Capítulo 02 - Livro Texto

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Unidade II
Unidade II
10 BALANÇO PATRIMONIAL
10.1 Introdução
O Balanço Patrimonial é um demonstrativo contábil que
mostra a situação econômica e financeira de uma empresa em
um determinado momento.
A estrutura desse demonstrativo contábil está estabelecida
5 nos artigos 178, 179, 180 e 182 da Lei nº 6.404/76, alterada pelas
Leis nº 11.638/07 e nº 11.941/2009, que a seguir transcrevemos:
10
Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas
segundo os elementos do patrimônio que registrem,
e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a
análise da situação financeira da companhia.
§ 1º No Ativo, as contas serão dispostas em ordem
decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas
registrados, nos seguintes grupos:
I – Ativo circulante; Lei nº 11.941/09;
15
II – Ativo não circulante, composto por Ativo realizável
a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível.
(Incluído pela Lei nº 11.941/09)
2º No Passivo, as contas serão classificadas nos
seguintes grupos:
24
CONTABILIDADE
- Passivo circulante; (Incluído pela Lei nº 11.941/09)
- Passivo não circulante; e (Incluído pela Lei nº
11.941/09)
5
- Patrimônio Líquido, dividido em capital social,
reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial,
reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos
acumulados. (Alterado pela Lei nº 11.941/09)
179. As contas serão classificadas do seguinte modo:
10
15
I - no Ativo circulante: as disponibilidades, os direitos
realizáveis no curso do exercício social subseqüente
e as aplicações de recursos em despesas do exercício
seguinte;
II – no Ativo realizável a longo prazo: os direitos
realizáveis após o término do exercício seguinte, assim
como os derivados de vendas, adiantamentos ou
empréstimos a sociedades coligadas ou controladas
(artigo 243), diretores, acionistas ou participantes no
lucro da companhia, que não constituírem negócios
usuais na exploração do objeto da companhia;
20
III – em investimentos: as participações permanentes
em outras sociedades e os direitos de qualquer
natureza, não classificáveis no Ativo circulante, e
que não se destinem à manutenção da atividade da
companhia ou da empresa;
25
IV – no Ativo imobilizado: os direitos que tenham por
objeto bens corpóreos destinados à manutenção das
atividades da companhia ou da empresa ou exercidos
com essa finalidade, inclusive os decorrentes de
operações que transfiram à companhia os benefícios,
riscos e controle desses bens; (Redação dada pela Lei
nº 11.638, de 2007)
30
25
Unidade II
5
VI – no intangível: os direitos que tenham por objeto
bens incorpóreos destinados à manutenção da
companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive
o fundo de comércio adquirido. (Incluído pela Lei nº
11.638, de 2007)
Parágrafo único. Na companhia em que o ciclo
operacional da empresa tiver duração maior que o
exercício social, a classificação no circulante ou longo
prazo terá por base o prazo desse ciclo.
10
15
20
Art. 180. As obrigações da companhia, inclusive
financiamentos para aquisição de direitos do Ativo
não Circulante, serão classificadas no Passivo
Circulante, quando se vencerem no exercício
seguinte, e no Passivo não Circulante, se tiverem
vencimento em prazo maior, observado o disposto
no parágrafo único do art. 179. (Redação dada pela
Lei nº 11.941/09)
Art.182. A conta do capital social discriminará o
montante subscrito e, por dedução, a parcela ainda
não realizada.
§ 1º Serão classificadas como reservas de capital as
contas que registrarem:
25
30
26
a. a contribuição do subscritor de ações que ultrapassar
o valor nominal e a parte do preço de emissão das
ações sem valor nominal que ultrapassar a importância
destinada à formação do capital social, inclusive nos
casos de conversão em ações de debêntures ou partes
beneficiárias;
b. o produto da alienação de partes beneficiárias e
bônus de subscrição;
CONTABILIDADE
§ 2º Será ainda registrado como reserva de capital o
resultado da correção monetária do capital realizado,
enquanto não capitalizado.
5
10
15
20
§ 3º Serão classificadas como ajustes de avaliação
patrimonial, enquanto não computadas no resultado
do exercício em obediência ao regime de competência,
as contrapartidas de aumentos ou diminuições de
valor atribuídos a elementos do Ativo e do Passivo,
em decorrência da sua avaliação a valor justo, nos
casos previstos nesta Lei ou, em normas expedidas
pela Comissão de Valores Mobiliários, com base na
competência conferida pelo § 3º do art. 177. (Redação
dada pela Lei nº 11.941/09)
§ 4º Serão classificados como reservas de lucros as
contas constituídas pela apropriação de lucros da
companhia.
§ 5º As ações em tesouraria deverão ser destacadas
no balanço como dedução da conta do patrimônio
líquido que registrar a origem dos recursos aplicados
na sua aquisição.
Assim sendo, baseado na legislação atual, o balanço
patrimonial tem a seguinte estrutura:
Balanço patrimonial
Ativo
Passivo
Ativo circulante
Passivo circulante
Ativo não circulante:
Passivo não circulante
• Realizável a longo prazo
Patrimônio líquido
• Investimentos
Capital
Reservas de capital
• Imobilizado
Ajustes de avaliação patrimonial
Reservas de lucros
• Intangível
Ações em tesouraria
27
Unidade II
A seguir, descreveremos a função de cada grupo e subgrupo
componente da estrutura do balanço patrimonial.
10.2 Ativo
No Ativo, encontramos as contas que representam os bens
e direitos que a empresa possui, contas estas que deverão estar
5 dispostas em ordem decrescente de liquidez.
Observamos que o grau de liquidez deve ser entendido
como sendo a capacidade de um bem ou de um direito de se
transformar o mais rapidamente possível em dinheiro. O Ativo
se subdivide em dois grandes grupos: Ativo circulante e Ativo
10 não circulante.
10.2.1 Ativo circulante
Este grupo reunirá as contas representativas dos bens e dos
direitos cujo prazo de realização ocorra no curso do exercício
social seguinte, isto é, até doze meses da data do balanço
patrimonial.
15
Podemos dividir o Ativo circulante em:
10.2.1.1 Disponibilidades
São os recursos financeiros que se encontram à disposição
imediata da empresa, tais como caixa, bancos, aplicações
financeiras.
