identificação de unidades de paisagem através da

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Anais do Simpósio Regional de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto - GEONORDESTE 2014
Aracaju, Brasil, 18-21 novembro 2014
IDENTIFICAÇÃO DE UNIDADES DE PAISAGEM ATRAVÉS DA APLICAÇÃO DE
GEOTECNOLOGIAS, PROPOSTA PARA ELABORAÇÃO DE PLANO DE MANEJO
EM RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA
Tabilla Verena da Silva Leite1, Abraão Levi dos Santos Mascarenhas2,Márcia Aparecida da
Silva Pimentel3, Suely Melo4
1
Geógrafa, Mestra em Geografia, Professora Assistente Faculdade de Geografia, UNIFESSPA, Marabá-Pa,
[email protected]
Geógrafo, Mestre em Geografia, Professor Assistente do Faculdade de Geografia, UNIFESSPA, Marabá-PA,
[email protected]
3
Geógrafa, Doutora em Geografia, Professora Adjunta do Faculdade de Geografia e Cartografia, UFPA, Belém-Pa
[email protected]
4
Graduanda em Geografia, Faculdade de Geografia, UNIFESSPA, Marabá-PA, [email protected]
2
RESUMO: O tema da Pesquisa estudo da Paisagem, objetivo de identificar unidades
básicas da paisagem da parte leste da Resex Gurupí-Piriá, nordeste do Pará. O conhecimento
das características físicas da área torna-se subsídio importante para um futuro diagnóstico e
zoneamento, item necessário e estipulado em lei para a criação do plano de manejo da UCs, que
é uma das mais importantes ferramentas de gestão. O trabalho foi desenvolvido com o ARCGIS
e imagens Landsat7 e SPOT 5 de 2010. A técnica de segmentação de imagens foi aplicada nas
composições multiespectrais selecionadas. A identificação das unidades de paisagem teve como
base Monteiro (2000) e Bertrand (1972), assim como esses autores propomos uma análise da
paisagem integrada, verificando os principais elementos que formam tal paisagem, delimitando
e mapeando-a em subunidades, analisando a combinação dinâmica de seus elementos. Assim a
identificação dos seus elementos estruturadores de acordo com critérios: Paisagísticos;
geomorfológicos, geológicos, pedológicos, ecológicos e uso dos recursos naturais e uso do solo.
Obteve-se como resultado a identificação e delimitação de nove unidades básicas de paisagem
na parte leste da Resex.
PALAVRAS-CHAVE: Unidade de Conservação, Geotecnologia e Unidades de Paisagem.
INTRODUÇÃO: A pesquisa tem por tema o estudo da Paisagem, e o objetivo principal
identificar as unidades básicas da paisagem da parte leste da Resex Gurupí Piriá – Viseu, Pará.
Nesse sentido, assim a identificação através da delimitação e caracterização das unidades de
paisagem torna-se subsídio ferramenta de gestão da UC, e essencial para o diagnóstico e
zoneamento, itens exigidos por lei para a construção do Plano de Manejo (PM) da mesma, é
importante ressaltar que essa UC ainda não possui seu plano de manejo elaborado, assim a
presente pesquisa vem contribuir como uma proposta de metodologia a ser utilizada para a
elaboração do PM.
As unidades de paisagem (UP) da parte leste da Resex Gurupí-Piriá estão na
perspectiva de ordenamento territorial. Para isso, destaca-se a discussão sobre paisagem e suas
diferentes abordagens no decorrer da evolução do Pensamento Geográfico. Nesse sentido,
partiu-se das leituras de geografia física aplicada que foca o estudo da Paisagem, Geossistemas
e Mapeamento.
Nessa perspectiva Bertrand considera que o estudo da paisagem é de fundamental
importância para os estudos geográficos, contudo para o autor a “paisagem” vem a ser um
termo obsoleto, mediante suas diferentes definições ao longo das correntes geográficas. Nesse
sentido ele afirma que “o problema é de ordem epistemológica e de carência metodológica na
abordagem deste conceito” (BERTRAND, 1972, p.5).
Para AB´SÁBER, (1977) a paisagem é sempre uma herança de processos fisiográficos e
biológicos e patrimônio coletivo dos povos que historicamente as herdaram como território de
atuação de suas comunidades.
Quando tratamos da análise da paisagem as contribuições de TRICART (1981) é de
grande importância para entendermos como ocorre o funcionamento dos elementos da
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paisagem, para o referido autor a paisagem é uma porção perceptível a um observador onde se
inscreve uma combinação de fatos visíveis e invisíveis e interações as quais, num dado
momento, não percebemos senão o resultado global.
Para a análise da paisagem proposta pelos autores citados procuramos aplicar suas
ideias a uma área onde a paisagem está diretamente ligada à vida dos habitantes, onde todas as
suas atividades, seja econômica, cultural, lazer e etc., estão diretamente ligadas à paisagem
existente, e o uso de forma racional dos recursos naturais é de suma importância para o manter o
modo vida e subsistência dessa população.
