Versão de Impressão - IV Encontro Nacional de Ensino de Ciências

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COMO ALCANÇAR O CONHECIMENTO CIENTÍFICO ATRAVÉS DE
ATIVIDADES LÚDICAS? UM RELATO NAS AULAS DE CIÊNCIAS
HOW TO REACH THE SCIENTIFIC KNOWLEDGE THROUGH
RECREATIONAL ACTIVITIES? A REPORT IN SCIENCE CLASSES
Teresa Cristina Lopes Medeiros Faruolo1, Jorge Cardoso Messeder2
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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro – IFRJ – Campus Nilópolis/
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ensino de Ciências – PROPEC/ Discente do Mestrado
Profissional em Ensino de Ciências. ([email protected])
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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro – IFRJ – Campus Nilópolis/
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ensino de Ciências – PROPEC/ Docente do Mestrado
Profissional em Ensino de Ciências. ([email protected])
RESUMO
Este trabalho constitui um relato de experiência envolvendo a utilização de atividades
lúdicas variadas em sala de aula a cerca do tema sexualidade, dentro da disciplina de
ciências. As atividades lúdicas foram realizadas com alunos do oitavo ano do ensino
fundamental de uma escola da rede estadual de educação, cujos objetivos foram: servir
como instrumento de avaliação da aprendizagem do referido tema e instrumento para a
construção do conhecimento científico. O objeto desse relato foram as atividades
lúdicas elaboradas pelos próprios alunos e classificadas por eles como sendo uma forma
divertida de se aprender acerca do tema sexualidade. Essa prática pedagógica contribuiu
significativamente para a formação do aluno em relação à construção de competências e
habilidades para o seu exercício na sociedade. O lúdico proporcionou entendimento
necessário para que o aluno efetuasse conexão entre os conhecimentos científicos e o
seu cotidiano, garantindo a leitura do mundo que o cerca.
Palavras-chave: atividades lúdicas; prática pedagógica; conhecimento científico;
alfabetização científica.
ABSTRACT
This work constitutes a narrative of an experience involving the using of recreational
and varieties activities in classroom approaching the sexuality theme, in the Science
subject. The recreational activities were realized in group of 8th year of elementary
school of the public system which purposes were: serve like assessment instrument of
learning. The object of this narrative were the recreational activities prepared by the
own students and classified by them like being a funny way to learn. This pedagogical
teaching contributed efficiently to student’s formation to relation to construction of
competences and skills to practice in the society. The proposal provided necessary
understanding for the student to make connections between scientific knowledge and his
daily life, ensuring the reading of the world around.
Keys words: recreational activities; pedagogical teaching; scientific knowledge;
scientific literacy.
Campus da Praia Vermelha/UFF
Niterói/RJ
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INTRODUÇÃO
A prática pedagógica sempre foi um grande desafio para o docente, pois requer
conhecimento, planejamento e desenvoltura por parte do professor ao se trabalhar os
conteúdos em sala de aula. O docente se sente muito inseguro para adotar uma
determinada metodologia e inovar em sala de aula, prefere deter-se em aulas meramente
conteudistas. Segundo Libâneo (1994), as bases teórica, científica e técnica devem estar
presentes na formação do professor, estas devem se articular para permitir maior
segurança do docente e qualidade de sua prática educacional.
Atualmente a prática educacional apresenta vários aliados tecnológicos. Os
recursos didáticos são tão diversos que é quase inconcebível, nos dias de hoje, preparar
uma aula a partir dos métodos passivos, uma característica da tendência pedagógica
tradicional. Pela própria essência que hoje vivemos, os próprios alunos têm muito a nos
ensinar.
O ensino de Ciências, por sua natureza, deveria ser capaz de despertar no aluno
o interesse de se conhecer o mundo natural e de se relacionar com ele, mas na prática, o
aluno concebe conteúdos sem questionamentos a cerca de sua finalidade prática,
geralmente ele a enxerga como algo completamente desinteressante. Para Freire, (1975),
o aluno não deve ser um mero recebedor dos conhecimentos, deve ser ativo durante
todo o processo de construção do saber.
