arepresentação do deus invisível

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A REPRESENTAÇÃO DO
DEUS INVISÍVEL
Theodore Austin Sparks
Poucas vidas cristãs têm sido mais frutíferas. E
isto, não porque era um tipo especial de christao,
mas por sua paixão, talvez, a obsessão por Cristo,
de que era um pregador fiel e testemunha por
mais de 60 anos.
EDICIONES TESOROS CRISTIANOS
Web Site: Tesoroscristianos.net
A Representação do
Deus Invisível
Theodore Austin-Sparks
Theodore Austin Sparks
(1888 – 1971)
Deixou-nos um tesouro de mensagens cheias da sabedoria,
Vida e revelação de Cristo. Nosso alvo é prover esta geração
com uma coleção online completa de materiais deste ministério.
Nos os oferecemos aqui na internet para edificação e
fortalecimento do Corpo, para que em tudo CRISTO possa ter a
primazia.
ÍNDICE
Capítulo 1 - Representação, um princípio de Deus . . . . . . . 5
Capítulo 2 - Representação Na Base Da Identificação . . . . .17
Capítulo 3 - Representação pelo Espírito . . . . . . . . . . . . . . 28
Capítulo 4 - A Representação é a Essência do Serviço. . . . 42
Capítulo 5 – A Dinâmica da Representação. . . . . . . . . . . . . 56
Capítulo 6 – A Maneira de Obter Conhecimento Necessário
para a Representação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . 62
Capítulo 1
Representação, Um Princípio De Deus
Ler: Efésios. 4:13,15-16; 5:22-32; João 20:21-23; Atos 1:8.
Na primeira e segunda série de passagens, há uma
palavra comum a todos elas, como você observou. É a
palavra ‘imagem’.
Em nossa língua inglesa temos, no Novo Testamento,
duas palavras – ídolo e ícone. Heb. 1:3 - "a imagem exata de
Sua Pessoa". Rotherham traduz, "a representação exata de
Sua imagem" ou "de Sua substância". É esta palavra
‘representação’ que tem tomado conta de mim, e que parece
ser a chave para a nossa meditação.
Representação: um Princípio Eterno
Você irá ver que, nas passagens que acabamos de ler,
esta é a idéia dominante; primeiramente em relação ao
Senhor Jesus: representação de Deus. É dito que Ele é a
imagem de Deus, a imagem do Deus invisível. Então, o
pensamento é transferido para os eleitos, a igreja, os
predestinados a serem conformados à imagem de Filho, um
novo homem renovado conforme a imagem daquele que o
criou; e ao longo disto, passagens nas quais a presente
palavra não ocorre, mas onde o pensamento ainda é a ideia
principal - "a medida da estatura de Cristo", "um varão
perfeito" (Ef. 4:13). Isto com referência à Igreja, o povo do
Senhor – representação.
Então, aquelas passagens finais trazem a coisa para
um campo muito prático - "Como o Pai Me enviou a Mim,
assim Eu vos envio a vós" – colocando a ênfase na palavra
‘como’. Então, com a pergunta que pode surgir, "Quem é
suficiente para essas coisas?" A resposta é, "Recebereis
poder, quando o Espírito Santo descer sobre vós: e series
minhas testemunhas", esta última palavra é apenas outra
palavra para representantes.
(a) Antes da Criação
Isto, então, é um pensamento eterno, um pensamento
que saiu da eternidade, Deus propondo ser representado em
Seu universo, ter representação no homem, e este
pensamento eterno está por trás de tudo. É antes da criação,
antes da queda, e, portanto, antes da redenção. Este
pensamento se mantém lá atrás, como que governando todo o
projeto de Deus para o futuro. É como se Deus decidisse que
Ele teria uma representação de si mesmo, o Deus invisível,
numa forma visível, numa forma humana, para que Ele
pudesse ser visto, ser conhecido, ser compreendido; e, mais
do que isto, Ele iria constituir, na base do companheirismo, de
um relacionamento vivo em termos de representação, aquele
que representá-lo-ia não meramente de forma oficial, mas em
natureza, conforme o seu coração. Isto significa que Deus iria
se fazer conhecido, que iria dar a si mesmo, que iria trazer a
criação para dentro de uma experiência que seria mais do que
uma obediência mecânica à sua vontade soberana; uma
agradável, desejável, e amável comunhão com Ele mesmo,
com o seu próprio coração, ao longo da linha do
consentimento, e não da compulsão. Isto é o que significa
‘representação’, em resumo. É exatamente o que isto significa
no caso do Senhor Jesus sendo imagem do Deus invisível, e
exatamente o que significa em relação à Igreja sendo
conformada à imagem do Filho.
(b) Na Criação
A criação é trazida à existência por meio deste
pensamento único de Deus, para que toda a criação pudesse,
numa variedade de formas, expressá-Lo, representá-Lo, falar
Dele, para que todas as ordenações do céu e da terra como
estabelecidas por Deus, e que todas as relações na criação,
pudessem representar os pensamentos de Deus. Se
tivéssemos olhos para ver, poderíamos ver os pensamentos
de Deus em tudo o que Ele criou. Toda a criação é uma
corporificação deste desejo de Deus de ser representado.
(c) Na Redenção
Mas não apenas isso, pois, quando chegamos à
questão da redenção, é a mesma coisa. Da postura de Deus
em relação à necessidade que surgiu, a representação está
no coração disso, e a representação na redenção é dupla,
possui dois lados. Devido ao que tinha acontecido à criação, e
por causa do julgamento pronunciado sobre ela – morte - há
uma anulação da ordem das coisas. Se a sentença fosse
executada de forma absoluta, a criação seria descartada do
universo de Deus, não sobraria nada. Porém, a representação
novamente é a forma de redenção, e, na pessoa do Filho,
uma posição representativa é tomada sob julgamento,
condenação, e morte, e Nele, representativamente, a criação
deixa de existir, morre. Nós hoje seguramente chegamos a
este aspecto de coisas com gratidão, isto é, que você e eu
fomos salvos da terrível totalidade do julgamento sobre a
criação porque Alguém foi o nosso representante naquele
julgamento. Ele, de forma representativa, morreu como um
maldito, julgando e condenando a criação por causa do
pecado. Ele morreu por nós e como nós, e nós morremos
Nele. Esta é uma verdade simples e familiar.
