A Humidade na Construção Formas, causas e prevenção Projecto FEUP Trabalho realizado por: Francisco Santos João Ribeiro José Miranda Pedro Freitas Pedro Leal Rafael Mendes Sérgio Soares MIEC 1º Ano 2012/2013 2 Índice Página nº • Resumo ................................................................................ 4 • 1 - Introdução - Tema e problemática ........................................................ 5 • 2 - Formas de húmidade ....................................................... 6 - Características visuais e físicas, fontes provenientes, prevenção e tratamento de: 2.1 - Humidade Ascencional........................................... 7 2.2 - Infiltrações ............................................................... 11 2.3 - Rutura de canalizações ........................................... 13 2.4 - Humidade de construção ..................................... 15 2.5 - Condensações internas/superficiais .................... 17 2.6 - Higroscopicidade dos materias ............................. 21 • 3 - Caso de estudo real ........................................................... 23 • Conclusão ................................................................................. 26 • Bibliografia ............................................................................... 27 MIEC 1º Ano 2012/2013 3 Resumo No âmbito da unidade curricular do Projecto FEUP foi-nos proposto a realização de um trabalho sobre a temática Humidade na Construção. Procedemos a pesquisas pormenorizadas em livros (requisitados na biblioteca) bem como na internet. Para uma melhor visualização e compreensão dividimos o tema nos diversos tipos de manifestação de humidade, nomeadamente: humidade ascencional, infiltrações, rutura de canalizações, humidade de construção, condensações internas/superficiais e higroscopicidade dos materiais. Procedemos também ao estudo de um caso real no Jardim de Infância de Barros, na Póvoa de Varzim, onde podémos observar um caso de humidade por infiltração. Fig 1: Jardim de Infância de Barros, Póvoa de Varzim MIEC 1º Ano 2012/2013 4 1 - Introdução Desde os primórdios que o homem se preocupa com a humidade, ainda quando habitava em cavernas. Quando este se começou a refugiar em cavernas para se proteger do frio e da chuva rapidamente percebeu que a humidade ascendia do solo e subia pelas paredes tornando a vida insalubre dentro destas. Assim o homem começou a aperfeiçoar as suas técnicas de isolamento ao criar habitações mais cómodas e sofisticadas. A água sempre foi um dos fatores principais de desgaste e depreciação das construções, maioritariamente devido ao seu poder de penetração. A impermeabilização tornou-se então um dos principais objectivos numa construção no sentido de proporcionar conforto aos seus usuários finais. A primeira medida a tomar será uma boa impermiabilização do edifício desde a sua edificação, na própria obra, de modo a que a água exterior não se possa infiltrar nos materiais e causar problemas futuros. A humidade é um constante desafio para a construção civil visto que uma má impermeabilização resulta em diversas patologias que são mais complicadas de detectar quando o edifício está concluído. Negligenciar estes problemas irá resultar na precoce degradação do edifício e o consequente desalojamento dos seus usuários. MIEC 1º Ano 2012/2013 5 2 - Formas de humidade A humidade pode manifestar-se nas estruturas de diversas maneiras, cada uma tem caracteristicas visuais e físicas diferentes. Obviamente que cada uma se comporta de maneira distinta da outra e requer tipos de prevenção e tratamento específicos. As formas de manifestação da humidade nos edifícios que iremos abordar neste trabalho são: - Humidade ascencional - Infiltrações - Rutura de canalizações - Humidade de construção - Condensações internas/superfíciais - Higroscopicidade dos materiais MIEC 1º Ano 2012/2013 6 2.1 - Humidade ascencional A humidade ascencional é água proveniente do solo que migra no sentido ascendente através das paredes de edifícios provocando a degradação das mesmas. Esta migração é possível devido ao facto de que quase todos os materiais de construção possuem uma estrutura porosa que permite a água deslocar-se no seu interior. Fontes de água e variações ao longo do ano As fontes de água que provocam o surgimento de humidade ascencional são: águas freáticas e águas superfíciais. A humidade que provém de águas freáticas, Fig. 2, tem