ministério da saúde secretaria estadual do rio de janeiro

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MINISTÉRIO DA SAÚDE
SECRETARIA ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO
SECRETARIA MUNICIPAL DE ANGRA DOS REIS
PROJETO VIVÊNCIAS E ESTÁGIOS NA REALIDADE DO SISTEMA ÚNICO DE
SAÚDE DO BRASIL
VER-SUS BRASIL
VIVÊNCIA INVERNO 2014
RELÁTORIO FINAL
Angra dos Reis
2014
MINISTÉRIO DA SAÚDE
SECRETARIA ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO
SECRETARIA MUNICIPAL DE ANGRA DOS REIS
PROJETO VIVÊNCIAS E ESTÁGIOS NA REALIDADE DO SISTEMA ÚNICO DE
SAÚDE DO BRASIL
VER-SUS BRASIL
PARTICIPANTES
Alice Martins- Saúde Coletiva UFRJ
Ana Carolina Vitorino Vieira – Farmácia IFRJ
Eloísa Mello de Souza – Psicologia UFRRJ
Gevana Luiza Souza Pinto – Medicina MULTIVIX
Igor Fernandes dos Santos – Nutrição UNIGRANRIO
Jéssica Dutra Silva – Serviço Social UFRJ
Louise Moreira Reis – Medicina UNIGRANRIO
Natália Cristina da Silva – Ciências Biológicas UNIGRANRIO
Sergio Matheus da Silva Motta – Medicina UNIGRANRIO
Stefany Emily Fouyer – Políticas Públicas UFF
Suelen de Aguiar da Silva - Psicologia UFRRJ
Angra dos Reis
2014
1
Agradecemos ao Conselho estadual do Ver-SUS RJ, às
Secretarias, Municipal e Estadual de Saúde do Rio de
Janeiro, e de Angra dos Reis e todos os seus representantes
pelo apoio institucional, financeiro e de acompanhamento
durante os dias de vivencia. Além das unidades de saúde e
todos os profissionais que nos apresentaram de forma bem
formadora e construtiva o Sistema Único de Saúde.
2
Sumário
1.0 - Introdução ............................................................................................................................... 5
2.0 - FuSAR ..................................................................................................................................... 9
3.0 - Atenção básica à saúde........................................................................................................10
3.1 - UBS Balneário .......................................................................................................................11
3.2 - ESF Camorim ................................................................................................................... 12
3.3.1- Programa Mais Médicos .............................................................................................14
3.4 - NASF ................................................................................................................................. 15
3.5- Programa Melhor em Casa............................................................................................... 16
3.6 - Consultório na Rua ........................................................................................................... 18
4.0 - Atenção às urgências e emergência ...................................................................................19
4.1 - Policlínica: ......................................................................................................................... 20
4.2- UPA Japuíba ...................................................................................................................... 22
4.3 - SAMU ................................................................................................................................ 24
4.3- SPA Frade .......................................................................................................................... 26
5.0- Atenção Secundária ...............................................................................................................27
5.1- CEM Centro ....................................................................................................................... 28
5.2- CEM Japuíba ..................................................................................................................... 30
5.3- CEM Jacuecanga .............................................................................................................. 31
6.0- Saúde Mental ..........................................................................................................................33
6.1- CAPS II ............................................................................................................................... 35
6.2- CAPSi ................................................................................................................................. 36
6.3- CAPS-ad............................................................................................................................. 38
7.0 - Prestadores de serviço .........................................................................................................40
7.1 - Referenciamento .............................................................................................................. 41
7.2 - CICOM ............................................................................................................................... 42
7.3 - Alimentação ...................................................................................................................... 43
7.4 Laboratórios......................................................................................................................... 44
8.0 - Atenção terciária ....................................................................................................................45
8.1 - Hospital e Maternidade Codrato de Vilhena - Santa Casa de Misericórdia ................ 46
8.2 - Hemonúcleo ...................................................................................................................... 48
8.3- Hospital Geral da Japuíba ................................................................................................ 49
9.0 - Conselho de Saúde ...............................................................................................................50
3
10.0 - Associação de Caridade São Vicente de Paulo ...............................................................51
11.0 - Eletronuclear........................................................................................................................52
12.0 - Corredor Cultural ................................................................................................................53
14.0 - Conclusão ............................................................................................................................54
15.0 - Referências bibliográficas ..................................................................................................55
4
1.0 - Introdução
Com o objetivo de possibilitar uma melhor formação para o acadêmico e
estimular a formação de trabalhadores para o Sistema Único de Saúde (SUS), o VerSUS é um programa em que estudantes de áreas diferentes, participam de estágios
e vivências, adquirindo conhecimento e visão de prática, para que se possam formar
profissionais competentes e comprometidos com o SUS.
O projeto é uma iniciativa do Ministério da Saúde junto à Associação Brasileira
da Rede Unida, o CONASS, o CONASEMS, a UNE, a FIOCRUZ e a UFRGS, para
qualificar a formação de profissionais de saúde engajados, críticos e mobilizados
para a melhoria do sistema de saúde dos brasileiros.
Alguns de seus objetivos são:
•
Facilitar a compreensão da lógica de funcionamento do SUS, seus princípios
e diretrizes.
•
Reafirmar a saúde como direito social, fortalecendo uma consciência
sanitária, universitária.
•
Inscrever/situar a luta pelo direito à saúde no debate ampliado do
fortalecimento da cidadania;
•
Compreender a relação Estado/Sociedade no contexto do Direito à saúde;
•
Compreender o conceito ampliado de saúde;
•
Provocar no estudante o compromisso ético-político nos processos de
transformação do setor saúde, refletindo acerca do seu papel enquanto
agente construtor e modificador das práticas sociais.
•
Contribuir
para
o
amadurecimento
da
prática
multiprofissional
e
interdisciplinar.
•
Favorecer a discussão de campo e núcleo de saberes e da integralidade da
atenção em saúde.
5
Este relatório coloca de forma hierárquica e funcional o processo de vivência
do Ver-SUS, versão inverno de 2014, na cidade de Angra dos Reis. Ocorrido no
período de 16 à 30 de julho de 2014.
O Município possui peculiaridades interessantes, mais do que apenas suas
famosas 365 ilhas. É um município com belas praias, mangues, e mata Atlântica,
população indígena, população quilombola, estaleiro e usina nuclear.
É importante também ressaltar que na década de 90, a paisagem de Angra
dos Reis foi completamente modificada pelas ações dos agentes sociais, ao mesmo
tempo em que uma série de conflitos geopolítico-sociais esteve presentes.
Neste período, foi elaborado o Plano Diretor Municipal, que adotou medidas
que tinham como objetivo principal a regulação da ocupação do solo e preservação
do meio ambiente. Houve um conflito de interesses entre a iniciativa privada, o setor
estatal e o poder local. Na tentativa de delimitação de territórios, pode-se observar a
aliança entre estes agentes, até então antagônicos.
Ao mesmo tempo, devido ao surgimento de uma consciência ecológica, o
espaço de Angra dos Reis transformou-se em alvo de regulação para os órgãos de
conservação de âmbito federal, estadual e municipal.
Figura 1 - Imagem do município de Angra dos Reis ( Imagem goooglemaps)
6
O município de Angra dos Reis está localizado no sul do Estado do Rio de
Janeiro e faz divisa com os municípios de Paraty (oeste), Rio Claro (nordeste) e
Mangaratiba (leste) no território fluminense e Bananal e São José do Barreiro
(norte) no lado paulista. Sua extensão territorial é de 825 Km², correspondendo a
39,23% da área da região da Costa Verde, com uma densidade demográfica de
214,66 habitantes/Km².
Angra dos Reis está localizada na região de saúde da Baía da Ilha Grande, a
qual é composta também pelos municípios de Paraty e Mangaratiba, totalizando
254.042 habitantes. É a única região que ainda apresenta comunidades indígenas
em seu território, nos municípios de Angra dos Reis e Paraty.