Mas há o outro lado da redenção. Na ressurreição, na
exaltação em glória, Ele também é o nosso representante. O
pensamento Divino da representação é tomado novamente,
agora não em desespero, mas em esperança. "Bendito seja o
Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, segundo a sua
grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva
esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os
mortos" (1 Ped. 1:3). Na ressurreição Cristo é o nosso
representante; na glória Ele é o nosso representante, e tão
verdadeiramente como fomos incluídos na morte, assim
também fomos incluídos Nele na glória, na exaltação. Como o
‘Capitão da nossa salvação’, Ele está trazendo ‘muitos filhos à
glória’, onde Ele está como representante deles.
Em Romanos 8:29. "Porque os que dantes conheceu,
também os predestinou para serem conformes à imagem de
seu Filho", introduziram duas pequenas palavras - "para
serem". Estas palavras não ocorrem no original,
absolutamente. Foram colocadas porque soa abrupto e
inadequado deixá-las de fora e apenas dizer: ‘predestinados
conforme o seu Filho’. Antes do mundo existir, nós éramos
assim, no pensamento e no propósito de Deus, que não está
sujeito ao tempo. Não há passado, presente e futuro para
Deus. Todo o futuro é para Ele um só momento. Quando Ele
determinou, determinou em Cristo. Você e eu podemos estar
sendo submetidos a um processo de conformação à imagem
de Cristo, mas isto é apenas do nosso lado. Do lado de Deus,
está tudo terminado, está eternamente realizado antes mesmo
que começasse. Isto é um poderoso fundamento para a fé,
que, em relação a Deus, não há acaso ou mudança sobre isto.
Tudo é um fato consumado. “Predestinados conforme à
imagem…” Assim, você vê que este pensamento Divino, que
este pensamento eterno de representação, realmente está por
trás de tudo: da criação, da redenção, da morte, da
ressurreição, da glória.
(d) Na Igreja
Isto vai diretamente ao centro de nossas vidas, na
condição de povo do Senhor. O pensamento Divino a nosso
respeito é exatamente este: que estamos aqui para um único
propósito no pensamento de Deus – representá-Lo. A Igreja é
constituída para este único propósito – representá-Lo. Todos
os procedimentos de Deus para conosco têm apenas isto em
vista: a perfeita representação. Isto não é outra coisa senão
dizer, de outra forma, que a disciplina, a correção de Deus são
para aperfeiçoar a nossa representação Dele; isto é, fazer-nos
mais semelhantes a Ele, não sendo, portanto, uma coisa em si
mesma, mas Ele ordenou que esta fosse a agência de Sua
própria revelação. De Sua própria manifestação. "A imagem
do Deus invisível". Isto com referência a Cristo. A imagem,
podemos dizer, do Cristo invisível é o pensamento Divino para
a Igreja e todos os seus membros.
Parece-me ser esta a própria essência desta idéia - "a
igreja que é o Seu corpo”. Existe tal coisa como o ‘ler o
espírito um do outro’, mesmo que isto seja excessivamente
difícil sem os seus corpos! O que conhecemos uns dos outros
interiormente, conhecemos muito amplamente por meio de
nossos corpos. Até mesmo nossas personalidades são
expressas através de nossos corpos. Se estamos
familiarizados com uma pessoa, mais ou menos isto se dá por
meio de algumas expressões. Uma criancinha que está lá
dentro de casa sabe que o papai está chegando da rua. Por
quê? Porque ela conhece os passos do pai.
Você pode estar num quarto e outras pessoas estarem
em outro, e você, ao ouvi-las falando, é capaz de dizer: Está
acontecendo isso e aquilo; eu conheço a voz deles! Você
sabe que elas estão lá porque aquelas vozes lhes pertencem.
Somos conhecidos por algumas expressões físicas. Nós
vemos uns aos outros, tocamos uns aos outros, lemos e
registramos a vida interior uns dos outros por meio de um
olhar na face, de um tom de voz, de um simples gesto, de um
simples grunhido! Sim, e toda uma história repousa na mais
leve indicação física se formos sensíveis uns para os outros.
A Igreja, que é o Seu Corpo, se mantém em relação a
Ele neste mesmo sentido, e Ele, por Seu Espírito estando
presente, habitando, é indicado por meio de Seus membros. O
propósito da Igreja como Seu Corpo é representá-Lo, e esta é
a própria essência, de tudo – digamos – obra missionária,
todo ministério, todo serviço. A idéia dominante de todo
serviço ou ministério é a representação; não primeiramente as
coisas ditas, pregadas, proclamadas, mas o que somos, o que
é carregado de Cristo por meio de nosso ser. No caso do
Senhor Jesus isto era predominante. Era a Sua presença que
causou o impacto Divino sobre esta terra; algumas vezes o
Seu silêncio era mais terrível do que Suas palavras. Quando
Ele, naquela Sexta da Paixão, naquela primeira Sexta da
Paixão, ficou em silêncio, aquilo foi um terrível silêncio que os
homens não puderam suportar, sob tal silêncio eles
estremeceram e, por algum meio, fariam que Ele falasse e
quebrasse aquele silêncio. Quando Ele chegou ao território
dos Gadarenos, aqueles possessos por demônios começaram
a gritar sem que houvesse qualquer palavra de Jesus. Era a
sua presença! Isto é representação.
Que coisa poderosa é esta representação se ela estiver
lá no poder do Espírito Santo. Você nem sempre tem que
começar a pregar. Se você é um homem cheio do Espírito,
sua presença irá fazer os pecadores se sentirem
desconfortáveis e os santos ficarem alegres. O que estou
tentando enfatizar é a verdade, o princípio, a lei, da
representação.