carácter de permanência embora varie com as modificações provocadas pelo homem, mas em geral as suas manifestações ao longo do ano são mais estáveis pois a fonte de água é invariável. Fig. 2 : Humidade proveniente de águas freáticas numa parede MIEC 1º Ano 2012/2013 7 Por outro lado, se se tratar de águas superficiais a manifestação da humidade ascencional apresenta variações ao longo do ano, nomeadamente com a alteração das estações do ano que terão mais ou menos precipitação. Normalmente o nível de humidade nas paredes exteriores é mais elevado do que nas interiores. Fig. 3 : Humidade proveniente de águas superficiais numa parede Os níveis de humidade ascencional variam de acordo com diversos factores condicionantes, sendo eles: • Condições climáticas O nível atingido pela humidade ascencional é extremamente influenciado pelas condições climáticas, pois estas tendem a acelerar (ou desacelerar) o processo de secagem da humidade. Diremos então que em zonas com maior humidade relativa a evaporação será muito mais difícil e a frente húmida será maior, enquanto que em zonas com menor humidade relativa o contrário se sucederá diminuindo o nível da frente húmida. MIEC 1º Ano 2012/2013 8 • Exposição solar Numa construção em que as condições climáticas sejam iguais em toda a sua estrutura, existem variações na progressão da frente húmida em diferentes paredes de acordo com a sua orientação geográfica. Se uma parede estiver orientada de modo a que a sua exposição solar ao longo do ano seja elevada, o processo de secagem nela será consequentemente também mais elevado. • Presença de sais nos materiais de construção A cristalização de sais nas estruturas porosas da pedra contribuem para a sua degradação. Isto acontece porque os sais, ao cristalizar, aumentam o volume criando pressão dentro dos poros da pedra. A temperatura e a humidade influenciam o processo. • Porosidade dos materiais Praticamente todos os materiais de contrução tradicionais apresentam porosidade, ou seja, minúsculas aberturas (poros) que permitem a circulação do ar e da água. A porosidade é medida através da razão entre o volume de poros e canais vazios e o seu volume total aparente. A porosidade pode ser fechada ou aberta, sendo que a porosidade aberta é quando os poros comunicam entre si por canais, e no caso da porosidade fechada os poros nao comunicam entre si (diz-se então que o material é impermeável), não permitindo a transferência de água no interior. Fig. 4: Porosidade fechada MIEC 1º Ano 2012/2013 Fig: 5: Porosidade aberta 9 Uma boa forma de combater a humidade ascencional é usar materiais com porosidade fechada visto que estes formam uma barreira física para a água, impedindo-a de avançar. • Espessura da parede e materiais de revestimento A espessura da parede condiciona a altura atingida pela humidade ascencional. Quanto mais espessa a parede for maior será a absorção e a evaporação (pois a parede tem mais área exposta) e consequentemente irá ter um teor de humidade maior. O mesmo irá acontecer quando se utilizam materiais de revestimento, quanto maior o nível de impermeabilidade do material de revestimento, mais a humidade vai tender a subir na parede. Isto acontece porque a água não consegue sair pelos lados da parede que estão revestidos então segue o seu caminho em sentido ascendente. Fig 6: Parede sem isolamento MIEC 1º Ano 2012/2013 Fig 7: Parede com isolamento 10 2.2 - Infiltrações A infiltração constitui um tipo de humidade em que ocorre a passagem da água da superfície para o interior do solo. Este processo ocorre assim que uma pequena parte da água proveniente da chuva se depara diretamente com o solo. Dependendo da humidade desse solo, a água poderá mais tarde evaporar ou ainda penetrar ou escoar superficialmente. A água infiltrada sofrerá a ação de capilaridade. Isto é, será retida nas camadas superiores do solo se esta prevalecer sobre a força da gravidade. No entanto, à medida que o solo vai humedecendo, devido à ação da força da gravidade, a água vai infiltrar-se em direção ás camadas mais profundas. Ora, o percurso da água vai ser determinado através dos espaços vazios formados entre os grãos que constituem parte do solo e vai ser pouco extenso caso a infiltração decorra de precipitações naturais. Fig 8: Parede degradada por humidade infiltrada [2] De forma resumida, a infiltracão depende principalmente dos seguintes fatores: a) Tipo de solo: A capacidade de infiltração