Nº 2, volume 10, artigo nº 2, Abril/Junho 2015 D.O.I: http://dx.doi.org/10.6020/1679-9844/v10n2a2 Data de Aceite: 09/06/2015 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA DA PRODUÇÃO ASSOCIADA AO MARKETING: UMA PROPOSTA DE INTEGRAÇÃO E REDUÇÃO DOS CONFLITOS STRATEGIC MANAGEMENT OF PRODUCTION ASSOCIATED TO MARKETING: A PROPOSAL FOR INTEGRATION AND REDUCTION OF CONFLICTS Rejane Heloíse dos Santos1, Nelson Tenório Jr2, Flávio Bortolozzi3, Evandro Bonsoni4 1 UniCesumar/Pós-Graduação, Maringá, Paraná, Brasil, e-mail: [email protected] 2 UniCesumar/Mestrado Gestão do Conhecimento, Maringá, Paraná, Brasil, e-mail: [email protected] 3 UniCesumar/Mestrado Gestão do Conhecimento, Maringá, Paraná, Brasil, e-mail: [email protected] 4 UniCesumar/EAD, Maringá, Paraná, Brasil, e-mail: [email protected] Resumo – O presente artigo discute a administração estratégica da produção sob à luz das exigências de mercado, propondo uma correlação desta com a função de marketing da empresa. O referencial abordado aponta a importância da definição das estratégias organizacionais visando orientar as áreas da empresa para que atinjam o seu objetivo global, bem como a relevância do planejamento estratégico como ferramenta para tornar transparentes os objetivos de cada função nesta estratégia e integrar as ações dessas funções conduzindo-as para um mesmo sentido. Dessa forma, este artigo procura evidenciar alguns dos conflitos existentes na interface produção e marketing e, ainda, propor medidas, políticas e ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional Páginas 22 de 207 programas que minimizem tais conflitos, salientando que apesar de complexos são passíveis de serem trabalhados. Por fim, destaca-se a relevância dessa integração entre as duas das áreas importantes de uma empresa na contribuição para a competitividade e eficiência organizacional. Para tanto, a pesquisa bibliográfica é a base deste trabalho, de natureza qualitativa, que explicita os principais conflitos interfuncionais das duas áreas estudadas e esclarecendo assim a importância de um planejamento que fixe metas objetivas para as áreas funcionais envolvidas e evidencia a necessidade de uma administração da produção voltada para o marketing, optando por estratégias que integrem as duas áreas e trabalhe os objetivos de desempenho e a satisfação dos clientes. Palavras-chave: produção. Produção. Estratégia. Marketing. Administração da Abstract – This paper is addressed discusses the strategic management of production in the light of market requirements by proposing a correlation of this with the marketing function of the company. The reference points addressed the importance of defining organizational strategies to guide areas of the company to achieve its overall goal, and the importance of strategic planning as a tool to make transparent the objectives of each function in this strategy, and the actions of these functions leading them to the same direction. Thus, this article seeks to highlight some of the conflicts in the production and marketing interface and also propose measures, policies and programs that minimize such conflicts, noting that despite complexes are capable of being worked. Finally, we highlight the importance of this integration between two of the major areas of a company's contribution to organizational competitiveness and efficiency. To this end, the literature is the basis of this study, qualitative in nature, which outlines the major cross-functional conflicts of the two study areas and thus clarifying the importance of planning to set objective goals for the functional areas involved and highlights the need for governance the production for marketing, opting for strategies that integrate the two areas and work performance objectives and customer satisfaction. Keywords: Production. Strategy. Marketing. Management of production. 1. Introdução A grande maioria das organizações mantem tradicionalmente em sua estrutura, certa separação e distanciamento entre as funções produção e marketing, que são exercidas por divisões ou departamentos afastados, cada qual com sua gerencia, metas e objetivos próprios. Melo (1995) afirma que essas duas áreas são as mais ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional Páginas 23 de 207 importantes de uma empresa, e que todas as outras dependem, de alguma forma, de uma delas, já que dentro das empresas existe uma série de decisões que precisam ser tomadas envolvendo-as. Shapiro (1977) reitera que em muitos aspectos as vendas e as operações de fabricação representam a potência real de uma empresa, suportando o planejamento, o financeiro, o controle e o administrativo. Assim, torna-se essencial que haja uma boa interface entre estas funções para gerar competitividade e reduzir os conflitos que permeiam essa relação. A administração da produção tem um papel determinante nessa questão, já que, conforme Melo (1995), ela agrega todas as outras funções da empresa em volta de si, e tem a capacidade de prover, melhor que seus competidores, os critérios que irão permitir que os produtos da empresa obtenham melhor participação de mercado. Contudo, para tomar decisões estratégicas como capacidade, layout, averiguação de falhas, tipo de tecnologia a utilizar, controle de qualidade, políticas de planejamento da produção, estoque, insumos e mão de obra, etc., necessita de informações da área de marketing, que por sua vez, também carece do parecer da produção para as definições de preço, promoções, posicionamento e imagem de produto, políticas de vendas, estoque, planejamento, etc. Nesse contexto, a administração estratégica da produção é de relevância fundamental, uma vez que ela coordena os objetivos operacionais com os objetivos mais altos das organizações; gerencia os recursos escassos e a busca pela qualidade, tempo e custo vinda dos clientes; de forma eficiente para atender aos objetivos estratégicos globais da empresa (CORRÊA; CORRÊA, 2012). Nesse sentido, o presente trabalho objetiva compreender como a administração estratégica da produção aliada aos pressupostos da orientação para o marketing e foco no cliente podem minimizar os conflitos existentes entre as duas áreas e gerar competitividade. Seu objetivo se consolida na apresentação de conceitos relativos a administração estratégica da produção; estratégias envolvendo as duas áreas; apresentação dos principais conflitos existentes