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O ELITE RESOLVE FUVEST 2009 – SEGUNDA FASE HISTÓRIA
HISTÓRIA
que o vassalo deveria prestar ao suserano, em troca de ter recebido
terras (normalmente um feudo, que era chamado de beneficium).
Vale salientar que tais relações eram estabelecidas através de um
cerimonial, a Cerimônia de Investidura, na qual o vassalo prestava
homenagem ao suserano, fazendo genuflexão simples e proferindo as
seguintes palavras: “eu sou o seu homem”. O suserano entregava ao
vassalo, que se encontrava ajoelhado, um ramo simbolizando as
terras. Tal cerimonial normalmente era intermediado pelo clero e
encerrava-se com um beijo na boca entre os senhores feudais. Cabe
mencionar que o beijo foi mais comum na região da Gália (atual
França) ao longo do século XIII.
b) Servidão foi o regime de trabalho predominante no sistema feudal,
sendo estabelecido entre senhores feudais e servos. Na servidão, os
servos eram obrigados a pagar em trabalho ou em espécie uma
série de tributos aos senhores feudais. Tais tributos eram cobrados
pelos senhores, uma vez que, segundo as relações sociais
estabelecidas na época, o servo tirava o seu sustento das terras do
senhor, bem como se abrigava nas mesmas. Assim deveria pagar
ao senhor por tais benefícios. Os principais tributos e obrigações
servis eram:
– Corvéia: obrigação de trabalhar nas terras do senhor (o manso
senhorial) de duas a três vezes por semana.
– Talha: obrigação de entregar parte de sua produção (a produção
servil do manso servil) para o senhor feudal. Entregava-se
costumeiramente 50% da produção.
– Banalidades: pagamento pelo uso de instrumentos e ferramentas
pertencentes ao senhor feudal, tais como moinho, forno e lagar.
QUESTÃO 01
No ano passado, aconteceu em Pequim mais uma Olimpíada. No
mundo, peças teatrais estão sendo continuamente encenadas. Como
se sabe, Olimpíadas e teatro (ocidental) foram uma criação da Grécia
antiga.
Discorra sobre
a) o significado dos jogos olímpicos para os antigos gregos;
b) as características do teatro na Grécia antiga.
Resolução
a) Os jogos olímpicos tinham significados diversos para os gregos,
que extrapolavam o caráter esportivo. Dentre os principais
significados, destacam-se:
– Culto e Homenagem aos deuses: Os gregos eram politeístas e
promoviam cultos para homenagear seus respectivos deuses. Os
gregos supunham que os deuses habitavam um lugar mítico – o monte
Olimpo. Assim, erigiram na região da Tessália o monte Olimpo, e nele
deram origem aos jogos olímpicos como forma de homenagear Zeus e
os demais deuses.
– Demonstração de poder militar: Cada atleta nos jogos olímpicos
representava uma cidade. Assim, a vitória de um atleta, em qualquer
modalidade esportiva, era tida como uma clara demonstração de
poder militar desta cidade, o que significava, além de honra e
prestígio, a conquista de respeito das demais cidades.
QUESTÃO 03
A Reforma religiosa do século XVI provocou na Europa mudanças
históricas significativas em várias esferas.
– Integração entre os helenos (gregos): Tal integração fazia-se
necessária já que, embora possuíssem uma origem comum, uma
língua comum, vivessem numa mesma região (a Hélade) e
possuíssem características culturais semelhantes, os gregos, a partir
do século VIII a.C. passaram a viver em cidades-estado, isto é,
cidades totalmente independentes umas das outras. Não raras vezes,
os povos de tais cidades entravam em guerras, e a Olimpíada era a
forma de demonstração de poder e, ao mesmo tempo, integração e
pacificação, mais eficiente.
Indique transformações decorrentes da Reforma nos âmbitos
a) político e religioso;
b) sócio-econômico.
Resolução
a) Foram transformações políticas decorrentes da Reforma:
- Conflitos no Sacro Império Romano Germânico: No Sacro
Império predominava desde o feudalismo a religião católica. Os
imperadores do Sacro Império, embora não raras vezes tenham
entrado em conflito com o Papado Romano, eram católicos
“fervorosos”. No entanto, havia diversos conflitos internos no Sacro
Império entre seus príncipes, a maioria deles por questões territoriais
que envolviam o prestígio político dos príncipes. Com a reforma
protestante, muitos príncipes converteram-se ao luteranismo
vislumbrando a possibilidade de confiscar as terras da Igreja Católica
e assim aumentar o seu prestígio e poder político nos limites do Sacro
Império.