Seu sistema de saúde municipal está organizado em cinco distritos sanitários,
com a seguinte composição:
1º Distrito Sanitário: Centro, Bonfim, Vila Velha, Praia Grande, Tanguá, São
Bento, Morro do Bulé, Morro do Carmo, Morro Santo Antônio, Morro da Caixa
D’Água, Morro Santo Antônio, Morro do Perez, Morro da Glória, Morro da Cruz,
Volta Fria, Balneário, Parque Palmeiras, Sapinhatuba, Praia do anil, Morro do Tatu,
Morro da Fortaleza, Morro da Carioca, Morro do Abel, Marinas e Praia do Jardim.
2º Distrito Sanitário: Japuíba, Enseada, Encruzo, Retiro, Tararaca, Banqueta,
Nova Angra, Areal, Campo Belo, Belém, Gamboa, Ribeira, Serra D’Água, Zungu,
Vilela, Pontal, Caieira e Ilha Comprida.
3º Distrito Sanitário: Mombaça, Camorim, Village, Lambicada, Praia do
Machado, Jacuecanga, Petrobras, Caputera, Monsuaba, Paraíso, Biscaia, Ponta
Leste, Maciéis, Portogalo e Cantagalo.
7
4º Distrito Sanitário: Frade, Piraquara, Bracuhy, Ariró, Itanema, Praia Brava,
Aldeia Indígena, Vila Histórica, Barlavento, Praia Vermelha, Boa Vista, Perequê e
Sertão do Perequê.
5º Distrito Sanitário: Abraão, Palmas, Lopes Mendes, Aroeira, Dois Rios,
Araçatiba, Praia vermelha, Praia da Longa, Enseada das Estrelas, Praia de Fora,
Freguesia
de
Santana,
Japariz,
Matariz,
Bananal,
Sítio
Forte,
Tapera,
Magarequeçaba, Praia Terra, Ilha da Gipóia, Aventureiro e Provetá.
8
2.0 - FuSAR
A FuSAR, Fundação de Saúde de Angra dos Reis, foi criada em 2007 e tratase de uma autarquia com direitos públicos. Com a criação da Fundação, a
Secretaria de Saúde fora extinta, mas em 2013 ela voltou. Hoje, a presidenta da
FuSAR e da Secretaria de Saúde que assumiu em 6 de maio de 2014, é a Ana
Cláudia Marinho Cardoso, funcionária pública há 9 anos, enfermeira neonatologista,
com mestrado em Gestão de Saúde pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(UERJ).
A FuSAR situa-se no bairro Balneário, em um prédio de 3 andares. Em suas
salas funcionam as áreas administrativas e no auditório são realizadas reuniões,
palestras, leilões, encontros, entre outros. A Fundação possui carros que são
utilizados no transporte de funcionários e pacientes.
9
3.0 - Atenção básica à saúde
Conjunto de ações, no âmbito individual e coletivo, que engloba promoção,
proteção,
prevenção
de
agravos,
diagnóstico,
tratamento,
reabilitação
e
manutenção da saúde.
Atua como eixo orientador do Sistema Único de Saúde e porta de entrada
preferencial do sistema. Trabalha com tecnologia de baixa densidade, que deve
resolver os problemas de saúde de maior frequência e relevância no território.
Sua organização se dá de acordo com os princípios do SUS, utilizando como
estratégia prioritária à Saúde da Família.
10
3.1 - UBS Balneário
O UBS do Balneário possui o sistema de “trato antigo de saúde”, onde o
usuário agenda sua consulta com um determinado especialista.
Localizado em uma área cedida por um campo de futebol, a unidade possui 4
salas e uma recepção, sendo uma, o consultório, onde os médicos de diferentes
especialidades se revezam durante os dias e turnos da semana.
Por se localizar e uma área central e atender no caráter antigo de assistência,
a unidade não realiza abertura de prontuário para usuários que não residam
próximo.
O sistema se contrapõe com a estratégia de saúde da família (ESF) e visa a
resolução de problemas (doença) e não a prevenção. Contudo, a falta de
informação proporcionada ao usuário, ainda faz com que este, em muitos lugares
prefira esse tipo de atendimento.
Essa realidade, nos fez pensar sobre o papel do Agente Comunitário de
Saúde (ACS) na difusão do novo modelo de assistência.
11
3.2 - ESF Camorim
A unidade de ESF Camorim é dividida em duas equipes e cada uma com 04
microáreas.
Cada equipe multiprofissional que atua na unidade é composta por um
médico generalista, um enfermeiro, um dentista, um ASB, um técnico de
enfermagem e quatro agentes comunitários de saúde.
Atende a 2.600 famílias com uma média de 6.000 usuários. O acolhimento é
feito por uma recepcionista, diferente do modelo base da ESF, onde o ACS tem
esse papel.
A unidade tem três grupos atuantes: Tabagismo, pré-natal e planejamento
familiar.
No momento da visita (16:00h), não haviam usuários na unidade,
dificultando nossa observação de acolhimento e funcionamento da ESF.
Fomos informados que apesar da unidade ter uma pequena farmácia para
dispensação de medicamentos, não há farmacêutico ou mesmo auxiliar de farmácia
para controle dos mesmos, sendo este trabalho feito pelo enfermeiro e ou técnico
de enfermagem da equipe. Outro problema é a falta de refrigeração no local do
armazenamento que leva a perda de alguns medicamentos.
A unidade trabalha com demanda espontânea pela manhã e marcação em
agenda no período da tarde. Essa forma de atendimento foge aos princípios da ESF
que são a prevenção e promoção da saúde. O usuário passa a procurar a unidade
apenas quando está doente, mantendo a visão hospitalocêntrica, e não se formando
vínculo para a longitudinalidade no atendimento devido o mesmo não retornar para
acompanhamento.
A marcação de preventivo é rápida e normalmente consegue-se para a
semana seguinte.
O setor de odontologia prioriza as famílias com maior número de pessoas
com problema bucal já que é necessário cuidar de todos os integrantes no mesmo
período.
12
Figura 2 - Consultório dentário ESF Camorim.
O prédio encontra-se em boas condições, com recepção individual por
equipe, salas arejadas e local adequado para arquivar as fichas de atendimento. Na
recepção encontra-se um quadro com as informações necessárias sobre a
demanda da área descrita. Foi sem dúvida a ESF mais bem estruturada, em todos
os sentidos, que visitamos.
Figura 3 - Consultório ESF Camorim
13
3.3 - ESF Jacuecanga
A Unidade Mista de Saúde da Jacuecanga engloba três ESFs as quais
começaram seu atendimento recentemente, há uns quatro meses, estando desta
forma em processo de cadastramento dos pacientes. As áreas das equipes já estão
definidas, porém ainda não estão divididas as microáreas.
As ESFs Jacuecanga, contam com a atuação de três médicos (dois
médicos cubanos e um da rede), três enfermeiros, e dentre os quinze ACS que
foram convocados, só se apresentaram na unidade, cinco deles. Visto que o Agente
comunitário de saúde tem um papel importante na educação em saúde, por ser o
elo de comunicação da unidade com o usuário, este número torna-se pequeno para
atender três ESFs.
Uma das preocupações para esta unidade é a questão do vínculo afetivo do
paciente com o médico, um fato que dificulta a marcação de consulta para outro
médico, ocasionando demora no atendimento ao paciente. Dessa forma, torna-se
necessária a intervenção da unidade, a fim de explicar ao paciente que o
atendimento será feito da mesma forma com o outro médico.