e propostas para melhor integrar essas áreas utilizando tais estratégias integradoras. Num primeiro momento abordaremos conceitos relativos a administração da produção e estratégia, ilustrando como a produção ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional pode se preparar Páginas 24 de 207 estrategicamente para atender aos objetivos empresariais. Num segundo momento trataremos da questão do planejamento estratégico, demonstrando a sua função de determinar as políticas e as táticas globais definidas pela organização, que irão permear todas as decisões em todos os níveis da empresa. Em seguida trataremos das estratégias possíveis para a gestão da produção, priorizando a apresentação das que integram as duas referidas áreas, estabelecendo possibilidades de administração da interface. Finalmente, conheceremos um pouco mais sobre os conflitos presentes na relação entre essas funções e propostas para a minimização dos mesmos. O presente trabalho é de natureza qualitativa e foi realizado com base em pesquisa bibliográfica e em meios eletrônicos, buscando detectar pontos de atritos e possíveis soluções que possam melhorar a integração entre as áreas analisadas e tornar a empresa mais competitiva. Para tanto, utilizou-se trabalhos de autores como Slack, Chambers e Johnston (2009); Chase, Jacobs e Aquilano (2006); Shapiro (1977); Corrêa e Corrêa (2012); Paiva, Carvalho e Fensterseifer (2009); Chase, Jacobs e Aquilano (2006); Tubino (2007), etc., entre outros. 2. Administração Estratégica da Produção Cada vez mais a administração da produção tem se mostrado uma importante arma para vantagem a competitiva quando utilizada estrategicamente. Nesse sentido, é unânime o posicionamento dos autores acerca da administração estratégica da produção, visando eficiência; maiores lucros e menores custos; atendimento às necessidades e expectativas dos clientes, etc. Para Slack, Chambers e Johnston (2009) a maioria das empresas reconhece a importância da produção porque ela oferece o potencial para aumentar receitas e facilitar a produção eficiente de bens e serviços aos menores custos. Administração da produção, na concepção dos autores é a atividade de gerenciar recursos destinados à produção e disponibilização de produtos e serviços. Sua relevância reside no fato de que uma operação eficaz pode reduzir custos de produção e o montante de investimentos e capital necessários; aumentar a receita e o nível de satisfação do cliente por meio de boa qualidade e serviço e fornecer base à inovação futura (SLACK; CHAMBERS; ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional Páginas 25 de 207 JOHNSTON, 2009). A definição de administração da produção de Corrêa e Corrêa (2012) agrega o gerenciamento estratégico dos recursos escassos a que se dispõe uma empresa; de sua interação nos processos de produção de produtos e serviços; da busca pelo atendimento às necessidades de qualidade, tempo e custo dos seus clientes; sem esquecer-se das necessidades de eficiência na utilização dos recursos para o atendimento dos objetivos estratégicos da mesma. Paiva, Carvalho e Fensterseifer (2009) certificam além da máxima eficiência ao menor custo, o viés da qualidade total e eliminação do desperdício exigidos da produção a partir de 1980. Nesse sentido, os autores delimitam a área de operações como um dos fatores definidores da estratégia da empresa em concordância com a visão de Chase, Jacobs e Aquilano (2006) que defendem a estratégia de produção como o estabelecimento de políticas e planos que sustentem a estratégia competitiva da organização no longo prazo, e ressaltam sua abrangência por meio de sua integração com a estratégia corporativa. A administração estratégica da produção consiste, portanto, num item essencial à empresa que objetiva competitividade e produtividade. Corrêa e Corrêa (2012) asseveram que a administração da produção em sua visão tradicional, era tratada como uma questão operacional, visando, sobretudo reagir às solicitações e fatos já ocorridos no passado da melhor forma possível, aspectos do pensamento taylorista já superado. Para os autores, o objetivo da estratégia de operações é garantir o alinhamento entre as intenções estratégicas da empresa; a entrega de valor ao cliente; o retorno financeiro esperado; o mercado que se objetiva atender adaptados ao ambiente em que se está inserida (CORRÊA; CORRÊA, 2012). Tubino (2007) nomeia de estratégia competitiva ou posição competitiva as bases nas quais os negócios da empresa concorrerão no mercado, suas metas de desempenho e estratégias para todas as áreas da empresa visando suportar a competição e atingir seus objetivos. A escolha de uma estratégia competitiva define como os recursos disponíveis serão distribuídos e quais são as habilidades necessárias à empresa para que isso ocorra (TUBINO, 2007). Segundo o autor, a estratégia produtiva deverá sustentar a posição competitiva e especificar como a ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional Páginas 26 de 207 produção apoiará e complementará as demais estratégias funcionais. Slack, Chambers e Johnston (2009) asseveram que para posicionar-se num ambiente global, econômico político e social, uma organização necessitará de uma estratégia corporativa para pautar suas decisões macro, seguidas das estratégias de negócios e funcionais para que todas as áreas estejam cientes de sua responsabilidade e contribuição no alcance dos objetivos estratégicos. Slack, Chambers e Johnston (2009) afirmam ainda que a produção é a função que agrega competitividade à empresa fornecendo habilidade de resposta aos consumidores e desenvolvendo capacidades que poderão colocá-la a frente do mercado. Para os autores a função produção pode quebrar uma empresa, dependendo da forma em que é tratada, uma vez que cabe a ela a responsabilidade de colocar a estratégia organizacional em prática, implementá-la ou operacionalizá-la. Evidencia-se, portanto, que é unânime o apontamento dos estudiosos acerca da formulação estratégica necessária a uma empresa que pretende posicionar-se competitivamente diante do mercado e que para estabelecer seus focos de atuação, ela deverá estar ciente de quais são os aspectos a serem priorizados pelas suas operações, considerando o que os concorrentes estão fazendo; o que agrega mais valor para o cliente e quais são oportunidades e ameaças do mercado precisam ser trabalhadas. Para os estudiosos, ter uma estratégia competitiva é ser diferente, escolhendo um conjunto diferente de atividades para entregar um único mix de valor. As operações de uma empresa não podem ter desempenho excelente em todas as dimensões competitivas, fazendo-se necessário estabelecer os parâmetros a serem priorizados que irão garantir mais sucesso para a empresa, focando neles os seus esforços e recursos (CHASE; JACOBS; AQUILANO, 2006). Chase, Jacobs e Aquilano (2006a) afirmam que a estratégia de produção concerne em uma parte do processo de planejamento que administra os objetivos e metas operacionais com os objetivos mais amplos das organizações, moldando-se para atender a demandas futuras. Nesse sentido, abordaremos a questão do planejamento de suma importância na administração da produção, principalmente como fator de elucidação das políticas, estratégias e objetivos de toda a empresa. ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional Páginas 27 de 207 2.1. Planejamento Estratégico e Planejamento da Produção Tubino (2007) assevera que o planejamento estratégico de uma organização é responsável pela maximização dos resultados e redução dos riscos na tomada de decisões; por gerar condições para a tomada de decisões em tempo hábil diante de ameaças e oportunidades, otimizando suas vantagens competitivas em relação a concorrência, além de exigir que a empresa conheça os seus limites, suas habilidades e forças para gerar vantagem competitiva. O autor afirma a subdivisão em níveis hierárquicos do planejamento inerentes à missão e visão da organização, gerando estratégias que podem estar: no nível corporativo contendo as estratégias globais; no nível da unidade de negócios que divide a estratégia corporativa entre unidades semi-autônomas com suas estratégias competitivas próprias e finalmente no nível funcional em que se encontram as políticas de operação dos diversos setores e áreas da empresa, consolidando e apoiando a estratégia corporativa e a competitiva (TUBINO, 2007). Em todas as áreas de atuação dos negócios de uma empresa, muito tem se abordado a questão do planejamento e atestado sua importância. Seja nos âmbitos de finanças, contabilidade, marketing ou produção, tem se evidenciado a necessidade de que o planejamento se concretize e seja uma prática constante no dia a dia das organizações como uma das ferramentas de validação da estratégia da empresa. Sertek, Guindani e Martins (2011) já tratam o planejamento e a estratégia como conceitos inerentes à atividade empresarial e pressupõem que na conjuntura atual de terceiro milênio, as organizações já devem apresentar maior capacidade de resposta às solicitações do meio em função de uma condição de maior competitividade. Em se tratando de planejamento da produção Paranhos Filho (2007) corrobora com essa formulação ao afirmar que planejar a operação é antever fatos futuros com as melhores informações disponíveis e agir antecipando-se aos problemas e aproveitando as possíveis oportunidades, controlando a dinâmica de todo fluxo produtivo que se inicia com a previsão de vendas finalizando com a entrega do produto. De acordo com Tubino (2007) é na definição de estratégia funcional que se ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional Páginas 28 de 207 encontram os planos de ação para todas as áreas funcionais da empresa, o Plano Financeiro, o de Marketing e o de Produção. Segundo o estudioso, estes planos são detalhados e desmembrados em nível tático a fim de fornecer o direcionamento necessário para que as várias divisões da empresa cumpram a prática da estratégia planejada. O planejamento e controle da produção, assim como as demais áreas funcionais da organização deverá ter bem claramente delimitadas as políticas e planos para nortearem suas ações, portanto tais estratégias precisam ser formuladas de modo a gerar competitividade, focando principalmente nos pontos fortes da empresa. Nesse sentido, faz-se necessária a integração dos planejamentos de todas as áreas internas organizacionais de modo a contribuir para esta estratégia global previamente definida e todas as áreas caminharem no mesmo sentido. Veremos adiante, aspectos a serem considerados na formulação de tais estratégias que integrarão todo o planejamento da empresa. 2.2. Definindo Estratégias na Gestão da Produção Definir uma estratégia produtiva inerente ao planejamento estratégico da produção, na visão de Tubino (2007) consiste em estabelecer as prioridades relativas dos critérios de desempenho e a política para as diferentes áreas de decisões da produção, analisando o grau de importância relativa entre os critérios e formulando planos para a produção condizentes com o mesmo. Na concepção de Corrêa, Gianesi e Caon (2007) as empresas existem para ampliar seu capital, ou obter lucros. Desse modo, não havendo demanda suficiente para todas as empresas, algumas conseguirão colocar seus produtos, outras não, e o que fará diferença, nesse contexto, é a capacidade das empresas em ofertar aos segmentos de mercado alvo o que eles procuram, pois “ser competitivo é ser capaz de superar a concorrência naqueles aspectos de desempenho que os nichos de mercado visados mais valorizam” (CORRÊA; GIANESI; CAON, 2007, p. 6). Slack, Chambers e Johnston (2009, p. 77) defendem o foco como “um conceito poderoso e comprovado porque se apoia em uma noção bastante simples de que muitas operações estão realizando tarefas demais”, ao invés de dedicar a ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional Páginas 29 de 207 cada operação um conjunto limitado, resumido, administrável de metas, concentrando-se em um ou dois objetivos específicos, resultando num desempenho superior desses objetivos. Corrêa e Corrêa (2012) entendem que a ideia de foco é necessária para suportar a estratégia competitiva do negócio, focalizando cada parte do sistema de operações em um conjunto limitado e gerenciável de produtos, tecnologias, volumes e mercados, limitando os objetivos de operações a que se busca excelência. Corrêa e Corrêa (2012) chamam a atenção para a questão dos trade-offs, que em sua definição consistem em pares de desempenho conflitantes ou que se auxiliam mutuamente, e que em algum momento o gestor poderá ter que optar por renunciar a níveis de desempenho superiores em alguns critérios para favorecer outros, fazendo-se necessário conhecer precisamente as prioridades entre os aspectos organizacionais, para