A área em estudo é a parte leste da Resex Gurupí-Piriá, encontra-se nos limites do
município de Viseu, situado na costa nordeste do Estado do Pará, mesorregião Nordeste
paraense, microrregião do Guamá, a Resex foi criada por meio no Decreto no S/N, de 20 de
maio de 2005 (BRASIL, 2005), essa unidade de conservação de uso sustentável, categoria
Reserva extrativista marinha, possui uma área total de aproximadamente 74.081 hectares,
encontra-se nas coordenadas geográficas aproximadas 46°04'18.00" W e 1°07'30.01" S,
localizada no limite da Área de Proteção Ambiental Jabotitiua-Jatium, com o município de
Carutapera no Maranhão por meio do leito do Rio Gurupí e com município de Augusto Corrêa
no Estado do Pará (BRASIL, 2005).
A UC em questão ainda não possui um plano de manejo estipulado, assim a ausência do
PM pode acarretar problemas para gestão da unidade, com isso o principal problema
identificado na presente pesquisa, é a ausência do PM, visto que segundo a legislação o PM é
um dos principais instrumentos de gestão de uma unidade de conservação. De acordo com o
Capítulo I, Art. 2º - XVII da Lei Nº 9.985, de 18 de julho de 2000, que estabelece o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC): o PM é um dos principais
instrumentos de gestão, consiste em um documento técnico mediante o qual, com fundamento
nos objetivos gerais de uma Unidade de Conservação, se estabelece o seu zoneamento e as
normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a
implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da UC.
MATERIAL E MÉTODOS: O trabalho foi desenvolvido integralmente com o
programa ARCGIS v.10, com a utilização de duas imagens de satélite, uma imagem TM
Landsat-7 de 2013 e outra SPOT 5 do ano de 2010. A técnica de segmentação de imagens foi
aplicada nas composições multiespectrais selecionada de acordo com o fenômeno a classificar,
as unidades de paisagem, como parte perceptível num sistema de relações subjacentes que
expressam distintos processos nos quais intervieram componentes naturais e sociais.
A segmentação de imagens, segundo Gonzales e Wintz (1987) apud Nascimento e
Filho, 1996 é um processo que permite subdividir uma imagem em diversas partes ou regiões
significativas. Segundo INPE. (1996), o processo que gera regiões descritas pelas suas
características espaciais e espectrais, e à medida que cada região é adquirida, ela é rotulada e
seus atributos estatísticos são extraídos.
Em geral, a segmentação é baseada em duas características dos tons de cinza de uma
imagem: a descontinuidade e a similaridade. O método da descontinuidade baseia-se na
mudança abrupta dos valores de cinza e o método da similaridade fundamenta-se pela
agregação de pixels em função da sua semelhança com os pixels vizinhos (Gonzales e Wintz,
1987 apud Nascimento e Filho, 1996).
Utilizou-se da proposta de Monteiro (1987), que estabeleceu uma metodologia para
delimitar as unidades de paisagem. Para Monteiro (1987) as unidades de paisagem são: (...) as
correlações básicas estabelecidas entre os elementos do quadro natural o suporte (geologia,
geomorfologia, hidrologia) a cobertura (vegetação e solo) e o envoltório climático – dinamizado
por aqueles de ocupação antrópica, com suas derivações sucessivas, sugerem padrões de
organização espacial que induzem a definição de conjuntos ambientalmente solidários.
(MONTEIRO, 1987, p. 19)
Portanto para o autor a análise das unidades de paisagem deve partir do princípio
geosistêmico, sendo que o resultado desta é o produto da correlação entre sociedade e natureza.
Assim nossa abordagem no que diz respeito às unidades de paisagem abrange um aspecto
importante que deve ser considerado, e que é comum nos trabalhados que tratam do assunto,
que é a escala, assim a delimitação das unidades de paisagem deve sempre vir acompanhada
com a definição da escala cartográfica.
Para delimitar as unidades de Paisagem, as características já trabalhadas não devem ser
analisadas isoladamente, para Bertrand (1971) a análise da Paisagem não é a simples adição de
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elementos geográficos disparatados no espaço. É numa determinada porção do espaço, o
resultado da combinação dinâmica, portanto instável, de elementos físicos, biológicos e
antrópicos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Assim com as contribuições dos autores citados foi
analisado as principais características da paisagem da área e a partir dessa caracterização foi
possível a identificação das unidades básicas de paisagem, com a proposta de Monteiro (1987) e
o uso de recursos de Geoprocessamento para a delimitação dessas unidades, que tiveram por
critérios principais o uso do solo e as características da vegetação.