10.2.1.2 Créditos
São os direitos provenientes de vendas a prazo, tais como
20 clientes, duplicatas a receber, contas a receber. Neste item,
também encontramos contas redutoras, como provisão para
devedores duvidosos, duplicatas descontadas.
28
CONTABILIDADE
10.2.1.3 Estoques
São compostos por contas que representam a produção,
tais como matérias-primas, a venda, tais como mercadorias
ou produtos acabados ou o consumo, tais como materiais de
limpeza, materiais de expediente. Como conta redutora que
5 encontramos neste grupo, destacamos a provisão para ajustes
a valores de mercado dos estoques.
10.2.1.4 Despesas antecipadas
São aplicações de recursos em gastos que serão apropriados
no curso do período subseqüente à data do balanço.
10.2.2 Ativo não circulante
Segundo o estabelecido pela legislação atual, é dividido
10 em Ativo realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e
intangível.
10.2.2.1 Ativo realizável a longo prazo
São classificadas neste grupo as contas que representam
bens e direitos cujos prazos de realização situam-se após o
término do exercício social subsequente à data do balanço
15 patrimonial.
Neste grupo, poderemos encontrar todas as contas
componentes do Ativo circulante, com exceção das
disponibilidades.
10.2.2.2 Investimentos
São classificadas neste grupo as participações societárias
20 de caráter permanente, além dos bens e direitos que não se
destinem à manutenção das atividades fins da empresa, tais
como imóveis para venda, obras de arte etc.
29
Unidade II
10.2.2.3 Imobilizado
São classificadas neste grupo as contas representativas dos
bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da
empresa. Podem ser subdivididos em:
5
• tangível: veículos, máquinas, imóveis, móveis e utensílios,
tendo a conta depreciação acumulada como redutora;
• recursos naturais: que podem ser minerais ou florestais
de exploração da empresa: pedreiras, porto de areia,
minas de carvão, tendo como conta redutora a exaustão
acumulada;
10
15
• objeto de arrendamento mercantil: são bens utilizados
pela empresa, mas que não são de sua propriedade. São
bens alugados de terceiros que poderão ser comprados
pela empresa no prazo final do contrato de aluguel;
• imobilização em andamento: obras em andamento,
máquinas em construção.
10.2.2.4 Intangível
São recursos aplicados em itens imateriais, tais como
marcas, patentes, direitos autorais, tendo como conta redutora
a amortização acumulada.
10.3 Passivo
No Passivo, encontramos as contas que representam as
20 obrigações da empresa para com terceiros em geral (bancos,
fornecedores, funcionários). No Passivo, as contas são dispostas
observando-se o grau decrescente de exigibilidades. Observamos
que o grau de exigibilidade representa o maior ou menor prazo
em que a obrigação deve ser paga pela empresa.
25
30
O Passivo se subdivide em dois grandes grupos: Passivo
circulante e Passivo não circulante.
CONTABILIDADE
10.3.1 Passivo circulante
Este grupo reunirá as contas representativas das obrigações
cujo prazo de vencimento aconteça no curso do exercício
social seguinte, isto é, até doze meses da data do balanço
patrimonial.
5
Neste grupo, encontramos contas como fornecedores,
duplicatas a pagar, empréstimos, impostos a pagar, impostos a
recolher, salários a pagar, dividendos a pagar, financiamentos.
10.3.2 Passivo não circulante
São classificadas neste grupo as contas que representam
obrigações cujos prazos de vencimentos situam-se após o
10 término do exercício social subseqüente à data do balanço
patrimonial. Podemos encontrar todas as contas do Passivo
circulante, vencíveis após o exercício social seguinte.
10.4 Patrimônio líquido
No patrimônio líquido, encontraremos as contas que
representam obrigações para com os proprietários. São os
15 capitais próprios que representam os recursos investidos
pelos proprietários, bem como suas variações decorrentes dos
resultados obtidos pela empresa.
O patrimônio líquido compreende os seguintes subgrupos
de contas:
10.4.1 Capital social
20
Composto pela conta capital social, conta esta que representa
o investimento feito pelos proprietários na empresa, e pela conta
capital a integralizar, que corresponde ao capital social subscrito
pelos proprietários, mas ainda não integralizado, sendo esta
última conta redutora da conta capital social.
31
Unidade II
10.4.2 Reservas de capital
São contas representativas de ganhos obtidos pela empresa
que não transitam pelo resultado, tais como ágio recebido na
emissão de ações, alienação de partes beneficiárias, alienação
de bônus de subscrição.
10.4.3 Ajustes de avaliação patrimonial
5
São classificados como ajustes de avaliação patrimonial
enquanto não computados no resultado do exercício em
obediência ao regime de competência as contrapartidas de
aumentos ou diminuições de valor atribuídas a elementos do
Ativo e do Passivo, em decorrência de sua avaliação a preço de
10 mercado.
Aplicações em instrumentos financeiros e direitos e títulos de
crédito classificados no Ativo circulante ou no Ativo realizável a
longo prazo, quando forem destinados à venda, serão avaliados
pelo valor de mercado, sendo que, em função do valor de
15 mercado, terão variações na avaliação.
10.4.4 Reservas de lucros
Conforme legislação em vigor, serão classificadas como
reservas de lucros as contas constituídas pela apropriação de
lucros da companhia, que pode ser esta apropriação em função
da lei (reserva legal) ou me função da vontade dos sócios
20 (reservas estatutárias, reserva para contingências, reserva para
expansão, reserva de lucros a realizar).
10.4.5 Prejuízos acumulados
Representam o resultado negativo apurado pela empresa
no exercício atual ou em exercícios anteriores, até a sua
compensação com lucros ou reservas ou, ainda, assumidos pelos
25 proprietários.
32
CONTABILIDADE
10.4.6 Ações em tesouraria
Surgem quando a empresa adquire suas próprias ações,
objetivando reduzir o capital social. Deve-se destacar no balanço
patrimonial como dedução da conta do patrimônio líquido que
registra a origem de recursos aplicados na sua aquisição. É uma
5 conta redutora do patrimônio líquido.
11 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO
EXERCÍCIO (DRE)
11.1 Introdução
A Demonstração do Resultado do Exercício surge em
função da dinâmica das atividades desenvolvidas pelas
empresas entre a data de um balanço patrimonial e a de outro.
Durante este período, a empresa realiza diversas operações
10 que alteram o seu patrimônio (compras, vendas, pagamentos,
recebimentos).
