Universidade do Vale do Paraíba Instituto de Pesquisa & Desenvolvimento JOÃO RAFAEL SILVÉRIO EFEITO ANTIEDEMATOGÊNICO DO EXTRATO HIDROALCÓOLICO DE Heliconia rostrata FRENTE AO VENENO DE Bothrops jararaca. São José dos Campos, SP 2016 JOÃO RAFAEL SILVÉRIO EFEITO ANTIEDEMATOGÊNICO DO EXTRATO HIDROALCÓOLICO DE Heliconia rostrata FRENTE AO VENENO DE Bothrops jararaca. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas da Universidade do Vale do Paraíba como complementação dos créditos necessários para obtenção do grau de Mestre em Ciências Biológicas. Orientadore (s) Profa. Dra. Walderez Moreira Joaquim Profa. Dra. Andreza Ribeiro Simione São José dos Campos, SP 2016 FICHA CATALOGRÁFICA JOÃO RAFAEL SIVÉRIO EFEITO ANTIEDMATOGÊNICO DO EXTRATO HIDROALCÓOLICO DE Heliconia rostrata FRENTE AO VENENO DE Bothrops jararaca. Orientadores: Profa. Dra. Andreza Ribeiro Simioni (orientadora) Profa. Dra. Walderez Moreira Joaquim (co-orientadora) Banca examinadora: Profa. Dra. Andreza Ribeiro Simioni Prof. Dr. Prof. Dr. Luiz Elidio Gregório Prof. Dr. Newton Soares da Silva Prof. Dr. Milton Beltrame Junior (orientadora) (UNIFESP) (UNIVAP) (suplente) Prof. Dr. Leandro José Raniero Diretor do IP&D - UNIVAP São José dos Campos, 30 de setembro de 2016. (Data da defesa) DEDICATÓRIA Obrigado Deus, por estar lado a lado do início ao fim desta batalha, agradeço intensamente a meus pais JB Silvério e Cleide EJ Silvério, irmão, Ederson Rubens Silvério, amiga Raissa da Costa Furtado. Ninguém recebeu mais carinho e apoio, como o que vocês têm me dado. Obrigado por acreditarem. Aos meus, professores (Renato Farina Menegon, Luiz Prudêncio Santos, Marco Antônio de Oliveira, Luciana Barros Sant’Anna, Newton Soares da Silva, Luís Elidio Gregório, Airton Abrahão Martin, Juliana Guerra, e José Carlos Cogo, por estarem sempre presentes e dispostos e me ajudar. Aos meus orientadores, Dra. Profa. Andreza Ribeiro Simioni e Dra. Profa. Walderez Moreira Joaquim, pelos ensinamentos e confiança total depositada em minha pessoa assim como a paciência e carinho no qual, sem eles, não teria concluído o curso de mestrado. ´´Veras que um filho seu não foge a luta´´ AGRADECIMENTOS À Coordenação de aperfeiçoamento de pessoal de nível superior – CAPES, pela bolsa de estudos concedida. À Universidade do Vale do Paraíba - UNIVAP e todos seus professores, pela oportunidade de ensino e aprendizado. À banca examinadora da qualificação, pelas sugestões e críticas que contribuíram para o enriquecimento do trabalho. RESUMO O gênero Heliconia (Heliconiaceae), tem distribuição em países da Ásia e América tropical. Quarenta das 250 espécies conhecidas de Heliconia ocorrem na Mata Atlântica e Amazônia. Neste estudo, objetivou-se verificar a atividade antiedematogênica do extrato hidroalcóolico de Heliconia rostrata Ruiz & Pav. de plantas cultivadas em diferentes intensidades luminosas. As plantas foram cultivadas em T1 (50% sombreamento) e T2 (Pleno Sol 100% luz). Através de parametros fisico-quimicos foi realizada a padronização do extrato hidroalcóolico (70%) e (95%) de H.rostrata de plantas mantidas em T2 utilizando-se três métodos extrativos Soxhlet (ES), Maceração (EM) e Ultrasom (US). Para DR (Densidade Relativa) do extrato de H.rostrata obteve-se os valores de entre 0,998 a 1,011 e RS (Resíduo Seco) obteve-se os valores entre 22,3% a 66,5%. Verificou-se a diferença entre o teor alcóolico (70%) e (95%), porém, não significativa entre os métodos. A injeção intraplantar do extrato hidroalcóolico método ES de Heliconia rostrata (100 g) préincubado com veneno de Bothrops jararaca (3 g) obtiveram-se redução máxima do edema a partir dos 120 min. Atraves da obtenção do extrato hidroalcoolico de H.rostrata (70%) de plantas cultivadas em (T2) e do extrato hidroalcoolico de H.rostrata (95%) de plantas cultivadas em (T1) e (T2) método (ES) reduzio significamente o edema de pata em camundongos frente a ação do veneno de B. jararaca. Os resultados histológicos e quantitativos demonstraram que o extrato hidroalcóolico de H.rostrata possui compostos ativos com atividade anti-inflamatória capazes de reduzir os danos musculares provocados pelo veneno de B. Jararaca. Palavras chaves: Heliconia rostrata Ruiz & Pav. Extrato Hidroalcóolico. Bothrops jararaca. Edema de Pata. Inflamação. ANTIEDEMATOGENIC EFFECT OF THE HYDROALCOHOLIC EXTRACT FROM Heliconia rostrata AGAINST THE VENOM OF Bothrops jararaca ABSTRACT The Heliconia genus (Heliconiaceae) is present in countries of the Asia and tropical America. In South America (Brazil, Colombia, Peru and Bolivia) and in some Central America countries (Mexico and Costa Rica) this plant is traditionally used by healers and in Asia, for centuries is used in the Ayurvedic medicine. Of the 250 known species of Heliconia, 40 species are found in the Atlantic Forest and Amazon. This study aimed verify the antiedematogenic activity of a hydroalcoholic extract from H. rostrata extract, from plants cultivated under different luminosity intensity, front of the action of the B. jararaca venom. The plants were grown in T1 (50% light) and T2 (100% light). Through physical and chemical parameters it was made a patterning of the H. rostrata hydroalcoholic extract (70%) and (95%) of plants maintained in T2 using three methods of extraction the Soxhlet (ES), Maceration (EM) and ultrasound (US). The test of relative density (RD) of the extract reveal values between 0,998 and 1,011 and the dry residue test (DR) reveal values between 22,3% and 66,5%. It was found difference in the alcoholic strength (70%) and (90%), however the methods of ES, EM and US did not present significant difference. In the test of antiedematogenic activity of the hydroalcoholic extract of the H. rostrata rhizome (100 µg/paw) extracted by the ES method diluted in B. jararaca venom (3µg/paw) there was obtained reduction of edema 120 minutes after the injection. The histological and quantitative results demonstrated that the H. rostrata hydroalcoholic extract possess bioactive compounds with anti-inflammatory activity capable of reduce the muscular damages triggered by the B. jararaca venom. Keywords: Heliconia rostrata Ruiz & Pav., hydroalcoholic extract, Bothrops jararaca, Paw edema, inflammation. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Ordem Zingiberaceae e suas famílias....................................................... 18 Figura 2 - Características morfológicas Heliconia sp ................................................ 20 Figura 3 - Heliconia rostrata, detalhes da inflorescência. .......................................... 20 Figura 4 - Influência do Teor de Metabólitos Secundários ........................................ 23 Figura 5 - Rota dos Metabólitos primários e vias dos Metabólitos Secundários ....... 24 Figura 6 - Estrutura química dos Flavonoides ........................................................... 25 Figura 7 - Reações no tecido e os 5 sinais clássicos causadores do processo inflamatórios .............................................................................................................. 28 Figura 8 - Processo inflamatório, migração de agentes químicos, células leucocitárias e matriz extracelular demonstrando o edema ...................................... 29 Figura 9 - Heliconia rostrata em tela com interceptação de 50% de luz (sombreamento). ....................................................................................................... 33 Figura 10 - A) Obtenção do extrato do rizoma de H. rostrata pelo método Soxhlet completo; ................................................................................................................... 35 Figura 11 - Obtenção do extrato do rizoma de H. rostrata pelo método ultrassom completo. ................................................................................................................... 37 Figura 12 - Extração do veneno de B. jararaca (Serpentário – CEN)........................ 38 Figura 13 - Mensuração da pata ............................................................................... 41 Figura 14 - Cinética edematogênica induzido pelo veneno de B. jararaca. Os dados representam a média ± E.P.M. de 8 animais com *p≤0,05 do grupo controle e veneno(ANOVA)........................................................................................................ 45 Figura 15 - Cinética antiedematogênica pelo extrato hidroalcóolico 95% de H. rostrata de plantas mantidas em sombreamento 50% e pleno sol frente ao veneno de B. jararaca. Os pontos representam a média±E.P.M. (*p≤0,05) em relação ao grupo controle. .......................................................................................................... 48 Figura 16 - Cinética antiedematogênica pelo extrato hidroalcóolico 70% de H. rostrata de plantas mantidas em pleno sol frente ao veneno de B. jararaca. Os pontos representam a média ± E.P.M. (* p<0,05). em relação ao Grupo Controle. .. 48 Figura 17 - (A) Grupo controle, Solução Salina (50 µl). A – Plano longitudinal mostrando as fibras musculares integras com (ponta da seta); núcleos periféricos(N) com suas estriações (corpo da seta); integridade da membrana celular (seta). Coloração (H/E). Aumento: 200x. (B) Grupo veneno, B. jararaca (3 µg). B – Secção longitudinal do músculo plantar; Aumento: 400x. Área de edema (AE) com espaçamento das fibras esqueléticas; ruptura das fibras musculares da membrana (Circulo), alterações típicas de mionecrose. Coloração (H/E). (C – D) Grupo T1 Sombra 95%, extrato de H. rostrata (100 µg) incubado com veneno de B. jararaca (3 µg). C – Secção transversal do músculo plantar; Redução do infiltrado inflamatório (IF) periferia nuclear (N) e fibras mais espessas do Espaçamento entre as Fibras (EF). Coloração (H/E). Aumento: 200x. D – Secção longitudinal do músculo plantar; Aumento: 200x. Espaçamento entre as Fibras e suas estrias (EF) Coloração (H/E). (E – F) Grupo T2 Pleno Sol 95% extrato de H. rostrata (100 µg) incubado com veneno de B. jararaca (3 µg). E – Secção transversal do músculo plantar, Área de edema (AE); Aumento: 200x . Infiltrado Inflamatório (IF) ruptura de membrana e espaçamento entre as fibras (EF). Coloração (H/E). F – Secção longitudinal do músculo plantar; Aumento: 200x. infiltrado inflamatório (IF) e Espaçamento entre as fibras (EF). Coloração (H/E). (G-H) Grupo T3 Pleno Sol 70% extrato de H. rostrata (100 µg) incubado com veneno de B. jararaca (3 µg). G – Secção transversal do músculo plantar; periferia Nuclear (N) e fibras mais espessas do espaçamento entre as fibras (E.F). Coloração (H/E). Aumento: 200x; H – Secção longitudinal do músculo plantar; Aumento: 200x; Espaçamento entre as Fibras e suas estrias (EF); redução do infiltrado inflamatório (IF) Coloração (H/E). .......................................................... 