UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE CIÊNCIAS MÉDICAS FACULDADE DE FARMÁCIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS APLICADAS A PRODUTOS PARA SAÚDE ANNE CAROLINE ANDRADE CARDOSO DESENVOLVIMENTO DE NANOPARTÍCULAS LIPÍDICAS SÓLIDAS CONTENDO ÓLEO DE COPAÍBA (Copaifera spp.) E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE CICATRIZANTE IN VIVO NITERÓI 2015 ANNE CAROLINE ANDRADE CARDOSO DESENVOLVIMENTO DE NANOPARTÍCULAS LIPÍDICAS SÓLIDAS CONTENDO ÓLEO DE COPAÍBA (Copaifera spp.) E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE CICATRIZANTE IN VIVO Dissertação apresentada ao Curso de Pósgraduação em Ciências Aplicadas a Produtos para Saúde da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal Fluminense, como requisito à obtenção do título de Mestre. Orientadora: Profª Drª Deborah Quintanilha Falcão Co-Orientadora: Drª Ana Claudia Fernandes Amaral Niterói, RJ 2015 C 683 Cardoso, Anne Caroline Andrade. Desenvolvimento de nanopartículas lipídicas sólidas contendo óleo de copaíba (Copaifera spp.) e avaliação da atividade cicatrizante in vivo/ Anne Caroline Andrade Cardoso; orientadora: Deborah Quintanilha Falcão. ― Niterói, 2015. 85f. Dissertação (Mestrado) ― Universidade Federal Fluminense, 2015. 1. Nanotecnologia. 2. Óleo de Copaíba. 3. Cicatrização de ferida. 4. Fabaceae. I. Falcão, Deborah Quintanilha. II. Título. CDD 620.5 ANNE CAROLINE ANDRADE CARDOSO DESENVOLVIMENTO DE NANOPARTÍCULAS LIPÍDICAS SÓLIDAS CONTENDO ÓLEO DE COPAÍBA (Copaifera spp.) E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE CICATRIZANTE IN VIVO Dissertação apresentada ao Curso de Pósgraduação em Ciências Aplicadas a Produtos para Saúde da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal Fluminense, como requisito à obtenção do título de Mestre. BANCA EXAMINADORA ___________________________________________________________________________ Profª Drª Deborah Quintanilha Falcão - UFF Orientadora ______________________________________________________________________ Profª Drª Alessandra Lifsitch Viçosa – FIOCRUZ ______________________________________________________________________ Profª Drª Priscilla Vanessa Finotelli – UFRJ ______________________________________________________________________ Profª Drª Samanta Cardozo Mourão - UFF NITERÓI 2015 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por me nortear em todas as decisões, pela motivação a buscar sempre excelência, por me abençoar em todas as etapas, não só do presente trabalho, mas em toda a minha vida e me dar forças nos momentos difíceis. Á minha mãe, Cristiane, pela preocupação, pelas orações, pela força, carinho, compreensão e amizade. Ao meu pai, Cardoso, por sempre acreditar no meu potencial e me ensinar que tudo é possível com determinação, treino e estudo. À Vandete e Roseane, pelas orações, por todo amor e cuidado. A Raphael, pela compreensão, companheirismo, e por todo o suporte. Á minha orientadora e amiga, Prof.ª Dr.ª Deborah Quintanilha Falcão, pela disponibilidade, conselhos, aprendizado, inspiração e também pelas correções. Á co-orientadora, Dr.ª Ana Cláudia Fernandes Amaral, pela disponibilização do laboratório e auxílio. Á Dr.ª Aline de Souza de Ramos, pelo auxílio de vital importância na realização do planejamento experimental. Á todos os amigos de laboratório, em especial à Patricia Alice Knupp Pereira, pela colaboração nos ensaios. Á Prof.ª Dr.ª Sabrina Calil pela disponibilização do laboratório e orientação nos ensaios de regeneração cutânea. Assim como à Paula Avarenga, Thaísa Amorim e Angélica Silveira pela colaboração na realização dos mesmos. Ao Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), em especial à Silvia Albuquerque pelas análises de ATD e IV. Ao Laboratório Multiusuário de Caracterização de Materiais (LAMATE) do IQ-UFF, em especial à Prof.ª Dr.ª Célia Machado Ronconi pela disponibilização do aparelho de espalhamento dinâmico de luz e potencial zeta (DLS). À Cooperativa Extrativista dos Produtores Rurais do Vale do Rio IACO (Cooperiaco) e à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) pelo fornecimento do óleo de copaíba. Aos membros da banca examinadora, Prof.ª Dr.ª Alessandra Lifsitch Viçosa, Prof.ª Dr.ª Priscilla Vanessa Finotelli por terem atendido ao convite.e a Prof.ª Dr.ª Samanta Cardozo Mourão por ter atendido ao convite e pela revisão. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela bolsa concedida, imprescindível para que o trabalho fosse desenvolvido com a tranquilidade necessária. A todos que colaboraram direta ou indiretamente para a realização deste trabalho. RESUMO Nanopartículas Lipídicas Sólidas (NLS) são sistemas de liberação de fármacos promissores e podem ser simplificadamente descritos como nanoemulsões em que a fase interna consiste em lipídeos no estado sólido. Esses nanossistemas podem facilmente encapsular produtos de origem natural como óleos essenciais e fixos. Tendo em vista as inúmeras propriedades farmacológicas do óleo de copaíba (Copaifera spp.), em destaque a utilização como cicatrizante de feridas, elaborou-se um planejamento experimental do tipo fatorial fracionado para o desenvolvimento de NLS contendo este óleo e avaliou-se a atividade cicatrizante in vivo. Sete formulações foram preparadas utilizando diferentes combinações das variáveis: tempo de ultrassom, amplitude da potência do ultrassom e razão entre ativo e lipídeo. A influência das mesmas para determinação da melhor formulação foi investigada frente os parâmetros de resposta: diâmetro hidrodinâmico médio de partícula (Z-ave) e conteúdo de óleo encapsulado (CO). A atividade cicatrizante foi avaliada apela aplicação da formulação (NC), por cinco dias, em lesões cutâneas na região dorsal de camundongos utilizando grupos comparativos em que foi administrada solução salina fisiológica (S), óleo mineral (OM), solução de óleo de copaíba (SCT) e NLS sem óleo (N). Somente a razão ativo/lipídeo parece ter influência sobre o CO, e embora nenhuma das variáveis estudadas tenha relação linear com o Z-ave, verificou-se que o tempo e a amplitude do ultrassom tem influência negativa e a quantidade de óleo empregado na formulação tem influência positiva sobre esse parâmetro. A melhor formulação consistiu na utilização dos maiores valores das variáveis estudadas: 50% da razão ativo/lipídeo, 10 min de tempo de ultrassom e 50% de amplitude do ultrassom, e apresentou Z-ave de 208,0 ± 2,10 nm, índice de polidispersidade (IP) de 0,315± 0,012, potencial zeta (PZ) de –14,1 ± 0,40 mV, CO de 143,31 ± 11,80 mg de óleo/g de NLS e eficiência de encapsulamento (EE) 62,10 ± 5,12%. Os espectros de infravermelho (IV), a análise térmica diferencial (ATD) e o perfil de liberação in vitro do óleo, sugerem que o mesmo foi eficazmente encapsulado sem indicar a presença de óleo adsorvido à superfície da NLS. Houve uma liberação lenta de 82,60% de óleo em 53,5 h, com a participação dos mecanismos de difusão e erosão. A formulação manteve as características físicas mencionadas após 6 meses de armazenamento à 4ºC em frasco de plástico transparente. As lesões apresentaram aumento de tamanho quando tratadas com óleo de copaíba, mas ao final do estudo, no décimo quarto dia, não houve diferença estatística entre os grupos. Dessa maneira foi possível obter uma formulação nanométrica otimizada e estável, com o menor gasto possível de recursos e tempo. Palavras-chave: nanotecnologia, nanopartículas lipídicas sólidas, óleo de copaíba, Copaifera spp. , planejamento experimental, fatorial fracionado, cicatrização. ABSTRACT Solid Lipid Nanoparticles (SLN) are promising drug release systems, and may be described in a simplified manner as nanoemulsions which the internal phase consists of lipid in a solid state. These nanosystems can easily encapsulate natural products as essential and fixed oils. Due to the numerous pharmacological properties of Copaiba oil (Copaifera spp.), with emphasis on the wound healing, a fractional factorial experimental design was elaborated for the development of SLN containing this oil, and the wound healing activity in vivo was evaluated. Seven formulations were prepared using different combinations of the variables: ultrasound time, ultrasound amplitude and oil/lipid ratio. The influence thereof were investigated in the response parameters, mean hydrodynamic particle diameter (Z-ave) and content of encapsulated oil (CO) in order to determine the best formulation. The wound healing activity was evaluated by applying the copaiba loaded SLN (NC) for five days in the dorsal cutaneous lesions in mice, using comparative groups in which were administered physiological saline solution (S), mineral oil (MO), copaiba oil solution (SCT) and unloaded SLN (N). Only the oil/lipid ratio seems to influence the CO, and although none of the studied variables showed linear relationship with the Z-ave, it was found that the time and amplitude of ultrasound has a negative influence and the amount of oil used in the formulation has positive influence on this parameter. The best formulation consisted on the highest values of the studied variables: 50% oil/lipid ratio, 10 min of ultrasound time, 50% of ultrasound amplitude and showed Z-ave of 208.0 ± 2.10 nm, polydispersity index (PI) of 0.315 ± 0.012, zeta potential (ZP) of -14.1 ± 0.40 mV, CO of 143.31 ± 11.80 mg of copaiba oil/g of SLN and entrapment efficiency (EE) of 62.10 ± 5.12% Infraredspectra (IR), differential thermal analysis (DTA) and the in vitro oil release profile, suggested that it was effectively encapsulated with no indication of adsorbed oil on the SLN surface. There was a slow release of 82.60% of oil in 53,5h, with the participation of diffusion and erosion mechanisms. The formulation maintained the physical characteristics described after 6 months of storage in a transparent plastic bottle. Lesions had size increased when treated with copaiba oil, nevertheless, at the end of the study, on the fourteenth day, there was no statistical difference between groups. Thereby, it was possible to obtain an optimized and stable nano-formulation, spending less time and resources as possible . Keywords: nanotechnology, solid lipid nanoparticles, copaiba oil, copaifera spp., experimental design, fractional factorial, wound healing. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO __________________________________________________________ 13 2 EMBASAMENTO TEÓRICO ______________________________________________ 14 2.1 NANOBIOTECNOLOGIA _______________________________________________ 14 2.2 NANOBIOTECNOLOGIA E SISTEMAS DE LIBERAÇÃO DE FÁRMACOS ______ 15 2.3 NANOPARTÍCULAS LIPÍDICAS _________________________________________ 16 2.3.1 Nanopartículas Lipídicas Sólidas _________________________________________ 16 2.3.1.1 Delineamento da Formulação de Acordo com a Via de Administração __________ 19 2.3.2 Carreadores Lipídicos Nanoestruturados____________________________________ 21 2.3.3 Nanopartículas Conjugadas Fármaco-Lipídeo _______________________________ 23 2.4 NLS E ÓLEOS VEGETAIS _______________________________________________ 23 2.5 ÓLEO DE COPAIBA ____________________________________________________ 24 2.5.1 Reserva Extrativista Chico Mendes ________________________________________ 28 2.5.2 Propriedades biológicas _________________________________________________ 29 2.6 O PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO TECIDUAL ____________________________ 34 2.7 PLANEJAMETO ESTATÍSTICO EXPERIMENTAL __________________________ 35 3 OBJETIVO _____________________________________________________________ 37 3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ______________________________________________ 37 4 METODOLOGIA ________________________________________________________ 38 4.1 MATERIAIS __________________________________________________________ 38 4.1.1 Matérias-primas e reagentes _____________________________________________ 38 4.1.2 Equipamentos e acessórios ______________________________________________ 38 4.2 MÉTODOS ____________________________________________________________ 39 4.2.1 Desenvolvimento de metodologia analítica para quantificação do óleo de copaíba ___ 39 4.2.1.1 Quantificação do óleo de copaíba para determinação do conteúdo de óleo encapsulado ________________________________________________________________________ 39 4.2.1.2 Quantificação do óleo de copaíba para avaliação do perfil de liberação __________ 39 4.2.2 Desenvolvimento das nanopartículas ______________________________________ 39 4.2.3 Caracterização das nanopartículas _________________________________________ 41 4.2.3.1 Diâmetro hidrodinâmico médio (Z-ave) e potencial Zeta (PZ) _________________ 41 4.2.3.2 Determinação do conteúdo de óleo encapsulado (CO)________________________ 41 4.2.3.3 Espectrometria no infravermelho - transformada de fourier (IV-TF) ____________ 42 4.2.3.4 Análise térmica diferencial (ATD) _______________________________________ 42 4.2.3.5 Determinação do perfil de dissolução in vitro das nanopartículas _______________ 42 4.2.4 Estudo da estabilidade das nanopartículas ___________________________________ 43 4.2.5 Avaliação do efeito das nanopartículas sobre a regeneração cutânea em camundongos 43 4.2.6 Análise estatística _____________________________________________________ 44 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO_____________________________________________ 45 5.1 DETERMINAÇÃO DE METODOLOGIA ANALÍTICA PARA QUANTIFICAÇÃO DO ÓLEO DE COPAÍBA _______________________________________________________ 45 5.2 DESENVOLVIMENTO DAS NANOPARTÍCULAS __________________________ 46 5.2.1 O planejamento estatístico experimental ____________________________________ 49 5.2.1.1 Diâmetro hidrodinâmico médio de partícula _______________________________ 49 5.2.1.2 Conteúdo de óleo encapsulado __________________________________________ 51 5.1.1.3. Ambos os parâmetros de resposta _______________________________________ 53 5.3 CARACTERIZAÇÃO DAS NLS __________________________________________ 56 5.3.1 Infravermelho com transformada de fourier (IV-TF) __________________________ 57 5.3.2 Análise Térmica Diferencial (ATD) _______________________________________ 58 5.3.3 Perfil de dissolução do óleo de copaíba _____________________________________ 60 5.4 ESTUDO DE ESTABILIDADE ___________________________________________ 64 5.5 AVALIAÇÃO DO EFEITO DAS NAPARTÍCULAS SOBRE A REGENERAÇÃO CUTÂNEA EM CAMUNDONGOS ___________________________________________ 68 6 CONCLUSÕES __________________________________________________________ 74 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ________________________________________ 76 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1. Ilustrações dos tipos de distribuição do princípio ativo na NLS _______________ 18 Figura 2. Ilustração dos tipos de CLN __________________________________________ 22 Figura 3. Árvore de Copaifera langsdorffii ______________________________________ 25 Figura 4. Extração do óleo de copaíba __________________________________________ 27 Figura 5. Distância entre os trados inseridos para retirada do óleo ____________________ 27 Figura 6. Localização da Reserva Extrativista Chico Mendes ________________________ 29 Figura 7. Curva de calibração do óleo de copaíba diluído em etanol obtida pela média aritmética da triplicata do experimento por espectrometria no UV, λ=230nm ___________ 48 Figura 8. Curva de calibração do óleo de copaíba diluído no meio de dissolução (etanol 95% PA, Transcutol®, e água Milli-Q) obtida pela média aritmética da triplicata do experimento por espectrometria no UV, λ=230nm ___________________________________________ 46 Figura 9. Diâmetro médio de partícula (Z-ave) das NLS contendo óleo de copaíba (NC) e branco (N) para cada formulação produzida (experimentos) _________________________ 48 Figura 10. Diagrama de pareto dos efeitos normalizados para a variável diâmetro médio de partícula (Z-ave) __________________________________________________________ 530 Figura 11. Diagrama de pareto dos efeitos normalizados para a variável conteúdo de óleo encapsulado _____________________________________________________________ 552 Figura 12. Gráfico da distribuição de resíduos para o conteúdo de óleo encapsulado _____ 553 Figura 13. Influência da variável tempo de ultrassom sobre os parâmetros de resposta diâmetro médio de partícula (Z-ave) e conteúdo de óleo encapsulado (CO) ____________ 565 Figura 14. Influência da variável amplitude de ultrassom sobre os parâmetros de resposta diâmetro médio de partícula (Z-ave) e conteúdo de óleo encapsulado (CO) _____________ 45 Figura 15. Influência da concentração de óleo de copaíba na formulação (mg de óleo/g de formulação) sobre os parâmetros de resposta diâmetro médio de partícula (Z-ave, nm) e conteúdo de óleo encapsulado (CO, mg de óleo/g de NLS) __________________________ 46 Figura 16. Compritol® 888 ATO ______________________________________________ 57 Figura 17. Pluronic® F-68 ___________________________________________________ 57 Figura 18. Espectro de IV-TF do óleo de copaíba (O), NLS branco (N) e NLS contendo óleo de copaíba (NC) ___________________________________________________________ 58 Figura 19. ATD da NLS branco (N) e da NLS contendo óleo de copaíba (NC) __________ 59 Figura 20. Perfil de liberação in vitro do óleo de copaíba