GUERRA ESPIRITUAL combatendo a boa batalha da fé Brian Brodersen Guerra Espiritual Combatendo a Boa Batalha da Fé Copyright © 2007 por Brian Brodersen (Nota: Este livro foi previamente publicado como parte de “Calvary Basics Series”, sob o título “Spiritual Warfare”, originalmente publicado por “The Word for Today”, em 1995) Publicado por Calvary Chapel Publishing (CCP), um ministério da igreja Calvary Chapel de Costa Mesa 3800 South Fairview Rd. Santa Ana, Ca 92704, USA Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, armazenada em sistema, ou transmitida em qualquer formato ou por qualquer meio (eletrônico, mecânico, fotocópia, gravação, ou outros) sem a permissão prévia do publicador, exceto pelo o que estabelece a lei norte-americana de direitos autorais. Primeira impressão em português, 2007 Todas as referências bíblicas deste livro, salvo algumas exceções, foram tomadas da Bíblia Sagrada, Nova Versão Internacional Impresso nos Estados Unidos da América Conteúdo Capítulo Página Prefácio i 1. A Batalha 1 2. O Deus Desta Era 12 3. As Ciladas do Diabo 21 4. A Tentação 40 5. A Armadura de Deus 48 6. Prepare-se para a Batalha 62 Conclusão 69 Prefácio À medida que a noite escura da história humana se aproxima cada vez mais de seu fim, a grande batalha cósmica entre o bem e o mal fica mais evidente. Não apenas uma batalha entre o bem e o mal no sentido filosófico, contudo, mais especificamente, uma luta entre Deus e o diabo. Uma guerra essencialmente espiritual entre os servos de Jesus Cristo e as forças invisíveis de satanás. Um confronto que um cristão, por manter um relacionamento sincero com Cristo, é inevitavelmente convocado a participar. Esses entraves não podem ser vistos por olhos humanos nem guerreados com armas feitas por homens, mas, sim, travados no Espírito por meio de recursos espirituais como oração, proclamação da verdade e uma vida em santidade. Guerra Espiritual foi escrito para aumentar o conhecimento dos cristãos sobre essa batalha e sua realidade em nosso dia-a-dia, também com a esperança de trazer equilíbrio bíblico para esse assunto de extrema importância, porém, freqüentemente malentendido. Minha oração é que Deus use as verdades contidas neste livro para iluminar e fortalecer o Seu povo na batalha da fé. Brian Brodersen Costa Mesa, Califórnia, Estados Unidos da América i 1. A BATALHA Vistam toda a armadura de Deus, para poderem ficar firmes contra as ciladas do diabo, pois a nossa luta não é contra seres humanos, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais. Efésios 6:11-12 Não seria bom se a vida cristã fosse simplesmente acreditar em Jesus e viver feliz para sempre? Contudo, todo aquele que tem buscado servir ao Senhor seriamente descobre que as coisas não são bem assim. Jesus prometeu a Seus seguidores que tribulação e oposição marcariam suas vidas nesse mundo. A fonte primária dessa oposição são o diabo e a multidão de espíritos maus, que formam uma frente unida contra o reino de Deus. A oposição do inimigo é evidente em milhares de diferentes situações, porém, elas estão todas interligadas. Vemos isso em diversos exemplos: igrejas bombardeadas no Paquistão e Indonésia; assassinatos de missionários seqüestrados nas Filipinas; prisões de líderes de igrejas na China; a oposição do sistema judiciário norteamericano aos Dez Mandamentos ou à colocação de cruzes em propriedades públicas; o ataque constante da mídia contra a Igreja e padrões bíblicos de conduta moral; o ódio irracional da comunidade 1 científica contra a idéia da criação divina como explicação para a origem da vida; perseguições no ambiente de trabalho ou entre membros da própria família; confusão e dúvidas que às vezes passam em nossas cabeças quando tentamos estudar a Bíblia; distrações que nos assolam enquanto estamos orando; o medo que nos persegue quando aparecem oportunidades para compartilhar a nossa fé; a luta que surge quando tentamos nos reunir para desfrutar de comunhão. Agora, tenho certeza que todo cristão tem enfrentado essa oposição, alguns mais intensamente que outros. Também estou certo de que muitos não se deram conta de que tais dificuldades são parte de uma batalha cruel. Uma das estratégias mais efetivas de satanás é nos manter ignorantes da existência dessa guerra espiritual. Ele se disfarça tão bem, que não reconhecemos o que realmente está acontecendo. De acordo com C.S. Lewis, os demônios saúdam com alegria o materialista que não crê em sua existência (1). Embora a afirmação de Lewis possa não se aplicar diretamente a nenhum de nós porque somos cristãos, não materialistas, freqüentemente vivemos alheios ao mundo espiritual que nos cerca. Nenhum de nós quer ser derrotado por essa oposição, por isso uma introdução à realidade da guerra espiritual nos ajudará em nosso caminho para a vitória que o Senhor nos prometeu nessa batalha. 2 A Oposição Primeiro, consideremos a inspiração por trás do conflito: o diabo e seus anjos. Quem é o diabo? Ele é uma entidade real ou apenas uma figura mitológica? A Bíblia ensina que o diabo é algo real, um espírito que, originalmente, foi a mais gloriosa criatura de Deus, mas em um ato de rebelião tornou-se o Seu arquiinimigo (Isaías 14). A Bíblia nos diz que ele é incrivelmente poderoso, excessivamente inteligente e imensuravelmente mal. As Escrituras também revelam que ele está perpetuamente em guerra com Deus e Seu povo. Ele é o comandante-chefe de uma multidão de criaturas similares a ele. Paulo se refere a este exército de criaturas malignas como “poderes e autoridades, dominadores deste mundo de trevas, forças espirituais do mal nas regiões celestiais” (Efésios 6:12). Tudo isso indica uma oposição organizada. Somente como uma analogia, considere o exemplo do Império Romano. César assentava-se em Roma e fazia política baseando-se no conselho do senado. Os senadores passavam as decisões do conselho aos governadores e administradores, para que fossem implementadas. Semelhantemente, no reino de satanás há altos oficiais legislando e também aqueles de baixa patente que apenas implementam suas decisões. Uma das profecias de Daniel dá-nos uma idéia do reino de satanás. 3 No terceiro ano de Ciro, rei da Pérsia, Daniel, chamado Beltessazar, recebeu uma revelação. A mensagem era verdadeira e falava de uma grande guerra. Na visão que teve, ele entendeu a mensagem. Naquela ocasião eu, Daniel, passei três semanas chorando. Não comi nada saboroso; carne e vinho nem provei; e não usei nenhuma essência aromática, até se passarem as três semanas. No vigésimo quarto dia do primeiro mês, estava eu em pé junto à margem de um grande rio, o Tigre. Olhei para cima, e diante de mim estava um homem vestido de linho, com um cinto de ouro puríssimo na cintura. Seu corpo era como berilo, o rosto como relâmpago, os olhos como tochas acesas, os braços e pernas como o reflexo do bronze polido, e a sua voz era como o som de uma multidão. Somente eu, Daniel, tive a visão; os que me acompanhavam nada viram, mas foram tomados de tanto pavor que fugiram e se esconderam. Assim fiquei sozinho, olhando para aquela grande visão; fiquei sem forças, muito pálido, e quase desfaleci. Então eu o ouvi falando e, ao ouvi-lo, caí prostrado, rosto em terra, e perdi os sentidos. Em seguida, a mão de alguém tocou em mim e me pôs sobre as minhas mãos e os meus joelhos 4 vacilantes. E ele disse: “Daniel, você é muito amado. Preste bem atenção ao que vou lhe falar; levante-se, pois eu fui enviado a você”. Quando ele me disse isso, pus-me em pé, tremendo. E ele prosseguiu: “Não tenha medo, Daniel. Desde o primeiro dia em que você decidiu buscar entendimento e humilhar-se diante do seu Deus, suas palavras foram ouvidas, e eu vim em resposta a elas. Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu durante vinte e um dias. Então Miguel, um dos príncipes supremos, veio em minha ajuda, pois eu fui impedido de continuar ali com os reis da Pérsia. Agora vim explicar-lhe o que acontecerá ao seu povo no futuro, pois a visão se refere a uma época futura”. Daniel 10:1-14 NVI, o itálico foi adicionado Perceba que o anjo disse: “Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu durante vinte e um dias”. Ciro era o rei da Pérsia naquela época, mas, provavelmente, não era ele quem estava resistindo ao mensageiro angelical. A referência é ao poder espiritual por trás do Império Persa. Fatos semelhantes ocorreram em Isaías 14 e Ezequiel 28, em que os profetas estavam profetizando contra os reis da Babilônia e Tiro. Enquanto falavam, de repente e sem explicação, 5 começaram a referir-se ao poder espiritual por trás desses governantes. Estas passagens, dentre muitas outras, devem, sem sombra de dúvida, levar-nos à conclusão de que o mundo em que vivemos não é somente o mundo material que aparenta ser. Há também a dimensão espiritual e, na verdade, o mundo é governado por “espíritos maus nas regiões celestiais”. É imperativo que reconheçamos esta verdade bíblica. Vejamos outro exemplo no Novo Testamento desse reino invisível. Você se lembra quando o Senhor foi tentado? Satanás mostrou a Ele todos os reinos do mundo em sua glória e disse: “Eu lhe darei toda a autoridade sobre eles e todo o seu esplendor, porque me foram dados e posso dá-los a quem eu quiser” (Lucas 4:6). Jesus não se opôs à declaração de autoridade de satanás sobre os reinos do mundo nem sua habilidade de oferecê-los a quem quiser. De fato, Jesus confirma a declaração de satanás, quando, mais tarde, se refere a ele como “o príncipe desse mundo” (João 14:30). Compreender estes fatos bíblicos é vital para o nosso bem-estar espiritual. Tragicamente, muitos cristãos têm sido seduzidos a pensar como pessoas comuns, acham que tudo é mero resultado de processos naturais. Entretanto, Paulo diz: “Nossa luta não é contra carne e sangue”. Nós, como cristãos, precisamos nos lembrar disso. 6 O Conflito A próxima coisa que precisamos considerar é a íntima natureza do conflito indicado no termo combate. Realmente, existem dois aspectos para guerra espiritual: o senso comum, no qual as forças coletivas de Deus estão batalhando contra as forças coletivas de satanás; e o aspecto pessoal, no qual você e eu estamos engajados no combate aos espíritos demoníacos. É uma luta livre. É algo íntimo e pessoal. É mortal. Como cristão, você tem sido estudado, seguido e atacado regularmente. Não se dar conta disso pode levá-lo a ferirse no conflito. Talvez, neste momento, você esteja pensando: “Espere aí, você não está exagerando demais? O que você quer dizer com ‘eu estou sendo estudado, seguido e atacado por demônios’? Você parece um fanático!”. Eu posso assegurar-lhe de que não estou sendo fanático, mas estou baseado nas Escrituras. Genericamente, afirmo apenas o que a Bíblia ensina e como ela se refere especificamente no caso de Jó, dentre outros. Certo dia os anjos vieram apresentar-se ao SENHOR, e Satanás também veio com eles. O SENHOR disse a Satanás: “De onde você veio?” Satanás respondeu ao SENHOR: “De perambular pela terra e andar por ela”. 