A Humidade na Construção

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A Humidade na Construção
Formas, causas e prevenção
Projecto FEUP
Trabalho realizado por:
Francisco Santos
João Ribeiro
José Miranda
Pedro Freitas
Pedro Leal
Rafael Mendes
Sérgio Soares
MIEC 1º Ano 2012/2013
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Índice
Página nº
• Resumo ................................................................................ 4
• 1 - Introdução
- Tema e problemática ........................................................ 5
• 2 - Formas de húmidade ....................................................... 6
- Características visuais e físicas, fontes
provenientes, prevenção e tratamento de:
2.1 - Humidade Ascencional........................................... 7
2.2 - Infiltrações ............................................................... 11
2.3 - Rutura de canalizações ........................................... 13
2.4 - Humidade de construção ..................................... 15
2.5 - Condensações internas/superficiais .................... 17
2.6 - Higroscopicidade dos materias ............................. 21
• 3 - Caso de estudo real ........................................................... 23
• Conclusão ................................................................................. 26
• Bibliografia ............................................................................... 27
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Resumo
No âmbito da unidade curricular do Projecto FEUP foi-nos proposto a realização
de um trabalho sobre a temática Humidade na Construção. Procedemos a
pesquisas pormenorizadas em livros (requisitados na biblioteca) bem como na
internet. Para uma melhor visualização e compreensão dividimos o tema nos
diversos tipos de manifestação de humidade, nomeadamente: humidade
ascencional, infiltrações, rutura de canalizações, humidade de construção,
condensações internas/superficiais e higroscopicidade dos materiais. Procedemos
também ao estudo de um caso real no Jardim de Infância de Barros, na Póvoa de
Varzim, onde podémos observar um caso de humidade por infiltração.
Fig 1: Jardim de Infância de Barros, Póvoa de Varzim
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1 - Introdução
Desde os primórdios que o homem se preocupa com a humidade, ainda quando
habitava em cavernas. Quando este se começou a refugiar em cavernas para se
proteger do frio e da chuva rapidamente percebeu que a humidade ascendia do solo
e subia pelas paredes tornando a vida insalubre dentro destas. Assim o homem
começou a aperfeiçoar as suas técnicas de isolamento ao criar habitações mais
cómodas e sofisticadas.
A água sempre foi um dos fatores principais de desgaste e depreciação das
construções, maioritariamente devido ao seu poder de penetração. A
impermeabilização tornou-se então um dos principais objectivos numa construção
no sentido de proporcionar conforto aos seus usuários finais. A primeira medida a
tomar será uma boa impermiabilização do edifício desde a sua edificação, na
própria obra, de modo a que a água exterior não se possa infiltrar nos materiais e
causar problemas futuros. A humidade é um constante desafio para a construção
civil visto que uma má impermeabilização resulta em diversas patologias que são
mais complicadas de detectar quando o edifício está concluído. Negligenciar estes
problemas irá resultar na precoce degradação do edifício e o consequente
desalojamento dos seus usuários.
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2 - Formas de humidade
A humidade pode manifestar-se nas estruturas de diversas maneiras, cada uma tem
caracteristicas visuais e físicas diferentes. Obviamente que cada uma se comporta
de maneira distinta da outra e requer tipos de prevenção e tratamento específicos.
As formas de manifestação da humidade nos edifícios que iremos abordar neste
trabalho são:
- Humidade ascencional
- Infiltrações
- Rutura de canalizações
- Humidade de construção
- Condensações internas/superfíciais
- Higroscopicidade dos materiais
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2.1 - Humidade ascencional
A humidade ascencional é água proveniente do solo que migra no sentido
ascendente através das paredes de edifícios provocando a degradação das mesmas.
Esta migração é possível devido ao facto de que quase todos os materiais de
construção possuem uma estrutura porosa que permite a água deslocar-se no seu
interior.
Fontes de água e variações ao longo do ano
As fontes de água que provocam o surgimento de humidade ascencional são:
águas freáticas e águas superfíciais.
A humidade que provém de águas freáticas, Fig. 2, tem carácter de permanência
embora varie com as modificações provocadas pelo homem, mas em geral as suas
manifestações ao longo do ano são mais estáveis pois a fonte de água é invariável.