50 TABELAS Tabela 1 - Métodos de Extração para obtenção do extrato hidroalcóolico do rizoma de Heliconia rostrata submetidas aos tratamentos T1 = 50% de luz (sombra) e T2 = 100% luz (pleno sol) processados............................................................................. 34 Tabela 2 - Parâmetros físicos dos extratos obtidos pelos métodos (ES), (EM) e (US) nas proporções hidroalcóolicas de 70 e 95% do tratamento T2 (100% luz). ............. 44 Tabela 3 - Para a determinação da atividade edematogênica realizou-se nos tempos 0, 15, 30, 60, 120, 180 e 360 minutos em patas de camundongos, a letra x (confirma) o tratamento realizado. Para cada tratamento, utilizou-se (100µg/pata) do extrato hidroalcóolico de H. rostrata obtido pelo método extrativo ES (Soxhlet), teor alcóolico (70%) e (95%). O teste edematogênico foi realizado com veneno de B. jararaca (3µg/pata). ................................................................................................... 45 Tabela 4 - Resultados obtidos do teste antiedematogênico no tempo de 120, 180 e 360 minutos do extrato hidroalcóolico do rizoma H. rostrata de plantas cultivadas em T1 (50% Sombreamento) teor alcóolico (95%) e T2 (Pleno Sol) teor alcóolico (95%) e (70%). ........................................................................................................................ 47 Lista de abreviaturas e siglas AE – área de edema A. zerumbet - Alpinia zerumbet (Pers.) B.L. Burtt & R.S. Sm. (Zingiberaceae) (folhas) ANOVA - Análise de variância B. jararaca - Bothrops jararaca CEN - Centro de Estudos da Natureza DDR – Determinação da Densidade Relativa DRS – Determinação do Resíduo Seco EF – Espaçamento entre fibras EM – Extração Maceração EPM – Erro Padrão da Média ES – Extração Soxhlet H.caribaea – Heliconia caribaea H.psittacorum- Heliconia psittacorum H.rostrata - Heliconia rostrata H.subululata machu pichu – Heliconia subululata machu pichu H/E – Hematoxilina e Eosina IF – Infiltrado Inflamatório IP&D - Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento M.O - Microscópio mg - Miligramas mL - Mililitros N – núcleos periféricos rpm - Rotações por minuto RS – resíduo seco T1 – plantas cultivadas em pleno sol (100% luz) de luz T2 – plantas cultivadas em sombreamento com 50% de luz (sombra) UAD - Ultrassom Assistida por Dissolução US – Extração Ultrassom μg - Micrograma μg/ml - micrograma/mililitro μL – Microlitros SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14 2 OBJETIVO GERAL ................................................................................................ 17 2.1 Objetivo Específico ........................................................................................... 17 3 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 18 3.1 Heliconia ............................................................................................................ 18 3.1.2 Descrição Botânica Heliconia sp. ................................................................. 19 3.2 Constituintes Químicos Heliconia sp. ............................................................. 21 3.3 Metabólitos Secundários .................................................................................. 22 3.4 Epidemiologia .................................................................................................... 25 3.5 Envenenamento Botrópico ............................................................................... 26 3.5.1 Fisiopatologia do Envenenamento Botrópico ............................................. 27 3.6 Edema de Pata ................................................................................................... 30 4 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 31 4.1 Identificação do Material Botânico .................................................................. 31 4.2 Cultivo e Obtenção dos Rizomas ..................................................................... 31 4.3 Obtenção dos Extratos ..................................................................................... 33 4.3.1 Extração Soxhlet (ES) .................................................................................... 34 4.3.2 Extração Maceração (EM) .............................................................................. 35 4.3.3 Extração Ultrassom (US) ............................................................................... 36 4.4 Determinação do Resíduo Seco (DRS) ............................................................ 37 4.5 Determinação da Densidade Relativa (DDR) ................................................... 37 4.6 Veneno ............................................................................................................... 38 4.7 Animais e Grupos Experimentais .............................................................. 39 4.8 Atividade Edematogênica ................................................................................. 40 4.9 Processamento Histológico ............................................................................. 41 4.10 Análise Estatística ........................................................................................... 42 5.1 Determinação da Densidade Relativa (DDR) e Determinação do Resíduo Seco (DRS) ............................................................................................................... 43 5.2 Ação Edematogênica do Veneno de Bothrops jararaca ................................ 44 5.2.1 Ação Antiedematogênica do Extrato Hidroalcoólico do Rizoma de H. rostrata ..................................................................................................................... 46 5.3 Alterações Histopatológicas ............................................................................ 49 6 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 52 6.1 Cultivo de Heliconia rostrata a Pleno Sol e a 50% de Sombreamento ......... 52 6.2 Comparações dos Métodos Extrativos a Partir de Parametros FísicoQuimicos do Extrato Hidroalcóolico de Heliconia rostrata ................................. 53 6.3 Ação Edematogênica do Veneno de Bothrops jararaca ................................ 55 6.3.1 Ação Antiedematogênica do Extrato Hidroalcoólico de Heliconia rostrata .................................................................................................................................. 55 7 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 58 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 59 ANEXO – COMITÊ DE ÉTICA .................................................................................. 66 14 1 INTRODUÇÃO Estima-se que aproximadamente 2,5 milhões de acidentes ofídicos ocorram anualmente em todo o mundo (BRASIL, 2014). Dados no Ministério da Saúde (BRASIL, 2014) relatam cerca de 25.302 acidentes, decorridos no ano de 2014. A maioria destes acidentes deve-se às serpentes dos gêneros Bothrops (jararacas) e Crotalus (cascavel). Sendo as Bothrops responsáveis por cerca de 80 a 90% das notificações registradas e mostram 0,6% de letalidade nos casos tratados (RIBEIRO; ALBUQUERQUE; CAMPOS, 2004; PEREAÑEZ et al., 2008; OLIVEIRA; BRITO; MORAES, 2010; D’AGOSTINI; CHAGAS; BELTRAME, 2011). O veneno de B. jararaca, causa inflamação no local da picada, a antipeçonha neutraliza os efeitos sistêmicos provocados pelo envenenamento, porém neutraliza parcialmente os efeitos locais (RIBEIRO; ALBUQUERQUE; CAMPOS, 2004). A peçonha de serpentes do gênero Bothrops (jararacas) caracterizam pela ação local, onde ocorre a formação ativa do edema, eritema, equimose, bolhas, necrose na região da picada, e sistemicamente, alteração da coagulação sanguínea e sangramento (TOKARNIA; JÜRGEN; BARBOSA, 2014). De origem neotropical, Heliconia ssp. pertencem à família Heliconiaceae e a ordem Zingiberales, conhecida popularmente como bico de papagaio ou bananinha (CASTRO, 1995). Jérez (2007) Heliconia sp. possui valor ornamental e atualmente vem ganhando espaço entre a população devido ao seu potencial medicinal. Os extratos da Família Heliconiaceae e demais gêneros da ordem Zingiberaceae, são caracterizados por possuírem atividades biológicas essenciais para neutralização do veneno de serpentes (PEREAÑEZ et al., 2008; ESTRADA et al., 2009; CHEN; CHANG, 2008). Estudos relatam seu uso para diversas enfermidades, tais como, ação antirreumática, antimicrobiana, anti-edema, emoliente, constipação, contra úlceras externas, diurético, auxilio nas contrações uterina, queimadura e expectorante (PANCHAROENI; PRAWAT; TUNTIWACHWUTTIKUL, 2000; NÚÑEZ et al., 2004; TENE; MALAGÓN; FINZI, 2007; GOMES et al., 2010; JÉREZ, 2007; COLLAÇO et al., 2010; PEREAÑEZ et al., 2010). 15 As plantas da Ordem Zingiberaceae que se desenvolvem em condições de sombreamento apresentam taxas fotossintéticas mais baixas do que as cultivadas em áreas abertas, a pleno sol (LARCHER, 2004). Ao longo da evolução, as plantas sofreram adaptações fisiológicas e morfológicas determinadas pela ação de fatores naturais para sua sobrevivência, à intensidade luminosa e a alocação de compostos bioativo em uma planta influenciará no seu desenvolvimento que serão expressos bioquimicamente (LEMOS, 2011). Os fatores externos, de acordo com Chavasco et al. (2014) podem influenciar na produção de metabólitos secundários tais como, disponibilidade de nutrientes, interações com pragas, ciclo circadiano, sazonalidade, vida pós-colheita e umidade (CHAVASCO et al., 2014). Lima et al (2016) em recentes estudos comparando diferentes intensidades luminosas em Heliconia ssp. verificou que em Heliconia bihai cv. Lobster Claw Two em pleno sol (100% luminosidade) e sombreamento (30%, 40% e 50% luminosidade) houve a redução no teor de carboidrato nas folhas de plantas mantidas em sombreamento e maiores valores nas plantas cultivadas a pleno sol. Para a obtenção do sombreamento, o excesso de luminosidade pode ser controlado através do uso de diversos tipos de material, sendo que as telas de sombreamento com especificações diversas têm sido as mais utilizadas na prática, visando a diminuição da intensidade de luz incidente (KAMPF, 2000). As plantas da família Heliconiaceae mantidas em ambiente de sombra apresentam desenvolvimento mais lento (PANCHAROENI, 2000). Heliconia sp. tem preferência por habitats sombreados ou semi-sombreado (BERRY; KRESS, 1991), entretanto durante seu desenvolvimento, prefere ambientes a pleno sol (100% luminosidade) ou áreas onde a maior parte do dia estará iluminado por luz solar (RODRÍGUEZ, 2013). Existem estudos etnobotânicos atuais que comprovam o uso de heliconia para o envenenamento botrópico, porém para H. rostrata não há poucos estudos (NÚÑEZ et al., 2004). De acordo com a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), ‘‘As plantas medicinais são aquelas capazes de aliviar ou curar enfermidades e têm tradição de uso como remédio em uma população ou comunidade’’ (AGÊNCIA..., 2016). Entretanto, a OMS (Organização Mundial de Saúde), incentiva países em desenvolvimento a resgatar e validar cientificamente o 16 conhecimento botânico tradicional a respeito do uso de plantas medicinais na atenção básica a saúde. Considerando que o soro é o único tratamento, que protege contra os efeitos sistêmicos e não locais do envenenamento botrópico, existe a necessidade da realização de estudos alternativos tais como, o uso de plantas com potencial medicinal para ser coadjuvante no tratamento dos efeitos locais causado pela ação do veneno e a terapia a laser de baixa intensidade. 