3.3.1- Programa Mais Médicos
Esta unidade é uma das contempladas pelo programa Mais Médicos, do
Governo Federal. Este programa faz parte de um amplo pacto de melhoria do
atendimento aos usuários do Sistema Único de Saúde, que prevê mais
investimentos em infraestrutura dos hospitais e unidades de saúde, além de levar
mais médicos para regiões onde há escassez e ausência de profissionais. (Portal da
saúde - SUS).
Durante a vivência nesta unidade, o grupo teve a oportunidade de conversar
com o médico Cubano que veio atuar no Brasil através deste programa. Em seu
relato o mesmo disse que teve treinamento adequado antes de atuar na Estratégia
de Saúde da Família (um treinamento em Cuba e outro aqui no Brasil). Segundo
este, em Cuba, ele se especializou em “Medicina da Família.”
14
3.4 - NASF
O NASF é um programa de ampliação da saúde básica que dá apoio e
fortalece a Estratégia da Saúde da Família. Foi elaborado pelo Ministério da Saúde
e norteado pela Portaria nº 154 de 24 de janeiro de 2008, conta com profissionais
de diversas áreas como fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, entre outros,
dependendo da modalidade que a equipe está inserida.
Estes profissionais atuam junto às ESFs ampliando o atendimento nas
microáreas. As ações do NASF estão fundamentadas em oito áreas estratégicas:
atividade física/práticas e corporais (com ênfase para a medicina tradicional
chinesa), práticas integrativas e complementares, reabilitação, alimentação e
nutrição, saúde mental, assistência social, saúde da criança, adolescente e do
jovem, saúde da mulher e assistência farmacêutica. Fomos recebidos pelo
coordenador do NASF na FuSAR, que nos explicou como atuam e falou das
dificuldades que o programa passa.
15
3.5- Programa Melhor em Casa
Implantado em 2013 pela Secretária Municipal de Saúde o programa “Melhor
em Casa” recebe o apoio do Ministério da Saúde e visa o cuidado aos pacientes
com dificuldades de locomoção ou acamados. Essa estratégia visa um conforto
maior aos doentes e à sua família, além de reduzir o tempo de internação hospitalar
em alguns casos, o que contribui para reduzir o risco de infecções hospitalares. Os
públicos alvos desse programa são: idosos, pessoas com necessidades de
reabilitação motora, pacientes crônicos com ou sem agravamento ou em situação
pós-cirúrgica.
O melhor em Casa é dividido em Equipe Multiprofissional de Atenção
Domiciliar (EMAD), composta por dois médicos, dois enfermeiros, quatro técnicos
em enfermagem e um fisioterapeuta, e em Equipe Multiprofissional de Apoio
(EMAP),
composta
por
no
mínimo
três profissionais,
podendo
ser
eles
fisioterapeuta, assistente social, fonoaudiólogo, nutricionista, odontólogo, psicólogo,
farmacêutico ou terapeuta ocupacional.
No dia 26 de julho de 2014 os 11 estudantes que participaram do VERSUS,
puderam acompanhar a atuação de uma EMAD. A Equipe visitou naquela manhã de
sábado dois pacientes, um com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) e o
outro um tetraplégico decorrente de um atropelamento há aproximadamente um
ano. Devido ao longo tempo que este último paciente se encontra em decúbito
dorsal, seu quadro clínico evoluiu para diversas úlceras de pressão, o que exige da
equipe maior atenção às suas lesões que se encontram expostas. Nota-se em
ambos os casos patologias de alta complexidade que requerem profissionais bem
treinados e dispostos a se dedicar intensamente àqueles pacientes fragilizados por
suas enfermidades. Foram justamente essas qualidades encontradas em todos os
profissionais da EMAD que esses estudantes acompanharam.
Apesar de possuir verba própria o programa “Melhor em Casa” encontra
algumas dificuldades de atuação devido à carência de materiais, como gaze, carvão
ativado e Bipap, este fato é resultado da destinação incorreta, por parte dos
gestores municipais, da verba. Contraditório a esse quadro de falta de insumo, é a
força de vontade de fazer a diferença para cada paciente que a EMAD possui, a
ponto de custear seus próprios equipamentos de trabalho. Foi possível identificar
16
profissionais extremamente comprometidos com o que fazem, um exemplo a ser
seguido por esses acadêmicos que em breve ingressarão no mercado de trabalho.
Conclui-se, portanto, que essa boa relação profissional de saúde e paciente,
feita pela equipe, além do apoio que os familiares dão aos seus doentes,
contribuem para o sucesso que é o “Melhor em Casa”.
17
3.6 - Consultório na Rua
O programa de consultório na rua tem sede dentro da unidade da Policlínica,
a fim de oferecer serviços do setor para a população de rua. Além de atendimento
especial, com uma sala em sua sede, o programa conta com uma unidade móvel,
com a finalidade de ampliar o acesso e a abordagem para os moradores de rua.
O objetivo é resgatar a cidadania e garantir o acesso do cidadão a atenção à
saúde, considerando suas diferentes necessidades de saúde e trabalhando junto
aos usuários de álcool e crack e outras drogas, como a estratégia de redução de
danos, através das equipes e serviços da atenção básica. No município, a unidade
móvel é composta por sete profissionais: um auxiliar de enfermagem, um agente
social, um médico, um enfermeiro, um psicólogo, um técnico de saúde bucal e um
assistente social.
Os serviços são oferecidos de forma itinerante e, quando necessário, utilizam
as instalações das Unidades Básicas de Saúde (UBS). Desenvolvendo ações
compartilhadas e integradas às Unidades Básicas de Saúde, CAPS, Serviços de
Urgência e Emergência e outros pontos de atenção.
A ação deve cumprir uma carga horária de 30 horas semanais, onde os
horários de funcionamento se adequam às demandas das pessoas em situação de
rua. Atualmente são acompanhados cerca de 35 moradores de Rua, sendo a maior
parte destes em caráter flutuante.
Figura 4 - Unidade móvel do Consultório na Rua
18
4.0 - Atenção às urgências e emergência
Os serviços de urgência e emergência existem com a finalidade de atender
situações em que há necessidade de uma intervenção rápida, como o SAMU, ou
que requerem uma estrutura mais complexa que a dos postos de saúde, como as
UPAs, emergências hospitalares e pronto atendimento, com disponibilidade de
exames e intervenções.
Após o atendimento inicial, dependendo da gravidade, o paciente pode ou
não, ser encaminhado para outros níveis de atenção.
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4.1 - Policlínica:
A recepção e apresentação da unidade foram realizadas pela coordenadora
de enfermagem. Esta unidade funciona como referência Pré-hospitalar, atendendo como
Pronto Atendimento e também demanda de Ambulatório. O paciente pode ficar em
observação clínica até 24 horas se caso não houver melhora, o prazo pode ser estendido
para até 72 horas ou mais dias se não houver local para transferi-lo.
Logo ao entrar na unidade depara-se com uma placa informativa de que a unidade
utiliza protocolo de classificação de risco, os atendimentos são feitos por ordem de
chegada. Caso os pacientes cheguem com algum tipo de urgência estes passam a frente
de um caso menos urgente.
Segundo informado, no prédio funcionava uma clínica particular, que alugou não só
o espaço, como também os aparelhos que eram utilizados. Uma sala de cirurgia é
utilizada como Centro de Esterilização, a outra sala é usada apenas para guardar coisas
velhas.
Quanto aos profissionais, a unidade conta com atuação de quatro médicos, onze
técnicos de enfermagem e auxiliares, dois maqueiros, dois dentistas, um auxiliar bucal,
um assistente social, e dois auxiliares de laboratório. O perfil de atendimento está na
faixa de 350 pacientes por dia, com média de duas horas de espera para o atendimento,
ressaltando o fato de a unidade não atender crianças menores de 13 anos.