Conforme demonstrado no mapa 01, obteve-se como resultados a identificação e
delimitação de nove unidades básicas de paisagem presentes no município: (i) UP 01 - Unidade
urbanizada com forte ação antrópica, relativa influência flúvio-marinha, solos mais firmes,
gleisolo sálico, presença de espécie do ecossistema manguezal, (ii) UP 02 - Unidade com
presença de floresta ombrófila densa aluvial, predomina espécies de palmeira, com relevo plano
a ondulado, presença de argisolo vermelho amarelo, ocorre principalmente ao longo dos cursos
d’água, (iii) UP 03 - Unidade com presença de vegetação secundária (capoeira), predomina
vegetais resultantes da ação antrópica, com relevo plano a ondulado, presença de argisolo
vermelho amarelo, forte ação antrópica (agricultura), (iv) UP 04 - Unidade com presença de
floresta ombrófila densa de terras baixas, predomina espécies de porte alto, com relevo plano a
ondulado, presença de argisolo vermelho amarelo, pouca ação antrópica (extrativismo vegetal),
(v) UP 05 - Unidade com baixa influência flúvio-marinha, pouca influência salina,
características mistas entre o ecossistema manguezal e o terrestre, terreno mais alto, pouca
influência de marés, área de transição entre o gleisolo sálico e latosolo vermelho amarelo, baixa
ação antrópica, (vi) UP 06 - Unidade com influência flúvio-marinha, presença do ecossistema
manguezal, presença de gleisolo sálico, vegetação de porte pequeno e relativa ação antrópica
(vii) UP 07: Unidade com forte influência flúvio-marinha, influência salina, presença do
ecossistema manguezal, presença de gleisolo sálico, vegetação de médio pequeno porte e forte
ação antrópica, (viii) UP 08: Unidade com forte influência flúvio-marinha, forte influência
salina, presença do ecossistema manguezal, presença de gleisolo sálico, vegetação de porte alto
e raízes aéreas porte e relativa ação antrópica, (ix) UP 09: Unidade com forte ação antrópica,
existência atividade garimpeira (extração de ouro), forte influência flúvio-marinha, forte
influência salina, presença do ecossistema manguezal, presença de gleisolo sálico, vegetação de
porte alto.
Diante do que foi exposto indica-se que a discussão e mapeamento de unidades de
paisagem podem subsidiar o plano de manejo da unidade, que ainda não existe até o momento, a
partir da espacialização dos elementos naturais e uso do solo, para que possa gerir os recursos
de forma mais racional, e assim obedecer ao objetivo de criação da Unidade que é usar de forma
sustentavél
os
recursos
naturais,
principalmente
o
ecossistema
manguezal.
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Mapa 1 - Mapa das Unidades de Paisagem da parte Leste da Resex Gurupí-Piriá
Considerações Finais
A identificação das unidades de paisagem da parte leste da Resex através do mapeamento
mostrou-se um instrumento importante e valioso na análise e futuro zoneamento, e assim gerar
condições de se elaborar um plano de manejo de forma que todos os elementos sejam abordados de
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forma integrada, e se tornar uma ferramenta que leve em consideração não somente as características
naturais, mas também os usos e suas formas dentro do território da Resex, ressaltando que o objetivo
da criação da mesma também é de manter o modo de vida das comunidades que vivem no entornam da
uc, assim a análise desenvolvida, que foi apenas a parte leste da Resex, mas que pode sim ser
expandida para a unidade como um todo e assim dar início ao zoneamento necessário ao PM.
Na elaboração desse trabalho a participação dos moradores e usuários da Resex Gurupí-Piriá
foi de suma importância para o desenvolvimento do estudo, principalmente no que diz respeito à
identificação em loco das áreas de transição da vegetação e uso dos recursos naturais. Nesse sentido
no processo de zoneamento é essencial à participação das comunidades que vivem no entorno da
unidade, assim a proposta de Unidades de Paisagem apresentado nesse trabalho pode se tornar
ferramenta de Planejamento e Gestão facilitando a compreensão de forma integrada dos temas pela
população das comunidades, ao invés de apresentar diversos estudos temáticos separados e disparados,
assim a proposta desse trabalho, estudo integrado e delimitação das Unidades de Paisagem, também
podem vir a ser uma forma inicial de criação da proposta de zoneamento.
REFERÊNCIAS:
AB’SÁBER, A. N. Os domínios morfoclimáticos na América do Sul: primeira
aproximação.Geomorfologia, São Paulo, 1977.
BERTRAND, G. Paisagem e geografia física global esboço metodológico.Caderno de Ciências da
Terra,n. 13. 1972.
BRASIL. Lei nº 9.985, de 18 de Julho de 2000. Institui o sistema nacional de unidades de
conservação. Disponível em: < http://www.mma.gov.br/port/sbf/dap/doc/snuc.pdf > Acesso em: 14
jun. 2013.
BRASIL. Decreto de 20 de Maio de 2005. Dispõe sobre a criação da Reserva Extrativista
Gurupí-Piriá.Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004>
2006/2005/Dnn/Dnn10532.htm. Acesso em: 10 abr. 2013.
MONTEIRO, C. A. F. Qualidade ambiental: recôncavo e regiões limítrofes.Salvador: CEI, 1987.
MONTEIRO, C.A.F. Geossistemas: a História de uma Procura. São Paulo:Contexto, 2000.
NASCIMENTO, P. S. E & FILHO, R. A (1996) Utilização da Técnica de Segmentação em
Imagens TM/Landsat Visando Otimizar a Técnica de Interpretação Visual. Salvador, 1996.
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