Daniel Jonas NÓ sonetos ASSÍRIO & ALVIM Do ventre da baleia ergui meu grito: Senhor! (dizer teu nome só é bom), Em fé, em fé o digo, mesmo com Um coração pesado e contrito Que és de tudo verdade e não mito, O coração do amor, de todo o dom, Conquanto seja raro o bem e o bom E toda a luz aqui me falhe, és grito Que chama toda a chama de esperança E acorda a luz que resta à réstia eterna, Conquanto viva o mártir na espelunca Da vida (quem espera amiúde alcança)…: Possa o nazireu preso na cisterna Sofrer de ser só tarde mas não nunca. 9 Não paro de pensar e nem reparo… Um dia vão saber quem foi que eu era. Se o fui já nem recordo, mas quem dera Que eu fosse antes de mim o meu preparo. Deliro. Efervesço. Durmo. Acordo. Esta febre ao que vem, de que me serve? Provar que eu sou calor, e se me ferve Provar-me assim que sou e me transbordo? Cabeça fria, vá! Pensar não mais! Eu que sinto coa pele do pensamento Já sinto não a pele antes o vento, E só de o pensar tremo como um cais. Eu suo… nem me sou… eu já delira… Qual hera crê-se a corda e cresce a lira. 28