decidir com mais certeza no que focalizar. Os tradeoffs também são abordados por Chase, Jacobs e Aquilano (2006a, p. 27) que também defendem que “uma posição estratégica não é sustentável a menos que se façam concessões a outras posições” uma vez que uma operação não pode se destacar simultaneamente em todas as dimensões competitivas. Nesse sentido, verifica-se a necessidade de escolher critérios a serem priorizados na gestão das operações de uma empresa, de modo a contribuir para a estratégia adotada e traduzi-los em políticas e metas no planejamento estratégico. No momento das ponderações acerca desses critérios, sugere-se uma abordagem voltada aos conceitos de marketing e mercado, visando melhorar a interface marketing e produção. Em defesa dessa abordagem, Slack e Lewis (2009) formulam acerca da importância de que a estratégia de operações satisfaça os mercados da organização, e que esta deve conciliar os recursos de operações com os requisitos do mercado. 2.3. Estratégias de Produção que Conciliam Noções de Marketing A maioria dos estudiosos da área de operações aborda a questão dos critérios competitivos ou objetivos de desempenho que devem ser analisados estrategicamente pelas empresas a fim de decidir em quais deles serão focalizados ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional Páginas 30 de 207 no intuito de formar sua posição competidora. Slack, Chambers e Johnston (2009) asseguram que é responsabilidade da função produção das empresas compreender os objetivos, ainda que conflitantes, dos stakeholders e a partir dele estabelecer seus objetivos. Embora a compreensão de tais objetivos componha o pano de fundo para o processo de decisão, o nível operacional precisa de um conjunto de objetivos bem demarcados relacionando-se com sua tarefa de satisfazer as exigências do mercado. Desse modo, em concordância com a visão de Chase, Jacobs e Aquilano (2006b) os autores delimitam cinco objetivos a serem considerados nas operações de modo a satisfazer tais exigências e gerar competitividade: objetivo qualidade; velocidade; confiabilidade; flexibilidade e custo (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009). Paiva, Carvalho e Fensterseifer (2009), por sua vez, adicionam a estes critérios a inovatividade e o desempenho de entregas. A seguir discorreremos acerca de cada um deles. Na concepção de Slack, Chambers e Johnston (2009) qualidade é a conformidade condizente com as expectativas do consumidor, acarretando, muitas vezes na parte mais visível do trabalho realizado pela produção de uma empresa. Para os autores a qualidade exerce a maior influencia na satisfação ou insatisfação do consumidor e deve ser analisada dentro da operação, como redutora de custos e impulsionadora da confiabilidade. O objetivo velocidade, ainda na visão dos estudiosos, diz respeito à rápida tomada de decisões que gera uma resposta rápida aos consumidores, além da rápida movimentação de materiais e informações internas da produção, reduzindo estoques e riscos. A confiabilidade, para Slack, Chambers e Johnston (2009), diz respeito a fazer tudo a tempo de chegar aos clientes no tempo necessário ou prometido, sua importância é ainda maior que os outros critérios, pois fornece eficácia, economiza tempo, dinheiro e fornece estabilidade enquanto a flexibilidade significa ser capaz de alterar a operação de alguma forma. Finalmente o objetivo custo cuja redução, na visão dos estudiosos, é de interesse de todas as operações já que essa redução acresce os lucros, além de melhorar a eficácia e a produtividade. A inovatividade para Paiva, Carvalho e Fensterseifer (2009) consiste na capacidade de mudança, de inovar produtos e processos e no ambiente atual suas ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional Páginas 31 de 207 implicações estendem-se aos demais objetivos de desempenho. Para os autores as empresas competem com base em suas habilidades de criar e utilizar o conhecimento em que se destacam, sobretudo as que constroem uma base de conhecimento e a administram de modo eficaz. O desempenho de entregas, ainda segundo Paiva, Carvalho e Fensterseifer (2009), possui duas dimensões: a primeira relativa à capacidade de a empresa produzir e vender produtos que funcionem satisfatoriamente, entregar no prazo correto e corrigir quaisquer defeitos posteriores. A segunda consiste na velocidade da entrega, ligada a aptidão de realizar as operações rapidamente e entregar com prazos menores que os concorrentes e no prazo correto. Verifica-se, portanto, que todos os critérios competitivos, embora delimitados para a área de produção, estão intimamente relacionados com as vendas, já que todos estão ligados ao atendimento das necessidades e satisfação dos clientes. Desse modo, fica evidente a necessidade de uma empresa realizar um alinhamento da estratégia de produção e operações com os requisitos do mercado, já que segundo Slack et al. (2008) as empresas competem nesse mercado de diferentes modos, seja pelo custo ou excelência de produtos e serviços, seja pelo atendimento ao cliente, etc. A estratégia de operações deve, no entendimento dos autores, satisfazer as necessidades do mercado no curto e no longo prazo, proporcionando ao negócio um conjunto de competências, capacidades, experiência e habilidades que integradas e refinadas podem formar a base da habilidade do negócio de oferecer produtos e serviços únicos, não imitáveis, embasando as capacidades competitivas organizacionais. 