Com relação a esta questão de representação, gostaria
de fazê-lo se ocupar preeminentemente com ela em relação
ao próprio Senhor Jesus. Ele é a soma de todos os
pensamentos Divinos, e a encarnação é a suprema expressão
deste único pensamento de Deus para ser verdadeira, plena e
perfeitamente representada; de modo que era possível para o
Senhor Jesus dizer: “Aquele que vê a Mim vê o Pai” (João
14:9). Aí está o mistério de Cristo.
O que é o mistério de Cristo? O mistério de Cristo é o
Deus encoberto nesta Representatividade. Você diz, uma
representatividade de Deus, e ainda Deus encoberto? – uma
contradição! Não, não há contradição; não necessariamente
encoberto, pois, para o Novo Testamento, mistério não é algo
que não pode ser conhecido, mas algo que, por certas razões,
não tem sido conhecido, mas que pode sê-lo. Quando essas
razões são colocadas de lado, aquilo que tem sido um
mistério deixa, então, de ser um mistério.
Você pode ver isto nos dias da Sua carne. Aí está Deus
em representação, mas como muitos o viam? “Aquele que vê
a Mim vê o Pai”. Porém, penso que esta palavra ‘ver’ significa
algo muito mais do que apenas olhar para Ele como homem.
“Aquele que vê a Mim…”. “Que dizem os homens que Eu
sou?” Alguns dizem isto, e outros dizem aquilo. Pedro disse:
“Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo’. E Ele respondeu: ‘Bem
aventurado és tu, Simão Bar Jonas, pois não foi carne nem
sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está no céu”.
(Mat. 16:13-17). Isto é o que significa ‘ver’; é por revelação. É
isto que é o mistério. O fato está lá, a verdadeira
representação de Deus em pessoa, contudo ir reconhecido,
não visto. “O deus deste século cegou o entendimento dos
incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do Evangelho
da glória de Cristo, que é a imagem de Deus”. (2 Cor. 4:4).
Mistério é a incapacidade de os homens verem um grande
fato presente, porém ainda encoberto.
Agora, a Ressurreição e a Pentecoste parecem-me que
significam apenas uma única coisa – a visão de Cristo. Você
se lembra de quando Jesus foi considerado como morto e
enterrado, até mesmo os discípulos ficaram em desespero e
tiveram a fé e a esperança encoberta, e alguns foram muito
tristes pelo caminho de Emaús, e suas palavras foram:
“Tínhamos esperança de que fosse Ele quem iria redimir
Israel”. (Lucas 24:21). Mas, antes que chegasse o final deste
episódio, Jesus lhes abriu o entendimento, para que
pudessem compreender as Escrituras. Tendo aberto as
Escrituras desde o início, falou-lhes das coisas concernentes
a Ele; abriu o entendimento deles, e era apenas isto que
estava marcando as suas aparições durante aqueles quarenta
dias após sua ressurreição. Eles entraram num caminho
totalmente novo ao vê-lo. Oh não, agora não meramente
vendo-o de forma física, que Ele estava vivo, que tinha um
corpo; não foi meramente isto que estava nascendo neles
muito poderosamente. Eles estavam vendo quem era Jesus; o
mistério de sua Pessoa estava sendo revelado.
Eles O estavam vendo, e o dia de Pentecoste parece
que trouxe isto a um pleno nascimento. Os quarenta dias
estavam se movendo para o Pentecoste, e, então, naquele
dia, pela vinda do Espírito Santo, a coisa consumou-se, e no
pleno fulgor de quem Ele era, nasceu a igreja. Parece-me que
a Igreja nasceu – sim, pelo Espírito Santo, mas pelo Espírito
Santo revelando aos homens quem Jesus era afinal de
contas. Parece-me que foi assim que cada um entrou para a
Igreja. Eles viram, por uma operação do Espírito Santo, quem
Jesus era. Foi assim que Paulo entrou para Igreja, no caminho
de Damasco; ele viu quem era o Jesus de Nazaré. No dia de
Pentecoste, Pedro se pôs em pé juntamente com os onze, e,
sob o poder do Espírito Santo, e abriram suas bocas, e a
declaração espontânea foi sobre quem era Jesus, e eles eram
homens com uma nova revelação.
Oh, eu sei que, da parte de nosso ponto de vista
fundamentalista, isto não é muito. Não suponho que haja aqui
alguém que não creia que Jesus é o Filho de Deus, Deus
manifestado em carne. Todos cremos nisto, com um
pouquinho de fé; mas qual é o efeito disso? Qual foi o efeito
disso lá no princípio? O testemunho, a representação, não é
simplesmente atestar fatos históricos, nem fatos doutrinários.
Quando aqueles homens saíram como testemunhas de Jesus,
não foi apenas para dizer coisas que, embora fossem
verdades, eram apenas verdades. Eles saíram no poder de o
terem visto, tendo os seus olhos abertos para o Senhor Jesus.
Era como se tivessem sido homens que se moviam nas
sombras durante aqueles anos, apalpando, algumas vezes
sentindo segurança, uma certa quantidade de segurança,
mas, então, questionamentos, incertezas entrando, sombras o
tempo todo. Porém, finalmente os céus se abriram, o
esplendor irrompeu, e eles viram. Foi nessa luz que eles
foram constituídos como testemunhas, representantes. Foi
nessa luz que a Igreja nasceu. Foi nessa luz que a Igreja
prosseguiu o seu caminho tão efetivamente. O fato foi que,
onde quer que eles chegassem, era o impacto de Deus em
Cristo por meio da presença deles. Essa presença sacudiu o
inferno, porque o inferno sentiu novamente – Deus está aqui!
Essa presença tocou homens que estavam presos e debaixo
do controle e influência de inteligências superiores,
inteligências espirituais.