encapsulado em NLS__________ 61 Figura 21. N e NC no dia em que foram produzidas (D0) e após 6 meses (M6) __________ 65 Figura 22. Evolução da contração da ferida nos camundongos após 5 dias de tratamento, durante 14 dias de experimento. _______________________________________________ 69 Figura 23. Análise morfométrica das lesões cutâneas em camundongos durante os dias 0, 3, 7, 10 e 14 do ensaio. __________________________________________________________ 70 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Variáveis e níveis utilizados no planejamento experimental fatorial fracionado 231 +3______________________________________________________________________ 40 Tabela 2. Combinações das variáveis e níveis estudados ____________________________ 40 Tabela 3. Resultados da distribuição do tamanho de partícula (diâmetro médio - Z-ave e índice de polidispersidade - IP), potencial Zeta (PZ), conteúdo de óleo encapsulado (CO) e eficiência de encapsulamento (EE) das NLSs desenvolvidas segundo o planejamento experimental fatorial fracionado 23-1+3 e relação com as variáveis utilizadas na formulação 47 Tabela 4. Teste ANOVA para os parâmetros de resposta em relação a variável Z-ave. ____ 50 Tabela 5. Teste ANOVA para os parâmetros de resposta em relação a variável conteúdo de óleo encapsulado___________________________________________________________ 52 Tabela 6. Cinética de liberação in vitro do óleo de copaíba a partir da NLS desenvolvida. Modelos matemáticos de liberação utilizados, suas respectivas constantes de velocidade de liberação (k), coeficientes de correlação (R2) e expoente de difusão (n) ________________ 62 Tabela 7. Resultados obtidos no primeiro dia (Dia 0) e no sexto mês (Mês 6) do estudo de estabilidade quanto ao diâmetro médio de partícula (Z-Ave), índice de polidispersidade (IP), potencial Zeta (PZ) e eficiência de encapsulamento (EE) para as N e NC (feitas em triplicata)67 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ATD CFL CG CG-EM CIM CLAE CLN Cmax CO DLS EE eV IC50 ICMBio IV MMP NLS NP N NC OECD IP rpm Resex CM UC UV β-CD t1/2 Z-ave Análise Térmica Diferencial Conjugado Fármaco-Lipídeo Cromatografia com fase gasosa Cromatografia com fase gasosa acoplada a espectroscopia de Massas Concentração Inibitória Mínima Cromatografia Líquida de Alta Eficiência Carreadores Lipídicos Nanoestruturados Concentração Máxima Conteúdo de Óleo Encapsulado Dynamic Light Scattering Eficiência de Encapsulamento elétron-volt Coeficiente de Inibição de 50% de crescimento das amostras Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade Infravermelho Metaloproteinases da Matriz Nanopartícula Lipídica Sólida Nanopartícula Nanopartícula Lipídica Sólida Branco (Sem conteúdo encapsulado) Nanopartícula Lipídica Sólida Contendo Óleo de Copaíba Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico Índice de Polidispersidade rotações por minuto Reserva Extrativista Chico Mendes Unidades de Conservação Ultra Violeta beta-ciclodextrina Tempo de meia-vida Diâmetro hidrodinâmico médio 13 1 INTRODUÇÃO O gênero Copaifera spp. foi amplamente difundido no início do período colonial Brasileiro, onde o conhecimento adquirido com os índios sobre as propriedades medicinais possibilitou a sua utilização para as mais diversas mazelas que acometiam os portugueses que aqui chegavam, e para as quais havia escassez de medicamentos (PIERI; MUSSI; MOREIRA, 2009). Com o tempo, esse conhecimento foi se perdendo ou se tornou restrito a determinadas áreas do país. No sentido de tentar resgatar a sua utilização, uma vez que apresenta uma ampla gama de atividades biológicas já cientificamente comprovadas e valorizar o uso das plantas medicinais nacionais, realizou-se o presente estudo, com a intenção de apresentar uma roupagem nova, mais sofisticada e com propriedades ampliadas de uma droga secularmente conhecida e com grande potencial para vir a tornar-se um medicamento fitoterápico inovador. Diversas técnicas inovadoras exploram as características singulares dos nanossistemas, ou seja, sistemas produzidos em escala nanométrica, viáveis pela manipulação da matéria, que podem chegar ao nível atômico e tem aplicações nas mais diversas áreas do conhecimento como a engenharia, medicina, química, informática, ente outros (SAHOO; PARVEEN; PANDA, 2007). Na área farmacêutica, esses nanossistemas podem ser aplicados na obtenção de novas formas farmacêuticas de liberação controlada e sistemas de vetorização de fármacos (drug delivery systems) capazes de ampliar a ação dos princípios ativos (PIMENTEL et al., 2007; SAHOO; PARVEEN; PANDA, 2007). São capazes de oferecer a proteção do fármaco contra possíveis instabilidades no organismo, promovendo o aumento da eficácia terapêutica; sua liberação progressiva e controlada; a redução expressiva da toxidade; a possibilidade de direcionamento a alvos específicos; e diminuição da dose terapêutica e número de administrações que levam ao consequente aumento da aceitação da terapia pelo paciente (PIMENTEL et al., 2007). Dentre os diversos tipos de nanossistemas, foram escolhidas as Nanopartículas Lipídicas Sólidas (NLS) para o encapsulamento do óleo de copaíba. Este diferenciado sistema apresenta uma série de características que constituem vantagem sobre os outros já existentes como os lipossomas e nanopartículas poliméricas, destacando-se dentre elas, a estabilidade e a biocompatibilidade (ARAUJO et al., 2010). 14 2 EMBASAMENTO TEÓRICO 2.1 NANOBIOTECNOLOGIA A nanobiotecnologia é a nanotecnologia aplicada ao manuseio de processos biológicos, ou seja, que ocorrem em moléculas, células e genes gerando inovação (FAKRUDDIN; HOSSAIN; AFROZ, 2012). Esse conceito está intimamente ligado a influência da escala nano. Nessa escala ocorrem mudanças nas propriedades dos sistemas que são diferentes daquelas observadas em tamanhos maiores. Ou ainda, fenômenos que antes eram mascaradas ou apresentavam menor influência sobre a matéria em escala micro e macro, passam a predominar na escala nano. Tais forças, como a gravidade, atrito, eletrostática, entre outras, passam a ter relações diferentes de influência, por exemplo, a força eletrostática que em escala macro muitas vezes é sobreposta pelas outras forças, em escala nano pode ser prevalecente (DURAN; MATTOSO; MORAIS, 2006). Dessa maneira, a nanotecnologia é o conhecimento técnico e científico e/ou as ferramentas, processos e materiais aplicados à escala nanométrica. Como descrito por (JAGDALE et al., 2009) “A nanotecnologia é a ciência e tecnologia de manipular com precisão a estrutura da matéria em nível molecular”1. Muito foi desenvolvido dentro dessa temática, e uma das linhas em grande evolução é a produção de novos materiais. Esses podem ser inorgânicos, representados majoritariamente pelo silício, com grande aplicação na indústria eletrônica e de comunicações; ou orgânicos, tendo sua utilização muito variada, indo desde dispositivos optoeletrônicos (fotodiodos, fotoresistores, etc.) até a produção de polímeros e filmes nano estruturados (DURAN; MATTOSO; MORAIS, 2006). 1 Nanotechnology is the science and technology of precisely manipulating the structure of matter at the molecular level. 15 2.2 NANOBIOTECNOLOGIA E SISTEMAS DE LIBERAÇÃO DE FÁRMACOS A nanobiotecnologia tem sido empregada em uma gama muito variada de atividades, destacando-se o setor farmacêutico. Com relação à adesão e resposta do paciente, tem-se a possibilidade de alterar doses, frequência de ingestão e diminuir efeitos adversos, pois tornase possível um maior controle ou melhora em características como solubilidade, permeabilidade, estabilidade, direcionamento do fármaco ao sítio de ação ou maiores concentrações nos tecidos de interesse, modificação dos perfis de liberação, entre outros. Sob o ponto de vista econômico, o emprego dessas novas tecnologias no desenvolvimento de formas farmacêuticas, apresenta mais uma vantagem para as indústrias que realizam P & D frente às indústrias de genéricos e a perda de patentes, pois permitem que continuem a lucrar por mais tempo com as mesmas moléculas (CHAUDHARI, 2012). Dentro desse contexto se inserem os sistemas de liberação de fármacos ou drug delivery systems. Esses sistemas interpretam uma série de papéis nos sistemas biológicos. Eles podem agir acumulando fármacos em seu interior, protegendo-os e aprimorando suas características farmacocinéticas e dinâmicas; podem prolongar a meia-vida; podem liberá-los de maneira controlada em relação ao tempo e até mesmo em relação ao local de ação, diminuindo assim também os efeitos tóxicos e/ou adversos. Atualmente, sistemas de liberação de fármacos e nanotecnologia estão interligados. Essa nova tecnologia permitiu a criação de estruturas, ou mais precisamente, os “nanocarreadores” e dentre as variadas funções que podem desempenhar, o controle da liberação de fármacos é uma das principais. Os nanocarreadores tem a capacidade de atravessar o endotélio venoso, as diversas barreiras e serem captados pelas células de maneira mais fácil (DOMINGO; SAURINA, 2012; FAKRUDDIN; HOSSAIN; AFROZ, 2012). Alguns exemplos de nanocarreadores são: Nanopartículas poliméricas, lipossomas, dendrímeros e nanopartículas lipídicas. As Nanopartículas Poliméricas como o próprio nome indica, são nanocarreadores formados por polímeros. Os polímeros mais utilizados são o ácido polilático, poliglicólico, policaprolactona, polianidridos, poliésteres, quitosana, albumina, colágeno e gelatina. De maneira geral, podem ser produzidas por dispersão dos polímeros pré-formados ou por polimerização de monômeros. Elas são classificadas como nanocápsulas ou nanoesferas de acordo com a dispersão do ativo em sua estrutura (DOMINGO; SAURINA, 2012; VRIGNAUD; BENOIT; SAULNIER, 2011). 16 Os lipossomas são outro tipo de nanocarreadores muito utilizados por sua similaridade com as membranas celulares. Eles são constituídos por uma ou várias bicamadas fosfolipídicas e possuem a capacidade de carrear fármacos lipofílicos entre as bicamadas, ou fármacos hidrofílicos no seu centro (DOMINGO; SAURINA, 2012). Dendrímeros são estruturas tridimensionais formadas por um núcleo, de onde partem várias ramificações, formando um polímero com “grupos funcionais terminais” e números de ramificações definidos. Uma das vantagens é a possibilidade de um alto grau de controle do peso molecular, normalmente são menores se comparados às outras partículas poliméricas (MONTANARI et al., 1998). O uso das nanopartículas magnéticas no campo do diagnóstico; os biossensores, que permitem a detecção de moléculas em concentrações muito baixas, antecipando diagnósticos que só poderiam ser dados com um avanço muito maior da doença; o aumento da eficácia de imunizações pela liberação de antígenos carreados; as melhorias no tratamento do câncer, pelo acúmulo e direcionamento à células neoplásicas. Todas essas, são algumas das utilizações no campo de prevenção/diagnóstico/tratamento de doenças. Outros nanossistemas que tem sido alvo de muitas pesquisas com essa finalidade são as micelas poliméricas, cristais líquidos, ferrofluidos e pontos quânticos (DOMINGO; SAURINA, 2012; FAKRUDDIN; HOSSAIN; AFROZ, 2012). 2.3 NANOPARTÍCULAS LIPÍDICAS As nanopartículas lipídicas são sistemas constituídos por lipídeos no estado sólido. Esses lipídeos são geralmente considerados seguros, biocompatíveis e biodegradáveis, o que as confere uma série de vantagens frente aos outros sistemas de liberação de ativos. As primeiras a serem desenvolvidas foram as Nanopartículas lipídicas sólidas (NLS), sendo seguidas pelos Carreadores lipídicos nanoestruturados (CLN) e os conjugados FármacoLipídeo (CFL) (CHAUDHARI, 2012; WISSING; KAYSER; MÜLLER, 2004). 2.3.1 Nanopartículas Lipídicas Sólidas As nanopartículas lipídicas sólidas (NLS) podem ser simplificadamente comparadas com um tipo de emulsão onde a fase interna (normalmente um componente lipídico na fase líquida (óleo)) é substituído por um lipídio na fase sólida, não só em temperatura ambiente, 17 mas também em temperatura corporal (MÜLLER; RADTKE; WISSING, 2002). As vantagens da sua utilização são: estabilidade física da nanopartícula (NP) e aumento da estabilidade do fármaco, protegendo-o contra degradação, principalmente aqueles sensíveis à luz, oxidação e hidrólise, biocompatibilidade, menor risco de toxidade, pois sua matriz lipídica é em sua maioria composta por lipídeos fisiológicos, direcionamento a locais específicos do corpo, não utilização de solventes orgânicos, possibilidade de incorporação de substâncias hidrofílicas e lipofílicas e de produção em larga escala, entre outros. Tornando-se assim um sistema muito atrativo no sentido de liberação controlada de fármacos, uma vez que a mobilidade do ativo num sistema lipídico sólido é consideravelmente menor (MEHNERT; MÄDER, 2001). Pode-se levantar como desvantagem das NLS a capacidade de encapsulamento do fármaco que muitas vezes é limitada, a expulsão do mesmo após a mudança de estado polimórfico dos lipídeos e grande quantidade de água presente na formulação (WISSING; KAYSER; MÜLLER, 2004). A via de administração, e os processos de distribuição e enzimáticos influenciam grandemente o comportamento deste tipo de nanopartícula in vivo. A velocidade dos processos enzimáticos, por exemplo, depende dos lipídeos e dos tensoativos empregados na formulação. Já os processos de distribuição dependem do que pode ser adsorvido na partícula durante a passagem in vivo, do perfil de liberação dos componentes da partícula (se por erosão da nanopartícula ou difusão do fármaco através dela) e do tamanho da mesma (MEHNERT; MÄDER, 2001). A forma como o fármaco está distribuído na NLS e consequentemente seu perfil de liberação, depende não somente do tamanho de partícula e das características intrínsecas do ativo como a lipofilicidade, mas principalmente dos fatores relativos a porcentagem de tensoativos utilizados, temperatura, tipo de matriz lipídica, e ao método de produção. Se o objetivo for uma boa eficiência de encapsulamento, a utilização de lipídeos complexos com diversos tamanhos de cadeias favorece a inserção do fármaco entre as mesmas, aumentando a encapsulamento, além disso, quando a cristalização ocorre, é criada uma matriz mais desordenada facilitando a inserção das moléculas do ativo entre as imperfeições do cristal (WISSING; KAYSER; MÜLLER, 2004). Se a técnica de produção utilizar a homogeneização à quente e grande quantidade de tensoativos, o aumento da temperatura e da concentração de tensoativos, aumenta a 18 solubilidade do fármaco na fase aquosa. À medida que ocorre o resfriamento da formulação, ocorre a recristalização do lipídeo e aumenta a tendência do fármaco de se depositar na fase lipídica. Como essa recristalização se dá à partir do núcleo da partícula para a superfície, com a progressiva diminuição de temperatura, menores quantidades de fármaco ficarão solubilizados na água, voltando para o lipídeo. Como o mesmo já iniciou o processo de recristalização, maiores quantidades de fármaco tenderão a se depositar nas camadas mais externas e na superfície da NLS, portanto, quanto maior a temperatura e a quantidade de tensoativo, maiores quantidades de fármaco se depositarão nas camadas mais externas do lipídeo, levando a um perfil de liberação após a administração onde haverá o efeito burst release (liberação rápida) de grandes quantidades de fármaco (MÜLLER; MÄDER; GOHLA, 2000). Este tipo de modelo é descrito como cápsula enriquecida de fármaco ou drug-enriched shell (Figura 1A). Se sob a mesma técnica de produção, durante o resfriamento, o fármaco precipitar antes que o lipídeo atinja a temperatura de solidificação, forma-se o modelo referido como núcleo enriquecido com o fármaco ou drug-enriched core (Figura 1B). Para uma distribuição mais homogênea dentro na NLS, assim como uma liberação mais uniforme após a administração, usa-se o método de preparação à frio e deve-se utilizar também um tensoativo que não solubilize o ativo, levando ao modelo solução sólida ou solid solution (Figura 1C) que é o fármaco molecularmente disperso na matriz lipídica (MÜLLER; MÄDER; GOHLA, 2000). Centro Predominantemente lipídico A Camadas externas enriquecidas com o fármaco Centro enriquecido com o fármaco B C Camadas externas Predominantemente lipídicas Fármaco distribuído uniformemente na matriz Figura 1. Ilustrações dos tipos de distribuição do princípio ativo na NLS (Adaptado de (MÜLLER; MÄDER; GOHLA, 2000)). 