- Surgimento da Igreja Anglicana através do Ato de Supremacia
(1534) decretado pelo rei Henrique VIII. Por tal ato, além da criação da
Igreja Anglicana cujo chefe seria o próprio rei, o Estado inglês
confiscou as terras da Igreja Católica. Tudo isso significou a
inauguração da Monarquia Absolutista na Inglaterra, sob autoridade da
dinastia Tudor.
- Na França, com o surgimento do protestantismo expressado
através dos huguenotes, intensificaram-se os conflitos entre católicos
e protestantes. Neste contexto eclode a Guerra dos três Henriques (2ª
metade do XVI). Durante o reinado de Henrique III houve uma disputa
pelo poder entre Henrique de Guise (católico) e Henrique de Navarra
(protestante). A vitória de Henrique de Navarra deu início à Dinastia
dos Bourbons. Para consolidar seu poder, Navarra converteu-se ao
catolicismo (“Paris vale uma missa”) e concedeu liberdade de culto
aos protestantes (Edito de Nantes 1598). Desta forma inaugura-se o
absolutismo francês.
Do ponto de vista religioso a Reforma significou mais que uma
transformação, foi a ruptura da unidade cristã no século XVI,
ocasionada pelo surgimento do luteranismo, do calvinismo e do
anglicanismo. Tais religiões, embora cristãs, divergiam do
pensamento católico, representando assim as mudanças culturais da
época:
- Luteranismo: não pregava a venda de indulgências, ao contrário
determinava que a salvação era dada pela fé.
- Calvinismo: defendia a Teoria da Predestinação, segundo a qual
Deus escolhe os indivíduos que serão salvos, sendo sinais de
predestinação trabalho e riqueza.
b) Existem indícios de que o nascimento do teatro se deu em meio às
festas ao deus Dionísio (as dionisíacas), nas quais eram feitas as
procissões alegres. De tais procissões nasceram as comédias e as
tragédias (do grego, tragos = canto), pois o canto era parte do culto ao
deus Dionísio.
O teatro grego era acessível a toda a população, sendo usado como
instrumento para educação dos jovens e também para
aperfeiçoamento das técnicas de oratória e retórica, amplamente
empregadas na política. O teatro era dividido basicamente em tragédia
e comédia, possuindo uma estrutura dramática, com temas profundos,
que abordavam a natureza humana com seus defeitos e qualidades.
Para expressar de forma mais realista a característica de uma
personagem, os atores gregos usavam máscaras. Vale destacar que o
teatro era encenado ao ar livre e todos os papéis, inclusive os
femininos, eram desempenhados por homens. Outra característica do
teatro grego eram os coros, cantados e dançados nos espetáculos,
remontando à origem das apresentações teatrais.
QUESTÃO 02
No feudalismo, a organização da sociedade baseava-se em vínculos
de dependência pessoal como os de vassalagem e servidão.
Descreva o que eram e como funcionavam, na sociedade feudal,
a) a vassalagem;
b) a servidão.
Resolução
a) Vassalagem era um tipo de relação de inter-dependência pessoal
entre senhores feudais (nobres). Tais relações estabeleciam-se entre
senhores feudais que buscavam proteção militar particular, já que no
mundo feudal não existia poder central, isto é, um Estado que
controlasse um exército capaz de defender a nação e seus respectivos
membros.
A vassalagem funcionava através da doação de terras de um senhor
feudal (com mais terras) para outro senhor feudal (com menos terras).
O doador ficava conhecido como suserano e o receptor como
vassalo. A partir de tal doação, criavam-se obrigações mútuas entre
suserano e vassalo, dentre as quais se destaca a proteção militar
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Observando a ilustração, explique
a) o impacto social a que ela se refere;
b) os desdobramentos políticos dessa guerra.