varia diretamente com a porosidade do solo, com o tamanho das partículas do solo (distribuição granulométrica) e o estado de fissuração das rochas. b) Grau de humidade do solo: O solo no estado seco tem maior capacidade de infiltração, pelo fato de que além da ação gravitacional se somam as forças capilares. De outro modo, quanto maior for a humidade do solo, menor será a capacidade de infiltração. MIEC 1º Ano 2012/2013 11 c) Compactação pela ação de homens e animais: A compactação da superfície do solo torna-o praticamente impermeável, diminuindo a capacidade de infiltração. d) Ação da precipitação sobre o solo: A ação da chuva sobre o solo tende a diminuir a capacidade de infiltração, pelo efeito da compactação da superfície do terreno, do transporte de material fino que diminui a porosidade junto à superfície e do aumento das partículas coloidais, que diminui os espaços intergranulares. e) Alteração da macroestrutura do terreno: A capacidade de infiltração pode ser aumentada pela alteração da macroestrutura do solo devido a fenômenos naturais, como escavações de animais, decomposição de raízes de plantas e ação do sol, e também devido a ação do homem no cultivo da terra. f) Cobertura Vegetal: A presença da cobertura vegetal tende a aumentar a capacidade de infiltração do solo, pois acentua a ação da chuva e facilita a atividade de insetos e outros animais no processo de escavação. Contudo, pode dificultar o escoamento superficial acabando por diminuir a humidade do solo. g) Temperatura do solo: A infiltração é um fenômeno de fluxo de água no solo. Assim, a sua medida (através da capacidade de infiltração) depende da temperatura da água, da qual depende a sua viscosidade. Menores temperaturas provocam o aumento da viscosidade. h) Presença de ar: O ar retido temporariamente nos espaços intergranulares retarda a infiltração da água. Quando uma construção é sujeita a chuvas intensas contém partes que estão em contato direto com o solo ou situa-se com proximidade a pedras ou terrenos com alto grau de humidade, por vezes aparecem manchas típicas nas paredes dos edificios. Essas manchas são indícios de que a estrutura foi afetada e não apenas o visual da construção. Manifesta-se através de bolhas de ar, mofo e fiçuras, dando um ar de descuido e sujo. Caso as manchas estejam a aparecer em zonas próximas ao centro das paredes, significa que se trata de uma infiltração por tubulação hidráulica. Ou seja, o problema provém da estrutura da canalização que transporta fluídos. No entanto, se as manchas aparecerem em rodapés e começarem a subir e a intensificar trata-se de uma infiltração proveniente do solo. Como prevenir: Uma solução eficaz para evitar estas situações pode ser a impermeabilização da superfície para que este no futuro seja impermeável a água ou a outro fluído. Isto deve ser feito principalmente nas zonas mais frias da habitação: casas de banho, cozinhas. Não basta pintar as paredes. Isso iria apenas esconder o verdadeiro problema. MIEC 1º Ano 2012/2013 12 Outra solução consiste na drenagem de fluidos por meio de tubos ou canais, em que o cano deve ser constituído por um material resistente o suficiente para aguentar o material que está a ser carregado. Fig 9: Humidade por infiltração [3] MIEC 1º Ano 2012/2013 13 2.3 - Humidade causada por rutura de canalizações • O que é? Esta é a humidade causada por falhas nos sistemas de tubagem, como águas pluviais, esgoto e água potável, e que geram infiltrações. A existência de humidade com esse tipo de origem tem uma importância especial quando se trata de edificações que já possuam um longo tempo de existência, pois pode haver presença de materiais com tempo de vida já excedido, que não costumam ser contempladas em planos de manutenção predial. Esta forma de manifestação da humidade está associada a fugas de água provocadas por defeitos de construção ou de funcionamento de determinados equipamentos e/ou instalações. Fig 10: Consequência de uma rutura em canalizações[4] MIEC 1º Ano 2012/2013 14 • Deteção e manifestação A deteção deste tipo de anomalia torna-se relativamente complexa porque muitas vezes ocorrem manifestações em locais diferentes da sua origem atendendo ao facto de haver migrações de água no interior dos diversos elementos de construção. A humidade causada por fugas e defeitos na canalização, apresenta-se por círculos húmidos tipo auréola ou por bolores. As principais áreas afectadas