19 2.3.1.1 Delineamento da Formulação de Acordo com a Via de Administração As NLS foram inicialmente desenvolvidas para utilização em vacinas e carreamento de fármacos antineoplásicos (ÜNER; YENER, 2007) e portanto para a administração parenteral. Um dos problemas relacionados a esta via de administração é a necessidade de controle absoluto do tamanho de partícula (SCHÄFER-KORTING; MEHNERT; KORTING, 2007) e a etapa de esterilização. A autoclavação é a forma mais utilizada, mas pode levar a liquefação da partícula e um possível rearranjo no modelo de distribuição ativo-lipídeo, mudando as características do sistema (MÜLLER; MÄDER; GOHLA, 2000). Portanto deve-se escolher com bastante cuidado o agente emulsificante, para que esse possa apresentar maior resistência à altas temperaturas sem alterar sua mobilidade e hidrofilicidade em grande extensão. Outras formas de obtenção de esterilidade são a produção asséptica, filtração e radiação gama. Na produção asséptica, é necessário ter grande controle das etapas de formulação para evitar a contaminação, deve-se mencionar também as dificuldades de esterilização e manutenção dessa característica nas matérias-primas. A filtração requer alta pressão e o tamanho das NLSs não deve ser maior que 200 nm. A radiação gama pode ser uma alternativa para formulações que não podem ser esterilizadas à vapor, em contrapartida, por aumentar a energia molecular, pode levar a degradação dos componentes da formulação. Esta degradação é favorecida pelo estado líquido dos constituintes (maior mobilidade molecular) e a presença de oxigênio (MEHNERT; MÄDER, 2001). Para evitar a remoção pelo fígado, baço, e sistema retículo endotelial, fenômeno que ocorre com a maioria dos fármacos administrados intravenosamente, pode-se utilizar um revestimento, como os polímeros de polioxietileno, ou copolímeros de polipropileno, por exemplo, o Pluronic® F68. Estes polímeros tem a função de aumentar o tempo de circulação e assim aumentar a atividade ou liberação no local de ação (WISSING; KAYSER; MÜLLER, 2004). Para administração tópica, parece haver uma predominância da propriedade oclusiva em comparação com a de aumento da permeabilidade, uma das hipóteses é que ocorra uma interação entre os lipídios que compõem a pele e os lipídios do sistema (KÜCHLER et al., 2010). Em ensaios realizados por Kuntsche et al. (2008) observaram-se que a capacidade oclusiva da nanopartícula formulada no estudo citado superou a capacidade de permeação. 20 Destaca-se a influência de fatores como a solubilidade do fármaco na matriz lipídica e na fase externa aquosa, a extensão da camada sebácea da pele, e principalmente a natureza dos lipídeos do sistema. Quanto mais similares forem estes lipídeos aos da pele, maior é a fusão entre eles, favorecendo o mecanismo passivo de aderência ao estrato córneo em detrimento da distribuição através das camadas. Wissing, Lippacher e Muller (2001) utilizaram diferentes formulações para avaliar a dependência de características das nanopartículas com a propriedade oclusiva e verificaram que quanto menor o tamanho de partícula, maior a quantidade de formulação aplicada sobre a pele, maior a cristalinidade do lipídeo e maior a concentração do mesmo na formulação, ocorre maior a oclusão. Ao comparar micropartículas lipídicas sólidas com NLS, De Vringer (1999) obteve um grande aumento do coeficiente de oclusão com as NLS. Ao diminuir o tamanho das partículas, há um aumento do número das mesmas, levando ao aumento da densidade e portanto ao aumento da oclusão (PARDEIKE; HOMMOSS; MULLER, 2009). Um dos possíveis mecanismos para que estas formulações favoreçam a permeação do fármaco, é a hidratação do estrato córneo, que reduz temporariamente o empacotamento dos corneócitos, aumentando as lacunas entre os mesmos e favorecendo a permeação da nanopartícula. As características dos tensoativos utilizados e a adição de promotores de permeação também influenciam esse comportamento (SCHÄFER-KORTING; MEHNERT; KORTING, 2007). Portanto, o controle dessas variáveis pode levar a uma formulação com a finalidade oclusiva (levando a uma maior permanência na pele, menor perda de água e consequentemente maior hidratação), ou de maior permeação, podendo alcançar camadas mais profundas. Pode-se administrar na forma oral, tanto a suspensão aquosa com as nanopartículas, como sob a forma de pellets, comprimidos ou cápsulas (MEHNERT; MÄDER, 2001). Luo et al. (2011) demonstraram um grande aumento da biodisponibilidade de puerarina (substância de baixíssima solubilidade em água) incorporada à NLS quando administrada por via oral em ratos. A concentração máxima (Cmax) foi aumentada de aproximadamente 0,33 ± 0,05 µg/mL, se comparada com a suspensão (Cmax=0,16 ± 0,06 µg/mL), assim como o tempo de meia-vida (t1/2) que aumentou de 3,27 ± 0,87 h para 5,6 ± 1,00 h. Também houve melhora da quantidade de puerarina distribuída para os tecidos, principalmente para os órgãos alvos como cérebro e coração, sendo observado o aumento da excreção pela urina e diminuição pelas fezes 21 corroborando a proposta de otimização da absorção. Além disso, a quantidade de puerarina eliminada junto com as fezes nas primeiras 12 h quando encapsulada em NLS, diminuiu em comparação com a suspensão, e aumentou entre 12-24 h. Uma das hipóteses proposta pelos autores é que ocorra o fenômeno de bioadesão ao epitélio intestinal, sendo aumentado pelo uso de lecitinas na formulação. O uso de polímeros derivados de celulose, etileno glicol, oxietileno, álcool polivinílico, acetato de polivinila e ésteres do ácido hialurônico, tendem a promover essa adesão. Este fenômeno de bioadesão pode ocorrer em qualquer mucosa podendo ser explorado em vias de administração como a nasal, ocular, vaginal, pulmonar, entre outros (VASIR; TAMBWEKAR; GARG, 2003). Outros eventos que podem contribuir para o aumento da biodisponibilidade de fármacos por via oral são a captação direta da nanopartícula (sendo o tamanho de partícula o fator preponderante), o aumento da permeabilidade pelo uso de tensoativos (ex.: aumento da permeabilidade da membrana intestinal ou aumento da afinidade entre os lipídeos da NLS e da membrana celular intestinal), a diminuição da degradação (reduzindo a exposição à microflora intestinal e às enzimas) e diminuição do clearance (LI et al., 2009). 2.3.2 Carreadores Lipídicos Nanoestruturados Os carreadores lipídicos nanoestruturados (CLN), segunda geração de nanopartículas lipídicas, são compostos por uma mistura de lipídios em que uma porcentagem deles se encontra no estado líquido e, apesar da mistura final se encontrar em estado sólido em temperatura corporal, ocorre um abaixamento do ponto de fusão. Normalmente a proporção entre lipídeos sólidos e óleos é de até 70:30. Assim como as NLS, os CLN podem carrear fármacos e serem utilizados em formulações cosméticas e farmacêuticas orais, parenterais, tópicas, entre outras (PARDEIKE; HOMMOSS; MULLER, 2009). Uma das vantagens deste tipo de carreador é que existe a possibilidade de utilizar menor quantidade de água, apresentam uma maior capacidade de encapsulamento e podem diminuir o potencial de expulsão do fármaco durante o período de armazenamento. Isso se deve à sua estrutura cristalina que é mais desorganizada se comparada com as NLS. A mistura de lipídeos, seus diferentes tamanhos e rearranjos farão com que haja mais espaço para a 22 acomodação do princípio ativo. A liberação do fármaco é influenciada pelo processo de difusão e de degradação dos lipídeos da matriz (CHAUDHARI, 2012). O processo de produção é idêntico ao das NLS, sendo mais largamente utilizado a homogeneização à quente, em que leva-se à temperatura de fusão os lipídios sólidos ou a mistura entre os lipídeos sólidos e o óleo, dissolve-se o princípio ativo, adiciona-se a fase aquosa com os tensoativos na mesma temperatura, sob agitação. Após esta primeira fase, a pré-emulsão obtida passa por um outro processo, podendo ser homogeneização à alta pressão, sonicação, entre outros, com a finalidade de diminuir o tamanho da gotícula. A nanoemulsão obtida é então resfriada para formar as nanopartículas (MÜLLER et al., 2007). De acordo com a quantidade de óleo utilizada os CLN podem assumir 3 diferentes estruturas: CLN imperfeito (Highly imperfect matrix) (Figura 2A) quando há uma baixa proporção de óleo, a cristalização ocorre de maneira desordenada com espaço para a inserção de princípio ativo; CLN múltiplo (Multiple Oil/ Fat/ Water) (Figura 2B) ocorre quando há alta proporção de óleo, neste tipo, durante o resfriamento, devido a diferença de miscibilidade entre os lipídeos, ocorre uma precipitação de diminutas gotículas de óleo, formando nanopartículas múltiplas do tipo óleo/lipídeo/água, a substância pode se localizar tanto no óleo quanto no lipídeo, mas normalmente há uma preferência pelo primeiro; No CLN amorfo (non-crystalline amorphous NLC) (Figura 2C) os lipídeos são misturados de uma maneira que não haja formação de cristais, compondo uma matriz sólida amorfa (SELVAMUTHUKUMAR; VELMURUGAN, 2012). Figura 2. Ilustração dos tipos de CLN. A- CLN imperfeito; B- CLN múltiplo C- CLN amorfo (Adaptado de SELVAMUTHUKUMAR; VELMURUGAN, 2012). 23 2.3.3 Nanopartículas Conjugadas Fármaco-Lipídeo Os conjugados fármaco-lipídeo (CFL) tem a grande vantagem de permitir o encapsulamento de uma substância altamente hidrossolúvel em um partícula lipídica, tendo em vista que esse efeito é muito limitado nas NLS e nos CLN (WISSING; KAYSER; MÜLLER, 2004). O princípio geral é transformar um ativo hidrossolúvel em sal hidrofóbico, conjugando-o com ácidos graxos, ou formando ligações covalentes éster ou éter. O fármaco é então inserido numa nanopartícula como a NLS. Olbrich et al.(2002) obteve sucesso na nanoencapsulamento de diminazeno, uma substância altamente hidrossolúvel utilizada no tratamento da tripanossomíase, transformando-o no sal diaceturato e dioletato e por fim encapsulando em NLS para liberação cerebral. 2.4 NLS E ÓLEOS VEGETAIS O encapsulamento de óleos vegetais já foi realizado por diversos pesquisadores com as mais variadas finalidades. Lai et al. (2006; 2007) por exemplo, produziu NLS de óleo essencial de Artemisia arborescens L. com a finalidade de aumentar a permanência tópica, diminuir a volatilização para a fabricação de pesticidas naturais e aumentar a atividade antiviral. As NPs foram preparadas utilizando a técnica de homogeneização à alta pressão e foram avaliadas quanto ao tamanho, potencial zeta, eficiência de encapsulamento e liberação do óleo in vitro. O tamanho das partículas das duas formulações produzidas foi adequado, em média de 223nm e 219nm. O índice de polidispersidade (IP) mostrou uma pequena variação de tamanho entre as partículas produzidas (0,243) e (0,301) e a eficiência de encapsulamento foi alta (87% e 92%). Foi observado um aumento muito discreto do tamanho de partícula, e não houve mudança no potencial zeta após 2 anos de armazenamento à 4°C, sugerindo estabilidade das formulações. Não foi evidenciada alteração na atividade antiviral das NLS em comparação com o óleo não encapsulado, no entanto foi observado efeito reservatório do óleo essencial nas camadas mais superficiais da pele. Quanto a estabilidade, após a pulverização, no caso da finalidade inseticida, uma das formulações preparadas (utilizando Compritol® 888 ATO e Miranol Ultra® C32 como tensoativo) se mostrou altamente estável, mantendo o tamanho de partícula, mesmo após a passagem por altas pressões. Além disso, a velocidade de evaporação do óleo essencial foi reduzida se comparado com as respectivas emulsões, sendo uma característica interessante para a aplicação na agricultura, uma vez que deseja-se a liberação controlada do mesmo. 24 Em outro estudo, Shi et al. (2012), verificou o aumento da eficácia antitumoral de NLS contendo uma mistura de 1:1 de resina de olíbano, (pertencente ao gênero Boswellia) e óleo de mirra (pertencente ao gênero Commiphora) por via oral se comparado à mistura não encapsulada. Esta nova formulação se mostrou como uma melhor alternativa se comparada ao método utilizado até o momento, o de inclusão dos óleos em beta-ciclodextrinas (β-CD). As características indicativas de estabilidade da formulação foram analisadas, demonstrando alta eficiência de encapsulamento e estabilidade, apresentando grande redução na volatilização do óleo estudado. A atividade antitumoral foi notadamente maior das NLS-óleo em comparação com o óleo livre e complexado em ciclodextrina, os dois últimos não apresentaram diferenças significativas entre si, sugerindo que o aumento da solubilidade provocado pela β-CD não interferiu na atividade, e que as NLS representaram o melhor sistema para liberação da mistura estudada. Xie et al. (2011) também demonstraram uma grande redução de toxicidade em NLS utilizando óleo de rícino hidrogenado para encapsulamento do fármaco tilmicosina, um antibiótico de uso veterinário que pode levar a sérios problemas cardíacos se administrado por via parenteral. 2.5 ÓLEO DE COPAIBA O gênero Copaifera spp. pertence à família das Leguminoseae Juss (cujo nome mais antigo é Fabaceae Lindley), sub-família Caesalpinoideae Kunth. Existem 72 espécies descritas, sendo 16 delas encontradas apenas no Brasil. Entre as espécies de copaibeiras ou “pau-d´óleo”, mais comuns ou mais popularmente conhecidas no Brasil, estão: C. officinalis L. (norte do Amazonas), C. reticulata Ducke (Pará, Amazonas e Acre), C. multijuga Hayne (Amazônia), C. confertiflora Bth (Piauí), C. langsdorffii Desf (praticamente todas as regiões do Brasil), C. coriacea Mart. (Bahia), C. cearensis Huber ex Ducke (Ceará) (JUNIOR; PINTO, 2002). As árvores de copaíba (Figura 3) são comumente encontradas na América do Sul e na África Ocidental, vivem aproximadamente 400 anos e a altura média é de 25-40 m (ARAÚJO JÚNIOR et al., 2005). Este gênero possui espécies com a casca aromática, fuste reto, cônico ou cilíndrico, ritidoma fissurado, copa globosa, folhagem densa, predominantemente deciduifólia, com folhas compostas, pecioladas, penadas, com folíolos alternos ou subopostos, 25 flores pequenas, numerosas, sésseis, alvacentas, hermafroditas, frutos secos, sementes pretas, ovoides com arilo amarelo rico em lipídeos (AMARAL; SIMÕES; FERREIRA, 2005; PIERI; MUSSI; MOREIRA, 2009). A identificação da espécie é difícil, sendo feita principalmente pela análise das flores, verifica-se a pubescência das sépalas, comprimento dos anteros, condição glaborosa do pistilo, entre outros (JUNIOR; PINTO, 2002). Figura 3. Árvore de Copaifera langsdorffii (Fonte: PIERI; MUSSI; MOREIRA, 2009). O óleo de copaíba é um líquido transparente, viscoso e fluido, de sabor amargo com uma cor entre amarelo até marrom claro dourado (JACKSON; OTÁVIO, 2009a), aromático, com forte odor de cumarina, sabor azedo e persistente, insolúvel em água e parcialmente solúvel em álcool (RIGAMONTE-AZEVEDO; WADT; WADT, 2004). É encontrado em canais secretores esquizógenos distribuídos por toda a planta, sendo mais salientes no tronco. Acredita-se que o óleo-resina seja produzido em defesa contra micro-organismos e predação (JUNIOR; PINTO, 2002). Caracteriza-se por uma parte sólida, resinosa não volátil, formada por ácidos diterpênicos responsável por 55 a 60% do óleo, e um óleo essencial composto de sesquiterpenos oxigenados (álcoois) e hidrocarbonetos sesquiterpênicos. Dentre os 26 sesquiterpenos, o ácido copálico foi o único encontrado em todas as 16 amostras estudadas por Junior, Patitucci e Pinto (1997) provenientes da Amazônia, Rio de Janeiro, Bahia e Minas Gerais e coletadas em diferentes épocas do ano. Deus, Alves e Arruda (2011) encontraram na cromatografia com fase gasosa acoplada a espectroscopia de Massas (CG-EM) da fração volátil do óleo de C. multijuga Hayne os seguintes componentes: α-copaeno (3,29%), βcariofileno (57,29%), trans-α-bergamoteno (5,31%), α-humuleno (9,11%), γ-muuruleno (1,63%), β-bisaboleno (1,08%), óxido de cariofileno (10,34%). Estevão et al. (2009) analisando óleo de C. langsdorffii identificou o γ-muuroleno (22,73%), o caureno (6,84%), a eremofilona (6,77%) e o α-copaeno (5,80%) como os terpenos de maior proporção. Uma proporção de 45,4% de β-cariofileno e 12,3% de β-bisaboleno foi relatada por Oliveira, Lameira e Zoghbi (2006). A extração do óleo difundida como a técnica menos agressiva é realizada pela introdução de um trado de aproximadamente 2 cm de diâmetro no tronco (Figura 4). Inicia-se com um furo, podendo chegar a três. O primeiro furo é feito aproximadamente a 1 m da base da planta, o segundo, 1,5 m acima do primeiro (Figura 5). Todos os buracos devem ser apropriadamente fechados após a coleta para evitar infestações. Foi verificado que quando o período de espera para uma segunda extração ocorre de 6 a 14 meses não há danos visíveis na planta (LEITE, 2004; PIERI; MUSSI; MOREIRA, 2009). A maioria dos métodos utilizados na extração, embora ainda hoje repletos de misticismo, advém do conhecimento empírico adquirido por longos anos pelos indígenas. Em relato de 1694 indica-se a coleta em noites de lua cheia, quando os frutos estão maduros. Faz-se um “golpe até a medula” e assim escorrerá óleo em quantidade abundante (ROSA2, 1694 apud JUNIOR; PINTO, 2002). Cesar3 (1956) apud Junior e Pinto (2002) afirma que muitos extrativistas relatam que a arvore dá um longo suspiro quando é atingida e começa a liberar o óleo. Também relatam que a copa não deve ser olhada para que a planta não seque e “o óleo volte para terra”. Outros ainda relatam que “sob a influência da lua cheia de agosto o óleo sobe da terra para a árvore” e essa é a melhor data para coleta. Dados da literatura confirmam esse relato. 2 3 ROSA, J. F.Tratado Único da Constituição Pestilencial de Pernambuco. Lisboa, 1694. 37p. CESAR, G.Curiosidades da Nossa Flora. Imprensa Oficial. Recife, 1956. 374p. 27 Figura 4. Extração do óleo de copaíba (Fonte: FUNTAC, 2009). Figura 5. Distância entre os trados inseridos para retirada do óleo (Fonte: PIERI; MUSSI; MOREIRA, 2009). A mistura de óleos de diferentes espécies é comum, assim como adulterações como a adição de água, etanol, além de impurezas e alterações causadas pela exposição à luz solar, entre outros. A introdução do plano de manejo possibilitou, além da utilização de técnica mais apropriada de extração, o controle da origem do produto, local de coleta e planta, evitando-se a mistura de produtos de diferentes origens (LEITE, 2004). 