1 EDUCAÇÃO FÍSICA HOSPITALAR E SEU SOMBREAMENTO Liandra Lilian Vieira Bacharel em Educação Física - CREF: 6769-G/SC Aluna Especial no Mestrado de Ciências do Movimento Resumo Em março de 1997 o plenário do Conselho Nacional de Saúde - Resolução CNS n°218 reconheceu os Profissionais de Educação Física como profissionais de saúde. A Educação Física Hospitalar é uma especialidade da educação física que possui uma larga área de sub-especialidades. Em tempos atuais, o Profissional de Educação Física atua em conjunto com outros profissionais, pois este tem capacidade. Alguns estudos feitos em hospitais com atuação de profissionais de educação física, comprovaram a sua importância numa equipe como, por exemplo, na reabilitação cardíaca. Mas ainda há um sombreamento desta profissão com relação a enfermagem e a fisioterapia, que exercem atividades muito parecidas com a educação física. Unitermos: Profissional de Educação Física. Educação Física Hospitalar. Reabilitação Cardíaca. Abstract In March of 1997 the plenary of the National Council of Health - Resolution CNS n°218 recognized the professionals of Physical Education as professionals of health. The Physical Education act in hospitals are a specialty of the physical education that possesses a wide area of sub-specialties. In current times, the Professional of Physical Education acts together with other professionals, because this has capacity. Some studies facts in hospitals with professionals' of physical education performance, checked its importance in a team I eat for example in the heart rehabilitation. But there is still a conflict of this profession with relationship the nursed and the physiotherapy, that exercise activities a lot similar to the physical education. Keywords: Hospital Physical education. Physical education. Heart Rehabilitation. Introdução O profissional de Educação Física atua em diversas áreas e hoje ocupa uma posição de destaque em diversos programas do governo. Uma área que vem crescendo é a atuação em ambiente hospitalar. Em março de 1997 o plenário do Conselho Nacional de Saúde Resolução CNS n°218 reconheceu como profissionais de saúde de nível superior as seguintes categorias: Assistente Sociais, Biólogos, Profissionais de Educação Física, Enfermeiros, Farmacêuticos, Fisioterapeutas, Fonoaudiólogos, Médicos, Médicos Veterinários, Nutricionistas, Odontólogos, Psicólogos e Terapeutas Ocupacionais. Ao longo do tempo estas profissões vêm lutando por seus espaços na área da saúde, que têm crescido e criado várias especialidades juntamente com o avanço da tecnologia. 2 Segundo Santos (2000) o profissional de Educação Física em saúde, em ação hospitalar, se caracteriza em uma divisão que serve para identificar aspectos da relação afetivosocial do profissional/paciente, oportunizando uma investigação mais ampla tanto para o Profissional de Educação Física (PEF) como para a equipe de saúde, que analisa os processos de recuperação do cliente. Estas divisões são nomeadas de: Educação Física Clínica - Caracteriza-se pelo atendimento individualizado. Geralmente em enfermarias, com pacientes de alto comprometimento, ou seja, com indivíduos que requerem um atendimento especial. Educação Física Coletiva ou Totale - Definida pelo atendimento a mais de um paciente, onde o objetivo do tratamento pode ser geral ou específico, diferenciando-se ou não de um para outro. Administração de Programas de Reabilitação, Manutenção e Terapia em Saúde coordenação de programas de hospitalares, onde ocorre a estruturação programática e científica para a fundamentação e organização da equipe. A Educação Física Hospitalar é uma especialidade da Educação Física que possui uma larga área de sub-especialidades. Esta requer um aprofundamento em conceitos da área de saúde. Torna-se necessário que este profissional saiba se posicionar em uma equipe multidisciplinar, entendendo os atos interdisciplinares, e saiba não somente se colocar em discussões da equipe, mas que conheça o funcionamento de rotina do ambiente em que esta trabalhando, no caso os hospitais, clinicas e postos de saúde. Exemplos de Atuação Num estudo realizado nos Hospitais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, nos Serviços de Reabilitação, o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho oferece programas de exercícios supervisionados através do Serviço de Medicina do Exercício e do Esporte, atuam PEF. Os pacientes mais comuns são constituídos de cardiopatas (pósinfartados, revascularizados e hipertensos), pneumopatas e obesos mórbidos. O Hospital Escola São Francisco de Assis oferece através do Serviço Especializado em Reabilitação (SER), manutenção funcional. A atuação dos Profissionais de Educação Física em hospital contribuiu de forma somatória, através de uma avaliação funcional que o PEF realiza, na mensuração da flexibilidade (Araújo, 1987); análise da composição corporal e antropometria; e ainda estima o VO2 máximo com o auxílio do eletrocardiograma em conjunto com a equipe médica. Além de colaborar com a implementação do trabalho aeróbico e com a mensuração da freqüência cardíaca e/ou controle eletrocardiográfico, os PEF prescrevem as etapas de sobrecarga muscular e de flexibilidade, objetivando um reforço do tônus muscular, melhora da circulação sangüínea e aumento da capacidade aeróbia, VO2 máximo. Procuram ainda estimular a coordenação e o equilíbrio dos pacientes. Controlam e 3 avaliam juntamente com os médicos na prescrição de exercícios aeróbicos, criando uma relação mais direta, informal, entre os pacientes e os demais profissionais (Santos, 1999). Segundo Santos (1999), para que o profissional de Educação Física possa atuar como qualquer profissional em ambiente hospitalar se faz necessário o reconhecimento deste através Sistema Único de Saúde – SUS, pois é este sistema que classifica e julga a necessidade profissional em hospitais, além de todo o controle sobre saúde no Brasil. O SUS considera a atividade desenvolvida pelo profissional de Educação Física com atividade avançada, as quais ultrapassam as etapas de tratamento das injúrias, sendo substituído por Fisioterapeutas. Sombreamento das Profissões Na área da saúde algumas profissões se confundem em suas atividades: a enfermagem, de acordo com o Decreto n 94.406/87, como integrante da equipe de saúde tem as seguintes funções: participação no planejamento, execução e avaliação da programação de saúde; participação na elaboração de medidas de prevenção e controle sistemático de danos que possam ser causados aos pacientes durante a assistência de Enfermagem; participação na prevenção e controle das doenças transmissíveis em geral e nos programas de vigilância epidemiológica; participação nos programas e nas atividades de assistência integral à saúde individual e de grupos específicos, particularmente daqueles prioritários e de alto risco; participação nos programas de higiene e segurança do trabalho e de prevenção de acidentes e de doenças profissionais e do trabalho; participação na elaboração e na operacionalização do sistema de referência e contra-referência do paciente nos diferentes níveis de atenção à saúde; A fisioterapia atua em Centros de Recuperação Bio-Psico-Social (Reabilitação) desenvolve atividades como: a) Avaliar o estado funcional do cliente, através da elaboração do Diagnóstico Cinesiológico Funcional a partir da identidade da patologia clínica intercorrente, de exames laboratoriais e de imagens, da anamnese funcional e do exame da cinesia, da funcionalidade e do sinergismo das estruturas anatômicas envolvidas, b) Desenvolver atividades, de forma harmônica na equipe multiprofissional de saúde; c) Zelar pela autonomia científica de cada um dos membros da equipe, não abdicando da independência científico-profissional e da isonomia nas suas relações profissionais; d) Participação plena na atenção de saúde prestada a cada cliente, na integração das ações multiprofissionalizadas, na sua resolutividade e na deliberação da alta do cliente. O profissional de Educação Física, Resolução 046/02 (CONFEF), é especialista em atividades físicas, nas suas diversas manifestações – Exercícios físicos, reabilitação, ergonomia, exercícios compensatórios à atividade laboral e do cotidiano e outras práticas corporais, tendo como propósito prestar serviços que favoreçam o desenvolvimento da educação e da saúde, contribuindo para a capacitação e/ou restabelecimento de níveis adequados de desempenho e condicionamento fisio-corporal dos seus beneficiários, visando à consecução do bem-estar e da qualidade de vida, da consciência, da expressão e estética do movimento, da prevenção de doenças, de acidentes, de problemas posturais, da compensação de distúrbios funcionais, qualidade técnica e ética no atendimento individual e coletivo. 4 Estas semelhanças de atividades acabam confundido os profissionais e a definição de cada área. O profissional de educação Física vem batalhando seu espaço na área da saúde, apesar de já ser reconhecida como uma profissão na área de saúde, mas a sua inserção neste mercado vem sofrendo preconceitos. Um deles é o fato do SUS não reconhecê-lo como profissional, uma vez que ele é capacitado para atuar e outras vezes é substituído por um enfermeiro ou por um fisioterapeuta. Estas profissões possuem atividades semelhantes e assim um acaba fazendo o serviço do outro. Para que esta situação seja esclarecida, o ideal seria que os conselhos se reunissem e fizessem um acordo, definindo as atividades de cada profissional, e assim a equipe pode interagir com mais sucesso. 5 BIBLIOGRAFIA BATTAGLION NETO, Angelo; O conhecimento e a prática dos acadêmicos de educação física com atuação em saúde pública. USP; Escola de Enferam de Ribeirão Preto, tese de doutorado, 2003; Disponível em: www.ups.br, Acesso em 12 abr. 2006. BOCKENEK, William L. e et.; Tratado de Medicina de Reabilitação Princípios e Prática; Volume 1; 3ª edição; Manole; 1998. BRASIL, Conselho Federal de Educação Física, Resolução Nº 046, DE 18 DE FEVEREIRO DE 2002. Disponível em: www.confef.org.br, Acesso em 9 abr. 2006. BRASIL. Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem (2000), Aprova o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem e dá outras providências pela resolução do COFEN-240/2000. Disponível em: www.portalcofen.gov.br. Acesso em 12 abr. 2006. BRASIL. Resolução Conselho Nacional de Saúde – N ° 218, DE 6 DE MARÇO DE 1997. Disponível em: http://www.confef.org.br. Acesso em 9 abr. 2006. Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Definição de Fisioterapia. Disponível em: www.coffito.org.br, Acesso em 12 abr. 2006. POLLOCK, Michael L.; WILMORE, Jack H.; Exercícios na Saúde e na Doença – Avaliação e Prescrição para Prevenção e Reabilitação; 2ª edição. Editora Medsi, 1993. SANTOS, Leonardo José Mataruna dos Santos; A Atuação dos Profissionais de Educação Física os Hospitais da Universidade Federal do Rio de Janeiro; Revista Digital – Buenos Aires – Año 4 – nº 14, junio, 1999, Disponível em: www.efdeportes.com, Acesso em 9 abr. 2006. SANTOS, Leonardo José Mataruna dos Santos; A Atuação dos Profissionais de Educação Física nos Hospitais na Manutenção Funcional . Revista Digital – Buenos Aires – Año 4 – nº 14, junio, 1999, Disponível em: www.efdeportes.com, Acesso em 9 abr. 2006. SANTOS, Leonardo José Mataruna dos Santos; A Educação Física Hospitalar em desenvolvimento: uma breve apresentação das 32 sub-especialidades de atuação profissional no campo da saúde. Revista Digital – Buenos Aires – Año 5 – nº 27, noviembre, 2000, Disponível em: www.efdeportes.com, Acesso em 9 abr. 2006.