2.4. Uma Estratégia de Marketing Aplicável à Produção Urdan e Urdan (2010) defendem uma nova postura empresarial em que a busca da satisfação do cliente seja o fundamento de um negócio e passe a atuar no início e não no final do ciclo de produção, fazendo-se necessário, que os altos executivos tenham uma visão de que “um ramo é um processo de satisfação do cliente, não um processo de fabricação de produtos, que um ramo começa com o cliente e suas necessidades, não com uma patente, matéria-prima ou habilidades de vendas” ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional Páginas 32 de 207 (URDAN; URDAN; 2010, p. 4). Segundo Kotler (2012) na década de 1950 surge a orientação para marketing que consiste numa filosofia de entender o cliente e suas necessidades, defendendo que para atingir os objetivos da organização existe a necessidade de ser mais eficaz que os concorrentes na criação, entrega e comunicação de um valor superior aos mercados-alvos. Desse modo, a concepção de Marketing como Filosofia Empresarial, ou Orientação para Marketing como alguns autores nomeiam, consiste numa filosofia de trabalho que coloca as necessidades e os desejos dos clientes no centro das ações empresariais e requer a coordenação de todas as áreas para satisfazer o cliente e entregar valor percebido, tendo a rentabilidade como recompensa. O foco dessa linha de pensamento é no cliente, e as empresas que a praticam permanecem atentas à essas necessidades, entendem suas reações, gerenciam ofertas que visam ao incremento da sua satisfação e valor percebido (URDAN; URDAN; 2010, p. 4). Em concordância Kotler e Armstrong (2003) delineiam que a essência do marketing moderno é lidar com clientes, entender, criar, comunicar e proporcionar a eles satisfação e valor, visando dois objetivos principais: atrair novos clientes e manter os atuais. Nesse sentido, o marketing busca a satisfação desses clientes, e não somente executar uma venda, iniciando seu processo antes da concepção do produto pela empresa, na identificação de uma oportunidade, posteriormente na vida do produto, sua melhoria e desempenho, etc. Assim, as empresas que se destacam por sua orientação de marketing buscam aprender e entender as necessidades, desejos e demandas de seus clientes, mantendo próximos deles, todos os níveis da organização (KOTLER, P.; ARMSTRONG, G., 2003). Day (2001, apud CEZARINO; CAMPOMAR, 2004) complementa ao ilustrar que ser orientado para mercado diz respeito a obter uma capacidade mais elevada de compreender, atrair e manter clientes importantes baseando-se em: uma cultura orientada para mercado em que qualidade passa a ser um esforço coletivo; em aptidões superiores para sentir, se relacionar e compreender o mercado e por fim em uma estrutura que alie essa cultura e aptidões. Para Kotler e Armstrong (2003), essa satisfação do cliente depende do que ele percebe sobre o desempenho do produto em relação às suas expectativas, por ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional Páginas 33 de 207 isso empresas inteligentes visam sempre maravilhar o cliente, prometendo apenas o que é realizável e entregando mais do que o prometido. A qualidade, ainda na visão dos autores, vai além da ausência de defeito, e deve ser pensada em termos do nível de satisfação do cliente, começando com suas necessidades e terminando em sua satisfação. A perspectiva de foco no cliente, delimitada por Urdan e Urdan (2010), exige a necessidade da perspectiva externa, ao invés de uma visão voltada para dentro da empresa, estando a cargo do cliente a última palavra sobre os produtos que a empresa deve oferecer, uma vez que criar, fabricar e vender produtos não são a finalidade da empresa, mas sim, corresponder às expectativas destes clientes. Seus esforços serão todos no sentido de permanecer atentos às necessidades dos clientes, suas reações ao produto recebido, gerenciar ofertas que melhoram a satisfação e o valor percebido. Nesse sentido, as ideias contemporâneas do marketing podem nos remeter a uma concepção de foco e estratégia voltada ao cliente e ao marketing, que irá permear as decisões estratégicas da empresa como um todo. Se aplicadas, ainda que parcialmente, ao planejamento estratégico e à administração da produção podem facilitar o trabalho das operações, principalmente o de conhecer o seu mercado-alvo. Slack, Chambers e Johnston (2009, p. 64) garantem que “embora compreender o mercado seja uma função de marketing, também é importante para a produção” já que “um dos objetivos mais evidentes para qualquer empresa é satisfazer o mercado a que está tentando servir” (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009, p. 64). Embora seja um conceito da área de marketing, a orientação de marketing e foco no cliente se encaixa perfeitamente na realidade prática da produção e das operações de muitas empresas, uma vez que empresas que delimitem estratégias voltadas às vendas por si só, à produção ou ao produto, deixam de lado a finalidade principal de uma organização: atender com qualidade e satisfazer o seu público alvo de maneira competitiva. ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional Páginas 34 de 207 3. Administração da Interface Produção e Vendas: Áreas de Conflito A estrutura da maioria das empresas tem dividido suas funções: Financeiro; Marketing; Contabilidade; Desenvolvimento de produtos; Produção e operações e assim por diante. Nessa subdivisão é sempre comum haver certo distanciamento entre a Produção e o Marketing, e por vezes a comunicação é limitada. Estas duas funções na concepção de Melo (1995) deveriam ser integradas, buscando cooperação e redução de conflitos. A autora lembra a citação de Porter (1989 apud Melo, 1995) de que atividades criadoras de valores como logística, operações, marketing são criadoras de vantagem competitiva para a empresa e retoma que de uma maneira errônea elas são realizadas em separado nas empresas, ou pelo marketing ou pela produção. Shapiro (1977) afirma que o distanciamento entre as áreas de marketing e produção ocorre porque as duas funções são avaliadas em critérios diferentes, e recebem recompensas para diferentes atividades, gerando a busca de proteger seus próprios interesses reagindo conforme a demanda do seu sistema. A complexidade dos conflitos entre as duas áreas, na visão de Shapiro (1977), também se relaciona com a proporção das atividades da empresa envolvidas, uma vez que as vendas e operações representam a potencia real de uma empresa e são as funções que suportam o planejamento, o financeiro, o controle e o pessoal administrativo. Em concordância, Melo (1995, p. 80) assegura que “de todas as divisões de uma empresa, marketing e produção são as mais importantes”. 3.1. Interface Marketing e Produção: Áreas de Conflito Os pontos de divergência ou conflitos entre as funções Produção e Vendas são de conhecimento de todos da área de marketing e produção, gerentes de vendas ou industriais. Buscamos reunir os seis principais que se encontram resumidos no Quadro 1, abaixo. ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional Páginas 35 de 207 Pontos de divergência/Conflito Marketing/Vendas Produção 1. Gerenciamento dos pedidos de venda; Demora no processamento do pedido aguardando decisões e operações; não relacionam as prioridades dos pedidos relacionadas a entregas e clientes preferenciais. Processam os pedidos de acordo com critérios operacionais como volume, disponibilidade de materiais e máquinas; mão de obra, etc. 2. Volume de Vendas; Busca por um volume sempre maior. Tem limitação da capacidade produtiva. 