Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, Solenidade

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Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, Solenidade
23 de novembro de 2014
“Entregará a realeza a Deus-Pai, para que Deus
seja tudo em todos”
Leituras: Ezequiel 34, 11-12.15-17; Salmo 22 (23), 1-2a.2b-3,5-6; Primeira Carta de São Paulo aos
Coríntios 15, 20-26.28; Mateus 25, 31-46.
COR LITÚRGICA: BRANCA OU DOURADA
Animador: Estamos na última semana do Ano litúrgico, e vamos concluí-la com esta festa de Cristo, Rei do
Universo. E a liturgia de hoje nos convida a comporta-se como Deus; agir como Deus, que se preocupa com
cada um; de modo especial com aquele que tem a vida ameaçada de algum modo. Lembramos, também
hoje, do dia do leigo, que vivendo o sacerdócio comum de todos os batizados, ajudam a cristificar o
mundo, iluminando a consciência das pessoas, libertando-as da escravidão do pecado, e reconhecendo
Jesus na prática da misericórdia.
1. Situando-nos brevemente
Esta solenidade já fora preparada pela celebração do 33º Domingo do Tempo Comum, na semana passada.
Estamos, portanto, dentro do mesmo quadro de final de ano litúrgico, na perspectiva escatológica da
segunda vinda de Cristo. Com isso, ao mesmo tempo em que finalizamos um ano litúrgico, a solenidade de
Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo dá início ao próximo ano, com o Tempo do Advento, que nos
prepara para a segunda vinda do Cristo.
Após um ano, celebrando e meditando a partir do caminho traçado pelo Evangelho de Mateus, somos
chamados a uma parada para reflexão. Mateus nos apresentou Jesus como Filho de Deus, descendente de
Davi, que veio cumprir toda a justiça do Reino do Pai, que constituiu um novo povo, da nova eterna
aliança, selada agora pelo sangue do Filho de Deus, o Messias esperado, com aqueles que aderiram a ele.
É tempo, então, de refletir: como fizemos este caminho celebrativo e histórico de descoberta e
proximidade do Filho de Deus, o Filho do Homem? Assumimos o seu Evangelho, vivendo a partir dos seus
preceitos, tornando-o Senhor e Rei de nossas vidas e, por isso, de todo o universo? Sobre o que seremos
julgados quando ele vier em sua glória?
2. Recordando a Palavra
A temática da segunda vinda de Jesus é agora apresentada por ele de forma definitiva e carregada da sua
tônica de julgamento. Ele virá em sua glória, revestido de todo o poder que lhe foi dado no céu e sobre a
terra. Sua glória consistiu em sua fidelidade ao projeto do Pai. Por isso está assentado à sua direita e “há
de vir a julgar os vivos e os mortos” (credo).
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A partir da figura do pastor, Jesus elucida este momento decisivo da história da salvação: a parusia. Ele “se
assentará em seu trono glorioso” (Mt 25,31), pois é rei. Deste lugar de realeza e de soberania sobre “todos
os povos da terra” (Mt 25,32) que estarão diante dele, Jesus separará uns dos outros e os julgará.
A uns dará a herança do Reino, a outros, os separará definitivamente do seu meio, pois participarão do
“castigo eterno” (Mt 25,46). Portanto, ele julgará como pastor e como rei.
3. Atualizando a Palavra
Ainda hoje a realeza de Cristo não se enquadra na compreensão de realeza em muitas culturas ou mesmo
na lógica do mundo. Sua realeza passa, necessariamente, por sua condição de pastor, rei e juiz.
Como pastor, Jesus revelará o seu constante cuidado para com suas ovelhas, seu povo; como rei, usará de
sua autoridade para o julgamento. Dessa forma, fará cumprir a justiça pela qual deu a própria vida.
O critério do julgamento para a participação em sua glória, recebendo a herança do Reino, será o amor pro
seus irmãos (Cf. Mt 25, 40), os “pequeninos” (v.45). O julgamento terá como referência, portanto, não uma
ação arbitrária do monarca sobre seus súditos.
Mas o julgamento terá como referencial as relações humanas no trato para com os pequenos, pobres e
excluídos. Ele, o Messias, Rei e Senhor, virá um dia para fazer cumprir a justiça aos seus pequeninos.