Sabemos quão verdade isto é agora em medida, que a
presença de um verdadeiro filho de Deus, sem palavras,
provoca os homens, incomoda-os, aborrece-os, irrita-os. Eles
querem você fora do caminho, não gostam de você. Eles não
sabem por que, mas querem se livrar de você. Você quase
pode sentir que eles têm uma inteligência sobrenatural a
respeito de sua pessoa, embora eles não percebam. Se você
lhes perguntar o porquê, eles não sabem. Há outra coisa mais
profunda, eles sentem algo que os deixa desconfortáveis. É a
presença de Deus no filho de Deus, e Deus é representado
pela presença de seus filhos. É assim que foi com Cristo.
“Como o Pai me enviou a Mim, eu vos envio a vós.” É desta
maneira – representação.
Representação Baseada na Identificação
Mas devemos perceber que a representação se
mantém na base da identificação. É a identidade de Cristo
com Deus, o Pai, que significa tudo. Os dois são idênticos.
Jesus não disse: ‘Aquele que vê a Mim vê o representante de
Deus’. Isto pode significar qualquer coisa. Você pode enviar
qualquer coisa ou qualquer um como seu representante. Mas
Jesus disse, ‘Aquele que vê a Mim vê o Pai’, vê Deus; não um
representante de Deus, não alguém enviado como uma
espécie de embaixador, completamente diferente, duas
personalidades, duas naturezas numa diferente categoria,
mas idêntico. A presença de Cristo é a presença de Deus, e
Deus está presente em Cristo.
Você pode perguntar: como isto funciona em relação à
Igreja e ao membro do Corpo? Em princípio isto é verdadeiro,
e nisso é descoberta toda a exigência de que devemos abrir
mão de nossa própria independência, de nossa vida
separada, de interesse próprio, de motivação própria, e, de
forma crescente, chegarmos à posição onde ‘não somos mais
nós, mas Cristo’. Oh sim, sempre haverá aquelas coisas sobre
nós que ainda permanecem como nossas marcas e
características humanas, mas a implicação real e essencial é
que a nossa presença não será realmente nossa, mas será a
presença do Senhor; tem que haver dentro de nós, bem lá no
centro do nosso ser, pela residência do Espírito de Cristo,
uma identificação com Ele de modo que Ele e nós sejamos
um; um em vida, em motivação, em pensamento, em desejo,
e seja lá o que as pessoas possam dizer sobre nossas
fragilidades, fraquezas e imperfeições, se forem honestas
terão que dizer: Apesar disso, quando você encontra fulano,
você realmente encontra o Senhor! Será uma coisa terrível se
as pessoas forem incapazes de falar isto, e tiverem que dizer
o contrário: Quando você encontra fulano, como um professo
filho de Deus, não há nada do Senhor nele, e você sai afligido.
Isto é algo terrível.
É uma negação de nossa própria existência como
membros do Corpo de Cristo se tolerarmos aquelas coisas
que são uma contradição em relação a Cristo; como a falta de
perdão, como abrigar em nossos corações uma atitude ou um
espírito rancoroso, de mágoa, de orgulho ferido, de divisão.
Onde ficamos nós como cristãos, o que é vida cristã, para que
somos cristãos, o que temos admitido, o que temos aceito?
Temos nós aceito coisas em forma de doutrina de modo
meramente profissional, um negócio, um tipo de coisa
completamente fora de relação com a nossa própria
personalidade, com a nossa própria natureza? Bem, isto não é
o cristianismo do Novo Testamento, isto não é a real vida
cristã. O fato é o seguinte: se formos verdadeiramente cristãos
(e “se alguém não tem o Espírito de Cristo esse tal não é
Dele” - Romanos 8:9), se realmente tivermos o Espírito Santo,
esta deve ser a coisa mais verdadeira ao nosso respeito, que
jamais possamos deixar de nos desesperar com a nossa falta
de perdão, que jamais tenhamos orgulho ferido sem ficarmos
completamente desarranjados em nossas vidas espirituais
com isso, que jamais deixemos de nos parecer como cristãos
sem que tenhamos uma crise com isso.
Há algo vivo lá dentro. Por quê? Por causa da
identificação no Espírito Santo; o Espírito Santo é o Espírito
de Cristo e Ele entrou em nós para nos fazer um com Cristo,
para que não vivamos uma vida desligada de Cristo,
simplesmente prosseguindo de alguma forma indefinidamente
sem ser encontrado pelo Senhor. Isto é completamente
impossível na base de uma vida no Espírito Santo, e não há
outra base para um cristão. Muitos de nós agradecemos o
Senhor de todo coração por ser este o tipo de experiência que
temos, por sentirmos a nossa miséria devido a algum
pensamento ou atitude não cristã. Agradecemos a Deus por
isto; isto mostra que as coisas estão vivas. Se pudermos
abrigar algo não cristão em nossos corações sem termos uma
má hora, então temos razão para questionar se de fato somos
nascidos de novo. Cada má hora é uma evidência de que
estamos vivos, pois pessoas mortas não sofrem.
A identificação é básica para a representação, e uma
coisa vital, orgânica, não algo meramente doutrinária.
Representação Baseada na Soberania do Espírito
Bem, isto é o que o Pentecoste fez. Pedro, coloca-se
em pé com os onze, e o que diz? Ele ouviu o Senhor dizer:
“Sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda Judéia e
Samaria, e até os confins da terra”. Não muito tempo antes,
alguns deles haviam falado sobre essas mesmas pessoas
para quem agora eram representantes de Cristo, mensageiros
do seu Evangelho da graça: “Senhor, quer que peçamos que
caia fogo do céu e os consuma?” Você não pode continuar
desta maneira quando segue sob o controle do Espírito Santo.
Queimar as pessoas com fogo do céu? – esta não é uma vida
governada pelo Espírito Santo. Você entende o que eu quero
dizer.
Quanto a Pedro, isto irá levá-lo a um longo caminho
adiante, porém ele irá ser tirado de sua profundidade. É algo
glorioso ver o que o Espírito Santo faz quando realmente é
soberano. Ele faz você dizer coisas completamente fora do
alcance de suas tradições e intenções, ainda que você não se
dê conta. “Até os confins da terra!” Pedro irá endossar isto.