Resolução
a) A imagem de Ângelo Agostini apresenta uma característica
contraditória em relação à participação do Brasil na Guerra do
Paraguai (1864-1870). Em primeiro plano, ela nos mostra a imagem
de um soldado negro, afinal essa foi uma prática comum por parte do
Brasil, o envio compulsório de negros escravos e/ou libertos para se
incorporarem ao exército, carente de contingente nas áreas de
conflito. Porém, com a vitória brasileira e de seus aliados (Argentina e
Uruguai), os negros, mesmo tendo auxiliado no conflito, ao
regressarem, se deparavam com a mesma situação de violência e
opressão inerentes à escravidão ainda ativa no Brasil. Essa situação
foi representada ao fundo da imagem, onde vemos um escravo negro
sendo açoitado no tronco. Vale destacar que a heróica vitória do Brasil
na Guerra levou a sociedade brasileira a um intenso debate sobre a
manutenção ou não da escravidão no Brasil, sendo o exército o
principal porta-voz da emancipação dos negros.
b) A vitória da Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai) elevou o
prestígio da família imperial brasileira, mas, contraditoriamente
contribuiu decisivamente para o início da crise do Império brasileiro, o
que resultou na proclamação da República em 1889. A Guerra do
Paraguai foi o primeiro grande conflito externo no qual o Brasil se
envolveu e, ao iniciar os combates, o país ainda não contava com um
exército preparado para tal empreitada, principalmente porque a
Guarda Nacional era mais prestigiada junto à sociedade brasileira.
Entretanto, com a chegada de Luis Alves de Lima e Silva (Duque de
Caxias) para comandar as tropas, o exército se fortaleceu e se
profissionalizou. Ao encerrarem os combates, com a vitória brasileira,
o exército passa a exigir maior prestigio político. Além disso, os ideais
republicanos e abolicionistas contaminaram nossas Forças Armadas,
já que o Brasil lutou ao lado de Repúblicas (Argentina e Uruguai) e
porque muitos negros foram incorporados ao exército durante os
conflitos e, assim, passaram a conviver com o restante das tropas.
Tudo isso, aliado a outros fatores, como o movimento abolicionista, a
ação dos partidos republicanos que surgem a partir de 1870, o
processo abolicionista, a crise com a Igreja, levou à queda do sistema
monárquico brasileiro.
- Anglicanismo: apresentava um ritual (culto) parecido com o católico.
Em termos doutrinários defendia a predestinação e permitia mais de
um casamento.
b) Em termos sócio-econômicos a reforma contribuiu com o
desenvolvimento do capitalismo, pois ao contrário do catolicismo, o
calvinismo não só permitia o lucro e a usura, mas estimulava,
justamente pelo fato de que, de acordo com o calvinismo, riqueza e
trabalho são sinais de salvação (é valido lembrar que o lucro não
deveria ser gasto, mas reinvestido). Assim, além de contribuir com o
capitalismo, a reforma (sobretudo através do Calvinismo), contribuiu
com a ascensão da burguesia.
QUESTÃO 04
E [os índios] são tão cruéis e bestiais que assim matam aos que nunca
lhes fizeram mal, clérigos, frades, mulheres... Esses gentios a
nenhuma coisa adoram, nem conhecem a Deus.
Padre Manuel da Nóbrega, em carta de 1556.
(...) Não vejo nada de bárbaro ou selvagem no que dizem daqueles
povos; e na verdade, cada qual considera bárbaro o que não se
pratica em sua terra.
(...) Esses povos não me parecem, pois, merecer o qualitativo de
selvagens somente por não terem sido se não muito pouco
modificados pela ingerência do espírito humano e não haverem quase
nada perdido de sua simplicidade.
Michel de Montaigne. Ensaios, 1588.
a) Compare as concepções dos dois autores sobre as populações
nativas do Brasil.
b) Indique a concepção que prevaleceu e quais as conseqüências
para a população indígena.
Resolução
a) Os autores trazem duas concepções distintas a respeito das
sociedades indígenas brasileiras com as quais se depararam ao longo
do século XVI, após o chamado “descobrimento”. A primeira, do
jesuíta Manuel da Nóbrega, apresenta uma visão carregada de juízos
de valor. Tomando como referência os hábitos e costumes europeus,
fortemente influenciados pelo cristianismo, para fundamentar sua
análise, apresenta os indígenas como seres “cruéis e bestiais” e
totalmente desapegados de qualquer crença religiosa. Já Michel de
Montaigne procura relativizar sua análise, salientando as diferenças
em relação à sociedade européia e à forma primitiva como viviam os
nativos, mas evitando emitir um julgamento, contrariando assim as
idéias que ligavam os indígenas à selvageria e à barbárie.