são perto de canos/sistemas de tubagem ou de aparelhos sanitários. Esta manifestação surge principalmente em áreas que se encontrem perto de aparelhos sanitários que sejam usados mais vezes, como banheiras,lavatórios, bancas de cozinhas, por exemplo. Este tipo de humidade pode ser facilmente detectado quando as canalizações estão visíveis. O problema maior é quando estas se encontram por dentro das paredes, como na maioria das habitações. Além das humidades provenientes das canalizações poder se manifestar a uma distância considerável da fuga, tem ainda o inconveniente de ser complicado resolver o problema. Fig 11: Canalizações em reparação[5] • Formas de tratamento Como diagonosticar? Podemos detectar uma fuga numa canalização vigiando por exemplo o contador da água, de noite e de manhã, com o objetivo de verificar se houve gastos de água (convém certificar-se que nenhum aparelho sanitário está com fugas). Se verificarmos que a humidade tende a aparecer ou reaparecer conforme a utilização de um determinado aparelho sanitário, podemos constatar que o problema vem desse mesmo aparelho. MIEC 1º Ano 2012/2013 15 Como tratar? Depois da fuga ser localizada e analisada, terá que ser realizado um trabalho a nível de canalizações, reparação ou substituição. 2.4 - Humidade de construção • O que é? A humidade de construção existe em todos os locais de trabalho, pelo facto de que os materiais de construção necessitam de água para serem utilizados corretamente. Esta água existente nos materiais, eventualmente irá evaporar-se e se não for corretamente tratada, através de uma ventilação ideal, pode danificar a estrutura do edifício. Este tipo de humidade é bastante menosprezado, mas devido ás grandes quantidades de água utilizadas no processo de construção e que se irão evaporar, tem um efeito negativo tal como todas as outras formas de manifestação da humidade. Fig 12: Humidade a degradar tijolos [6] MIEC 1º Ano 2012/2013 16 • Deteção e Manifestação A humidade nas construções, nomeadamente nos materiais utilizados, pode evaporar-se rapidamente ou lentamente. A que se evapora rapidamente não apresenta muitos problemas, mas a que demora mais tempo a evaporar pode vir a gerar problemas no futuro, se não for tratada devidamente. Ao ocorrer o processo de evaporação podem acontecer anomalias gerais e específicas. As anomalias gerais apresentam-se como expansões ou destaques de certos materiais, possíveis fissurações ligeiras localizadas e ainda uma eventual diminuição de temperatura por parte dos materiais de construção. Já as anomalias específicas mostram-se quer como manchas de humidade, que podem variar nos tamanhos mas geralmente são de grande dimensão e com uma tonalidade pouco acentuada, quer como condensações. Outro problema causado por esta humidade é o eventual aparecimento de bolores, que podem vir a ser um problema quer na estrutura da casa, quer na saúde dos habitantes da casa. • Formas de tratamento Para evitar as consequências já referidas, durante a construção do edifício tem-se de ter em conta certas medidas que ajudarão na prevenção de tais consequências. As duas principais medidas a tomar serão o uso de ventilação natural e a secagem rápida dos elementos construtivos. A ventilação natural fará com que os materiais húmidos entrem em contacto com ar relativamente seco, que por sua vez leva à secagem dos materiais. Fig 13: Ventilação entre os materiais [7] MIEC 1º Ano 2012/2013 17 Para ambientes mais húmidos recomenda-se o reforço da ventilação existente. Este reforço pode vir através do aumento da temperatura do ar, que leva à diminuição da humidade relativa do ar, tornando a secagem dos materiais mais fácil. Também podemos obter a diminuição da humidade existente no ar, utilizando desumidificadores, que para ter uma melhor eficácia, deve ser feito num edifício fechado. Este aumento de temperatura não é recomendável quando este mesmo leva à origem de vapor de água ou de gases tóxicos, daí que deve ser feito em conjunto com uma ventilação apropriada. 