71 AUTOPERCEPÇÃO DE HOMENS UNIVERSITÁRIOS EM RELAÇÃO AO PAPILOMAVÍRUS HUMANO: UM PROBLEMA A SER CONSIDERADO NA SAÚDE PÚBLICA Amanda Cristina Nunes da Silva1 Gabriella Bueno de Sousa2 Gicelma Aparecida de Freitas Lacerda3 RESUMO O Papilomavírus Humano (HPV) é uma doença sexualmente transmissível, apresenta distribuição universal e é causado por um DNA de vírus pertencente à família Papoviridae - gênero Papillomavirus, apresenta-se como lesões vegetantes de aspecto verrugoso, no homem acomete com grande incidência a região peniana, se caso não tratadas podem ser precursoras de tumores. O objetivo deste trabalho é avaliar a autopercepção do homem universitário com relação ao conhecimento sobre o HPV, sua forma de transmissão e prevenção. Foi realizado um estudo quanti-qualitativo, prospectivo, transversal, tipo seccional, sendo realizado nas Faculdades Unidas do Vale do Araguaia, no Município de Barra do Garças – MT, onde participaram 50 universitários homens na faixa etária de 18 a 45 anos. O método utilizado foi o de entrevistas por questionário. Observou-se que 58% dos homens relataram não saber nada sobre o HPV, sendo que 52% não tem ideia de como se adquire o HPV. Outro fato alarmante encontrado nos dados foi que 18% desses homens não se preocupam com DSTs; que 20% não utilizam nenhum mecanismo de prevenção durante a relação sexual, e cerca de 18% são mais vulneráveis a adquirirem o HPV devido se relacionarem com mais de um(a) parceiro(a). Portanto, esses dados sugerem que há a necessidade de ações educativas com a população em geral e com universitários buscando promover conhecimento e, assim, reduzir os índices de HPV e DSTs. PALAVRAS-CHAVE: HPV; Conhecimento; Doença; Sexualidade; Transmissão. ABSTRACT The Human Papillomavirus (HPV) is a sexually transmitted disease by direct or indirect contact, presents universal distribution and is caused by a DNA virus belonging to the family Papoviridae - genus Papillomavirus, appears as warty appearance of vegetating lesions in man affects with high incidence and the penis if untreated case may be precursors of tumors. The objective of this study was to evaluate the selfperception of man in relation to university knowledge about HPV, its mode of transmission and prevention. We conducted a quantitative and qualitative study, a prospective, crosssectional study, being conducted in the Faculties of Nations Vale do Araguaia, in the Municipality of Barra do Garças MT, attended by 50 university men aged 18 to 45 years. The method used was interviews by questionnaire. It was observed that 58% of men reported knowing nothing about HPV, and 52% have no idea how to get HPV. Another alarming fact found in the data was that 18% of men do not worry about DSTs, that 20% do not use any prevention mechanism during intercourse and about18% are more vulnerable to acquiring HPV because they relate to more than one (a) partner (a). Therefore, these data suggest that there is a need for educational activities with the general population and university seeking to promote knowledge and thereby reduce rates of HPV and DSTs. KEY-WORDS: HPV; Knowledge; Disease; Sexuality; Transmission. 1 Bacharel em Enfermagem das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia. Endereço: Rua Luís de Medeiros, nº. 567, Bairro União, Barra do Garças/MT, CEP: 78600-000. Telefone (66) 3401-9015. E-mail: [email protected]. 2 Bacharel em Enfermagem das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia. Pós- graduada em Gestão na saúde publica com ênfase na saúde da família 3 Mestre em Ecologia e Conservação da Biodiversidade. Orientadora e Docente das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia. 1. INTRODUÇÃO Desde a Grécia antiga que vem sendo descritas o aparecimento de lesões verrucosas e papilomatosas que acometem a pele. Com o início do século XX, iniciaram-se de forma intensiva pesquisas sobre o papiloma vírus, mas, somente em 1933, esse vírus foi isolado como possível agente etiológico de verrugas. Desde então, essa classe viral vem sendo considerada como agentes infecciosos, responsáveis pelo surgimento de verrugas em diferentes grupos de mamíferos, inclusive no homem (LETO et. al., 2011). O Papilomavírus Humano (HPV) é um vírus com distribuição universal, o qual provoca verrugas cutâneas que são consideradas afecções virais frequentes, com incidência estimada de 7% a 10% na população europeia e de 1% na população americana e apresenta grande incidência em imunocomprometidos (HENGGE, 2004). A prevalência do HPV no Brasil é de 25% entre as mulheres e 5% nos homens, de total de doenças sexualmente transmissíveis notificadas no Brasil e pode ser encontrado em 93% dos portadores de HIV- Vírus da imunodeficiência Humana (DIAS et. al.,2006). O HPV consiste em um DNA de vírus pertencentes à família Papoviridae - gênero Papillomavirus, altamente transmissível por via sexual, sendo encontrado frequentemente na região ano-genital e raro na mucosa oral (CASTRO et. al., 2004). Até o momento, foram completamente caracterizados cerca de 100 tipos diversos de HPVs. Todos os tipos de HPVs possuem certo tropismo por células do epitélio escamoso estratificado, no entanto, há variações de 72 afinidade com diferentes sítios anatômicos (VILLIERS et. al.,2004). O HPV pode ser transmitido por contato direto ou indireto com indivíduo que apresenta a lesão. Disfunções na barreira epitelial causada por traumatismos, ou mesmo, por pequenas agressões e macerações provocam a ruptura da integridade da pele, possibilitando a infecção viral (LETO et. al., 2011). Nota-se que a principal via de transmissão do HPV é pelo contato sexual, podendo adquiri-lo após uma única relação sexual com um parceiro infectado. Após a inoculação, o período de incubação varia de três semanas a oito meses (LETO et. al., 2011) Santos afirma que, no homem, o HPV representa um dos fatores de risco para o câncer de pênis e, em ambos os sexos, também, está associado a outras neoplasias, causando lesões benignas na pele (verrugas) e nas membranas mucosas (condilomas), e lesões malignas anais, cutâneas, vulvares, vaginais em orofaringe, laringe e brônquios (SANTOS et al., 2009, p. 373). GUIDI (2011) Observou que, no homem, o HPV acomete com maior incidência a região peniana sendo acometidas nas seguintes proporções: prepúcio 28%, corpo 24%, escroto 17%, glande 16% e uretra 6%). O Ministério da Saúde ressalta que: [...] os homens têm dificuldade em reconhecer suas necessidades, cultivando o pensamento mágico que rejeita a possibilidade de adoecer. Além disso, os serviços e as estratégias de comunicação privilegiam as ações de saúde para a criança, o adolescente, a mulher e o idoso. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008, p. 06). Quando o homem apresenta uma lesão verrucosa visível, o diagnóstico se torna mais fácil. Porém, nos casos de lesões subclínicas, a situação já é mais difícil. Nesses casos, a lesão deve ser detectada por meio de uma peniscopia minuciosa, com vistas a localizar as lesões suspeitas e, posteriormente, colher material para estudo histológico e de biologia molecular. Tanto a coleta de material para diagnóstico (biópsia), como o tratamento, somente devem ser instituídos se o paciente apresentar algum tipo de lesão (CHAVES et. al., 2011). Segundo Santos et. al. (2009), a infecção pelo papiloma vírus humano é um problema do casal, e é de importância singular, orientar e tratar o homem para, assim, prevenir sequelas, dentre as quais, o câncer do pênis. O conhecimento da patogênese viral pelos indivíduos é de grande importância para dinamizar as prevenções primárias e secundárias, proporcionando novo enfoque na área da educação em saúde com Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar. On-line http://revista.univar.edu.br ISSN 1984-431X ênfase no cuidado da saúde das populações humanas. O uso de cartilhas educacionais funciona como uma ferramenta eficaz, pois leva conhecimento consolidado de forma clara e compreensível ao público-alvo, gerando transformações conceituais na compreensão da doença. Contudo, apesar de serem utilizadas essas cartilhas educacionais em campanhas, verifica-se ainda, um índice considerável de proliferação de indivíduos com HPV (REIS et. al., 2010). Outro fator importante é a preocupação dos profissionais da saúde com relação à falta de informação da população, acerca do papiloma vírus humano (HPV), principalmente dentro do universo masculino (BUOSI e OLIVEIRA, 2007). Este artigo se justifica por sua abrangência e por conduzir a sociedade, mais especificamente à sociedade barragarcense, à reflexão acerca da importância de se obter informações para que sejam elaboradas ações educativas de modo massificado, sobre a prevenção do HPV, afastando, dessa forma, os riscos de contaminação. Está pesquisa teve como objetivo avaliar a autopercepção do homem universitário com relação ao conhecimento sobre o HPV, sua forma de transmissão e prevenção. 