Novamente em seu discurso no Pentecoste ele irá usar
palavras como essas: “Porque a promessa vos diz respeito a
vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos
quantos Deus nosso Senhor chamar." (Ato 2:39). Ele fala isso
sob o poder do Espírito Santo, porém não compreende o seu
real significado. Um pouco mais adiante Deus lhe manda ir à
casa de um gentio, em Cesaréia. Ele vê um lençol cheio de
todo tipo de animais quadrúpedes e répteis da terra, e aves do
céu, e uma voz que lhe diz: “Levanta, Pedro, mata e come!”
Porém Pedro responde: “Não, Senhor!” E isto se sucede por
três vezes, e o lençol é recolhido aos céus. Três homens
chegam à porta. (Atos 10). – “Tantos quantos Deus nosso
Senhor chamar.” Ele disse isto pelo Espírito Santo, porém não
compreendeu o significado. Agora ele se depara com esta
situação. O Espírito Santo irá tirá-lo de sua profundidade, de
sua tradição. Isto é o que o Espírito faz quando assume o
controle de uma vida. Ele faz exigências bem além daquilo
que estamos preparados no momento.
Assim, a crise irá prová-lo para ver se você está pronto
para se ajustar ao Espírito. Caso contrário, a sua
representação do Senhor fracassa. Você está pronto para se
ajustar? O Espírito irá ter o seu caminho de forma completa?
“Assim como o Pai me enviou a mim, assim Eu vos envio a
vós... Recebei o Espírito Santo”.
O envio dos representantes foi na base da absoluta
soberania do Espírito Santo, e nós somente iremos
representar Cristo completamente por meio desta soberania, a
soberania do Espírito, porque somente o Espírito é grande o
bastante para trazer Cristo, somente o Espírito é grande o
bastante para representar a Cristo. Podemos nós representar
a Cristo? Nós ainda não conhecemos nada sobre Cristo.
Nossos pensamentos sobre Ele iriam fazer dele um Cristo
pequeno. Pedro, com todas as grandes coisas que diz em
Pentecoste, em sua própria interpretação dessas coisas teria
restringido Cristo apenas aos judeus, mas descobriu que o
Espírito Santo quis significar muito mais do que ele
compreendia sobre Cristo, e sobre o que significava a
representação de Cristo. Assim, é somente pelo Espírito
Santo que uma representação adequada de Cristo pode ser
feita.
Espero que possamos compreender o porquê de
estarmos aqui, o que isto significa. Isto é uma coisa muito real,
este assunto de Cristo sendo representado, trazido à vista,
nossa presença significando isto. Oh, estou certo de que
todos nós sentimos isto, se as coisas tivessem sido mantidas
rigorosamente em seus lugares durante todo o caminho, o
impacto sobre este mundo seria infinitamente maior do que
tem sido. A coisa tem se tornado mecânica; não podemos
dizer que a Igreja em todas as suas partes tem realmente
trazido o impacto de Cristo sobre esta terra. Talvez tenhamos
que voltar em algum ponto sobre este assunto. Não em
doutrinas, em palavras, em verdades; mas numa ponderosa
obra do Espírito Santo dentro de nós, que resulte em nós
sermos capazes de dizer: “Aprouve a Deus revelar seu Filho
em mim” (Gal. 1:16); a representação tem que primeiramente
ser interior, depois vem a pregação; não é a assinatura de
uma declaração de doutrinas fundamentais, mas a revelação
de Cristo no coração.
Capítulo 2
Representação Na Base Da Identificação
Ler: Gên. 1:26; Col. 1:15; 2 Cor. 4:4; Rom. 8:29; Col. 3:10,11; Efe.
4:13,15,16; 5:22-32; Jo. 20:21-23; Mat. 28:18-20; At 1:8.
A Identificação do Filho com o Pai
Penso que poderíamos continuar nossa meditação no ponto
onde mais imediatamente se refere ao Senhor Jesus. Na
conclusão de nossa meditação anterior, estivemos
especialmente
enfatizando
que
o
princípio
desta
representação está baseado na identificação. O Senhor Jesus
era muito particular e muito enfático quando esteve aqui, na
questão de sua relação com o Pai. Ele manteve isto sempre à
vista. Naturalmente, muitas conseqüências surgiram por
causa disso. Não iremos abordar a conseqüência por
enquanto, lembremos: “Aquele que vê a Mim vê o Pai” (João
14:9). “Eu e meu Pai somos um” (João 10:30). “Mostra-nos o
Pai... Há tanto tempo tenho estado convosco, e ainda não me
conheces?” (João 14:8,9). Assim podemos reunir uma
quantidade tremenda de textos que sustentam esta
identificação do Filho com o Pai, de Cristo com o Pai. Nosso
ponto principal neste momento é: Nós não estamos lidando
com dois, mas estamos lidando com um. Isto para dizer que
não estamos travando conhecimento de Cristo separado de
Deus, separado do Pai. Quando O encontramos e nos
relacionamos com Ele, encontramos o Pai.
E, o que mais, de outro lado Deus se recusa a
encontrar conosco em qualquer outra base, exceto em Seu
Filho. “Ninguém vem ao Pai a não ser por Mim” (João 14:6), e
toda ida a Deus de forma independente e separada do Filho
não terá outro resultado: O Pai irá nos reportar ao Filho, Ele
não irá agir separado do Filho. A unidade é absoluta, e é
divina e zelosamente guardada e preservada. É identificação.
A história de Israel desde então pode ser resumida
neste único princípio, nesta única lei. Israel se recusou a
aceitar a Cristo como Filho de Deus, colocou-o de lado e
tentou se aproximar de Deus, e encontrou uma porta fechada.
A partir daquele dia a porta que leva a Deus tem estado
fechada para Israel. O Pai tem dito de forma muito efetiva e
ponderosa a Israel: Não há caminho independente; se isto
significa mil ou dois mil anos, o tempo não irá alterar isto; você
ainda estará na posição em que terá que vir por meio do Filho,
se quiser encontrar a Mim! Esta é a situação de Israel hoje.