É necessário que as aulas sejam atrativas, que o aluno seja mais participativo,
para que se possa construir um conhecimento significativo capaz de conectá-lo a
sociedade. Segundo Delizoicov et al.(2009), a aprendizagem pode ser um processo
desafiador e prazeroso, tanto para o docente quanto para os alunos.
Sendo assim, “não é já possível pensar a Ciência nos dias de hoje, bem como a
sua estrutura e construção do conhecimento científico fora do contexto da sociedade no
seu vertiginoso desenvolvimento tecnológico” (PRAIA; CACHAPUZ, 2005, p.179).
A educação em Ciências deve se pautar em ideais de cultura científica
(alfabetização científica) dos alunos, e não somente por mera instrução
científica de formar e promover o desenvolvimento pessoal dos alunos,
permitindo alcançar uma participação social efetiva. (CACHAPUZ et al.
2002, apud PEREIRA et al., 2010, p.73).
O efeito da globalização no cenário social é outro aspecto importante a ser
considerado pela comunidade escolar, este, afiança também uma necessidade da
educação e da ciência se comprometer com o cidadão. As informações advindas da
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globalização estão pulverizadas em todos os setores da sociedade. Para Hernández e
Ventura (1998), o processo de globalização pode convergir para as esferas da
pluridisciplinaridade, para o ensino integrado e para a interdisciplinaridade. A respeito
disso, Chassot (2003) conclui que:
Não temos dúvidas do quanto à globalização confere novas realidades à
educação. Talvez, para uma facilitação, pudéssemos dirigir nosso olhar para
duas direções. Primeira, o quanto são diferentes as múltiplas entradas do
mundo exterior na sala de aula; e a outra direção, o quanto essa sala de aula
se exterioriza, atualmente, de uma maneira diferenciada (CHASSOT, 2003,
p. 89).
A partir desse contexto, surge então um novo conceito na educação: a da
alfabetização científica, que se relaciona diretamente com o binômio conhecimento
científico x formação da cidadania.
A alfabetização científica tem como objetivo principal promover a leitura do
mundo, cujos conhecimentos adquiridos pelos alunos se relacionam com o seu
cotidiano. “Ser alfabetizado cientificamente é saber ler a linguagem em que está escrita
a natureza. É um analfabeto científico aquele incapaz de uma leitura do universo”
(CHASSOT, 2002, p.91).
Ao se perguntar o porquê, para quê e como o seu aluno deve conceber
determinado conteúdo e expressá-lo no seu dia a dia, o professor é capaz de propiciar
uma atmosfera adequada para que ocorra a construção do conhecimento junto aos seus
alunos. Praia; Cachapuz (2005) afirmam que:
A constatação de que muitos de nós não fazemos diretamente uso da
compreensão da ciência escolar quer na vida quotidiana nem nas futuras
carreiras profissionais é um exemplo de peso a favor da necessidade de
alfabetização científico-tecnológica, e, portanto, a favor de um conhecimento
útil e com significado social (PRAIA; CACHAPUZ, 2005, p.181).
Quando há articulação entre a teoria e prática de um determinado conteúdo, a
aprendizagem se torna mais significativa. É necessário para isso, o envolvimento do
professor e aluno, juntos, ampliam a capacidade cognitiva e crítica, que contribuem na
construção do conhecimento científico com o qual fará intercâmbio no âmbito social.
