surtiu tanto efeito. Inúmeros restaurantes, teatros e centros culturais resolveram incrementar seus cardápios e passaram a servir um prato exótico,
capaz de agradar os mais variados gostos. Seu nome é Sarau, composto com especiarias
raras de inegável sabor como música e literatura. Moda nos anos 70, quando serviam de
válvula de escape para intelectuais e artistas se manifestarem contra a repressão, os saraus
atravessaram um período de apatia nos anos 90 e voltam com força total.
IstoÉ, 19/7/2000, p. 60 (com adaptações).
Frase, oração e período
O amor é um pássaro rebelde
(L’amour est un oiseau rebelle)
À tua volta, depressa, depressa,
Ele vem, ele vai, depois volta,
Julgas tê-lo apanhado, ele te escapa;
Julgas que te fugiu, ele agarra-te.
Georges Bizet, França, 1875.
O amor é um pássaro rebelde
Que ninguém pode prender,
Não adianta chamá-lo
Pois só vem quando quer.
Não adiantam ameaças ou súplicas,
Um fala bem, o outro cala-se
É o outro que prefiro,
Não disse nada, mas agrada-me.
O amor é filho da boêmia,
Que nunca, nunca conheceu qualquer lei;
Se não me amares, eu te amarei;
Se eu te amar, toma cuidado!
O pássaro que julgavas surpreender
Bateu asas e voou
O amor está longe, podes esperá-lo
Já não o esperas, aí está ele,
O amor é filho da boêmia,
Que nunca conheceu qualquer lei.
Se não me amares, eu te amarei;
Se eu te amar, toma cuidado!
Você acabou de ler um trecho de uma
ária da ópera Carmen e certamente entendeu
o que leu. Agora leia o trecho a seguir.
Amor um rebelde é pássaro o
Prender pode que ninguém.
Observe como não podemos simplesmente agrupar as palavras. É necessário que elas
obedeçam a uma certa ordenação, que funcionem de modo a cumprir seu objetivo de
comunicação. Para isso, nós podemos escolher as palavras que nos servem e combinálas, formando frases. As frases são qualquer
enunciado com sentido completo. Podem ser
formadas por apenas uma palavra:
Cuidado!
13
Português
Grupo 04 – Novos ares
Ou por várias:
Se eu te amar, toma cuidado!
Quando há um verbo, a frase é também
uma oração. A oração se organiza em torno
de um verbo.
Observe que, no período acima, o trecho:
Se eu te amar, não tem sentido completo, por
isso não pode ser considerado um período ou
uma frase; é apenas uma oração. A oração
pode ou não ter sentido completo.
O período é uma frase formada por uma
ou mais orações.
O amor nunca conheceu qualquer lei.
↓
verbo
↓
uma oração
O período formado por apenas uma oração
(oração absoluta) é chamado de período
simples.
Ele vem, ele vai, depois volta.
Verbo
Verbo
Verbo
três orações
Qualquer período formado por duas ou mais
orações é chamado de período composto.
EF7p-08-21
14
Capítulo 06 – História do teatro – Frase, oração e período
Este espaço é seu!
15
Português
História do teatro (II) – Período
composto por coordenação
Grupo 04 – Novos ares
O teatro contemporâneo
falta de criatividade e de ousadia do homem.
O objetivo maior desse gênero é promover a reflexão.
wikipedia
EF7p-08-21
Novos ares
Desde seu surgimento, o teatro não pára
de evoluir, de inovar, buscando sempre dar
novos ares às formas já consagradas da arte
de representar. A partir do século XVIII, essas inovações foram se sucedendo num ritmo
cada vez mais intenso, e surgiram movimentos, autores e artistas que marcaram para
sempre a história do teatro.
Atualmente, os textos teatrais preocupam-se em buscar maior contato com o público por meio de situações mais próximas da
realidade. Assim, a personificação da perfeição e a visão romanceada dos personagens cederam lugar à imagem do homem imperfeito,
com defeitos e qualidades. Da busca pela compreensão dos sentimentos humanos nasceram
movimentos que representam formas subjetivas de representar o homem e seu mundo. A
razão é subordinada à emoção.
O russo Kostantin Stanislavski, o alemão
Berthold Brecht e o francês Antonin Artaud propuseram formas diferenciadas de atuar. Artaud
pregava o uso de elementos mágicos que hipnotizassem o espectador, sem que fosse necessária
a utilização de diálogos entre os personagens, e
sim muita música, danças, gritos, sombras, iluminação forte e expressão corporal.
Na década de 1950, Eugène Ionesco criou
o “teatro do absurdo”, ou “antiteatro”, que inspirou importante revolução nas técnicas dramáticas. Sua proposta era revelar o inusitado,
mostrando as mazelas humanas, criticando a
Samuel Beckett
Um dos autores de vanguarda do teatro
do absurdo é Samuel Beckett, autor do clássico Esperando Godot, que conta a história
de dois personagens que esperam por ajuda
numa terra onde tudo se repete sem cessar,
obrigando os angustiados personagens a tentar iludir a tristeza e a frustração. Esse texto
traduz perfeitamente a essência do absurdo.
