DIA NACIONAL DO LOBO-GUARÁ

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II Encontro Pesquisa em Educação Ambiental: abordagens epistemológicas e metodológicas
UFSCar –27 a 30 de julho de 2003 – São Carlos
AVALIAÇÃO DO EVENTO “DIA NACIONAL DO LOBO-GUARÁ”
REALIZADO NO ZOOLÓGICO DE SOROCABA NO PERÍODO DE 2000 A 2002.
Viviane Aparecida Rachid Garcia1,Cecília Pessutti1,2 Maria Cornélia Mergulhão1 (Parque
Zoológico Municipal ‘Quinzinho de Barros”- Sorocaba-SP1, Grupo de Trabalho de
Canideos2 )
Palavra chave: Lobo-guará; Educação ambiental, Evento; Zoológico Resumo:
Este trabalho tem como objetivo avaliar a realização de um evento de domingo no Zôo de
Sorocaba, no período de 2000 a 2002, intitulado “Dia Nacional do Lobo-Guará”, sugerido
pelo GTC como estratégia para conservação desta espécie, que se encontra na lista das
espécies ameaçadas de extinção do IBAMA. As estratégias utilizadas foram: cantos de
exposição com animais vivos e taxidermizados da fauna e flora do cerrado, oficinas de arte
e pintura, e projeção de vídeo educativo. A avaliação qualitativa foi realizada por meio de
observações diretas, análise documental, entrevistas e questionários. Conclui-se que
atividades direcionadas à conservação do cerrado, e seus animais são de grande
importância, bem aceitos pelo público e são eficazes principalmente quando realizadas de
forma interativa.
THE EVALUATION OF THE EVENT “MANED WOLF NATIONAL DAY” AT
SOROCABA ZOO BETWEEN 2000-2002
Keywords: Maned wolf, Event, Enviromental education, Zoologic
Abstratc: This paper had the main goal evaluate the Maned wolf national day, as a strategy
sugested by the GTC to conserve this endangered specie. The strategies carried out were:
Cerrado corner on this places live and mounted biological material was exposed, face
painting and arts worshop, vídeos section. The quantitative evaluation was carried out by
direct observation, documental analysis, intereview and questionaries. The results gotten
was divergent and point out the needs to evaluate and training the staff and trainees
constantly, to improve the communication with the people that visit the zoos to reach the
goals proposed by GTC and Sorocaba Zôo.
1- INTRODUÇÃO:
Atualmente, em escala mundial, a maior ameaça à sobrevivência de espécies
ameaçadas de extinção é a destruição de seus habitats naturais sendo o homem o agente
principal, responsável por este quadro.
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Segundo Dietz (1997), a proteção de habitates demanda ação em várias áreas do
problema: conduzir pesquisa biológica a fim de aumentar o conhecimento sobre as espécies
da comunidade e a sua interdependência; implementar manejo e proteção do habitat das
espécies-chave e, principalmente, conquistar apoio dos indivíduos responsáveis pela
destruição. Sem apoio público, pesquisas biológicas e esforços para proteção e manejo não
resultarão na conservação de habitates.
O apoio público pode ser conquistado através de trabalhos integrados na área de
Educação Ambiental. De acordo com a lei nº 9795, sobre a Política Nacional de Educação
Ambiental, a educação informal, é aquela realizada fora dos recintos escolares, podendo
ocorrer por meio de campanhas populares que visam a formação de atos e atitudes que
possibilitem a preservação dos recursos naturais e a correção de processos degenerativos da
qualidade de vida (Araújo e Brito, 1997).
Dias (1992), ressalta que a Educação Ambiental informal contribui de forma
expressiva para a formação de opinião pública, envolvendo os meios de comunicação de
massa, comunidades participativas e instituições atuantes como parques, reservas e
zoológicos.
