Fonte: site da Fundação Oswaldo Cruz/Ministério da Saúde: http

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Fonte: site da Fundação Oswaldo Cruz/Ministério da Saúde:
http://www.invivo.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=228&sid=8
Essa tal de conjuntivite!
Pai e mãe ansiosos na maternidade. Parto normal. Foto para posteridade:
recém-nascido com olho preto. É que, ao nascer de parto normal, pinga-se nitrato
de prata (colírio marrom) nos olhos para prevenir uma conjuntivite neonatal. De
tempos em tempos, há surtos de conjuntivite que assolam determinada região. É
um tal de olho inchado, "remela", vermelhidão nos olhos, ardência... Sem contar
uma coceira angustiante, a sensibilidade à luz e os olhos lacrimejantes. Incômodo,
como se um grão-de-areia invadisse seu olho... Mas, afinal de contas, o que é "esta
tal de conjuntivite" que está no cotidiano de alguns desde o parto normal e muitos
desconhecem?
Conjuntivite nada mais é do que o processo inflamatório da conjuntiva, uma
fina membrana transparente que reveste o globo ocular (bulbar) e, fazendo uma
dobra, reveste também a parte interna da pálpebra (tarsal), como se fosse o "fundo
de um saco". Quando nascemos de parto normal, atravessamos o canal vaginal e
ficamos sujeitos a elementos causadores de conjuntivite. As sensações descritas
representam alguns dos sintomas de quem tem conjuntivite e podem variar de
acordo com o tipo.
Existem três grandes tipos de conjuntivite: alérgica, infecciosa e aquela
desencadeada por fatores externos. A conjuntivite alérgica está ligada aos próprios
fatores alergênicos da pessoa; tem a conjuntivite causada por elementos tóxicos
como substâncias químicas, cloro, fumaça, entre outros, e a conjuntivite infecciosa,
causada por vírus, bactérias e fungos (ocorre na conjuntiva por contiguidade, mas
a lesão inicial é na córnea). Para um diagnóstico preciso e tratamento adequado, o
acompanhamento do oftalmologista é crucial.
A responsável pelas epidemias é a conjuntivite infecciosa, por ser
contagiosa. Normalmente é transmitida por um vírus que se espalha como uma
onda porque não encontra resistência. Este vírus são mutáveis, diferentes, por isso
a repetição das epidemias de conjuntivite. Cada vez um novo vírus. Já a
conjuntivite ocasionada por bactérias, está relacionada à resistência da pessoa e ao
potencial de contaminação do meio comunitário. Neste caso, seria endêmico pela
contaminação de um grupo, não no contato individual.
O fato da conjuntiva ser exposta facilita o contágio, tornando a conjuntiva
um bom "meio de cultura". Sendo que o calor, o vento e poluentes representam
fatores irritantes, que levam a pessoa a coçar o olho e possibilitar o contágio. Até o
esfregar dos olhos no sono matinal, indo trabalhar de ônibus, pode ser um fator de
transmissão. A higiene é um fator muito importante no tratamento e prevenção da
conjuntivite. Deve-se evitar coçar o olho, mas se for manuseá-lo, as mãos devem
ser lavadas antes e depois. É comum a incidência de conjuntivite nos dois olhos,
mas se a pessoa efetuar rigorosa limpeza, pode ter só em um.
O tratamento varia de acordo com a causa. Podem ser recomendados
pomadas e colírios para acabar com a infecção, aliviar os sintomas da alergia e
diminuir o desconforto, ou uma intervenção de antibiótico na conjuntivite causada
por bactérias. Segundo o oftalmologista Alexandre de Castro, médico do Hospital
Naval Marcílio Dias, no Rio de Janeiro, o colírio, quando receitado, jamais deverá
encostar no cantinho do olho: "A gota tem que voar, sair do colírio e cair, pelo ar,
no olho". Alexandre acrescenta que devem ser usados materiais descartáveis para
limpeza, não devem ser utilizadas toalhas de rosto, nem a própria toalha.
Deve ser evitada exposição a agentes irritantes como fumaça, que podem
agravar os sintomas da conjuntivite. Material de uso pessoal, como maquiagem,
não deve ser compartilhado. Quem tem lente de contato, não deve usar, pois
representa um corpo estranho ao organismo, podendo causar alguma lesão na
córnea e até piorar o quadro por reinfecção. Estes cuidados podem, além de tudo,
evitar que seja acrescentada uma conjuntivite bacteriana a uma conjuntivite viral já
existente. "Conjuntivite é besteira, passa logo", "ah, daqui a uma semana ou duas
estarei bem", não é bem assim. Dentre as infecciosas, pode-se ainda diferenciar
entre hiper aguda, aguda e crônica, de acordo com a manifestação e os sintomas
do processo inflamatório. Vários tipos de vírus e bactérias podem ocasionar
conjuntivite, mas só se busca uma identificação nos casos mais graves.
Complicações podem levar até uma úlcera de córnea, uma infecção da córnea
causada por bactérias, fungos e vírus, agravada pelo uso de lentes de contato sem
limpeza ou uso durante o sono, além da possibilidade de agravamento do problema
através de um mau tratamento com uso de corticóide. A úlcera de córnea é como
se fosse um "buraco" na córnea.
Existe também a Ceratite, como se a córnea estivesse "ralada", um processo
com vários pontos de lesão, diferente da úlcera que tem um foco, um ponto
específico. Estas complicações podem ocorrer a partir de simples conjuntivites não
tratadas. A inflamação associada da córnea a conjuntivite é conhecida por
Ceratoconjuntivite, ocorrida na conjuntivite fúngica. Na córnea, a infecção por
fungos é facilitada pela não vascularização. Há outras conjuntivites graves ligadas a
Herpes Zoster (Ceratoconjuntivite), Herpes Simples, Gonorreia, Meningite, com
diferentes implicações e características.
No caso da Herpes Zoster, por exemplo, a pessoa já contaminada com o
vírus causador sempre poderá ter o quadro reativado quando a imunidade baixar,
principalmente se associada ao stress. A lesão ocular é uma das lesões possíveis
causadas pela Herpes Zoster.
Também ligada ao stress, está a blefarite seborréica (inchamento das
pálpebras com espécie de escamação dos cílios, normalmente não visível e com
tom vermelho nas bordas dos cílios), que costuma estar associada à conjuntivite
crônica, aquela que parece nunca ter fim.
Na conjuntivite viral e na fúlgica, o uso de colírios com corticóide pode ser
prejudicial, seja inibindo a defesa do organismo ou ajudando na propagação dos
fungos respectivamente. Exatamente pelos tipos diferentes de conjuntivite e
particularidades quanto a sintomas, origem, além do próprio risco de implicações
na visão, o tratamento e acompanhamento médico tornam-se tão importantes.
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