Alfabetização Científica é defendida por muitos professores e pesquisadores
do Ensino de Ciências em diversos países como um processo necessário na
formação dos cidadãos. De maneira geral, é um movimento que considera a
necessidade de todos possuírem um mínimo de conhecimentos científicos
para exercerem seus direitos na sociedade moderna. (MILARE et al, 2009,
p.165)
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Há na literatura vários trabalhos que apontam o lúdico como instrumento
educativo que, quando bem empregado, pode contribuir para o desenvolvimento social e
intelectual do aluno, conforme apontam Santos; Razera, (2009), Graciolli et al, (2008) e
Santana; Brito, (2009). Messeder; Rôcas (2009), consideram o lúdico como uma das
novas práticas pedagógicas que contribui para as diferentes etapas do processo ensino
aprendizagem.
O lúdico é uma metodologia amplamente disseminada no meio escolar. Santana
et al (2010) considera o lúdico uma metodologia de ensino capaz de estabelecer ações
integradas e articuladas que visam uma aprendizagem crítica e reflexiva. Para Silva;
Grillo, (2008), as atividades lúdicas são instrumentos que podem proporcionar o
conhecimento e a aprendizagem.
As atividades lúdicas foram empregadas durante uma aula sobre o tema
transversal Sexualidade com objetivo de inferir no processo de aprendizagem, e ser
utilizado como instrumento de construção do conhecimento científico do aluno.
METODOLOGIA
As atividades lúdicas foram realizadas com alunos com idade entre 13 e 15
anos do oitavo ano do ensino fundamental de uma escola da rede estadual, localizada na
baixada fluminense, estado do Rio de Janeiro.
A metodologia empregada nessa pesquisa foi a pesquisa participativa
acreditando que dessa forma a participação dos sujeitos seja efetiva. Segundo Thiollent
(2011, p.85) “a pesquisa-ação promove a participação dos usuários do sistema escolar
na busca de soluções de seus problemas”.
Todo o processo foi realizado em seis aulas. Primeiramente, os alunos
participaram de um questionário com perguntas abertas acerca de algumas questões
envolvendo o tema Sexualidade e Jogos educativos com objetivo de apurar sobre os
conhecimentos prévios que eles possuem sobre o tema (Fig. 1). Na aula seguinte foi
exibido um documentário de cinquenta minutos de duração em sala de aula, acerca do
tema proposto. (Fig. 2)
O tema proposto despertou o interesse da turma e os alunos foram bastante
receptivos. Logo após a exibição, iniciamos discussões sobre o vídeo e muitas perguntas
foram tomando conta da sala. Na etapa seguinte, os principais pontos do vídeo foram
abordados e a partir deles foram construídos metas a serem alcançadas em relação ao
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tema proposto. O livro didático foi utilizado nesse processo como suporte de leitura e
apoio para os alunos dentro da proposta em epígrafe.
A última etapa consistiu em atividades lúdicas variadas desenvolvidas pelos
próprios alunos. Os alunos se organizaram em grupo com cinco integrantes. Os grupos
também tiveram a iniciativa de contemplar com brindes (balas e doces) aos participantes
e ganhadores dos jogos. Os jogos produzidos pelos alunos foram: dominó (figuras de
um lado e respostas para estas perguntas de outro Fig. 3), “Da concepção ao
nascimento” (jogo da trilha Fig.4), “Percorrendo o sistema reprodutor” (jogo da trilha
Fig.5), “Baralho Prevenindo das DSTs” (Fig. 6), e Jogo da Memória (Fig. 7).
Todas as atividades foram elaboradas na escola, com recursos dos próprios
alunos. Uma data para exposição desses jogos foi marcada junto à escola e nesse
momento o aluno teve destaque significativo no processo de aprendizagem.
Ainda na etapa final, mais um questionário como perguntas abertas sobre a
ludoeducação foi aplicado junto aos alunos com o intuito de avaliar suas opiniões acerca
desse tipo de aula. (Fig.8)
1-
O que você sabe sobre jogos educativos?
2-
Você acha possível aprender através de jogos educacionais?
3-
O que você entende por Sexualidade?
4-
Você acha possível aprender sobre Sexualidade através de jogos educativos?
Fig. 1: Questionário preliminar
Fig. 2: Exibição do documentário.