3. Previsão de vendas; Elaboram-na por meio de estimativas subjetivas, geralmente baseadas na intuição do pessoal de vendas. Não são livres de erros. Revisam-na e a partir dela planejam capacidade produtiva, estoque e contratação de pessoal. 4. Entregas; Prazos apertados, negociações enxutas. Leads-time que nem sempre podem ser alterados facilmente e prazos de entrega que contam com a disponibilidade da matéria-prima, fornecedores e insumos. 5. Mix de produtos; Preza por diversificação de modelos, cores, deseja grande variedade de produtos em lotes pequenos e o mais personalizados e variados possível. Para melhorar sua produtividade, necessita dos lotes maiores possíveis, o mais padronizados possível. 6. Conceito de qualidade; Visão dos consumidores que desejam muitas opções, com características avançadas. Essas opções encarecem o processo produtivo e o produto e muita complexidade pode gerar problemas de qualidade no processo. Quadro 1 – Pontos de divergência entre as funções Produção e Vendas baseado em (Shapiro, 1977) Uma abordagem interessante é a fornecida por Shapiro (1992 apud Paiva, Carvalho e Fensterseifer, 2009) relacionada ao gerenciamento dos pedidos de vendas, que é a principal interconexão entre as funções marketing e produção, sugerindo que todas as vezes que uma ordem de serviço está parada dentro da empresa aguardando decisões ou operações seguintes, é o cliente quem está aguardando, por isso o ideal é que ocorra o gerenciamento dos pedidos ao longo de todo ciclo operacional. Contra essa formulação, muitas indústrias ainda não a ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional Páginas 36 de 207 internalizaram em sua cultura, e existem algumas falhas que costumam aparecer relacionadas a este gerenciamento: falhas horizontais, ligadas às funções que pelas quais os pedidos devem passar, e todas as vezes que o pedido for transitar para outro setor há o risco do mesmo parar no meio do processo; falhas verticais geradas pela falta de conhecimento dos responsáveis pelo processo, numa visão limitada apenas do seu setor sem uma visão holística das funções da empresa como um todo e sua importância nesse mecanismo; a questão das prioridades que raramente são feitas em empresas com os pedidos preferenciais e por fim a questão da formação de preço (PAIVA, CARVALHO e FENSTERSEIFER, 2009). Nesse contexto, o cliente fica distanciado do processo e os integrantes dele se perdem no próprio processo sem priorizar o que há de mais importante no pedido ou ordem de produção: os interesses do cliente que o realizaram. Do mesmo modo, o pessoal de Produção e o pessoal de Marketing dificilmente conseguem estabelecer essa relação de forma eficaz, pois estão trabalhando focando em partes do processo e não no pedido como um todo, já que o Marketing preocupa-se em “fechar o pedido” e trazer para a empresa, adicionando à carteira pedidos variados, com produtos variados e urgências diferentes e a produção em produzir as ordens de fabricação geradas, sem um gerenciamento integrador estratégico que os direcione. Urdan e Urdan (2010, p. 16) reiteram que “o foco na produção e a ênfase em vendas se opõem à orientação para marketing porque são presididos por preocupações internas” já que criar, fabricar e vender não são o fim em si, mas sim corresponder às expectativas dos consumidores. Em se tratando do volume de vendas e do mix de produto, Shapiro (1977) exemplifica com o fato de que o marketing é cobrado pelo crescimento rentável da empresa em termos de vendas, buscando gerar mudanças, novos produtos, novos mercados e programas, ao passo que o pessoal de produção trabalha a mudança apenas quando ela reduz os seus custos de maneira significativa. Ampliando este exemplo, Shapiro (1977) aborda a questão do mix de produtos, que para a área de produção espera-se que seja menor possível, contrariando os anseios da área comercial. Assim, se a linha é muito pequena existe a perda de competitividade, mas se é muito extensa os custos são muito altos. A qualidade, por sua vez, de acordo com Shapiro (1977) e Melo (1995) ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional Páginas 37 de 207 concerne numa área de conflito também em razão das diferentes formas em que as muitas características do produto são vistas pelas duas áreas. Enquanto o marketing preza por complexidade, variedade, características avançadas e opções, quanto maior essa multiplicidade maior a probabilidade de problemas de qualidade e falhas da produção. Quando se discute as entregas, Melo (1995, p. 84) formula que “o interesse principal do marketing é manter o alto nível de serviço ao consumidor” e uma das condições para que isso ocorra é a entrega na quantidade e na data exata da sua necessidade. Já para a produção, os altos estoques de produtos acarretam altos custos de estoque e matéria prima e aumento do custo de fabricação em razão da perda da capacidade, entre outros índices negativos. Verificadas as áreas de conflitos entre as duas áreas funcionais nas organizações faz-se necessário pensar em medidas práticas que minimizem esses conflitos e busquem maior integração possível entre as duas áreas. Nesse sentido, veremos adiante algumas estratégias integradoras possíveis. 