Fig. 2 : Humidade proveniente de águas freáticas numa parede
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Por outro lado, se se tratar de águas superficiais a manifestação da humidade
ascencional apresenta variações ao longo do ano, nomeadamente com a alteração
das estações do ano que terão mais ou menos precipitação. Normalmente o nível
de humidade nas paredes exteriores é mais elevado do que nas interiores.
Fig. 3 : Humidade proveniente de águas superficiais numa parede
Os níveis de humidade ascencional variam de acordo com diversos factores
condicionantes, sendo eles:
• Condições climáticas
O nível atingido pela humidade ascencional é extremamente influenciado pelas
condições climáticas, pois estas tendem a acelerar (ou desacelerar) o processo de
secagem da humidade.
Diremos então que em zonas com maior humidade relativa a evaporação será
muito mais difícil e a frente húmida será maior, enquanto que em zonas com menor
humidade relativa o contrário se sucederá diminuindo o nível da frente húmida.
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• Exposição solar
Numa construção em que as condições climáticas sejam iguais em toda a sua
estrutura, existem variações na progressão da frente húmida em diferentes paredes
de acordo com a sua orientação geográfica. Se uma parede estiver orientada de
modo a que a sua exposição solar ao longo do ano seja elevada, o processo de
secagem nela será consequentemente também mais elevado.
• Presença de sais nos materiais de construção
A cristalização de sais nas estruturas porosas da pedra contribuem para a sua
degradação. Isto acontece porque os sais, ao cristalizar, aumentam o volume
criando pressão dentro dos poros da pedra. A temperatura e a humidade
influenciam o processo.
• Porosidade dos materiais
Praticamente todos os materiais de contrução tradicionais apresentam
porosidade, ou seja, minúsculas aberturas (poros) que permitem a circulação do ar e
da água. A porosidade é medida através da razão entre o volume de poros e canais
vazios e o seu volume total aparente.
A porosidade pode ser fechada ou aberta, sendo que a porosidade aberta é
quando os poros comunicam entre si por canais, e no caso da porosidade fechada
os poros nao comunicam entre si (diz-se então que o material é impermeável), não
permitindo a transferência de água no interior.
Fig. 4: Porosidade fechada
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Fig: 5: Porosidade aberta
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Uma boa forma de combater a humidade ascencional é usar materiais com
porosidade fechada visto que estes formam uma barreira física para a água,
impedindo-a de avançar.
• Espessura da parede e materiais de revestimento
A espessura da parede condiciona a altura atingida pela humidade ascencional.
Quanto mais espessa a parede for maior será a absorção e a evaporação (pois a
parede tem mais área exposta) e consequentemente irá ter um teor de humidade
maior.
O mesmo irá acontecer quando se utilizam materiais de revestimento, quanto
maior o nível de impermeabilidade do material de revestimento, mais a humidade
vai tender a subir na parede. Isto acontece porque a água não consegue sair pelos
lados da parede que estão revestidos então segue o seu caminho em sentido
ascendente.
Fig 6: Parede sem isolamento
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Fig 7: Parede com isolamento
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2.2 - Infiltrações
A infiltração constitui um tipo de humidade em que ocorre a passagem da água
da superfície para o interior do solo. Este processo ocorre assim que uma pequena
parte da água proveniente da chuva se depara diretamente com o solo.
Dependendo da humidade desse solo, a água poderá mais tarde evaporar ou ainda
penetrar ou escoar superficialmente. A água infiltrada sofrerá a ação de
capilaridade. Isto é, será retida nas camadas superiores do solo se esta prevalecer
sobre a força da gravidade.
No entanto, à medida que o solo vai humedecendo, devido à ação da força da
gravidade, a água vai infiltrar-se em direção ás camadas mais profundas. Ora, o
percurso da água vai ser determinado através dos espaços vazios formados entre os
grãos que constituem parte do solo e vai ser pouco extenso caso a infiltração
decorra de precipitações naturais.
Fig 8: Parede degradada por humidade infiltrada [2]
De forma resumida, a infiltracão depende principalmente dos seguintes fatores:
a) Tipo de solo: A capacidade de infiltração varia diretamente com a porosidade do
solo, com o tamanho das partículas do solo (distribuição granulométrica) e o estado
de fissuração das rochas.
b) Grau de humidade do solo: O solo no estado seco tem maior capacidade de
infiltração, pelo fato de que além da ação gravitacional se somam as forças
capilares. De outro modo, quanto maior for a humidade do solo, menor será a
capacidade de infiltração.