Essas operações praticadas pelas empresas, quer sejam
operacionais ou não operacionais, alteram para mais ou
para menos o patrimônio líquido da empresa, e contêm os
15 elementos indispensáveis para a elaboração da Demonstração
do resultado do Exercício, que são as receitas, que aumentam
o patrimônio líquido, e as despesas, que diminuem o
patrimônio líquido.
A seguir, trataremos da estrutura da Demonstração do
20 Resultado do Exercício, conforme a legislação atual.
11.2 Conceito
A Demonstração do Resultado do Exercício, ao contrário do
balanço patrimonial, é uma demonstração contábil dinâmica,
que mostra a situação econômica e financeira de uma empresa
em determinado período.
33
Unidade II
É um demonstrativo contábil apresentado de forma dedutiva,
ou seja, das receitas subtraem-se as despesas e obtém-se o
resultado do exercício, que pode ser positivo, denominado
de lucro, caso as receitas superem as despesas, ou negativo,
5 denominado de prejuízo, caso as despesas superem as receitas.
Em uma primeira tentativa de apresentação da Demonstração
do Resultado do Exercício, teremos:
DRE
10
Receitas
Despesas
= Resultado do exercício
100
(80)
20
11.3 O dispositivo legal da DRE
A seção V da Lei nº 11.638/07, no seu único artigo, o artigo
187, que a seguir transcreveremos, determina a estrutura da
Demonstração do resultado do Exercício.
15
Seção V
Demonstração do Resultado do Exercício
Art. 187. A demonstração do Resultado do Exercício
discriminará:
20
I – a receita bruta das vendas e serviços, as deduções
das vendas, os abatimentos e os impostos;
II – a receita líquida das vendas e serviços, o custo das
mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto;
25
34
III – as despesas com as vendas, as despesas
financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais
e administrativas, e outras despesas operacionais;
CONTABILIDADE
IV – o lucro ou prejuízo operacional, as receitas e
despesas não operacionais; (Redação dada pela Lei nº
9.249, de 1995)
5
10
V – o resultado do exercício antes do Imposto sobre a
Renda e a provisão para o imposto;
VI – as participações de debêntures, de empregados
e administradores, mesmo na forma de instrumentos
financeiros, e de instituições ou fundos de assistência
ou previdência de empregados, que não se caracterizem
como despesa; (Redação dada pela Lei nº 11.638, de
2007)
VII – o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu
montante por ação do capital social.
15
§ 1º Na determinação do resultado do exercício serão
computados:
a. as receitas e os rendimentos ganhos no período,
independentemente da sua realização em moeda; e
20
b. os custos, despesas, encargos e perdas, pagos
ou incorridos, correspondentes a essas receitas e
rendimentos.
11.2 Exemplo de Demonstração do Resultado do
Exercício
25
Com base no artigo acima mencionado, podemos
exemplificar uma Demonstração do Resultado do
Exercício:
Receita bruta das vendas
(-) Devolução de vendas
(-) Abatimentos sobre vendas
35
Unidade II
5
10
15
20
25
(-) Descontos comerciais sobre vendas
(-) Impostos incidentes sobre vendas
= Receita líquida
(-) CMV / CPV / CSV
= Lucro bruto
(-) Despesas com vendas
(+) Receitas financeiras
(-) Despesas financeiras
(-) Despesas gerais/administrativas
(±) Outras receitas/Despesas operacionais
= Resultado operacional
(+) Receitas não operacionais
(-) Despesas não operacionais
= Lucro antes Imposto de Renda e contribuição ocial
(-) Provisão Imposto de Renda
(-) Provisão contribuição social
= Lucro antes das participações em lucro
(-) Participação de empregado
(-) Participação de administradores
(-) Participação de partes beneficiárias
(-) Participação de debenturistas
(-) Contribuição para instituições ou fundos de
assistência ou previdência de empregados
= Resultado do exercício
Lucro por ação
11.4 Contas da DRE
Para uma melhor compreensão da DRE, passaremos a
discorrer sobre o significado das contas que dela participam.
Receita bruta
É o valor das vendas originadas pelo desenvolvimento
30 das atividades previstas no estatuto ou no contrato social da
empresa. Na empresa comercial, esta receita é composta pela
venda de mercadorias; na empresa industrial, pela venda de
36
CONTABILIDADE
produtos; e nas empresas prestadoras de serviços, pela venda de
prestação de serviços.
A receita bruta engloba as vendas à vista e a prazo, vendas
realizadas nos mercados interno e externo.
5
10
15
Partindo-se da receita bruta, dela subtraímos as chamadas
“deduções de vendas”, para chegarmos à receita líquida. As
deduções de vendas são compostas por:
• devolução: surge quando, por exemplo, a empresa vende
uma mercadoria ou um produto e o cliente não aceita a
mercadoria entregue, pois ela está em desacordo com o
pedido, por exemplo, no que diz respeito à qualidade, à
quantidade. Neste momento, o cliente pode devolver a
mercadoria no todo ou em parte, ou ficar com a mercadoria
entregue em desacordo com o pedido e negociar um
abatimento;
• abatimento: surge quando o cliente, em vez de devolver
a mercadoria ou o produto que está em desacordo com o
pedido, ficar com a mercadoria ou o produto e negociar
uma redução de preço;
20
25
30
• desconto comercial: é aquele oferecido diretamente no
preço da mercadoria ou do produto, objetivando aumentar
o volume das vendas. É também conhecido como desconto
incondicional;
• impostos incidentes sobre as vendas: as empresas
funcionam como arrecadadoras de impostos dos governos,
pois, no preço das suas mercadoria, de seus produtos ou
serviços, estão embutidos os impostos, que devem ser
repassados aos cofres públicos. Assim sendo, os impostos
e contribuições que incidem sobre as vendas fazem parte
das deduções da receita bruta, sendo os mais comuns o
ICMS, IPI, ISS, PIS, COFINS.
37
Unidade II
Receita líquida
É a denominação de uma conta que demonstra o valor da
receita bruta, deduzido das chamadas “deduções de vendas”.
CMV / CPV / CSV
5
10
O custo das mercadorias vendidas (CMV), o custo dos
produtos vendidos (CPV) e o custo dos serviços prestados (CSV)
correspondem ao custo das vendas e mostram o quanto custou
para a empresa tudo o que foi entregue ao cliente sob a forma
de mercadoria, produto ou prestação de serviço.