2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1 Desenho do Estudo Foi realizado um estudo quanti-qualitativo, prospectivo, transversal, tipo seccional considerando-se grupos de homens universitários, os quais foram consultados sobre a disponibilidade em participar do trabalho de pesquisa. A metodologia foi escolhida por proporcionar um estreitamento entre o pesquisador e o fenômeno estudado. 2.2 Local de Estudo O estudo foi realizado nas Faculdades Unidas do Vale do Araguaia no município de Barra do Garças – MT, visando obter uma amostra com homens universitários. Os quais apresentam características regionais e culturais diferenciadas. Para a coleta das informações foi solicitada a autorização do Diretor e do Coordenador do Curso de Enfermagem, os quais deram parecer favorável ao estudo. 2.3 Sujeitos e Tamanho Amostral Os sujeitos desta pesquisa foram homens na faixa etária de 18 a 45 anos que estudam regularmente nas Faculdades Unidas do Vale do Araguaia e que se enquadravam nas exigências da pesquisa. Foram distribuídos cinquenta questionários, sendo 20 questionários para o Curso de Educação Física, 07 para o Curso de Enfermagem, 10 para o Curso de Fisioterapia e 13 para o Curso de Medicina Ago 2013, n.º 10, Vol – 2, p. 71 – 77. 73 Veterinária. Totalizando 50 questionários preenchidos adequadamente. 2.4 Critério Descontinuidade de Inclusão, Exclusão e Foram elegíveis como possíveis participantes os homens universitários das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia na cidade de Barra do Garças - MT, que apresentaram como fatores de inclusão: Ser homens universitários; Idade entre 18 a 45 anos. Como fatores de exclusão: - Homens com idade inferior a 18 anos e superior a 45 anos, estando este estudando ou não; - A entrega do questionário respondido incorretamente. Fatores de descontinuidade: - Desejo do homem em não participar do estudo. 2.5 Período De Estudo A pesquisa foi executada no período de 10 meses. A proposta foi elaborada após consulta bibliográfica em fevereiro de 2012 juntamente com a confecção do questionário, que foi aplicado no período de abril a agosto de 2012 na cidade de Barra do Garças - MT. 2.6 Métodos de Coleta Como instrumento de coleta de dados, foi utilizado um questionário com 17 questões com perguntas de múltipla escolha sobre idade, estado civil, escolaridade, conhecimento sobre HPV, hábitos de vida e outros dados necessários para avaliar a autopercepção dos homens quanto ao HPV. 2.7 Análise Estatística Os dados foram avaliados e calculados em planilhas do Microsoft Excel 2010, sendo expressos em porcentagem e apresentados em forma de figuras e tabelas. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO O estudo consistiu em uma amostra de 50 homens entrevistados, oque permitiu comparar e analisar o conhecimento a respeito da autopercepção em relação ao HPV, no município de Barra do Garças – MT com universitários de diferentes regiões. Os dados demonstram que há maior número de homens com idades entre 18 a 28 anos no município (Tabela 1). Resultados parecidos foram encontrados em Hengge (2004) ao afimar que as lesões verrucosas ocorrem em qualquer idade, porém com grande incidência durante a idade escolar e apresentando pico na adolescência e nos adultos jovens. Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar. On-line http://revista.univar.edu.br ISSN 1984-431X Tabela 1 – Características dos homens avaliados. Características Nº % 18 a 28 31 62 29 a 38 12 24 39 a 45 07 14 Solteiro 26 52 Casado 16 32 Amasiado 01 02 Namorando 07 14 Superior incompleto 48 96 Superior completo 02 04 Idade (anos) Estado civil Escolaridade Quanto ao estado civil (Tabela 1), a maioria 52% dos homens é solteira, cerca de 32% são casados, 14% estão namorando e um pequeno número de homens apresentou união estável. Segundo Pinto et. al. (2011), observou-se associação significante em relação à situação conjugal, uma vez que mulheres e homens solteiros, separados ou viúvos, tiveram uma prevalência 4,3 (p = 0,0097) maior de infecção pelo HPV do que aqueles que moravam com um companheiro(a) ou eram casados(as). Foi possível constatar a permanência de uma associação significante em relação ao estado civil, de mulheres e homens solteiros, separados ou viúvos, de 13 a 25 anos em relação à infecção genital pelo HPV. Ainda, na tabela 1, na parte educacional, 96% apresentaram ensino superior incompleto, em contrapartida 4% dos entrevistados já possuem nível superior completo, e, no momento, realizam