28 2.5.1 Reserva Extrativista Chico Mendes A Reserva Extrativista Chico Mendes (Resex CM) escolhida como o local de obtenção do óleo de copaíba está localizada no Acre, entre os municípios de Assis Brasil, Brasiléia, Epitaciolândia, Xapuri, Sena Madureira, Capixaba e Rio Branco, ocupando uma área de cerca de 970.570 hectares (Figura 6). Criada pelo decreto n° 99.144/1990 (SIQUEIRA et al., 2006), faz parte de uma rede de Unidades de Conservação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), uma autarquia criada pela Lei 11.516 e vinculada ao Ministério do Meio Ambiente. A borracha e o óleo de copaíba são suas principais atividades extrativas (JACKSON; OTÁVIO, 2009a). A finalidade do ICMBio é executar ações do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (UC) como criar, gerenciar, fiscalizar, proteger, recuperar áreas degradadas e monitorar o uso público e atividades exploratórias nos locais onde é permitido realizar tal ação, contribuir para a geração de conhecimento relativo às UCs, entre outros. O Plano de Manejo é um documento que define a forma como essas ações serão tomadas com base em estudos das mais diversas finalidades. Esses estudos levam ao entendimento do ecossistema, da relação homem-ambiente natural, entre outros, buscando um conhecimento amplo sobre a área em questão e dão embasamento para a construção do Plano de Manejo. Portanto, este documento faz a divisão da área em zonas e coloca preceitos quanto a utilização dos recursos naturais. Por exemplo, dependendo da área, haverá uma distinção de intensidade de uso, com o objetivo de manter os recursos naturais e culturais do local (JACKSON; OTÁVIO, 2009b). 29 Figura 6. Localização da Reserva Extrativista Chico Mendes (FANTINI; CRISÓSTOMO, 2009). 2.5.2 Propriedades biológicas O óleo de copaíba é utilizado com diferentes propósitos, entre eles: combustível para iluminação pública, na perfumaria como fixador, secativo na indústria de vernizes, aditivo de alimentos, na fabricação de cremes, sabonetes, xampus devido às suas propriedades emolientes, entre outros (PIERI; MUSSI; MOREIRA, 2009). Na medicina tradicional popular, o óleo de copaíba tem sido utilizado por mais de 500 anos. Existem relatos dos primeiros exploradores que chegaram ao Brasil sobre sua utilização curativa pelos índios. Seu uso se tornou tão difundido que em 1677 foi adicionado na Farmacopéia Britânica (JUNIOR; PINTO, 2002). A cicatrização de feridas é a aplicação medicinal mais difundida. Outros usos populares são para hemorroidas, anti-inflamatório local, diurético, expectorante, antimicrobiano nas afecções de garganta, reumatismo, disenterias, gonorréia, e outras 30 afecções das vias urinárias (LORENZI; MATOS4, 2002 apud MONTES et al., 2009; JUNIOR; PINTO, 2002). Alguns estudos descrevem as atividades anti-inflamatória (BASILE et al., 1988), proteção contra a penetração de cercárias de Schistosoma mansoni (GILBERT et al.,1972), e antitumoral (OHSAKI et al.,1994).Outros relatam atividade antibacteriana, para S. pyogenes (PIERI et al., 2010a), Listeria monocytogenes (PIERI et al., 2010b), Escherichia coli, Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa (MENDONÇA, 2009; HAO et al., 2011). Pieri et al. (2012) evidenciaram a inibição do crescimento de Streptococcus mutans em concentrações acima de 0,78 µl/ml de óleo de C. officinalis em comparação com o mesmo efeito em 6,25 µl/ml de clorexidina mostrando um bom potencial como agente preventivo de cáries. Em outro estudo similar, com óleo da mesma espécie de copaibeira também verificouse melhores resultados do óleo em comparação com a solução de clorexidina frente às cepas bacterianas de S. mutans, S. salivarius, S. pyogenese Enterococcus faecalis (PIERI et al., 2010a). Em recente trabalho avaliou-se a atividade antifúngica do óleo de copaíba puro e o nanopreparado contra as seguintes espécies: Epidermophyton floccosum, Microsporum canis, Microsporum gypseum, Trichophyton rubrum e Trichophyton mentagrophytes. Todas se mostraram sensíveis tanto ao óleo puro quanto ao óleo em nanoformulação. Após os testes de susceptibilidade foram realizados ensaios para verificar a CIM (Concentração Inibitória Mínima). A nanoformulação demonstrou o melhor efeito, sendo eficaz em concentrações inferiores a 10 µg/ml (CUNHA, 2011) e embora o trabalho não mencione qual a formulação utilizada, destaca-se a importância da nanotecnologia para melhoria na atividade do óleo. O óleo-resina e o óleo essencial de C. multijuga Hayne foram avaliados contra espécies de Candida e Aspergillus pelo método de difusão em disco utilizando nitrato de miconazol como controle positivo e Tween® 80 para solubilização dos óleos. Apesar de haver halos de 4 LORENZI, H.F; MATOS F.J.A. Plantas medicinais do Brasil, nativas e exóticas. 1 ed. São Paulo: Editora Instituto Plantarum, 2002. 512 p. 31 inibição em todos as amostras, o óleo essencial apresentou halo 20% maior e o óleo-resina halo 30% menor, que o halo do miconazol, em 8 dias. Após esse período houve novamente crescimento, conferindo apenas uma atividade fungistática, provavelmente pela volatilização das substâncias ativas. As espécies que demonstraram ser mais sensíveis foram A. flavus e C. parapsilosis (DEUS; ALVES; ARRUDA, 2011). Santos et al. (2008) estudou o comportamento de macrófagos infectados com Leishmania amazonensis e tratados com óleos de 8 diferentes espécies: C. multijuga Hayne, C.officinalis, C. reticulata Ducke, C. lucens, C. langsdorffii Desf., C. paupera Dwyer, C. martii, C. cearensis Huber. O óleo que apresentou menor IC50 foi da C. reticulata Ducke com valor de 5 µg/ml para promastigotas e 15 µg/ml para amastigotas, o que é um valor grande se coparado com o IC50 da anfotericina B (0,058 µg/ml para promastigotas e 0,231 µg/ml para amastigotas). Apesar disso, a citotoxicidade para promastigotas foi 8 vezes maior que para os macrófagos e 2,3 vezes maior para as amastigotas que para os macrófagos o que sugere sua utilização como antiparasitário no futuro. Luz et al. (2011) produziram um sistema nanoestruturado na forma de cristais líquidos contendo óleo de copaíba como fase oleosa e estabilizados com álcool cetílico etoxilado e propoxilado para a veiculação tópica de itraconazol, no sentido de avaliar a força bioadesiva, que está relacionada com a permanência da formulação na pele. O gel de carbopol utilizado como controle apresentou uma força bioadesiva de 3 a 7 vezes menor que o nanopreparado contendo o óleo, corroborando a hipótese do maior tempo de permanência e possivelmente maior eficácia desses sistemas para administração tópica de medicamentos. No estudo do efeito gastroprotetor do óleo de C. officinallis foram utilizados 4 grupos de ratos machos. O primeiro grupo recebeu apenas solução fisiológica 2 ml/kg via oral, o segundo grupo (controle) recebeu somente indometacina 80 mg/kg via intraperitoneal para induzir danos na mucosa, o terceiro grupo recebeu óleo de copaíba 40 mg/kg via oral e após 60 minutos, 12 horas e 18 horas da administração do óleo, administrou-se indometacina intraperitoneal e o quarto grupo recebeu uma suspensão de omeprazol (2mg/ml) contendo bicarbonato (84mg/ml) numa dose de 10mg/kg via oral, seguida de três administrações de indometacina intraperitoneal aos 60 min, 12h, e 18h. Foi observado 100% de efeito gastroprotetor contra formação de úlceras com a administração do óleo e 97,8% com omeprazol (ARROYO et al.; 2009). 32 Durante a avaliação do efeito da utilização tópica do óleo de C. langsdorffii, Vieira et al. (2008) verificaram que os grupos tratados com o óleo, após uma incisão cirúrgica e introdução de lamínula de vidro no dorso apresentaram resultados de recuperação celular prejudicado, com a formação de epitélio, presença de fibroblastos e revascularização atrasados em comparação com o grupo controle tratado apenas com solução salina, assim como maior inchaço, quantidade de sangue e permanência das crostas. No entanto, Estevão et al. (2009) observou uma melhora no processo de neoangiogênese em ratos em que foram retirados e ressuturados pedaços subdérmicos da região dorsal. Esse processo é importante na utilização de retalhos cutâneos (transplantes de partes de pele), sendo frequentemente utilizado um promotor de revascularização, como vasodilatadores e antioxidantes. O ensaio foi realizado empregando-se uma pomada contendo óleo de C. langsdorffii a 10%, sendo a base constituída por vaselina sólida e glicerina líquida. Esta pomada foi aplicada durante 8 dias e após esse período foi feita a análise histopatológica. Foram utilizados três grupos experimentais: Grupo controle sem tratamento, grupo controle tratado com a pomada placebo e grupo tratado com a pomada contendo o óleo. O grupo tratado com óleo de copaíba apresentou menor endurecimento da área de necrose, maiores números de vasos sanguíneos formados e maior concentração de fibroblastos. Paiva et al. (2002) também observaram aumento da neoangiogênese ao comparar a contração de ferida em camundongos albinos Wistar após a administração tópica do óleo de Copaifera langsdorffii veiculado em solução salina contendo Tween® 80 (4%). Os animais foram tratados 1 vez ao dia por 21 dias. Somente no nono dia houve diferença significativa entre os grupos, sendo o grupo tratado com maior concentração de óleo de copaíba (4%) o que apresentou maior retração de ferida (84,05 ± 2,37 %), enquanto que o grupo controle tratado somente com o veículo apresentou 51,29 ± 9,54 %. A cicatrização total das feridas em todos os grupos foi observada após 12 dias. Os mesmos tratamentos foram novamente administrados 2 vezes ao dia por 12 dias, após uma incisão linear de 4 cm e posterior sutura na região dorsal dos camundongos para verificar a resistência à tração na área. Houve diferença significativa somente no 5° dia, sendo novamente observado o resultado mais proeminente após o tratamento com a maior concentração de óleo testada (4%). Esses resultados corroboram uma afirmação quanto ao aumento da velocidade de cicatrização relacionada ao óleo. 33 Para avaliar a toxicidade oral foi realizado um estudo utilizando o óleo de C. reticulata Ducke, extraído de espécies pertencentes ao campo Experimental de Mojú no Pará, entre setembro de 2003 e agosto de 2004 (OLIVEIRA; LAMEIRA; ZOGHBI, 2006). Foram utilizadas doses de 300 mg/Kg e 2000mg/kg diluídas em Tween® 80 à 20%. Não foram observadas morbidade ou mortalidade. Para avaliação da neurotoxidade examinou-se a atividade motora, sensorial e comportamental após 1 hora da administração do óleo não se observando mudanças, assim como durante os 14 dias de período de estudo. No décimo quarto dia os animais foram sacrificados e não foram observadas alterações macroscópicas nos órgãos internos. Dessa forma, o óleo foi classificado como categoria 5 (baixo risco de toxicidade aguda, mas que pode ser perigoso para indivíduos vulneráveis dependendo da situação) de acordo com o guia 423 da OECD - Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, relacionado à avaliação da toxicidade aguda de substâncias e permitindo uso racional dos animais de laboratório (OECD, 2002; SACHETTI et al., 2009). Em amostras de óleo da mesma origem que o estudo anterior, foi realizado outro estudo nos mesmos moldes, seguindo o guia 414 da OECD para desenvolvimento de estudos de toxicidade pré-natal, utilizando ratos fêmeas Wistar grávidas. Doses de 0, 500, 1000, e 1250mg/kg por dia do óleo diluído em solução de Tween® 80 a 20% foram administradas do sexto ao décimo nono dia de gestação. No vigésimo dia de gestação houve a análise dos fetos. Não foi observado sinal de toxicidade até a dose de 500 mg/kg por dia. Nas doses de 1000 e 1250 mg/kg por dia houve redução na quantidade de alimento ingerida e perda de peso materna, sendo refletida no menor peso embrionário, mas não houve aumento da mortalidade embrionária, nem malformações significantes que possam ter relação de causa comprovada pela administração do óleo (SACHETTI et al., 2011). Também não foi demonstrada toxicidade materna ou embriotoxicidade significante no óleo-resina de Copaifera duckei Dwyer empregado na forma de creme vaginal aplicado em ratos fêmeas Wistar numa dose de 28,6 mg/kg (correspondente a 10 vezes a dose recomendada em humanos), aplicado por 30 dias antes da gravidez e 20 dias após (LIMA et al., 2011). Para avaliar a genotoxicidade, foi realizado um ensaio com células de fibroblastos de pulmão de hamster cultivadas in vitro e demonstrou-se que o ácido caurenóico isolado de C. langsdorffii produz danos ao DNA em concentrações acima de 30 µg/ml (CAVALCANTI et al., 2006). 34 2.6 O PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO TECIDUAL A reparação tecidual após lesão pode ser descrita levando-se em conta os seguintes estágios: inflamação, reepitelização, remodelagem. (GURTNER et al., 2008) Inicialmente, há a formação do coágulo, formado por plaquetas dispersas entre as fibras de fibrina, que previne a perda de sangue pelos vasos que foram danificados, fornecendo proteção e um meio por onde as células podem migrar. À medida que ocorre a desgranulação das plaquetas há também a liberação de citocinas e fatores de crescimento que recrutam as células inflamatórias (principalmente neutrófilos e monócitos circulantes que saem dos capilares por mudanças no endotélio), fibroblastos e capilares que se acumulam na borda da lesão e com o tempo começam a migrar para o centro da lesão para fechá-la. Os leucócitos chegam rapidamente ao local, normalmente após minutos que tenha ocorrido a lesão e além de ter a função de fagocitar os contaminantes, também são fontes de citocinas pró-inflamatórias. Se não houver grandes infecções no local, a infiltração de leucócitos cessa após alguns dias e os mesmos são fagocitados por macrófagos. A função fagocítica é então passada aos macrófagos que continuamente chegam ao local da lesão por mais tempo, e que dão seguimento à liberação de citocinas e dos fatores de crescimento iniciada pelos neutrófilos e plaquetas (MARTIN, 1997). Começa a ocorrer a multiplicação de queratinócitos, das bordas da lesão e dos folículos capilares que parmaneceram, para além do corte na lâmina basal e sobre a matriz provisória e derme saudáveis. Estas células iniciam a digestão da rede de fibrina para poderem se inserir nesses espaços. A plasmina, principal enzima envolvida nesse processo é derivada da ativação do plasminogênio, presente no próprio coágulo. Além da plasmina, uma série de enzimas denominadas metaloproteinases da matriz (MMP) tem a função de quebrar as demais proteínas da matriz e são reguladas por esses queratinócitos. O final da reepitelização se dá pela reconstrução da lâmina basal, cujo o início coincide com o final da atividade das MMPs e por fim, o aporte de fibrilas responsáveis pela adesão da lâmina basal ao tecido conjuntivo (GURTNER et al., 2008). . A remodelagem é auxiliada pelo tecido conjuntivo que participa na contração da ferida ao unir as bordas da lesão. Inicialmente fibroblastos dérmicos do tecido ao redor da lesão se multiplicam e migram para o coágulo onde remodelam uma nova matriz rica em colágeno. 35 Uma parte desses fibroblastos se especializa em miofibroblastos, que tem uma capacidade contrátil similar às células do músculo liso levando a contração da ferida. O tecido nervoso é altamente sensível aos estímulos liberados após a lesão e ocorre a formação de uma enervação transitória no local. Considera-se a participação da mesma na regeneração do tecido pela liberação de neuropeptídeos, entre outros fatores na região. Dessa forma, se dá a reconstrução do tecido previamente lesionado (MARTIN, 1997). 