7 Disse então o SENHOR a Satanás: “Reparou em meu servo Jó? Não há ninguém na terra como ele, irrepreensível, íntegro, homem que teme a Deus e evita o mal”. “Será que Jó não tem razões para temer a Deus?”, respondeu Satanás. “Acaso não puseste uma cerca em volta dele, da família dele e de tudo o que ele possui?”. Jó 1:6-10 NVI Como você pode ver, satanás estudou Jó. Ele o seguiu. Em pouco tempo, ele também o atacaria. Suas táticas não mudaram ao longo dos séculos. Você e eu estamos sujeitos aos mesmos tipos de ataques que Jó sofreu. Minha intenção não é inspirar paranóia, mas ajudá-lo a enxergar o mundo e suas experiências pessoais através de lentes bíblicas. Cristãos, hoje mais do que nunca, precisam de uma visão bíblica do mundo, que inclua a crença e o entendimento do campo espiritual. A Batalha é do Senhor! Uma vez estabelecida a autenticidade da guerra espiritual, precisamos aprender como sobreviver nessa batalha invisível. A 8 primeira coisa que devemos lembrar é que “a batalha é do Senhor” (1 Samuel 17:47); por isso, devemos ser “fortes no Senhor e no poder da Sua força” (Efésios 6:10). Nós mesmos não temos o poder para derrotar as forças das trevas. Se eu quero ser vitorioso, devo extrair minha força do Senhor. Foi essa verdade que permitiu homens como Davi e Josafá serem vitoriosos. Quando Davi enfrentou Golias, ele deixou claro que se apoiava na força de seu Deus. Davi, porém, disse ao filisteu: “Você vem contra mim com espada, com lança e com dardos, mas eu vou contra você em nome do SENHOR dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem você desafiou. Hoje mesmo o SENHOR o entregará nas minhas mãos, eu o matarei e cortarei a sua cabeça. Hoje mesmo darei os cadáveres do exército filisteu às aves do céu e aos animais selvagens, e toda a terra saberá que há Deus em Israel. Todos os que estão aqui saberão que não é por espada ou por lança que o SENHOR concede vitória; pois a batalha é do SENHOR, e ele entregará todos vocês em nossas mãos”. 1 Samuel 17:45-47 9 Da mesma maneira, quando Josafá clamou ao Senhor por livramento, o profeta Jaaziel respondeu: “Escutem, todos os que vivem em Judá e em Jerusalém e o rei Josafá! Assim lhes diz o SENHOR: ‘Não tenham medo nem fiquem desanimados por causa desse exército enorme. Pois a batalha não é de vocês, mas de Deus’ ”. 2 Crônicas 20:15 É extremamente crucial que lembremos disso, para que não sejamos derrotados pelo o medo e o desânimo. As Armas da Nossa Guerra Outra importante verdade que não podemos esquecer é que “as armas da nossa guerra não são carnais, mas poderosas em Deus” (2 Coríntios 10:4). A palavra carnal é a antítese de espiritual e refere-se ao que é meramente humano. Longe do poder de Deus, todas as nossas forças combinadas não seriam eficazes contra o poder das trevas. Se estamos em uma batalha espiritual, logo, precisamos de armas espirituais. E é exatamente isso o que o Senhor tem nos dado – “armas... poderosas em Deus para derrubar fortalezas, acabar com discussões e qualquer outra coisa que se oponha ao conhecimento 10 do Senhor”. Armas poderosas em Deus! A palavra poderosa pode ser traduzida como “intensamente cheio de poder”. Deus tem nos dado mais do que precisamos para vencer. Temos apenas que acessar os recursos que Ele mesmo nos disponibilizou. Quais são as “armas” que o Senhor tem nos dado? Elas são simplesmente a oração, a Palavra de Deus e a adoração. Devemos estar completamente imersos nelas se quisermos ter sucesso no combate “da boa batalha da fé”. Mais à frente, veremos a fundo essas armas que são “poderosas em Deus”, mas, por enquanto, prossigamos a uma consideração profunda sobre o inimigo. 11 2. O DEUS DESTA ERA Certo dia os anjos vieram apresentar-se ao SENHOR, e Satanás também veio com eles. O SENHOR disse a Satanás: “De onde você veio?” Satanás respondeu ao SENHOR: “De perambular pela terra e andar por ela”. Jó 1:6-7 Nesta passagem, vemos que nosso inimigo, satanás, está realmente vivo e bem no planeta Terra. Então, a pergunta é: o que ele tem feito? A resposta: muito mais do que muitas pessoas têm o culpado. Vejamos algumas das atividades praticadas pelo diabo no mundo. Sobre a Natureza Primeiro, consideraremos a atividade do diabo sobre a natureza. A Bíblia ensina que o diabo tem certo grau de poder sobre a natureza. Conseqüentemente, muitos daqueles acontecimentos que, ingenuamente, chamamos de “desastres naturais” ou “ações de Deus” são, na verdade, manifestações da obra de satanás. Eu não estou dizendo que toda catástrofe é resultado de atividade satânica, 12 mas, quando consideramos as mortes e a destruição que resultam destas calamidades e a subseqüente culpa que é geralmente atribuída a Deus, é válido supor que muitos destes eventos são satanicamente orquestrados. No mínimo, ele tenta manipular “desastres naturais” para destruir, desanimar e derrotar o trabalho de Deus pelo mundo. A base bíblica para esta opinião vem, mais uma vez, do livro de Jó. Disse então o SENHOR a Satanás: “Reparou em meu servo Jó? Não há ninguém na terra como ele, irrepreensível, íntegro, homem que teme a Deus e evita o mal”. “Será que Jó não tem razões para temer a Deus?”, respondeu Satanás. “Acaso não puseste uma cerca em volta dele, da família dele e de tudo o que ele possui? Tu mesmo tens abençoado tudo o que ele faz, de modo que os seus rebanhos estão espalhados por toda a terra. Mas estende a tua mão e fere tudo o que ele tem, e com certeza ele te amaldiçoará na tua face.” O SENHOR disse a Satanás: “Pois bem, tudo o que ele possui está nas suas mãos; apenas não toque nele”. Então Satanás saiu da presença do SENHOR. Certo dia, quando os filhos e as filhas de Jó estavam num banquete, comendo e bebendo vinho na casa do 13 irmão mais velho, um mensageiro veio dizer a Jó: “Os bois estavam arando e os jumentos estavam pastando por perto, quando os sabeus os atacaram e os levaram embora. Mataram à espada os empregados, e eu fui o único que escapou para lhe contar!” Enquanto ele ainda estava falando, chegou outro mensageiro e disse: “Fogo de Deus caiu do céu e queimou totalmente as ovelhas e os empregados, e eu fui o único que escapou para lhe contar!” Enquanto ele ainda estava falando, chegou outro mensageiro e disse: “Vieram caldeus em três bandos, atacaram os camelos e os levaram embora. Mataram à espada os empregados, e eu fui o único que escapou para lhe contar!” Enquanto ele ainda estava falando, chegou ainda outro mensageiro e disse: “Seus filhos e suas filhas estavam num banquete, comendo e bebendo vinho na casa do irmão mais velho, quando, de repente, um vento muito forte veio do deserto e atingiu os quatro cantos da casa, que desabou. Eles morreram, e eu fui o único que escapou para lhe contar!” Jó 1:8-19 14 Aqui está um clássico exemplo de satanás manipulando a natureza em sua guerra contra Deus. O fogo que caiu do céu e destruiu as ovelhas e os empregados e o vento que causou o desabamento da casa sobre os filhos de Jó, matando-os, foram um resultado direto da atividade do diabo. Ainda sim, o mensageiro se referiu ao fogo como “o fogo de Deus”. Satanás destrói vidas e busca colocar a culpa em Deus. E ele ainda continua fazendo isso nos dias de hoje. Vítimas de terremotos, incêndios, enchentes, ou tempestades freqüentemente dirão que Deus, de alguma maneira, é o responsável por suas misérias. Matérias em jornais e televisão geralmente ecoam o sentimento de que Deus, de certo modo, é o culpado. Embora esteja fora do campo dos “desastres naturais”, esse tipo de acusação foi ouvida constantemente logo após os atentados terroristas a Nova Iorque e Washington DC. Assim como no caso de Jó, acredito que o real culpado por aqueles ataques foi o diabo. O nome diabo significa “caluniador ou acusador”. Satanás agitará as forças da natureza, trará morte e destruição e, então, acusará Deus de ser o responsável por toda a bagunça. A maior tragédia é que a maioria das pessoas acredita nele. Eu estou dizendo que terremotos, enchentes e furacões são obras de satanás? Minha resposta: nem sempre, mas talvez mais freqüentemente do que pensamos. Quando você considera os objetivos de satanás – matar e destruir –, “desastres naturais” dão a ele muitas oportunidades para se trabalhar. 15 Sobre a Humanidade Todavia, satanás não pára por aí! Ele também está ocupado com os assuntos dos homens. Seja na política internacional, mídia, meio acadêmico, indústria do entretenimento, ou manias e modas do mundo, sua influência é inegável. Paulo referiu-se a satanás como “o príncipe do poder do ar, o espírito que agora está atuando nos que vivem na desobediência” (Efésios 2:2). Da teoria evolucionista à filosofia marxista, do preconceito racial ao multiculturalismo, da revolução sexual ao casamento gay, de lares destruídos à epidemia de crimes violentos, do alcoolismo às drogas, o trabalho de satanás é evidente. O ódio e a violência, a morte e a destruição, a dor e a miséria, desde o início da história até os dias de hoje, podem todos, de maneira bem ampla, serem atribuídos às atividades do diabo. A personalidade, o propósito e o poder do diabo foram claramente revelados na pessoa de Adolf Hitler e nos acontecimentos que cercaram sua tentativa de governar o mundo. Se você quer um olhar mais íntimo de como é o diabo, considere as ações do Terceiro Reich de Hitler e as atrocidades da Segunda Guerra Mundial, especialmente a tentativa de exterminar os judeus. Os comunistas oferecem outro exemplo da verdadeira natureza de satanás. Pense nos milhões de pessoas assassinadas sob o radical espírito do anticristo, que é tão predominante entre os partidários do marxismo. O falecido Richard Wurmbrand, que sofreu 16 imensa perseguição pelo regime comunista da Romênia, escreveu um livro chamado Marx e Satanás, no qual documentou o antigo envolvimento de Marx com o satanismo. Satanás não deve ser visto como algo corriqueiro; pelo contrário, ele é uma besta terrível, que está determinado a destruir o maior número de pessoas possível. Mais recentemente, satanás tem se expressado por meio de extremistas mulçumanos e suas incursões assassinas contra todos aqueles que discordam de seus pontos de vista fanáticos. Sua influência é especialmente óbvia na militância retórica anti-semita e anticristã, que surge em certos segmentos da comunidade islâmica. Verdadeiramente, como o apóstolo João disse: “O mundo todo está sob o poder do maligno” (1 João 5:19). Sobre as Falsas Religiões Outra manifestação das atividades do diabo são as falsas religiões. Elas são as obras-primas de satanás e, talvez, seu grande meio de influência. São também sua arma mais letal, porque atinge diretamente a alma dos homens. O objetivo final do diabo é manter a alma humana longe da salvação em Cristo Jesus, e ele fará tudo em seu poder – até mesmo encorajar a devoção religiosa – para obter os resultados desejados. 