Lucro bruto
O lucro bruto é obtido pela diferença entre a receita líquida
e o custo das vendas.
Despesas com vendas
São aquelas despesas incorridas para que a empresa possa
15 vender suas mercadorias, seus produtos ou serviços; tais como
frete sobre vendas, salários e encargos sociais de vendedores,
manutenção de sites na Internet, propaganda.
Receitas financeiras
Juros e correção monetária obtidos nas aplicações financeiras,
20 juros no recebimento de duplicatas em atraso.
Despesas financeiras
Juros pagos ou incorridos por atraso de pagamento a
fornecedores, ou em empréstimos e financiamentos.
38
CONTABILIDADE
Despesas gerais/administrativas
Compreendem as despesas incorridas com, por exemplo,
contabilidade, auditoria, energia elétrica, telefone, água,
segurança, assistência médica a funcionários.
5
Outras receitas/despesas operacionais
Compreendem as receitas e as despesas operacionais que
não se classificam nos grupos de receitas e despesas anteriores.
Por exemplo, o resultado de equivalência patrimonial, que pode
ser positivo (receita) ou negativo (despesa).
10
Resultado operacional
Obtido partindo-se do lucro bruto, somando-se as receitas e
subtraindo-se as despesas operacionais. Este resultado pode ser
positivo (lucro operacional) ou negativo (prejuízo operacional).
Receitas não operacionais
15
São geradas, por exemplo, pela venda de itens do Ativo
imobilizado, pelo recebimento de indenização de seguradoras.
Despesas não operacionais
São geradas pelo custo do item do Ativo imobilizado vendido,
pela baixa de bens sinistrados.
20
Lucro antes do imposto de renda e contribuição social
É o ponto de partida para se chegar ao lucro que será
tributado pelo imposto de renda.
Imposto de renda e contribuição social sobre o lucro
Após a apuração do lucro tributável e a base de cálculo da
25 contribuição social sobre o lucro, aplicam-se os percentuais
39
Unidade II
cabíveis e se obtém o valor do imposto de renda e da contribuição
social.
Lucro antes das participações nos lucros
Corresponde ao lucro antes do imposto de renda e
5 contribuição social sobre o lucro, deduzido da provisão para
imposto de renda e da provisão para contribuição social.
Participação
administradores
de
empregados/participação
de
São, na realidade, despesas, pois representam uma espécie
10 de complemento de remuneração calculada com base no lucro
obtido pela empresa.
Participação de partes beneficiárias
Representa também uma despesa, pois representa uma
participação paga aos possuidores desses títulos negociáveis
15 e nominativos emitidos por sociedades anônimas, que não
integram o capital social.
Participação de debenturistas
Corresponde a um tipo de despesa financeira, pois, na
realidade, a empresa está remunerando o capital de terceiros
20 (debenturistas) aplicado na companhia sob a forma de
debêntures.
Resultado do exercício
Pode ser lucro ou prejuízo e representa o resultado de todas
as operações que a empresa realizou em determinado período.
25 Representa o quanto o patrimônio da empresa cresceu, no caso
de lucro, ou quanto diminuiu, no caso de prejuízo.
40
CONTABILIDADE
Lucro por ação
Representa o quociente da divisão do lucro da empresa pelo
número de ações que compõe o capital social.
Por exemplo:
5
Uma empresa possui um capital social de $ 5.000.000,00
(cinco milhões de reais), composto por 10.000.000 de ações
(ordinárias e preferenciais), com valor nominal de $ 0,5 cada.
Caso esta empresa apresente, ao final do período, um lucro
líquido de $ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais), seu
10 lucro por ação será de $ 5,00 (50.000.000 ÷ 10.000.000).
12 DEMONSTRAÇÃO DE ORIGENS E
APLICAÇÕES DE RECURSOS (DOAR)
12.1 Introdução
Tal qual o balanço patrimonial e a Demonstração do
resultado do Exercício, a Demonstração de Origens e Aplicações
de Recursos (DOAR) é um demonstrativo contábil. O objetivo da
DOAR é demonstrar a variação do capital circulante líquido de
15 uma empresa, ocorrida entre um e outro período contábil.
O Capital Circulante Líquido (CCL) é obtido pela diferença
entre o total do Ativo circulante e o total do Passivo circulante,
ou seja:
CCL = AC – PC
Observamos que, com a vigência da Lei nº 11.638/07, a
20 elaboração da DOAR passou a ser facultativa, mas, pela sua
importância gerencial, apresentaremos, neste capítulo, sua
estrutura e sua elaboração.
41
Unidade II
12.2 Cálculo da variação do capital circulante
líquido
A variação do capital circulante líquido de um período para
outro pode ser obtida conforme a seguir:
Balanço Patrimonial
X1
Passivo
Disponibilidades 100 125
Ativo
X0
Fornecedores
50
75
Empréstimos LP
10
35
250
250
310
360
Estoques
10
Imóveis
200 200
X0
X1
35
Patrimônio líquido
Capital
Total
310 360
Cálculo do CCL
5
AC
PC
= CCL
X0
110
(50)
60
X1
160
(75)
85
A variação do CCL de X0 para X1 será obtida da seguinte
10 forma:
Variação do CCL = CCLX1 – CCLX0
Variação do CCL = 85 – 60 = 25
É exatamente esta variação (25) que a DOAR irá explicar.
42
CONTABILIDADE
12.3 Regras para elaboração da DOAR
Observando o balanço patrimonial exemplificado, podemos
observar, do ano de X0 para o ano de X1, duas operações:
1ª operação: Compra de mercadorias para estoque, a prazo,
no valor de 25.
5
Seria esta operação a causa que explicaria a variação do
CCL? Não, pois provocou um aumento no Ativo circulante de 25
e outro aumento no Passivo circulante de 25.
2ª operação: Obtenção de empréstimo a longo prazo no
valor de 25.
10
Seria esta operação a causa que explicaria a variação do
CCL? Sim, pois provocou um aumento no Ativo circulante de
25 (disponibilidade) e outro aumento no Passivo não circulante,
empréstimo a longo prazo de 25.
Por estes exemplos, podemos afirmar que só alteram o CCL
15 as operações do tipo “circulante x não circulante”.
Operações do tipo “circulante x circulante” e “não circulante
x não circulante” não afetam o CCL e, consequentemente, não
afetam a DOAR.