Dentre os serviços, a unidade faz radiografia, e os exames laboratoriais são
realizados pelos Laboratórios CDB e Angra Lab. Apresenta dois consultórios, sendo um
deles destinado para estabilização do paciente grave, até que o mesmo esteja em
condição de ser transferido, pois a unidade não tem suporte clínico suficiente para mantêlo; uma enfermaria, onde o paciente receberá a medicação (quando o medicamento
administrado for superior a 2 ml ou a duração for maior que 2 horas, o paciente subirá
para a enfermaria do segundo pavimento). Foi possível observar que estas enfermarias
são mistas.
A Farmácia da unidade encontra-se em funcionamento de 7:00 às 17:00, até esse
horário o medicamento poderá ser dispensado pelo auxiliar de farmácia, após este os
profissionais da enfermagem devem efetuar a busca do medicamento, o que não é ideal,
20
visto que é necessário a atuação do farmacêutico para a dispensação dos
medicamentos, que neste caso só se encontra na unidade na parte da manhã.
Dentro do espaço físico da Policlínica, funciona um projeto realizado pela Vigilância
Ambiental que consiste em educar crianças a partir da apresentação de temas de saúde
pública, como Dengue e Leptospirose, utilizando teatro de fantoches. O cenário é bem
criativo e os bonecos divertidos promovendo o entretenimento destas crianças e a fixação
da importância em se preocupar com estes temas abordados. Desta forma, as elas
poderão influenciar seus pais na prevenção dessas doenças.
Figura 5 - Fantoches utilizados nas palestras para crianças.
21
4.2- UPA Japuíba
A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) é um estabelecimento de saúde de
complexidade intermediária, situado entre a Atenção Básica à Saúde e a Rede
Hospitalar, onde em conjunto com esta, compõe uma rede organizada de Atenção
às Urgências.
A UPA de Angra dos Reis está localizada no bairro Japuíba. Foi inaugurada
em 28 de junho de 2010, através de uma parceria entre os Governos Federal,
Estadual e Municipal. Tem como objetivo resolver grande parte das urgências e
emergências (pequena e média complexidade) da cidade de Angra dos Reis e
também das pertencentes à sua área de influência, como Paraty, Rio Claro e
Mangaratiba, ajudando na diminuição das filas no pronto socorro do Hospital. A
gestão da unidade é feita pelo município e os recursos financeiros são repassados
pelo governo federal e estadual.
Figura 6 – UPA Japuiba
Está em funcionamento 24 horas por dia, sete dias por semana e dispõe de
consultórios de pediatria, clínica médica e odontologia, observação adulto, infantil e
22
individual, sala vermelha e amarela, além de laboratório para realização de exames
(atende a UPA e outras unidades próximas), farmácia, raio-x, entre outros. Utiliza no
atendimento a metodologia da classificação de riscos, que privilegia a gravidade do
paciente em detrimento da ordem de chegada.
Em janeiro de 2014, o Serviço de Pronto Atendimento Infantil (PAI) foi
transferido para UPA, com o objetivo de concentrar os pediatras em um só lugar,
uma vez que o município tem carência desses profissionais, e resolver os
transtornos da falta de atendimento pediátrico nos finais de semana. Além do PAI,
também foi transferido para a unidade, o ambulatório de ortopedia. Tais medidas
prejudicaram o fluxo da UPA devido à falta de espaço para atender a todos os
serviços de forma eficiente.
Há também, dificuldade na transferência de pacientes em estado grave para
um nível maior de atenção por falta de regulação de vagas adequada nas unidades,
acarretando superlotação dos leitos da UPA. Outro problema apresentado foi a falta
de segurança na unidade, por se tratar de uma região perigosa. Apesar das
dificuldades, na medida do possível, a demanda é atendida.
23
4.3 - SAMU
A atenção hospitalar possui uma gama variada de protocolos, especialmente
na atenção às urgências, e sua demanda vem, na maioria dos casos, dos prontoatendimentos, pronto-socorro e do atendimento pré-hospitalar, efetivado pelo Corpo
de Bombeiros ou pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU, que
possui uma central de regulação própria.
Essa ação depende de uma boa grade de referência e da ação reguladora
integrada entre a urgência e a internação hospitalar. Os ambulatórios de
especialidades e a atenção básica também demandam internações hospitalares, e
todos devem estar sujeitos a protocolos e à ação reguladora, seja nos casos de
urgência ou eletivos.
Figura 7 - Mapa com hospitais de referência
Considerando a aprovação do Plano Estadual de Atenção às Urgências e do
Projeto SAMU 192, pelo Ministério da Saúde, envolvendo os municípios referências
de macrorregiões, como também a necessidade de implantação de SAMU com área
de abrangência regional e considerando os Planos Municipais de Saúde aprovados
pelos Conselhos Municipais, a Região da Baía da Ilha Grande iniciou a integração e
24
o planejamento regional das ações da rede de urgência e emergência dessa
microrregião de saúde formada pelos municípios de Angra dos Reis, Mangaratiba e
Paraty, com a implantação da UPA e do SAMU BIG/102.
Cabendo a Coordenação do SAMU BIG o gerenciamento e monitoramento
das ações de urgência e emergência realizadas pelo SAMU; assim como a
implantação do:

Protocolo de encaminhamento das urgências e emergências para as
diferentes complexidades da atenção (Primária, Média e Alta
Complexidade) à saúde e para diferentes especialidades clínicas e
cirúrgicas;

Protocolos de condutas diagnósticas e de condutas médicas
(orientação terapêutica) nas urgências e emergências;

Estabelecimento dos fluxos de atendimento entre as unidades de
saúde municipais e intermunicipais e estaduais através das centrais de
regulação SAMU -192 (municipal, estadual e intermunicipal) e com as
Centrais do GSE do Corpo de Bombeiros e das Centrais de Regulação
das concessionárias das rodovias, na garantia de vaga zero;

Garantia de interlocução com todas as entidades envolvidas com o
atendimento efetuado pelo SAMU de Mangaratiba, com objetivo
fundamental que é o salvamento à vida dos pacientes e a vaga zero
nas unidades de saúde compromissadas.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), localizado no
Balneário, recebe mais de 600 ligações por dia. Numa média de 80 % de trotes,
para tentar diminuir este infortúnio, todas as ligações têm sido gravadas e os
números oriundos de trotes, salvos.
Esta unidade possui um efetivo 16 ambulâncias dividias em 8 bases.
Contando ainda com uma equipe de 7 médicos e outros 17 profissionais, 7
desfibriladores, 3 monitores de ECG, 20 Reanimadores (Pulmonar/Ambu) e ainda 6
respiradores / ventilador.
25
4.3- SPA Frade
Trata-se de uma unidade mista, SPA/ ESF. A unidade se encontra na Rua
Boa Esperança, s/n.
A unidade atende livre demanda, tem 3 plantões pediatras de 24 horas por
semana. Quando não tem médico na unidade, a prefeitura disponibiliza um carro
para levar o paciente para a UPA ou para a unidade mais próxima com pediatras. A
unidade tem dois consultórios de curta permanência (12 horas), depois o paciente é
transferido para UPA, uma sala de classificação de risco (mesma sala usada para
ginecologia) e uma sala de curativo que é a mesma utilizada para coleta de sangue.
O laboratório da emergência funciona diariamente, coleta durante a manhã e
resultado de tarde. A unidade não tem Raio X, então o SAMU leva o paciente até a
unidade de Praia Brava para que seja feito.
A ESF se encontra na unidade desde janeiro de 2014, quando também
entrou a atual direção. Existem dois médicos para a saúde da família e 4 dentistas.
O bairro do Frade contém 4 ESF’s, uma no Morro da Constância, uma na praia e as
outras duas se encontram na mesma unidade que o SPA. Cada uma das ESFs que
se encontram no SPA tem 5 agentes comunitários e são responsáveis por 7
microrregiões.