Os zoológicos, segundo a publicação “Estratégias Mundiais para Conservação em
Zôos”, recebem centenas de milhares de pessoas anualmente em todo o mundo. A grande
maioria dessas pessoas vive em áreas urbanas e tem pouco ou nenhum contato com a
natureza. Elas vêem até os zôos porque de uma forma ou de outra se interessam por
animais e esse interesse pode, com certeza, ser uma oportunidade para educação. Os
zoológicos possuem um inigualável potencial para elevar a consciência pública e política da
importância da conservação da natureza. Adicionalmente os zoológicos são visitados por
um número significativo de pessoas que vivem em áreas rurais. A educação em zoológicos
também pode gerar grande impacto nessa parcela do público, especialmente em países em
desenvolvimento, onde estas pessoas em seu dia-a-dia relacionam-se muito proximamente
com os recursos naturais vivos (IUDZG, 1993).
Um dos instrumentos para conservação de espécies ameaçadas de extinção é a
criação de comitês de manejo que são responsáveis pela elaboração dos planos de manejo
para as espécies que possuem algum problema em suas populações naturais ou cativas.
O Plano de Manejo para o Lobo-guará surgiu logo após o “1º curso para
conservação de animais ameaçados de extinção: cativeiro e natureza”, que foi realizado no
Zoológico de Sorocaba em 1989. Este plano de manejo foi legitimado em 1995 por meio da
portaria 1883/95 IBAMA, dando um caráter oficial às ações realizadas pelo então criado
Grupo de Trabalho de Canídeos (GTC).
O Lobo-Guará (Crysocyon brachyurus) é uma das espécies de mamíferos carnívoros
considerado ameaçado de extinção segundo a lista oficial da fauna brasileira ameaçada de
extinção (IBAMA,1989), havendo por isso uma grande necessidade de proteger esta
espécie. É o maior canídeo selvagem encontrado na América do Sul, sendo representante
do cerrado brasileiro. Possui características muito peculiares e uma alimentação
diversificada (pequenos mamíferos, aves, répteis, anfíbios, peixes, insetos e frutas) sendo a
fruta mais importante de sua dieta a fruta do lobo (Solanum lyocarpum), que possui frutos
o ano inteiro. O Lobo-guará tem hábito solitário podendo ser encontrado aos pares somente
no período de reprodução tendo em média três filhotes por ano. Seu território compreende
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uma vasta área que chega a vinte e sete quilometros quadrados. Para marcar seu território
defeca sobre cupinzeiros, áreas abertas e beira de estradas onde suas marcas ficam muito
bem visíveis por outros animais. É um animal curioso e não agressivo. Com todas essas
características pacíficas torna-se um alvo fácil diante das atividades antrópicas. (Dietz,
1984a, 1985b, Languth, 1975).
Os pesquisadores, depois de terem feito algumas pesquisas e o levantamento da situação
da espécie em cativeiro, perceberam que o lobo-guará precisava de cuidados especiais para
garantir sua sobrevivência. Desde então, várias recomendações foram feitas aos zoológicos
em tudo que envolve a vida dos lobos-guarás como sua alimentação, alojamento,
reprodução, cuidado com filhotes e estudos na natureza que ajudam a tornar mais natural o
dia a dia no zoológico (Santiago et all 1998).
Alguns dos objetivos do Plano de Manejo são aumentar o número de animais em
cativeiro, manter uma população geneticamente saudável, realizar estudos nas diversas
áreas de conhecimento, manter o reservatório genético da espécie com os animais cativos,
repovoamento de áreas naturais, e conseqüentemente a conservação do lobo-guará e de seu
ambiente, entre outras.
O GTC com sede no Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros” acredita que a
pesquisa e a educação ambiental são algumas das melhores estratégias para a conservação
de espécies ameaçadas de extinção. Sendo assim, instituiu o segundo domingo do mês de
outubro como o “Dia Nacional do Lobo -guará”, de forma a divulgar seu trabalho e
sensibilizar a população sobre a conservação do maior canídeo sul americano e seu
ecossistema.
Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros (PZMQB).
O PZMQB é um local único, onde a população da cidade e de toda a região encontra
lazer e educação ambiental, realizando também um trabalho altamente fecundo há quase 30
anos na área de pesquisa para o conservacionismo. Localizado no município de Sorocaba –
SP (47º 28' 30"W, 23º 29' 30"S), o PZMQB é um zoológico de grande porte contendo cerca
de 1.500 animais de 350 espécies diferentes, recebendo mais de 300.000 visitantes por ano.
(GUILHERME,2000).
Eleito em 1993, por voto popular em um concurso, como símbolo da cidade o
PZMQB é hoje "O lugar mais animal da cidade", título dado em 1996 em comemoração
de seus 28 anos.
Programa de Educação Ambiental do Zôo Sorocaba
A Educação Ambiental não formal realizada em zoológicos combina conceitos de
diferentes áreas, tais como zoologia, ecologia, botânica, fisiologia, podendo oferecer
também oportunidades para o desenvolvimento do senso estético, ético e de participação
comunitária. Num zoológico, o conhecimento pode ser adquirido através da vivência e do
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contato direto com os componentes desses conceitos, o que faz dele uma “sala de aula
viva”, cujas experiências de aprendizado se tornam inesquecíveis (Mergulhão, 1998)
A equipe do Zôo de Sorocaba, pioneiro nas atividades de Educação Ambiental, na
tentativa de atingir a comunidade com seus programas educativos, vem desenvolvendo ao
longo de 22 anos de trabalho uma gama diversificada e atrativa de atividades, dirigidas as
diferentes faixas etárias, incentivando o exercício da cidadania e busca de ações individuais
e coletivas.
O programa do Centro de Educação Ambiental do Zôo Sorocaba utiliza em grande
parte de suas atividades, o material biológico disponível (coleção viva ou taxidermizada)
com o objetivo de proporcionar ao seu público um conhecimento maior sobre os animais,
suas relações e seus ambientes, procurando estabelecer reflexões e ações individuais e
coletivas sobre o ambiente que está inserido, visando a qualidade de vida e a conservação
dos recursos naturais (Garcia, 2001).
2. OBJETIVOS:
• Informar sobre o habitat, alimentação, biologia e comportamento do Lobo-Guará e
demais cães selvagens brasileiros,
• Apresentar quais são as ameaças de extinção do Lobo-guará, além de desmitificar a
idéia de que todo lobo é mau.
• Oferecer informações sobre o ecossistema de cerrado e seus elementos (fauna, flora, etc)
visando possíveis mudanças de atitudes que colaborem com a conservação da espécie e
integração do homem com o meio.
3. METODOLOGIA:
3.1 : Diretrizes do Grupo de Trabalho de Canídeos para realização do evento:
O GTC instituiu o Dia Nacional do Lobo-guará, como sugestão temática a ser
trabalhada em todos os zoológicos brasileiros e que é comemorado no segundo domingo do
mês de outubro.
Para subsidiar estas instituições zoológicas e dar um suporte didático para realização
deste trabalho, o grupo elaborou um material didático distribuído para todos os zoológicos
que mantém a espécie.
Este material é composto por: modelo de máscara e orelha de lobo, para ser pintada
e recortada, cópia da história de gibi “Chico Bento - Mostre e Conte” (Mauricio de Souza
Produções©, manual de observação do Lobo-guará SSP-USA, molde de pegada, sugestão
para apresentação da peça teatral infantil “Chapeuzinho vermelho e o lobo -guará”(Ângelo
Machado©) silhueta do lobo-guará, pistas com informações biológicas e questionário de
avaliação do público e organizadores.
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3.2 Implementação e aplicação das atividades no Zôo de Sorocaba:
As atividades de comemoração iniciaram-se no ano de 2000 e a cada evento novas
estratégias de exposição e interação com o público foram se consolidando.