12.4 Origens e aplicações de recursos
Para a elaboração da DOAR, consideraremos como “origens”
20 de recursos qualquer aumento do CCL, e como “aplicações”
recursos qualquer diminuição do CCL. Assim sendo, com os
dados do nosso exemplo inicial, de uma forma simples, podemos
elaborar a seguinte DOAR:
43
Unidade II
DOAR
1. Origens de recursos
Obtenção de empréstimos a LP
5
25
2. Aplicação de recursos
0
3. Variação do CCL
25
12.5 O lucro do exercício
O lucro líquido do exercício é a principal origem do CCL.
Ele, porém, para ser assim considerado, necessita de alguns
“ajustes”.
Para exemplificar, partiremos do balanço patrimonial em
10 X1 e imaginaremos que a empresa, em X2, realizou apenas as
seguintes operações:
1. Venda à vista de mercadorias em estoque por $ 40. As
mercadorias custaram $ 15.
2. A depreciação dos imóveis foi de $ 10.
15
3. Houve pagamento de despesas de aluguel, no período, de $ 5.
A DRE e o balanço patrimonial em X2 seriam:
DRE
20
44
Receita de vendas
CMV
= Lucro bruto
Despesa depreciação
Despesa aluguel
= Lucro líquido
40
(15)
25
(10)
(5)
10
CONTABILIDADE
Balanço patrimonial
Ativo
X1
X2
Disponibilidades
125 160
Estoques
35
Imóveis
200 200
Depreciação acumulada
-
20
(10)
Passivo
X1
X2
Fornecedores
75
75
Empréstimos LP
35
35
Capital
250
250
Lucros acumulados
-
10
Total
360
370
Patrimônio líquido
360 370
Total
Calculemos a variação ocorrida no CCL, após a inclusão das
operações:
5
AC
PC
= CCL
X1
160
(75)
85
X2
180
(75)
105
Variação do CCL = CCLX2 – CCLX1 = 105 – 85 = 20
Observa-se que o CCL aumentou em 20, enquanto o lucro
10 foi de apenas 10. Este acontecimento decorre do fato de que
a despesa de depreciação afetou o valor do lucro líquido,
reduzindo-o, mas não afetou o CCL, pois a contrapartida desta
despesa é uma conta do “não circulante”, ou seja, depreciação
acumulada.
15
20
Assim sendo, o lucro líquido, para ser considerado origem de
recursos, deve, antes, ser ajustado pelo acréscimo do valor da
despesa de depreciação do período.
Lucro líquido
+ Depreciação
= Lucro líquido ajustado
10
10
20
45
Unidade II
É o lucro líquido ajustado que explica a variação do CCL de
20.
Outros fatos, além da depreciação, devem ser considerados
no ajuste do lucro líquido. São eles:
5
• amortização, exaustão;
• variações monetárias ou cambiais;
• resultado da equivalência patrimonial.
Tais fatos, se tiverem natureza de receita, devem ser subtraídos
do lucro líquido para obtenção do lucro líquido ajustado.
10
Por outro lado, se tiverem a natureza de despesa, devem
ser somados ao lucro líquido para a obtenção do lucro líquido
ajustado.
12.6 Outras origens de recursos
O lucro líquido pode ser considerado como a principal
origem do CCL; entretanto, não é a única. Outras operações que
15 envolvem contas “circulante x não circulante” também fazem
variar para mais o CCL. Estas operações são divididas em dois
grupos:
• dos acionistas;
• de terceiros.
20
Como exemplo de origem de recursos provenientes dos
acionistas, podemos mencionar a integralização do capital pelos
acionistas em dinheiro.
E como exemplo de origem de recursos provenientes de
terceiros, podemos mencionar:
46
CONTABILIDADE
• os financiamentos contraídos a LP;
• a transferência da ARLP para o AC;
• a venda de itens do Ativo imobilizado.
12.7 Venda dos itens do Ativo imobilizado
Para melhor entendermos este item, vamos partir do exemplo
5 anterior em X1 e dar continuidade nas operações da empresa
em X3, considerando apenas o fato de ter sido vendido à vista
um imóvel cujo saldo contábil era de 50 por 75.
A DRE e o balanço patrimonial em X3 seriam:
DRE X3
10
15
Receita de vendas
CMV
= Lucro bruto
Despesa de depreciação
Despesa de aluguel
= Resultado operacional
(+) Resultado não operacional (75 – 50)
= Lucro líquido do exercício
40
(15)
25
(10)
(5)
10
25
35
Balanço Patrimonial
Ativo
X1
X3
Passivo
X1
X3
Disponibilidades
125
235
Fornecedores
75
75
Estoques
35
20
Imóveis
200
150
Empréstimos LP
35
35
Depreciação acumulada
-
(10)
Capital
250
250
Lucros acumulados
-
35
Patrimônio líquido
Total
360
395
Total
360
395
47
Unidade II
Calculemos a variação ocorrida no CCL:
5
AC
PC
= CCL
X1
160
(75)
85
X3
255
(75)
180
Variação do CCL = CCLX3 – CCLX1 = 180 – 85 = 95
Apuremos agora o lucro líquido ajustado:
10
Lucro líquido do exercício 35
+ Depreciação
10
= Lucro líquido ajustado 45
Percebemos que a diferença entre a variação do CCL 95 e o
lucro líquido 45 é de 50, que corresponde exatamente ao saldo
contábil do imóvel vendido.
A DOAR seria:
15
DOAR
1. Origens de recursos
Lucro líquido
Depreciação
= Lucro líquido ajustado
20
48
35
10
45
De terceiros
Venda itens imobilizado
Total das origens
50
95
2. Aplicações
3. Variação do CCL
0
95
CONTABILIDADE
12.8 Aplicações
As aplicações de recursos originam-se de operações entre
“circulante x não circulante”, que reduzem o CCL. Como exemplo,
podemos mencionar:
• compra de itens do investimento, imobilizado, intangível;
5
• aumento de itens do ARLP;
• pagamento de obrigações a LP;
• transferência de obrigações de longo prazo para o circulante;
• distribuição de dividendo.
