O que o empreendedor brasileiro tem a ver com o Peter

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O que o empreendedor brasileiro tem a ver com o
Peter Pan?
Fonte: Endeavor Brasil
www.endeavor.org.br/artigos/estrategia-crescimento/cenarios-e-tendencias/o-que-o-empreendedor-brasileiro-tem-a-vercom-o-peter-pan
Por Pamella Gonçalves**
Só 7% das empresas desejam sair do Simples, um regime tributário que deveria facilitar também o crescimento de
micro e pequenas empresas.
Um país cresce quando suas empresas crescem. Elas são as responsáveis pela criação de novos empregos e geração
de venda, estimulando e fortalecendo a economia. Por isso, é preocupante saber que apenas 7% das pequenas
empresas¹, hoje beneficiárias do regime tributário do Simples, desejam sair dele. Na prática, é como dizer que apenas
7% das micro e pequenas empresas brasileiras desejam crescer. Mas se é tão natural do homem querer evoluir, por que
o brasileiro tem a “síndrome de Peter Pan”?
O primeiro passo para entender isso é conhecer o regime do Simples. Tendo como um dos principais objetivos a
redução da informalidade, a Lei Geral do Simples consolida uma série de tributos e permite que micro e pequenas
empresas façam um único pagamento de imposto.
Para as menores, a alíquota de imposto é mais barata e cresce de forma gradual até que a empresa atinja o
faturamento limite de 3,6 milhões de reais por ano. E é aí que o problema aparece: as empresas que ultrapassam o
limite de faturamento perdem o benefício da alíquota única e passam a calcular e pagar mais de oito tributos
separadamente.
Além do aumento na carga tributária, o processo para efetuar o pagamento do imposto se torna mais complexo. Mas
não é do dia para a noite que uma pequena empresa possui a estrutura para conseguir cumprir com tanta exigência!
E desprovida do aconselhamento devido, essas empresas, ainda pequenas, acabam optando pelo “jeitinho” ao ver que
a situação começa a sair do controle. É o que acontece com 62% das empresas¹ que saem do Simples hoje: elas se
tornam inadimplentes e retornam à informalidade em menos de dois anos.
Sabendo que pagar os impostos deixa de ser uma tarefa simples, quem julga os empreendedores por preferirem não
crescer e não ter mais “dor de cabeça”? Essa é a “síndrome do Peter Pan”. Assim como um adolescente que resiste à
ideia de amadurecer, é natural que o empreendedor brasileiro prefira não se arriscar. Aquele que em seu dia a dia já
precisa correr atrás de clientes, treinar a equipe e pagar as contas, não precisa de mais uma complicação.
O governo, como grande beneficiário do crescimento das empresas, tem o papel de buscar formas de incentivar o
desenvolvimento dos negócios, medindo qual é a dose de exigências que essas empresas conseguem cumprir
passando pelo estirão.
Hoje, são só apenas 34 mil empresas (1,5% das empresas) que vem crescendo acima de 20%, gerando um impacto
enorme para a economia: 48,5% dos novos empregos e 11,5% do valor agregado ao PIB (fonte: Endeavor/IBGE).
Imagina como seria se tivéssemos 100 mil empresas de alto crescimento? Reduzindo a burocracia podemos reduzir
essa “síndrome de Peter Pan” e ajudar mais empresas que crescem a prosperar.
¹ Fonte: Insituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT).
** Gerente de Pesquisa e Mobilização da Endeavor Brasil
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