17 2 OBJETIVO GERAL O objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito do extrato hidroalcóolico do rizoma de Heliconia rostrata Ruiz & Pav. obtido pelo método Soxhlet (ES70%) e (ES95%) sobre o edema de pata em camundongos e efeitos locais promovidos pelo veneno de Bothrops jararaca. 2.1 Objetivo Específico 1) avaliar parâmetros físico-químicos, DDR e DRS, do extrato hidroalcóolico 70-95% de H.rostrata obtido por diferentes métodos de extração: Soxhlet, Maceração e Ultrassom. 2) analisar a ação do extrato hidroalcóolico de H. rostrata obtidos de plantas cultivadas em diferentes intensidades luminosa cultivada T1 = 50% de luz (sombra) e T2 = 100% luz (pleno sol) obtido a partir de diferentes concentrações do solvente etanol 70% e 95% sobre o edema de pata causado pelo veneno de B. jararaca em pata de camundongo. 3) avaliar histologicamente e quantitativamente a ação antiedematogênica do extrato de plantas cultivadas cultivada em T1 = 50% de luz (sombra) e T2 = 100% luz (pleno sol) obtido pelo método Soxhlet (ES95%) e plantas cultivadas cultivada em T2 = 100% luz (pleno sol) obtido pelo método Soxhlet (ES70%) sobre o edema de pata em camundongos. 18 3 REVISÃO DE LITERATURA 3.1 Heliconia As plantas da ordem Zingiberaceae (Figura 1), têm sido utilizadas tradicionalmente de forma medicinal na região tropical. Os membros da família Heliconiaceae têm atraído interesse fitoquímico devido à prática do consumo de alimentos ao redor do mundo (PANCHAROEN; PRAWAT; TUNTIWACHWUTTIKUL, 2000). Além de apresentarem benefícios farmacêuticos foi relatado um estudo préclínico onde se verificou a presença de atividades biológicas analgésicas o que vem a reforçar o seu uso na medicina alternativa já tradicional há séculos (LAKHAN; FORD; TEPPER, 2015; KAUR et al., 2016). Dentro da ordem Zingiberaceae encontram-se as helicônias, que são plantas ornamentais da família Heliconiaceae. A classificação taxonômica desta espécie foi feita por Ruiz López, Hipolito & Pavón e José Antonio (1802), que considerou dentro da ordem Zingiberaceae, família Heliconiaceae, gênero Heliconia e espécie Heliconia rostrata (GBIF, 2016). Figura 1 - Ordem Zingiberaceae e suas famílias Fonte: Berry e Kress. (1991). 19 Os membros desta família são constituídos por aproximadamente 250 espécies, 40 ocorrem naturalmente nas florestas de Mata Atlântica e na floresta Amazônica, incluindo nestas H. rostrata (OLIVEIRA et al., 2010). Trata-se de uma planta de origem neotropical, conhecida pelos nomes vulgares de bico de papagaio ou bananinha (CASTRO, 1995). Na América Tropical em países tais como a Colômbia, Equador, México, Porto Rico (NUÑEZ et al., 2004; PEREAÑEZ et al., 2008; COLLAÇO et al., 2010; ALARCÓN et al., 2011) bem como na Ásia (Malásia, Filipinas, Índia e Tailândia) as helicônias tem ocorrência espontânea e vêm ganhando espaço nas pesquisas como planta com potencial medicinal (TENE; MALAGÓN; FINZI, 2007; GOMES et al., 2010; ANIMESH; GHOSH; HALDER, 2011; BUNGIHAN, 2012). No Brasil, seu uso na medicina popular se restringe a região Nordeste (AGRA; FREITAS; BARBOSAFILHO, 2007). Estudos etnobotânicos relatam seu uso na medicina tradicional por apresentarem ação antirreumáticas, antimicrobianas, antiedema, emoliente, constipação, contra úlceras externas, diurético, adstringente, auxilio nas contrações uterinas, queimadura, expectorante e na neutralização dos venenos de ofídicos (DI STASI; LIMA, 2002; PANCHAROEN; PRAWAT; TUNTIWACHWUTTIKUL, 2000; NÚÑEZ et al., 2004; TENE; MALAGÓN; FINZI, 2007; PEREAÑEZ et al., 2008; GOMES et al., 2010; COLLAÇO et al., 2010; ALARCÓN; MARTINEZ; SALAZAROSPINA, 2011; ANIMESH; GHOSH; HALDER, 2011; BUNGIHAN, 2012). 3.1.2 Descrição Botânica Heliconia sp. Heliconia são plantas monocotiledôneas, herbáceas e perenes, com rizoma, ramificado (emite brotos ou haste) e um pseudocaule aéreo, ereto, formado por um eixo recoberto por bases de folha alternadas (JÉREZ, 2007). As espécies possuem rizoma subterrâneo comumente usado para propagação do qual se desenvolvem as gemas florais e os novos pseudocaules como demonstrado na figura 2. O período de florescimento (figura 3) varia de espécie para espécie e é afetado pelas condições 20 edafoclimáticas. O pico de produção normalmente ocorre no início do verão, declinando no outono e cessando a floração no inverno (CASTRO, 1995). Segundo Machado Neto, Jasmim e Ponciano (2011) as helicônias ocupam a terceira colocação em áreas cultivadas no Brasil (101,8ha) para fins ornamentais, sendo superadas apenas pelas rosas (426ha) e crisântemos (234ha), entretanto, os estudos referentes à sua ação medicinal são escassos ou inexistentes para algumas espécies. Figura 2 - Características morfológicas Heliconia sp Fonte: Berry e Kress (1991) . Figura 3 - Heliconia rostrata, detalhes da inflorescência. Fonte: Autor. 21 3.2 Constituintes Químicos Heliconia sp. O primeiro estudo sobre a composição química sobre a composição química de Heliconia foi publicada em 1986, entretanto, atualmente o gênero é ainda pouco explorado quimicamente. A partir da obtenção do extrato de Heliconia angustifolia Hook e Heliconia aureo Hort (MERCH; DANIEL; SABINS,1986) no teste de cromatografia foi identificado a presença de compostos fenólicos (flavonas) em ambos extratos. Pugialli, Kaplan e Gottlieb (1993), através de ensaios do perfil químico das famílias da Ordem Zingiberaceae, realizou uma análise associando seus compostos fenólicos com os principais gêneros da ordem e um outro teste feito através de marcadores quimiossistemáticos verificou que, os flavonoides estavam associados à família Heliconiaceae. Pelo método de Quantificação do Grau de Proteção das Hidroxilas Flavonoidicas foi relatada a presença de flavonoides e alcaloides na família Heliconiacea. Através da obtenção do extrato das brácteas e folhas de Heliconia caribaea foi relatada a presença de carboidratos totais, sugerindo que estão relacionados com a variação sazonal, ou seja, a presença de carboidratos totais coincide com o período de floração e não há influência no desenvolvimento das brácteas e folhas (YEE; TISSUE, 2005). Trabalhos recentes de Estrada et al. (2009) relatam através de avaliações fitoquímicas preliminares do extrato etanólico dos rizomas de Heliconia ssp., a presença de metabólitos esteróides ou terpenóides, taninos e cumarinas. Segundo o autor, em geral o extrato de H. psittacorum apresenta níveis mais elevados de fenóis totais (ácido tânico) e proteínas quando comparado com o extrato de H. rostrata, exceto em quantidade de carboidratos, onde o extrato de H. rostrata apresenta níveis mais elevados. A partir da obtenção do extrato etanólico do rizoma de H. psittacorum e H. rostrata foi empregado o teste de quantificação de metabólitos confirmando a presença de carboidratos totais e proteínas (ESTRADA et al., 2010). Bungihan (2012) realizando o método de TLC (cromatografia de camada fina) do extrato metanólico de flores de H. subululata machu pichu identificou a presença de terpenóides/esteroides, no entanto, realizou-se o teste de Folin Ciocalteu e confirmou a presença de compostos fenólicos. 22 Pesquisa recentemente conduzida por Chavasco et al. (2014) apresentam o perfil fitoquímico do extrato hidroalcóolico 70% da haste, flor e folha de Heliconia rostrata, verificando–se a presença de tanino e saponina. Sobre o gênero em geral, e sobre H. rostrata em particular, existem poucas informações a respeito de sua composição química. Estudos fitoquímicos da espécie relatam como principais classes de metabólitos os compostos fenólicos, carboidratos totais, proteínas totais, cumarinas, compostos esteroidais, terpenóides, alcaloides e flavonoides. 3.3 Metabólitos Secundários Dzialo et al. (2016) descrevem que as substâncias bioativas responsáveis pelo efeito terapêutico de uma planta são produzidas pelo metabolismo secundário. Raven, Evert e Eichhorn (2007) relatam que os metabólitos secundários são importantes para sobrevivência do indivíduo e possuem funções químicas dentro da planta Lambers e Thijs (1998) sugerem que a produção de compostos finais ou intermediários de uma planta em uma rota metabólica, difere de espécie para espécie tanto qualitativamente quanto quantitativamente. Os metabólitos secundários funcionam como sinais químicos que permitem a planta responder a estímulos do meio ambiente, ou seja, responde a ecologia da atmosfera em que a planta vive. Taiz e Zeiger (2004) relacionam os produtos dos metabólitos secundários com a defesa vegetal e dispersores de frutos, na proteção contra a radiação ultravioleta ou na redução do crescimento das plantas competidoras adjacentes. Fumagali et al. (2008) citam os compostos fenólicos, parte do metabolismo secundário, como os responsáveis na adaptação da planta e ao seu ambiente além de possuir atividades farmacológicas. As classes de metabólitos secundários, não atuam isoladamente em um determinado sistema, ou seja, influem em conjunto praticamente em todas as classes deste, como por exemplo, a (Figura 4), seu papel no estresse abiótipo influenciará no desenvolvimento, sazonalidade, índice pluviométrico, temperatura e altitude entre outros (LAMBERS; THIJS, 1998). 