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Fig. 3: Dominó sobre o sistema reprodutor.
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Figura 4: Da concepção ao nascimento.
Figura 5: Percorrendo o sistema reprodutor.
(Jogo da Trilha)
Figura 6: Prevenindo contra DSTs.
(Jogo da Trilha)
Figura 7: Métodos contraceptivos.
(Baralho)
(Jogo da Memória)
1-
Em sua opinião, as atividades lúdicas desenvolvidas pela turma favoreceram o
entendimento sobre os conteúdos estudados em sala de aula?
2-
Quais as dificuldades que você encontrou realizando essa prática educativa?
3-
Ao participar dos jogos educativos você percebeu alguma relação com que foi
estudado em sala de aula?
4-
Destaque os pontos positivos e os pontos negativos que você observou realizando
essas atividades.
5-
Você e seu grupo encontraram algum tipo de dificuldade ao realizar as tarefas
solicitadas?
6-
Agora dê sua opinião sobre esse tipo de aula.
Fig. 8: Questionário final
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
O lúdico despertou interesse e a criatividade dos alunos. Alguns jogos como
dominó do sistema reprodutor, trilha (da concepção ao nascimento), jogo da memória
sobre os métodos contraceptivos entre outros chamaram a atenção pela forma como eles
abordaram o assunto. Os alunos se mostraram empenhados na formulação dos jogos e
suas regras, demonstraram domínio do tema proposto além de associá-lo a situações
realmente vivenciadas no dia a dia.
Em relação aos questionários foi possível verificar o entendimento antes e
depois de todas as atividades realizadas. Analisando os dados obtidos, foi possível
perceber que numa turma com 48 alunos, 80% aprovaram a utilização do lúdico na
rotina escolar, os mesmos afirmam preferir essa metodologia porque é possível aprender
de forma descontraída e prazerosa. Durante a execução dos jogos, 65% dos alunos se
mostraram bastante criativos e empenhados em executar as tarefas.
Foi possível desenvolver a interação da turma e a assimilação mínima que
caracterizasse o conhecimento científico a partir das atividades lúdicas. As associações
feitas pelos alunos foi algo bastante relevante, a aceitação dessa prática diferente
permitiu um ótimo aproveitamento dos conteúdos trabalhados além de servir como
instrumento de avaliação.
O papel da construção científica foi evidenciado a partir das atividades lúdicas.
O aluno foi ativo em todo momento do processo ensino aprendizagem. As atividades
lúdicas realizadas pelos próprios alunos vieram demonstrar que o conhecimento
científico construído durante esse processo, ajudou-o a compreender a sociedade do
qual fazem parte.
Os alunos responderam bem a esse tipo de aula, segundo eles, todas as aulas
poderiam ser em formas de jogos e atividades interativas como esta. Quando o aluno
deixa de ser um mero expectador e atua de forma ativa durante todo o processo de
aprendizagem, ele constrói conhecimentos interagindo assim com o seu meio social.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O planejamento de aula é fundamental na rotina de um professor. A utilização
de qualquer metodologia de ensino só será bem sucedida se o professor fizer um bom
planejamento, fixar objetivos específicos para o que ele pretende alcançar com isso.
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Uma metodologia baseada no lúdico permite que o aluno aprenda de forma
descontraída. As atividades lúdicas elaboradas pelos alunos demonstraram eficiência,
elas contribuíram significativamente para o ensino aprendizagem acerca da Sexualidade.
O livro didático foi utilizado como recurso de forma secundária. Ao propor o
estudo sobre sexualidade é de se esperar dos alunos uma postura de inquietação e
brincadeiras, sendo assim, a exibição de um vídeo sobre o tema proposto permitiu a
captação da atenção da turma. A sexualidade ainda é tratada como um tema polêmico,
sendo assim, o professor deve buscar um ambiente propicio para que certos
conhecimentos sejam construídos e outros desmistificados.
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Campus da Praia Vermelha/UFF
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