64º Congresso Nacional de Botânica Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013 INFLUÊNCIA DA INJEÇÃO ARTIFICIAL DE CO2 NO DESENVOLVIMENTO DA MACRÓFITA AQUÁTICA ROTALA MACRANDRA (LYTHRACEAE), EM AMBIENTE CONFINADO 1 Jéssica J. F. Santos *, Aline L. Henriques 1 2 2 Museu Paraense Emílio Goeldi; Universidade Federal do Pará; *[email protected] Introdução O CO2 é de extrema importância para as plantas por ser fonte primária de carbono na síntese de carboidratos durante a fotossíntese, e quando se encontra em quantidades muito reduzidas ou muito grandes, pode provocar mudanças morfofisiológicas prejudiciais no desenvolvimento da planta [1]. O trabalho foi realizado com a espécie Rotala macrandra Koehne (LYTHRACEAE), uma macrófita originária da Índia, que possui folhas lanceadas com ondulações, e seu colorido oscila entre verde claro e o vermelho vivo. É uma planta aquática considerada ornamental de difícil obtenção no mercado, por se tratar de uma planta bastante exigente no que se refere à iluminação e disponibilidade de CO2 [1]. O presente trabalho buscou verificar as mudanças morfofisiológicas na espécie Rotala macrandra sob efeito da injeção de CO2, em ambientes confinados. Metodologia Para a realização do estudo, foi feito um experimento, com duração de 15 dias, em Maio de 2012. Houve a seleção de três plantas jovens e homogêneas, em relação ao tamanho (média 15 cm) e aparência (coloração e tamanho foliar). Cada muda foi plantada em aquários e identificada como: P1 – controle, a qual não recebeu injeção de CO2; P2 – que recebeu a dosagem de CO2 recomendada (1 garrafa) pelos aquaristas que trabalham com esta técnica de plantas ornamentais de aquário e P3 – que foi submetida a uma hiperdosagem de CO2 (2 garrafas). Foram montadas garrafas com produção caseira de CO2, baseada na fermentação do açúcar de cozinha, e estas foram ligadas aos aquários por meio de uma mangueira. A temperatura dos aquários estava entre 26º C e 27º C, e o pH em torno de 5. Resultados e Discussão Após oito dias de experimento, P1 apresentou apenas uma coloração mais amarelada, enquanto que P2 e P3 apresentaram leve crescimento em altura e surgimento de novos ramos, sendo que P3 apresentou, ainda, uma coloração mais viva, com tons de rosa e verde. Os resultados do experimento (TABELA) mostraram que P1 praticamente não apresentou crescimento ou desenvolvimento, e isto se deu, provavelmente, em função da baixíssima disponibilidade de CO2 na água [2], que é fator limitante para o crescimento da planta [1]. Já P2 apresentou notável crescimento e desenvolvimento, com surgimento de relativamente muitos ramos. As plantas apresentaram tons de verde vivo e rosa claro, concedendo a planta uma aparência mais interessante ao aquapaisagismo. É provável que, a oferta regular de CO2, tenha contribuído para o desenvolvimento da planta P2 [1]. Quanto à P3, esta apresentou um grande crescimento em altura e uma coloração púrpura, geralmente, procurada no mercado, no entanto, houve o surgimento de apenas dois novos ramos. Possivelmente, as altas concentrações de CO2 provocaram a elevação da acidez da água, o que prejudicou o desenvolvimento da planta, já que esta espécie não apresenta bons índices de desenvolvimento em ambientes de elevada acidez, contribuindo, portanto, para a baixa taxa de crescimento de novos ramos no vegetal [1]. Plantas Comprimento Inicial Comprimento Final Novos ramos P1 15 cm 16 cm 0 P2 15 cm 29 cm 7 P3 15, 5 cm 33 cm 2 TABELA – Crescimento e desenvolvimento de novos ramos nas plantas, em função do tempo de experimento. Conclusões As diferentes ofertas na concentração de CO2 mostrou fundamental importância no desenvolvimento da Rotala macrandra. Os tratamentos com as ofertas média e alta de CO2 (P2 e P3, respectivamente) induziram notável crescimento em altura, contudo, a planta tratada com a oferta média de CO2 desenvolveu um maior número de novos ramos, se mostrando, portanto, o tratamento mais adequado ao mercado aquarista. Agradecimentos À Universidade Federal do Pará, por apoio logístico e acadêmico. Ao aquarista, Alex Henriques, por ceder materiais necessários ao experimento, além de auxílio técnico. E à graduanda da UFPA, Edna Melo Medeiros, por colaborar, também, na realização do trabalho, como parte da disciplina “Ecologia de Populações Naturais”. Referências Bibliográficas [1] Notare, M. 1992. Plantas Hidrófilas e seu cultivo em aquário. 1 ed. São Paulo, Sulamérica/Flora Bleher. [2] Pimentel, C. 2011. Metabolismo de carbono de plantas cultivadas e aumento de CO2 e de O3 atmosférico: situações e previsões. Bragantia 70 (1): 1-12.