23 Figura 4 - Influência do Teor de Metabólitos Secundários Fonte: Gobbo-Neto; Lopes. (2007). Pancharoeni, Prawat e Tuntiwachwuttikul (2000) alega que grande parte das espécies popularmente utilizadas encontram-se próximas ao estado silvestre, mantendo forte interação com o ambiente. As influências dos fatores ambientais na regulação de biossíntese de metabólitos secundários contribuem no aumento da produção de compostos de interesse científicos nas espécies de vegetais a ser investigada. Certos grupos taxonômicos variam sua composição metabólica de acordo com a espécie, inclusive sendo influenciado no momento da coleta (GOBBONETO; LOPES, 2007; PROBST, 2012). Bungihan (2012) cita o aumento de produtos naturais de estruturas de plantas ornamentais alegando que podem ser úteis para diversas enfermidades, entretanto, são comumente ignoradas e descartadas após o seu uso recreativo. Consequentemente, a idade e o desenvolvimento da planta, bem como dos diferentes órgãos vegetais, também são de considerável importância e podem influenciar não só a quantidade total de metabólitos produzidos, mas também as proporções relativas dos componentes da mistura (OOTANI, 2010). Investigações recentes revelaram que níveis de radiação UV-B (ultra-violeta B) são um importante regulador para a planta durante o ciclo do metabolismo secundário, entende-se que podem provocar alterações distintas durante sua biossíntese (DZIALO et al., 2016). A correlação estabelecida entre as estações do ano mostra que os fatores climáticos, em especifico intensidade da radiação solar e produção de compostos fenólicos, influenciam na produção de compostos fenólicos, 24 flavonoides e taninos, conforme detalhes da rota metabólica dos Metabólitos Secundários (figura 5). Figura 5 - Rota dos Metabólitos primários e vias dos Metabólitos Secundários Fonte: Santos (2015). Para Herrerias (2009) para a prevenção no tratamento de determinadas doenças as plantas medicinais são utilizadas com grande relevância por populares devido a presença de substâncias bioativas. Simões (2007) relata que as plantas produzem uma variedade de flavonoides que são denominados por compostos fenólicos, encontram-se em abundância dentre os metabólitos secundários onde é caracterizado por conter um ou mais núcleos aromáticos capazes de hidrolisarem e sintetizarem compostos diversificados de grupos fenólicos, portanto, são os mais importantes na atualidade pela sua representação e utilização. Sua estrutura molecular na forma de 15 atómos de carbono (C6-C3-C6) ilustrado na figura 6, contendo dois anéis aromáticos que são pertencentes da classe dos polifenóis e amplamente dividas em vários tipos: flavonal, flavononas, flavonas, antocianinas e isoflavonas. Berry e Kress (1991) citam evidências morfológicas de que a radiação mostra influência nas características evolutivas das famílias Zingiberales. A intensidade solar, luminosidade e o horário de coleta, são fatores que influenciam na concentração e composição de outras classes de metabólitos secundários durante a 25 coleta e preservação do material vegetal (GOBBO-NETO; LOPES, 2007; PROBST, 2012). Pesquisas recentes apresentam uma gama de variedade de flavonoides com aproximadamente mais de 9000 membros representantes (CHEN; LO PIERO; GMITTER JUNIOR, 2015). Os estudos com flavonoides tem demonstrado uma ampla gama de ações terapêuticas (HEBER; 2009) em pesquisas laboratoriais associadas a ações anti-inflamatórias em grande parte dos compostos fenólicos, sugere-se que ocorre a inibição da via da ciclooxigenase (SIMÕES; 2007). Na ordem Zingiberales, estudos envolvendo flavonoides têm sido de grande interesse devido aos seus efeitos biológicos observados in vivo e in vitro. Apresentam mecanismos antioxidante que ajudam a combater a inflamação. Na América do Sul (Brasil, Colômbia, Peru e Bolívia) e países da América Central (México e Costa Rica) a planta é utilizada tradicionalmente por curandeiros, e na Ásia há séculos, na medicina ayurvédica (CHATURVEDI; CHOWDHARY, 2015). Figura 6 - Estrutura química dos Flavonoides Fonte: Heber (2009). 3.4 Epidemiologia Na América do Sul, o Brasil é o país com maior número de acidentes ofídicos por ano, nos últimos 12 anos indicou um aumento de 4,1% ao ano em média ocorrendo cerca de 27 mil casos registrados por ano entre o período de 2001-2012 (GALLARDO CASAS et al., 2012; MOURA; MOURÃO; SANTOS, 2015). Dados no Ministério da Saúde (BRASIL, 2014), relatam cerca de 25.302 acidentes decorridos no ano de 2014. 26 A maioria destes acidentes deve-se a serpentes dos gêneros Bothrops (jararacas) e Crotalus (cascavéis). Sendo as Bothrops responsáveis por cerca de 80 a 90% das notificações registradas com 0,6% de letalidade nos casos tratados (PEREAÑEZ et al., 2008; OLIVEIRA; BRITO; MORAES, 2010; D’AGOSTINI; CHAGAS; BELTRAME, 2012). As serpentes pertencentes ao gênero Crotalus são responsáveis por cerca de 10% dos acidentes ofídicos, com letalidade em torno de 3,3% (RIBEIRO; ALBUQUERQUE; CAMPOS, 2004). 3.5 Envenenamento Botrópico A administração do soro específico é a terapia mais eficaz e aceita para o tratamento de pacientes atingidos por ofídios. Em países onde há falta de serviços médicos à população, muitas vezes, recorre a outros atendimentos populares como, por exemplo, a medicina alternativa em especifico os curandeiros (PATIL; PATIL; PATIL, 2012). A ausência do conhecimento de populares e a indisponibilidade de um antídoto, aumentam os relatos e a ineficácia do tratamento antipeçonha, causando o agravamento do local atingido (GALLARDO CASA et al., 2012; HAIDAR; EMRAN; AL MUSLEMANI et al., 2012). Entende-se que um antipeçonha neutraliza os efeitos sistêmicos provocados pelo envenenamento, porém neutraliza parcialmente os efeitos locais. Por isso, existe a necessidade de realizar trabalhos científicos em ofidismo, buscando outros métodos, tais como o uso de plantas medicinais (COLLAÇO et al., 2010; SOUZA, 2010). Em consequência de alguns fatores tais como, o soro não possuir ação no local da picada e ocorrer inflamação muscular imediata causada pela ação do veneno botrópico devem-se buscar formas alternativas e viáveis para minimizar os efeitos locais causados pela ação do veneno (FONSECA; SILVA; PEREIRA, 2004). 27 3.5.1 Fisiopatologia do Envenenamento Botrópico A lesão tecidual é definida por Guyton e Hall (2011), como o momento em que ocorre a degradação celular causada por agentes químicos que são liberados pelos tecidos danificados, acredita-se, que as substâncias liberadas causem alterações secundárias nos tecidos lesionados, ou seja, um complexo de alterações. O processo inflamatório é uma resposta vascular celular e humoral, responsável pelo processo de defesa dos organismos vivos frente a agentes agressores devido ao grande número de mecanismos biológicos como, por exemplo, a formação do edema e a liberação de mediadores químicos, além de outros fatores provenientes da soma de eventos (WANDERLEY, 2014). Strapazzon (2011) menciona que a inflamação pode ter uma origem exógena ou endógena, sendo, uma resposta protetora dos organismos vivos frente a uma agressão muscular (Figura 7). Os produtos teciduais tais como a histamina, a bradicinina, a serotonina, as prostaglandinas entre outros responsáveis pelo processo inflamatório, possuem substâncias que promovem alterações no fluxo e calibre vascular capazes de lesionaram as células e destruir o tecido em poucas horas (Figura 8). 28 Figura 7 - Reações no tecido e os 5 sinais clássicos causadores do processo inflamatórios Fonte: Quizlet, 2016 A fisiopatologia do envenenamento varia de indivíduo para indivíduo, mas principalmente variando entre as diversas espécies de serpentes. O envenenamento por serpentes do gênero Bothrops pode causar diversas reações, locais ou sistêmicas. As manifestações locais são evidenciadas logo após a picada com a presença de dor, sangramento no local da picada, edema, hemorragias, equimose, abscesso e formação de bolhas podem surgir e dar origem à necrose cutânea. Outras complicações locais podem surgir como a infecção secundária levando à amputação do membro ou déficit funcional do mesmo. Manifestações sistêmicas também podem surgir como gengivorragia, hematúria, hipotensão, distúrbios da coagulação sanguínea ocasionando incoagulabilidade do sangue, insuficiência renal aguda e em casos graves o óbito da vítima (BERNARDE, 2009). 29 Figura 8 - Processo inflamatório, migração de agentes químicos, células leucocitárias e matriz extracelular demonstrando o edema Fonte: Hehn (2011). BERNARDE (2009) o acidente botrópico recebe três classificações, que variam de acordo com a gravidade. Ele pode ser: - Leve: onde há dor e edema no local pouco intenso ou mesmo ausente; discretas manifestações hemorrágicas, com ou sem distúrbios de coagulação. - Moderado: apresentando dor e edema mais evidentes, ultrapassando muitas vezes o seguimento anatômico picado; pode ser acompanhado ou não de alterações hemorrágicas locais ou sistêmicas. - Grave: intensa dor e edema, podendo atingir todo o membro picado, eventualmente presença de bolhas. Devido ao edema intenso pode ocorrer isquemia local pela compressão dos feixes vásculo-nervosos. Manifestações sistêmicas também podem ocorrer como a hipotensão arterial, choque, oligúria e hemorragias intensas. 30 3.6 Edema de Pata O conjunto de mudanças teciduais decorrente de um estímulo lesivo, é denominada inflamação (GUYTON; HALL, 2011). O processo inflamatório é uma resposta de organismos vivos a estímulos exógenos, como microrganismos, traumas, substâncias químicas, calor ou ainda responder a estímulos endógenos (imunológicos, neurológicos), com a finalidade de reconstituir a estrutura e a função do tecido ou órgão afetado (ROBBINS; COTRAN; KUMAR, 2001). LUSTOSA (2005) relata que a ‘’inflamação’’ é uma resposta de defesa, que ocorre no tecido conjuntivo vascularizado, inclusive no plasma e células circulantes, nos vasos sanguíneos e nos componentes extravasculares do tecido conjuntivo. A formação do edema é dada pelo acúmulo de líquido no interstício causado pelo extravasamento do líquido intracelular para o espaço extracelular, este mecanismo tende a forçar a saída do fluído de vasos e, pelo efeito oposto da pressão osmótica exercida pelas proteínas plasmáticas, que tendem a reter o fluído dentro dos vasos (WANDERLEY, 2014). Segundo Barbosa (2003), a formação do edema está relacionado ao aumento da permeabilidade vascular com o consequente escape do exsudato rico em proteínas, compreende-se que o edema inflamatório ocorre de forma localizada e são compostos de água, eletrólitos e proteínas. O veneno das espécies pertencentes ao gênero Bothrops tem efeito predominantemente proteolítico, coagulante, hemorrágico, inflamatório, miotóxico e edematogênico. Sua composição química é variável, refletindo grandes alterações com efeitos específicos. A formação do edema induzido pelo veneno de B. jararaca em patas de ratos e camundongos ocorre pela ativação de ciclooxigenases, fosfolipase A2 e em menor grau pela ativação de receptores adrenérgicos (BARBOSA, 2003; LUSTOSA, 2005). Estudos demonstram o efeito antiedematogênico por espécies pertencentes ao gênero Heliconia, com significativa diminuição do edema de pata (NÚÑEZ et al., 2004; PEREAÑEZ et al., 2008; ESTRADA et al., 2009; ESTRADA et al., 2010). 31 4 MATERIAL E MÉTODOS 4.1 Identificação do Material Botânico A identificação da planta Heliconia rostrata foi realizada pela Profa. Dra. Renata Sccabia, na Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), e a exsicata de número (HUMC5331) depositada no Herbarium Mogiense (UMC). 