2.5 - Condensações internas/superficiais A humidade de condensação provém do vapor de água que se condensa nos parâmetros expostos ou no interior dos elementos de construção. Esta pode ser dividida em dois tipos de condensações: as condensações internas e superficiais. • Condensações superficiais Como o próprio nome indica as condensações superficiais situam-se exactamente na superficíe dos elementos de construção. Existem duas principais causas para as condensações superficais que passo a referir: • As “Pontes Térmicas”; • O sob aquecimento de construções não isoladas e ventiladas adequadamente. Pontes Térmicas Em termos simples, pontes térmicas são as regiões onde a caixa de ar ou o isolamento térmico da parede exterior de um edifício é interrompido. Usualmente, os pilares, vigas, lintéis, cabeceiras e ombreiras ou as lajes constituem pontes térmicas visto que interrompem ou delimitam os panos de alvenaria. Nos locais onde existem pontes térmicas podem ocorrer condensações que dão origem ao aparecimento de bolores e fungos resultando num efeito prejudicial para o edifício e para os seus ocupantes visto que contribui para uma deterioração mais rápida dos materiais de contrução presentes além de poder provocar danos na saúde dos ocupantes. MIEC 1º Ano 2012/2013 18 Como identificar? As condensações superficiais causadas por pontes térmicas são identificadas através do padrão de crescimento das manchas e fungos revela a ponte térmica subjacente. Tipicamente o crescimento de fungos está confinado a cantos, no entanto o crescimento das manchas e dos fungos vai tornar a ponte térmica mais díficil de detectar. Figs 14 e 15: Humidade por condensação superficial • Como resolver o problema? Eliminar as condensações causadas por Pontes Térmicas requer, obviamente, a eliminação da Ponte Térmica existente, isso é possível através da instalação de isolamento de revestimento seco dentro do edifício. Isto aumenta a temperatura da superfície interna enerente à Ponte Térmica e evita que a condensação ocorra. Em tectos é normalmente utilizada uma placa térmica pregada às vigas substituindo o revestimento original. O sub-aquecimento Quando alguma construção não está propriamente aquecida, a temperatura superficial das paredes exteriores ou tecto pode ser muito baixa, especialmente se o edifício nas estiver propriamente isolado. Quando o ar húmido quente entre em contacto entre em contacto com as paredes frias, este é arrefecido e torna-se incapaz de transportar tanta humidade, a qual fica depositada nas paredes do edifício. MIEC 1º Ano 2012/2013 19 Este problema é muitas vezes agravado pela pouca ventilação. Humidade é introduzida dentro das construções de diversas maneiras, até simplesmente por respirarmos. Esta humidade pode ser prontamente retirada quando não acontece o risco de condensação de superfície aumenta. • Como identificar? Condensação resultante de sub-aquecimente acontece primeiramente nas superfícies mais frias (janelas de vidro) e em locais pouco ventilados. Em casos extremos paredes e tectos inteiros podem ser afectados Figs 16 e 17: Humidade por condensação superficial • Como resolver o problema? Eliminar a condensação superficial provocada por sub-aquecimento é um processo complexo pois é provocado pelas acções dos ocupantes do edifício e problemas técnicos da própria casa. A primeira resposta mais comum para solucionar este problema é melhorar a ventilação do edifício. Tipicamente são instalados aparelhos de ventilação (ex: ventoinhas, extratores) tanto em divisões da casa como em janelas. Outra maneira de resolver o problema consiste na instalação de um sistema de aquecimento central, fornecendo aquecimento para todo o edifício. MIEC 1º Ano 2012/2013 20 • Condensações Internas As condensações internas são aquelas que se situam parte interior dos elementos de construção. Estas dão oirgem à degradação dos materiais. O aumento do teor em àgua, resultante da absorção da àgua condensada, faz diminuir a resistência térmica, que resulta numa perda de isolamento térmico que pode conduzir a eventuais condensações superficiais no elemento em questão. Todavia, existem maneiras de averiguar se existem ou não condensações internas ou não no elemento em estudo. Numa parede homogénea: 1. Devemos começar por determinar as temperaturas superficias.(verde) 2. Determinar a pressão de saturação do vapor de àgua (Ps). (vermelho) 3. Determinar as pressões parciais nas superfícies (P). (azul) 4. Não ocorrem condensações se P ≤ Ps. Numa parede heterogénea: Existe o risco acrescido de ocorrência de condensações internas em paredes cuja zona interior seja constituída por materiais bons isolantes e muitos permeáveis ao vapor de àgua e em paredes nas quais a zona exterior é constituída por materiais termicamente pouco isolantes e pouco permeáveis ao vapor. • Como identificar? Por acontecer dentro dos elementos de construção esta humidade não é identificável visualmente porém, como já foi referido ela conduz às condensações superficiais as quais são identificáveis pela criação de manchas e de fungos nos elementos de construção. MIEC 1º Ano 2012/2013 21 • Como resolver o problema? Resolver este problema passa pelo reforço do isolamento térmico apenas pelo exterior, visto que pelo interior a resolução do problema não está garantida. 