16
Capítulo 07 – História do teatro (II) – Período composto por coordenação
wikimedia
O russo Constantin Stanislavski propunha
maneiras diferenciadas de atuar.
O “teatro pobre”, criado por Jerzy Grotowski,
pretendia eliminar todos os elementos que não
fossem essenciais, isto é, figurinos, efeitos sonoros, maquiagem, iluminação, e redefinir a relação entre os atores e o público. Os seguidores do
“teatro pobre” procuravam trabalhar a expressão
corporal dos atores ao invés de utilizar textos,
além de ir aonde o público estava, atuando tanto
no teatro quanto nas praças públicas.
A proposta de um novo modelo teatral trouxe a possibilidade de uma nova forma de pensar
para diversos grupos de teatro do mundo inteiro e isso resultou em uma série de variações. No
mundo globalizado, a diversidade aumentou, o
que permitiu a opção por diversas formas de se
fazer teatro. Assim, uma vertente, atualmente,
pode até não agradar, mas não choca a sociedade da mesma forma que as novas tendências do
teatro contemporâneo chocaram os tradicionalistas, na segunda metade do século XX.
História do teatro brasileiro
reprodução
A implantação do teatro,
no Brasil, foi obra dos jesuítas,
empenhados em catequizar os
índios para o catolicismo e coibir os hábitos condenáveis dos
colonizadores portugueses. O
padre José de Anchieta (15341597) (...) notabilizou-se nessa
tarefa, de preocupação mais
religiosa do que artística.
Anchieta e Nóbrega na
Produção sem continuidacabana de Pindobuçu.
Croqui de Benedito Calixto.
de, a implantação do teatro no
Brasil não foi substituída por
outra que deixasse memória, nos séculos XVII e XVIII, salvo alguns documentos esparsos. Sabe-se, de
qualquer forma, que se ergueram “casas da ópera” nesse último século, no Rio, em Vila Rica, Diaman-
17
Português
Grupo 04 – Novos ares
tina, Recife, São Paulo, Porto Alegre e Salvador,
atestando a existência de uma atividade cênica
regular. A sala de espetáculos de Vila Rica (atual
Ouro Preto) é considerada a mais antiga da América do Sul. Menciona-se o Padre Ventura como o
primeiro brasileiro a dedicar-se ao palco, no Rio, e
seu elenco era constituído por mulatos.
Ostill / Dreamstime.com
(...) E a comédia de costumes marcou as
escolas sucessivas, do Romantismo até o Simbolismo, passando pelo Realismo e pelo Naturalismo. Filiaram-se a ela as peças mais expressivas
de Joaquim Manoel de Macedo (1820-1882), José
de Alencar (1829-1877), Machado de Assis (18391908), França Júnior (1838-1890) e Artur Azevedo
(1855-1908). (...) Fugiu aos esquemas anteriores
a Qorpo-Santo (1829-1889), julgado precursor do
teatro do absurdo ou do surrealismo.
A Semana de Arte Moderna de 1922, emblema da modernidade artística, não teve a
presença do teatro.
Reinaldo Tronto
Vila Rica, hoje (Ouro Preto)
EF7p-08-21
A transferência da Corte portuguesa para
o Rio, em 1808, trouxe inegável progresso para
o teatro, consolidado pela Independência, em
1822, a que se ligou logo depois o Romantismo, de cunho nacionalista. O ator João Caetano
(1808-1863) formou, em 1833, uma companhia
brasileira, com o propósito de “acabar assim
com a dependência de atores estrangeiros para
o nosso teatro”. Seu nome vinculou-se a dois
acontecimentos fundamentais da história dramatúrgica nacional: a estréia, a 13 de março de
1838, de Antônio José ou O poeta é a inquisição, a primeira tragédia escrita por um brasileiro e única de assunto nacional, de autoria de
Gonçalves de Magalhães (1811-1882); e, a 4 de
outubro daquele ano, de O juiz de paz na roça,
em que Martins Pena (1815-1848) abriu o rico
filão da comédia de costumes, o gênero mais
característico da nossa tradição cênica.
Na década seguinte, Oswald de Andrade
(1890-1954), um de seus líderes, publicou três peças, entre as quais O rei da vela, que se tornou
em 1967 o manifesto do Tropicalismo. (...) Só em
1943, com a estréia de Vestido de noiva, de Nélson Rodrigues (1912-1980), sob a direção de Ziembinski, modernizou-se o palco brasileiro. (...)
Começava, na montagem do grupo amador
carioca de Os comediantes, a preocupação com
a unidade estilística do espetáculo, continuada
a partir de 1948 pelo paulista Teatro Brasileiro
de Comédia, que contratou diversos diretores
estrangeiros. (...)