A divulgação foi feita pela imprensa local falada e escrita.
Estratégias utilizadas:
1° Recepção pelo lobo-guará: Para dar início a um dia de lazer e aprendizado no Zôo, os
visitantes eram logos recepcionados na entrada por monitores acompanhados de um Loboguará taxidermizado, onde recebiam a orientações das atividades oferecidas.
2° Sinalização: Foi feita uma sinalização no chão com desenhos de pegadas do lobo,
indicando ao visitante o caminho até o recinto.
3° ‘Canto do Lobo”: Em frente ao recinto do lobo, em uma tenda, encontrava-se disposto
um lobo-guará adulto e um filhote taxidermizado, sua alimentação no cativeiro (bandeja
com alimentos originais) e na natureza (fruta do lobo).
4°“Canto do Cerrado”: Foi exposto ao lado da tenda do Lobo um ambiente reproduzindo
uma parcela do ecossistema de cerrado. A fauna foi representada por animais vivos: jaboti e
jibóia e animais taxidermizados: ema seus ovos, tamanduá bandeira seu crânio, veado
catingueiro e suas fezes, cachorro e gato do mato, lagarto teiú, entre outros. Da flora foram
expostas sementes e folhas diversas.
5° “Oficina de artes do Lobo”: Numa tenda as crianças confeccionaram e pintaram
máscaras e orelhas do lobo conhecendo sua respectiva função.
6° Cine Zôo: Filme Um Dia de Lobo, que mostra o lobo e sua vida no cerrado. Foram
também distribuídos exemplares de gibis “Chico Bento e o Lobo -guará” e o manual de
observação do Lobo-guará SSP-USA.
7° Oficina de pintura de rosto: As crianças puderam pintar em seus rostos figuras
ecológicas como animais, flores, etc., propiciando uma maior interação e deixar que as
crianças levassem para casa uma marca do Zôo.
3.3 Avaliação:
Para avaliação deste trabalho optou-se pela pesquisa qualitativa, pois ela privilegia
algumas técnicas para obtenção e medição de dados tais como: a entrevista, a observação, o
questionário e a análise documental (Lüdke e André, 1986), além de se adequar melhor aos
objetivos da pesquisa, e ao público participante.
A observação direta permite que o observador chegue mais perto das "perspectivas
dos sujeitos", um importante alvo nas abordagens qualitativas.
O questionário consiste em um conjunto de questões pré-elaboradas,
sistematicamente e seqüencialmente dispostas que constituem o tema da pesquisa, com o
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objetivo de suscitar dos informantes respostas por escrito ou verbalmente sobre assunto que
os informantes saibam opinar.
A entrevista padronizada em pesquisa é um tipo de comunicação entre um
pesquisador que pretende colher informações e indivíduos que detenham formação e
possam emiti-las. É um diálogo preparado com objetivos definidos e uma estratégia de
trabalho (Chizzotti, 1991).
Partindo destes conceitos foi aplicada uma entrevista ao público visitante após a
participação nas atividades do evento, na saída do Zôo e aos monitores um questionário
após a realização do evento.
A análise documental é realizada a partir de quaisquer material escrito que possam
ser usados como fonte de informação complementando as informações obtidas por outras
técnicas.
Aproveitou-se os relatórios de descrição das atividades anuais do Centro de
Educação Ambiental para fomentar esta avaliação.
4. Resultados e discussão:
As exposições realizadas durante o "Dia do Lobo-guará", recebeu pessoas de todas
as idades, desde crianças a idosos, da comunidade local e também de cidades da região,
como Votorantim, Araçoiaba da Serra, Tapiraí, entre outras.
A divulgação da imprensa falada e escrita contribui muito para a presença do
público durante os eventos.
A TV local foi pontual na cobertura do evento a ponto de divulgar anteriormente
“chamadas” para o evento e durante a sua realização fazer a cobertura para posterior
divulgação nos horários de maior audiência, levando assim a informação a aqueles que
não prestigiaram “in loco” a atividade.