Apesar da unidade ter passado por uma reforma em 2010, hoje está em más
condições em algumas áreas, a sala de reanimação por exemplo não funciona
devido infiltrações. Outro ponto crítico é onde se encontra os prontuários da ESF, na
recepção do SPA, onde qualquer um pode ter acesso. O que deve ser solucionado
em pouco tempo pois a unidade está em ampliação, e em breve a unidade estará
devidamente organizada. E a criação do conselho gestor ainda está em andamento.
26
5.0- Atenção Secundária
A atenção secundária de saúde é caracterizada por medidas que atuaram no
período patogênico, entre elas estão os diagnósticos e tratamentos precoces, além
da limitação da invalidez. Para tais ações serem bem realizadas o atual modelo de
saúde do Brasil conta com alguns serviços diferenciados que incluem: centros de
especialidades médicas (CEM), policlínicas e hospitais.
27
5.1- CEM Centro
Localizado na Praça de General Ozório, no Centro de Angra, o CEM Centro,
é um dos locais de realização de consultas com especialistas do município de
Angra. Entre seu quadro de profissionais encontram-se clínicos, cardiologistas,
Alergoimunologista,
pediatras,
ginecologistas,
cardiopediatras,
cirurgiões
vasculares, dermatologistas, oftalmologistas, endocrinologistas, fonoaudiologistas,
gastroenterologistas, infectologistas, neuropediatras, nefrologistas, nefro pediatras,
nutricionistas, otorrinolaringologistas, psicólogos, psiquiatras, proctologistas, médico
para a saúde do trabalhador, urologistas, cirurgião pediátrico, médicos para
pequenas cirurgias, reumatologistas, assistente social, enfermeiros, técnicos de
enfermagem, entre outros. O CEM também possui programas de assistência a
paciente com sorologia positiva para HIV e tuberculose, além de programas de
combate a hipertensão, e é responsável pela dispensa de medicamentos para toda
Angra.
Nota-se que é um local de múltiplas atividades, estas listadas acima, são
algumas de várias outras que funcionam em um local de total abandono público. O
CEM Centro possui, atualmente, uma infraestrutura deficiente, em todas as suas
salas é possível deparar-se com mofo, infiltração, falta de materiais básicos, a
exemplo de cadeiras para seus funcionários e falta de espaço. A sala de
esterilização, por exemplo, infringe regras de biossegurança, como a forma de
armazenamento dos materiais esterilizados. Já a sala de espirometria se caracteriza
por um ambiente escuro, com odor fétido, devido à alta umidade e concentração de
ácaro, ambiente este extremamente prejudicial para os pacientes asmáticos, o
público alvo para esse tipo de procedimento.
O mais contraditório de todos estes fatos é que apesar da prefeitura declarar
estado de emergência, o que o torna prioridade em seus projetos de reforma,
nenhuma obra nesse local foi iniciada. No site da prefeitura da cidade a última
notícia publicada sobre o CEM Centro ocorreu em 2007, portanto, nenhuma
previsão foi feita quanto a reformas.
Conclui-se, portanto, que o que mantém o CEM Centro como o centro de
especialidades referência de Angra é o comprometimento e a seriedade de seus
colaboradores. Foi notório, durante toda a visita, o respeito que todos os
28
funcionários têm para com o usuário daquele local. Em momento algum a equipe
queixou-se do trabalho que exercem, pelo contrário, as queixas que escutadas
foram a respeito das condições desumanas a qual os funcionários e os usuários são
expostos todos os dias, ou seja, o corpo técnico visa uma melhor forma de executar
seu trabalho para assim atender aqueles que dependem do centro de maneira mais
eficiente.
29
5.2- CEM Japuíba
O Centro de Especialidades Médicas Dr. Artur Sarmento, na Japuíba, está
localizado na estrada Prefeito João Galindo. A unidade foi totalmente reformada e
teve sua capacidade ampliada. Inaugurada no dia 9 de de outubro de 2012, a nova
estrutura segue os moldes da UPA.
A unidade oferece clínicos, ginecologia, pneumologia, pneumologia infantil,
dermatologia, pediatria, proctologia, psicologia, fonoaudiologia, geriatria, cardiologia,
endocrinologia, pequenas cirurgias, odontologia, vigilância em saúde, farmácia
social, otorrinolaringologia e serviço social. Atende em média, cerca de 2.500
pacientes por semana.
A estrutura tem em torno de 700 m² e conta com consultórios pediátricos e
para adultos, sala de curativos, recepção, farmácia, sala de vacinas, arquivo, clínica
odontológica, salas de esterilização, reunião, coordenação e expurgo.
30
5.3- CEM Jacuecanga
O Centro de Especialidades Médicas de Jacuecanga, é uma unidade Mista,
devido ao fato de englobar três Equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF),
Emergência e um ambulatório. Nesta unidade funciona, o centro de oftalmologia
com atuação de um oftalmologista por dia, para atender todo município.
Dentre as especialidades médicas, de pronto-atendimento e emergência,
têm-se: a cardiologia (um cardiologista que atende todo terceiro distrito e dá laudo
para todos os exames cardiológicos do Município), pré-natal, clínica médica,
ginecologia, pneumologia infantil, otorrinolaringologia, fonoaudiologia, psicologia,
nutrição, serviço social.
A Farmácia da unidade, encontra-se em seu funcionamento de segunda a
sábado de 8:00 às 17:00 e aos domingos de 8:00 às 12:00. Os medicamentos são
distribuídos tanto para o atendimento, quanto para o ambulatório.
Entre as ações desenvolvidas em Jacuecanga estão o projeto Pé Diabético,
que faz parte do programa de Hiperdia, onde os diabéticos recebem cuidados
especiais. Já para as crianças foram retomadas as ações de atendimento da
puericultura, além do Planejamento Familiar. Durante as quartas- feiras pode -se
efetuar o agendamento de consultas para os idosos.
Quanto aos problemas encontrados na unidade, temos o relato de uma
grande demanda de pacientes a serem assistidos pela oftalmologia, ocasionando
sobrecarga dos profissionais, visto que é o único local do municio que dispõe de
equipamentos oftalmológicos. Esta situação se agrava pelo fato de existir um
Estaleiro, onde ocorrem muitos acidentes de trabalho, nas proximidades do Centro
de Especialidades.
A unidade conta também com atuação do Conselho Gestor de Saúde, que é
composto do diretor da unidade, dois trabalhadores de saúde da unidade e duas
pessoas da comunidade, facilitando a interlocução entre o povo e a administração.
A fim de auxiliar este processo, foi criado um Livro de Queixas, onde o usuário
relata algum problema que ele tenha passado, sendo a função do Conselho gestor,
entrar em contato com este para saber a fundo sobre o questionamento e procurar
31
uma solução. Foi relatado que este livro é verificado diariamente, durante toda
semana.
32
6.0- Saúde Mental
Saúde implica em poder adoecer, assim sendo, não se pode reduzir o normal
àquilo que é o estatisticamente prevalente, nem o patológico a qualquer desvio em
relação a esta normalidade.
"Não seria a ausência de normalidade que constituiria
o anormal, ou seja, o patológico também seria normal, pois
a experiência do ser vivo incluiria a doença. O patológico
implicaria uma certa forma de viver, pois não haveria vida
sem normas de vida” (Canguilhem, 1943).
A história da saúde e da doença mental passa por explicações mágicas e
místicas, percorre a exclusão, encarceramento e exploração econômica. Deflagra a
luta antimanicomial e a Reforma do Modelo Assistencial, até chegar ao processo
atual de busca pela humanização em seu tratamento (Coga & Vizzotto, 1997).
A Psiquiatria institucionalizou-se a partir da delimitação conceitual e social de
seu objeto - a loucura, elevada à condição de doença mental, onde a ciência e as
práticas de assistência à saúde mental foram instituídas, no mundo ocidental, sob o
pressuposto da razão iluminista. No final do século XVIII o louco foi considerado
alienado, estranho e despossuído de razão. O hospício, no entanto, tornou-se o
local central de tratamento e construção do saber, a partir do princípio do
isolamento.