12.9 Estrutura da DOAR
1. Origens
10
Das operações
15
Lucro líquido do exercício
+ Depreciação / Amortização / Exaustão
± Variação cambial (ou CM de dívida)
± Resultado equivalência patrimonial
= Lucro ajustado
Dos acionistas
Integralização de capital em dinheiro
De terceiros
20
Novos empréstimos
Alienação de itens do imobilizado
Venda de itens dos investimentos
Total das origens
49
Unidade II
2. Aplicações de recursos:
• aquisição de novos itens do imobilizado;
• aquisição de novos investimentos;
• pagamento de financiamentos;
5
• distribuição de dividendos.
Total das aplicações
3. Aumento / Redução do CCL.
13 DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA
(DFC)
Introdução
A demonstração dos fluxos de caixa (DFC), a partir de
01/01/2008,
passou a ser uma demonstração obrigatória,
10
conforme estabeleceu a lei nº 11.638/07, que alterou a lei nº
6.404/76. Essa alteração formalizou uma tendência internacional
no sentido de que a demonstração de origens e aplicações
de recursos (DOAR) fosse substituída pela demonstração dos
15 fluxos de caixa, pelo fato de ser a DOAR um demonstrativo
contábil de difícil interpretação pelos não contadores, apesar
de sua inegável utilidade na análise da situação econômica e
financeira das empresas. A DOAR é mais abrangente em termos
de informações do que a DFC, entretanto, as técnicas e os
20 conceitos utilizados na elaboração da DOAR fazem com que ela
seja de difícil compreensão por administradores, analistas de
mercados e investidores.
Assim, ao se tornar a DFC uma demonstração contábil
obrigatória, o Brasil passou a seguir a orientação do International
25 Accounting Standards Board (IASB), órgão que estabelece
as normas internacionais de contabilidade, e do Financial
50
CONTABILIDADE
Accounting Standards Board (FASB), órgão normatizador das
práticas contábeis americanas, engajando-se nas práticas dos
principais mercados financeiros internacionais.
Durante a elaboração desta unidade, a proposta de
5 normatização da DFC, que estava em audiência pública colocada
pelo CPC, acabara de ser aprovada.
Assim sendo, será aplicado o CPC-3, que trata da elaboração
da demonstração dos fluxos de caixa que desenvolve o conteúdo
sobre este demonstrativo contábil.
14 CONCEITO
10
A demonstração dos fluxos de caixa é um demonstrativo
contábil que explica as modificações ocorridas no saldo das
disponibilidades da empresa em um determinado período, por
meio da exposição dos fluxos de recebimentos, registrados
a débito (aumentos), e de pagamentos, registrados a crédito
15 (reduções) da conta caixa.
Apesar do nome, devemos considerar, no saldo da conta
caixa, as chamadas disponibilidades, ou seja, os equivalentes de
caixa, assim constituídos por:
a. recursos disponíveis em caixa;
20
b. recursos disponíveis nas contas correntes bancárias;
c. aplicações financeiras conversíveis imediatamente em moeda.
15 ESTRUTURA DA DEMONSTRAÇÃO DOS
FLUXOS DE CAIXA
Considerando-se a estrutura como forma de apresentação,
a DFC deve ser estruturada conforme as atividades, operações
que provocam aumentos ou reduções de caixa, em três tipos, a
25 saber:
51
Unidade II
1 – atividades operacionais;
2 – atividades de investimentos;
3 – atividades de financiamentos.
15.1 As atividades operacionais
As atividades operacionais estão diretamente relacionadas à
5 demonstração do resultado do exercício e devem corresponder
às entradas e saídas em dinheiro ou equivalente referentes às
operações principais da empresa, tais como:
Entradas:
• recebimentos de vendas (à vista e a prazo);
10
• recebimentos de outras receitas (aluguéis, juros);
• recebimentos de indenização por sinistros, sentenças
judiciais.
Saídas:
• pagamentos de compras (fornecedores em geral);
15
• pagamentos de despesas (salários, aluguéis, impostos,
juros).
15.2 Atividades de investimentos
As atividades de investimentos estão diretamente
relacionadas às operações que provocam aumentos e
diminuições dos ativos de vida útil longa, utilizados na
20 produção de bens e serviços, bem como a aquisição de títulos e
valores de outras sociedades, classificados no ativo circulante
ou permanente, tais como:
52
CONTABILIDADE
Entradas:
• recebimentos do principal de empréstimos e financiamentos
concedidos;
• recebimentos de alienação e participação societárias;
5
• recebimentos de alienação de títulos de investimentos;
• recebimentos da venda de imobilizado e outros ativos
utilizados na produção de bens e serviços.
Saídas:
10
• desembolsos dos empréstimos concedidos pela empresa a
coligadas/controladas /acionistas;
• pagamentos na compra de títulos de investimento de
outras entidades;
• pagamentos na compra de títulos patrimoniais de outras
sociedades;
15
• pagamentos à vista referentes à compra de imóveis,
máquinas, etc.
15.3 Atividades de financiamentos
As atividades de financiamentos estão diretamente
relacionadas às operações de captação de recursos próprios e de
recursos de terceiros, assim como o pagamento e a remuneração
20 desses recursos.
Entradas:
• integralização do capital em dinheiro;
• recebimentos em dinheiro de reservas de capital;
• recebimentos de empréstimos e financiamentos.
53
Unidade II
Saídas:
• pagamentos de empréstimos e financiamentos contraídos;
• pagamentos de dividendos;
5
• pagamentos de juros e encargos sobre empréstimos e
financiamentos.
16 TRANSAÇÕES QUE NÃO AFETAM O CAIXA
Observemos agora algumas transações que não afetam o
caixa da empresa, em virtude de não haver pagamento nem
recebimento:
10
• depreciação, amortização, exaustão: representam reduções
do ativo, sem afetar o caixa;
• provisão para devedores duvidosos: representa uma
estimativa de eventuais perdas com clientes que não
representam desembolso para a empresa;
• reavaliação: hoje não permitida pela atual legislação;
15
• ganhos ou perdas com investimentos (participações)
através da aplicação do método da equivalência
patrimonial.
17 MÉTODOS DE ELABORAÇÃO DA
DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA (DFC)
Existem dois métodos para a elaboração da demonstração
dos fluxos de caixa, a saber:
20
1 – método direto;
2 – método indireto.
As diferenças entre o método direto e o indireto estão
exatamente nos fluxos das atividades operacionais. Os fluxos das
54
CONTABILIDADE
atividades de investimentos e financiamentos são demonstrados
de forma idêntica nos dois métodos.