4. A Interface Marketing e Produção: Desenvolvendo uma Estratégia Integradora Na realidade prática de uma organização, vimos que integrar marketing e produção não é uma tarefa simples em razão das áreas de conflito retratadas, do grande número de pessoas envolvidas e das estratégias arraigadas ou tradicionalizadas nas empresas que focam cada área de maneira individual, com metas e resultados diferentes, conforme já abordado. Contudo existem alguns aspectos que podem ser considerados na administração da produção e de marketing; no planejamento estratégico global e principalmente das duas áreas; bem como nas estratégias macro definidoras de tais planejamentos. A seguir, trataremos de algumas ações que podem ser aplicadas nas empresas de modo a minimizar esse distanciamento e gerar competitividade para a organização. Na visão de Shapiro (1977) a gestão estratégica de topo pode equilibrar tais conflitos agindo bem mais do que meramente na mediação e arbitragem, ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional Páginas 38 de 207 desenvolvendo e promovendo políticas corporativas claras e diretas que direcionem com um conjunto de regras dentro das quais as duas áreas possam operar. Nesse sentido, o planejamento estratégico global da empresa deve especificar de maneira objetiva as políticas a serem seguidas pelos planejamentos individuais de cada área conforme já debatemos no item acerca do planejamento. Em outros termos, decisões estratégicas relacionadas ao tamanho do mix de produtos, volume de vendas e capacidade produtiva, tempo de entregas, etc. já estariam definidas pelo topo da estrutura hierárquica, não havendo espaço para maiores conflitos. O autor se pauta na ideia de que cada função também deve ficar responsável pelo desenvolvimento de políticas que se relacionem com a estratégia corporativa total e com as necessidades de sua “função irmã” (SHAPIRO, 1977). Conforme tratamos em Slack, Chambers e Johnston (2009); Corrêa e Corrêa (2012); Tubino (2007) e Chase, Jacobs e Aquilano (2006a) uma administração estratégica da produção visa estabelecer políticas que embasem a estratégia competitiva da empresa no longo prazo, interagindo com a estratégia corporativa. Nesse sentido, é possível elaborar uma estratégia forte que tenha foco no cliente e que objetive integrar a necessidade desse cliente com as possibilidades de produção, de forma a utilizar melhor os recursos e obter resultados finais que satisfaçam esse cliente. Quando pensamos no primeiro ponto de divergência relacionado ao gerenciamento dos pedidos de vendas, verificamos que esse conflito pode ser solucionado de diversas maneiras, seja elaborando critérios de priorização no recebimento dos pedidos de acordo com sua urgência ou com o cliente que o realizou, seja instaurando questões operacionais mais básicas de processos padronizados para este recebimento, tornando este, o processo prioritário da área de vendas, entre outras. Como vimos, todas as vezes que um pedido fica parado em algum processo, é o cliente quem fica aguardando, e para inserir mudanças de comportamento dos profissionais acerca dessa questão, as políticas e estratégias devem deixar bem claro a todas as áreas a importância da chegada e do tratamento de um pedido de venda e sua prioridade em relação as outras atividades. Slack, Chambers e Johnston (2009) apresentam diversas ferramentas ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional para realizar esse Páginas 39 de 207 sequenciamento de pedidos objetivando que um pedido seja processado antes do outro, seja pela data prometida, pelo LIFO – Último a entrar, primeiro a sair; FIFO – Primeiro a entrar, primeiro a sair; sequenciamento por tempo mais curto ou mais longo de produção; julgando as regras de operações, etc. Os pressupostos de Urdan e Urdan (2010) e Cezarino e Campomar (2004) acerca da orientação para o mercado, foco na satisfação do cliente e marketing como filosofia empresarial também elucidaram a importância da influência de marketing embasando o planejamento e as diretrizes a serem seguidas pelas demais áreas da empresa. Chase, Jacobs e Aquilano (2006a, p. 43) asseveram que a perspectiva do cliente é o coração da estratégia e define como o crescimento será alcançado. Outra proposta feita por Shapiro (1977) determina que os sistemas de recompensa das empresas precisem ser modificados de modo a enfatizar a relação que chama de “inter-funcional-cooperação” definindo critérios de cobrança para determinada área, mas que são variáveis importantes para a outra área. O autor sugere também uma recolha e análise mais criteriosa de dados relativos aos problemas que afetam as duas áreas buscando atenuar parte da complexidade, além de gerar dados precisos sobre o desempenho analisado. Finalmente, em se tratando do conceito de qualidade, que diverge as visões das duas áreas, lembramos que esta faz parte dos critérios competitivos relatados e concerne na parte visível de todo o trabalho da produção, como abordado por Slack, Chambers e Johnston (2009) exercendo a maior influência na satisfação ou não do cliente, e deve ser pensada sempre dentro de cada operação de modo a proporcionar confiabilidade e reduzir custos. Uma vez que os critérios competitivos analisados, de qualidade, velocidade, confiabilidade, flexibilidade, custo, desempenho de entregas, inovatividade forem trabalhados na cultura dos profissionais e essa visão estiver bem clara no planejamento estratégico da empresa, delimitando informações para as duas áreas, os conflitos tendem ser reduzidos. Shapiro (1977) formula que todos esses conflitos podem ser reduzidos. Contudo necessitam, acima de qualquer coisa, que a administração de topo da empresa tenha essa visão da importância dos conflitos entre fabricação e ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional Páginas 40 de 207 comercialização; da compreensão das suas causas; da possibilidade de melhora por meio de programas pensados minuciosamente incentivando a colaboração; e que a empresa será competitiva quando produção e vendas trabalharem em uníssono, com a percepção fulgente de seus papéis e objetivos inclusos na estratégia da empresa. 5. Considerações Finais Retomando o objetivo inicial deste trabalho em compreender de que forma a administração estratégica da produção aliada aos pressupostos da orientação para o marketing e foco no cliente podem minimizar os conflitos existentes entre as duas áreas e gerar competitividade verifica-se que embora não seja uma tarefa fácil, existem programas e políticas que conforme defende Shapiro (1977) podem tornar cada função mais sensível às necessidades do outro. Se considerarmos a realidade pungente vivida pelas empresas, que cada dia mais precisam estar preparadas para as transformações do mercado, na corrida por melhores resultados, com metas e prazos cada vez mais cingidos, destaca-se a importância de uma administração estratégica da produção, com um planejamento consistente e claro, que funcione em distribuir metas objetivas a todas as áreas da empresa e que possibilite enxergar o cliente e o mercado como sua prioridade. Por meio do planejamento estratégico, das definições estratégicas de políticas e de ações, embasadas em uma visão comum em que se compreendem os aspectos estratégicos das duas funções bem definidas e mantenha orientação e foco para o mercado e o cliente, acredita-se ser possível minimizar os conflitos existentes, auxiliar a empresa no atendimento dos seus objetivos e torna-la competitiva. Com o estudo, também torna-se perceptível a necessidade de uma administração da produção voltada para o marketing, optando por estratégias que integrem as duas áreas, visando reduzir os conflitos existentes e trabalhar os objetivos de desempenho e a orientação para o mercado e foco no cliente, sendo o atendimento de suas necessidade s e sua satisfação um dos objetivos mais claros da organização. ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional Páginas 41 de 207 Desse modo, as funções produção e marketing no ambiente corporativo deixa de ter a visão de distanciamento tradicional para trabalharem em cooperação, de modo a possibilitar uma melhor utilização dos recursos e capacidades da empresa, reduzindo os conflitos inerentes as duas funções, suportando a estratégia global da empresa com políticas que as direcionem a caminhar para os mesmos objetivos e metas. Referências CEZARINO, L. O.; CAMPOMAR, M.C. Uma visão sobre o marketing estratégico. In: VII SEMEAD, 2004, São Paulo. IV SEMEAD, 2004. CHASE, R. B.; JACOBS, F. R.; AQUILANO, N. J. Administração da produção e operações para vantagens competitivas. 11. ed. São Paulo: MCGraw-Hill, 2006a. CHASE, R. B.; JACOBS, F. R.; AQUILANO, N. J. Administração da produção para a vantagem competitiva. 10. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006b. CORRÊA, H. L.; CORRÊA, C. A. Administração da produção e operações: Manufatura e serviços: uma abordagem estratégica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2012. ______________; GIANESI, I. G. N.; CAON, M. Planejamento, programação e controle da produção. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. KOTLER, P. Administração de marketing. Tradução Sônia Midori Yamamoto. 14 ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012. ______________; ARMSTRONG, G. Princípios de Marketing. Tradução de Arlete Simille Marques. 9. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2003. MACHADO, J. de A. O PCP como fator estratégico de competitividade em uma ferramenta de precisão: Um estudo de caso. 2010. 108 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia da Universidade Paulista, São Paulo. Disponível em: <http://www.unip.br/ensino/pos_graduacao/strictosensu/eng_producao/download/ eng_Jayme_Aranha_Machado.pdf>. Acesso em 01 dez. 2013. MELO, D. Á. de. 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Nelson Tenório Jr - Doutor em Ciência da Computação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS (2010), onde atuou como bolsista ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional Páginas 43 de 207 pesquisador CAPES em Engenharia de Software. Mestre em Ciências da Computação pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC (2002). Especialista em Análise e Programação Orientada a Objetos pela Universidade de Cuiabá - UNIC (1999), graduado em Tecnologia em Processamento de Dados pelo CESUMAR (1998). Coordena os cursos de graduação de Redes de Computadores, Análise e Desenvolvimento de Sistemas e Engenharia de Produção. Coordena os cursos de pós-graduação em Engenharia de Produção, Qualidade e Produtividade e Gerenciamento de Projetos. É professor e pesquisador do Mestrado em Gestão do Conhecimento. É professor no EAD do UniCesumar. É membro do Comitê Gestor da Incubadora Tecnológica de Maringá. É avaliador de Cursos do MEC e elaborador de itens do ENADE e elaborador de itens de provas para concursos da empresa AOCP. Tem experiência na área de Ciência da Computação, com ênfase em Engenharia de Software, atuando principalmente nos seguintes temas: Estimativas, Gerenciamento do Desenvolvimento de Software e Banco de Dados. Possui experiência em modelos de qualidade como CMMI, ISO e padrões IEEE para Desenvolvimento de Software. Os temas de interesse para pesquisa são: processos produtivos, processos de qualidade, processos de negócio (BPM), engenharia de software, engenharia da qualidade e engenharia do conhecimento. Flávio Bortolozzi - Graduado em Matemática em 1976 e em Engenharia Civil em 1981 pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Doutorado em Engenharia de Computação pela Université de Technologie de Compiègne - França em 1991. Pesquisador 1 do CNPq. Aposentado pela UTFPr. Pró-Reitor Pesquisa, PósGraduação e Extensão e professor do CESUMAR. Foi Diretor do Centro de Ciencias Exatas, Tecnológicas e Agrárias do CESUMAR. Pesquisador colaborador da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Diretor da BDF Consultoria Científica e Educacional. Consultor: do Ministério da Educação-INEP; do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq, etc... Pesquisador do Instituto de Ciências Exatas, Tecnológicas e Inovação - ICETI. Pesquisador do Instituto Latino Americano de Pesquisa e Ensino Odontológico - ILAPEO. Colaborador da Association For Computing Machinery - ACM. Colaborador do Institute of Electrical and Electronics Engineers, Inc.-IEEE. Tem experiência na área de Computação, ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional Páginas 44 de 207 com ênfase em Análise e Reconhecimento de Imagens e Visão Computacional, atuando com pesquisas nas área de Document Analysis, HMM, Pattern Recognition, Handwritten e Bank Checks. Desenvolve pesquisa na área de Métodos numéricos aplicados em implantes dentários. Evandro Bolsoni - Pesquisador da área de redes sociais e educação a distância, membro do grupo Ciber Redes da UENF para Pesquisas Interdisciplinares em comunicação, educação, gestão acadêmica, inteligência coletiva, NTIC´s e semiótica. Possui mestrado em cognição e linguagem com ênfase em Novas Tecnologias e Redes Sociais pela Universidade do Norte Fluminense Darcy RibeiroUENF. Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância-PIGEAD, pela Universidade Federal Fluminense-UFF, possui MBA em Gestão Empresarial e Bacharelado em Sistemas de Informação pelo Centro Universitário São Camilo - Campus Espírito Santo. Colaborador da Revista Científica InterSciencePlace (ISSN: 1679-9844) e Editor chefe da Revista Científica Interdisciplinar Linkania Master (ISSN: 2236-6660). Atualmente é consultor ad hoc membro do banco de avaliadores BASIs/MEC/INEP e Gestor de Área no Centro Universitário de Maringá, NEAD-UniCesumar. ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional Páginas 45 de 207