b) A visão apresentada no primeiro fragmento predominou, o que
serviu muitas vezes como justificativa ideológica para a conquista,
bem como para a transposição, de valores europeus para o chamado
“Novo Mundo”, principalmente o cristianismo abalado pela eclosão das
igrejas protestantes. Muitos colonos aderiram ao discurso do “indígena
selvagem” para justificar a exploração da mão-de-obra indígena, que
foi muito utilizada na extração do pau-brasil, e também em outras
atividades, como na produção de cana-de-açúcar. Diante desse
quadro de exploração de mão-de-obra e de perda de identidade
cultural, as sociedades indígenas sofreram um verdadeiro genocídio
ao longo de todo período colonial. Políticas estatais que se
preocuparam com a preservação de sociedades indígenas só foram
adotadas no Brasil a partir do século XX, mas mesmo assim ainda
foram insuficientes para solucionar os problemas desses
remanescentes.
QUESTÃO 06
a) Os dados da tabela indicam que, apesar das oscilações, houve
expressivo crescimento industrial no período 1914-1920. Explique as
razões desse crescimento.
b) Estabeleça relações entre os dados da tabela sobre custo de vida e
salários com o movimento operário do período.
Resolução
a) Muitos fatores contribuíram para o surto industrial vivido pelo
Brasil no início do século XX, entretanto especificamente entre 19141920 podemos apontar o contexto de guerra (I Guerra Mundial –
1914-1918) como fator fundamental para tamanho crescimento.
O Brasil cumpria o papel de produtor de primários e consumidor de
produtos industrializados na economia mundial, porém diante da
Guerra as nações européias, fornecedoras dessas mercadorias,
voltaram-se para a produção bélica, ficando assim sem condições de
abastecer os países periféricos. Diante disso, o Brasil sofreu uma crise
de importação e uma carência de produtos industrializados, restando
como alternativa passar a produzir o que antes importava, fenômeno
esse conhecido como “substituição de importações”. Além disso,
podemos apontar como fatores que contribuíram para esse processo o
capital e a infra-estrutura (portos e ferrovias) oriundos da economia
cafeeira, a mão-de-obra assalariada introduzida no Brasil no século
XIX, principalmente imigrantes, e a conseqüente ampliação do
mercado interno.
Ao fim, devemos observar que tal industrialização ocorreu nas áreas
produtoras de café, portanto com extrema desigualdade regional, o
que, a rigor, torna equivocado falarmos em industrialização do Brasil
como um todo.
QUESTÃO 05
Imagem de Ângelo Agostini sobre o impacto da Guerra do Paraguai na
sociedade brasileira.
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QUESTÃO 08
Dentre as Revoluções ocorridas na América Latina, no século XX,
duas sobressaem: a Mexicana de 1910 e a Cubana de 1959. Pode-se
afirmar que o traço distintivo da primeira é seu caráter camponês e o
da segunda, seu caráter socialista.
b) Nesse mesmo contexto de industrialização podemos, a partir da
análise da tabela, observar que o custo de vida crescia em proporções
superiores à média dos salários, o que diminui o poder aquisitivo dos
trabalhadores ao longo do tempo. Não coincidentemente, diante dessa
situação, começam as primeiras manifestações operárias no Brasil. Os
trabalhadores lutavam não só por melhores salários, reivindicavam
também melhores condições de vida no que diz respeito ao acesso à
educação e à cultura, por participação política e também por leis
trabalhistas, até então inexistentes. Nesse quesito, os principais
problemas enfrentados pelos trabalhadores eram: a exploração do
trabalho infantil, as longas jornadas de trabalho, o assédio sobre as
mulheres e a falta de segurança que levaram à ocorrência de vários
acidentes. Influenciados pelas ideologias de esquerda (anarquismo e
socialismo) que chegavam da Europa junto com os imigrantes, os
trabalhadores se reuniam em sindicatos não legalizados e
organizavam suas assembléias e manifestações. A maior
manifestação operária no Brasil, no início do século, foi a Greve de
1917, em que as indústrias de São Paulo pararam e depois de muitos
conflitos, inclusive armados, os trabalhadores conseguiram um
aumento salarial de cerca de 20%. Todas as manifestações eram
repreendidas pelas instituições estatais com extrema violência e os
ativistas tratados como criminosos, o que levou até à expulsão do
Brasil de alguns imigrantes que integraram essas manifestações.