4.2 Cultivo e Obtenção dos Rizomas O cultivo de H. rostrata Ruiz & Pav. foi conduzido na Universidade do Vale do Paraíba – UNIVAP, São José dos Campos, SP, Brasil, coordenadas 23º12´39.08´´ S e 45º57´56.13´´ O. De acordo com a classificação climática de Köppen, localizada a 594 m de altitude acima do nível do mar. O clima de São José dos Campos enquadra-se no tipo Aw (climática pressupõe a predominância de um clima tropical seco e úmido) invernos secos, chuvas no outono e verão, com valor médio mensal de precipitação no mês de janeiro de 210,7 mm (SCOFIELD et al., 2002). Para a propagação de Heliconia rostrata foram utilizadas 20 estacas obtidas a partir do rizoma retirado da planta matriz, com tamanho entre 15-20 cm e apresentando hastes com 30 cm de comprimento, em média. Em seguida, com auxilio de uma tesoura de poda, foram removidas suas raízes e desprezadas a parte aérea, eliminando sua haste a uma altura de 30 cm acima dos rizomas. Como tratamento fitossanitário, antes do plantio, as estacas ficaram mergulhadas em hipoclorito 1% (1:10), por 10 minutos. Após o tratamento, cada rizoma foi envolvido com papel toalha e acondicionados em saco plástico preto por um período de 15 dias, em posterior, foram mantidos em ambiente escuro em temperatura ambiente até a emissão de suas raízes. Após o enraizamento, os rizomas foram plantados em vasos de polietileno de 12 litros, utilizando-se como substrato inicial vermiculita e areia (1:1). Os vasos 32 foram mantidos em telado que interceptava 50% de luz por um período 30 dias, ou seja, até a emissão de brotos e folhas (Figura 9). Após os 30 dias, as plantas foram submetidas a dois tratamentos com diferentes intensidades luminosas: T1 = 50% de luz (sombreamento) T2 = 100% de luz (pleno sol) O delineamento experimental constou de 10 plantas mantidas em sombrite que interceptava 50% de luz (T1) e 10 plantas a pleno sol, 100% de luz (T2), considerando-se cada planta uma repetição. Foram cultivadas 20 plantas em função da sua utilização na produção de métodos extrativos. 10 plantas, cada uma sendo uma repetição mantidas a 50% de luz. 10 plantas, cada uma sendo uma repetição pleno sol 100% intensidade luminosa. As plantas foram irrigadas diariamente de forma manual e realizado controle de plantas invasoras. Durante o período experimental, foram realizadas duas adubações em cobertura com substrato constituído de terra vegetal e húmus. O período do cultivo de H. rostrata foi de 153 dias, após esse período os rizomas foram coletados para a obtenção do extrato hidroalcóolico. 33 Figura 9 - Heliconia rostrata em tela com interceptação de 50% de luz (sombreamento). Fonte: Autor 4.3 Obtenção dos Extratos Em balança de precisão marca: Meller Toledo modelo: AB204, pesou-se 354g de rizoma de H. rostrata in natura de cada tratamento T1 (50%sombreamento) e T2 (100% luz). O rizoma fresco foi ralado manualmente com auxílio de ralador doméstico, e colocado em estufa de circulação de ar forçada, a 38ºC por dois dias até obtenção do peso constante. Os extratos foram obtidos partir de 3 métodos: 1) Soxhlet (extração a quente), 2) Maceração (extração a frio) e 3) Ultrassom (extração a quente), utilizando-se como solvente álcool etílico 70% e 95%. Para cada método de extração foi usado 10 g de massa seca do rizoma de H. rostrata (Tabela 1). Objetivando-se verificar se havia diferença entre os extratos do rizoma dos tratamentos T1 = 50% de luz (sombra) e T2 = 100% luz (pleno sol), realizou-se o teste biológico com o extrato obtido pelo método Soxhlet (ES1) e (ES2). Como não houve diferença nos resultados do teste in vivo nas diferentes intensidades luminosas às quais as plantas foram submetidas, optou-se por realizar os testes físico-químicos utilizando os extratos do rizoma dos tratamentos T2 = 100% luz (pleno sol), situação de luminosidade a qual se encontrava a planta matriz. 34 Tabela 1 - Métodos de Extração para obtenção do extrato hidroalcóolico do rizoma de Heliconia rostrata submetidas aos tratamentos T1 = 50% de luz (sombra) e T2 = 100% luz (pleno sol) processados. Método Extrativo Soxhlet (ES1) Soxhlet (ES2) Maceração (EM1) Maceração (EM2) Ultrassom (US1) Ultrassom (US2) T1 50% luz 10g T2 100% luz Teor Alcóolico 10g 10g 10g 10g 10g 10g 70% 95% 70% 95% 70% 95% Fonte: Autor. 4.3.1 Extração Soxhlet (ES) O extrato do rizoma de H. rostrata obtido pelo método de extração utilizandose Soxhlet (ES) foi realizado em parceria com o Laboratório de Síntese Orgânica, localizado no Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento (IP&D - UNIVAP). Utilizou-se um total de 10 g da matéria seca do rizoma do tratamento T1 = 50% de luz (sombra) das quais foram extraídas cada amostra com álcool 95% e outra amostra de 10 g da matéria seca do rizoma do tratamento T2 = 100% luz (pleno sol) das quais foram extraídas cada amostra com álcool 95% (125 mL) e álcool 70% (125 mL) (Figura 10). A cada duas horas de extração o solvente era trocado para evitar saturação do mesmo. Ao término da extração, o extrato foi concentrado em rotaevaporador (Büchi) a 40ºC e posteriormente foi liofilizado no Laboratório de Toxinologia, localizado no Departamento de Farmacologia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). 35 Figura 10 - A) Obtenção do extrato do rizoma de H. rostrata pelo método Soxhlet completo; B) Sistema de refluxo (contato material vegetal com o solvente). A B Fonte: Autor. 4.3.2 Extração Maceração (EM) A obtenção do extrato do rizoma de H. rostrata pelo método de maceração foi realizada em parceria com o Laboratório de Insumos Naturais e Sintéticos – (LINS), localizado no Departamento de Ciências Exatas e da Terra da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP Campus Diadema. Utilizaram-se duas amostras distintas contendo 10g de matéria seca do rizoma T2 = 100% luz (pleno sol), nas quais foram adicionados de 200 mL com álcool a 70% e a 95%. Cada amostra (10g) foi colocada separadamente em um Erlenmeyer, e adicionado 200 mL do solvente, mantidos em temperatura ambiente (25ºC) durante sete dias. Os frascos foram envolvidos em papel alumínio para proteção contra luz, e agitados uma vez ao dia. 36 4.3.3 Extração Ultrassom (US) A obtenção dos extratos do rizoma de H. rostrata por ultrassom (US), foi realizada em parceria com o Laboratório de Insumos Naturais e Sintéticos – (LINS), localizado no Departamento de Ciências Exatas e da Terra da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP Campus Diadema. O método ultrassom promove a extração das substâncias da planta, sedimentação do material em suspensão, e quebra da célula vegetal, além da rapidez do processamento da amostra e ser de fácil operação (CAVALHEIRO, 2013). Para o extrato do rizoma das plantas cultivadas em T2 = 100% luz (pleno sol), obtidos pelo método ultrassom, utilizaram-se duas amostras distintas contendo 10g de matéria seca do rizoma as quais foram adicionadas amostras de 200 mL com álcool a 70% e a 95%. Frascos de Erlenmeyer contendo o material vegetal e o solvente foram colocados no processador ultrassônico (Vibra - cell VC 505; Sonics and Material Inc., Newtown, Conn., U.S.A.) com probe com 5 mm de diâmetro (modelo CV33) com potência de 500 w e frequência 60 Hz (Figura 11). O tempo total transcorrido de 240 min, porém, apenas 144 min ligado com (ciclos de 3s on e 2s off). A energia total desprendida foi cerca de 140,000 J, sendo suas temperaturas iniciais na faixa de 27ºC e 60ºC. 37 Figura 11 - Obtenção do extrato do rizoma de H. rostrata pelo método ultrassom completo. Fonte: Autor. 4.4 Determinação do Resíduo Seco (DRS) A determinação do resíduo seco dos extratos T2 = 100% luz (pleno sol) obtidos a partir de cada método de extração: Soxhlet a 70% (ES1), Soxhlet a 95% (ES2), maceração a 70% (EM1), maceração 95% (EM2), ultrassom 70% (US1) e ultrassom (US2) foi realizada a partir de uma alíquota de 200 mL de solução e 10 g do material vegetal, transferido em um Becker de 250 mL previamente tarado, e submetido à secagem em chapa de aquecimento a 80ºC até obtenção de um resíduo de coloração amarela observada no fundo do recipiente. Em seguida, as amostras foram colocadas na estufa a 60ºC por 40 minutos, posteriormente resfriada em dessecador, e submetida a uma nova pesagem. 4.5 Determinação da Densidade Relativa (DDR) A determinação do valor da densidade relativa foi obtida em picnômetro calibrado com soluções de etanol 70% e etanol 95%. Em seguida, os extratos 38 obtidos por cada um dos métodos extrativos empregados foram transferidos para o mesmo picnômetro, e pesadas com auxilio de balança de precisão, mantendo-se a mesma temperatura em todas as análises (25ºC). A densidade relativa de cada extrato foi obtida dividindo-se a massa do extrato analisado pela massa da respectiva solução extratora (álcool 70% ou álcool 95%), segundo a equação abaixo. 𝐷𝑅 = (𝑀 𝑝𝑖𝑐𝑛ô𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜+𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎)− (𝑀 𝑝𝑖𝑐𝑛ô𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜) (𝑀 𝑝𝑖𝑐𝑛ô𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜+𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜 𝑒𝑥𝑡𝑟𝑎𝑡𝑜𝑟𝑎)− (𝑀 𝑝𝑖𝑐𝑛ô𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜) 4.6 Veneno O veneno bruto foi coletado dos animais de ambos os sexos, em idade adulta de espécimes de Bothrops jararaca oriundas da região do Vale do Paraíba (SP). Para a extração do veneno comprimiram-se as glândulas do veneno manualmente. Durante a extração do veneno, utilizou-se um recipiente de vidro coberto com plástico parafilme, (Figura 12) para evitar a contaminação do material. Os espécimes foram mantidos no Serpentário do Centro de Estudos da Natureza – CEN na Universidade do Vale do Paraíba - UNIVAP, São José dos Campos, SP, Brasil. Após a coleta, o veneno foi imediatamente colocado em gelo, liofilizado, e mantido em refrigeração a 4ºC, até a utilização. Figura 12 - Extração do veneno de B. jararaca (Serpentário – CEN). Fonte: Autor. 39 4.7 Animais e Grupos Experimentais Camundongos albinos Mus musculus machos pesando (18-22 g) provindos de Laboratório (Anilab, Paulinia, SP, Brasil), foram mantidos no Biotério e abrigados em temperatura controlada (22 a 28ºC) e umidade constante (24ºC – 60%) sob um ciclo de 12 h claro/escuro onde foram monitorados diariamente recebendo água e ração ad libitum. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa de Uso de Animais (CEUA) na Universidade do Vale do Paraíba - UNIVAP sob o número de protocolo A01/CEUA/2013. Todos os experimentos foram realizados de acordo com as orientações da Sociedade Brasileira de Ciência em Animais de Laboratório (SBCAL). O teste in vivo, foi realizado no Laboratório de Fisiologia e Farmacodinâmica, localizado no Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento – IP&D da Universidade do Vale do Paraíba – UNIVAP Campus Urbanova. Para a determinação cinética da atividade edematogênica em cada um dos grupos experimentais, foram utilizados 80 camundongos injetados subcutaneamente no coxim da pata esquerda traseira (pata experimental) com veneno botrópico, e nos animais do grupo controle foram injetados apenas 50 µL de solução salina a 0,9%. Com o objetivo de verificar se o veneno e compostos bioativos estavam presentes, difundindo-se sistemicamente. Para este estudo, utilizaram-se dois protocolos: Protocolo 1: para realização do modelo experimental foi utilizado o ES2 (Soxhlet 95%) como tratamento das amostras T1 (50% luz) e T2 (100% luz) empregando o seguinte protocolo: a) Controle (n= 8): os animais receberam 50 µl de solução salina a 0,9% estéril; b) Veneno (n= 8): 3µg de veneno de B. jararaca diluídos em 50 µl solução salina a 0,9% estéril foram incubados a 37ºC em banho-maria por 30 minutos e posteriormente injetados nos animais; c) Extrato Sombra 95% (n= 8): em 100 µg (5g/Kg) do extrato de H. rostrata diluídos em 50 µl solução salina a 0,9% estéril foram incubados a 37ºC em banho-maria por 30 minutos e posteriormente injetados nos animais; 40 d) Extrato Sol 95% (n= 8): em 100 µg (5g/Kg) do extrato de H. rostrata diluídos em 50 µl solução salina a 0,9% estéril foram incubados a 37ºC em banho-maria por 30 minutos e posteriormente injetados nos animais; e) T1 Sombra 95% (n= 8): em 100 µg (5g/Kg) do extrato de H. rostrata dissolvidos com 3µg de veneno de B. jararaca diluídos em 50 µl solução salina a 0,9% estéril foram incubados a 37ºC em banho-maria por 30 minutos e posteriormente injetados nos animais; g) T2 Pleno Sol 95% (n= 8): em 100 µg (5g/Kg) do extrato de H. rostrata dissolvidos com 3µg de veneno de B. jararaca diluídos em 50 µl solução salina a 0,9% estéril foram incubados a 37ºC em banho-maria por 30 minutos e posteriormente injetados nos animais; Protocolo 2: para realização do modelo experimental, foi utilizado o método Soxhlet ES1 teor alcóolico (70%) como tratamento T2 (100% luz) empregando o seguinte protocolo: a) Controle (n= 8): os animais receberam 50 µl de solução salina a 0,9% estéril; b) Veneno (n= 8): 3µg de veneno de B. jararaca diluídos em 50 µl solução salina a 0,9% estéril foram incubados a 37ºC em banho-maria por 30 minutos e posteriormente injetados nos animais; c) Extrato Sol 70% (n= 8): em 100 µg (5g/Kg) do extrato de H. rostrata diluídos em 50 µl solução salina a 0,9% estéril foram incubados a 37ºC em banho-maria por 30 minutos e posteriormente injetados nos animais; d) T2 Pleno Sol 70% (n= 8): em 100 µg (5g/Kg) do extrato de H. rostrata dissolvidos com veneno em 50 µl solução salina a 0,9% estéril foram incubados a 37ºC em banho-maria por 30 minutos e posteriormente injetados nos animais; 4.8 Atividade Edematogênica Para determinação da atividade edematogênica podal, as patas dos camundongos foram mensuradas nos tempos de 0 (antes) e 15, 30, 60, 120, 180, 360 minutos após a administração das soluções. O edema foi quantificado utilizando 41 um paquímetro digital ilustrado (Figura 13) Mitutuyo Digimatic Indicators (sensibilidade de 0-150 mm). Os resultados foram expressos entre a diferença dos valores de medida das patas, ou seja, a relação entre o aumento do valor final da pata injetada com o valor inicial da mesma. Os valores finais foram designados pela razão entre os valores da pata experimental (esquerda) dos grupos tratados T1, T2 e T3 e dos grupos controle e veneno, e os dados foram representados em porcentagem. Figura 13 - Mensuração da pata Fonte: Autor. 4.9 Processamento Histológico Os animais foram anestesiados e eutanasiados de acordo com o protocolo estabelecido pelo CEUA/UNIVAP, os animais foram sedados com Ketamina injetável 1 mL/Kg i.p. e Xilazina injetável 0,1 mg/Kg i.p. (mistura em partes iguais). Foram administradas doses concentradas [1,25UI] de Ketamina e Xilazina intraperitonial para promover a overdose nos animais. Após o período experimental, o músculo plantar esquerdo foi coletado e imediatamente fixado em formol tamponado 10% por um período de 24 h. Em 42 seguida as amostras foram submetidas a processo de desidratação em uma série ascendente de álcool (50%, 70%, 80%, 90%, 100%) e em seguida xilol. Por fim, foi realizada a impregnação e inclusão do músculo plantar, onde o material foi mantido em parafina para confecção dos blocos histológicos e em seguida para o processo de microtomia. As análises foram feitas através de cortes histológicos transversais e longitudinais com a espessura de (5 µm) realizados em um micrótomo (American Optical 820). Os cortes histológicos foram corados com hematoxilina e eosina (H/E) e analisados. A microscopia de luz (Leica DM2500), as imagens dos cortes foram capturadas com auxilio da câmera fotográfica (Leica DFC425) acoplada ao microscópio. Entretanto, as fotos, foram avaliadas por áreas representativas com aumento entre 200X e 400X utilizando-se o software LasV3.7 respectivamente. A escala foi ajustada em pixels, entretanto foi escolhido o ponto de interesse da imagem, ou seja, foi selecionada toda a imagem ou parte dela e assim inserido na prancha. 4.10 Análise Estatística A análise estatística foi realizada usando-se a média ± erro padrão da média (EPM). Empregou-se análise de variância (ANOVA – two way) seguida por comparações múltiplas pelo método T de student. Foi aplicado o teste para significância, adotado o nível de (p≤0.05), uma vez encontrada diferença significativa, realizaram-se testes de comparações múltiplas. Para a realização dos cálculos utilizou-se o programa Microcal™ Origin™ Versão: 5.0. 43 5 RESULTADOS Para a realização da DDR e DRS, utilizou-se plantas cultivadas em T2 (Pleno sol) e extrato hidroalcóolico (70%) e (95%) do rizoma de H.rostrata. Em função de não ter havido diferença estatística no experimento antiedematogênico do extrato hidroalcóolico (95%) de plantas mantidas em T1 (50% sombreamento) e T2 (Pleno Sol) conforme resultados apresentados (Tabela 4) optou-se por realizar o outro experimento antiedematogênico apenas com extrato hidroalcóolico (70%) de plantas mantidas em T2 (Pleno Sol). Verificou-se que não houve diferença estatística em ambos os grupos de estudo. 5.1 Determinação da Densidade Relativa (DDR) e Determinação do Resíduo Seco (DRS) Objetivando-se comparar a qualidade dos extratos hidroalcóolicos de H.rostrata, do tratamento T2 (100% luz), foram avaliados os métodos extração Soxhlet 70%(ES1), Soxhlet 95%(ES2), Maceração 70% (EM1), Maceração 95% (EM2), Ultrassom 70% (US1) e Ultrassom 95% (US2), por parâmetros físicoquímicos de Densidade Relativa (Tabela 2). Os resultados obtidos evidenciaram que as amostras possuem densidade relativa (DDR) entre 0,998 a 1,011. Os maiores valores 1,010 de DR foram obtidos nos métodos ES1, ES2 e US1, menores valores em EM2 com 0,998 e US2 com 0.999. Em relação à determinação do resíduo seco (DRS) (Tabela 2), foram realizados 3 ensaios com os métodos (ES1), (ES2), (EM1), (EM2), (US1) e (US2) afim de verificar o melhor método extrativo. No método EM1, obteve o maior valor (66,5 %) quando comparado com EM2 com (22,3%). Constatou-se que houve maior quantidade de resíduo seco nos extratos obtidos pelos métodos ES1, EM1 e US1 todas contendo teor alcoólico de 70%. Na comparação dos métodos extrativos ES2 e US2 ambos contendo teor alcoólico 95%, verificou-se que não houve diferença nos valores do resíduo seco (26,2 – 25,8%). Constatou-se que o método ultrassom (US) é o método que se 44 destaca por ser um procedimento mais rápido, que resultou em quantidades de material extraído semelhante ao em Soxhlet (ES), com a vantagem de se evitar temperaturas elevadas durante o processo. Os resultados demonstraram a partir de 10 g da planta seca que o método ES1 teve maior potencial para extrair o resíduo seco (62,44%) quando comparado a ES2 no qual se obteve menor quantidade de resíduo seco (26,23%). Os resultados demonstraram que no método ES, as soluções hidroalcóolicas influenciam no volume final da extração. De acordo com os três métodos utilizados ES, EM e US, solventes etanol 70% e 95% verificou-se que os maiores teores de resíduo seco foram obtidos empregando-se etanol a 70%. Neste sentido, uma vez que não foi observada qualquer diferença significativa na atividade biológica dos extratos a 70% e 95%, pode-se presumir que quanto menor for o teor de compostos extraídos, maior será a seletividade do método, visto que nestes casos os componentes diretamente relacionados à atividade biológica avaliada devem ter sido extraídos em quantidades semelhantes, ao passo que outros compostos não ativos (contaminantes) não foram extraídos por aqueles métodos em que se obtiveram menores teores de resíduo seco. Tabela 2 - Parâmetros físicos dos extratos obtidos pelos métodos (ES), (EM) e (US) nas proporções hidroalcóolicas de 70 e 95% do tratamento T2 (100% luz). Material Vegetal Densidade Relativa Resíduo Seco (g) ES1 70% 1,010 624,7 ES2 95% 1,010 262,3 EM1 70% 1,001 665 EM2 95% 0,998 223 US1 70% 1,011 653,3 US2 95% 0,999 258 Fonte: Autor. 5.2 Ação Edematogênica do Veneno de Bothrops jararaca Para realização do teste edematogênico utilizaram-se os grupos da Tabela 3. A injeção intraplantar do veneno de B. jararaca promoveu edema, foi rápido e 45 dependente do tempo. O grupo veneno, após a administração da dose do veneno bruto, mostrou um aumento progressivo e significativo das patas, o pico máximo foi atingido após 15 min, chegando a (73±9,0%) e aos 120 min (64±6%), até diminuição gradativa com declínio progressivo no tempo de 360 min atingindo o valor a (45±7%) (Figura 14). Além do edema de pata, foram observados macroscopicamente outros aspectos hemorrágicos. Tabela 3 - Para a determinação da atividade edematogênica realizou-se nos tempos 0, 15, 30, 60, 120, 180 e 360 minutos em patas de camundongos, a letra x (confirma) o tratamento realizado. Para cada tratamento, utilizou-se (100µg/pata) do extrato hidroalcóolico de H. rostrata obtido pelo método extrativo ES (Soxhlet), teor alcóolico (70%) e (95%). O teste edematogênico foi realizado com veneno de B. jararaca (3µg/pata). Grupos e Tratamentos Controle Veneno/B. jararaca Extrato Sombra Extrato Sol T1 Sombra T2 Pleno Sol T3 Pleno Sol Pata Esquerda (experimental) 50µl NaCl 0,9% 3µg/50µl 100µg/50µl 100µg/50µl 3µg-100µg/50µl 3µg-100µg/50µl 3µg-100µg/50µl Planta 50% Luz Planta 100% Luz Teor alcóolico 70% X x X X x x x Teor alcóolico 95% x x x x Fonte: Autor. . Figura 14 - Cinética edematogênica induzido pelo veneno de B. jararaca. Os dados representam a média ± E.P.M. de 8 animais com *p≤0,05 do grupo controle e veneno(ANOVA). 46 Controle (0,9% salina) Veneno (3 ug/pata) 100 90 * 80 Edema (%). 70 * * * * 60 * 50 40 30 20 10 0 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 Tempo (min). Fonte: Autor. O edema foi avaliado por paquímetro digital antes e após a injeção do veneno (3µg/pata) onde foram expressos como aumento percentual em relação ao controle. 