2.7 PLANEJAMETO ESTATÍSTICO EXPERIMENTAL A utilização do planejamento estatístico na área da saúde vem crescendo nos últimos anos, mas ainda encontra-se muito aquém de outras áreas do conhecimento que já descobriram essa poderosa ferramenta como uma forma de otimizar os experimentos poupando tempo e custo (RAMOS; LEITE; FIAUX, 2009). Quando se deseja a avaliar a influência de uma condição experimental (variável ou fator) sobre a resposta final, normalmente é realizada a mudança de um dos valores (níveis) de uma variável por vez, sendo esse método denominado de um-efeito-por-vez ("one-variable-at-a-time"), entretanto, além de levar a um grande número de experimentos, não permite avaliar o efeito combinado das variáveis e se há interferência entre elas (BEZERRA et al., 2008). O modelo mais simples de planejamento estatístico é o linear de primeira ordem, que obedece a seguinte equação: Y= B0 + ∑ k i=1 BiXi + Ɛ, (com Y= efeito ou parâmetro de resposta a ser medido após o experimento; B0= é o termo constante; k= número de variáveis, Bi = são os coeficientes das variáveis Xi; Ɛ= resíduo ou diferença entre o parâmetro real e o calculado). Neste modelo, normalmente são utilizados dois níveis e não contempla curvatura na superfície de resposta, nem interação entre as variáveis. O modelo de segunda ordem leva em conta a k interação entre as variáveis entre si e pode ser descrito da seguinte forma: Y= B0 + ∑ + ∑ k 1≤i≤j i=1 BiXi BijXiXj + Ɛ, (com Bij=coeficiente das variáveis de interação)e geralmente são utilizados 3 níveis (BEZERRA et al., 2008). Os modelos quadráticos, por sua vez, possibilitam a determinação dos pontos máximos e mínimos e se referem a uma superfície de resposta curva. A equação que os descrevem é a seguinte: Y= B0 + ∑ k i=1 BiXi + ∑ k 2 i=1 BiiXi +∑ k 1≤i≤j BijXiXj + Ɛ, (com 36 Bii=coeficiente do variável ao quadrado). Neste modelo, deve-se utilizar no mínimo dois níveis (BEZERRA et al., 2008). Sendo "k" o número de variáveis ou fatores, "n" o número de níveis, e "N" o número de experimentos resultantes do planejamento, os modelos mais conhecidos são: a) Desenho fatorial de três níveis (N=3k), engloba um planejamento fatorial completo e se o número de variáveis for maior que 2 leva a um grande número de experimentos a serem realizados. Por esse motivo, muitas vezes, para reduzir o número de experimentos, os modelos a seguir são mais escolhidos. b) No modelo de Box-Behnken (N=2k (k-1)+Cp, com Cp=número de pontos centrais) procura-se uma diminuição do número de experimentos com a retirada dos pontos experimentais que não possuem a mesma distância do ponto central. Nesse modelo, todas as variáveis devem possuir três níveis. c) O planejamento composto central (N= k2+ 2k + Cp) (BEZERRA et al., 2008) é muito útil quando um planejamento linear anterior foi realizado e verificou-se a necessidade de adição de mais pontos, geralmente pela presença de curvatura (RAMOS; LEITE; FIAUX, 2009). Nesse modelo são utilizados 5 níveis (-α, -1, 0, +1, +α, e o valor de α é dependente do número de variáveis). d) No modelo de Doehlert (N= k 2+ k+ Cp), os pontos experimentais são equidistantes do ponto central em camadas esféricas (DOEHLERT, 1970) e a principal característica que o difere dos demais são as variáveis podem ser estudadas em níveis diferentes umas das outras (BEZERRA et al., 2008). O planejamento fatorial fracionado (N= nk-p + Cp, com p = fração do experimento fatorial completo a ser estudada) escolhido para esse estudo, é uma outra forma de diminuir o número de experimentos de um planejamento fatorial completo (RAMOS; LEITE; FIAUX, 2009). 37 3 OBJETIVO Desenvolver nanopartículas lipídicas sólidas (NLS) contendo óleo de copaiba (Copaifera spp.) e avaliar a atividade cicatrizante em modelo in vivo. 3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Desenvolver nanopartículas lipídicas sólidas (NLS) contendo óleo de copaiba segundo um planejamento experimental; - Estudar o efeito das variáveis tempo de ultrassom, amplitude da potência do ultrassom e razão ativo/lipídeo no desenvolvimento de NLS; - Identificar a melhor formulação em relação aos parâmetros de reposta estudados: conteúdo de óleo encapsulado e diâmetro hidrodinâmico médio de partícula; - Caracterizar e avaliar a estabilidade da melhor formulação; - Estudar o perfil de liberação in vitro do óleo de copaíba a partir da NLS obtida com a melhor formulação; - Comparar a atividade do óleo de copaíba encapsulado em NLS com o óleo livre e demais controles sobre a regeneração cutânea em camundongos. 38 4 METODOLOGIA 4.1 MATERIAIS 4.1.1 Matérias-primas e reagentes Compritol® 888 ATO - Behenato de Glicerila (mistura de mono, di e triglicerídeos do ácido behênico) - Brasquim; Pluronic® F-68 – Poloxamer 188 - Copolímero não iônico em bloco do polioxietileno e polioxipropileno- Sigma Aldrich; Óleo de copaíba - Obtido na reserva extrativista Chico Mendes- Cooperico; Álcool etílico absoluto 95% PA – Vetec; Transcutol® CG- Etilato de dietilenoglicol- Brasquim; Óleo Mineral USP- All Chemistry; Tween® 80 - Polissorbato 80 - La Belle Ativos e Especilidades Químicas; Solução Salina Fisiológica – Solução de Cloreto de sódio 0,9%- Arboreto; Kensol® – Solução estéril de cloridrato de xilasina 2% - Konig; Cetamina – Cloridrato de Cetamina 10% - Agener; 4.1.2 Equipamentos e acessórios Agitador Mecânico - Fisatom. Modelo: 713D; Agitador Magnético com Aquecimento - Logen- Modelo: LSH2; Homogeneizador de Ultrassom: OMNI- Modelo: Sonic Ruptor 250; Mini centrífuga - Ministar ; Balança analítica - Gehaka, modelo AG-200; Vórtex - Fisatom - Modelo: 773; Liofilizador - Liotop- Modelo: L108; Espectrofotômetro no UV-Vis - Shimadzu Corporation - Modelo: UV 2600; Espectrofotômetro de Infravermelho por transformada de Fourier - Shimadzu Corporation - Modelo IR-Prestige 21; Zetasizer Nano Series- Malvern Instruments; Membrana Filtrante - Whatman- Nuclepore Track- Etch Membrane 30 nm; Phmetro digital - Sensoglass - Modelo: SP1800; 39 Analisador Térmico - Shimadzu Corporation - DTG-60; Câmera digital acoplada à celular- Modelo moto X-10.0 mega pixels. 4.2 MÉTODOS 4.2.1 Desenvolvimento de metodologia analítica para quantificação do óleo de copaíba 4.2.1.1 Quantificação do óleo de copaíba para determinação do conteúdo de óleo encapsulado A quantificação do óleo de copaíba foi realizada pela curva de calibração obtida por espectrofotometria no UV. Inicialmente foi realizada a varredura de 200 à 400 nm da solução de óleo de copaíba 1mg/ml em etanol 95% PA para identificação do comprimento de onda de maior absorbância (230nm). O óleo de copaíba foi então diluído em etanol 95% PA nas concentrações de 30, 50, 80, 100 e 120 µg/ml e as diluições analisadas em triplicata, λ=230nm. A curva de calibração obtida representa a média de três ensaios distintos. 4.2.1.2 Quantificação do óleo de copaíba para avaliação do perfil de liberação A quantificação do óleo de copaíba foi realizada pela curva de calibração obtida por espectrofotometria no UV. Inicialmente foi realizada a varredura de 200 à 400 nm da solução de óleo de copaíba 100 µg /ml em meio composto por etanol 95% (3,5% v/v), Transcutol® (1,5% v/v) e água Milli-Q (qsp) para identificação do comprimento de onda de maior absorbância (230 nm). O óleo de copaíba foi então diluído no mesmo meio nas concentrações finais de 10, 30, 50, 80 e 100 µg/ml, a as soluções foram analisadas em triplicata, λ=230nm . A curva de calibração obtida representa a média de três ensaios distintos. 4.2.2 Desenvolvimento das nanopartículas As nanopartículas lipídicas sólidas contendo óleo de copaíba (NC) foram desenvolvidas segundo a metodologia de homogeneização à quente seguida de ultrasonicação e baixa temperatura de solidificação seguindo o descrito por Silva et al. (2011) e Hao et al. (2011) com modificações. O lipídeo (Compritol® 888 ATO) e o óleo de copaíba foram pesados e colocados em um béquer. Em outro béquer foram pesados a água Milli-Q e o tensoativo (Pluronic® F68) e ambas as fases aquecidas à 75°C em banho maria. A fase aquosa foi vertida sobre a oleosa, ainda sob aquecimento em banho maria a 75ºC, sob agitação mecânica à 490 40 rpm por 15 minutos. A nanoemulsão obtida foi então submetida a homogeneização com sonda de ultrassom. Em seguida, resfriada em banho de gelo por 15 minutos. A suspensão de nanopartículas foi congelada e seca por liofilização. NLSs sem o óleo de copaíba (N) foram produzidas seguindo-se o mesmo protocolo e foram utilizadas como branco nos ensaios subsequentes. A otimização do processo de formulação das NLSs contendo o óleo de copaíba foi estudada através de um planejamento experimental fatorial fracionado 2 3-1+3 gerado pelo programa Statistica v. 6.0 (StatSoft). Foi avaliado o efeito combinado de três variáveis (tempo de ultrassom, amplitude da potência do ultrassom e a razão de ativo em relação ao lipídeo) (Tabela 1) por meio do preparo de diferentes formulações (Tabela 2). A porcentagem do Lipídeo e do tensoativo se mantiveram constantes em todas as formulações sendo respectivamente 6% e 4% em relação à massa final de 80 g. Tabela 1. Variáveis e níveis utilizados no planejamento experimental fatorial fracionado 2 3-1 +3. 0 Variáveis Nível -1 Nível +1 (Ponto Central) Tempo de ultrassom 5,0 7,5 10 (min) Amplitude do ultrassom 30 40 50 (%) Ativo / Lipídeo 10 30 50 (%) Tabela 2. Combinações das variáveis e níveis estudados. Tempo de ultrassom Amplitude do ultrassom Experimento (min) (%) Ativo / Lipídeo (%) 1 5,0 30 50 2 10,0 30 10 3 5,0 50 10 4 10,0 50 50 5 7,5 40 30 6 7,5 40 30 7 7,5 40 30 41 Os resultados foram analisados com o auxílio do mesmo programa Statistica v 6.0 (StatSoft) utilizando-se como parâmetros de resposta o conteúdo de óleo encapsulado (CO) e a diâmetro hidrodinâmico médio de partícula (Z-ave). A formulação identificada pelo planejamento experimental como sendo a melhor em relação às variáveis estudadas e às respostas avaliadas, considerando o menor diâmetro hidrodinâmico médio de partícula (Z-ave) e o maior conteúdo de óleo encapsulado (CO) r foi repetida em triplicata e as NLSs foram caracterizadas e avaliadas quanto a estabilidade, o perfil de liberação in vitro e a atividade cicatrizante in vivo. 4.2.3 Caracterização das Nanopartículas 4.2.3.1 Diâmetro hidrodinâmico médio (Z-ave) e potencial Zeta (PZ) As formulações referentes aos 7 experimentos do planejamento experimental foram caracterizadas quanto à distribuição e diâmetro hidrodinâmico médio das partículas por espalhamento dinâmico de luz (DLS – Dynamic Light Scattering) e o potencial Zeta por mobilidade eletroforética. Ambas as análises foram realizadas utilizando o Zetasizer Nano Series. As nanopartículas em suspensão (não liofilizadas) foram diluídas em água Milli-Q (1:25) e colocadas em cubeta específica para a análise em triplicata à 25°C (FERNANDES et al., 2013). 4.2.3.2 Determinação do conteúdo de óleo encapsulado (CO) A quantidade de óleo encapsulado foi determinada pelo método de extração em solvente proposto por Falcão et al. (2011) com modificações. 5 mg das NCs liofilizadas foram transferidas para três vials tipo eppendorf contendo 1mL de etanol 95% PA e, em seguida, homogeneizados em vórtex durante 10 min. O material foi centrifugado por 15 min a 6200 rpm. O sobrenadante recuperado com pipeta Pasteur foi transferido para balão volumétrico e o volume completado com etanol 95% PA. O material foi analisado por espectrofotometria no UV em 230nm. As extrações foram realizadas em triplicata. O mesmo protocolo foi realizado com as Ns que foram utilizadas como branco. O conteúdo de óleo de copaíba foi calculado utilizando a equação obtida com a curva de calibração e expresso em mg de óleo/g de NLS . A eficiência de encapsulamento (EE) (%) foi calculada segundo a equação a seguir: 42 EE (%) = 100 x (conteúdo determinado de óleo / conteúdo total teórico de óleo) 4.2.3.3 Espectrometria no infravermelho - transformada de fourier (IV-TF) Para a obtenção do espectro na região do IV das amostras de N, NC referentes à melhor formulação e do óleo de copaíba puro, foi utilizado o espectrofotômetro por transformada de Fourier com detector DTGS KBr, separador de feixes de KBr. A análise foi feita por transmitância a 1% de KBr na região mediana do infravermelho (400 – 4000 cm-1) em espectrofotômetro de infravermelho por transformada de fourier- modelo IR-Prestige 21. 4.2.3.4 Análise térmica diferencial (ATD) A análise térmica diferencial das amostras de N e NC referentes à melhor formulação foi realizada por meio da pesagem de aproximadamente 1,2 mg das nanopartículas liofilizadas que foram colocadas em cadinho de alumínio de 40 µL e inseridas no analisador térmico simultâneo termogravimétrico e térmico diferencial (TG/DTA-DSC) DTG-60. O aquecimento se deu de 25 a 200°C a uma taxa de 10°C/min. 4.2.3.5 Determinação do perfil de dissolução in vitro das nanopartículas Para a determinação da quantidade de óleo liberada da nanopartícula foi necessário fazer uma correlação entre as massas da NLS liofilizada e não liofilizada. A NLS preparada (N e NC) foi então separada em três frascos e pesada quando ainda em suspensão (não liofilizada) e após a liofilização. Com o conteúdo de óleo obtido pela NC liofilizada e a relação entre as massas, foi possível determinar o conteúdo total de óleo presente na NLS em suspensão para utilização nos cálculos de dissolução. O ensaio de dissolução foi realizado pela introdução de aproximadamente 180mg das NCs em suspensão (não liofilizadas) em um tubo com tampa tendo uma das extremidades recoberta por uma membrana filtrante de policarbonato (30nm de poro). Os tubos foram posicionados verticalmente em recipientes de vidro contendo 15 mL do meio de dissolução composto por etanol 95% PA (3,5%, v/v), Transcutol® (1,5%, v/v) e água Milli-Q (qsp), pH 5,8. O sistema foi mantido em temperatura constante (37 ± 2 ºC) sob agitação magnética (120 rpm) por 53,5 horas. Em intervalos determinados, uma alíquota de 2,5ml do meio foi retirada e analisada por espectrofotometria no UV (λ=230nm). O mesmo volume do meio foi 43 recolocado no tubo. A quantificação do óleo de copaíba presente no meio de dissolução foi realizada utilizando a equação obtida com a curva de calibração. Ns foram utilizadas como branco. O ensaio foi realizado em triplicata. O pH do meio foi medido no início e ao final do experimento (ALMEIDA, 2014). 4.2.4 Estudo da estabilidade das nanopartículas Após a identificação da melhor formulação com o auxílio do planejamento estatístico, esta foi novamente produzida, em triplicata, e as amostras foram armazenadas em frascos de plástico, transparente, com tampa de mesmo material na geladeira (temperatura aproximada de 4ºC). NLS sem a incorporação do óleo (N) foi também refeita e armazenada da mesma forma. A estabilidade das NLSs foi avaliada quanto ao aspecto visual, eficiência de encapsulamento, diâmetro hidrodinâmico de partícula e potencial zeta após 6 meses de estocagem, comparando-se os resultados obtidos após a manipulação. 4.2.5 Avaliação do efeito das nanopartículas sobre a regeneração cutânea em camundongos Os ensaios sobre a regeneração cutânea foram realizados no Laboratório de Farmacologia da Faculdade de Farmácia da UFF sob a orientação da Profª Drª Sabrina Calil Elias. Foram utilizados camundongos adultos suíços albinos (23 ± 4 g) como modelo animal, que durante todo o experimento receberam água e ração ad libitum e foram mantidos em ciclo de luz natural, no biotério da Faculdade de Farmácia. A manipulação e os procedimentos com os animais obedeceram aos princípios da CEUA/UFF (Comissão de Ética no Uso de Animais) que analisou e aprovou o estudo, pelo parecer nº 603. Os animais foram divididos nos grupos citados abaixo e efetuou-se a lesão com punch em todos eles. Os camundongos foram submetidos à anestesia por via intraperitoneal com Cetamina (112 mg/kg) e Xilasina (7,5 mg/kg). Depois de anestesiados, os animais foram posicionados em decúbito ventral e tricotomizados. Para a demarcação da pele a ser retirada, utilizou-se um punch metálico contendo lâmina cortante na sua borda inferior. Este instrumento remove um segmento circular de pele de 10 mm de diâmetro na região do dorso. Após a lesão, a ferida foi fotografada a uma distância constante de 11 cm nos dias 0, 3, 7, 10 e 14 para verificar o processo de cicatrização. O cálculo da área da lesão foi realizado por meio das fotografias, com auxílio do software Image J Pro (gratuito). Os gráficos que auxiliaram a análise da contração da área da lesão possuem dados referentes às áreas medidas nos dias zero 44 (dia da cirurgia para geração de ferida) consideradas 100% e as áreas medidas nos dias subsequentes foram calculadas como porcentagem relativa à área inicial (dia zero). Grupos Experimentais: Os animais foram divididos em 5 grupos de 4 animais por grupo, recebendo por via tópica durante 5 dias (com início do tratamento logo após a lesão), uma vez ao dia, os seguintes tratamentos: Grupo 1 (S): 100 µL de solução salina fisiológica (0,9%) ; Grupo 2 (SCT): 100 µL de solução contendo óleo de copaíba (25,0 mg/ml) e Tween®80 (40,0 mg/ml) em solução salina fisiológica (0,9%) ; Grupo 3 (OM): 100 µL de Óleo Mineral Grupo 4 (N) : 100µL de suspensão de nanopartículas sem o óleo de copaíba (branco) (N não liofilizada); Grupo 5 (NC): 100 µL de suspensão de nanopartículas contendo óleo de copaíba (25,0 mg/ml) (NC não liofilizada); 4.2.6 Análise Estatística O planejamento experimental e demais ensaios (realizados no mínimo em triplicata) foram avaliados estatisticamente com o auxílio do programa Statistica versão 6.0 (StatSoft). No ensaio in vivo de regeneração cutânea a diferença estatística nos experimentos foi avaliada por meio do teste two-way ANOVA seguida de Bonferroni (comparações múltiplas) utilizando o programa Graphpad Prism versão 6.0 (demonstrativa). Em todas as análises, as diferenças foram consideradas significativas quando p<0,05. 45 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 DETERMINAÇÃO DE METODOLOGIA ANALÍTICA PARA QUANTIFICAÇÃO DO ÓLEO DE COPAÍBA A quantificação por UV mostrou-se um método, prático, rápido e econômico, uma vez que o possível marcador químico do óleo, o copaeno, encontrava-se indisponível para compra. Para a obtenção do conteúdo de óleo encapsulado e a quantidade de óleo liberado das NLSs foi necessário o desenvolvimento de curvas de calibração (Figuras 7 e 8). Observa-se que as curvas apresentaram uma boa linearidade, com valor do coeficiente de correlação próximo a 1 em ambas as curvas, R2= 0,999 e R2= 0,995, respectivamente, e os baixos valores de desvio padrão das triplicatas indicam uma boa reprodutibilidade. 