No dia de realização do último evento o caderno infantil do jornal de maior
circulação da cidade publicou como matéria de capa: “Lobo-Guará: Ele é seu amigo,
SABIA? E merece PROTEÇÃO!!!
4.1 Resultados dos cantos de atividades:
Houve um grande interesse do público ao seguir as pegadas do lobo inclusive
comparando com a sua atingindo a sua função: guiar o público aos cantos de exposição.
Esse resultado demonstrou a importância da aplicação de estratégias interativas para obter o
interesse do público. Com o mesmo objetivo, no primeiro ano de evento (2000), ao entrar
no Zoológico, o visitante se deparava com uma silhueta de Lobo com pistas e informações
sobre o animal que os levariam até o local da exposição. Não tivemos êxito, pois os
visitantes queriam “lazer” e não ler pistas ou textos.
O Cine Zôo foi a atividade que dispertou menor interesse do público, talvez pela
existência de outras atividades simultâneas nos espaços abertos que eram também mais
interativas.
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Com relação a atividade de maior interesse do público, pode-se observar pelos
depoimentos e participação que as crianças se interessaram muito pela pintura de rosto,
pela confecção da orelha do lobo e pelos animais taxidermizados. Já os adultos e idosos se
mostraram bastante interessados nas informações passadas pelos monitores, prestigiando
muito a exposição e apoiando, por depoimentos, a conservação do Lobo-guará e dos
animais do cerrado.
4.2 Resultados obtidos por meio da avaliação de questionário do público visitante:
A faixa etária do público visitante compreende primeiramente a faixa de (18 50anos), seguidos pela faixa de 7 – 12 anos, 13 – 18 anos e > 50 anos.
nº entrevistados
Grau de Escolaridade
60
50
40
30
20
10
0
a
2000
2001
2002
média
ano
analf.
1º grau
2º grau
superior
Figura 1. Grau de escolaridade do público participante do evento nos anos de 2000 a 2002.
A escolaridade média encontrada nos três anos do evento apontou um maior
público sendo de 1º grau (± 1,41), seguido pelo 2º grau (± 5,91), superior (± 2,94) e
analfabeto (± 3,56) e mordem decrescente.
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Percepção do público quanto a atividade do Dia do Lobo Guará
80
nª entrevistados
70
60
50
40
30
20
10
0
2000
2001
2002
média
ano
Figura 2. Percepção do público de que havia uma atividade diferenciada ocorrendo na área
do Zoológico.
O público entrevistado nos três anos de evento percebeu que houve atividades
diferenciadas no Zôo.
nº entrevistas
Novos conhecimentos sobre o Lobo Guará
80
70
60
50
40
30
20
10
0
sim
não
não resposta
média
respostas
2000
2001
2002
Figura 3. Aquisição de informações sobre o lobo, segundo os visitantes.
O público entrevistado declarou na sua maioria não ter recebido informações sobre
o Lobo-guará, indicando que as estratégias para divulgação do evento poderiam ser mais
atrativas atingindo um número maior e mais diversificado de pessoas
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n. entrevistas
Onde vive o lobo guará
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
2000
2001
2002
média
ano
cerrado
floresta
outros
não resp.
Figura 4. Pergunta de conhecimento sobre a informação sobre o habitat do lobo-guará.
O ecossistema de Cerrado foi apontado pela maioria dos entrevistados como o
ambiente onde vive o lobo-guará, sendo que a floresta, outros e não respondido foram
citados em ordem decrescente demonstrando que essa informação foi assimilada pelos
participantes.
nº entrevistas
O Lobo Guará está ameaçado de extinção?
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
2000
2001
2002
sim
não
não respondeu
média
respostas
Figura 6. Grau de ameaça do lobo-guará segundo respostas dos visitantes.