Explique o significado desses traços distintivos em relação à
a) Revolução Mexicana.
b) Revolução Cubana.
Resolução
a) Tanto a Revolução Mexicana de 1910 quanto a Revolução Cubana
de 1959 fazem parte das chamadas revoluções populares na
América Latina.
O caráter camponês da Revolução Mexicana reside em sua própria
liderança, pois Emiliano Zapata e Pancho Villa, seus principais líderes,
eram camponesas, que lutavam por um projeto de reforma agrária que
acabasse com a intensa concentração de terras, estabelecida desde a
colonização, e intensificada pelo ditador Porfírio Dias (1876-1911).
O governo de Porfírio Dias alinhou-se ao capital estrangeiro,
sobretudo o norte americano. Assim, as comunidades indígenas
remanescentes no México sofreram expropriação de suas terras, as
quais passaram para o controle de grandes companhias americanas.
Estas, por sua vez, eram as responsáveis pela exploração de petróleo
e outros recursos naturais de tais terras. As terras que não pertenciam
a grandes grupos americanos pertenciam a grandes latifundiários, os
quais eram partidários do governo Dias. Assim, a falta de terras, que já
era um problema desde a colonização espanhola, agravou-se ainda
mais. Restou aos indígenas remanescentes e camponeses apenas a
miséria, pois o México ainda era predominantemente agrário, não
restando aos camponeses sequer a possibilidade de um êxodo rural
em busca de trabalho nas áreas urbanas.
Apesar da execução de um projeto de reforma agrária no México em
1917, ele não foi eficiente para solucionar os problemas sociais no
país, por isso nasce o chamado neozapatismo nos anos 90,
movimento guerrilheiro de camponeses no sul do México, com o
mesmo discurso anti-imperialista e reformador de Zapata e Villa no
início do século XX.
b) O caráter socialista da Revolução Cubana, embora explícito, deve
ser analisado com cautela, pois o processo revolucionário liderado por
Fidel Castro, Raul Castro, Che Guevara e Camilo Cienfuego não tinha
por objetivo implantar o socialismo em Cuba, mas sim acabar com a
influência dos EUA, que na época se manifestava através da ditadura
de Fulgêncio Baptista.
Em 01 de janeiro de 1959, Baptista foge de Cuba e, logo em seguida,
Fidel toma Havana, assumindo o controle de Cuba. De início, foram
tomadas medidas com caráter socialista, tais como Reforma Agrária,
Nacionalização de Indústrias e Refinarias de Açúcar e a
Nacionalização dos Bancos. Porém, nos dois anos que se seguiram,
Fidel não anunciou ao mundo a adoção do socialismo.
Em 1961, os EUA sinalizam o fim da compra do açúcar cubano
(principal fonte de riqueza da ilha). Diante de tal situação e do
embargo econômico decretado à ilha é que Fidel Castro aproxima-se
da URSS, e anuncia ao mundo a adoção do regime socialista em
1961. De 1961 até o final da Guerra Fria, Cuba manteve intensas
relações com a URSS, que não só promoveu a compra do açúcar
cubano, como também manteve a ilha abastecida de petróleo e
protegida contra possíveis ofensivas militares contra-revolucionárias.
Com o colapso da URSS, teve início uma forte crise em Cuba,
obrigando o governo castrista a implantar reformas capazes de
garantir o funcionamento das estruturas políticas, econômicas e
sociais da ilha.
QUESTÃO 07
A expressão “política do café com leite” é muito utilizada para
caracterizar a Primeira República no Brasil.
Sobre essa política, descreva
a) seu funcionamento;
b) seu colapso na década de 1920.
Resolução
a) Tal política teve origem na chamada "política dos Governadores",
acordo político firmado pelo então presidente Campos Sales (18981902), que previa a liberação de recursos e a concessão de autonomia
aos estados da federação em troca de apoio ao governo federal.