1,4 Absorbância 1,2 1 0,8 0,6 y = 0,0102x - 0,011 R² = 0,9996 0,4 0,2 0 0 50 100 Concentração (µg/ml) 150 Figura 7. Curva de calibração do óleo de copaíba diluído em etanol obtida pela média aritmética da triplicata do experimento por espectrometria no UV, λ=230nm. 46 0,14 0,12 Absorbância 0,1 0,08 y = 0,0012x + 0,0087 R² = 0,9954 0,06 0,04 0,02 0 0 20 40 60 80 Concentração (µg/ml) 100 120 Figura 8. Curva de calibração do óleo de copaíba diluído no meio de dissolução (etanol 95% PA, Transcutol®, e água Milli-Q) obtida pela média aritmética da triplicata do experimento por espectrometria no UV, λ=230nm. 5.2 DESENVOLVIMENTO DAS NANOPARTÍCULAS O efeito combinado das três variáveis estudadas, tempo de ultrassom, amplitude da potência do ultrassom e razão ativo/lipídeo foi avaliado utilizando como parâmetros de resposta o diâmetro hidrodinâmico médio das partículas (Z-ave) e conteúdo de óleo encapsulado (CO). Na Tabela 3 estão descritos os resultados obtidos de distribuição do tamanho de partícula (diâmetro médio - Z-ave e índice de polidispersidade – IP), potencial zeta (PZ), conteúdo de óleo encapsulado (CO) e eficiência de encapsulamento (EE) utilizados para a caracterização das nanopartículas desenvolvidas segundo o planejamento experimental empregado. Uma vez que o número de experimentos é reduzido, as triplicatas 5, 6 e 7 são importantes para obtenção dos intervalos de confiança e para checar a veracidade da aplicação do modelo linear. O método espectrofotométrico tem sido bastante utilizado para quantificação de ativos em nanopartículas (PARDESHI et al., 2013), sendo uma ferramenta mais prática e rápida se comparada às técnicas como CG e CLAE. Neste estudo foram obtidos bons rendimentos quanto ao conteúdo de óleo encapsulado (CO), cujos valores variaram de 28,66 ± 1,37 mg/g (EE= 49,72 ± 2,37 %) para o experimento 2 que utilizou uma concentração de 6 mg de óleo/g de formulação à CO de 143,31 ± 11,80 mg/g (EE= 62,10 ± 5,12%) para o experimento 4 que utilizou uma concentração de 30 mg de óleo/g de formulação. As razões de ativo/lipídeo de 10%, 30% e 50% correspondem respectivamente a uma concentração de óleo de 6 mg/g, 18 mg/g e 30 mg de óleo/g de formulação. 47 Tabela 3. Resultados da distribuição do tamanho de partícula (diâmetro médio - Z-ave e índice de polidispersidade - IP), potencial Zeta (PZ), conteúdo de óleo encapsulado (CO) e eficiência de encapsulamento (EE) das NLSs desenvolvidas segundo o planejamento experimental fatorial fracionado 23-1+3 e relação com as variáveis utilizadas na formulação. Tempo Ultrassom (min) Amplitude Ultrassom (%) Razão Ativo/ lipídeo (%) 1 5,0 30 50 2 10,0 30 10 3 5,0 50 10 4 10,0 50 50 5, 6, 7 7,5 40 5 7,5 6 7 Experimento Amostra Z- ave IP (nm) PZ CO (mV) (mg ativo/g NP) (%) EE N 459,6 ± 12,48 0,343 ± 0,046 -23,1 ± 0,10 - NC 391,1 ± 11,08 0,495 ± 0,050 -19,1 ± 0,56 133,29 ± 13,42 57,63 ± 5,80 N 315,1 ± 3,19 0,395 ± 0,014 -19,3 ± 0,40 - - NC 254,9 ± 3,00 0,447 ± 0,001 -16,7 ± 0,60 28,66 ± 1,37 49,72 ± 2,37 N 262,6 ± 3,56 0,400 ± 0,020 -17,5 ± 0,90 - - NC 218,6 ± 2,40 0,410 ± 0,014 -15,7 ± 0,32 29,87 ± 2,40 52,90 ± 4,25 N 220,6 ± 3,48 0,410 ± 0,018 -16,1 ± 0,38 - - NC 208,0 ± 2,10 0,315 ± 0,012 -14,1 ± 0,40 143,31 ± 11,80 62,10 ± 5,12 30 N 376,7 ± 5,47 0,417 ± 0,011 -22,4 ± 0,36 - - 40 30 NC 311,1 ± 3,50 0,446 ± 0,019 -15,2 ± 0,36 87,31 ± 2,88 57,29 ± 1,89 7,5 40 30 NC 319,2 ± 6,92 0,445 ± 0,011 -15,3 ± 0,38 95,03 ± 5,10 61,94 ± 3,32 7,5 40 30 NC 301,3 ± 1,94 0,469 ± 0,015 -16,1 ± 0,59 90,89 ± 3,86 59,58 ± 2,53 *N=Nanopartículas Branco, **NC= Nanopartículas contendo óleo de copaíba 48 Jose e et al. (2014) obtiveram como maior EE 37,21 ± 1,3% para NLS de Compritol® 888 ATO contendo resveratrol. Assim como Gavini et al. (2005) que utilizando o mesmo lipídeo, conseguiu uma EE de apenas 35% na encapsulação de óleo de junípero. Ghadiri et al. (2011) calculou uma EE de 39,08% em NLS de ácido esteárico contendo paromicina. Pardeshi et al. (2013) obteve 64,73 ± 0,34 % no encapsulamento de cloridrato de ropinirol, valor próximo ao encontrado nesse estudo. Realizando uma análise comparativa a literatura mencionada, verifica-se que a EE obtida nesse trabalho está acima do comumente obtido para NLSs, indicando uma potencial viabilidade de uso. Observa-se em todos os experimentos (Figura 9) que houve uma redução significativa (p<0,05, teste t student) do diâmetro médio das partículas com o encapsulamento do óleo de copaíba em comparação com o branco da mesma formulação. Tal efeito deve estar relacionado à diminuição da organização da matriz lipídica em função da presença de um ativo lipofílico, diminuindo a tensão superficial e facilitando o rompimento do sistema o que leva à formação de nanopartículas de tamanho reduzido (ZHAO et al., 2010). Adicionado a isso, os valores dos índices de polidispersão foram baixos, valores abaixo de 0,5 são considerados adequados (MULLER; HEINEMANN, 1992). 500 Z-ave NC Z-ave N Z-ave (nm) 400 300 200 1 2 3 4 5 6 7 Experimento Figura 9. Diâmetro médio de partícula (Z-ave) das NLS contendo óleo de copaíba (NC) e branco (N) para cada formulação produzida (experimentos). 49 Tensoativos não iônicos do tipo poloxamer, quando empregados como estabilizantes no preparo de nanopartículas tendem a diminuir o valor do PZ em módulo (SCHAFFAZICK et al., 2003). Apesar de estudos presentes na literatura sugerirem que NLSs produzidas com tensoativos iônicos e anfóteros apresentam menor tamanho de partícula que aquelas produzidas com não iônicos (ZHANG; FAN; SMITH, 2009), principalmente devido ao potencial zeta não alcançar valores absolutos tão altos, pode-se chegar a tamanhos muito pequenos e à formulações estáveis empregando-se esse tipo de tensoativo. How, Rasedee e Abbasalipourkabir (2013) utilizando polissorbato 20 obtiveram NLS de diâmetro médio igual a 61,14 ± 40 nm e PZ de -25,40 ± 1,01 mV. Não havendo mudanças significativas nesses valores após 7 dias da preparação. As NLS foram consideradas estáveis nesse período de tempo. De acordo com Mehnert e Mäder (2001) valores de PZ próximos a -25 mV são característicos de NLS estáveis, com menor probabilidade de geleificação. Valores maiores que aproximadamente -15 mV aumentam a probabilidade de esse fenômeno ocorrer, o que leva à conclusão que apesar de não iônicos, tais tensoativos, como o poloxamer utilizado no presente estudo, podem levar a formulações com boas características, além de, em sua maioria, serem menos tóxicos e irritantes (REBELLO et al., 2014). 5.2.1 O planejamento estatístico experimental Foi realizado um estudo fatorial fracionado para avaliar os efeitos das variáveis tempo de ultrassom, amplitude do ultrassom e a relação ativo/lipídeo sobre os parâmetros diâmetro hidrodinâmico médio de partícula (Z-ave) e conteúdo de óleo encapsulado (CO) sobre as NCs. 5.2.1.1 Diâmetro hidrodinâmico médio de partícula A Tabela 4 apresenta os resultados do teste ANOVA para o primeiro parâmetro de resposta Z-ave. Analisando-a em conjunto com o diagrama de pareto dos efeitos padronizados (Figura 10), pode-se observar que a curvatura tem efeito significativo (p<0.05) e, por isso, também o termo falta de ajuste (p<0.05). Ainda que o modelo linear não tenha sido adequado para avaliar esse parâmetro de resposta ou que outras variáveis importantes não tenham sido consideradas, os resultados sugerem que tempo e amplitude tem efeitos relevantes negativos sobre o diâmetro de partícula, ou seja, o menor diâmetro de partícula está relacionado com uma maior amplitude do ultrassom e maior tempo de sonicação. 50 Tabela 4. Teste ANOVA para os parâmetros de resposta em relação a variável Z-ave. ANOVA SQ* Tempo G.L*. MQ* F* p 5391,96 1 5391,96 67,5624 0,014480 12040,67 1 12040,67 150,8719 0,006563 Óleo/Lipídeo 3940,07 1 3940,07 49,3699 0,019660 Falta de Ajuste 3077,27 1 3077,27 38,5588 0,024967 Erro Puro 159,61 2 79,81 SQ Total 24609,60 6 Potência *SQ= Soma dos Quadrados; G.L.= Graus de Liberdade; MQ=Média dos Quadrados; F= Teste F -12,283 Amplitude -8,21963 Tempo 7,02637 óleo/lipídeo Curvatura 6,209575 p=0,05 Figura 10. Diagrama de pareto dos efeitos normalizados para a variável diâmetro médio de partícula (Z-ave). Patil e Pandit (2007) chegaram à conclusão semelhante em seus experimentos para avaliar o poder de redução do tamanho de partículas em diferentes aparelhos de cavitação. Os autores verificaram que empregando sondas de ultrassom, quanto maior a potência, maior a redução no tamanho, com distribuição mais homogênea em função do aumento no tempo de sonicação. Ainda nesse estudo, foi descrito que uma baixa concentração de sólidos na formulação colabora para diminuição do tamanho de partícula. Baseando-se nesses preceitos, 51 pode-se afirmar que o efeito significativo positivo referente à variável razão ativo/lipídeo, (ou seja, quanto maior esta proporção, maior o tamanho de partícula) não está relacionado à natureza do óleo, uma vez que ao comparar os pares de N e NC produzidas sob as mesmas condições foi observada redução no Z-ave. No entanto, ao empregar-se uma maior concentração de óleo, tem-se um aumento na quantidade de material total presente na NP e, consequentemente no seu tamanho. Utilizando o planejamento composto central, Zhang, Fan e Smith (2009) observaram também que a temperatura e a concentração do lipídeo são fatores que influenciam significativamente o tamanho da nanopartícula produzida pelo método de difusão de solvente, enquanto que a concentração do tensoativo e a velocidade de agitação tiveram pouca influência para este parâmetro. Também pelo método de difusão de solvente seguido de sonicação, Varshosaz et al. (2010) realizaram um planejamento fatorial fracionado do tipo 2 (4-1) (resolução IV) para escolher os fatores mais importantes frente ao tamanho de partícula. O tipo de lipídeo e o volume da fase aquosa apresentaram efeitos significativos frente ao tamanho de partícula, enquanto que o tipo de tensoativo e a razão de ativo/lipídeo não apresentaram efeitos significativos, o que corrobora mais uma vez a afirmação de que não é a relação entre óleo/lipídeo que influencia o tamanho de partícula nesse estudo, e sim a quantidade total de material presente. Sendo utilizado o modelo polinomial de primeira ordem do tipo: Y= B0 + B1X1 + B2X2 + B3X3, onde Y é o parâmetro de resposta (Z-ave) e X1, X2, X3, são respectivamente as variáveis tempo de ultrassom, amplitude do ultrassom e a razão ativo/lipídeo. A equação que descreve o comportamento das variáveis estudadas frente ao parâmetro de resposta (Z-ave) é a seguinte: Y = 286,3 -36,7X1 - 54,8X2 + 31,4X3; com R2= 0,86847. 5.2.1.2 Conteúdo de óleo encapsulado Após a aplicação do teste ANOVA (Tabela 5) para o segundo parâmetro de resposta (CO) verifica-se que o termo falta de ajuste não foi significativo (p > 0,05) (Figura 11). Este termo está claramente relacionado à adequação do modelo ao comportamento do experimento e, portanto não deve ser significativo (BEZERRA et al., 2008), assim como a curvatura. Desse modo, o modelo linear pode ser aplicado, obedecendo a seguinte equação: Y= 86,9 +54,5X3; com R2 = 0,985. A regressão descreve a maior parte da variação pelo experimento, sendo 52 complementada pelos resíduos (erro puro) (BEZERRA et al., 2008). Nesse estudo, 98,5% do erro é relativo a variabilidade da resposta e que somente 1,5% se deve ao ruído. As variáveis tempo e potência, não foram significativas, portanto, somente a quantidade de óleo usado na formulação interfere no CO. Tabela 5. Teste ANOVA para os parâmetros de resposta em relação a variável conteúdo de óleo encapsulado. ANOVA SQ* G.L*. MQ* F* p Tempo 19,40 1 19,40 1,3000 0,372348 Potência 31,53 1 31,53 2,1123 0,283300 11888,63 1 11888,63 796,5191 0,001253 Falta de ajuste 91,21 1 91,21 6,1108 0,132005 Erro Puro 29,85 2 14,93 SQ Total 12060,62 6 Óleo/Lipídeo *SQ= Soma dos Quadrados; G.L.= Graus de Liberdade; MQ=Média dos Quadrados; F= Teste F óleo/lipídeo Curvatura 28,22267 2,472006 Amplitude 1,453389 Tempo 1,140192 p=0,05 Figura 11. Diagrama de pareto dos efeitos normalizados para a variável conteúdo de óleo encapsulado. 53 Um bom modelo matemático, ou seja, aquele que representa melhor o comportamento das variáveis apresenta um resíduo pequeno (BEZERRA et al., 2008). Sabe-se que um dos pressupostos do teste ANOVA é que a população possua distribuição muito próxima da normal, portanto a adequação do modelo também pode ser verificada pelos resíduos, que apresentaram distribuição normal segundo os testes de Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wilk (Figura 12) cujo valor de p=0,99954 (alto) indica que a hipótese nula (resíduos com distribuição normal) não é rejeitada. Histograma de Resíduos K-S d=0,10971, p> 0.20; Lilliefors p> 0.20 Shapiro-Wilk W=0,099608, p=0,99954 No. of obs. 2 1 0 -10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10 X <= Category Boundary Figura 12. Gráfico da distribuição de resíduos para o conteúdo de óleo encapsulado. 5.1.1.3. Ambos os parâmetros de resposta A hipótese nula para este estudo é a de que o modelo calculado pelo planejamento experimental é adequado ao modelo experimental. No primeiro parâmetro de resposta (Z-ave) não houve essa adequação uma vez que o parâmetro falta de ajuste (Tabela 4) foi significativo e, portanto, a hipótese nula foi rejeitada. Já no segundo parâmetro de resposta (CO) houve uma adequação ao modelo experimental, verificada pela não significância do termo falta de 54 ajuste e da curvatura (p>0,05) além da adequação à normalidade pela análise de resíduos. Sendo assim, a hipótese nula não foi rejeitada e o modelo linear calculado é adequado ao modelo experimental. Varshosaz et al. (2010) obtiveram resultados semelhantes em um estudo utilizando o planejamento composto central com as variáveis independentes significativas: razão ativo/lipídeo, quantidade de lipídeo e volume de fase aquosa. O percentual de óleo encapsulado (EE) atendeu a um modelo linear, enquanto que o Z-ave, a um polinômio quadrático de segunda-ordem. Pardeshi et al. (2013) avaliando a influência da quantidade de Pluronic® F-68 e de estearilamina em NLS de Dynasan® 114 (Trimiristina) contendo Cloridrato de Ropinirol também obtiveram uma boa adequação ao modelo linear para a EE e ao modelo quadrático para o tamanho de partícula. Tais resultados indicam uma tendência de apresentação dos polinômios de EE e Z-ave em modelos lineares e quadráticos respectivamente, independente dos fatores escolhidos. Levando-se em consideração que as variáveis tempo e amplitude do ultrassom tem efeito negativo sobre o tamanho das NPs (Figura 13 e 14), mas o razão ativo/lipídeo tem efeito positivo no CO (na Figura 15 essa variável é apresentada como concentração de óleo na formulação), a condição ótima para a produção de NLS contendo óleo de copaíba dentro do domínio estudado é o experimento 4 que abrange os níveis superiores do domínio experimental (máximo de tempo (10min) e maior amplitude (50%) e máxima razão ativo/lipídeo(50%)) podendo ser verificado pelo seu menor Z-ave e maior CO. 55 Z-ave CO 500 1 4 5 300 6 150 7 2 3 100 200 CO (mg/g) Z-ave (nm) 400 200 50 100 0 0 5,0 5.0 7,5 7.5 7.5 10 10 Tempo de Ultrassom (min) Figura 13. Influência da variável tempo de ultrassom sobre os parâmetros de resposta diâmetro médio de partícula (Z-ave) e conteúdo de óleo encapsulado (CO). Z-ave CO 500 1 4 5 300 6 150 7 2 3 100 200 CO (mg/g) Z-ave (nm) 400 200 50 100 0 0 30 30 40 40 40 50 50 Amplitude do Ultrassom (%) Figura 14. Influência da variável amplitude de ultrassom sobre os parâmetros de resposta diâmetro médio de partícula (Z-ave) e conteúdo de óleo encapsulado (CO). 56 Z-ave CO 500 200 1 5 300 2 6 4 150 7 3 100 200 CO (mg/g) Z-ave (nm) 400 50 100 0 0 6 6 18 18 18 30 30 Concentração de óleo de copaíba (mg/g) Figura 15. Influência da concentração de óleo de copaíba na formulação (mg de óleo/g de formulação) sobre os parâmetros de resposta diâmetro médio de partícula (Z-ave, nm) e conteúdo de óleo encapsulado (CO, mg de óleo/g de NLS). *Concentração de óleo = Massa de óleo em relação à formulação total; CO = Teor de óleo encapsulado na NC liofilizada. Os desenhos fatoriais (totais ou fracionados) em dois níveis, ou seja, utilizando dois valores, são muito úteis para determinar o nível de influência de uma determinada variável no resultado e fazer uma triagem das principais variáveis para estudos posteriores (BEZERRA et al., 2008). Em planejamentos de 2 níveis, os pontos centrais avaliam a presença de curvatura, que para um modelo linear, significa que o mesmo não foi adequado, o que ocorreu com a análise da resposta tamanho de partícula. Para a resposta CO a curvatura não foi significativa e o modelo se adequou ao comportamento linear. 