outro curso superior. Atualmente, são considerados aspectos importantes para o incremento da vulnerabilidade os aspectos socioculturais e político-econômicos, com destaque para a escolaridade, acesso aos serviços de prevenção, hábitos de vida, bem como os diferentes grupos etários e sua região de residência (PINTO et. al., 2011). Com relação ao conhecimento dos homens entrevistados sobre o assunto HPV, 58% deles relataram que não conhecem nada a respeito do assunto, enquanto que apenas 42% dos homens disseram ter conhecimento sobre o HPV (Figura 1). Achados semelhantes foram encontrados em um estudo em que se observou que, dos duzentos questionários respondidos, 64,5% dos participantes não tinham conhecimento sobre o HPV e sua relação com o câncer (REIS et. al., 2010). Ago 2013, n.º 10, Vol – 2, p. 71 – 77. 74 Figura 1 – Conhecimento dos homens em relação ao que é o HPV. Com relação à instrução dos homens sobre as formas de contaminação pelo HPV, cerca de 52% relataram não conhecer como adquire o Papiloma Vírus Humano, enquanto que 48% afirmaram que conhece a forma de contaminação, conforme Figura 2. Reis et. al. (2010) observou em seu estudo a relação entre questões de transmissão, regiões de infecção, diagnóstico e prevenção, e, durante a análise dos dados, ele constatou que 90% do seu grupo amostral compreendeu o conteúdo abordado quando realizado ações educativas com auxílio de instrumento informativo. Figura 3 – Homens que praticam ou já praticaram sexo sem camisinha. A maioria dos homens procura atendimento médico quando adoecem (62%) e cerca de 30% dos homens do estudo realizam automedicação. Com relação à busca por atendimento especializado apenas 30% relataram que já consultaram com um médico especialista em urologia (Tabela 2). O distanciamento dos indivíduos do gênero masculino referente aos cuidados com a saúde, principalmente em relação à prevenção, à adesão ao tratamento e ao engajamento em situações de risco, atua negativamente sobre os índices de mortalidade masculina (COSTA-JÚNIOR e MAIA, 2009). Esses altos índices masculinos em relação à morbimortalidade, estão diretamente relacionados ao fato de que os homens procuram menos os serviços de saúde do que as mulheres (GOMES et. al., 2007). Tabela 2 – Busca por atendimento especializado. Atendimento Nº % Farmacêutico 04 08 Médico 31 62 Aut medicação 15 30 Sim 15 30 Não 35 70 Quando adoece procura Figura 2 – Conhecimento dos homens em relação a como se adquire o papilomavírus Cerca de 76% dos homens afirmaram que eventualmente não utilizaram a camisinha durante o ato sexual, em contrapartida, apenas 20% referiram que nunca deixam de usar o preservativo, e apenas 4% relataram que sempre praticaram sexo sem preservativo (Figura 3). Embora os homens sejam conscientes sobre o modo de prevenção, um grande número deles relata não fazer uso desse artifício, o que comprova as dificuldades e barreiras nas mudanças comportamentais no que diz respeito ao sexo (QUEIROZ et. al., 2005). Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar. On-line http://revista.univar.edu.br ISSN 1984-431X Já foi ao urologista Quando foi avaliado o conhecimento e o interesse dos homens no cuidado com o parceiro(a), percebeu-se que 22% dos homens referiram que o HPV só acomete mulheres; que 18% não se preocupam com DSTs e apenas 8% dos homens acompanham seus(as) parceiros(a) durante as consultas ginecológicas (Tabela 3). Qualquer pessoa sexualmente ativa, seja do sexo feminino ou do sexo masculino, que não se proteja adequadamente, está propensa à contaminação (ARCOVERDE e WALL, 2005). A avaliação médica realizada com parceiros é fundamental para identificar e tratar as lesões clínicas, e ao mesmo tempo, conscientizá-los sobre a transmissão sexual de doenças (BUOSI e OLIVEIRA, 2007). Eluf Neto (1999), usando um estudo de coorte retrospectivo, observou-se que o número de óbitos por câncer cervical em esposas Ago 2013, n.º 10, Vol – 2, p. 71 – 77. 