Ética Profissional - Universidade de Coimbra

Propaganda
Ética Profissional: Ética e Sociedade
Bruno Emanuel M. Antunes
Departamento de Engenharia Informática
Universidade de Coimbra
[email protected]
Resumo: Define-se superficialmente ética e moral. Procura-se chamar a atenção para o papel
da ética profissional na engenharia informática, uma área de grande influência na sociedade
actual. Revela-se por isso a necessidade de se guiar por princípios morais, e impor aos seus
profissionais uma reflexão eticamente consciente sobre as suas actividades.
Palavras Chave: Ética, Moral, Ética Profissional, Engenharia Informática, Sociedade.
1. Introdução
O mundo em que vivemos está em constante transformação, renovação e criação, em muitos
aspectos de uma forma extremamente rápida e profunda. O que ontem era desconhecido e
marginalizado pode hoje ser a norma dominante. Toda esta mudança levanta em cada momento um
sem número de questões e dúvidas a que procuramos constantemente responder. A evolução e
infiltração da tecnologia nas nossas vidas representam bem a mudança que a nossa sociedade
atravessa. A tecnologia e todas as facilidades que ela nos trás estão profundamente enraizadas na
nossa vida, e afectam assim todo o seu funcionamento. Esta nova realidade levanta porém várias
questões e algumas dúvidas, por afectar as vidas e o futuro de todos nós merece uma reflexão
profunda sobre o modo como é conduzida ética e moralmente. Os engenheiros informáticos, como
uma parte importante desta nova sociedade da informação, devem procurar um caminho profissional
de acordo com a ética e a moral que lhes compete. O presente documento procura abordar o tema
da ética profissional na sua vertente tecnológica, directamente relacionada com o engenheiro
informático. Segue-se uma pequena introdução à ética e moral, entra-se depois no tema principal e
termina-se com algumas conclusões.
2. Ética Profissional
Ética e Moral
O comportamento moral rege-se essencialmente pelo cumprimento de regras que visam estabelecer
um comportamento correcto nas acções humanas. Estas regras são assumidas pela pessoa a fim de
garantir uma vivência justa e correcta, e representam um referencial a seguir. O comportamento
moral revela o estado de maturidade de cada um, na medida em que é capaz de guiar as suas acções
e assumir as suas responsabilidades tendo em conta a sua relação com o mundo que o rodeia. Apesar
de estarem próximas, a ética, ao contrário da moral, não estabelece princípios ou regras, dedica-se
a uma reflexão sobre a acção humana e as regras morais que a sustentam, procurando justificativas
para a definição do que é correcto e do que não o é.
O Papel da Ética Profissional
Dada a crescente importância da tecnologia na nossa sociedade, os engenheiros informáticos, como
parte importante dessa nova realidade, têm nas suas mãos um poder significativo. Este poder
resulta da capacidade de interferir directamente no dia-a-dia das pessoas, mas também do facto de
com o seu trabalho poderem transferir esse poder a terceiros ou influenciar o seu comportamento. É
portanto imperativo que estes profissionais sustentem as suas acções e comportamento em
princípios morais, e façam sobre estes uma reflexão ética cuidadosa.
Na busca desta conduta profissional eticamente correcta o engenheiro informático deve, entre
outros aspectos, procurar conciliar os interesses de todas as partes envolvidas no seu trabalho sem
detrimento de uma delas, realizando o seu trabalho com consciência de que cumpre todas as
obrigações a que se compromete, sem prejuízo público e na perspectiva de melhoramento da
qualidade de vida. Estando consciente do efeito que o seu trabalho pode ter na vida das pessoas,
este deve assumir uma postura responsável sobre as consequências que o mesmo poderá vir a ter e,
em conjunto com as entidades competentes, procurar evitar ou solucionar qualquer dano que este
possa causar. Sendo estas as obrigações morais mais óbvias que cumprem a um engenheiro
informático, há ainda outras menos explícitas que não devem ser esquecidas, e que estão por isso
documentadas em códigos de ética de várias associações, como são exemplo a ACM e a IEEE. Estes
códigos representam o consenso existente em dado momento quanto às normas de conduta que os
seus membros devem seguir, e a sua criação revela a preocupação destas associações em responder
a este tema sensível da nossa sociedade, marcada muitas vezes pela falta de profissionalismo e ética
daqueles que mais contribuem para a sua construção.