5.2.1 Ação Antiedematogênica do Extrato Hidroalcoólico do Rizoma de H. rostrata Avaliou-se a ação dos extratos do rizoma pelo método extrativo Soxhlet (ES) (Tabela 4) frente à ação do veneno de B. jararaca. Observou-se que houve inibição do processo inflamatório agudo de pata dos camundongos, ou seja, o infiltrado celular no local do edema quando avaliado histologicamente e quantativamente, apresentou ser efetivo em todos os extratos hidroalcóolicos. De acordo com as Figuras 15 e 16, os extratos hidralcóolicos 70% e 95% do rizoma H. rostrata (100 µg/pata) frente à ação veneno de B. jararaca (3 µg/pata), a atividade antiedematogênica máxima, em 360 minutos (Tabela 4), mostrou atividade 47 inibitória significativa do edema para o grupo T1 Sombra 95%, com diminuição do edema em 18,25%, para o grupo T2 Pleno Sol 95% diminuição do edema em 19,83% e, para o grupo T3 Pleno Sol 70% pelo método (ES) com diminuição do edema em 23,22%, respectivamente. Os extratos hidroalcóolicos do rizoma de H. rostrata de plantas cultivadas em diferentes intensidades luminosas com teor alcóolico 70% e 95% inibiram a atividade edematogênica do veneno de B. jararaca a partir de 120 minutos. Não houve diferença significativa entre os grupos. Tabela 4 - Resultados obtidos do teste antiedematogênico no tempo de 120, 180 e 360 minutos do extrato hidroalcóolico do rizoma H. rostrata de plantas cultivadas em T1 (50% Sombreamento) teor alcóolico (95%) e T2 (Pleno Sol) teor alcóolico (95%) e (70%). Tratamentos T1 Sombra 95% T2 Pleno Sol 95% T3 Pleno Sol 70% Redução do valor da pata experimental (esquerda). 120 minutos 25±7% 36±1% 26±3% 180 minutos 20±4% 28±4% 25±2% 360 minutos 18±25% 19±83% 23±22% Fonte: Autor. Como não houve diferença estatística entre as intensidades luminosas no teor alcóolico (95%), optou-se por não realizar o teste antiedematogênico com teor alcóolico (70%) de plantas cultivas em T1 (50% Sombreamento). Em relação à atividade do veneno de B. jararaca frente ao extrato hidralcóolico de H. rostrata, segundo os resultados em conjunto apresentados no grupo T1 Sombra 95% (Figura 15), grupo veneno pico significativo do edema (p≤0,05). No grupo T1 houve proteção e redução do edema em 120 minutos (de 64±6% para 25±7%) e a porcentagem de inibição em 180 minutos (de 52±7% para 20±4 %). As análises realizadas a partir do efeito do extrato hidralcóolico de H. rostrata sobre o processo antiedematogênico do grupo T2 Pleno Sol 95% (Figura 15), grupo veneno pico significativo do edema (p≤0,05). O grupo T2 mostrou ações de proteção do edema após 120 minutos (de 64±6% para 36±1%) e a porcentagem de inibição do extrato em 180 minutos (de 52±7% para 28±4%). As análises feitas a partir do grupo T3 Pleno Sol 70% (Figura 16) do efeito do extrato sobre o processo antiedematogênico do grupo veneno ocorreu pico significativo do edema (p≤0,05). No grupo T3 houve ações de proteção do edema após 120 minutos (de 47±7% para 26±3%) e a porcentagem de inibição do extrato em 180 minutos (a partir de 40±6% para 25±2%). 48 Figura 15 - Cinética antiedematogênica pelo extrato hidroalcóolico 95% de H. rostrata de plantas mantidas em sombreamento 50% e pleno sol frente ao veneno de B. jararaca. Os pontos representam a média±E.P.M. (*p≤0,05) em relação ao grupo controle. Controle (0,9% salina) Veneno (3ug /pata) T1 Sombra 95% (3ug-100ug /pata) T2 Pleno Sol 95% (3 ug-100ug /pata) 100 90 80 * Edema (%). 70 * 60 50 40 * * 30 * * 20 10 0 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 Tempo (min). Fonte: Autor. A utilização do extrato (100μg/Kg) e do veneno (3 μg/Kg) promoveu o aumento percentual da medida na pata do grupo veneno, grupo T1 Sombra 95% e grupo T2 Pleno Sol 95% em relação ao grupo controle, com significância na diminuição do edema. Aumento percentual da pata do grupo veneno, grupo T1 Sombra 95% e do grupo T2 Pleno Sol 95% em relação ao grupo controle, teve significância na diminuição do edema. Cada grupo constou de 8 animais. Figura 16 - Cinética antiedematogênica pelo extrato hidroalcóolico 70% de H. rostrata de plantas mantidas em pleno sol frente ao veneno de B. jararaca. Os pontos representam a média ± E.P.M. (* p<0,05). em relação ao Grupo Controle. 49 Controle (0,9% salina) Veneno (3ug /pata) T2 Pleno Sol 70% (3ug-100ug /pata) 100 90 80 * Edema (%). 70 * 60 50 40 * 30 * 20 10 0 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 Tempo (min). Fonte: Autor. O extrato (100 μg/Kg) e veneno (3 μg/Kg). Observa-se o aumento percentual do valor da pata do grupo veneno e grupo T3 Pleno Sol 70% em relação ao grupo controle, com significância na diminuição do edema. Aumento percentual do valor do grupo veneno e do grupo T2 Pleno Sol 70% em relação ao grupo controle, com significância na diminuição do edema. Cada grupo constou de 8 animais. 5.3 Alterações Histopatológicas Durante a captura das imagens utilizando o software (LasV3.7). As imagens do tecido muscular foram capturadas no M.O (microscópio óptico) e tratadas com o software Gimp 2.8. 50 Nas Figuras 17 – A, corte histológico longitudinal, grupo controle verificaramse fibras musculares com estriações visíveis e núcleos periféricos com aparência normal não apresentando infiltrado inflamatório ou edema tecidual. Nas fotomicrografias das Figuras 17 – B, corte histológico transversal, grupo veneno, foi observado espaçamento entre as fibras esqueléticas. Constatou-se o potencial do veneno de B. jararaca evidenciando a separação das fibras e ruptura da membrana, ou seja, sinais evidentes de resposta inflamatória através da migração de neutrófilos. Verificou-se também a presença de células leucocitárias. Na fotomicrografia, corte histológico transversal, grupo T1 Sombra 95% observou-se a integridade da matriz extracelular. Houve pouco rompimento de fibras esqueléticas, entretanto, foi verificada a presença de pequenos infiltrados inflamatórios entre as fibras musculares decorrentes da ação do veneno (Figura 17 – C). Não foi observado extravasamento do liquido intersticial. No corte histológico longitudinal (Figura 17 – D), grupo T1 Sombra 95%, é destacada a integridade da membrana extracelular, suas estriações e seus núcleos periféricos aparentemente normais, o grupo T1 Sombra 95% foi o tratamento que se aproximou mais do grupo controle (Figura 17 – A). No corte histológico transversal, grupo T2 Pleno Sol 95% observa-se pouquíssimas rupturas entre o espaçamento da membrana extracelular, as células musculares não se encontravam aderidas devido ao edema (Figura 17 – C). Porém, diferente do grupo T1 Sombra 95%, corte transversal, as células encontravam-se aderidas (Figura 17 - E). No corte histológico longitudinal, grupo T3 Pleno Sol 70%, houve ruptura de membrana extracelular, espaçamento entre fibras (EF) e presença de pequenos vasos com infiltrados inflamatórios (IF), aproximando-se do grupo T2 Pleno Sol 95% (Figura 17 - G e 17 - H) estando presentes células leucocitárias e sinais de mionecrose. Figura 17 - (A) Grupo controle, Solução Salina (50 µl). A – Plano longitudinal mostrando as fibras musculares integras com (ponta da seta); núcleos periféricos(N) com suas estriações (corpo da seta); integridade da membrana celular (seta). Coloração (H/E). Aumento: 200x. (B) Grupo veneno, B. jararaca (3 µg). B – Secção longitudinal do músculo plantar; Aumento: 400x. Área de edema (AE) com espaçamento das fibras esqueléticas; ruptura das fibras musculares da membrana (Circulo), alterações típicas de mionecrose. Coloração (H/E). (C – D) Grupo T1 Sombra 95%, extrato de H. rostrata (100 µg) incubado com veneno de B. jararaca (3 µg). C – Secção transversal do músculo plantar; Redução do infiltrado inflamatório (IF) periferia nuclear (N) e fibras mais espessas do Espaçamento entre as Fibras (EF). Coloração (H/E). Aumento: 200x. D – Secção longitudinal do músculo plantar; Aumento: 200x. Espaçamento entre as Fibras e suas estrias (EF) Coloração (H/E). (E – F) Grupo T2 Pleno Sol 95% extrato de H. rostrata (100 µg) incubado com veneno de B. jararaca (3 µg). E – Secção 51 transversal do músculo plantar, Área de edema (AE); Aumento: 200x . Infiltrado Inflamatório (IF) ruptura de membrana e espaçamento entre as fibras (EF). Coloração (H/E). F – Secção longitudinal do músculo plantar; Aumento: 200x. infiltrado inflamatório (IF) e Espaçamento entre as fibras (EF). Coloração (H/E). (G-H) Grupo T3 Pleno Sol 70% extrato de H. rostrata (100 µg) incubado com veneno de B. jararaca (3 µg). G – Secção transversal do músculo plantar; periferia Nuclear (N) e fibras mais espessas do espaçamento entre as fibras (E.F). Coloração (H/E). Aumento: 200x; H – Secção longitudinal do músculo plantar; Aumento: 200x; Espaçamento entre as Fibras e suas estrias (EF); redução do infiltrado inflamatório (IF) Coloração (H/E). Fonte: Autor. 52 6 DISCUSSÃO 6.1 Cultivo de Heliconia rostrata a Pleno Sol e a 50% de Sombreamento No presente estudo verificou-se a partir dos resultados físicos-químico (Tabela 2) e teste antiedematogênico, (Tabela 3) que a condição de luminosidade a que as plantas de H. rostrata foram submetidas parece não ter interferido no rizoma. Argolo (2009) realizou estudo objetivando verificar a influencia do teor de luminosidade em Heliconia spp., e constatou que cada espécie de Heliconia apresenta diferentes necessidades de luminosidade, porém, em geral preferem pleno sol ou sombreamento parcial. No presente estudo constatou-se o aumento da área foliar das plantas cultivadas no tratamento T1 (50% sombreamento). Lima et al., (2016) verificaram aumento da área foliar de Heliconia bihai cultivadas sob diferentes níveis sombreamento. Francisco et al (2013) realizaram estudos com diferentes intensidades luminosas em Heliconia velloziana, e relatam que a energia acumulada no rizoma devido a baixa disponibilidade de luz, podem ser compensada para defesa e desenvolvimento da planta ao longo dos anos. Lee et al., (2000), demonstraram que algumas plantas submetidas a mudanças nas condições de luz, são capazes de se adequarem à nova condição luminosa. Aparentemente a luminosidade parece não ter interferido na biossíntese dos compostos ativos em função dos resultados obtidos no ensaio biológico in vivo (Tabela 3). Francisco et al (2013) relataram que no rizoma de H.velloziana pode conter componentes bioquímicos para síntese de metabólitos secundários, que são utilizados para sua defesa. Lacerda, Enéas Filho e Pinheiro (2007) relatam que os metabólitos secundários presentes na planta são influenciados pelo tipo de cultivo, fatores genéticos e condições de luminosidade. 