5.3 CARACTERIZAÇÃO DAS NLS Após a determinação do experimento 4 como a melhor formulação segundo os resultados do planejamento experimental, novas NLSs com óleo (NC) e sem óleo (N) foram produzidas nas mesmas condições, em triplicata, e caracterizadas. A caracterização de sistemas particulados é uma etapa fundamental do seu desenvolvimento pois visa confirmar sua formação através de diferentes técnicas. No presente estudo, a distribuição do diâmetro médio de partícula (Z-ave), índice de polidispersidade (IP), potencial zeta (PZ) e eficiência de encapsulamento (EE) foram utilizados na caracterização e no estudo de estabilidade, sendo 57 mencionados em tópico posterior. Também foram empregadas análises físicas, IV-TF e ATD, além da avaliação do perfil e da cinética de liberação in vitro do óleo. 5.3.1 Infravermelho com transformada de fourier (IV-TF) Foram caracterizadas por IV-TF as NLS branco (N), NLS com óleo de copaíba (NC) e o óleo de copaíba puro. Como ambas as moléculas do lipídeo Compritol® 888 ATO (behenato de glicerila) (Figura 16) e do tensoativo Pluronic® F-68 (poloxamer) (Figura 17) empregados na preparação das NLSs possuem inúmeros grupamentos metila, observa-se nos espectros de N e NC forte absorção em 2.986 e 2.848 cm-1 (Figura 18) característica das deformações axiais de C-H sp3. Em 3.439 cm-1 verifica-se a deformação axial referente ao OH em ligação de hidrogênio. A deformação axial de C-O pode ser observada em 1.112 cm-1 e em 1.737 cm-1 distingue-se a deformação axial da carbonila do behenato de glicerila. Figura 16. Compritol® 888 ATO Figura 17. Pluronic® F-68 Em relação ao óleo de copaíba, observa-se as bandas em 2.926 e 2.868 cm-1 referentes a deformação axial da ligação C-H sp3. Além disso, pode-se predizer a presença do grupamento C=O de cetona em 1.697 cm-1 conjugada a uma olefina C=C em 1.643 cm-1. Não foram observadas diferenças entre os espectros da N e NC que comprovem a presença do óleo de copaíba pela técnica de espectrometria no infravermelho, o que sugere que o óleo foi eficientemente encapsulado não ficando aderido à superfície em quantidade que pudesse ser detectada pelo método, sendo observados apenas os sinais referentes ao material que compõem a matriz do nanossistema, Compritol® 888 ATO (behenato de glicerila) e Pluronic® F-68 (poloxamer). 105 58 100 O Transmitância(%) 95 90 1.643 85 110 80 2.868 75 Transmitância (%) N 2.926 100 70 Tranmitânicia (%) 1.697 65 90 60 105 4000 3.439 3500 1.737 3000 2500 2.848 2000 1500 2.986 Número de Onda (cm ) 100 80 -1 1000 1.112 500 NC 95 70 90 85 60 4000 3.439 3500 80 1.737 3000 2000 1500 1000 500 -1 Número de Onda (cm ) 2.848 75 70 4000 2500 1.112 2.986 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 -1 Número de Onda (cm ) Figura 18. Espectro de IV-TF do óleo de copaíba (O), NLS branco (N) e NLS contendo óleo de copaíba (NC). Além disso, não houve desaparecimento de nenhuma banda da N para NC, o que também sugere que não houve formação de ligação, ou que as mesmas, se presentes, não são fortes o suficiente para suprimir as bandas iniciais. Da mesma forma, Amaral (2013) não pode comprovar a presença do extrato de babaçu no nanosistema produzido, uma vez que as bandas de referência do extrato que deveria compor o sistema também eram encontrados nos demais componentes da formulação, indicando que esta técnica sozinha, algumas vezes, não é eficaz para confirmar a presença de materiais nas NPs, devendo ser aliada à outras técnicas como o TGA, DSC, entre outros. 5.3.2 Análise Térmica Diferencial (ATD) As análises térmicas são muito usadas no setor farmacêutico como uma ferramenta de caracterização de substâncias no estado sólido. Sua importância consiste em verificar as alterações que podem ocorrer durante a manufatura e armazenamento em função do calor, 59 assim como diferenciação de substâncias puras e misturas, entre muitas outras utilidades (GIRON, 2012). No presente estudo, N e NC foram analisadas por ATD e os resultados obtidos podem ser observados na Figura 19. N apresenta dois picos endotérmicos, o primeiro em 52,68°C referente à fusão do Pluronic® F-68 e o segundo em 72,56°C referente à fusão do Compritol® 888 ATO. As temperaturas apresentadas estão de acordo com outros estudos em que foi feita a análise térmica diferencial do lipídeo puro e obtiveram os seguintes pontos de fusão: 72,2°C (FREITAS; MÜLLER, 1999) e 73,3°C (AMARAL, 2013). ATD ATG mg ATD de N ATD de NC Figura 19. ATD da NLS branco (N) e da NLS contendo óleo de copaíba (NC). É possível observar na Figura 19 um "alargamento" da base dos picos característico da presença de mais de uma estrutura polimórfica. Se comparado ao pico do lipídeo puro descrito na literatura, este alargamento pode estar relacionado à junção de picos menores muito próximos, referentes às outras formas cristalinas que poderiam ser visualizadas com um método de maior resolução (FREITAS; MÜLLER, 1999). A taxa de aquecimento do presente estudo foi de 10°C/min, esta velocidade está intimamente ligada à resolução apresentada no termograma, quanto menor essa velocidade, maior a capacidade de visualizar eventos muito próximos um dos outros (GIRON, 2012). Utilizando esse princípio, Freitas e Müller (1999) com uma taxa de aquecimento de 5ºC/min conseguiram observar “ombros” referentes aos picos menores, devido a maior separação entre eles. Ao se comparar os perfis obtidos com a N e NC, através do alargamento dos picos, da diminuição das temperaturas de fusão (50,09°C e 70,64°C) e da diminuição de entalpia (visualizada pelo "encolhimento" dos picos) (Figura 19), pode-se sugerir uma maior desorganização da estrutura matricial e, portanto, presença ainda maior de variadas formas 60 cristalinas, fato resultante do encapsulamento do óleo de copaíba na NLS. Tais resultados corroboram a formação de NLSs carreadoras do óleo de copaíba pois indicam que sua presença no interior do sistema leva a uma perturbação na organização cristalina do mesmo, diminuindo a energia necessária para a fusão dos componentes presentes na NP, reduzindo a temperatura em que isso ocorre (HOW; RASEDEE; ABBASALIPOURKABIR, 2013). How, Rasedee e Abbasalipourkabir (2013) também identificaram uma notável diferença de entalpia de 126,61 J/g entre o lipídeo puro utillizado na formulação (óleo de palma hidrogenado) e o carreador lipídico nanoestruturado contendo óleo de oliva, além da diminuição da temperatura de fusão em 4,3°C. 5.3.3 Perfil de dissolução do óleo de copaíba O óleo de copaíba é bastante lipofílico apresentando-se totalmente insolúvel em água e, consequentemente, nos meios de dissolução tradicionalmente empregados. Para a seleção do meio a ser utilizado no ensaio de perfil de liberação in vitro, diferente soluções tampão e tensoativos foram testados. A presença dos tensoativos no meio, apesar de imprescindível em casos em que o ativo é muito lipofílico, pode chegar a inviabilizar a análise por espectrofotometria no UV. O sistema micelar formado tende a atrapalhar a análise, fazendo com que esta etapa preliminar do ensaio seja crucial para seu sucesso. Dessa forma, o meio de dissolução que atendeu às necessidades em termos de solubilização do óleo e ausência de interferência analítica foi então selecionado para o ensaio, sendo composto por etanol 95% PA (3,5%, v/v), Transcutol® (1,5%, v/v) e água Milli-Q (95%, v/v). Não houve alteração do pH do meio, que se manteve constante ao final do experimento. O ensaio de perfil de liberação in vitro foi realizado com a NLS contendo óleo de copaíba (NC) produzida com a formulação considerada ideal (experimento 4) de acordo com os resultados obtidos com o planejamento experimental. As NLS sem o óleo (N) foram utilizadas como branco no ensaio. Diversos modelos matemáticos pretendem ilustrar o processo de liberação de um fármaco de sua forma farmacêutica a fim de facilitar sua análise e nos parágrafos seguintes será discutida a adequabilidade do produto obtido a esses modelos. O perfil de liberação in vitro do óleo de copaíba encapsulado em NLSs está 61 representado na Figura 20. Analisando-se os resultados não é observado um efeito burst pronunciado, no entanto, há uma liberação um pouco mais rápida nas primeiras 7,5 hs de análise em que são liberados 34,90% do óleo. A ausência de liberação inicial pronunciada corrobora os resultados discutidos anteriormente de análise por IV-TF em que não foi sugerida a presença de componentes do óleo adsorvida na superfície da NP. O teor máximo de óleo liberado (82,60%) foi observado após 53,5h de ensaio, fato esse que ajuda a confirmar o encapsulamento do óleo no sistema nanoparticulado e a eficiência de dissolução foi de 54,81 ± 2,52 %. % de Óleo Liberado 100,00 80,00 60,00 40,00 20,00 0,00 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 Tempo (horas) Figura 20. Perfil de liberação in vitro do óleo de copaíba encapsulado em NLS. Observando os resultados como fases isoladas (a primeira fase até 7,5 h e a segunda fase de 24h até o final do ensaio), apesar dos coeficientes de correlação estarem muito próximos, verifica-se que o modelo que mais se ajusta é o de Hixson-Crowell para a Fase I (R2= 0,998) e o de ordem zero para a Fase II (R2= 0,9983), com a liberação de 0,9376% de óleo por hora. Costa e Lobo (2001) relatam que este é o modelo ideal para um "efeito farmacológico prolongado" uma vez que são liberadas quantidades iguais do ativo por variações iguais de tempo. Após a análise dos dados obtidos com o perfil como um todo e aplicando-os em diversos modelos matemáticos (Tabela 6) que descrevem diferentes mecanismos de liberação de fármacos, observa-se pelo maior coeficiente de correlação, que o modelo de Higuchi (R 2= 0,992) é o mais adequado para inferir sobre a cinética demonstrada. Neste modelo, o processo mais importante é o de difusão, baseado na lei de Fick (determinada substância tende a ir de um local de maior concentração para um local de menor concentração de acordo com o gradiente de concentração) e depende da raiz quadrada do tempo (COSTA; LOBO, 2001). 62 Tabela 6. Cinética de liberação in vitro do óleo de copaíba a partir da NLS desenvolvida. Modelos matemáticos de liberação utilizados, suas respectivas constantes de velocidade de liberação (k), coeficientes de correlação (R2) e expoente de difusão (n). Modelos Matemáticos Ordem Zero Primeira ordem Higuchi Hixson-Crowell Korsmeyer-Peppas √ Equação Variáveis k0 R2 k1 R2 kHC R2 kK Fase I 4,69 0,996 0,322 0,898 16,608 0,980 -0,084 0,998 5,220 Fase II 0,938 0,998 0,014 0,998 11,47 0,997 -0,033 0,995 11,045 0,996 0,506 Perfil Completo 1,44 0,933 0,046 0,694 12,122 0,992 -0,036 0,984 6,069 kH R2 R2 n 0,994 0,946 0,973 0,69 Jose et al. (2014) ao produzir NLS de Compritol® 888 ATO contendo resveratrol também utilizaram a detecção por espectofotometria com auxílio de uma curva de calibração, com sucesso, para quantificar o fármaco liberado e reconheceu o modelo de Higuchi (R 2= 0,967) como mais adequado. O efeito burst que obteve foi mais pronunciado que o do presente estudo, com aproximadamente 40% de liberação durante as 6 primeiras horas, que pode ser explicado pela adsorção de moléculas do fármaco na superfície da NP, sendo seguido por uma liberação sustentada e ao final de 24 h já havia liberado aproximadamente 70% do fármaco. No presente estudo, a liberação sustentada é mais lenta, sendo necessários aproximadamente 54 horas para liberação de cerca de 83% de ativo. A temperatura em que a NP é produzida também pode interferir no seu perfil de liberação. O emprego de altas temperaturas, como a aplicada nas formulações do presente estudo, diminui a homogeneidade de distribuição do óleo na matriz lipídica, favorecendo o modelo drug-enriched Shell (MÜLLER; MÄDER; GOHLA, 2000). Hu et al. (2006) verificaram que CLNs produzidos a 70°C apresentavam um perfil bifásico de liberação com um burst inicial, nas primeiras 8 h, enquanto que as mesmas NPs produzidas a 0°C apresentaram uma grande diminuição deste efeito e uma redução do coeficiente angular da reta ajustada ao modelo de Higuchi, o que expressa uma menor taxa de liberação em função do tempo. Ainda de acordo com a Tabela 6, é possível observar que a nanopartícula estudada apresentou um mecanismo de liberação que também pode se adequar facilmente ao modelo de Hixson-Crowell, uma vez que seu coeficiente de correlação (R2= 0,984) não foi muito menor que o obtido no modelo de Higuchi. Neste perfil a dissolução depende das mudanças que ocorrem na superfície da partícula e da agitação, portanto, se mudanças na forma da partícula 63 ocorrerem, também haverão mudanças nos valore das constantes de liberação (HIXON; CROWELL, 1931). O mecanismo proposto por Korsmeyer-Peppas também apresentou um bom coeficiente de correlação (R2= 0,973). Esse modelo é muito utilizado quando não se sabe exatamente o mecanismo de liberação de determinado fármaco ou quando há grande influência de mais de um mecanismo. O interessante é verificar o valor de "n", que corresponde ao expoente da variável tempo na equação. Para esferas com materiais não intumescíveis como é o caso do Compritol®, quando esse valor é inferior a 0,43 a difusão de Fick é o principal mecanismo; no caso em questão o valor de "n" se encontra entre 0,43 e 1,00 (n=0,69) o que confere um mecanismo anômalo em que há a participação do processo Fickiano e não-Fickiano, ou seja, também há a participação da erosão no processo; para valores de n=1 assume-se uma liberação de ordem zero, ou seja, independente do tempo (RITGER; PEPPAS, 1987). De acordo com Costa e Lobo (2001), um dos fatores de grande influência na forma como o fármaco é liberado de sua forma farmacêutica é a solubilidade do mesmo, se este, não for solúvel no meio, o mecanismo de liberação predominante é a erosão, ou seja, há a necessidade que o fármaco seja inicialmente liberado das outras moléculas que o protegem. Neste caso, o meio utilizado garante a solubilização do óleo, mas somente em concentrações menores que 100 µg/ml, mais um fator que leva a aceitar a participação da erosão no processo. Silva et al. (2012) também encontraram coeficientes de correlação muito próximos para os modelos de Higuchi (0,9789) e Korsmeyer-Peppas (0,9825) em NLS contendo risperidona e admitiram o último, como o modelo de melhor adequação, tendo valor de n=0,568 foi considerada a participação de ambos os mecanismos: difusão e erosão para a liberação do fármaco. O Compritol® 888 ATO não apresenta boa capacidade de intumescimento. Gambhire et al., (2007) verificaram que comprimidos produzidos com esse polímero hidrofóbico liberavam o fármaco hidrossolúvel diltiazem preferencialmente pelo mecanismo de erosão. Tal afirmação corrobora o mecanismo anômalo encontrado, onde se pode inferir que no mecanismo inicial de liberação há maior participação da difusão, uma vez que há maior concentração de óleo nas camadas mais externas da NP e depois há uma maior participação 64 do mecanismo de erosão nas camadas mais internas onde a quantidade de óleo de copaíba é menor. É necessário lembrar que os modelos apresentados são deduções matemáticas simplificadas que em sua maioria levam em consideração somente um fenômeno como responsável pela liberação do ativo, quando sabe-se que na verdade, vários fenômenos de origem química e física estão ocorrendo ao mesmo tempo. Essa complexidade faz com que a descrição por um modelo seja muito difícil tornando-os apenas aproximações da realidade (COSTA; LOBO, 2001). 5.4 ESTUDO DE ESTABILIDADE Nanopartículas contendo o óleo de copaíba (NC) ou não (branco) (N) foram refeitas, em triplicata, empregando-se a formulação ideal segundo o planejamento experimental. As amostras foram mantidas sob refrigeração e avaliadas quanto aos aspectos visuais, distribuição de diâmetro de partícula, potencial zeta (NLS em suspensão) e conteúdo de óleo encapsulado (NLS liofilizadas) no dia em que foram produzidas e após 6 meses de estocagem. Na figura 21, observa-se a suspensão de SLN no momento em que foram produzidas e nos 6 meses posteriores. 65 N NC D0 M6 Figura 21. Suspensão de N e NC no dia em que foram produzidas (D0) e após 6 meses (M6). Após o período analisado a N manteve o aspecto de uma suspensão homogênea, fluida, branca, com reflexo azulado. No entanto, as amostras de NC logo após a segunda semana de armazenamento começaram a apresentar um aspecto gelificado de “géis semisólidos tipo pomada” segundo descrito por Westesen e Siekmann (1997) (semi-solid ointment-like gels) que se manteve até o sexto mês de observação. Sabe-se que algumas formulações de NLSs tendem a formar o gel com o tempo, e que qualquer entrada de energia como temperatura, luz, agitação podem acelerar esse processo uma vez que promovem o aumento da energia cinética e colisão entre as NPs. Nesse caso, supõe-se que o óleo de copaíba, com sua alta viscosidade, promova um aumento das forças de cisalhamento que agem nas NPs. Freitas e Müller (1999) mencionam que esse aumento da energia cinética pode levar a quebras e danos na camada de tensoativo que se desorganiza, favorecendo a agregação ou a formação de "pontes" de lipídeo entre as NPs, ou seja, a rede tipo gel. Além disso, durante a recristalização do lipídeo, as novas formas cristalinas formadas 66 que apresentam configurações distintas podem demonstrar diferentes afinidades com as moléculas do tensoativo deixando espaços para a formação dessas "pontes". A redistribuição do estabilizante que ocorre na superfície das NPs recém-formadas se dá de maneira e velocidades diferentes dependendo de suas características intrínsecas (WESTESEN; SIEKMANN, 1997). Por exemplo, o LSS (Lauril Sulfato de Sódio) que forma micelas de baixo peso molecular tem o processo de redistribuição muito mais rápido que o poloxamer. Devido ao seu alto peso molecular, o poloxamer apresenta mobilidade lenta e não consegue cobrir as novas superfícies formadas em velocidade suficiente para prevenir o efeito (MEHNERT; MÄDER, 2001). Aliado à isso, existe também a influência da concentração de lipídeo, sendo que quanto maior, mais pronunciada é a formação de gel pois aumenta a probabilidade de colisão entre as partículas (MEHNERT; MÄDER, 2001). Mehnert e Mäder (2001) observaram a gelificação em NLS contendo Compritol® e poloxamer na proporção de 10:2. No entanto, na proporção de 5:2 este efeito não foi observado durante as 2 semanas do experimento. A proporção utilizada no presente estudo foi de 6:4, ou seja, uma baixa concentração de lipídeo, porém maior de tensoativo, o que colaborou para a manutenção do aspecto das Ns e mais uma vez levando a concluir que o óleo de copaíba foi o grande responsável pela gelificação. Uma ferramenta que poderia ser utilizada para manter a viscosidade inicial da formulação com o óleo de copaíba é a adição de um co-tensoativo. Westesen e Siekmann (1997) conseguiram impedir a gelificação de NLS de tripalmitato com diversos tipos de Lipoid (E8, S75, S110) pela adição de tyloxapol ou glicolato de sódio como co-tensoativos. Na Tabela 7 estão apresentados os demais parâmetros avaliados no estudo de estabilidade. Após aplicação do teste ANOVA, não houve diferença significativa (p>0,05) entre os valores entre o dia 0 e o mês 6 para nenhum dos parâmetros estudados: diâmetro médio de partícula (Z-ave) (p=0,2222), índice de polidispersidade (IP) (p=0,9227), potencial zeta (PZ) (p=0,1687) e eficiência de encapsulamento (EE) (p=0,8566)). A ausência de diferença significativa das características físicas mencionadas durante o tempo de estudo, indica que mesmo após a geleificação há estabilidade no sistema. 