Diante disso, os estados mais fortes politicamente e economicamente,
São Paulo e Minas Gerais, perceberam a importância do seu apoio
para que o governo central conquistasse a governabilidade desejada,
e passaram a fazer uso disso firmando um acordo pelo qual eles
revezariam na indicação dos próximos presidentes. Claro que, como
as eleições eram diretas, algumas outras práticas deveriam garantir a
vitória do candidato indicado. Nesse momento, entravam em ação os
coronéis, que compactuavam com tal política e, através de
manipulação eleitoral e fraudes, garantiam junto às suas bases o
sucesso dessa engrenagem política. Vale lembrar que São Paulo era
o maior produtor de café e Minas Gerais, que era o estado com maior
número de eleitores, apesar de também produzir muito café, possuía o
maior rebanho de gado leiteiro do país, daí o nome "Política do cafécom-leite".
b) Com o surto industrial do início do século XX, acompanhado de
uma intensa urbanização, a sociedade brasileira passou por profundas
transformações. Surgiram dois novos agentes sociais importantes, a
classe operária e a classe média urbana (formada por industriais,
comerciantes, banqueiros e profissionais liberais). Entretanto, esses
novos agentes não se sentiam bem representados, politicamente, pela
mesma aristocracia rural que se mantinha no poder político desde os
primórdios da república brasileira através das práticas coronelistas.
Esse quadro levou a uma situação de crise, desencadeando uma série
de movimentos sociais, como greves, tenentismo, entre outros. Porém,
o colapso da oligarquia agrária só veio mesmo quando os reflexos da
crise de 29 abalaram o Brasil. Obviamente, o Brasil sofreu os efeitos
econômicos da crise, mas sua política também foi afetada. Diante da
queda brusca do preço do café, o presidente Washington Luís,
indicado por São Paulo, resolve trair os mineiros na política do "cafécom-leite" indicando outro paulista, Júlio Prestes, pois acreditava que
assim o estado poderia tomar medidas mais imediatas e eficazes no
combate à crise. Os mineiros, traídos, aliaram-se a outros estados,
formando a "Aliança Liberal", que lançou a candidatura de Getúlio
Vargas. Apesar da vitória de Júlio Prestes nas urnas, as acusações de
fraudes e o assassinato do candidato a vice na chapa de Vargas, João
Pesssoa, precipitaram o golpe, que acabou com o monopólio do poder
da oligarquia, e conduziu Vargas ao poder com um novo estilo de
prática política, que pretendia conciliar os interesses dos diversos
grupos sociais da época.
QUESTÃO 09
A construção de Brasília foi um marco no governo de Juscelino
Kubitschek (1956-1961).
a) Relacione a construção de Brasília com as metas do governo JK.
b) Indique algumas decorrências da mudança da capital federal para o
interior do país.
Resolução
a) Juscelino Kubitschek vence as eleições com base no seu projeto
desenvolvimentista, cujo lema era 50 anos de desenvolvimento em 5
anos de mandato (“50 anos em 5”). Nesse projeto, foram
estabelecidas metas nos setores de energia, transporte, indústria,
educação e alimentação. O sucesso obtido com louvor nos três
primeiros setores ofuscou a negligência do governo em relação aos
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dois últimos, porém a despreocupação do governo não foi só com os
setores sociais, mas também com as questões fiscais. Toda a
propaganda estatal era centrada nos índices de crescimento (7% ao
ano em média) e o clima de euforia contaminou o país que, além de
tudo, vivia a empolgação da conquista da Copa do Mundo de Futebol,
em 1958. Nesse contexto, emergiu o projeto de construção de Brasília,
que apesar de não fazer parte das metas, seria um símbolo de
modernidade e do desenvolvimento pelo qual o país passava, além de
servir como propaganda do governo e uma forma de eternizar o nome
do presidente JK como grande empreendedor do sucesso econômico
vivido pelo país.
b) A primeira discussão sobre a mudança da capital brasileira do Rio
de Janeiro para o interior ocorreu durante o 2º Reinado. Tal discussão
foi retomada na primeira Assembléia Legislativa do período
republicano. Dizia-se que era preciso transferir a capital federal do
litoral por motivos de segurança, devido à sua vulnerabilidade diante
de um conflito militar ou revolta social. Entretanto, o projeto só foi
concretizado muito tempo depois por JK, que escolheu o Planalto
Central na tentativa de integrar a nação e atrair investimentos para
áreas ainda sem desenvolvimento econômico consolidado. Como
decorrências de tal projeto, destacam-se a criação de frentes de
trabalho para o Planalto Central (através de ondas migratórias),
sobretudo de trabalhadores sertanejos do nordeste, integração
nacional devido à ampliação das rodovias ligando os demais estados a
Brasília, e aumento da dívida externa brasileira (devido a vultosos
gastos com a construção). É importante lembrar que tal feito
distanciou as massas das decisões políticas do país e, por isso, foi
vista por muitos analistas da época como uma medida extremamente
conservadora do governo JK.