17 O apóstolo Paulo disse: “Pois o próprio satanás se disfarça de anjo de luz” (2 Coríntios 11:14). Ele tem mantido multidões às cegas e longe da verdade, por meio de falsas religiões. Como Paulo disse: Mas se o nosso evangelho está encoberto, para os que estão perecendo é que está encoberto. O deus desta era cegou o entendimento dos descrentes, para que não vejam a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus. 2 Coríntios 4:3-4 Na realidade, as chamadas grandes religiões do mundo não são nada mais do que falsificações satânicas, com o intuito de destruir as almas dos homens eternamente. Eu sei que pode soar extremista para alguns, mas, se você levar a Bíblia a sério, esta é a única conclusão que podemos chegar. Alguns insistem em dizer que todas as religiões ensinam essencialmente a mesma coisa e que todas são igualmente válidas. Entretanto, uma simples comparação entre o hinduísmo e o cristianismo, por exemplo, mostra o engano deste posicionamento. O hinduísmo ensina que existem milhões de deuses e o cristianismo afirma que existe apenas um Deus. Uma comparação entre o budismo e o cristianismo mostra a mesma coisa. O budismo não envolve a crença em Deus de maneira nenhuma; ele é de natureza ateísta. O islã nega o centro da fé cristã, de que Jesus 18 Cristo é o único filho de Deus. As seitas pseudo-cristãs, como os mórmons e as testemunhas de Jeová, também seriam exemplos de falsificações satânicas. Mas as atividades do diabo não estão apenas limitadas a essas religiões. Também as vemos na igreja. Muitas das principais denominações protestantes abandonaram a fé. Elas não acreditam mais que Jesus Cristo é o Deus encarnado ou que Ele nasceu de uma virgem. Não acreditam mais que Ele morreu na cruz ou que realmente ressuscitou dentre os mortos. Não acreditam que a Bíblia é a Palavra de Deus. Pergunto-me por que eles se dizem “cristãos”. Eles rejeitam abertamente a maioria dos ensinamentos bíblicos. Finalmente, muitos dos ensinamentos do catolicismo romano teriam de ser incluídos nesta mesma categoria por suas crenças e práticas aberrantes. Tudo, incluindo a missa, o papa, o sacerdócio, a suposta mediação de Maria e dos santos, é contrário à simples mensagem da salvação apresentada nas Escrituras. A afirmação da Igreja Católica Romana de que é a “única e verdadeira igreja” é indefensável tanto bíblica como historicamente (2). Satanás está realmente ativo! Ele está manipulando as forças da natureza e trazendo tragédias sobre os homens. Ele está trabalhando na sociedade, oprimindo as pessoas por meio de várias filosofias que induzem à tirania e à guerra. Além disso, também se ocupa espalhando as falsas religiões, para roubar as almas dos homens e privá-las da vida eterna. Espero que o conhecimento adquirido sobre as atividades de satanás em nosso mundo possa provocar em nós o uso das 19 poderosas armas da oração e da proclamação do evangelho. É por meio da oração, que catástrofes podem se tornar uma oportunidade para o trabalho de Deus. É por meio da oração e proclamação, que Deus intervém nos assuntos dos homens, derramando Seu Espírito e trazendo mudanças radicais. A Reforma e os grandes avivamentos são bons exemplos de Deus usando condições adversas para realizar a Sua obra. É por meio da proclamação do evangelho que os homens são libertos da cegueira das falsas religiões e trazidos ao conhecimento da salvação de Cristo. Qualquer bom estrategista sabe a importância de conhecer a estratégia de seu inimigo. Quanto mais familiarizados com os planos do diabo, mais efetivos seremos em derrotá-lo e ajudar aos outros a agirem da mesma maneira. Prossigamos, agora, a outro aspecto das atividades demoníacas: “as ciladas do diabo”. 20 3. AS CILADAS DO DIABO Vistam toda a armadura de Deus, para poderem ficar firmes contra as ciladas do Diabo (...) Além disso, usem o escudo da fé, com o qual vocês poderão apagar todas as setas inflamadas do Maligno. Efésios 6:11, 16 As “ciladas do diabo” e as “setas inflamadas do maligno” compreendem uma grande parte da atividade satânica, que, sem dúvida, também incluem seus ataques à nossa mente e emoções. Experiências como condenação, dúvida, medo, pensamentos malignos e depressão vêm desses ataques. Eu não estou afirmando que sei como satanás consegue acessar nossa consciência e sentimentos, mas está claro que ele consegue, tanto biblicamente, como pelos testemunhos de muitos servos do Deus ao longo da história da igreja. Consideremos dois exemplos das “ciladas do diabo”, um das Escrituras e outro da história da igreja. O primeiro envolve o apóstolo Pedro e está registrado em Mateus 16. Jesus pergunta aos discípulos: “Quem vocês dizem que eu sou?”, Simão Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Jesus o elogia por sua resposta: “Feliz é você, Simão, filho de Jonas! Porque isto não lhe foi revelado por carne ou sangue, mas por meu Pai que está nos céus”. 21 Jesus, então, continuou a contar-lhes sobre a iminente rejeição que enfrentaria por parte dos líderes religiosos em Jerusalém e sobre a Sua morte na cruz. Pedro, bem-intencionado, mas enganado, chamou Jesus à parte e começou a repreendê-lo, dizendo: “Nunca, Senhor! Isso nunca lhe acontecerá!”. Jesus virou-se e disse a Pedro: “Para trás de mim, Satanás! Você é uma ofensa para mim, e não pensa nas coisas de Deus, mas nas dos homens”. A resposta de Jesus para Pedro ilustra o meu ponto. Na primeira vez, a mente de Pedro foi influenciada pelo Senhor. Alguns minutos depois, Pedro estava sobre a influência de satanás e seus pensamentos foram demoniacamente inspirados. O segundo exemplo de como o inimigo ataca a mente de um crente está na vida do britânico John Bunyan (1628-1688), autor do livro O Pelegrino. Ao descrever sua experiência no livro Grace Abounding (Graça Abundante, em tradução livre), John escreveu: Por aproximadamente um mês, uma grande tempestade abateu-se sobre mim, atingindo-me vinte vezes mais forte do que qualquer outra que já havia enfrentado. Ela assaltou-me aos poucos, parte por parte; primeiro, todo o meu conforto me foi tirado, depois as trevas se apoderaram de mim, então, rios de blasfêmias contra Deus, Cristo e as Escrituras fluíam no meu espírito, para a minha completa perplexidade e confusão. Esses pensamentos blasfemos despertaram questionamentos em mim contra a própria existência de Deus e de seu 22 único amado Filho. Questionava-me se existia realmente um Deus ou um Cristo e se as Escrituras Sagradas não eram apenas fábulas ou histórias da carochinha, em vez de ser a santa e pura Palavra de Deus. O tentador também me atacava por meio de outros pensamentos: “Como posso afirmar que Jesus é o Salvador através das Escrituras se os mulçumanos podem fazer o mesmo em relação a Maomé? Como é possível que milhares de pessoas pelo mundo vivam sem conhecer o caminho para o céu? E se realmente existe um céu, somente nós, de uma parte da Terra, devemos ser abençoados por ele? Todos pensam que sua própria religião é a mais correta, tanto judeus e mouros, como os pagãos, e se Cristo, as Escrituras e a nossa fé também forem simplesmente um achismo?”. Por vezes, esforcei-me a debater essas influências e citar algumas das frases do abençoado Paulo contra elas. Mas, aí de mim, por que logo caía quando assim o fazia, pois tais argumentos voltavam-se rapidamente contra mim. Embora tenhamos dado grande importância a Paulo e a suas palavras, ainda sim poderia dizer que, na verdade, ele foi muito sutil e astuto, enganando por meio de ilusões com a intenção de eliminar e destruir seus companheiros. Essas influências, junto a muitas outras, as quais não posso e não ouso expressar nem com palavras nem à 23 caneta, dominaram de tal maneira o meu espírito e sobrecarregaram o meu coração, igualmente em número, duração e força, que senti como se não houvesse mais nada dentro de mim além disso, dia e noite. Definitivamente, não havia espaço para mais nada. Também concluí que Deus, em grande ira para com a minha alma, me entregou a essas influências, para que fosse carregado por elas, como em um redemoinho. Foi somente por meio do desgosto que esses questionamentos trouxeram ao meu espírito, que senti que havia algo em mim que se recusava a aceitá-los. Mas eu apenas pude considerar isso, quando Deus me permitiu engolir minha própria saliva, se não o barulho, a força e o poder dessas tentações já teriam me afogado. Enquanto passava por essas tentações, constantemente minha mente colocava-se a amaldiçoar e xingar, e dizer graves coisas contra Deus, ou Cristo, seu Filho, e as Escrituras. Então eu pensei: “claro que estou possuído pelo diabo”. E em outros momentos pensei novamente: “provavelmente fui privado do meu bom senso”. Em vez de enaltecer e magnificar o Senhor como os outros. Se eu apenas tivesse ouvido Ele falar, alguns dos mais horríveis e blasfemos pensamentos teriam sido postos para fora do meu coração. Não importava se eu pensasse que Deus existia ou se, no momento seguinte, 24 achasse que não existia nada disso, porque nem amor, nem paz, nem graça eu conseguia sentir dentro de mim. Essas coisas me afundaram em um profundo desespero, pois concluí que elas não poderiam, de maneira nenhuma, ser encontradas entre aqueles que amam a Deus. Freqüentemente, quando essas tentações se abatiam sobre mim, eu me comparava a uma criança que fora levada à força por um cigano, para longe de seus amigos e de seu país. Às vezes, eu chutava e também gritava e chorava, mas ainda estava amarrado às asas da tentação e o vento carregava-me para mais longe. Também pensei em Saul e o espírito demoníaco que o possuiu. Tive o imenso temor de que a minha condição fosse a mesma que a dele (1 Samuel 16:14). Naqueles dias, quando ouvia outras pessoas falando sobre o que era pecar contra o Espírito Santo, o tentador despertava em mim o forte desejo de cometer tal pecado. Eu não conseguia e nem podia ficar calado até que eu o cometi. Depois disso, nenhum outro pecado me servia mais, a não ser esse. Se para ser cometido fosse necessário colocá-lo em palavra, então, foi como se a minha boca o pronunciasse contra a minha própria vontade. Essa tentação era tão forte, que, por muitas vezes, eu ficava preparado para lançar a minha mão debaixo do meu queixo, para impedir que a minha boca se abrisse. Nesse ponto, cheguei a pensar algumas 25 vezes em me atirar de cabeça em uma poça de lama para não deixar a minha boca falar. (3) Que descrição mais expressiva do brutal tipo de guerra que, às vezes, experimentamos como servos de Deus! Mais do que um simples “dardo inflamado”, Bunyan foi atacado por uma tempestade contínua deles. Mas ele não é o único a passar por essa experiência, embora não gostamos de admitir, muitos de nós têm sofrido ataques semelhantes. Tendo estabelecido que o inimigo ataca freqüentemente a nossa mente e emoções, observaremos, mais de perto, algumas das “ciladas do diabo”, para que possamos evitar sermos enlaçados por elas. A Condenação Uma tática comum do diabo é fazer você se sentir isolado do amor e do perdão de Deus. Isso ocorre mais freqüentemente depois que você comete algum erro. Talvez você tenha feito algo que sabia que era errado, ou não fez algo que deveria ter feito. É quando geralmente a condenação ataca. Entretanto, é importante saber distinguir entre convencimento e condenação. Convencimento é o legítimo trabalho do Espírito Santo, que produz arrependimento sobre os nossos pecados, levando-nos à cruz para recebermos 26 perdão. Condenação produz culpa e deixa suas vítimas com a sensação de impotência. O diabo pode sugerir que Deus já está farto de você, dizendo: “Você foi longe demais desta vez”. Ele dá a entender que perdão não está mais disponível. Você pode até sentir que Deus lhe abandonou e que Ele não lhe ama mais. Tudo isso é típico dos “dardos inflamados do maligno”, que só podem ser defendidos com o escudo da fé – que é a Palavra de Deus. O poder da condenação está na habilidade de satanás de nos enganar, fazendo-nos pensar que Deus é quem está nos condenando. Afinal, se Deus está contra nós, quem será por nós? Que distorção odiosa da verdade! Em Romanos 8:1, Paulo diz: “Portanto, agora já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus (...)”