Deus é muito zeloso sobre isto.
Por que isto? A resposta poderia ser dada de muitas
maneiras, mas, para a nossa presente consideração, é uma
questão da intenção de Deus de trazer Cristo, Seu Filho, à
herança que designou para Ele: o domínio. ‘Adão era uma
figura de Cristo, que viria’ (Romanos. 5:14), e Deus disse:
“Façamos o homem conforme a nossa imagem, conforme a
nossa semelhança: e tenham eles domínio” (Gen. 1:26). Este
‘eles’ é muito significativo. (Nota do tradutor: No inglês está
escrito: “Let them have dominion.” ao pé da letra: “Deixe que
eles tenham domínio”.) Não iremos falar disto agora. “E
tenham eles domínio.”—“Uma figura daquele que estava para
vir”. Diz o escritor da carta aos Hebreus.
“Porque não foi aos anjos que sujeitou o mundo futuro,
de que falamos. Mas em certo lugar testificou alguém,
dizendo: Que é o homem, para que dele te lembres? Ou o
filho do homem, para que o visites? Tu o fizeste um pouco
menor do que os anjos, de glória e de honra o coroaste, e o
constituíste sobre as obras de tuas mãos; todas as coisas lhe
sujeitaste debaixo dos pés. Ora, visto que lhe sujeitou todas
as coisas, nada deixou que lhe não esteja sujeito. Mas agora
ainda não vemos que todas as coisas lhe estejam sujeitas.
Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus
que fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da
paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a
morte por todos.” (Heb. 2:5-9; KJV: ASV).
Aqui está o Antítipo, aqui está aquele que é maior do
que Adão, aqui está Aquele de quem Adão era uma figura,
eternamente destinado a ter domínio, com todas as coisas
colocadas abaixo Dele, Jesus, e Deus se mantém muito ligado
ao plano em relação ao Seu Filho. O Filho é o representante
supremo de Deus, aquele que concentra todas as coisas, para
os propósitos executivos de domínio, e a união deles é
absoluta. Tanto é assim que, se todos os propósitos de Deus
estão estreitamente ligados e investidos em Seu Filho, Ele
deve trazer este Filho ao Seu lugar, este deve ser Seu
negócio supremo, que o Filho seja como Deus.
Este pensamento é um pensamento do Velho
Testamento em tipo, e um pensamento do Novo Testamento
em realidade. Você sabe que através de todo o Velho
Testamento Deus teve os Seus representantes, e esses
representantes eram, em seus dias, como Deus. A declaração
a Moisés é uma declaração extrema. Quando Deus o enviou a
Faraó, Ele disse a Moisés: “Você será como Deus a Faraó”
(Êxodo 7:1), e em efeito, quando Faraó se encontrou com
Moisés, na verdade encontrou-se com o próprio Deus, estava
tratando com Deus. Fossem os patriarcas, ou os profetas, em
virtude da unção Divina neles, eles estavam lá como Deus,
tratar com eles era tratar com Deus. O próprio termo ‘Filho do
Homem’, como usado no Novo Testamento, implica esta
representação, Deus representado; não Deus separado, Deus
de lado, mas Deus envolvido. Não importa o quanto você
tenha que esperar, o fim é absolutamente certo.
Jeremias representava Deus naquele lugar. Bem,
aquelas pessoas podiam fazer todo tipo de coisa com
Jeremias: podiam rejeitar sua palavra, podiam jogá-lo na
masmorra, chegaram ao ponto de quase matá-lo, a ponto dos
oficiais irem ao rei para dizer: Se não tirares aquele homem do
calabouço, certamente morrerá! Eles podiam fazer isto, e os
anos podem se passar de modo a parecer que Jeremias não
tenha sido vingado, mas será escrito no futuro, agora num
certo tempo no reino de Ciro: “para que a palavra do Senhor
dita pela boca de Jeremias seja cumprida...” (Esdras 1:1). Não
importa, esperem o tempo que quiserem, façam o quiserem, é
com Deus que vocês estão lidando; isto é representação. Oh,
o Velho Testamento está cheio disso em princípio, e tudo isto
está reunido em Cristo; Ele é a totalidade de tudo isso.
Não é necessário para mim, numa congregação como
esta, enfatizar este grande fato, que temos que lidar com
Deus quando tocamos o Senhor Jesus. Quando temos que
tratar com o Senhor Jesus, estamos tratando com Deus numa
forma muito maior do que qualquer profeta do Velho
Testamento, e já era grande o bastante então.
A Identificação da Igreja Com Cristo
Com quem estamos lidando? Bem, ao longo desta linha
de representação, chegamos à dispensação atual, e à
natureza dela. A presente dispensação é a dispensação da
Igreja, e a Igreja está aqui neste mesmíssimo terreno, e, se
você e eu fomos batizados em Cristo, então fomos batizados
em Seu Corpo. Não vamos pensar em Igreja como uma coisa
objetiva e separada de nós mesmos. Nós estamos nela, isto
tem que se tornar uma questão de aplicação pessoal quando
falamos, não pensemos objetivamente na Igreja, mas
pensemos em nós mesmos como membros de Cristo.
Bem, agora, esta identificação com Cristo ocorre da
mesma maneira como ocorria a identificação de Cristo com o
Pai. Esse é o porquê de eu ler Efésios 5:21-32, sobre maridos
e esposas, e esposas e maridos, e o porquê de eu ter
enfatizado aquela estranha palavra em Gênesis —“Tenham
eles domínio” e você percebe que isto se repete novamente
em Gênesis 5:1 e 2. “No dia que Deus criou o homem, à
semelhança de Deus o criou; macho e fêmea os criou, e os
abençoou; e deu-lhes o nome de Adão” chamou-os de
Homem. Esta passagem em Efésios 5, sobre maridos e
esposas, traz este princípio, e, se apenas pudéssemos
enxergar isto, tenho certeza de que seria tremendamente
proveitoso, e nos colocaria numa posição acima das visões
modernas deste mundo sobre esta questão.