18
Capítulo 07 – História do teatro (II) – Período composto por coordenação
Veio, em 1964, o golpe militar, e cabe dizer que ocorreu uma hegemonia da censura.
Afirmou-se um teatro de resistência à ditadura. (...) Número enorme de peças, até hoje não
computado, conheceu a interdição.
Quando, a partir da abertura, os textos
proibidos puderam chegar ao palco, o público
não se interessava em remoer as dores antigas.
Talvez por esse motivo, enquanto se aguardavam novas vivências, o palco foi preenchido
pelo “besteirol”. A partir dos anos 70, Maria
Adelaide Amaral se tem mostrado a autora de
produção mais constante e de melhores resultados artísticos.
Com a estréia de Macunaíma, transposição da “rapsódia” de Mário de Andrade, em
1978, Antunes Filho assumiu a criação radical do espetáculo, inaugurando a hegemonia
dos encenadores-criadores. A tendência teve
acertos, sublinhando a autonomia artística do
espetáculo, e descaminhos, como a redução da
palavra a um jogo de imagens. Aparados os
excessos, essa linha, da qual participam nomes como Gerald Thomas, Ulysses Cruz, Aderbal Freire-Filho, Eduardo Tolentino de Araújo,
Cacá Rosset, Gabriel Villela, Márcio Vianna,
Moacyr Góes, Antônio Araújo e vários outros,
está atingindo, nas temporadas recentes, um
equilíbrio que ressalta todos os componentes
do teatro.
Adaptado de Sábato Magaldi, in: www.mre.gov.br
Orações coordenadas
Os períodos compostos podem ser formados por dois processos sintáticos: a coordenação e a subordinação.
O período composto por coordenação é
aquele que apresenta orações sintaticamente
independentes, mas que se relacionam pelo
sentido.
Quando as orações coordenadas são
apenas justapostas ou separadas por sinais
de pontuação, são chamadas de assindéticas. Quando são ligadas por conjunções
coordenativas recebem o nome de sindéticas.
Veja alguns exemplos:
O teatro do absurdo revelava o inusitado, mostrava as mazelas humanas, criticava
a falta de criatividade e de ousadia do homem.
Note que o período é composto por três
orações coordenadas assindeticamente, ou
seja, sem o uso de conjunções coordenativas.
O “teatro pobre” eliminou todos os elementos não essenciais e redefiniu a relação entre os
atores e o público.
Nesse exemplo, as orações se relacionam
por meio da conjunção coordenativa e, que
tem sentido de adição, acréscimo.
É importante notar que as conjunções
não são meros conectivos, mas estabelecem
relações de significado entre as orações. As
relações de significado entre as orações de
um período podem ser completamente alteradas com a simples troca de uma conjunção.
Observe:
O “teatro pobre” eliminou todos os elementos não essenciais e redefiniu a relação entre os
atores e o público.
19
Português
Grupo 04 – Novos ares
O “teatro pobre” eliminou todos os elementos não essenciais, portanto redefiniu a relação
entre os atores e o público.
As orações coordenadas sindéticas podem ser:
Aditivas – Expressam adição, acréscimo.
Exemplos
Anchieta catequizou os índios e escreveu várias peças de teatro.
Os índios não o desrespeitavam nem o
maltratavam.
Adversativas – Expressam uma idéia contrária à precedente, uma oposição.
Exemplos
A ditadura perseguiu os autores teatrais, mas eles resistiram.
O teatro passou por momentos de crise,
porém nunca se entregou ao desânimo.
Alternativas – Expressam idéia de alternância.
Exemplos
Ou vamos ao teatro, ou nos entregamos
à alienação.
Ora vamos ao teatro, ora nos dedicamos
à leitura.
Conclusivas – Expressam idéia de conclusão em relação à oração anterior.
Exemplos
Os atores estão ensaiando intensamente, logo a estréia não deve demorar.
Eu sei um pouco da história do teatro,
portanto compreendo melhor as peças atuais.
Explicativas – Expressam explicação em
relação à oração anterior.
Exemplos
Eu vou ao teatro porque gosto.
Eu vou sempre ao teatro, pois me enriquece culturalmente.
Orações coordenadas
Assindéticas
Sem conjunções
Sindéticas
Com conjunções
Principais conjunções coordenativas
Aditivas – Adição,
acréscimo
E, nem, mas também
(precedida por não
só, não somente)
Adversativas
Oposição,
contrariedade
Mas, porém,
contudo, todavia,
entretanto,
no entanto
Alternativas
Alternância;
geralmente iniciam
duas orações.
Ora, ora; quer,
quer; seja, seja
Conclusivas
Conclusão em
relação à oração
anterior
Logo, pois, por isso,
por conseguinte,
portanto, pois
(posposto ao verbo)
Explicativas
Explicação em
relação à oração
anterior
Porque, pois
(anteposto ao
verbo); porquanto,
que (com valor
de pois)
EF7p-08-21
20
Capítulo 07 – História do teatro (II) – Período composto por coordenação
Este espaço é seu!
Download