. E no verso 31, ele diz: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?”. Nos versos 33 e 34 ele pergunta: Quem fará alguma acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? Foi Cristo Jesus que morreu; e mais, que ressuscitou e está à direita de Deus, e também intercede por nós. Esses pensamentos de acusação e as sensações de condenação vêm do “acusador dos nossos irmãos” (Apocalipse 27 12:10). Nós somente podemos vencer a condenação satânica pela confiança no sangue do Cordeiro. Se você pecou, não deixe o diabo desviá-lo do Senhor por meio da condenação! Pelo contrário, confesse seu pecado e lembre-se de que “Ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 João 1:9). A Dúvida O diabo, às vezes, atira dardos inflamados de dúvida em nossas mentes. Ele tentará fazer com que você duvide de tudo, desde a existência de Deus até a sua salvação. Mas seu objetivo fundamental é lançar dúvida sobre a Palavra de Deus. Algo importante para se lembrar, é que há uma diferença entre tentação e dúvida e o pecado da incredulidade. É possível ser atormentado pela dúvida e, mesmo assim, não cometer o pecado da incredulidade. O grande pregador inglês Charles Spurgeon tinha uma grande familiaridade com este tipo particular de tentação. Ele disse: “Constante incredulidade tem sido minha tentação em especial. Eu sei que a promessa de Deus é verdadeira. (...) Mas essa tentação me ataca incessantemente – ‘Duvide d’Ele. Não confie n’Ele. Ele ainda vai lhe abandonar.’” (4) Spurgeon, é claro, resistiu à tentação, mas sua afirmação indica que ele lutou constantemente nesta área. Mais uma vez, eu quero lembrá-lo de que você não está pecando quando você é tentado a duvidar. Dúvida apenas se torna 28 pecado quando a colocamos em prática e permitimos que ela nos controle. Satanás tentou Eva a duvidar da Palavra de Deus. Entretanto, foi apenas quando ela se submeteu às suas sugestões que cometeu o pecado. Somente porque você é tentado a duvidar não significa que você pecou. Você pode recusar-se a se entregar a essas sugestões. Quando eu era um jovem cristão, ouvi que certos acadêmicos e teólogos questionavam a autenticidade de alguns livros da Bíblia. Naquele momento, satanás tentou plantar dúvida em minha mente em relação à Palavra de Deus. Os pensamentos foram mais ou menos assim: “Estes homens são teólogos, que estudaram a Bíblia por anos. Eles conhecem a língua hebraica e grega e eu não sei nada. Como eu posso pensar que estou certou e eles errados?”. Isso lhe parece familiar? Ou talvez você teve a experiência de estar lendo a sua Bíblia e, de repente, sua mente é inundada por perguntas como: “Você tem certeza de que Jesus Cristo realmente existiu? Aqueles milagres realmente aconteceram? Como alguém pode ressuscitar dentre os mortos? E todas as outras religiões? Não é um pouco arrogante pensar que Jesus é o único caminho para chegar a Deus?”, entre muitos outro. Satanás irá sugerir esses pensamentos a você. Ele sempre está tentando minar a Palavra de Deus. Ele usou esta tática com Eva no Jardim do Éden: “Foi isto mesmo que Deus disse (...) ?” (Gênesis 3:1). Ele também aplicou o mesmo artifício com Jesus no deserto: “Se és o Filho de Deus (...)” (Lucas 4:3). Você pode ter certeza de que ele tentará isso com você. A Palavra de Deus é a nossa bússola 29 e o nosso leme para guiar-nos pela tempestuosa vida cristã. Se o diabo conseguir nos fazer duvidar, mesmo que de uma pequena verdade, ele pode conseguir nos tirar do rumo certo. Se ele conseguir nos fazer duvidar de grandes verdades, podemos acabar naufragando. Reconheça isso como uma das táticas do diabo e fique firme na Palavra de Deus. Uma última consideração: não confunda perguntas sinceras com dúvidas. Considere a diferença entre a resposta de Zacarias e a resposta de Maria, ambas ao anjo Gabriel (Lucas 1:18, 34). As duas perguntas parecem ser as mesmas: “Como pode ser?”. Porém, não foi o questionamento de “como”, mas a atitude com a qual cada pergunta foi feita que as diferenciaram. Zacarias perguntou com incredulidade, como se dissesse: “Você deve estar brincando? De jeito nenhum!”. Maria, por sua vez, estava perguntando de que forma Deus faria tal maravilha. Sua humilde fé está evidenciada em sua última afirmação a Gabriel: “Sou serva do Senhor, que aconteça comigo conforme a tua palavra” (Lucas 1:38). Maria não duvidou da Palavra de Deus; ela estava submetendo-se a Seu plano! Não há nada de errado em fazer perguntas. É assim que aprendemos. Perguntas sinceras podem transformar suas tentações a duvidar em oportunidades para aumentar sua compreensão do Senhor, da Sua Palavra e de Seus caminhos. Ao final de cada pergunta sincera, você descobrirá que Deus é real, assim como Paulo afirmou em Romanos 3:4: “Seja Deus verdadeiro e todo homem mentiroso”. 30 O Medo Outra cilada do diabo é o uso da tática do medo. Ele ameaça com conseqüências malignas aqueles que confiam e obedecem a Deus. Quando o avivalista do século XVIII George Whitefield convidou seu amigo John Wesley a assumir seu ministério de pregação ao ar livre, Wesley, de repente, foi tomado pelo sentimento de que, se assim o fizesse, ele morreria. Buscando por direção divina, ao abrir aleatoriamente sua Bíblia em quatro diferentes ocasiões, as Escrituras pareceram confirmar sua iminente morte. Mas esses medos provaram ser nada mais do que investidas do diabo para tentar impedi-lo de fazer o trabalho para o qual Deus o havia chamado. Na verdade, foi aceitando esse convite que John Wesley iniciou sua carreira evangelística, que resultou na conversão de milhares de pessoas e na formação da Igreja Metodista, durando por mais de 50 anos. A tática do medo do inimigo é também vista na história do rabino Leopold Cohn, um judeu húngaro que, por meio de várias circunstâncias, veio a acreditar que Jesus é o Messias de Israel. Quando ele aceitou a Cristo, percebeu que precisava escolher um dia para fazer a confissão pública de sua fé, que era o ato de ser batizado. Os acontecimentos do dia de seu batismo ilustram amplamente as tentativas do diabo para impedir o trabalho de Deus através do medo. O rabino contou: 31 Bem cedo, naquela manhã, acordei com um calafrio e parecia como se alguém estivesse falando comigo: “O que você vai fazer hoje?”. Pulei da cama e andei de um lado para o outro, igual a uma pessoa com febre alta, que quase não sabe o que está fazendo. Eu estava esperando ansiosamente para ser batizado, antecipando a alegria de quando poderia confessar publicamente minha fé no Senhor Jesus Cristo. Mas, agora, uma mudança repentina veio sobre mim. A voz que falava comigo era a do grande inimigo da humanidade, porém, ele foi tão astuto que, à época, não pude perceber que era a sua voz que ouvia. Rapidamente, muitas perguntas me foram feitas, uma após a outra, deixando-me tão perplexo que me senti mental e fisicamente doente. Ele questionava-me assim: “Você vai ser batizado, não vai? Você sabe que, assim que der esse passo, você será afastado da sua esposa, a quem você tanto ama? Ela jamais vai viver com você de novo. Você tem idéia de que seus quatro filhos, os quais você tanto adora, nunca mais lhe chamarão de pai ou olharão para você? Seus irmãos, irmãs e todos seus parentes vão lhe considerar como morto e seus corações ficarão despedaçados para sempre”. “Como você pode ser tão cruel com o seu próprio sangue e carne? O seu povo lhe desprezará e odiará mais do 32 que nunca. Você está se desligando do seu próprio povo. Você não tem amigos neste mundo. Você acabará sozinho, como um pedaço de madeira à deriva no oceano. O que será do seu nome, sua reputação e sua posição?” Esses pensamentos foram postos em mim por satanás, da maneira mais audível possível, com o qual tive o meu primeiro e real encontro, que me deixou totalmente agoniado e quase mentalmente desequilibrado. Eu não conseguia dormir, nem comer. Meu amigo que estava comigo, percebendo a situação, tentou encorajar-me e fortalecer-me de todas as maneiras possíveis, mas de nada adiantou. Ajoelhei-me em oração a Deus, entretanto, as ilusões satânicas eram tão fortes quanto antes. Ele continua sua história contando o que aconteceu quando ele cedeu ao inimigo. Sentindo-se mental e fisicamente doente, ele foi avisar o pastor que não poderia mais se batizar. Ao mesmo tempo, outro pastor, chamado Dr. Andrew Bonar, com o apoio da sua congregação, sentiu-se impelido a orar por esse homem, pois sabia que se batizaria naquele dia. Quando eles começaram a orar, a opressão sumiu imediatamente e, em vez de cancelar seu compromisso, ele foi batizado e fez sua confissão pública sobre Cristo, exatamente da maneira como ele desejava fazer. 33 O rabino Cohn tornou-se uma testemunha poderosa do Senhor, formando o que se tornou conhecida como American Board of Missions to the Jews (Comissão Americana de Missões para os Judeus). Ele conduziu muitos de seus companheiros israelitas à fé no Messias Jesus. Você percebeu como o diabo fez ameaças com terríveis conseqüências caso o rabino obedecesse ao Senhor? Mas elas não passavam de ameaças vazias, assim como foi com John Wesley. Satanás lhe ameaçará da mesma forma que Saul ameaçou Davi, ou Tobias e Sambalate ameaçaram Neemias. Isso é tudo o que ele pode fazer porque “aquele que está em você é maior do que aquele que está no mundo” (1 João 4:4). Mais uma vez, “se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Romanos 8:31). Não permita que o inimigo mantenha-o afastado da vontade de Deus por causa do medo. Lembre-se, “Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio” (2 Timóteo 1:7). Nosso Pai celestial tem o melhor para nós. Por isso, se entregue a Ele sem medo e veja o que Ele fará. O Pai sempre sabe o que é melhor. Imaginações e Pensamentos Malignos Outra manifestação das “ciladas do diabo” é a de pensamentos malignos. Você já teve a sua mente invadida por blasfêmias bem no meio de uma oração? Alguma vez, enquanto você estava louvando, 34 imagens pornográficas simplesmente apareceram em sua mente? Você já passou por alguns momentos em que sua mente foi consumida por pensamentos deploráveis, que lhe aborreceram e oprimiram, pensamentos de imoralidade sexual, assassinato, ou suicídio? Se sim, você não está sozinho. Você já conhece em primeira mão o que o apóstolo Paulo se referia quando falou sobre os “dardos inflamados” do maligno. Uma pergunta importante a ser feita sobre isso é: como saber a diferença entre os dardos inflamados do maligno e o pecado dos maus pensamentos? Os maus pensamentos vêm de dentro, assim como Jesus disse: “Pois do coração saem os maus pensamentos (...)” (Mateus 15:19). Os maus pensamentos estão dentro de seu poder de controle e têm um elemento de prazer neles. Por outro lado, os dardos inflamados do maligno vêm de fora de você e estão, até certo ponto, fora de seu controle. Eles também são ofensivos. Vai além de não querer, você os rejeita conscientemente. Em outra experiência tirada da vida de Charles Spurgeon, ele conta que, após um período prolongado de ataques de blasfêmia à sua mente, chegando perto do desespero, começou a questionar até mesmo a sua salvação (afinal, como um verdadeiro cristão poderia possuir tais pensamentos?). Ele finalmente confidenciou a um homem de Deus mais velho que lhe fez uma única e simples pergunta: “Você odeia esses pensamentos?”