São João Crisóstomo (séc.V), em uma de suas homilias, ao referir-se a esta passagem do Evangelho de
Mateus, faz um exigente comentário. Vejamos:
“Queres honrar o corpo de Cristo? Não o desprezes quando nu; não o honres aqui com vestes de seda e
abandones fora no frio e na nudez o aflito. Pois aquele que disse: Isto é o meu corpo (Mt 26,26) e
confirmou com o ato a palavra, é o mesmo que falou: Tu me viste faminto e não me alimentaste (cf. Mt
25,35); e: O que não fizeste a um destes mais pequeninos, não o fizeste a mim (cf. Mt 25,45). Este não tem
necessidade de vestes, mas de corações puros, aquele, porém, precisa de grande cuidado....
Que proveito haveria, se a mesa de Cristo está coberta de taças de ouro e ele próprio morre de fome?
Sacia primeiro o faminto e, depois, do que sobrar, adorna sua mesa. Fazes um cálice de ouro e não dás um
copo de água? Que necessidade há de cobrir a mesa com véus tecidos de ouro, se não lhe concederes nem
mesmo a coberta necessária? Que lucro haverá? Dize-me: se vês alguém que precisa de alimento e,
deixando-o lá, vais rodear a mesa, de ouro, será que te agradecerá ou, ao contrário, se indignará? Que
acontecerá se ao vê-lo coberto de andrajos e morto de frio, deixando de dar as vestes, mandas levantar
colunas douradas, declarando fazê-lo em sua honra? Não se julgaria isto objeto de zombaria e extrema
afronta?
Pensa também isto a respeito de Cristo, quando errante e peregrino vagueia sem teto. Não o recebes
como hóspede, mas ornas o pavimento, as paredes e os capitéis das colunas, prendes com cadeias de
prata as lâmpadas, e a ele, preso em grilhões no cárcere, nem sequer te atreves a vê-lo. Torno a dizer que
não proíbo tais adornos, mas que com eles haja também cuidado pelos outros. Ou Melhor, exorto a que se
faça isto em primeiro lugar. Daquilo, se alguém não o faz, jamais é acusado, porém, se alguém o
negligencia, provoca-lhe a Geena e fogo inextinguível, suplício com os demônios. Por conseguinte,
enquanto adornas a casa, não desprezeis o irmão aflito, pois ele é mais preciosos que o templo” (Das
Homilias sobre Mateus, de São João Crisóstomo, bispo. Hom. 50,3-4, in Liturgia das Horas vol IV, p. 155157.
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4. Ligando a Palavra com ação litúrgica
A justiça a ser realizada torna, então, os que viveram os valores do Reino, em parceiros de Cristo, o Senhor.
Eles são chamados de “benditos de meu Pai”. Sua atitude foi a de cuidar dos prediletos do Reino de Deus,
os “pequeninos”, vivendo o que aprenderam de Jesus: o amor.
São benditos e herdarão o Reino, porque são justos: deram de comer e beber aos que estavam com fome e
com sede, acolheram os estrangeiros, vestiram os que estavam nus, cuidaram dos doentes, visitaram os
prisioneiros.
Eles não são julgados benditos por Jesus apenas porque praticaram obras de caridade. São assim julgados,
porque viram e acolheram os pequenos como sendo o próprio Jesus. “Então os justos lhe perguntarão:
“Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer?” (Cf. Mt 25, 37-39).
Foi assim que o Senhor Jesus agiu, “desde a criação do mundo” (Mt 25,34) e prefigurado nas ações de Deus
ao seu povo exilado na Babilônia, foi ele mesmo procurar suas ovelhas dispersas e tomar conta delas,
fazendo-as repousar, procurando a ovelha perdida, reconduzindo a extraviada, enfaixando a da perna
quebrada, fortalecendo a doente e vigiando a ovelha gorda e forte (Cf. Ez 35, 15-16 – primeira leitura).
Quantas vezes durante o ano litúrgico fomos escutando as narrativas das ações de Deus em seu Filho Jesus
Cristo, que transforma a história, porque é seu Senhor? A cada domingo, não excluindo o caminho feito na
semana, fomos contemplando um Jesus que, tendo preparado para nós mesa farta (Salmo Responsorial) –
pão da Palavra e da Eucaristia – , foi iluminando a nossa mente e coração, indicando os caminhos a serem
seguidos e as exigências do Evangelho a serem radicalmente assumidas?