No século XX, no contexto de crise pós-guerra, evidenciou-se vários
movimentos de contestação ao saber e a prática psiquiátrica. No Brasil, a Reforma
Psiquiátrica teve início em 1970. A principal proposta desse Movimento foi a de
desospitalização e desinstitucionalização dos pacientes psiquiátricos. Novas
possibilidades de trabalho com a loucura aconteceram através da implementação
de recursos como alternativas terapêuticas aos hospitais psiquiátricos, dentre estes,
os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).
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Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) ou Núcleo de Atenção Psicossocial é
um serviço de saúde aberto e comunitário do Sistema Único de Saúde (SUS). Ele é
um lugar de referência e tratamento para pessoas que sofrem com transtornos
mentais, psicoses, neuroses graves e demais quadros, cuja severidade e/ou
persistência justifiquem sua permanência num dispositivo de cuidado intensivo,
comunitário, personalizado e promotor de vida (Ministério da Saúde, 2004).
O objetivo dos CAPS é oferecer atendimento à população de sua área de
abrangência, realizando o acompanhamento clínico e a reinserção social dos
usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento
dos laços familiares e comunitários.
34
6.1- CAPS II
O CAPS II abrange municípios com população entre 70.000 e 200.000
habitantes, são CAPS para atendimento diário de adultos, em sua população de
abrangência, com transtornos mentais severos e persistentes. Em Angra, o CAPS
CAIS São Bento encontra-se na Avenida Júlio César de Noronha, 90 - Centro/São
Bento.
A assistência prestada aos usuários no CAPS II inclui algumas atividades,
dentre elas, atendimento individual - medicamentosa e psicoterápica, caso
necessário, atendimento em grupos, atendimento em oficinas terapêuticas, visitas
domiciliares, atendimento e grupos de família, atividades comunitárias enfocando a
integração do usuário em sofrimento psíquico na comunidade e sua inserção
familiar e social.
35
6.2- CAPSi
O CAPSi Dr. Gilza Betzler de Oliveira Machado faz o atendimento de crianças
e adolescentes com transtornos graves e serenos e ainda ajuda no tratamento de
alguns adolescentes envolvidos com drogas, neste caso a demanda é livre. O
tratamento com estes usuários é feito com o apoio de uma equipe multidisciplinar
composta por psicólogos, psicopedagoga, psiquiatra, artesãos, fonoaudióloga e a
família, que em conjunto constroem oficinas terapêuticas que são divididas em:
artísticas, plásticas, corporais e culinária. A maior demanda de atendimento do
CAPSi são crianças com transtornos, principalmente autistas, e seu maior objetivo é
fazer com que estes usuários sejam inseridos ao convívio social.
A casa onde o CAPSi atua é alugada pela prefeitura de Angra e conta com:

1 recepção

2 consultórios para o atendimento individual

1 pequeno refeitório, banheiros e área externa bem ampla para
execução das oficinas.
Figura 8 - Foto (1) brinquedos de sucatas produzidos nas oficinas, (2) quadro produzido na
oficina de artes plásticas, (3) parte externa do CAPSi e (4) pintura dos usuários.
36
A nossa visita ao CAPSi foi proveitosa por um ponto, pois fomos atendidos
pela
coordenadora
do
local,
psicóloga,
psicopedagoga
e
psiquiatra
que
esclareceram alguns pontos importantes sobre o atendimento da unidade de saúde
mental por outro lado não pudemos compartilhar junto com aos usuários algumas
das oficinas feitas por eles, pois o horário já era próximo do almoço e nesse dia a
chuva reduziu o número de pacientes,
Durante a vivência podemos observar nas paredes e prateleiras alguns
trabalhos dos usuários confeccionados nas oficinas. Concluímos com tudo que
observamos que a equipe é bem estruturada e articulada entre si, o espaço físico do
CAPSi está bem organizado e em bom estado para o trabalho que é feito na
unidade que está em funcionamento há 5 anos.
37
6.3- CAPS-ad
Um CAPS-ad caracteriza-se por ser o único modelo de unidade de saúde
especializada em acompanhar o tratamento de pacientes dependentes de álcool e
outras drogas, com auxílio profissional de uma equipe multidisciplinar, que lida com
a construção do projeto terapêutico de cada paciente de forma integrada que
privilegie as particularidades de cada caso.
Para se acessar o CAPS ad o paciente precisar ter sido encaminhado de uma
unidade de saúde, entretanto se ele decidir espontaneamente, e se caracterizar
como um indivíduo que faz uso prejudicial de drogas do mesmo modo pode
ingressar pela recepção.
Esse aparelho especializado também entende que o trabalho com o paciente
envolve todos os campos da vida psicossocial daquele indivíduo, então o trabalho
também é feito com a família dos pacientes, através de grupos de família, que se
constituem pela presença dos familiares pelo período de uma hora sem a presença
dos pacientes para que eles possam trocar uns com os outros informações,
angustias, experiências, situações cotidianas que passam na participação do cuidar
do paciente e de cuidar da esfera familiar, que no geral adoece junto ao paciente.
A unidade não preconiza a abstinência, pois a construção desse centro
especializado, que é parte de uma Política de Saúde Mental relativamente nova no
Brasil, reconhece que o uso de drogas é muito ligado a construção social dos
indivíduos em qualquer cultura. A partir de então, se passa a trabalhar com um
atendimento visando a redução de danos, pois é preciso entender qual o lugar a
droga tem na vida da pessoa, como ela faz o uso, se faz parte da construção de
vínculos sociais, etc.
No CAPS, segundo profissionais que recepcionaram a equipe da vivência, o
paciente não recebe alta, ele se dá alta, pois essa é uma forma de garantir a
autonomia que é um ponto extremamente importante na reinserção social do
paciente.
A Lei: n°10.216 - Lei da Reforma Psiquiátrica - preconiza através das RAPS,
(Rede de Atenção Psicossocial) a regulamentação dos Direitos de pacientes com
transtornos mentais de forma integrada, rompendo com o modelo manicomial.
38
Foi muito eminente essa jornada de inoculação à unidade, pois os
profissionais explicaram quão tensa pode ser para os usuários a relação com a
baixa tolerância à frustração e como a unidade tenta manter um vínculo com a
atenção e cuidado através de oficinas terapêuticas, onde é possível criar todo uma
metodologia na reestruturação do vínculo no convívio social com outrem.
39
7.0 - Prestadores de serviço
O munícipio de Angra dos Reis possui algumas unidades prestadoras de
serviço, algumas de caráter público, outro privado (com serviço terceirizado).
Destacando-se dentre as instituições públicas o Hemorio e o INCA.
Dentre os serviços privados tivemos contato com; parte dos exames
laboratoriais, dos exames de imagem, e os serviços de hemodiálise.
40
7.1 - Referenciamento
O município de Angra dos Reis possui um serviço de referência e contrareferencia, com o Rio de Janeiro. Como se trata de uma cidade com
aproximadamente 200 mil habitantes, algumas especialidades e exames são
conduzidas para a capital, como exemplo temos o serviço de quimioterapia,
hemoderivados, entre outros.
A prefeitura encaminha um veículo pela manhã, com estes pacientes, que
retornam na parte da tarde/noite, após efetuarem seus tratamentos em hospitais
com recursos mais específicos.
Também se faz importante ressaltar que a prefeitura dispõe de dois sistemas
de regulação de vagas: um interno, a Central de Regulação e outro externo o
SISREG, que possibilita a entrada e encaminhamento do paciente do sistema
municipal para a Capital.
Contudo, Angra também recebe demanda de demais municípios satélites tais
como Paraty, Volta Redonda e Mangaratiba que efetuam alguns exames, consultas
e tem como hospital de referência o recém inaugurado Hospital da Japuiba.