. O jovem Spurgeon respondeu: “Sim, odeio”. O homem respondeu: “Então, eles não são seus. Lamente-se por eles, arrependa-se deles e mande-os de volta 35 ao diabo, que é o pai deles, a quem eles pertencem – pois eles não são seus.” (5) O diabo é astuto. Ele planta um pensamento na sua mente e quer que pense que ele é seu. Não aceite isso, ao contrário, rejeite-o e perceba quem é que está por trás dele. Você pode até voltar as armas do inimigo contra ele mesmo, ao usar esses momentos como uma oportunidade para orar e adorar. Você pode ser como Benaia, que arrancou a lança da mão do inimigo e o matou com sua própria arma (2 Samuel 23:21). Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas. Filipenses 4:8 Assim como a natureza abomina o vácuo, nossas mentes não podem desejar permanecer vazias. Bons pensamentos não deixam espaço para maus pensamentos. A Depressão Depressão é, talvez, a mais devastadora das “ciladas do diabo”, considerando que ele junta todos os assuntos que já discutimos 36 (condenação, dúvida, medo, pensamentos malignos e imaginações), embrulha-os em desespero e deixa-nos com a impressionante sensação de estarmos sem esperança alguma. Muitos homens e mulheres de Deus, ao longo dos séculos, já conheceram o que é estar depressivo. Você pode se surpreender ao descobrir que um dos salmistas e o apóstolo Paulo também sofreram de depressão. Veja suas palavras: Quando estou angustiado, busco o Senhor; de noite estendo as mãos sem cessar; a minha alma está inconsolável! Lembro-me de ti, ó Deus, e suspiro; começo a meditar, e o meu espírito desfalece. Não me permites fechar os olhos; tão inquieto estou que não consigo falar. Salmos 77:2-4 Irmãos, não queremos que vocês desconheçam as tribulações que sofremos na província da Ásia, as quais foram muito além da nossa capacidade de suportar, ao ponto de perdermos a esperança da própria vida. 2 Coríntios 1:8 37 A história da Igreja também oferece muitos exemplos daqueles que sofreram de depressão. William Cowper, um grande poeta e compositor inglês, lutou contra uma depressão do tipo maníacodepressiva a vida inteira. Charles Spurgeon disse: “Eu sou vítima de depressões terríveis e espero que nenhum de vocês passe por tamanha desgraça”. (6) Então vemos que homens e mulheres de Deus não estão imunes à depressão. Todos sofrem dela de tempos em tempos, porém alguns mais freqüente e severamente que outros. A questão é: como lidamos com a depressão? Primeiro, precisamos saber sua causa. Basicamente, há quatro tipos de depressão. Existe a orgânica, que resulta de uma disfunção corporal, por exemplo, desequilíbrio químico ou hormonal. A depressão circunstancial, quando os problemas da vida lhe entristecerem. Algumas estão diretamente ligadas ao pecado. E, finalmente, há a depressão que é o resultado direto da atividade satânica. Determinar qual o tipo de depressão que alguém está enfrentando não é fácil. Entretanto, Deus prometeu sabedoria para aqueles que pedirem (Tiago 1:5). Assim que descobrirmos a causa, podemos seguir com o tratamento. Se o motivo for orgânico, primeiramente, o tratamento será médico. Se for circunstancial, será preciso analisar biblicamente os acontecimentos e confiar em Deus. Se o problema for pecado, arrependimento faz-se necessário. Se a causa for satânica, as armas 38 espirituais da oração e da Palavra de Deus são as únicas que prevalecerão. Voltando no tempo, antes da existência de antidepressivos, William Cowper foi liberto de uma depressão profunda, escura e suicida por meio da oração de seu fiel pastor e amigo John Newton. Embora o tratamento com medicamentos possa ser benéfico, eles nunca devem ser usados como substitutos da Palavra de Deus e da oração. Em minha opinião, independentemente da causa da depressão, ainda existe algo satânico ligado a ela. Por isso, acredito que todo o tipo de depressão, independente de sua causa, deve ser tratada com aconselhamento bíblico e intensa oração. Se você tem sido atormentado pela depressão, lembre-se que “Deus é fiel e Ele não permitirá que sejam tentados além do que podem suportar. Mas, quando forem tentados, ele mesmo lhes providenciará um escape, para que o possam suportar” (1 Coríntios 10:13). Não acredite na mentira do diabo de que sua situação não tem solução e de que você deve acabar com tudo isso agora mesmo. Olhe para o Senhor! Clame pelo o Seu nome! Permaneça em Sua Palavra! Ore e peça oração a outros. Busque os conselhos de um pastor ou de um amigo que seja um cristão maduro. Finalmente, saiba que “o Deus da paz esmagará satanás debaixo de seus pés em breve” (Romanos 16:20). A seguir, consideraremos o aspecto final da guerra do diabo contra nós: A Tentação. 39 4. A TENTAÇÃO Estejam alertas e vigiem. O Diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem possa devorar. Resistam-lhe, permanecendo firmes na fé, sabendo que os irmãos que vocês têm em todo o mundo estão passando pelos mesmos sofrimentos. 1 Pedro 5:8-9 A atividade mais notória de satanás é a de tentar a humanidade. A tentação é um pedido para se fazer o mal e é uma experiência comum a todas as pessoas, sejam elas cristãs ou não. Porém, satanás faz um esforço extra para tentar os cristãos. Ele sabe que se ele derrubar um cristão, ele pode, em certo ponto, trazer descrédito à Igreja e vergonha ao nome do Senhor. Assim, como o pecado de Davi com Bate-Seba deu “grande ocasião aos inimigos do Senhor para que blasfemassem” (2 Samuel 12:14), da mesma forma é com os cristãos pecadores. Esta é uma das razões pela qual satanás tenta os crentes. Outra razão pela qual satanás tentará você é simplesmente porque ele lhe odeia e quer destruí-lo. Ele sabe que “o pecado, após ter se consumado, gera a morte” (Tiago 1:15). 40 Quando Pedro se referiu a satanás como “um leão, rugindo e procurando a quem possa devorar”, ele estava pensando, sem dúvida, na atividade de satanás de tentar o homem. O autor John Phillips nos dá uma idéia de como é isso: Satanás tem estudado a natureza humana desde a criação do homem. Ele ajudou a produzir a queda da natureza humana. Ele é mestre em psicologia. Alguns são atacados pelos desejos da carne – ele tem um arsenal completo de dardos que podem inflamar nossos sentidos. Outros são atacados pela cobiça, orgulho, apetite, aplausos e ambição, que estão entre os muitos dardos que satanás usa para instigar a paixão em nossas almas. Ele conhece os nossos pontos fracos e fortes. Ele envia suas legiões de espíritos demoníacos para atiçar nossos sentidos, inflamar nossos desejos, corromper nossas almas, enfraquecer nossas vontades, enganar nossas mentes, matar nossa consciência e distorcer a verdade de Deus. Satanás tem milhares de ciladas e nunca desiste. (7) 41 Reconhecendo a Tentação A primeira coisa que precisamos fazer em relação à tentação é aprender a reconhecer quando estamos sendo atacados. Um dos atributos de satanás é a sutileza. Ele se disfarça tão bem que, freqüentemente, a pessoa que está sendo tentada nem se dá conta de seu envolvimento. Em outras palavras, satanás não se manifesta para você em todo o seu horror, dizendo: “Eu sou o diabo. Eu estou aqui para lhe atrair a uma armadilha para que eu possa destruí-lo. Agora, me veja trabalhar”. Pelo contrário, ele se esconde nas sombras. Nós nem percebemos que ele está lá nos bastidores, puxando as cordas e manipulando as situações. Às vezes, ele age como se desejasse o nosso bem. Lembre-se de Eva, no Jardim do Éden: satanás sugeriu a ela que Deus era egoísta e que estava guardando algo que seria bom para ela. Ele usou a mesma tática quando tentou a Jesus. Satanás foi a Ele e disse: “Se Você é o Filho de Deus, Você não deveria estar aqui, morrendo de fome. É justo que o Filho de Deus passe por isso? Por que Você não pega estas pedras e as torna em pão? Satisfaça sua fome. Você merece isso. Afinal, Você é o Filho de Deus”. Como um pescador experiente, que sabe exatamente qual isca usar, satanás conhece suas áreas de fraqueza e, assim, as usa. Ele pode aparecer como um anjo de luz, uma donzela em apuros, a solução para os seus problemas financeiros, ou a resposta para a insatisfação com a sua própria aparência – e a lista vai seguindo. 42 Paulo referiu-se a essa característica de satanás ao escrever aos coríntios: O que receio, e quero evitar, é que assim como a serpente enganou Eva com astúcia, a mente de vocês seja corrompida e se desvie da sua sincera e pura devoção a Cristo. 