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c) Compactação pela ação de homens e animais: A compactação da superfície do
solo torna-o praticamente impermeável, diminuindo a capacidade de infiltração.
d) Ação da precipitação sobre o solo: A ação da chuva sobre o solo tende a
diminuir a capacidade de infiltração, pelo efeito da compactação da superfície do
terreno, do transporte de material fino que diminui a porosidade junto à superfície
e do aumento das partículas coloidais, que diminui os espaços intergranulares.
e) Alteração da macroestrutura do terreno: A capacidade de infiltração pode ser
aumentada pela alteração da macroestrutura do solo devido a fenômenos naturais,
como escavações de animais, decomposição de raízes de plantas e ação do sol, e
também devido a ação do homem no cultivo da terra.
f) Cobertura Vegetal: A presença da cobertura vegetal tende a aumentar a
capacidade de infiltração do solo, pois acentua a ação da chuva e facilita a atividade
de insetos e outros animais no processo de escavação. Contudo, pode dificultar o
escoamento superficial acabando por diminuir a humidade do solo.
g) Temperatura do solo: A infiltração é um fenômeno de fluxo de água no solo.
Assim, a sua medida (através da capacidade de infiltração) depende da temperatura
da água, da qual depende a sua viscosidade. Menores temperaturas provocam o
aumento da viscosidade.
h) Presença de ar: O ar retido temporariamente nos espaços intergranulares retarda
a infiltração da água.
Quando uma construção é sujeita a chuvas intensas contém partes que estão
em contato direto com o solo ou situa-se com proximidade a pedras ou terrenos
com alto grau de humidade, por vezes aparecem manchas típicas nas paredes dos
edificios. Essas manchas são indícios de que a estrutura foi afetada e não apenas o
visual da construção. Manifesta-se através de bolhas de ar, mofo e fiçuras, dando
um ar de descuido e sujo.
Caso as manchas estejam a aparecer em zonas próximas ao centro das
paredes, significa que se trata de uma infiltração por tubulação hidráulica. Ou seja,
o problema provém da estrutura da canalização que transporta fluídos. No entanto,
se as manchas aparecerem em rodapés e começarem a subir e a intensificar trata-se
de uma infiltração proveniente do solo.
Como prevenir:
Uma solução eficaz para evitar estas situações pode ser a impermeabilização da
superfície para que este no futuro seja impermeável a água ou a outro fluído. Isto
deve ser feito principalmente nas zonas mais frias da habitação: casas de banho,
cozinhas. Não basta pintar as paredes. Isso iria apenas esconder o verdadeiro
problema.
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Outra solução consiste na drenagem de fluidos por meio de tubos ou canais, em
que o cano deve ser constituído por um material resistente o suficiente para
aguentar o material que está a ser carregado.
Fig 9: Humidade por infiltração [3]
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2.3 - Humidade causada por rutura de
canalizações
• O que é?
Esta é a humidade causada por falhas nos sistemas de tubagem, como águas
pluviais, esgoto e água potável, e que geram infiltrações. A existência de humidade
com esse tipo de origem tem uma importância especial quando se trata de
edificações que já possuam um longo tempo de existência, pois pode haver
presença de materiais com tempo de vida já excedido, que não costumam ser
contempladas em planos de manutenção predial.
Esta forma de manifestação da humidade está associada a fugas de água
provocadas por defeitos de construção ou de funcionamento de determinados
equipamentos e/ou instalações.
Fig 10: Consequência de uma rutura em canalizações[4]
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• Deteção e manifestação
A deteção deste tipo de anomalia torna-se relativamente complexa porque
muitas vezes ocorrem manifestações em locais diferentes da sua origem atendendo
ao facto de haver migrações de água no interior dos diversos elementos de
construção.
A humidade causada por fugas e defeitos na canalização, apresenta-se por
círculos húmidos tipo auréola ou por bolores. As principais áreas
afectadas são perto de canos/sistemas de tubagem ou de aparelhos sanitários.
Esta manifestação surge principalmente em áreas que se encontrem perto
de aparelhos sanitários que sejam usados mais vezes, como
banheiras,lavatórios, bancas de cozinhas, por exemplo.
Este tipo de humidade pode ser facilmente detectado quando as
canalizações estão visíveis. O problema maior é quando estas se encontram
por dentro das paredes, como na maioria das habitações. Além das
humidades provenientes das canalizações poder se manifestar a uma distância
considerável da fuga, tem ainda o inconveniente de ser complicado resolver o
problema.