41
7.2 - CICOM
A CICOM é uma clínica de imagem, privada, que presta serviços para o SUS
por meio de licitação anual. No mês, realiza em média, 200 mamografias, 300
ultrassonografias e 150 ressonâncias magnéticas. Médicos terceirizados são
responsáveis pelos laudos. O agendamento de exames é realizado por meio de
contato feito por funcionários aos clientes.
Conta com estrutura adequada, espaço e equipamentos de qualidade, como
aparelho de ressonância magnética de campo aberto, para atender a população. Os
funcionários fazem uso de um dosímetro, equipamento responsável pela medição
da radiação ionizante no ambiente de trabalho, visando sua segurança e também a
dos pacientes.
Figura 9 - Tomógrafo aberto
42
7.3 - Alimentação
A alimentação tem papel de interferência positiva ou negativa no processo de
recuperação e manutenção da saúde do paciente, o que pode acelerar ou retardar a
alta do indivíduo, seguido de outros agravantes que não dependem única e
diretamente da alimentação.
A alimentação de pacientes do Hospital Geral da Japuíba (HGJ) é feita
através de contrato com a G. P. da Costa Distribuidora de Refeições. Em licitações
que atravessam governos e são revalidadas ano após ano, o que pode ser
conferido no site que exibe a transparência fiscal do Município ou no Diário Oficial
da União.
Juntamente com as licitações, deveria existir a fiscalização na qualidade
do serviço prestado pela distribuidora, a fim de exigir a mínima qualidade nas
refeições de funcionários e pacientes. Mas não é o que acontece. Funcionários do
HGJ informaram aos viventes do projeto que “a situação tá até melhor agora”,
dando a entender que o serviço prestado em anos anteriores era pior que o atual.
Vale ressaltar que durante a vivência, foram encontrados dentro das
marmitas cabelos e barbantes, o que denuncia a falta de boas práticas na
preparação do alimento decorrente de negligência na fiscalização.
Quando questionado em relação a fiscalização, ao serviço de nutrição
presente no hospital, foi respondido que a única forma de fiscalização que lhes era
concedido era a reclamação. Refeições preparadas sem cálculo para uso de
gordura, sal e alimentos que devem ser evitados em refeição transportada, como
empanados e alimentos crocantes.
Não existe um plano alimentar para pacientes e outro para funcionários.
Pacientes cardíacos e idosos comem a mesma comida que funcionários, saturadas
em gordura. O serviço de nutrição do hospital relatou que experimenta e aprova a
refeição antes de dar aos pacientes, o que parece insensato já que o contrato é
revalidado ano após ano sem ser cobrado melhorias.
43
7.4 Laboratórios
As unidades laboratoriais de Angra atuam em 3 instancias diferentes.
Primeiramente temos o Centro de Diagnósticos Biomédicos (CDB) que está aliado à
tecnologia e capacitação técnica de sua equipe garantindo rapidez e confiabilidade
na realização de exames de Análises Clínicas.
Em segunda instancia temos o Angra Lab. que é uma unidade privada, com 4
unidades dispostas em Angra dos Reis, com laboratórios bem equipados. Um dos
laboratórios coabita em espaço com a unidade de pronto-atendimento (UPA)
localizada na Japuíba. Este, atende pacientes tanto da UPA como das UBS onde o
técnico envia via fax os resultados para as demais unidades quando se trata de algo
mais imediato.
Por fim temos em casos específicos encaminhamentos para o Rio de Janeiro.
44
8.0 - Atenção terciária
Corresponde ao último nível de atenção à saúde e abrange um conjunto de
procedimentos realizados em ambiente hospitalar e ambulatorial, que no contexto
do SUS, envolvem alta tecnologia e custo, objetivando propiciar à população
atendimento qualificado, especializado e integrado aos demais níveis de atenção à
saúde (básica e secundária).
Os procedimentos de alta complexidade estão relacionados na tabela do
SUS, em sua maioria, no Sistema de Informação Hospitalar e em menor quantidade
no Sistema de Informação ambulatorial.
45
8.1 - Hospital e Maternidade Codrato de Vilhena - Santa Casa de Misericórdia
A Santa Casa de Misericórdia é caracterizada como uma entidade
filantrópica, sem fins lucrativos, que recebe verba do Governo Federal e da
Prefeitura de Angra de acordo com os recursos utilizados. Antes da inauguração do
Hospital Geral da Japuíba, comportava o Pronto Socorro do Município, agora
mantém a UTI, clínica médica, maternidade, a UTI Neonatal e internação dos
pacientes com transtorno psíquico.
O grupo foi recepcionado pela enfermeira coordenadora do plantão, que nos
mostrou os setores da unidade, inclusive a UTI e CTI adultos e neonatal, um fato
considerado equivocado, pois ao permitir a entrada nesses setores, acaba por
restringir a privacidade dos pacientes, além dos riscos de contágio, visto que são
pacientes muito vulneráveis. Por ser um domingo, alguns setores não puderam ser
vistos em funcionamento.
Figura 10 - Santa Casa
Esta unidade comporta a maternidade de Angra dos Reis, com perfil de
atendimento de 12 a 14 partos por dia, em grande maioria estão cirurgias
cesarianas. Dentre os setores, a unidade conta com duas enfermarias com 16 leitos
46
divididos para homens e mulheres, um alojamento para as mães que estão em alta,
mas que seus bebês ainda se encontram internados e oito leitos destinados à saúde
mental.
Levando- se em consideração a questão estrutural, a Santa Casa está em
processo de reestruturação e obras para sua melhoria, sendo que não tem a
previsão para este fato. Desta forma alguns setores estão fechados, algumas
cirurgias são impossibilitadas de serem realizadas e consequentemente os
equipamentos ficam parados deixando a população sem atendimento desses
setores.
47
8.2 - Hemonúcleo
A doação de sangue é o processo pelo qual um doador voluntário tem
seu sangue coletado, para armazenamento em um banco de sangue ou hemocentro
para um uso subsequente em uma transfusão de sangue.
Trata-se de um processo de fundamental importância para o funcionamento
de um hospital ou centro de saúde. Em Angra dos Reis, funciona há muitos anos o
Hemonúcleo Costa Verde, que também atende as cidades de Mangaratiba, Rio
Claro e Paraty.
O Hemonúcleo Costa Verde possui um laboratório para diagnóstico e
acompanhamento das patologias aqui atendidas e exames sorológicos para os
doadores de sangue.
Atualmente ele possui um espaço um tanto quanto restrito, mas está em
mudança para a nova sede, o hospital da Japuiba
Ao chegar ao Hemonúcleo, o doador recebe uma cartilha com os requisitos
básicos para a doação, e é examinado pelo corpo médico, para saber se realmente
existe aptidão clínica para doação.
Entre os requisitos obrigatórios estão: a apresentação de documento oficial
com foto, a pessoa tem que estar bem de saúde, pesar mais de 50 kg, ter entre 16
a 67 anos, sendo que menor de idade tem que estar acompanhado do responsável,
não ser usuário de drogas, não estar grávida, nem amamentando, não ter múltiplos
parceiros sexuais e nem estar em situação de risco tendo HIV ou DST e não é
necessário estar em jejum para a doação.
Os tipos sanguíneos AB+, AB-, B- e O- são os mais raros e são muito
aguardados.
Apesar de não realizar todo tipo de processo com o sangue. O Hemonúcleo
Costa Verde trabalha em parceria com o Hemocentro, o qual oferece suporte como
hemoderivados e componentes em falta.
48
8.3- Hospital Geral da Japuíba
O Hospital Geral da Japuiba é uma unidade de saúde de referência para a
região Sul Fluminense, atendendo não somente a população angrense, mas os
municípios vizinhos de Rio Claro, Paraty e Mangaratiba.