17.1 Método direto
A metodologia de elaboração da DFC direta mostra todos os
recebimentos e pagamentos que contribuíram para a variação
5 das disponibilidades no período.
A metodologia direta divulga informações mais complexas
para o usuário da contabilidade. A estrutura da DFC pelo método
direto pode ser assim exemplificada:
DFC
10
15
Fluxos das atividades operacionais
(+) Recebimentos de clientes (ajuste 1)
(+) Recebimentos de dividendos e juros
(+) Outros recebimentos provenientes das operações
(-) Pagamentos a fornecedores (ajuste 2)
(-) Pagamentos de despesas operacionais (ajuste 3)
(-) Pagamentos de despesas antecipadas (ajuste 4)
(-) Pagamentos de impostos e contribuições
(-) Outros pagamentos decorrentes das operações.
Fluxos das atividades de investimentos
20
25
(+) Recebimentos do principal de empréstimos e
financiamentos concedidos
(+) Recebimentos provenientes do resgate de investimentos
temporários
(+) Recebimentos provenientes da alienação de bens do
imobilizado
(+) Recebimentos provenientes da alienação de
investimentos permanentes
55
Unidade II
5
(-) Desembolsos de empréstimos e financiamentos
concedidos
(-) Pagamentos na aquisição à vista de investimentos
permanentes
(-) Pagamentos na aquisição à vista de bens do imobilizado
(-) Pagamentos na aquisição à vista de itens do intangível
(-) Pagamentos na aquisição de investimentos temporários.
Fluxos das atividades de financiamentos
10
15
(+) Recebimentos provenientes da realização de capital
em moeda
(+) Recebimentos provenientes de empréstimos e
financiamentos obtidos
(+) Outros recebimentos provenientes de financiamentos
(-) Pagamentos do principal de empréstimos e
financiamentos obtidos
(-) Outros pagamentos decorrentes das atividades de
financiamentos.
Variação das disponibilidades no período
20
Saldo final das disponibilidades
(-) Saldo inicial das disponibilidades
Variação das disponibilidades no período.
Vejamos agora os ajustes mencionados na estrutura da DFC
como meios alternativos para a mensuração de alguns itens das
atividades operacionais e de investimentos.
17.1.1 Ajustes de atividades operacionais
17.1.1.1 Recebimentos de clientes (ajuste 1)
25
56
A obtenção do valor dessa atividade operacional pode ser
obtida pela seguinte soma algébrica:
CONTABILIDADE
Vendas do exercício (à vista e a prazo)
5
(+) Saldo inicial de duplicatas a receber
(-) Saldo final de duplicatas a receber
(-) Saldo inicial de duplicatas descontadas
(+) Saldo final de duplicatas descontadas
= Total dos recebimentos de clientes no exercício.
Exemplo
Suponhamos que uma determinada empresa tenha os
seguintes saldos:
10
• Duplicatas a receber – saldo inicial
30
• Duplicatas descontadas – saldo inicial
20
• Duplicatas a receber – saldo final
22
• Duplicatas descontadas – saldo final
17
Teríamos:
15
20
• Vendas
100
Vendas do exercício
100
(+) Saldo inicial duplicatas a receber
(-) Saldo final duplicatas a receber
(-) Saldo inicial duplicatas descontadas
(+) Saldo final duplicatas descontadas
= Recebimento de clientes
30
(22)
(20)
17
105
17.1.1.2 Recebimentos de clientes (ajuste 1) com perdas
de créditos a receber e PDD
Se os clientes da empresa não pagaram seus compromissos,
a perda com esses clientes deve ser deduzida da soma algébrica
indicada no item anterior para que se obtenha o valor correto
25 recebido pelas vendas, uma vez que esse recurso não ingressou
no disponível da empresa. Assim, teremos:
57
Unidade II
Vendas do exercício
5
(+) Saldo inicial de duplicatas a receber
(-) Saldo final de duplicatas a receber
(-) Saldo inicial de duplicatas descontadas
(+) Saldo final de duplicatas descontadas
(-) Perdas com duplicatas a receber
= Total de recebimentos de clientes do exercício.
Por outro lado, se a empresa, prevendo o não pagamento,
constituiu uma provisão para devedores duvidosos (PDD) e lançou
10 a perda a débito de PDD, o ajuste deverá ser feito diminuindo-se
da PDD que não foi revertida no exercício do valor das vendas.
Exemplo
15
Vendas do exercício
200
Saldo inicial de clientes
40
Saldo final de clientes
30
PDD constituída no final do exercício anterior
10
Reversão de PDD no final do exercício
3
PDD constituída no final do exercício1
2
A perda com clientes foi no exercício de sete, correspondente
20 à perda da PDD que não foi revertida. O valor recebido de clientes
será assim calculado:
58
Vendas do exercício
200
(+) Saldo inicial de clientes
(-) Saldo final de clientes
(-) PDD do exercício anterior
(+) Reversão de PDD no exercício
= Recebimento de clientes
40
(30)
(10)
3
203
CONTABILIDADE
17.1.1.3 Pagamentos a fornecedores (ajuste 2)
O pagamento feito a fornecedores é obtido de maneira
análoga à do recebimento de clientes, ou seja, toma-se o valor
das compras no exercício e ajusta-se pela variação dos saldos da
conta fornecedores.
5
Compras do exercício
(+) Saldo inicial de fornecedores
(-) Saldo final de fornecedores
= Pagamento a fornecedores no exercício
17.1.1.3.1 Para empresas comerciais
O valor das compras em empresas comerciais pode ser obtido
10 pela fórmula:
C = CMV – EI + EF
Exemplo
A empresa “X” apresenta os seguintes dados, extraídos de
seus demonstrativos contábeis (BP e DRE)
15
Saldo inicial da conta fornecedores
Saldo final da conta fornecedores
Saldo inicial da conta mercadorias
Saldo final da conta mercadorias
Custo das mercadorias vendidas
20
O valor das compras efetuadas no exercício (C) é:
100
130
200
190
500
C = CMV – EI + EF
C = 500 – 200 + 190 = 490
59
Unidade II
O valor pago a fornecedores no exercício é:
5
Compras do exercício
(+) Saldo inicial de fornecedores
(-) Saldo final de fornecedores
= Pagamentos a fornecedores
490
100
(130)
460
17.1.1.3.2 Para empresas industriais
O valor das compras em empresas industriais pode ser obtido
utilizando-se a fórmula seguinte para obtenção do custo dos
produtos vendidos (CPV):
Estoque inicial de materiais
10
15
20
(+) Compras de materiais
(-) Estoque final de materiais
= Materiais consumidos (MAT)
(+) Mão de obra direta (MOD)
(+) Custos indiretos de fabricação (CIF)
= Custo de produção do período (CPP)
(+) Estoque inicial de produtos em elaboração (EIPE)
(-) Estoque final de produtos em elaboração (EFPE)
= Custo da produção acabada (CPA)
(+) Estoque inicial de produtos acabados (EIPA)
(-) Estoque final de produtos acabados (EFPA)
= Custo dos produtos vendidos (CPV)
Uma vez obtido o valor das compras de materiais, utiliza-se
de forma semelhante à das empresas comerciais e obtém-se o
valor pago a fornecedores no exercício.