75 cujos maridos haviam falecido de câncer de pênis era cerca de três vezes maior que o número esperado. Tabela 3 – Conhecimento sobre HPV em relação ao(a) parceiro(a). Conhecimento repassar à população em geral o conhecimento sobre a associação dos maus hábitos de higiene e a relação com o efeito carcinogênico da fimose e da infecção pelo HPV (REIS et. al., 2010). N % HPV acomete somente mulheres Sim Não Preocupação em relação a DST em mulheres e homens Sim Não Acompanha a(o) parceira(o) em consultas ao ginecologista Sim Não As vezes 1 1 3 9 2 2 7 8 4 1 9 8 2 1 8 4 3 6 1 - 8 7 2 2 - Com relação aos meios de comunicação, cerca de 35% dos homens relataram que já ouviram falar sobre HPV por outras fontes de informação, seguido por 33,33% que escutaram e viram falar de HPV pela televisão, e a mídia com menor frequência de informação foi o rádio com 3,33%. Nessa pergunta pode ser assinalada mais de uma resposta (Figura 4). Observa-se que os meios de comunicação de massa mencionam a prevenção do HPV, especificamente, para o sexo feminino, porém variam de frequência de acordo com a fonte de informação (ARCOVERDE e WALL, 2005). Figura 5 – Homens que já realizaram higiene intima do seu órgão copulador de forma adequada. Atualmente, a prática sexual insegura é uma importante via de transmissão de doenças, os dados deste estudo demonstram que cerca de 68% dos homens universitários praticam relação sexual mais de duas vezes por semana e que apenas 14% relataram não fazer nenhuma vez. Destes que praticam relação sexual, 20% referem não utilizar nenhum mecanismo de prevenção e 18% são mais vulneráveis, pois se relacionam com mais de um(a) parceiro(a) (Tabela 4). Os principais fatores associados à infecção genital por HPV em populações foi o número de parceiros sexuais na vida, assim como o não uso de preservativos e situação conjugal (PINTO et. al., 2011). Após o contágio da doença, a ação viral depende de diversos fatores, tais como o comportamento sexual, a multiplicidade de parceiros, o tabagismo e as alterações na imunidade celular (MENDONÇA e NETO, 2005). Os dados demonstram que 18% referiram que em algum momento de sua vida se relacionaram com mais de um parceiro(a) (Tabela 4). Com relação à prática sexual com mais de uma parceira foi suficiente para aumentar de três a quatro vezes as chances de diagnóstico de infecção por HPV, independentemente do número de parceiras relatadas. Outro achado que confirma essa observação é de que, quanto maior o tempo de estabilidade conjugal, menor é a chance de diagnóstico de HPV peniano (BUOSI e OLIVEIRA, 2007). Tabela 4 – Hábitos em relação a prática sexual. Figura 4 – Meios de comunicação que já falaram sobre HPV. A higiene intima é importante para a melhoria da qualidade de vida e, neste estudo, pode-se perceber que 98% dos homens tem esse cuidado e realizam frequentemente higiene intima adequada (Figura 5). A higiene adequada previne a ocorrência da neoplasia na idade adulta. Porém é necessário intensificar diversos tipos de campanhas visando à prevenção e ainda Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar. On-line http://revista.univar.edu.br ISSN 1984-431X Prática sexual Quantas vezes por semana prática relação sexual Uma vez Mais de duas Todos os dias Nenhuma N % 0 3 3 4 0 6 0 7 Ago 2013, n.º 10, Vol – 2, p. 71 – 77. 0 6 6 8 1 2 1 4 76 Usa mecanismo de prevenção Sim Talvez Não 2 9 1 1 1 0 5 8 2 2 2 0 0 9 3 2 0 9 1 8 6 4 1 8 Se relaciona com mais de um parceiro(a) Sim Não As vezes 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Pode-se concluir que, o homem tem um papel importante na disseminação do HPV, e que, embora o trabalho desenvolvido fora com universitários, um grande número deles não conhecem a patologia e muitos não se importam com doenças sexualmente transmissíveis. Esse dado é significativo para a saúde pública, devido ao HPV ser transmitido principalmente por via sexual. O conhecimento por parte dos homens sobre o HPVs torna-se fundamental, pois, a patologia envolve vírus que pode desenvolver diversos tipos de câncer, além de doenças cutâneas. Pelos dados apresentados no decorrer do trabalho percebe-se a necessidade de mais ações educativas com diferentes metodologias, buscando abranger a população, e, em especial os universitários, sendo que muitos desses serão futuramente transmissores de conhecimento sobre saúde. O esclarecimento sobre a doença traz diversos benefícios ao ser humano, sendo a prevenção, o diagnóstico sem preconceito e o tratamento, essenciais para a melhoria da qualidade de vida. Em contrapartida, entender o HPV possibilita mudar os hábitos de vida e procurar uma vida mais saudável e longe de doenças. Portanto, a falta de conhecimento se apresenta como um empecilho para a prevenção e tratamento de HPV e DSTs. Há a necessidade de atividades de educação em saúde ou mesmo aconselhamento para facilitar a percepção do homem de diversos fatores de risco quanto à contaminação pelo HPV. 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