Aí está este propósito eterno, este pensamento Divino,
o suporte desta relação, deste pensamento de Deus em
representação na base da identificação, e a frase a ser grifada
é: como Cristo e a Igreja, a Igreja e Cristo. A unidade aqui, a
identificação, é o pensamento e a intenção Divina. Você não
está lidando com duas coisas distintas aqui, duas vidas
independentes, duas pessoas separadas. “Ele os fez macho e
fêmea, e chamou-os homem”, chamou um plural de singular!
E isto é o que Deus fez com Cristo e a Igreja; isto é o que Ele
fez entre Ele mesmo e o Seu Filho, chamou um plural de
singular, em efeito. E Deus está dizendo aqui, em outras
palavras, que a esposa perde sua própria identidade
independente quando se casa, ela perde sua própria vida
separada. Agora seu único ideal é a vida e vocação de seu
marido, em que ela se imerge, e os dois se tornam um, assim
como a Igreja e Cristo. Quando entramos na Igreja,
abandonamos a nossa própria identidade independente e
separada. Tudo o que é nosso, pessoal e privativo, é
abandonado, e somos imergidos no Corpo de Cristo, para que
a Igreja e Cristo sejam uma só carne, os dois são um: Eu sei
que a visão moderna sobre a posição da mulher neste mundo
não irá aceitar isto, mas você não precisa se incomodar com
ela. Espero que você fique firme nestes princípios.
Deus conferiu tudo a Seu Filho, e você herda tudo. O
Senhor está simplesmente dizendo que este relacionamento
terreno deve ser uma representação de algo celestial, que, se
este relacionamento entre maridos e esposas, e esposas e
maridos, fossem conforme o planejado, o esposo
representaria Deus neste mundo, como um servo, um ministro
de Deus — não entenda mal isto; não quero dizer que ele
colocaria uma gola clerical e entraria “no ministério” — ele
seria um representante de Deus numa forma positiva, e sua
esposa estaria trabalhando dentro disso; não separada numa
vida e ministério independente, mas negando tudo o que é
pessoal. Esta é a idéia Divina, e assim ela entraria nos dons
Divinos, na vocação Divina, na benção Divina; ela obteria sua
porção nesta relação e, com a perda daquilo que é
meramente pessoal e privativo, entraria em algo muito mais
amplo. Este é o pensamento Divino, e a benção Divina está
nesta direção e não em outra. Assuma isto, mas não como
uma idéia meramente humana, como os modernistas e as
pessoas do mundo dizem: Esta é a idéia de Paulo a respeito
das mulheres, e nós não aceitamos isto! Não, este é um
pensamento Divino, e sua visão é Cristo e a Igreja, e a Igreja
e Cristo.
O ponto aqui é a identificação, que nesta linha onde
aquele relacionamento é correto, o efeito é o seguinte: que
quando você encontra a esposa, você encontra o marido.
Quero dizer, que ela não irá agir de forma independente, ela
irá expressar o pensamento de seu marido, irá se referir ao
seu marido, e ao encontrá-la, você encontra o marido. Não
adianta tentar manipular este tipo de mulher, fazê-la agir em
segredo quando seu marido está ausente. Oh não, você não
consegue separá-la de seu marido; ela está ligada a ele, eles
são um, de modo que você não consegue conhecê-la
separada dele. Não é uma questão de se o marido está
presente ou ausente, se ele é visto ou não; você se depara
com ele o tempo todo. Este é o relacionamento.
O Senhor está dizendo isto a respeito de Cristo e da
Igreja, e Ele está dizendo que a identificação é de tal ordem
que, quando você conhece a Igreja, os membros de Seu
Corpo, você não está conhecendo algo em separado, você
está conhecendo o próprio Cristo. “Eis que estou convosco
todos os dias até a consumação dos séculos” (Mat. 28:20).
Este é o princípio. Isto não é uma coisa meramente individual,
foi dito a Igreja: o núcleo estava lá e foi dito a Igreja: “Estou
sempre convosco, até a consumação dos séculos” “Estou
convosco.” Como? No meio, em você, pelo Espírito.
Identificação e Autoridade
E este é o significado dessas palavras: “Recebei o
Espírito Santo: Àqueles a quem perdoardes os pecados lhes
são perdoados” (João 20:22,23). Isto é tremendo: a Igreja na
posição de Cristo dizendo: seus pecados estão
perdoados. Sim, a Igreja debaixo da unção do Espírito Santo,
se de fato estiver cheia do Espírito, se for governada pelo
Espírito, é seu direito e prerrogativa dizer: “Os seus pecados
estão perdoados” nos termos, naturalmente, que condicionam
todo perdão, principalmente o arrependimento e a fé. “...e
àqueles a quem os retiverdes lhes são retidos” (KJV). A Igreja
diz: Olhe aqui, meu irmão, minha irmã, você está violando o
princípio Divino e nós lhe declaramos muito solenemente
diante de Deus que você não tem entrada diante de Deus até
que coloque as coisas em ordem: na autoridade do Espírito
Santo dizemos isto a você. E Deus se coloca de lado, e não
importa, você pode esperar uma geração, uma vida toda,
aquele irmão, aquela irmã, não irá chegar lá separado da
obediência àquele conselho. Eles pensam que o dia está
chegando quando eles podem ser absolvidos ao longo de sua
própria linha. Absolutamente! Irão morrer culpados se não
reconhecerem que, numa representação da Igreja governada
pelo Espírito Santo, eles estão lidando com o próprio Cristo.
Naturalmente, sei que a Igreja Romana tem tomado isto
para si, e é sobre esta mesma base que a Igreja Romana
existe e opera, porém, naturalmente, num terreno temporal.
Eles têm tirado a coisa do governo do Espírito Santo e a
tornado uma questão puramente de oficio sacerdotal. Sempre
que você chegar à verdade, você irá se deparar com um erro
que simula a verdade, uma imitação da verdade. Mas a
verdade está aqui, e é algo tremendo estar no Corpo de
Cristo; é tremendo estar numa representação local deste
Corpo de Cristo, a Igreja. Ela traz você para o terreno
executivo, e eu sinto muito fortemente que o que precisamos
em nosso dia, talvez mais do que qualquer outra coisa, é que
a Igreja realmente funcione como representante local. Parece
haver tal clamor por um novo funcionar da Igreja em sua
expressão local ao longo da linha da oração, e oração de
caráter executiva.