Com criação do Estado de Israel em 1948, iniciam-se os primeiros
conflitos entre palestinos e israelenses, pois os palestinos, com o
apoio da Liga Árabe Muçulmana, não concordaram com a divisão
territorial. De acordo com a ONU, os Palestinos perderiam
praticamente metade dos seus territórios, os quais passariam a ser de
Israel. Nasceu assim a Primeira Guerra Árabe-Israelense entre 1948 e
1949. Nela Israel lançou uma forte ofensiva militar sobre os Palestinos
e ampliou os seus territórios. Após a Guerra de Suez (1956), Guerra
dos Seis Dias (1967) e a Guerra de Yom Kippur (1973), além de
conflitos belicosos menores, mas com grande massacre de civis, os
palestinos ficaram restritos aos territórios da Cisjordânia e da Faixa de
Gaza, porém sob forte influência de Israel.
Apesar de diversas tentativas de acordo, os conflitos continuam
latentes em Israel. Atuam do lado palestino grupos considerados
terroristas como o Hezbollah e o Hamas.
QUESTÃO 10
Criado em 1948, o Estado de Israel acaba de completar 60 anos.
Discorra sobre
a) o contexto histórico internacional que levou à criação desse Estado;
b) as razões históricas dos conflitos entre israelenses e palestinos,
que persistem até hoje.
Resolução
a) O Estado de Israel foi criado em 1948 por determinação da ONU
no contexto do pós 2ª Guerra Mundial e início da Guerra Fria. A
ONU surgiu em 1945 com a função de evitar conflitos, guerras e
genocídios em qualquer parte do mundo e sobre qualquer povo.
Diante do extermínio de aproximadamente 6 milhões de judeus pela
Alemanha nazista houve uma grande comoção mundial em nome da
causa judaica, isso fortaleceu o forte lobby dos judeus nos governos
americanos e o movimento sionista*. Assim, a ONU decide criar o
Estado de Israel, ou seja, um lar definitivo para os judeus a fim de que
os mesmos não sofressem mais qualquer tipo de perseguição em
qualquer parte do mundo.
A ONU determinou que o território habitado pelos palestinos
(Palestina) fosse dividido com os judeus, nascendo assim o Estado de
Israel. Na divisão proposta pela ONU praticamente metade do território
palestino seria dos judeus e metade ficaria com os palestinos, sendo
Jerusalém considerada uma cidade neutra, por ser sagrada para
judeus, cristãos e muçulmanos. Os palestinos que viviam na região
não aceitaram a determinação da ONU e deram origem à Primeira
Guerra Árabe-Israelense entre 1948 e 1949.
É valido destacar também que países como os EUA, Inglaterra e
França tinham interesse em aumentar sua influência sobre o Oriente
Médio. Assim, a criação de Israel cumpriu este papel, aumentando a
influência do mundo capitalista ocidental sobre o Oriente Médio.
* O movimento sionista teve início no século XIX, foi liderado por
Theodor Herzel e pregava a criação de um Estado judeu. Teve forte
repercussão após a 2ª Guerra Mundial e o Holocausto.
b) Na Antiguidade o atual Estado de Israel (antiga Palestina) foi um
território habitado pelos hebreus, os quais, a partir das pregações de
Moisés originaram o judaísmo. A palestina foi um território judaico até
o processo de invasão romana, já na era cristã. Por volta dos anos 70
d.C. os romanos expulsaram os judeus da Palestina. Ocorre assim a
chamada diáspora hebraica, processo no qual os judeus se
dispersarão pela bacia do mar Mediterrâneo.
Entre os séculos VII e VIII a Palestina é novamente invadida. Desta
vez pelos muçulmanos que passavam por um processo fulminante de
expansão iniciado no século VII. Os muçulmanos dominam a região,
que se torna um pólo religioso da cultura árabe islâmica, assim como a
maior parte do Oriente Médio.
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