2 Coríntios 11:3 Embora, às vezes, seja difícil reconhecer a tentação, você pode ter certeza de que está sendo tentado sempre que passa por uma situação que possa levá-lo a racionalizar, ceder, ou de alguma forma desobedecer a Palavra de Deus. Evitando a Tentação Um outro importante passo ao lidar com a tentação é fazer o máximo esforço para ficar longe dela. Você pode evitar a tentação, em primeiro lugar, por meio da oração. Jesus disse: “vigiem e orem para que não caiam em tentação” (Mateus 26:41). Em segundo lugar, você pode evitar a tentação ao ter uma visão real de si mesmo. Isso significa reconhecer suas fraquezas e afastarse das coisas que lhe oferecem perigo. Se você tem tido problemas com o pecado sexual, você deve fazer todo o possível para evitar 43 situações que possam lhe fazer tropeçar. Isso pode significar ficar afastado de certa pessoa ou grupo de pessoas; também pode significar evitar certos tipos de entretenimento como Internet, filmes, ou TV, especialmente a cabo; ou manter-se longe das prateleiras de revistas das lojas de conveniência. Se os seus últimos pecados foram relacionados ao álcool e às drogas, você precisa evitar pessoas, lugares, ou situações que possam levá-lo a ceder. Esse mesmo princípio aplica-se a toda área de fraqueza. Se, depois de tudo isso, você ainda se achar tentado, como José, quando a esposa de Potifar jogou-se sobre ele, seu único recurso é fugir assim como ele. Conhecer a sua vulnerabilidade é, na verdade, um passo rumo à vitória sobre a tentação. Lembre-se: “aquele que julga estar firme, cuide-se para que não caia!” (1 Coríntios 10:12). Não se coloque em uma situação que possa ser tentado, mas “fuja de tudo isso e busque a justiça, a piedade, a fé, o amor, a perseverança e a mansidão. Combata o bom combate da fé e tome posse da vida eterna” (1 Timóteo 6:11-12). Superando a Tentação A única boa notícia sobre ser tentado é que temos vitória garantida sobre a tentação. É crucial sabermos isso. Alguns cristãos deixam a impressão de que obter vitória é impossível e que deslizar moralmente é apenas o outro lado da experiência cristã. Porém, isso 44 está muito longe de ser verdade! A Bíblia mostra-nos que a vitória é possível. O apóstolo João disse: “meus filhinhos, escrevo-lhes estas coisas para que vocês não pequem. Se, porém, alguém pecar, temos um intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo” (1 João 2:1). Tiago, em sua epístola, ensina-nos como obter a vitória: Portanto, submetam-se a Deus. Resistam ao Diabo, e ele fugirá de vocês. Aproximem-se de Deus, e ele se aproximará de vocês! Tiago 4:7-8 A vitória começa com total submissão a Deus. Se Jesus não é o Senhor de nossas vidas, será difícil, quiçá impossível, ser vitorioso sobre a tentação. Tendo sido submetidos a Deus, nós, então, resistimos ao diabo. Resistir ao diabo significa ficarmos com as armas que Deus tem nos dado contra ele. Nossa principal arma é a Palavra de Deus. Ao resistirmos, no devido tempo, satanás fugirá. Isso é lindamente ilustrado pela vida de Cristo em Mateus 4. Após jejuar por 40 dias e 40 noites, Jesus é visitado por satanás, que diz a Ele: “Se és o Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães” (verso 3). Aqui, nosso Senhor age como fomos instruídos a fazer: Ele resiste ao diabo com a Palavra de Deus. “Está escrito: ‘Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus’” (verso 4). 45 Toda vez que satanás veio com uma tentação, Jesus a contestou com a Palavra. Nós devemos fazer o mesmo. Quando satanás tenta você a retomar os velhos hábitos, resista-o citando 2 Coríntios 5:17: “Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas!”. E também Romanos 6:11-12: “Da mesma forma, considerem-se mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus. Portanto, não permitam que o pecado continue dominando os seus corpos mortais, fazendo que vocês obedeçam aos seus desejos”. Quando satanás o tenta com imoralidade ou substâncias proibidas por Deus, resista-o citando 1 Coríntios 6:19-20: “Acaso não sabem que o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo que habita em vocês, que lhes foi dado por Deus, e que vocês não são de si mesmos? Vocês foram comprados por alto preço. Portanto, glorifiquem a Deus com o seu próprio corpo”. Podemos ver a sabedoria divina de Davi ao referir-se à tentação: “Guardei a Tua palavra no coração para não pecar contra Ti” (Salmo 119:11). Ter as Escrituras memorizadas é uma ferramenta importante para enfrentar a tentação. Finalmente, lembre-se: Pois sabemos que o nosso velho homem foi crucificado com ele, para que o corpo do pecado seja destruído, e não mais sejamos escravos do pecado 46 (...) Vocês foram libertados do pecado e tornaram-se escravos da justiça. Romanos 6:6, 18 Não sobreveio a vocês tentação que não fosse comum aos homens. E Deus é fiel; ele não permitirá que vocês sejam tentados além do que podem suportar. Mas, quando forem tentados, ele mesmo lhes providenciará um escape, para que o possam suportar. 1 Coríntios 10:13 Portanto, visto que temos um grande sumo sacerdote que adentrou os céus, Jesus, o Filho de Deus, apeguemo-nos com toda a firmeza à fé que professamos, pois não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado. Assim, aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade. Hebreus 4:14-16 47 5. A ARMADURA DE DEUS Por isso, vistam toda a armadura de Deus, para que possam resistir no dia mau e permanecer inabaláveis, depois de terem feito tudo. Assim, mantenham-se firmes, cingindo-se com o cinto da verdade, vestindo a couraça da justiça e tendo os pés calçados com a prontidão do evangelho da paz. Além disso, usem o escudo da fé, com o qual vocês poderão apagar todas as setas inflamadas do Maligno. Usem o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus. Efésios 6:13-17 Todo soldado envolvido em combate deve possuir conhecimento geral das armas de sua guerra. Na passagem acima, Paulo apresenta-nos a imagem de um soldado romano, inteiramente vestido para a batalha, e ele usa essa imagem para explicar as muitas partes que compõem a completa armadura de Deus. Em vez de se preocupar com o tipo de armadura usada pelos antigos romanos, queremos nos concentrar na mensagem por trás da analogia. O que é exatamente a armadura de Deus? A armadura de Deus é a verdade eterna de Deus, encontrada nas Escrituras. Vesti-la é aplicar a verdade bíblica nas nossas vidas. Cada parte da armadura representa um aspecto distinto da verdade. 48 A armadura é necessária para proteger-nos dos ataques do inimigo, já que buscamos viver para a glória de Deus e Seu reino. O cinto da verdade, a couraça da justiça, os calçados da paz, o escudo da fé e o capacete da salvação são todos, em sua grande parte, para a defesa, o que nos permite resistir e não perder terreno. A espada do Espírito e da oração são nossas armas para o ataque. Olharemos, primeiro, o aspecto defensivo da armadura e, depois, no próximo capítulo, consideraremos as características ofensivas da armadura. O Cinto da Verdade O cinto é mencionado primeiro, porque é parte essencial da armadura. Ele dá mobilidade e apoio ao soldado. Para nós, é o cinto da verdade. As verdades da Palavra de Deus são a base na qual nossa guerra é travada. Estar equipado com a verdade significa acreditar e conhecê-la. O inimigo não pode ser resistido por razões humanas, tradições, carisma, ou qualquer outro meio carnal. Somente a verdade de Deus deve moldar o nosso viver e pensar. Tenho certeza de que você tem notado que vivemos em um mundo cheio de mentiras. É difícil chegar à verdade hoje em dia. Você acredita em tudo que lê nos jornais? Eu espero que não. Infelizmente, para muitas pessoas, a verdade não é uma prioridade. Nos Estados Unidos, temos testemunhado uma grande crise de integridade, tanto no mundo corporativo, como entre alguns líderes políticos, sem mencionar as enganações cotidianas, as quais, 49 tristemente, devemos ficar atentos. Estamos vivendo em um período em que o conceito da verdade tem sido desafiado e, em alguns casos, abertamente negado. Isso torna o nosso papel de homens e mulheres da verdade ainda mais importante. Vestir o cinto da verdade significa conhecer A VERDADE e também sermos cheios de integridade. Não deve haver enganações e trapaças em nós, de maneira alguma. A Couraça da Justiça A couraça protege os órgãos vitais – coração, pulmões, pâncreas e fígado. Os antigos acreditavam que o coração era a parte do corpo que abrigava as emoções, por isso nos referimos também ao sofrimento como “coração despedaçado”. Portanto, a couraça é para proteger-nos no campo das emoções. Observe que ela é a couraça da justiça. Satanás freqüentemente ataca nossas emoções, relacionando-as à justiça. Nós já falamos sobre condenação – o sentimento de que Deus está contra nós. Quando a condenação nos sobrecarrega, o entendimento da doutrina da justiça imputada de Cristo serve como nossa primeira linha de defesa. Este conhecimento é obtido por meio das Escrituras. 50 Deus tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado, para que nele nos tornássemos justiça de Deus. 2 Coríntios 5:21 Ele tornou-nos aceitáveis no Amado. Efésios 1:6 [Que eu possa] ser encontrado nele, não tendo a minha própria justiça (...), mas a que vem mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus e se baseia na fé. Filipenses 3:9 Paulo estava se referindo, primeiramente, à justiça imputada por Cristo, quando falou sobre se cobrir com a couraça da justiça. Em outro sentido, vestir a couraça da justiça significa praticar a justiça. Um viver santo torna a tarefa do diabo de fazer-nos tropeçar muito mais difícil. Viver corretamente, praticando o bem e obedecendo a Deus serão, com certeza, uma proteção contra os ataques do inimigo. 51 Os Calçados da Paz Nós devemos ter os nossos pés calçados na preparação do evangelho da paz. Os soldados romanos usavam um tipo de sandália fechada durante a batalha para dar-lhes segurança e ajudálos a permanecer firmes e imóveis em meio ao conflito. Aqueles calçados ofereciam confiança, assim como a paz de Deus nos dá segurança na batalha. É a paz de Deus que nos protege do desânimo e do desespero. Mas ter os nossos pés calçados na preparação do evangelho da paz também requer estarmos prontos para compartilhá-lo a qualquer momento. Conforme seguimos com a nossa vida cotidiana – seja no trabalho, com a comunidade, nas férias, onde quer que estejamos como povo de Deus –, precisamos estar preparados para compartilhar o evangelho! Você conhece o evangelho? Está apto a comunicá-lo? Entende a importância de aprender a Palavra de Deus não apenas para o seu próprio benefício, mas para o dos outros também? O apóstolo Pedro disse algo parecido com o que Paulo falou aqui: Santifiquem Cristo como Senhor em seu coração. Estejam sempre preparados para responder a qualquer pessoa que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês. 1 Pedro 3:15 52 O Escudo da Fé Após termos considerado o cinto da verdade, a couraça da justiça e os calçados da paz, chegamos ao escudo da fé. O escudo específico que estou mencionando aqui era tão grande que um soldado podia se esconder completamente atrás dele. Esse escudo o protegia de todas as flechas do inimigo e o que esse escudo fazia por um soldado romano, o da fé faz pelo cristão que está sendo bombardeado pelas flechas inflamadas do maligno. O escudo da fé implica em uma confiança ativa na natureza, no caráter, no amor e nas promessas de Deus, os quais conhecemos por meio de Sua Palavra. Nós nunca estaremos longe do alcance dos dardos inflamados de satanás, mas eles podem ser parados pelo escudo da fé. Não importa quão esperto, mau, ou cruel ele seja, ainda podemos ser vitoriosos por meio da fé e confiança em Deus. O Capacete da Salvação A peça final do equipamento defensivo é o capacete da salvação. Ele protege nossas mentes dos ataques contra a garantia da nossa salvação. Satanás nos acusará de não ter feito o suficiente para Deus e, portanto, questionará a autenticidade de nossa salvação. Compreender e aplicar a doutrina da salvação pela graça 53 é, certamente, um elemento que indica o uso do capacete da salvação. Lembre-se: Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie. Efésios 2:8-9 Não por causa de atos de justiça por nós praticados, mas devido à sua misericórdia, Ele nos salvou. Tito 3:5a Eu acredito que existe outro aspecto sobre o capacete da salvação. Ao escrever aos tessalonicenses, Paulo exortou-os a usar o capacete da esperança da salvação (1 Tessalonicenses 5:8). Eu creio que seja a mesma idéia em Efésios. Isso significa para os cristãos, que o tempo está chegando em que seremos gloriosamente libertos deste mundo terríveis e levados ao Céu! A nossa esperança futura é algo que Paulo queria que mantivéssemos viva em nossas mentes. Não importa o quão difícil a realidade se torne, há um fim à vista. Um dia a batalha cessará e estaremos para sempre junto ao nosso grande Rei e Salvador em Seu indescritível e glorioso reino. 