Fig 11: Canalizações em reparação[5]
• Formas de tratamento
Como diagonosticar?
Podemos detectar uma fuga numa canalização vigiando por exemplo o
contador da água, de noite e de manhã, com o objetivo de verificar se
houve gastos de água (convém certificar-se que nenhum aparelho
sanitário está com fugas). Se verificarmos que a humidade tende a
aparecer ou reaparecer conforme a utilização de um determinado aparelho
sanitário, podemos constatar que o problema vem desse mesmo aparelho.
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Como tratar?
Depois da fuga ser localizada e analisada, terá que ser realizado um
trabalho a nível de canalizações, reparação ou substituição.
2.4 - Humidade de construção
• O que é?
A humidade de construção existe em todos os locais de trabalho, pelo facto
de que os materiais de construção necessitam de água para serem utilizados
corretamente. Esta água existente nos materiais, eventualmente irá evaporar-se e se
não for corretamente tratada, através de uma ventilação ideal, pode danificar a
estrutura do edifício.
Este tipo de humidade é bastante menosprezado, mas devido ás grandes
quantidades de água utilizadas no processo de construção e que se irão evaporar,
tem um efeito negativo tal como todas as outras formas de manifestação da
humidade.
Fig 12: Humidade a degradar tijolos [6]
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• Deteção e Manifestação
A humidade nas construções, nomeadamente nos materiais utilizados, pode
evaporar-se rapidamente ou lentamente. A que se evapora rapidamente não
apresenta muitos problemas, mas a que demora mais tempo a evaporar pode vir a
gerar problemas no futuro, se não for tratada devidamente.
Ao ocorrer o processo de evaporação podem acontecer anomalias gerais e
específicas. As anomalias gerais apresentam-se como expansões ou destaques de
certos materiais, possíveis fissurações ligeiras localizadas e ainda uma eventual
diminuição de temperatura por parte dos materiais de construção. Já as anomalias
específicas mostram-se quer como manchas de humidade, que podem variar nos
tamanhos mas geralmente são de grande dimensão e com uma tonalidade pouco
acentuada, quer como condensações.
Outro problema causado por esta humidade é o eventual aparecimento de
bolores, que podem vir a ser um problema quer na estrutura da casa, quer na saúde
dos habitantes da casa.
• Formas de tratamento
Para evitar as consequências já referidas, durante a construção do edifício
tem-se de ter em conta certas medidas que ajudarão na prevenção de tais
consequências.
As duas principais medidas a tomar serão o uso de ventilação natural e a
secagem rápida dos elementos construtivos. A ventilação natural fará com que os
materiais húmidos entrem em contacto com ar relativamente seco, que por sua vez
leva à secagem dos materiais.
Fig 13: Ventilação entre os materiais [7]
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Para ambientes mais húmidos recomenda-se o reforço da ventilação
existente. Este reforço pode vir através do aumento da temperatura do ar, que leva
à diminuição da humidade relativa do ar, tornando a secagem dos materiais mais
fácil. Também podemos obter a diminuição da humidade existente no ar, utilizando
desumidificadores, que para ter uma melhor eficácia, deve ser feito num edifício
fechado.
Este aumento de temperatura não é recomendável quando este mesmo leva à
origem de vapor de água ou de gases tóxicos, daí que deve ser feito em conjunto
com uma ventilação apropriada.
2.5 - Condensações internas/superficiais
A humidade de condensação provém do vapor de água que se condensa nos
parâmetros expostos ou no interior dos elementos de construção. Esta pode ser
dividida em dois tipos de condensações: as condensações internas e superficiais.
• Condensações superficiais
Como o próprio nome indica as condensações superficiais situam-se
exactamente na superficíe dos elementos de construção.
Existem duas principais causas para as condensações superficais que passo a referir:
• As “Pontes Térmicas”;
• O sob aquecimento de construções não isoladas e ventiladas adequadamente.
Pontes Térmicas
Em termos simples, pontes térmicas são as regiões onde a caixa de ar ou o
isolamento térmico da parede exterior de um edifício é interrompido. Usualmente,
os pilares, vigas, lintéis, cabeceiras e ombreiras ou as lajes constituem pontes
térmicas visto que interrompem ou delimitam os panos de alvenaria.