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Pode-se perceber por esse gráfico que ficou claro ao visitante o grau de
vulnerabilidade do animal.
4.3 Resultados obtidos por meio da avaliação dos monitores:
Segundo os resultados obtidos de uma amostra de 32 avaliações aplicadas após a
exposição à equipe de monitores que atuaram nas diferentes atividades pudemos classificar
alguns pontos de destaque.
Uma das dificuldades por eles apresentadas foi a de desmitificar alguns conceitos
sobre a natureza tais como:
“ O ouriço lança seus pêlos quando se sente ameaçado e que estes caminham pela
pele e trazem doenças”
“ Se a gente colocar o pêlo do ouriço num vidro com álcool, você sabia que o pêlo
procria?!”,
“ A jibóia mama leite na teta da vaca até secar!” “ Ela é venenosa”
“O teiú é parente do jacaré e a tartaruga e jaboti curam bronquite”
“O lobo é mau, ele comeu a vovozinha!” As crianças em medo de tocar”
“Muitos pensam que o lobo-guará tem o mesmo habiat que os lobos americanos”.
Animais que mais chamaram a atenção do público:
Dentre os animais presentes na tenda de exposição do cerrado e do lobo-guará
obtiveram destaque: jibóia e o jaboti vivo, os animais taxidermizados grandes: tamanduá,
lobo-guará, e ao animais realacionado a alguma crença popular. Ex: ouriço
A exposição com animais vivos e manuseáveis é uma experiência significante e
inesquecível para o público que, ao tocá-lo, além de trabalhar diversas sensações como o
medo, aversão e afeto, assimila mais facilmente os conhecimentos transmitidos.
Estratégias que mais atrairam a atenção do público:
A barraca do cerrado atraiu um público bem maior que o Canto do Lobo, devido a
uma maior variedade de objetos, como mostra os depoimentos dos monitores:
“ Na minha opinião, o Lobo deveria ser trabalhado dentro do seu ambiente, para
mostrar o ecossistema onde vive e a importância das relações ecológicas entre as espécies.
Além do que , a variedade de animais é o que mais atrai o público” .
“ O conteúdo passado para as pessoas foi importante, pois a maioria das pessoas
não sabia da existência na região de cerrado em Sorocaba e ficaram surpresos quando
souberam que a planta da prancha em exposição era encontrada aqui na cidade”.
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5- CONCLUSÃO
Com a realização deste tipo de evento, o Zôo de Sorocaba mostra que além de ser
um centro de visitação e lazer, é também um centro de pesquisa, procriação de espécies
ameaçadas de extinção e educação ambiental.
O caráter lúdico foi muito atrativo e se fez presente em todas as atividades, por ser
um componente essencial neste ambiente de aprendizagem, onde a experiência direta e o
manuseio são algumas estratégias interativas que proporciona um aprendizado prazeroso e
significativo.
Segundo Mergulhão (1998), os eventos são atividades de impacto que visam chamar
a atenção do público, de uma forma rápida, possuem um tema específico e não
proporcionam discussão imediata, mas permitem o despertar do interesse para um
aprofundamento posterior, com a vantagem de atingir um número grande de pessoas ao
mesmo tempo.
Pudemos observar desta maneira, que se faz necessário a realização de atividades de
continuidade com o público, com eventos periódicos e trabalhos paralelos no ensino formal
visando uma melhor comunicação com o público e desta forma atingir os objetivos
propostos pelo GTC e o Zôo.
Conclui-se que atividades direcionadas à conservação do cerrado, de seus animais e
principalmente do Lobo-guará, são de grande importância e bem aceitos pelo público, já
que este está gradativamente, tornando-se consciente dos problemas gerados pelas ameaças
de extinção que estão pairando sobre todos os ecossistemas, principalmente sobre o
cerrado, que é um dos ecossistemas presentes na cidade de Sorocaba.
6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Ambiental. São Paulo, 1995.
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