54 Lembre-se disso e permita que esse pensamento lhe inspire a continuar. A Espada do Espírito Chegamos a nossa única arma para o ataque e nossa última peça da armadura mencionada em Efésios 6 – a espada do espírito, que é a Palavra de Deus. É pela Palavra de Deus, a Bíblia, que Ele tem falado. Ela é mais afiada do que uma espada de dois gumes. Ela é a sabedoria e o poder de Deus. Ela é recomendada à razão e à consciência e não tem somente o poder da verdade, mas o da verdade divina. Em oposição a todos os erros, a falsas filosofias, aos falsos princípios de moralidade, aos enganos do vício, às sugestões do diabo, a única, simples e suficiente resposta é a Palavra de Deus. Ela põe para correr todas as potestades das trevas. O poder da Palavra individualmente a de cada Deus cristão está acessível como também coletivamente à igreja. Todas as nossas conquistas sobre o pecado e os erros são possíveis pela Palavra de Deus. Com tanto que usemos a Palavra de Deus e dependamos dela, continuaremos a vencer, mas quando 55 outro fator como razão, ciência, tradições, ou preceitos humanos são postos no lugar da Palavra, a Igreja ou o cristão fica à mercê do adversário. (8) A Bíblia é a espada do Espírito. E qual é a função de uma espada? Ela permite proteger-se ou mover-se ofensivamente contra um adversário. A Palavra de Deus é a arma que o Espírito Santo usa para proteger a Igreja, derrotar Seus inimigos e avançar em direção ao Seu reino. Por isso, satanás, sendo um sábio estrategista, direciona seu ataque à Palavra de Deus. Satanás tem derrotado com sucesso muitas igrejas ao derrubar suas espadas. Ele tem atacado a própria Bíblia! E, como conseqüência, muitos cristãos perderam a confiança nela e tornaram-se soldados sem armas. O que um soldado sem armas faz? Ele corre! Esta é a trágica história de muitas igrejas da atualidade. Elas estão fugindo. Em vez de avançar, elas estão recuando. Em vez de proclamar a eterna Palavra do Deus vivo com ousadia, estão se acovardando por medo e incerteza. Em vez de ficarem firmes sobre as verdades bíblicas, estão depositando sua fé na sabedoria humana e buscando serem aceitas pelos inimigos de Cristo. Paulo diz que devemos empunhar e segurar rapidamente a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus. Somente, então, teremos nossa vitória garantida. 56 Quando Paulo mencionou “palavra” de Deus, ele usou o termo grego rhema, não o mais comum logos. Rhema é uma palavra interessante que se refere a “um ditado”, ou, em nosso contexto, a um determinado versículo ou a um número deles. Ao aplicar essa palavra grega, Paulo enfatizou a necessidade de conhecermos detalhadamente a Palavra de Deus, para que a usemos contra o diabo. Ele transmite a mesma idéia a Timóteo, instruindo-o a “manejar corretamente a palavra da verdade” (2 Timóteo 2:15). O intuito é estar preparado a trazer a palavra certa de Deus durante uma determinada situação. Uma breve consideração sobre o ministério terreno de nosso Senhor nos permitirá enxergar exatamente o que Paulo quis dizer. Nós já mencionamos o confronto entre Cristo e satanás no deserto e vimos como Jesus o colocou para correr utilizando a Palavra de Deus. Por todo o ministério de nosso Senhor, Ele repetiu o mesmo princípio ao lidar com os escribas e os fariseus. Em todas as ocasiões, o sábio uso da espada do espírito silenciou Seus inimigos. Veja, por exemplo, o que ocorreu em Mateus 21:1516. Os líderes religiosos ficaram bravos com Cristo por permitir que as crianças se referissem a ele como o “Messias”. Você se lembra de Sua resposta? “Vocês nunca leram, ‘dos lábios das crianças e dos recém-nascidos é que sai o perfeito louvor’?”. E a vez em que os saduceus lançaram uma pergunta hipotética a Jesus, a qual eles pensavam ser um argumento contra a ressurreição? Ele respondeu: “vocês estão enganados porque não 57 conhecem as Escrituras nem o poder de Deus!”, e disse novamente: “vocês não leram o que Deus lhes disse?” (Mateus 22:29, 31). Um último exemplo é encontrado na resposta do Senhor à afirmação dos fariseus de que Cristo era meramente o filho de Davi; em outras palavras, apenas mais um judeu da tribo de Judá: Como dizem que o Cristo é Filho de Davi? O próprio Davi afirmou no Livro de Salmos: “O Senhor disse ao meu senhor (...)”. Portanto Davi o chama ‘Senhor’. Então, como é que ele pode ser seu filho? Lucas 20:41-44 Em cada um desses exemplos, o Capitão da nossa salvação está nos ensinando, indiretamente, como usar, com destreza, a espada do Espírito. Deste modo, devemos estudar para nos mostrar aprovados e capazes de, corretamente, compartilhar e aplicar a palavra da verdade. Nossa habilidade de usar efetivamente a espada do Espírito depende do nosso conhecimento das Escrituras. O conhecimento sobre as Escrituras aumentará à medida que passarmos mais tempo lendo, meditando, estudando e memorizando. Segue uma visão geral de cada um das ações mencionadas anteriormente. 58 Leitura Ler é a nossa primeira e mais simples forma de aproximar-nos das Escrituras. Talvez comecemos a ler o livro de Gênesis e seguiremos direto até o de Apocalipse. Nesse percurso, o Espírito Santo age lentamente, nos reprogramando e criando em nós uma visão de mundo com base em Cristo. Ao ler as Escrituras, estamos sendo treinados pelo Espírito Santo a pensar espiritualmente. O Senhor está nos dando a mente de Cristo. Eu gosto de ler a minha Bíblia à noite, antes de dormir. É um jeito maravilhoso de terminar o dia. Podemos acabar com toda a Bíblia, em menos de um ano, se a lermos em uma velocidade média e com uma duração entre 45 minutos e uma hora. Assim que terminarmos, estamos prontos a voltar para Gênesis e começar novamente. Quanto mais conhecermos a Palavra escrita, mais conheceremos a Palavra viva – o Senhor Jesus Cristo! Meditação Meditação é outra maneira de aproximar-nos das Escrituras. É claro que ela inclui leitura, mas é de forma mais analítica. A palavra meditar significa “refletir”, falar consigo mesmo. E é isso o que temos de fazer com a Palavra – pensar e refletir sobre ela. 59 Meditar é diferente de uma leitura casual, porque requer mais tempo e concentração. Enquanto estou meditando nas Escrituras, estou orando sobre o conteúdo e, ao mesmo tempo, fazendo perguntas a mim mesmo. Para quem isso foi escrito? O que quer dizer? Como se aplica a mim? Quais são as outras passagens que se relacionam com essa? Geralmente, quando estou meditando, tenho sempre papel e caneta para anotar rapidamente o que o Senhor enfatiza no meu coração e na minha mente. Para mim, meditação é melhor cedo, pela manhã, e prefiro meditar sobre o Novo Testamento. Entretanto, cada um deve achar a sua própria maneira. Procure um horário que funcione melhor para você. A promessa de bênçãos é para aqueles que “se deleitam na lei do Senhor e nela meditam dia e noite” (Salmos 1:2). Tente passar o máximo de tempo que puder meditando na Palavra. Faça disso sua prioridade! Estudo Estudar a Bíblia é algo que todo cristão precisa aprender a fazer. A diferença entre ler, meditar ou estudar a Palavra está no uso de ferramentas ou outros tipos de ajuda. Quando menciono ferramentas, refiro-me às concordâncias, aos dicionários e guias bíblicos, ao estudo das palavras gregas e hebraicas, comentários etc. Todos eles podem ser muito benéficos ao nosso entendimento 60 das Escrituras. Se, porventura, esses recursos não estiverem disponíveis para você, uma boa Bíblia de estudo lhe ajudará muito. Outra maneira de suprir a necessidade de um estudo bíblico é sentar-se com talentosos professores que ensinam as Escrituras sistematicamente. Se você, de certa forma, tem sido abençoado por esta oportunidade rara, eu lhe encorajo a agradecer a Deus e a aproveitá-la ao máximo. Da maneira que seja melhor para você, faça com que o estudo bíblico seja parte da sua vida. Tenha certeza de que ao fazê-lo você estará equipando-se com a armadura de Deus. Memorização Meu conselho final é memorizar a Bíblia. Ter a Palavra de Deus em sua memória é uma parte vital para completar a armadura de Deus. Na primeira epístola de João, capítulo 2, verso 14, ele afirma que a força dos jovens, que são vitoriosos sobre o diabo, vem da Palavra de Deus. Não existe jeito melhor te se certificar de que a Palavra de Deus habita em você do que memorizá-la. Comece lendo várias vezes aquelas passagens que falam mais poderosamente com você. Se for preciso, escreva-as em um pedaço de papel e leia-as diversas vezes, todos os dias, até que se tornem parte de você. Desta forma, perceberá que Deus trará esses versículos a sua mente como ferramentas poderosas para compor o seu arsenal de armas espirituais. 61 6. PRONTOS PARA O COMBATE Orem no Espírito em todas as ocasiões, com toda oração e súplica; tendo isso em mente, estejam atentos e perseverem na oração por todos os santos. Efésios 6:18 O soldado cristão está completamente vestido para a batalha. Porém, ele ainda não está preparado para lutar. Faltam dois componentes essenciais para a vitória – habilidade e força. Embora um soldado possa estar equipado com as melhores armas, mas lhe faltar habilidade e força, a vitória é incerta. O mesmo que preparação física e mental representa para aqueles que lutam em guerras de sangue, oração representa para o soldado cristão. Oração é a última parte da armadura. Ela é a garantia de que o soldado está pronto para o combate. As Escrituras estão cheias de exortações à oração: “perseverem na oração” (Romanos 12:12); “dediquem-se à oração, estejam alerta e sejam agradecidos” (Colossenses 4:2); “orem sem cessar” (1 Tessalonicenses 5:17). Oração é vital e essencial para vencermos nossa batalha espiritual. Entretanto, ela é constantemente esquecida. Negligenciar a oração é uma das principais razões do enfraquecimento de muitos cristãos como também da igreja moderna como um todo. A maioria 62 dos cristãos e das igrejas faz tudo, mas não oram! Obviamente, falhamos ao entender a importância da oração. John Bunyan, que foi mencionado anteriormente, passou 13 anos na prisão por pregar o evangelho. Ele disse: “você pode fazer mais do que orar depois que você já orou, mas você não pode fazer nada além de orar, até que você tenha orado”. Spurgeon disse: “não há convicção mais profunda em meu coração de que oração é o meio espiritual mais eficiente em todo o universo, depois do Espírito Santo (...) Eu poderia pensar em viver sem comer ou respirar, a viver sem oração”. Que Deus possa nos dar a mesma convicção que esses homens tiveram em relação à oração. Efésios 6:18 ensina-nos cinco aspectos sobre oração ligados à guerra