Nos locais onde existem pontes térmicas podem ocorrer condensações que dão
origem ao aparecimento de bolores e fungos resultando num efeito prejudicial para
o edifício e para os seus ocupantes visto que contribui para uma deterioração mais
rápida dos materiais de contrução presentes além de poder provocar danos na
saúde dos ocupantes.
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 Como identificar?
As condensações superficiais causadas por pontes térmicas são identificadas
através do padrão de crescimento das manchas e fungos revela a ponte térmica
subjacente. Tipicamente o crescimento de fungos está confinado a cantos, no
entanto o crescimento das manchas e dos fungos vai tornar a ponte térmica mais
díficil de detectar.
Figs 14 e 15: Humidade por condensação superficial
• Como resolver o problema?
Eliminar as condensações causadas por Pontes Térmicas requer, obviamente, a
eliminação da Ponte Térmica existente, isso é possível através da instalação de
isolamento de revestimento seco dentro do edifício. Isto aumenta a temperatura da
superfície interna enerente à Ponte Térmica e evita que a condensação ocorra.
Em tectos é normalmente utilizada uma placa térmica pregada às vigas
substituindo o revestimento original.
O sub-aquecimento
Quando alguma construção não está propriamente aquecida, a temperatura
superficial das paredes exteriores ou tecto pode ser muito baixa, especialmente se o
edifício nas estiver propriamente isolado. Quando o ar húmido quente entre em
contacto entre em contacto com as paredes frias, este é arrefecido e torna-se
incapaz de transportar tanta humidade, a qual fica depositada nas paredes do
edifício.
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Este problema é muitas vezes agravado pela pouca ventilação. Humidade é
introduzida dentro das construções de diversas maneiras, até simplesmente por
respirarmos. Esta humidade pode ser prontamente retirada quando não acontece o
risco de condensação de superfície aumenta.
• Como identificar?
Condensação resultante de sub-aquecimente acontece primeiramente nas
superfícies mais frias (janelas de vidro) e em locais pouco ventilados. Em casos
extremos paredes e tectos inteiros podem ser afectados
Figs 16 e 17: Humidade por condensação superficial
• Como resolver o problema?
Eliminar a condensação superficial provocada por sub-aquecimento é um
processo complexo pois é provocado pelas acções dos ocupantes do edifício e
problemas técnicos da própria casa.
A primeira resposta mais comum para solucionar este problema é melhorar a
ventilação do edifício. Tipicamente são instalados aparelhos de ventilação (ex:
ventoinhas, extratores) tanto em divisões da casa como em janelas.
Outra maneira de resolver o problema consiste na instalação de um sistema de
aquecimento central, fornecendo aquecimento para todo o edifício.
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• Condensações Internas
As condensações internas são aquelas que se situam parte interior dos elementos
de construção. Estas dão oirgem à degradação dos materiais. O aumento do teor
em àgua, resultante da absorção da àgua condensada, faz diminuir a resistência
térmica, que resulta numa perda de isolamento térmico que pode conduzir a
eventuais condensações superficiais no elemento em questão. Todavia, existem
maneiras de averiguar se existem ou não condensações internas ou não no
elemento em estudo.
Numa parede homogénea:
1. Devemos começar por
determinar as temperaturas
superficias.(verde)
2. Determinar a pressão de
saturação do vapor de àgua
(Ps). (vermelho)
3. Determinar as pressões
parciais nas superfícies (P).
(azul)
4. Não ocorrem condensações se
P ≤ Ps.
Numa parede heterogénea:
Existe o risco acrescido de ocorrência de condensações internas em paredes cuja
zona interior seja constituída por materiais bons isolantes e muitos permeáveis ao
vapor de àgua e em paredes nas quais a zona exterior é constituída por materiais
termicamente pouco isolantes e pouco permeáveis ao vapor.
• Como identificar?
Por acontecer dentro dos elementos de construção esta humidade não é
identificável visualmente porém, como já foi referido ela conduz às condensações
superficiais as quais são identificáveis pela criação de manchas e de fungos nos
elementos de construção.
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• Como resolver o problema?
Resolver este problema passa pelo reforço do isolamento térmico apenas pelo
exterior, visto que pelo interior a resolução do problema não está garantida.
2.6 - Higroscopicidade dos materiais
• O que é a higroscopicidade dos materiais?