Ocupa um espaço de 10 mil m², contando três pavimentos e anexos. Nele
funciona o pronto-socorro municipal, uma unidade para pacientes graves,
enfermarias masculina e feminina, enfermaria psiquiátrica, sala de gesso, um centro
de imagem (raio-x, tomografia e ultrassonografia). No segundo pavimento ficam as
enfermarias, um auditório, alojamentos para as equipes médicas e de enfermagem
e o centro cirúrgico com cinco salas, das quais nem todas ainda estão em uso. Este
andar deverá ainda receber o Hemonúcleo de Angra e UTI.
Em anexo ao Hospital temos ainda uma farmácia de grande porte.
O hospital começou suas atividades parcialmente, e tem, inicialmente, cerca
de 170 leitos de capacidade para internação. A unidade começa suas atividades
com aproximadamente 130 profissionais, dentre médicos, enfermeiros e técnicos,
mas a Prefeitura de Angra pretende ampliar esse número para aproximadamente
800.
Figura 11 - Hospital Geral da Japuiba
49
9.0 - Conselho de Saúde
Conselho é o órgão colegiado que atua, em caráter permanente e
deliberativo, na formulação de estratégias e no controle da execução da política de
saúde na instância correspondente, inclusive no que tange aos aspectos
econômicos e financeiros. Sendo formado por 50% de usuários, 25% de
profissionais e 25% de prestadores de serviço.
O conselho que presenciamos foi bastante produtivo. Pôde-se perceber a
participação ativa dos representantes de usuários e dos profissionais de saúde,
exigindo resultados das metas que foram traçadas nos encontros anteriores e a
maneira como eles interferem de forma positiva na formulação de estratégias das
metas que devem ser atingidas pela FuSAR, colocando em voga questões que
passam despercebidas em outros conselhos de saúdes de outros municípios.
Um ponto negativo foi a ausência de um personagem importante para que a
reunião começasse pontualmente, atrasando o início da reunião em quase duas
horas, o que impediu que os viventes do projeto ficassem até o final da reunião.
Conclui-se, então, que o conselho municipal de saúde de Angra dos Reis é
bem completo e formulado por pessoas com voz e vontade de mudar para melhor
os resultados da saúde do município.
50
10.0 - Associação de Caridade São Vicente de Paulo
Apesar de não estar no cronograma fizemos visitação ao lar de idosos. Este
foi fundado em 1950 e mantém 28 idosos que participam com 70% de seus
recursos próprios para as necessidades diárias.
Fomos recebidos pela assistente social, que nos orientou quanto ao
funcionamento da unidade e nos acompanhou na visita aos idosos.
A equipe é formada por: 01 fisioterapeuta, 01 enfermeira, 01 psicólogo, 01
assistente social e 05 técnicos de enfermagem. A equipe médica e nutricionista são
voluntárias e trabalham na Santa Casa de Misericórdia que fica ao lado.
O SAMU é solicitado quando necessário e o atendimento é rápido, outros
tratamentos como quimioterapia no INCA são solicitados pela FUSAR e a resposta
é rápida. Não encontram dificuldades para o atendimento no SUS.
Há um controle rigoroso para que os familiares não abandonem os idosos
sem visitação constante. O ambiente encontrava-se limpo, mas pouco arejado.
Conversamos com os idosos e foi muito gratificante essa troca, nos
emocionamos em vários momentos. Os idosos encontravam-se bem cuidados,
aparentemente felizes, não referiram queixa alguma.
Deixamos aqui o nosso agradecimento a instituição que nos recebeu tão
bem e proporcionou enriquecimento a nossa vivência.
Figura 12 - Associação de Caridade São Vicente de Paulo
51
11.0 - Eletronuclear
A Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA) está localizada na praia
de Itaorna, em Angra dos Reis. Nela podemos encontrar 2 usinas nucleares: Angra
1 e 2. Futuramente existirá também Angra 3.
Angra 1, primeira usina nuclear brasileira, inaugurada em 1985, gera energia
suficiente para suprir uma cidade de 1 milhão de habitantes. Angra 2, segunda
usina nuclear brasileira, começou a operar comercialmente em 2001 e é capaz de
atender uma cidade de 2 milhões de habitantes com a potência gerada. A previsão
é que Angra 3 entre em funcionamento em 2018, e assim a energia nuclear passará
a gerar o equivalente a 50% do consumo do Estado do Rio de Janeiro.
Na visita, nos apresentaram vídeos que mostravam um pouco da história e
funcionamento das usinas e como ocorre a monitoração ambiental para que não
ocorram danos significativos ao ambiente.
Figura 13 - Eletronuclear
52
12.0 - Corredor Cultural
O Corredor Cultural ao Centro Histórico de Angra dos Reis teve início em
2002 em comemoração aos 500 anos da cidade. Visando ao desenvolvimento de
ações que conscientizassem, preservassem, divulgassem e incentivassem a
Educação Patrimonial e o Turismo, o Projeto foi instituído na Rede Municipal de
Ensino em fevereiro de 2013.
Durante o
passeio pela
cidade,
fomos muito
bem guiados pelas
coordenadoras de Educação, Patrimônio e Turismo, Ana Maris de Figueiredo
Ribeiro e Ivonete Coelho Bastos, que nos proporcionaram o conhecimento do
Centro Histórico de Angra, de forma prazerosa, através de contos, músicas e
relatos. Alguns dos pontos turísticos que conhecemos foram: Convento Nossa
Senhora do Carmo, Praça General Osório, Igreja de Santa Luzia, Casa de Cultura
Poeta Brasil dos Reis, entre outros.
Figura 14 - Convento Nossa Senhora do Carmo
53
14.0 - Conclusão
Durante as visitas, constatamos que um dos maiores problemas do município
de Angra dos Reis é a falta de espaço decorrente de um crescimento
desorganizado tanto da cidade, como de suas áreas de influência, crescimento este
que não foi proporcionalmente acompanhado pelo desenvolvimento do sistema de
saúde da região. A falta de concorrência de algumas empresas prestadoras de
serviço e a carência de profissionais agrava ainda mais a situação.
Mesmo com muitos problemas, aparentes e não aparentes, pudemos
observar que o município está buscando melhorias no intuito de atender cada vez
melhor a população. Isso ficou muito evidente ao presenciarmos a realidade de
programas que vêm tentando se desenvolver bem como o CAPS, Consultório na
Rua, NASF, SAMU, Vigilância Ambiental, Melhor em Casa, Conselho Gestores,
entre outros.
Em consonância com os programas, destacamos o engajamento da maioria
dos profissionais em promover, proteger e recuperar a saúde dos pacientes, nos
inspirando a imaginar e acreditar em um futuro melhor.
Por fim, concluímos que, apesar das várias dificuldades encontradas no
decorrer das vivências, os objetivos do projeto foram entendidos e atingidos por
todos os integrantes do grupo. Conhecer e poder participar do dia a dia do SUS, foi
se tornando mais gratificante a cada momento, pois pudemos presenciar a realidade
que existe por trás da teoria, ajudando em nosso crescimento profissional e pessoal.
54
15.0 - Referências bibliográficas
1. ANGRA DOS REIS, Prefeitura Municipal. Atendimento infantil é transferido
para
UPA.
2014.
Disponível
em:
<
http://angra.rj.gov.br/imprensa_noticias_release.asp?vid_noticia=10475&inde
xsigla=imp#.U90k5PldX6I >. Acesso em: 02 de agosto 2014.
2. ANGRA DOS REIS, Prefeitura Municipal. Corredor Cultural: Centro Histórico
de Angra dos Reis 2014. Angra dos Reis: 2014.
3. BRASIL, Eletrobrás/Eletronuclear. Central Nuclear de Angra dos Reis: Angra
1,
Angra
2
e
Angra
3.
Disponível
em:
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