2.6 - Higroscopicidade dos materiais • O que é a higroscopicidade dos materiais? Muitos materiais de construção existentes no mercado possuem na sua constituição química sais solúveis em água, o mesmo acontecendo nos solos, especialmente aqueles ricos em matéria orgânica. Estes sais, quando depositados em ambiente secos não oferecem problemas. No entanto, sob a acção da água, os sais dissolvidos, migram juntamente com a água até à superfície, onde se cristalizam. Este processo de dissolução/cristalização gera um aumento de volume nos sais provocando assim a deterioração da superfície onde está depositado. Quando esta cristalização se dá no interior da superfície o fenómeno é denominado de criptoflorescência, quando no ambiente exterior é de eflorescência. Alguns destes sais, chamados higroscópicos, têm a capacidade de absorverem a humidade do ar, dissolvendo-se quando essa humidade encontra-se acima dos 65-75%, voltando a cristalizar-se quando abaixo deste intervalo, apresentando um significativo aumento de volume devido a sua cristalização. Os sais que mais frequentemente estão associados a manifestações patológicas são: Nitratos – sais de origem orgânica, logo é mais propicia a sua presença em zonas rurais. O mais corrente é o nitrato de cálcio, que cristaliza a 25ºC e a uma humidade relativa de 50%. Sulfatos – sais bastante higroscópicos e solúveis. Cristalizam com grande aumento de volume. A presença dos sulfatos é facilmente identificável quando se nota, um esfarelamento superficial dos materiais, sob a forma de ‘’areia’’, um levantamento do estrato pictórico, um destacamento do reboco ou uma corrosão superficial. Nem sempre as zonas atingidas por este fenómeno apresentam sinais de humidade, porque a água que favorece o processo de sulfatação é eliminada sob a forma de vapor. MIEC 1º Ano 2012/2013 22 Cloretos – provenientes essencialmente dos materiais de construção, da água e de ambientes marinhos. Absorvem grandes quantidades de água quando combinados com outros sais, principalmente com os sulfatos. Carbonatos – estão também presentes nos materiais de construção, transformando-se em bicarbonatos sob a acção da água e do dióxido de carbono. Os maiores danos provocados pela alteração dos carbonatos no campo da edificação são as manifestações de tipo cársico na sequência do deslavamento do bicarbonato de cálcio. • Quais as suas formas de manifestação? As anomalias que têm por origem estes fenómenos decorrentes da higroscopicidade dos sais são caracterizadas pelo aparecimento de sais nas alvenarias, de manchas de humidade nos locais com forte concentração de sais e, em determinados casos, associados a degradação dos revestimentos da parede. Figs 18 e 19: Aparecimento de sais mas alvenarias de um edifício [8] [9] MIEC 1º Ano 2012/2013 23 3 - Caso de estudo real Depois de um intenso estudo sobre a temática da humidade não faria sentido deixar de realizar um estudo prático, desta forma foi proposto ao grupo a investigação de um caso de um edifício com a patologia estudada bem como o seu registo fotográfio. Após uma discussão entre os membros do grupo, decidimos o edifício alvo de estudo (Jardim de infância de Barros), posteriormente dirigimo-nos ao local. Para uma melhor explicação e esclarecimento de dúvidas bem como a autorização de entrada decidimos contactar o presidente da junta Sr. Armandino Domingues que nos foi bastante prestável. Com a devida autorização procedemos ao registo fotográfico. Desta forma foi realizado um estudo pormenorizado ao edifício como também à patologia desenvolvida. Fig 20: Jardim de Infância de Barros, Póvoa de Varzim MIEC 1º Ano 2012/2013 24 • Identificação do edifício Local: O edifício em estudo situa-se no centro da freguesia da Estela, concelho da Póvoa de Varzim pertencente ao distrito do Porto mais precisamente no nº 135 da Rua Comendador Araújo. Data de construção: 1947 Materiais constituintes: - estrutura: constituído por granito (perpianho); - revestimento