espiritual. Ore Sempre Primeiro, somos aconselhados a orar sempre. “Orar sempre” significa que, ao longo do dia, por várias vezes, devemos elevar nossos corações a Deus, trazendo diante d’Ele as dificuldades que enfrentamos. John Wesley descreveu o homem que cumpre a ordem de “orar sem cessar”: Seu coração está sempre elevado a Deus, a toda hora e em todos os lugares. Ele nunca será atrapalhado ou, muito menos, interrompido por qualquer pessoa ou 63 situação. Em descanso ou na empresa, em lazer, negócios, ou conversas, seu coração estará sempre com o Senhor. Seja ao deitar ou ao levantar, Deus está em todos os seus pensamentos. Ele anda continuamente com o Senhor, tendo seus olhos fixos n’Ele e em todos os lugares o vê, Ele que é invisível. Isto é o que Paulo quis dizer quando falou sobre orar sempre. Ore em Espírito Em seguida, devemos orar em Espírito. O que significa ser guiado por Ele durante a oração. Uma maneira de ter certeza de que estamos orando em Espírito é pedir Sua assistência quando vamos orar. Não há nada mais maravilhoso ou emocionante do que sermos cheios de poder pelo Espírito Santo durante a oração. O coração fica extremamente emocionado. A mente fica livre. Todo pensamento é ordenado. Louvor, pedidos e intercessão fluem livremente, podendose orar por horas e sentir-se como se apenas alguns momentos se passaram. Busque orar no Espírito. Passe um tempo pedindo ao Senhor para liderá-lo antes de realmente começar seu período de oração. Você descobrirá que esse tipo de oração é uma grande aventura e um fortalecedor para a fé. Oswald Sanders, antigo diretor da China Inland Mission (Missão para o Interior da China), comentou a respeito da oração direcionada 64 pelo Espírito: “o próprio fato de Deus colocar em nossos corações o desejo de orar e manter-nos em oração é uma evidência de que Seu propósito é o de dar a vitória”. Quando perguntado se realmente acreditava que os dois homens pelos quais vinha orando por mais de 50 anos tinham se convertido, George Müeller respondeu: “você acha que Deus teria me mantido em oração por todos esses anos se Ele não tivesse a intenção de salvá-los?”. Isto se chama oração direcionada pelo Espírito. Vigilante em Oração Após orar em Espírito, a próxima exortação é para ser vigilante em oração. Fique atento, em guarda. Preste atenção e esteja sempre preparado para batalhar em oração. O Senhor está se movendo? Ore! O inimigo está atacando? Ore! Um soldado amigo caiu? Ore! Estabeleça um vigia! Consiga um parceiro para oração! Ore! Ore! Ore! Perseverança na Oração De cautela, mudamos para perseverança em oração. Você já orou por algo e sentiu como se ninguém o estivesse ouvindo? Por muitas vezes, você leva seu pedido ao Senhor e, mesmo assim, 65 nada muda. O que você faz? Se for como a maioria das pessoas, você será tentado a simplesmente desistir. Mas não faça isso! Jesus ensinou uma parábola sobre uma mulher que ficou incomodando um juiz até que ele prestasse atenção nela, com o propósito de exortarnos a sempre orar e não desanimar (Lucas 18:1-8). Quando não vemos respostas imediatas às nossas orações, nós tendemos a desistir. Mas é aí que precisamos perseverar. Orar efetivamente é como correr uma maratona. Resistência é o segredo. Você se lembra da promessa maravilhosa que Jesus fez sobre oração? “Peçam, e lhes será dado; busquem, e encontrarão; batam, e a porta lhes será aberta” (Mateus 7:7). Muitas pessoas falham ao não perceber que essa promessa é condicional. Infelizmente, a condição não está evidente na maioria das traduções, a qual é perseverança. Na tradução literal do grego, o texto diz: “Continuem pedindo, continuem buscando e continuem batendo”. Quantas vezes deixamos de receber a resposta para as nossas orações porque falhamos em perseverar? Um dos maiores obstáculos à perseverança na oração ficou evidente nos próprios apóstolos. Jesus disse a eles: “O espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mateus 26:41). Perseverar em oração necessita compromisso, disciplina e sacrifício próprio. Você pode imaginar quantas vezes George Müller chegou a ponto de desistir durante aqueles 50 anos de oração pela salvação de seus dois amigos? Mas ele estava comprometido e nós também devemos estar se quisermos ver o inimigo vencido, a obra de Deus prosperando e almas se rendendo a Cristo. Perseverem em oração. 66 “Vocês que clamam pelo Senhor, não se entreguem ao repouso, e não lhe concedam descanso até que ele estabeleça Jerusalém e faça dela o louvor da terra” (Isaías 62:6-7). Súplica por Todos os Santos A palavra final sobre oração em Efésios 6:18 é a súplica por todos os santos. Orar pelo povo de Deus é um privilégio que cada um de nós tem. Você está procurando por um ministério? Você deseja servir ao Senhor, mas ainda não descobriu o seu chamado? Faça este trabalho para o reino de Deus: ore pela Igreja. Ore pelo seu e por todos os pastores que buscam genuinamente servir ao Senhor. Ore pelo evangelho de Cristo. Ore por aqueles que servem ao Senhor como missionários. Ore por todos os servos de Deus que, de alguma maneira, estão servindo o corpo de Cristo. Ore também pelo povo de Deus, o qual está diariamente no mundo secular, para que seja cheio do Espírito. Ore para que eles sejam o sal da terra e a luz do mundo. Ore pelos enfermos e os que sofrem dentre o povo de Deus. Ao fazer súplicas por todos os santos, você pode ter um ministério internacional sem precisar deixar a sua própria cidade. Muitas pessoas subestimam o poder da oração. Deus usa as orações de gente comum, em suas próprias casas, para afetar e abençoar Seus ministérios. Um exemplo maravilhoso do poder da oração está no testemunho de Hudson Taylor, um missionário para a 67 China e fundador da China Inland Mission (Missão para o Interior da China). Alguns anos atrás, o registro de um maravilhoso trabalho realizado em um dos postos da China Inland Mission atraiu muita atenção. Tanto o número, como a característica espiritual dos novos convertidos foram muito superiores a de outros postos com missionários igualmente consagrados. Esta rica colheita de almas permaneceu em mistério até que Hudson Taylor, em visita à Inglaterra, descobriu o segredo. Ao final de sua palestra, um cavalheiro veio à frente e apresentou-se. No desenrolar da conversa, Hudson ficou surpreso com o conhecimento íntimo que aquele homem falava sobre aquela estação missionária em particular. “Como assim?!”, o missionário perguntou, “como você está tão a par das condições daquela estação?”. “Oh!”, ele respondeu, “o missionário de lá e eu somos velhos amigos de faculdade; por anos, temos nos correspondido regularmente e ele tem me enviado nomes de pessoas não crentes e de novos convertidos, pelos quais tenho orado a Deus todos os dias”. Finalmente, o segredo foi revelado – um homem de oração, orando definitivamente todos os dias. Oração é um grande exercício espiritual que nos deixa “prontos para o combate”. 68 CONCLUSÃO Paulo, ao escrever aos coríntios, disse que não era ignorante sobre as intenções de satanás (2 Coríntios 2:11) e nós também não podemos ser. O meu objetivo neste livro não tem sido apenas revelar o caráter e as intenções do inimigo, mas também lhe ajudar a apropriar-se da vitória que Deus já nos deu sobre ele. Nós já aprendemos sobre o reino de satanás, suas atividades no mundo e seus ataques contra o povo de Deus. Embora seja astuto, inteligente e bem armado, ele não tem poder contra o cristão que está revestido com a armadura de Deus e espiritualmente preparado na oração. Somente entender estas verdades não serve para nada, a menos que as apliquemos à nossa jornada de fé. Os princípios espirituais da Palavra de Deus apenas podem ser usados por meio do poder do Espírito Santo. Peça a Deus para enchê-lo com seu Espírito Santo e guiá-lo à vitória. Pode ter certeza de que Ele, assim, o fará. Finalmente, fortaleçam-se no Senhor e no seu forte poder. Efésios 6:10 69 NOTAS 1. Lewis, C.S. Cartas de um Diabo a seu Aprendiz (São Paulo, SP: Martins Fontes, 2005), página IX. 2. Para mais informações sobre crenças religiosas, acesse, em inglês, The Barna Group (www.barna.org). 3. Bunyan, John. Grace Abounding to the Chief of Sinners. URL (em inglês): www.mountzion.org/johnbunyan/text/bun-abounding.htm 4. Spurgeon, C.H. (17 de novembro de 1861). “The Roaring Lion”. URL (em inglês): www.spurgeongems.org/vols7-9/chs419.pdf 5. Spurgeon, C.H. (8 de janeiro de 1860). “The King’s Highway Opened and Cleared”. URL (em inglês): www.spurgeon.org/sermons/0293.htm 6. Spurgeon, C.H. (20 de maio de 1866). “Joy and Peace in Believing”. URL (em inglês): www.spurgeongems.org/vols1012/chs692.pdf 7. Phillips, John. Exploring Ephesians & Philippians (Grand Rapids, MI: Kregel Publications, 1993), páginas 196 e 197. 8. Hodge, Charles. Ephesians (Carlisle, PA: Banner of Truth, 1998), página 287. 70 SOBRE O AUTOR Brian Brodersen está envolvido no ministério pastoral desde 1981. Ele serviu como primeiro pastor na igreja Calvary Chapel da cidade de Vista, no estado da Califórnia (Estados Unidos), e também como primeiro pastor na igreja Calvary Chapel da cidade de Westminster, em Londres (Inglaterra). Brian tem constantemente participado no trabalho missionário por toda a Europa. Atualmente, ele serve como pastor associado junto a Chuck Smith, pastor presidente das igrejas Calvary Chapel em todo o mundo, na igreja de Costa Mesa, Califórnia. O programa de rádio do pastor Brian, “Back to Basics” (De volta aos fundamentos), é transmitido por várias estações nos Estados Unidos, Inglaterra, Nova Zelândia, Austrália e Samoa, e também para todo o mundo via Internet. Ele é muito conhecido por sua clara e desafiadora exposição das Escrituras. Brian e sua esposa Cheryl têm quatro filhos e um neto e moram no sul da Califórnia. Para mais informações ou obter outros materiais do pastor Brian Brodersen, visite o site do programa, em inglês, “Back to Basics”: www.backtobasicsradio.com 71 Muitos anos atrás, A.W. Tozer fez a seguinte pergunta: “O MUNDO É UM PARQUE DE DIVERSÕES OU UM CAMPO DE BATALHA?”. As Escrituras Sagradas afirmam que a segunda alternativa é a correta. A nossa volta, uma batalha se levanta, mas, muitas vezes, não nos damos conta disso. É extremamente importante que cada cristão entenda a realidade dessa guerra espiritual e saiba como lutar a boa batalha da fé. Neste livro, o pastor Brian Brodersen faz um balanço bíblico e traz uma visão prática sobre guerra espiritual. ______________________________________________________ Brian Brodersen tem pastoreado igrejas nos Estados Unidos e na Inglaterra. Atualmente, serve como serve pastor associado junto a Chuck Smith, pastor presidente das igrejas Calvary Chapel em todo o mundo, na igreja de Costa Mesa, Califórnia (EUA). O programa de rádio do pastor Brian, “Back to Basics” (De volta aos fundamentos), é transmitido por várias estações nos EUA, Inglaterra, Nova Zelândia, Austrália e Samoa, e também para todo o mundo via Internet. Ele e sua esposa Cheryl têm quatro filhos e dois netos e moram no sul da Califórnia. 72