Muitos materiais de construção existentes no mercado possuem na sua
constituição química sais solúveis em água, o mesmo acontecendo nos solos,
especialmente aqueles ricos em matéria orgânica. Estes sais, quando depositados
em ambiente secos não oferecem problemas. No entanto, sob a acção da água, os
sais dissolvidos, migram juntamente com a água até à superfície, onde se
cristalizam. Este processo de dissolução/cristalização gera um aumento de volume
nos sais provocando assim a deterioração da superfície onde está depositado.
Quando esta cristalização se dá no interior da superfície o fenómeno é denominado
de criptoflorescência, quando no ambiente exterior é de eflorescência.
Alguns destes sais, chamados higroscópicos, têm a capacidade de
absorverem a humidade do ar, dissolvendo-se quando essa humidade encontra-se
acima dos 65-75%, voltando a cristalizar-se quando abaixo deste intervalo,
apresentando um significativo aumento de volume devido a sua cristalização.
Os sais que mais frequentemente estão associados a manifestações
patológicas são:
 Nitratos – sais de origem orgânica, logo é mais propicia a sua presença em
zonas rurais. O mais corrente é o nitrato de cálcio, que cristaliza a 25ºC e a uma
humidade relativa de 50%.
 Sulfatos – sais bastante higroscópicos e solúveis. Cristalizam com grande
aumento de volume. A presença dos sulfatos é facilmente identificável quando
se nota, um esfarelamento superficial dos materiais, sob a forma de ‘’areia’’, um
levantamento do estrato pictórico, um destacamento do reboco ou uma
corrosão superficial. Nem sempre as zonas atingidas por este fenómeno
apresentam sinais de humidade, porque a água que favorece o processo de
sulfatação é eliminada sob a forma de vapor.
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 Cloretos – provenientes essencialmente dos materiais de construção, da água e
de ambientes marinhos. Absorvem grandes quantidades de água quando
combinados com outros sais, principalmente com os sulfatos.
 Carbonatos – estão também presentes nos materiais de construção,
transformando-se em bicarbonatos sob a acção da água e do dióxido de
carbono. Os maiores danos provocados pela alteração dos carbonatos no
campo da edificação são as manifestações de tipo cársico na sequência do
deslavamento do bicarbonato de cálcio.
• Quais as suas formas de manifestação?
As anomalias que têm por origem estes fenómenos decorrentes da
higroscopicidade dos sais são caracterizadas pelo aparecimento de sais nas
alvenarias, de manchas de humidade nos locais com forte concentração de sais e,
em determinados casos, associados a degradação dos revestimentos da parede.
Figs 18 e 19: Aparecimento de sais mas alvenarias de um edifício [8] [9]
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3 - Caso de estudo real
Depois de um intenso estudo sobre a temática da humidade não faria sentido
deixar de realizar um estudo prático, desta forma foi proposto ao grupo a
investigação de um caso de um edifício com a patologia estudada bem como o seu
registo fotográfio.
Após uma discussão entre os membros do grupo, decidimos o edifício alvo
de estudo (Jardim de infância de Barros), posteriormente dirigimo-nos ao local.
Para uma melhor explicação e esclarecimento de dúvidas bem como a autorização
de entrada decidimos contactar o presidente da junta Sr. Armandino Domingues
que nos foi bastante prestável. Com a devida autorização procedemos ao registo
fotográfico. Desta forma foi realizado um estudo pormenorizado ao edifício como
também à patologia desenvolvida.
Fig 20: Jardim de Infância de Barros, Póvoa de Varzim
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• Identificação do edifício
Local: O edifício em estudo situa-se no centro da freguesia da Estela, concelho da
Póvoa de Varzim pertencente ao distrito do Porto mais precisamente no nº 135 da
Rua Comendador Araújo.
Data de construção: 1947
Materiais constituintes:
- estrutura: constituído por granito (perpianho);
- revestimento das paredes: no interior é realizado com reboco com a exceção dos
sanitários, cozinha e algumas zonas das salas em que estas são com cerâmicos. Por
sua vez no exterior é realizado com reboco e em algumas zonas granito à vista;
- pavimento: na sua maioria é realizado com cerâmicos, exceto na sala em que
contem corticite;
- teto: construído com gesso cartonado;
- telhado: é formado por quatro águas sendo constituído por telhas lusa;
- outro: caixilharias exteriores são em madeira, enquanto os peitoris e soleiras em
granito.
Função: o edifício atualmente funciona como jardim-de-infância, porém quando
foi construído funcionava como cantina de apoio às famílias carenciadas.