53 6.2 Comparações dos Métodos Extrativos a Partir de Parametros FísicoQuimicos do Extrato Hidroalcóolico de Heliconia rostrata Através dos ensaios físico-químicos realizados neste estudo com o extrato hidroalcoólico de H.rostrata podem ser denominados de ‘‘Padronização do Extrato’’, pois parâmetros físico-químicos do extrato hidroalcoólico de H.rostrata podem ser comparados com ensaios futuros que serão baseados nestes valores determinados. A partir da obtenção do extrato hidroalcoólico dos rizomas do tratamento T2 (100% luz) de H.rostrata, constatou-se a DDR (Determinação da Densidade Relativa) (Tabela 2). Para DDR (Determinação da Densidade Relativa), obtiveram-se os valores entre 0,998 a 1,011. O método de extração Soxhlet 70%(ES1), Soxhlet 95% (ES2) e Ultrassom 70% (US1) possuem valores da DDR superiores (1,010 a 1,011). Para os extratos com teor alcoólico (95%) exceto Soxhlet 95% (ES1), demonstraram valores inferiores (0,998 a 0,999) (Tabela 2). Observou-se que os resultados obtidos da DDR do extrato hidroalcóolico de H rostrata foram influenciados pelo teor alcóolico (70%) e (95%) e não pelo método extrativo (ES), (EM) e (US), porém existem poucos estudos referentes a DDR para a Ordem Zingiberaceae. Constatou-se que tanto o teor alcóolico (70%) e (95%) foi capaz de selecionar e extrair seletivamente proteína e açúcar em meio menos aquoso sugere-se que a diferença obtida entre o mesmo método extrativo (Tabela 2) influenciou na qualidade e quantidade de partículas dissolvidas do extrato, entretanto para seletividade recomenda-se o teor alcóolico 95% por extrair pouco açúcar. Verifica- se que através da DRS (Determinação Resíduo Solido) do extrato hidroalcóolico (95%) do rizoma de H. rostrata foi seletiva para metabólitos e compostos bioativos, visto que a água influenciou apenas na quantidade de resíduo sólido e volume do solvente. Oliveira et al. (2015) relatam que a diferença quantitativa do rendimento sólido em métodos extrativos hidroalcóolicos é determinada pelo etanol, por ser uma molécula anfifílica capaz de extrair substâncias apolares e polares. Estrada et. al., (2010) através da obtenção do extrato etanólico (96%) de H. rostrata e H. psittacorum realizaram Análise de Quantificação de Metabólitos e 54 tratamento de Ultrassom Assistida por Dissolução (UAD). Verificaram níveis elevados de carboidratos e açucares em H. rostrata, constataram-se que o tratamento por UAD facilita a condução da massa, concentração de metabólitos e compostos bioativos do extrato no solvente. Sugere-se que nos métodos extrativos ES, EM e US do extrato hidroalcóolico de H. rostrata possa conduzir cerca de 400 mg de compostos não ativo, que devem ser hidrossolúveis e desnecessários. Os compostos mais hidrossolúveis sendo açucares e proteínas em H. rostrata parecem não estar interferindo na atividade biológica. Observou-se no que se refere à Determinação do Resíduo Seco (DRS), que o extrato foi mais bem diluído no método Maceração 70% (EM1) o qual apresentou valores de DRS 66,5% e Maceração 95% (EM2), houve menor diluição do extrato, com valor de DRS 22,3%. Os resultados de DRS demonstraram que o método Soxhlet 70%(ES1) (62,44%) teve maior potencial para extrair o resíduo seco quando comparado com Soxhlet 95%(ES2) (26,23%), no qual obteve-se menor quantidade de resíduo seco. (Tabela 2). O método de extração Soxhlet (ES) permite a extração sólido-liquida com eficiência, pois há renovação constante do solvente e temperatura relativamente alta que facilita a penetração do solvente no tecido vegetal aumentando o contato de ambos. Junior (2013) constatou-se a DRS do extrato hidroalcoólico (70%) das folhas de Alpinia zerumbet (Pers.). (Zingiberaceae), e verificou obtendo valores inferiores a (11,48%). Na literatura pesquisada, não há estudos referentes ao DRS para gêneros da família Heliconeaceae, e nem o DRS do rizoma de gêneros de famílias próximas , como é o caso das Zingiberaceae. Na comparação dos métodos extrativos Soxhlet (ES) e Ultrassom (US), ambas contendo teor alcoólico (95%), verificou-se que não houve diferença nos valores do resíduo seco (26,2% – 25,8%). Observa-se que houve diferença estatística no acúmulo de massa influenciada pelo teor alcóolico (70%) e (95%), porém, não houve diferença estatística entre os métodos de extração Soxhlet (ES), Maceração (EM) e Ultrassom (US). 55 6.3 Ação Edematogênica do Veneno de Bothrops jararaca A atividade do edema de pata induzido pelo veneno bruto de B. jararaca (Figura 14) revelou um período curto de instalação, o efeito edematogênico máximo no grupo veneno (3µg/pata) em 15 minutos (73%) após a injeção intraplantar. Os resultados obtidos neste estudo foram similares aos de Olivo et al. (2007) que verificou através da mensuração do edema de pata induzido pelo veneno de B. jararaca (2,5µg/pata) em camundongos a atividade edematogênica máxima após 15 minutos (65%). Em virtude do veneno de serpentes do gênero Bothrops sp. induzir inflamação imediata no local da picada, característica de seu potencial em liberar mediadores químicos na matriz extracelular responsáveis pela formação do edema (PUZZI et al., 2008; ZAQUEO et al., 2016). Cunha e Martins (2012) realizaram levantamento bibliográfico dos principais compostos químicos do veneno de B. jararaca e constataram presença da fosfolipase A2 (enzima PLA2) em abundância, prejudicial às fibras musculares e responsáveis pela resposta inflamatória imediata. As análises quantitativas do grupo veneno mostraram atividade inflamatória aguda caracterizada pela ação da enzima PLA2 do veneno. Verificou-se que a ação edematogênica do veneno de B. jararaca (3µg/pata) leva ao acúmulo e infiltração de fluídos nas células do mioblasto e leucocitárias responsáveis pela ruptura das fibras musculares em camundongos. Os resultados obtidos referentes à histologia (Figuras 15 e 16) do grupo veneno indicam que houve aumento da permeabilidade vascular e presença de mionecrose evidenciada pela destruição das fibras e extravasamento do líquido intersticial, ocasionados pelo veneno de B. jararaca. 6.3.1 Ação Antiedematogênica do Extrato Hidroalcoólico de Heliconia rostrata 56 Foi constatada na literatura a existência à família Heliconiaceae no que se refere a testes de ação inibitória do veneno de serpentes do gênero Bothrops. Verificou-se nesse estudo que o extrato hidroalcoólico de H. rostrata obtido pelo método Soxhlet (ES) nos grupos T1 Sombra 95%, T2 Pleno Sol 95% e T3 Pleno Sol 70% apresentaram ação antiedematogênica em todos os grupos frente à ação do veneno de B. jararaca. Estudos etnobotânicos da flora Colombiana realizados por Núñez et al. (2004) confirmaram a ação antiedematogênica do extrato etanólico 96% de Heliconia curtispatha frente à ação do veneno de B. asper em camundongos. Sugere-se que o extrato hidroalcoólico do rizoma H. rostrata apresenta substâncias ativas com potencial inibitório frente à ação do veneno B. jararaca. ESTRADA et al. (2009) confirmaram através da quantificação de proteínas e carboidratos do extrato etanólico (96%) do rizoma de H. rostrata a presença de metabólitos e carboidratos totais responsáveis pela neutralização do veneno de B. asper. PEREAÑEZ et al. (2008) citam que as análises proteolíticas do extrato etanólico (96%) do rizoma de H. curtispatha confirmaram a atividade inibitória do veneno de B. asper e alta capacidade de degradação proteica. Observou-se que o extrato de H. rostrata possui um mecanismo de ação desconhecido capaz de interagir com as toxinas do veneno de B. jararaca. Sugere-se que no extrato hidroalcoólico de Heliconia rostrata estão presentes elementos capazes de reconhecer as toxinas do veneno de Bothrops jararaca. No presente estudo, o teste antiedematogênico dos extratos de H. rostrata foi capaz de reduzir significamente o edema de pata provocado pela injeção de veneno de B. jararaca a partir dos 120 minutos (Figuras 15 e 16). Os resultados obtidos nos testes antiedematogênico do grupo T1 Sombra 95%, grupo T2 Pleno Sol 95% e grupo T3 Pleno Sol 70% demonstraram que o extrato hidroalcoólico de H. rostrata foi capaz de reduzir significamente o edema de pata provocado pela injeção intraplantar do veneno de B. jararaca. Verificou-se a diminuição do edema no tempo de 360 minutos nos grupos T1 Sombra 95% em 18,25%, T2 Pleno Sol 95% em 19,25% e T3 Pleno Sol 70% em 23,22% (Tabela 4). Os resultados apresentados neste trabalho são similares aos de Nuñez et al. (2004) onde é relatada a ação antiedematogênica e neutralizante do extrato etanólico (96%) do rizoma de H.curtisphata e Renealmia alpinia (Zingiberaceae) frente à ação do veneno de B. asper a neutralização do veneno e a redução do volume das patas em camundongos em 25%. A rápida 57 neutralização caracterizada pelo extrato de H.curtisphata e Renealmia alpinia (Zingiberaceae) frente à ação do veneno de B. asper não garantiu a diminuição do edema de pata em curto prazo de tempo. As análises histopatológicas do grupo T1 Sombra 95%, grupo T2 Pleno Sol 95% e grupo T2 Pleno Sol 70% referentes ao extrato do rizoma H. rostrata foi responsável por auxiliar no processo de proteção dos filamentos das fibras musculares frente à ação catalítica provinda de mediadores químicos tais como as proteases e fosfolipases A2 contidas no veneno de B. jararaca (Figuras 17 e 18). Estudos atuais feitos por CHAVASCO et al. (2014) através da avaliação do perfil fitoquímico do extrato hidroalcoólico (70%) da haste e flores de H. rostrata confirmam presença de flavonoides. MACHADO et al., (2008) mencionam através de um levantamento bibliográfico o potencial dos flavonoides em auxiliarem e inibirem a oxidação lipídica. A partir da observação das lâminas histológicas sugerese que a ação dos compostos bioativos do extrato hidroalcoólico de H. rostrata possam auxiliar na proteção das fibras musculares frente aos danos musculares provocados pela ação do veneno de B. jararaca em camundongos. Através das análises quantitativas (Figuras 15 e 16) e histológicas (Figuras 17 e 18), o extrato hidroalcoólico de H. rostrata possui atividade antiedematogênica e anti-inflamatória capazes de auxiliarem no tratamento do local da picada inibindo as atividades do veneno de B. jararaca. Devem ser feitos novos estudos antiedematogênicos e histológicos com outros métodos extrativos de H. rostrata, tais como (EM) e (US) para verificar se há diferenças quantitativas e histológicas oriundas do método extratativo. Os resultados obtidos confirmam o uso empírico de H. rostrata na medicina popular neotropical para tratamento de vítimas decorrentes de acidentes ofídicos. 58 7 CONCLUSÕES Frente aos objetivos propostos e resultados obtidos, conclui-se que: O extrato hidroalcóolico (95%) do rizoma de H. rostrata de plantas cultivadas a (50%) de sombreamento, obtido pelo método Soxhlet (ES), mostrou-se eficiente na atividade antiedematogênica com uma proteção com cerca de (18%). Não houve diferença ou interferência no teste antiedematogênico dos extratos hidroalcóolicos método Soxhlet 70%(ES) e Soxhlet 95%(ES) em ambas situações fisiológicas de luminosidade, constatando que o teor de resíduo sólido extraído não influenciou no teste antiedematogênico. O extrato hidroalcóolico 95% demonstrou-se seletivo para os prováveis compostos biologicamente ativos que foram igualmente extraídos em ambas as condições (ES), (EM) e (US), portanto, os extratos realizados com álcool 95% teve um rendimento com melhor qualidade de produto final, porém manteve a atividade biológica. A partir dos resultados obtidos in vivo, conclui-se que os extratos hidroalcóolicos 70% e 95% e as diferentes intensidades luminosa as quais o cultivo foi submetido, não influenciaram na produção dos compostos biologicamente ativos. Através das avaliações quantitativas e histológicas, conclui-se que o extrato hidroalcóolico de Heliconia rostrata, possui ação antiedematogênica e proteção nos efeitos locais promovidos pelo veneno de Bothrops jararaca em pata de camundongos. 59 REFERÊNCIAS AGRA, M. F.; FREITAS, P. F.; BARBOSA-FILHO, J. M. Synopsis of the plants known as medicinal and poisonous in Northeast of Brazil. 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