Percebe-se assim a importância e o papel das regras de comportamento moral que nos procuram
conduzir a um comportamento eticamente correcto. É no entanto uma obrigação de todos os
profissionais o cumprimento do seu dever com uma consciência ética e moral que vá para além dos
códigos de ética em vigor, pois mesmo que este comportamento não choque com códigos éticos e
regras morais vigentes pode ainda assim ser eticamente incorrecto. A ética não é senão uma
reflexão humana sobre cada um dos nossos actos, e deve fazer parte do nosso dia-a-dia, tanto como
profissionais como seres humanos.
Ética Social
Numa perspectiva mais global, a ética profissional de um engenheiro informático deve estender-se a
preocupações de ordem social e humanitária. Como já foi dito anteriormente, é notória a
importância crescente da tecnologia, e da informação que ela transporta, na sociedade actual. Mas
não menos notória será a desigualdade social que a nossa sociedade alimenta, e para a qual esta
revolução tecnológica tende a contribuir. É fácil perceber a dificuldade que muitos têm em entrar
neste mundo de facilidades tecnológicas, seja por razões económicas ou sociais, localização
geográfica ou até deficiência física. Como parte directamente ligada à construção desta sociedade
da informação, os engenheiros informáticos devem empenhar-se em assegurar uma distribuição
justa e real das facilidades que criam, assim como em criar os mecanismos que permitam o acesso a
tais facilidades por parte do maior número possível de pessoas, contribuindo, sempre que possível,
para o melhoramento da qualidade de vida de quem mais dificuldades tem em usufruir das mesmas.
3. Conclusões
Procurou-se com este trabalho, não descrever um qualquer código de ética, mas antes transmitir a
necessidade da existência de uma consciência ética que oriente a actividade profissional de todos
nós, e em particular dos engenheiros informáticos. Demonstrou-se assim a importância e o papel da
ética profissional em actividades que, como a engenharia informática, influenciam directamente a
vida das pessoas. Definiu-se a diferença entre ética e moral, salientou-se o papel da ética
profissional e chamou-se a atenção para a necessidade de uma reflexão ética sobre a função do
engenheiro informático e o seu papel na sociedade actual. Espera-se no entanto, por parte de cada
um de nós, uma abertura para a interiorização destes conceitos. O cumprimento da ética
profissional não deve começar no conjunto de regras que os códigos de ética compilam, mas sim na
consciência de quem tem o dever de os pôr em prática.
4. Agradecimentos
O autor agradece ao professor da cadeira de Comunicação e Profissão, Dr. António Dias de
Figueiredo, a oportunidade de realizar este trabalho.
5. Referências
1. Simon Rogerson, Terrel Ward (1995) “Cyberspace: The Ethical Frontier”, CCRS,
http://www.ccrs.cse.dmu.ac.uk/resources/professionalism/develop/theart.html (Current Oct.
18, 2003).
2. Alessandro Candido Vasconcellos (1996) “Ética Profissional”, Insite,
http://inforum.insite.com.br/1411/667196.html (Current Oct. 18, 2003).
3. Rosana S. Glock, José R. Goldim (2003) “Ética Profissional é Compromisso Social”,
http://www.bioetica.ufrgs.br/eticprof.htm (Current Oct. 18, 2003).
4. ACM Council (1992) “ACM Code of Ethics and Professional Conduct”, ACM,
http://www.acm.org/constitution/code.html (Current Oct. 18, 2003).
5. IEEE-CS/ACM (1999) “Software Engineering Code of Ethics and Professional Practice”, IEEECS/ACM, http://www.computer.org/tab/seprof/code.htm (Current Oct. 18, 2003).
Download