O Surgimento da Sociologia A Sociologia surge na chamada “primeira carreira” de Comte, ainda com o nome de física social. A substituição do termo usado "física social" por "sociologia", se deu pelo fato de que um astrônomo e "sociólogo" belga Adolphe Quételet, o qual Comte abominava, publicara um tratado de sociologia intitulado: Essai de Physique Sociale, publicado em 1835 e reeditado em 1869 sob o título principal e reformulado de Physique sociale. Quételet construiu sua obra à partir de uma grande acumulação de dados estatísticos sobre diversas categorias de fenômenos sociais, como: dados sobre a evolução da criminalidade e, também dados de aspectos demográficos. Para Quételet, era necessário, para constituir uma ciência da sociedade, utilizar os procedimentos e regras aplicáveis e testadas nas outras ciências. Ou seja, observar os fenômenos sociais com o máximo de exatidão, e analisar os resultados da observação com a ajuda de teorias explicativas. Para Quételet a objeção quanto aos fatos sociais não serem do mesmo tipo que os fatos da natureza, não parecia ter algum fundamento. Ele questionava se os dados estatísticos que apresentava, sobre a criminalidade, por exemplo, não faziam aparecer regularidades da mesma ordem das que se podem observar nas ciências naturais. "(...) Quételet fazia da ciência dos fatos sociais uma "física social", fingindo tomar a palavra "física" em sentido próprio." (BOUDON, p.8). Entre os anos de 1830 e 1848, Comte cria a Sociologia, sendo essa a “ciência do progresso dentro da ordem”, e tendo como contexto histórico um período repleto de sucessivas insurreições e revoluções, principalmente na França, mas também em vários outros países da Europa. Tais revoluções visavam instaurar uma sociedade capaz de superar a sociedade burguesa, e tinham nos operários um instrumento para isso. Na verdade, a sociologia comteana tinha se iniciado antes daqueles anos mais violentos da luta de classes (1830 e 1848). Na época em que a grande indústria capitalista começou a trazer desemprego e miséria para a classe operária francesa. 1 Com a Sociologia, Comte pretendia estar criando um novo saber científico que revelasse a existência de leis sociais inexoráveis às quais a classe operária, em particular, deveria se submeter. Então, a Sociologia vem à tona como o estudo das leis imutáveis da sociedade, ou seja, as “leis do progresso dentro da ordem”. Para Comte, na hierarquia do conhecimento, a Sociologia ocuparia o lugar mais alto, visto que se tratava de assuntos relativos ao homem. Sociologia Biologia Química Física Astronomia Matemática Comte estabeleceu uma pirâmide de seis ciências puras, na base da qual se encontrava a matemática -- única ciência que não pressupõe as demais -- seguida da astronomia, física, química, biologia e sociologia. Todas seriam regidas pelo mesmo método descritivo, e cada uma delas utilizaria os dados proporcionados pelas precedentes. Comte estabelecia assim o princípio da unidade da ciência. Então, a Sociologia dedicar-se-ia a estudar o comportamento e o relacionamento social, analisando seus fatores estáticos e dinâmicos, conceitos 2 esses que Comte extraiu da Mecânica. Os fatores estáticos caracterizavam os setores estáveis da sociedade, de lenta alteração que na política se projetavam no desejo de Ordem. Já o dinâmico, seria o impulso natural dos homens em direção ao Progresso. Comte harmonizou a estática e a dinâmica no lema “Ordem e Progresso” que foi incorporado à bandeira do Brasil republicano. Trazendo a importância da sociologia para o direito, encontra-se um ramo dessa denominada de sociologia jurídica. A Sociologia Jurídica examina a influência dos fatores sociais sobre o direito e as incidências deste último na sociedade, ou seja, os elementos de interdependência entre o social e o jurídico, realizando uma leitura externa do sistema jurídico. 3