das paredes: no interior é realizado com reboco com a exceção dos sanitários, cozinha e algumas zonas das salas em que estas são com cerâmicos. Por sua vez no exterior é realizado com reboco e em algumas zonas granito à vista; - pavimento: na sua maioria é realizado com cerâmicos, exceto na sala em que contem corticite; - teto: construído com gesso cartonado; - telhado: é formado por quatro águas sendo constituído por telhas lusa; - outro: caixilharias exteriores são em madeira, enquanto os peitoris e soleiras em granito. Função: o edifício atualmente funciona como jardim-de-infância, porém quando foi construído funcionava como cantina de apoio às famílias carenciadas. MIEC 1º Ano 2012/2013 25 • Caracterização da patologia Local: a patologia localiza-se na cozinha mais propriamente no teto; Manifestações: a referida patologia descreve-se pelo surgimento de manchas negras no teto contagiando as paredes como podemos ver na figura em baixo. Fig 21: Humidade por infiltração no tecto (e paredes) da cozinha Causas/Solução: o desenvolvimento da patologia referida resulta da deficiente colocação das telhas, desta forma alguma água da precipitação consegue ultrapassar o telhado afetando o teto propagando a humidade pela parede. Estamos então na presença de humidade por infiltração. A substituição de algumas telhas, do gesso cartonado do teto bem como a pintura da parede resolveria a patologia. MIEC 1º Ano 2012/2013 26 Conclusão O estudo dos mecanismos físicos dos diferentes tipos de manifestação de humidade tornou-se uma necessidade face ao atual avanço tecnológico no ramo da engenharia civil. Através de uma investigação pormenorizada foi possível saber como prevenir e/ou solucionar os problemas causados pela humidade nas estruturas. Depois da realização deste trabalho concluímos que este estudo é fundamental pois apenas sabendo como se comporta a humidade nas estruturas nas diferentes circunstâncias se podem planear formas de prevenção e de tratamento das mesmas, garantindo assim uma boa manutenção dos edifícios. Por outro lado ao defender a estrutura do edifício da humidade, preserva-se também a sua parte estética (nomeadamente na prevenção de fissuras e do desgaste da tinta das paredes) e melhora-se a qualidade de vida de quem o habita pois reduz-se a probabilidade do aparecimento de fungos e musgos. Para comprovar isso podemos basear-nos no caso de estudo real que efetuámos, no qual o aparecimento de humidade por infiltração para além de constituir um perigo para a estrutura também se tornava visualmente desagradável. MIEC 1º Ano 2012/2013 27 Bibliografia Sites: http://en.wikipedia.org/wiki/Thermal_bridge (16/10/2012) http://www.estig.ipbeja.pt/~pdnl/Subpaginas/Fisica%20dos%20edificios_files/Documentos/Material%20de%20Apoio/PPT%20aulas /Cap%203%20-%20Humidades_web.pdf (16/10/2012) http://www.hillingdon.gov.uk/media.jsp?mediaid=22603&filetype=pdf (16/10/2012) http://www.estt.ipt.pt/download/disciplina/1136__Humidade_Constru%C3%A7%C3%A3o.pd f (16/10/2012) http://5cidade.files.wordpress.com/2008/04/humidade-e-degradacao-nos-edificios.pdf (16/10/2012) http://www.ibisp.org.br/?pagid=vrevista_techne&id=12 (16/10/2012) http://www.obrascondominios.com/infiltracoes (16/10/2012) [1] http://istroyportal.ru/uploads/posts/2012-03/1332598415_sirost.jpg (16/10/2012) [2] http://static.freepik.com/image/th/2186043.jpg (16/10/2012) [3]http://3.bp.blogspot.com/dm02zF6ngvU/TDE28c5_LSI/AAAAAAAACR0/hvnUMWMtyJ8/s1600/Impermeabiliza%C3 %A7%C3%A3o+rodap%C3%A9+de+parede+%2819%29_thumb%5B1%5D (16/10/2012) [4]http://blog.toiletpaperworld.com/wp-content/uploads/2009/09/Flooded-Bathroom-300x224.jpg (16/10/2012) [5]http://3.bp.blogspot.com/_YEKtbpukb2g/TMIseKdqWTI/AAAAAAAAAHw/YN3Px3u0 kF0/s320/w.c._03 (16/10/2012) [6]http://www.engenhariacivil.com/imagens/parede-tijolo-degradada-humidade.jpg (16/10/2012) [7]http://3.bp.blogspot.com/-b9vV-1YdfgY/TkQxdYdDVI/AAAAAAAAAAQ/6YkL9rvQDRA/s1600/IM002397.JPG (16/10/2012) [8]http://www.premier-heritage.co.uk/wp-content/uploads/2009/07/The-extent-of-thedampness-is-revealed.jpg (16/10/2012) [9]http://www.premier-heritage.co.uk/wp-content/uploads/2009/07/Wall-stripped-of-plasterto-expose-extent-of-dampness1.jpg (16/10/2012) Livros: - Humidade Ascencional -Vasco P. Freitas, Maria I. Torres, Ana S. Guimarães - Método simplificado de diagnóstico de anomalias em edifícios - Vitor Abrantes e J. Mendes da Silva, Edições FEUP MIEC 1º Ano 2012/2013 28