17.1.1.4 Pagamento de despesas operacionais (ajuste 3) e
despesas antecipadas (ajuste 4)
25
60
Os pagamentos de despesas no exercício englobam:
CONTABILIDADE
1. o pagamento de despesas operacionais incorridas em
exercícios anteriores e pagos no exercício corrente;
2. o pagamento de despesas operacionais incorridas e pagas
no próprio exercício;
5
3. o pagamento de despesas operacionais ainda não
incorridas (antecipadas).
Por outro lado, os pagamentos citados não englobam:
a. os valores de despesas incorridas no presente exercício, a
serem pagas no exercício seguinte;
10
15
b. as transferências de despesas antecipadas pagas em
exercícios anteriores e que foram computadas como
despesas do exercício seguinte;
c. os valores de despesas que foram incorridas no período,
mas que não representam saídas de caixa (depreciação/
exaustão/amortização/saldo devedor de equivalência
patrimonial).
Supondo-se que todas as despesas operacionais transitaram
pelo contas a pagar, o pagamento de despesas do exercício pode
ser obtido da seguinte forma:
20
25
30
Despesas operacionais incorridas no exercício
(+) Saldo inicial de contas a pagar
(-) Saldo final de contas a pagar
(-) Despesas que não implicam desembolso
(-) Transferência de despesas antecipadas para o resultado
do exercício
= Desembolso com despesas operacionais já incorridas
(+) Transferências de despesas antecipadas
(-) Saldo inicial de despesas antecipadas
(+) Saldo final de despesas antecipadas
= Pagamentos de despesas operacionais e de despesas
antecipadas no exercício.
61
Unidade II
Exemplo
A empresa Beta S.A. apresentou os seguintes dados referentes
a despesas operacionais e despesas antecipadas:
Saldo inicial de contas a pagar
Saldo final de contas a pagar
Saldo inicial de despesas antecipadas
Saldo final de despesas antecipadas
Despesas operacionais incorridas
Transferência de despesas antecipadas
para despesas operacionais
Despesas que não implicaram desembolso
300
280
60
70
850
40
120 (depreciação
90 e equivalência
patrimonial 30)
A movimentação do caixa e das contas correlatas pode assim
5 ser decomposta:
a. a empresa pagou o saldo de contas a pagar no início do
exercício;
10
15
20
62
b. o saldo inicial de despesas antecipadas era de 60 e o
final, de 70; como houve no exercício uma transferência
de 40 de despesas antecipadas para resultado (fato que
não afetou o saldo de caixa), concluiu-se que a empresa
pagou 50 de despesas antecipadas;
c. as despesas de depreciação e equivalência patrimonial não
afetam o caixa e tiveram um valor de 120; as despesas do
exercício que teriam implicado desembolso equivalente a
690 (850 – (120 + 40));
d. como havia um saldo final de 280 em contas a pagar e
as despesas operacionais incorridas e pagas no exercício
somam 410 (690 – 280), no razonete as disponibilidades
seriam:
CONTABILIDADE
Disponibilidades
300 (a)
50 (b)
410 (d)
760
O mesmo valor de 760 poderia ser encontrado aplicando-se
a fórmula:
Despesas operacionais incorridas
850
300
(+) Saldo inicial contas a pagar
(-) Saldo final contas a pagar
(280)
(120)
(-) Despesas efetuadas sem desembolso
(-) Transferência de despesas antecipadas para resultado (40)
710
= Desembolso com despesas operacionais
(+) Transferências de despesas antecipadas para resultado
40
(60)
(-) Saldo inicial de despesas antecipadas
(+) Saldo final de despesas antecipadas
70
760
= Desembolso total com despesas
17.2 Método indireto
Por esse método, também conhecido como “método da
reconciliação”, a DFC é elaborada a partir do resultado de
5 exercício, efetuando-se ajustes para:
10
15
a. somar ao resultado todas as despesas que não representam
desembolso (depreciação/amortização/exaustão/gastos
em constituição de provisão/perda na venda de itens
do imobilizado/perda com a aplicação do método da
equivalência patrimonial) e diminuir todas as receitas
que não impliquem entrada de numerário (reversão de
provisões/ganhos na venda de itens do imobilizado/ganhos
com a aplicação de método da equivalência patrimonial);
b. excluir do lucro a parcela que foi aplicada no aumento
de outros bens e direitos do AC (exceto disponível) ou na
63
Unidade II
diminuição das obrigações do PC e somar a ele os recursos
advindos da diminuição do AC (exceto disponível) e do
aumento do PC.
O fluxo de caixa das atividades de investimentos e
5 financiamentos é igual ao do método direto.
A estrutura da DFC pelo método indireto é:
1. Fluxo de caixa de atividades operacionais
10
15
Lucro líquido do exercício
(+) Depreciação/amortização/exaustão
(+) Despesas com constituição de provisões
(+) Transferências de despesas antecipadas para resultado
(-) Reversão de provisões
(-) Despesas antecipadas pagas no exercício
(+) Receita negativa (positiva da equivalência patrimonial)
(+) Perda (ganho) de capital
(+) Outras receitas e despesas que não envolvam numerário
(+) Aumento/diminuição em bens e direitos do AC
(+) Decréscimo/aumento em obrigações do PC.
2. Fluxo de caixa das atividades de investimentos
20
Igual à do método direto.
3. Fluxo de caixa das atividades de financiamentos
Igual à do método direto.
4. Variação do disponível (1 + 2 + 3).
5. Saldo inicial das disponibilidades.
25
64
6. Saldo final das disponibilidades.
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