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• Caracterização da patologia
Local: a patologia localiza-se na cozinha mais propriamente no teto;
Manifestações: a referida patologia descreve-se pelo surgimento de manchas
negras no teto contagiando as paredes como podemos ver na figura em baixo.
Fig 21: Humidade por infiltração no tecto (e paredes) da cozinha
Causas/Solução: o desenvolvimento da patologia referida resulta da deficiente
colocação das telhas, desta forma alguma água da precipitação consegue ultrapassar
o telhado afetando o teto propagando a humidade pela parede. Estamos então na
presença de humidade por infiltração. A substituição de algumas telhas, do gesso
cartonado do teto bem como a pintura da parede resolveria a patologia.
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Conclusão
O estudo dos mecanismos físicos dos diferentes tipos de manifestação de
humidade tornou-se uma necessidade face ao atual avanço tecnológico no ramo da
engenharia civil. Através de uma investigação pormenorizada foi possível saber
como prevenir e/ou solucionar os problemas causados pela humidade nas
estruturas.
Depois da realização deste trabalho concluímos que este estudo é fundamental
pois apenas sabendo como se comporta a humidade nas estruturas nas diferentes
circunstâncias se podem planear formas de prevenção e de tratamento das mesmas,
garantindo assim uma boa manutenção dos edifícios. Por outro lado ao defender a
estrutura do edifício da humidade, preserva-se também a sua parte estética
(nomeadamente na prevenção de fissuras e do desgaste da tinta das paredes) e
melhora-se a qualidade de vida de quem o habita pois reduz-se a probabilidade do
aparecimento de fungos e musgos.
Para comprovar isso podemos basear-nos no caso de estudo real que efetuámos, no
qual o aparecimento de humidade por infiltração para além de constituir um perigo
para a estrutura também se tornava visualmente desagradável.
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Bibliografia
Sites:
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http://www.estig.ipbeja.pt/~pdnl/Subpaginas/Fisica%20dos%20edificios_files/Documentos/Material%20de%20Apoio/PPT%20aulas
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http://www.hillingdon.gov.uk/media.jsp?mediaid=22603&filetype=pdf (16/10/2012)
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f (16/10/2012)
http://5cidade.files.wordpress.com/2008/04/humidade-e-degradacao-nos-edificios.pdf
(16/10/2012)
http://www.ibisp.org.br/?pagid=vrevista_techne&id=12 (16/10/2012)
http://www.obrascondominios.com/infiltracoes (16/10/2012)
[1] http://istroyportal.ru/uploads/posts/2012-03/1332598415_sirost.jpg (16/10/2012)
[2] http://static.freepik.com/image/th/2186043.jpg (16/10/2012)
[3]http://3.bp.blogspot.com/dm02zF6ngvU/TDE28c5_LSI/AAAAAAAACR0/hvnUMWMtyJ8/s1600/Impermeabiliza%C3
%A7%C3%A3o+rodap%C3%A9+de+parede+%2819%29_thumb%5B1%5D (16/10/2012)
[4]http://blog.toiletpaperworld.com/wp-content/uploads/2009/09/Flooded-Bathroom-300x224.jpg (16/10/2012)
[5]http://3.bp.blogspot.com/_YEKtbpukb2g/TMIseKdqWTI/AAAAAAAAAHw/YN3Px3u0
kF0/s320/w.c._03 (16/10/2012)
[6]http://www.engenhariacivil.com/imagens/parede-tijolo-degradada-humidade.jpg
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[7]http://3.bp.blogspot.com/-b9vV-1YdfgY/TkQxdYdDVI/AAAAAAAAAAQ/6YkL9rvQDRA/s1600/IM002397.JPG (16/10/2012)
[8]http://www.premier-heritage.co.uk/wp-content/uploads/2009/07/The-extent-of-thedampness-is-revealed.jpg (16/10/2012)
[9]http://www.premier-heritage.co.uk/wp-content/uploads/2009/07/Wall-stripped-of-plasterto-expose-extent-of-dampness1.jpg (16/10/2012)
Livros:
- Humidade Ascencional -Vasco P. Freitas, Maria I. Torres, Ana S. Guimarães
- Método simplificado de diagnóstico de anomalias em edifícios - Vitor Abrantes e
J. Mendes da Silva, Edições FEUP
MIEC 1º Ano 2012/2013
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