67 Tabela 7. Resultados obtidos no primeiro dia (Dia 0) e no sexto mês (Mês 6) do estudo de estabilidade quanto ao diâmetro médio de partícula (Z-Ave), índice de polidispersidade (IP), potencial Zeta (PZ) e eficiência de encapsulamento (EE) para as N e NC (feitas em triplicata). PZ Tempo Exp. Z-ave IP EE (%) (mV) Dia 0 Mês 6 N 236,5 ± 3,20 0,409 ± 0,021 -22,80 ± 0,95 - NC 244,43 ± 9,09 0,402 ± 0,027 -14,18 ± 0,86 56,08 ± 3,54 N 252,9 ± 11,41 0,447 ± 0,060 -19,50 ± 0,20 - NC 245,98 ± 58,01 0,512 ± 0,047 -17,17 ± 2,88 57,42 ± 3,10 Em relação à EE, sendo o ativo um óleo, a incorporação na matriz lipídica reduz a formação de uma NP altamente cristalina, diminuindo a sua expulsão, dessa forma, mesmo após 6 meses de armazenamento a quantidade de óleo de copaíba encapsulada não apresentou alteração significativa. De acordo com os resultados do perfil de liberação do óleo, sabe-se que a quantidade de ativo disponível para efeito é modificada após a sua encapsulação, ou seja, a administração da mesma quantidade de óleo livre e em NLS exibirá comportamento diferente devido a liberação gradual na segunda opção. Dessa forma, a permanência do ativo encapsulado na NP é imprescindível para viabilizar o uso da mesma, uma vez que é desejável a manutenção do comportamento da formulação durante o maior período de tempo possível. Outro ponto a ser destacado é a presença de componentes voláteis no óleo de copaíba que possivelmente são protegidos da volatilização pelo encapsulamento em NLS, sendo essa uma estratégia utilizada por diversos autores, possibilitando a utilização de produtos voláteis em formulações ou para usos anteriormente inviáveis devido a rápida perda dos ativos. Shi et al. (2012) verificaram que a maior taxa de evaporação dentre os seis componentes voláteis escolhidos para análise presentes na mistura de resina de olíbano (Boswellia) e óleo de mirra (Commiphora) (1:1) encapsulada em NLS foi 44,47%, enquanto que no óleo livre, a menor taxa de evaporação foi 46,1% durante 6 dias de acompanhamento. Emulsões e NLS contendo óleo essencial de Artemisia arborescens foram comparadas quanto à evaporação do óleo, e enquanto a emulsão permitiu a volatilização de 69,56%, a NLS de Compritol® 888 ATO evaporou somente 37,07% do mesmo em 48 horas de estudo (LAI; WISSING; MULLER, 2006). 68 5.5 AVALIAÇÃO DO EFEITO DAS NAPARTÍCULAS SOBRE A REGENERAÇÃO CUTÂNEA EM CAMUNDONGOS. O desempenho in vivo da melhor formulação obtida pelo planejamento experimental foi avaliado quanto à propriedade cicatrizante em camundongos. Uma vez que o óleo de copaiba é descrito como sendo benéfico nesse processo (ESTEVÃO et al., 2009; GIESBRECHT, 2011; PAIVA et al., 2002) planejou-se verificar o desempenho do mesmo quando encapsulado no nanossistema em comparação com o óleo puro e demais grupos controle. Os grupos estudados foram os seguintes: (S) Solução salina fisiológica (0,9%); (SCT) Solução de óleo de copaíba (25,0 mg/ml) e Tween® 80 (40,0 mg/ml) em solução salina fisiológica (0,9%); (OM) Óleo Mineral ; (N) Nanopartículas Branco em suspensão; (NC): Nanopartículas contendo óleo de copaíba (25,0 mg/ml) em suspensão. Os tratamentos foram administrados durante 5 dias, uma vez ao dia e as fotos das lesões foram tiradas nos dias 0, 3, 7, 10 e 14. Para o cálculo da área de lesão, foram utilizados 3 camundongos por grupo. A verificação da contração da área da lesão é bastante utilizada para analisar o processo de cicatrização (MIRANDA, 2001; PRATA et al., 1988; SANTOS et al., 2002), por esse motivo, optou-se por empregar esse estudo preliminar como um indicativo desse processo. A região dorsal foi escolhida para o ensaio pela menor probabilidade do próprio camundongo realizar outro trauma na região. A introdução do grupo óleo mineral serve para estabelecer um parâmetro de comparação em relação à oleosidade. No grupo controle o qual foi administrada a solução salina fisiológica, avalia-se a possibilidade de interferência em decorrência do estresse da manipulação. O tratamento com a suspensão de nanopartículas branco fornece informações sobre a interferência da nanopartícula no resultado. A solução de óleo de copaíba foi diluída para obtenção de concentração de copaíba igual à administrada ao grupo NC. O gráfico representativo do comportamento das lesões durante o tempo de ensaio se encontra na Figura 22. Após a aplicação do teste two-way ANOVA seguida pelo teste de comparações múltiplas de Bonferroni para avaliar as diferenças entre os grupos estudados, foram identificadas diferenças significativas entres os grupos nos dias 3, 7 e 10. No terceiro dia houve diferença entre o grupo S e NC. No sétimo dia, o grupo que recebeu solução salina fisiológica (grupo S) apresentou área de ferida significativamente menor que os grupos SCT e NC. No décimo dia, o grupo NC apresentou área de lesão significativamente maior que os 69 demais grupos, conforme mostra a Figura 23 pela presença da casca, que nos outros grupos já havia caído. No final do experimento (dia 14), todos os grupos apresentaram similaridade quanto à área de lesão, não sendo estatisticamente diferentes entre si. S C o n t r a ç ã o d a F e r id a 140 SCT % Á re a d a Le sã o 120 OM 100 N NC 80 60 40 20 0 0 3 7 10 14 T e m p o ( D ia s ) Figura 22. Evolução da contração da ferida nos camundongos após 5 dias de tratamento, durante 14 dias de experimento. *(S): Solução salina fisiológica (0,9%); (SCT): Solução de óleo de copaíba (25,0 mg/ml) e Tween®80 (40,0 mg/ml) em solução salina fisiológica (0,9%); (OM): Óleo Mineral ; (N) : Nanopartículas Branco; (NC): Nanopartículas contendo óleo de copaíba (25,0 mg/ml). 70 D0 D3 D7 D10 D14 S SCT OM N NC Figura 23. Análise morfométrica das lesões cutâneas em camundongos durante os dias 0, 3, 7, 10 e 14 do ensaio. Os tratamentos foram administrados 1 vez ao dia durante os 5 primeiros dias. * (S): Solução salina fisiológica (0,9%); (SCT): Solução de óleo de copaíba (25,0 mg/ml) e Tween® 80 (40,0 mg/ml) em Solução salina fisiológica (0,9%); (OM): Óleo Mineral; (N) : Nanopartículas Branco; (NC): Nanopartículas contendo óleo de copaíba (25,0 mg/ml). Muitos são os fatores que podem ter levado ao retardo da contração de ferida no grupo NC, um deles é o ressecamento verificado com a utilização das NLS contendo óleo de copaíba, se apresentando com um aspecto de creme levemente amarelado que ressecou com o decorrer dos dias em contato com o ar na superfície da ferida. Svensjö et al. (2000) ao comparar feridas em suínos tratadas com meio de gel (hidrocolóides), líquido (salina) e seco 71 (gaze) observou que o meio líquido acelerou o processo de cicatrização, tendo 86% dos ferimentos cicatrizados depois de tratados com solução salina em comparação com 20% do gel e 0% com o ambiente seco. A natureza líquida dos tratamentos administrados nos grupos S e N pode estar relacionada com o fato desses grupos terem sido os únicos em que não houve aumento da área de lesão nos primeiros dias. Diferentemente das NPs contendo óleo de copaíba, as NPs branco permaneceram como uma suspensão aquosa o que aumentou o teor de umidade na área da ferida, auxiliando o processo de cicatrização, assim como a solução fisiológica. Outros fatores que também interferem no aumento da área da ferida são a própria mobilidade dos camundongos e a tensão exercida pela pele circundante. Teo e Naylor (1995) observaram um acréscimo de até 15% de área em lesões na região dorso-lateral de ratos, independente dos grupos e incluindo o controle, portanto, uma maior agitação do camundongo pode contribuir para a diferença observada de cicatrização tecidual. A crosta formada pode ter ocultado uma possível contração da lesão. De acordo com Eurides et al.(1998) a crosta da lesão é benéfica ao processo de reparação cutânea. A crosta pode ter ainda mascarado algum processo inflamatório. A inflamação é necessária para a cicatrização, mas se ocorrer de maneira exacerbada, dificulta a migração de células e pode levar a um afastamento das bordas da ferida, aumentando a área de lesão (VIEIRA et al., 2008). Deve-se levar em conta também possíveis erros durante a demarcação da foto para cálculo da área de lesão, uma vez que a formulação do grupo (NC) aderiu à pele ao redor da ferida, tornando as bordas da mesma indefinidas. Sandri et al. (2013) comprovaram a ausência de toxicidade in vitro de NLSs produzidas com Compritol® 888 ATO e poloxamer frente a fibroblastos cultivados, ademais, houve redução do efeito citotóxico de sulfadiazina de prata quando encapsulada nesse tipo de nanopartícula. O estudo mencionado, juntamente com o comportamento observado do grupo N dá respaldo à afirmação de que a nanopartícula utilizada não implica efeitos tóxicos que poderiam prejudicar o processo de reparo tecidual . De forma similar a esse estudo, Brito (1996) observou um aumento da área de lesão em camundongos tratados com óleo de Copaifera reticulata, estando relacionado a um maior 72 tecido de granulação, maior vascularização e diminuição de fibras colágenas. A maior vascularização também foi observada por Estevão et al. (2009), que trabalhando com óleo de copaíba da espécie Copaifera langsdorffii verificou que o creme contendo 10% desse óleo melhorou o aspecto de retalhos cutâneos com uma área de necrose mais clara (amarelada), assim como uma maior vascularização na região dérmica se comparada com os grupos controle total (sem tratamento) e branco (pomada sem ativo). Se os achados do tecido de granulação para o grupo NC e/ou SCT forem compatíveis com os demais estudos contendo óleo de copaíba supracitados e apresentarem um maior tecido de granulação e neoangiogênese para os grupos mencionados, com densidade de fibroblastos/ miofibroblastos pequena, tem-se uma menor força de contração, justificando a visualização da maior área da ferida. Se ainda, a maior área do tecido de granulação estiver relacionada à uma grande quantidade de colágeno, tem-se uma lentidão na reabsorção do mesmo e remodelamento. Além disso, uma formação de vasos sanguíneos superior ao usual pode estar relacionada com uma resposta inflamatória e/ou hipóxia exacerbadas, deixando de ser benéficas para a cicatrização e levando ao aumento da liberação de mediadores que propiciarão produção de radicais livres e conseqüente dano celular (TEO; NAYLOR, 1995). Giesbrecht (2011) observou efeito contrário ao do presente estudo com aumento da área de lesão para os grupos controle (sem tratamento) e placebo e diminuição da área de lesão para o grupo que recebeu pomada contendo óleo de copaíba em vaselina (1%, p/p) diariamente por 30 dias. Ainda assim, o aumento da angiogênese observado nos outros estudos se manteve com o grupo tratado com a pomada contendo o óleo. Paiva et al. (2002) verificaram um aumento na porcentagem de retração da ferida de 84,05% nos animais tratados com óleo do Copaifera langsdorffii em comparação a 51,29% do grupo controle, assim como aumento da resistência da pele, indicando uma aceleração no processo de cicatrização, provavelmente relacionada aos diterpenos presentes no óleo. Diante desses fatos, pode-se dizer que a diferença observada principalmente durante o sétimo e décimo dias do grupo NC, deve estar mais relacionado ao óleo de copaíba que à escolha de encapsulamento do mesmo em NLS, uma vez que a presença do óleo alterou as propriedades físicas da formulação, tornando-a mais viscosa e seca. Adicionado a isso, a NLS aumentou o tempo de permanência do óleo na ferida: pela própria característica da formulação que não permitia o escorrimento do óleo, diferente do que ocorreu com o grupo 73 SCT que era líquido; pelo aumento da área de contato produzida pela nanoformulação; e pela característica de maior aderência ao invés de distribuição entre os tecidos observado para as NLS quando administrado por via tópica (WISSING; LIPPACHER; MULLER, 2001). Apesar dos resultados não apresentarem diferenças estatísticas quanto à área de cicatrização final da ferida, pôde-se observar que os grupos passaram por processos diferentes durante a regeneração tecidual, sendo os grupos que receberam tratamentos contendo o óleo de copaíba (SCT e NC) os que apresentaram maior aumento da área da ferida logo após a lesão inicial (Figura 22). Logo, relaciona-se a presença do óleo como o fator causal para o comportamento prejudicado quanto ao parâmetro analisado, área de lesão. Tendo em vista que a nanoformulação intensificou o comportamento in vivo do óleo de copaíba, possivelmente devido a capacidade de liberar o ativo de maneira prolongada (LIPPACHER; MULLER, MADER,2001), essa capacidade pode ser utilizada em outras terapias em que o óleo se mostra benéfico. A medição da área de superfície fornece proveitosas informações, porém limitadas, informações tendo em vista que o processo de reparo cutâneo é um fenômeno tridimensional, complexo e depende de uma série de fatores como multiplicação celular, neovascularização, migração, produção de colágeno e contração. Assim, para uma conjectura mais concreta quanto a qualidade do tecido neoformado e, portanto, da cicatrização faz-se necessária uma análise histológica e microscópica do tecido. 74 6 CONCLUSÕES Foi possível a obtenção de uma formulação otimizada, com bons resultados dentre os parâmetros avaliados de diâmetro médio de partícula (208,0 ± 2,10 nm) e conteúdo de óleo de copaíba/g de NP (143,31 ± 11,80 mg) (EE= 62,10 ± 5,12 %) utilizando um número reduzido de experimentos empregando-se um planejamento experimental fatorial fracionado. A melhor formulação consistiu no emprego de ultrassom por 10 min à 50% de amplitude e razão ativo/lipídeo de 50% (30mg de óleo/g de formulação). O modelo de planejamento experimental linear do tipo fatorial fracionado se adequou bem ao parâmetro de resposta conteúdo de óleo encapsulado (CO), levando a uma boa correlação entre a equação prevista e a real dentro do domínio experimental escolhido. Para o parâmetro diâmetro médio de partícula foi obtida uma curvatura significativa, entretanto, ainda foi possível avaliar o comportamento das variáveis estudadas e escolher os níveis a serem utilizados na melhor formulação. Levando em consideração que o óleo utilizado apresenta baixíssima solubilidade em água mesmo com a adição do tensoativo (poloxamer), que a mudança no comportamento térmico da NC foi pequena, não foi possível observar as bandas referentes ao óleo no espectro de IV-TF da NC, pode-se inferir que não há óleo de copaíba aderido à superfície da NP. Entretanto, o mesmo se encontra em quantidades razoáveis nas camadas mais externas da matriz, devido ao discreto efeito burst observado no ensaio de perfil de liberação. Não é possível afirmar que a cinética de liberação do óleo de copaíba se adeque unicamente a um modelo matemático dentre os estudados. Desta forma, os mecanismos de difusão do óleo, dissolução e erosão da matriz lipídica, são fatores relevantes para a liberação do óleo de copaíba da NLS desenvolvida. Apesar da mudança de aspecto visual da formulação contendo óleo de copaíba, não houve alteração significativa nos parâmetros avaliados durante os 6 meses de estudo, distribuição de tamanho, potencial Zeta e EE, sugerindo a estabilidade do produto. Pela análise morfométrica, não houve diferença entre os grupos estudados quanto à área final de lesão (Dia 14), mas verificou-se que a presença do óleo de copaíba no tratamento alterou o processo de cicatrização de forma a aumentar a lesão até o décimo dia. 75 Propõe-se a realização de um planejamento composto central quanto à variável diâmetro médio de partícula para adição de mais experimentos que considerariam a resposta quadrática, visando estabelecer um modelo de maior precisão quanto ao comportamento dos fatores escolhidos. Devido a exacerbação da resposta in vivo frente a NC na metodologia empregada, são necessários novos estudos para a melhor compreensão dos mecanismos envolvidos no processo de cicatrização. Além disso, outras avaliações das atividades biológicas da formulação proposta devem ser realizadas, tais como a antimicrobiana por exemplo. 76 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, K. B. 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