Então, um dia, chegará o julgamento: “Quanto a vós, minhas ovelhas, - assim diz o Senhor Deus – eu farei
justiça entre uma ovelha e outra, entre carneiros e bodes” (Ez 34,17). Aos que estiverem à sua direita, o
Rei dirá: “Vinde, benditos de meu Pai” Recebei como herança o Reino que meu Pai vos preparou desde a
criação do mundo!” (Mt 25,34). A eles, que pertencem a Cristo, por ocasião de sua vinda, participarão
também da sua ressurreição (Cf. 1Cor 15,23)
E aos que estiveram à sua esquerda, o Rei lhes dirá: “Afastai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno,
preparado para o diabo e para os seus anjos” (Mt 25,41). Este será o fim, pois ele destruirá todo poder e
força e entregará a realeza a Deus Pai (cf. 1Cor 15,24). “Pois é preciso que ele reine, até que todos os seus
inimigos estejam debaixo de seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte” (1Cor 15, 25-26). Um
dia, Deus será tudo em todos!
Jesus Cristo é o vencedor da morte e do pecado. Nele e através dele, o Filho amado de Deus, o Rei do
universo, por seu mistério pascal, realizando a redenção da humanidade (prefácio), levará todas as
criaturas à libertação de toda escravidão, para que sirvam à sua majestade e o glorifiquem eternamente
(oração do dia).
O Cordeiro que foi imolado, por isso, “é digno de receber o poder, a divindade, a sabedoria, a força e a
honra. A ele glória e o poder através dos séculos” (antífona de entrada). Um dia entregará ao Pai o seu
Reino, confiado a ele. “Reino eterno e universal: reino da verdade e da vida, reino da santidade e da graça,
reino da justiça, do amor e da paz” (prefácio).
Oração dos fiéis:
Presidente: Rezemos ao Pai para que por meio de Cristo, Rei do Universo , possa dar ao mundo a sua paz,
num clima de justiça e de busca do reino definitivo.
1. Pai, em nome de Cristo, rei injustamente condenado à morte, suplicamos:
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Todos: Lembre-se de todos os que sofrem condenações injustas.
2. Pai, em nome de Cristo rei libertador, pedimos:
Todos: Olhe pelos pobres e oprimidos pela ganância dos poderosos.
3. Pai, em nome da realeza de Cristo, rezemos:
Todos: Livre nosso povo da exploração, corrupção e deslealdade.
4. Pai, em nome de Cristo, rei servidor, pedimos:
Todos: Faça com que sejamos julgados, não pelos nossos merecimentos, mas segundo sua misericórdia.
5. Pai, em nome de Cristo, Senhor do universo, suplicamos:
Todos: Que todos os leigos possam viver segundo a sua vontade.
6. Pai, em nome de Cristo, rei doador da vida:
Todos: Faça com que nossos dizimistas possam sentir alegria na doação material que fazem para a nossa
comunidade.
Presidente: Senhor, que sobre todas as pessoas resplandeça a luz de seu Filho, Rei do universo.
Todos: Amém.
III. LITURGIA EUCARÍSTICA
ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS:
Presidente: Oferecendo-vos estes dons que nos reconciliam convosco, nós vos pedimos, ó Deus, que o
vosso próprio Filho conceda a paz e união a todos os povos. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
ORAÇÃO APÓS A COMUNHÃO:
Presidente: Alimentados pelo pão da imortalidade, nós vos pedimos, ó Deus, que, gloriando-nos de
obedecer na terra aos mandamentos de Cristo, Rei do Universo, possamos viver com ele eternamente no
reino dos céus. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
BÊNÇÃO E DESPEDIDA:
Presidente: O Senhor esteja convosco. Todos: Ele está no meio de nós.
Presidente: Conceda, ó Deus, a teus fiéis a bênção desejada, para que nunca se afastem do caminho e da
verdade anunciadas por teu Filho Jesus Cristo, Senhor Rei do Universo. Todos: Amém.
Presidente: Abençoe-vos o Deus todo-poderoso, Pai e Filho e Espírito Santo. Todos: Amém.
Presidente: Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe. Todos: Graças a Deus.
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