Em Jerusalém havia a Igreja, e frisamos que cada vez
mais eles são encontrados em oração. Quando Pedro estava
na prisão, a Igreja fez súplicas a Deus. Ela agiu sobre esta
questão, e trouxe o Senhor para o terreno do Salmos 2, e
Pedro foi libertado. A função da Igreja _ digo a você que esta
é uma grande necessidade, que o Senhor tenha este Corpo
localmente representado, que é Ele mesmo em expressão,
Ele mesmo em efeito, Ele mesmo em execução, operando
neles, através deles, pelo Espírito Santo. É disto que se
precisa hoje para fazer frente a este tremendo esforço das
forças do mal. Quem entre o povo do Senhor não está
consciente deste empenho das forças do mal? O que está
acontecendo no mundo de hoje? Você pode ver em
contrapartida esta guerra no campo espiritual em quase todos
os detalhes: intensa malignidade, maldade, ódio, violência,
mentira e falsidade; que o tempo está abreviado; e uma
concentração de cada pedacinho diabólico de ingenuidade
para a destruição. E aqui dentro desses últimos dias temos
tido uma retomada daquela conversa sobre petróleo; a idéia
em questão é que o tempo está abreviado, que o dia está se
encurtando; o inimigo irá recorrer a qualquer artifício, embora
perverso. Esta é a idéia. Mas olhe ao longe. Você vê isto no
campo espiritual, você sente. O inimigo está pronto para
esmagar, mutilar, aniquilar o verdadeiro filho de Deus se ele
puder, e sua intensidade nunca foi tão grande. Por quê? Por
que o seu tempo é curto. “O diabo desceu a vós, tendo grande
ira, sabendo que pouco tempo lhe resta” (Apoc. 12:12). O dia
está acabando para ele.
Como isto será resolvido? Eu de novo digo a você que
é a Igreja que tem que resolver isto. Confesso que eu não
posso solucionar isto sozinho; você não pode solucionar isto
sozinho. Precisamos de cooperação, temos que vir ao nosso
terreno da identificação com Cristo e deixar Ele
representativamente resolver isto. Ninguém mais, mas
somente Cristo pode resolver isto. “Toda autoridade me foi
dada no céu e na terra... e estou convosco” (Mat.
28:18,20). Isto não pode ser apenas aceito como
óbvio. Parece-me que a Igreja tem que entrar numa posição
de fé naquele terreno e agir com Cristo. Submeto isto a você,
mas eu sinto intensamente que há um apelo e uma
necessidade de que os filhos do Senhor onde quer que
estejam, como representando a Igreja, mesmo que sejam dois
ou três na localidade, que realmente ajam sobre esta questão
exclusivamente no nome do Senhor. “No nome de Jesus” — é
apenas outra maneira de dizer: Representativamente
dizemos, representativamente agimos, é Cristo por meio de
nós; considerando que o Espírito Santo tenha o Seu
lugar. Bem,
como
você
vê,
identificação
significa
representação. Esta unidade com o Senhor significa que Ele
tem um caminho para Se expressar. Bem, isto abre todas
aquelas questões de unidade com o Senhor, unidade
desimpedida, unidade imaculada com o Senhor, de modo que
Ele tenha um caminho livre de expressão.
A identificação e os Relações Humanas
Esta identificação com Cristo, e Sua vinda ao longo
desta linha, se pudéssemos vê-la, se os nossos olhos fossem
abertos — e eu gostaria que os nossos olhos fossem abertos
para isto — estabelece um negócio muito real, solene e sério
para o povo do Senhor na questão dos relacionamentos
humanos. Como melhor posso passar isto a você e explicar o
que quero dizer? Você sabe, alguns de nós temos estado em
muitos diferentes países do mundo, entre outras nações, e
uma de nossas maiores dificuldades geralmente tem sido o
caráter nacional das pessoas a quem estamos ministrando.
Não preciso mencionar diferentes nações e suas
características,
mas,
como
você
sabe,
diferentes
nacionalidades realmente diferem muito uma da outra em sua
constituição. A mim me parece que elas representam todos os
temperamentos da humanidade. Alguns são muito emotivos;
outros são intensamente práticos; outros mentais, no bom
sentido — eu ia dizer intelectuais, mas esta não é a palavra
mais apropriada — vivendo sempre no terreno da mente.
Eles precisam ter a coisa completamente esmiuçada
pela razão, e se mantém neste terreno. Bem, as pessoas
diferem, e o nosso problema freqüentemente tem sido este —
Oh, não podemos chegar a lugar algum aqui, absolutamente,
por causa desta superficialidade, ou desta intelectualidade,
desta intensa disposição nacional! E você pode desistir se
aceitar isto, e trabalhar apenas nesta base. Mas entendemos
que tudo isto tem que ser relegado a segundo plano e não
permitir que domine tudo. Cristo é totalmente diferente de tudo
isto, Ele é de uma disposição e de uma constituição peculiar.
O Espírito Santo é todo poderoso, e, se o Espírito Santo puder
trazer Cristo para dentro dessas vidas, não importa como
possam elas ser constituídas, Ele introduz aquilo que irá
trabalhar de forma calma, profunda e seguramente a fim de
substituir e transcender tudo nelas. Dê-Lhe tempo e você irá
descobrir algo lá que é completamente diferente daquela
disposição natural, totalmente diferente da constituição
natural. É algo diferente, e isto irá continuar o seu
caminho. Isto é Cristo. Aí está a universalidade do Espírito
Santo.
Agora isto é exatamente o que aconteceu no dia de
Pentecoste em Jerusalém. Lá estavam representantes de
todas as nações debaixo do céu; Partos, Elamitas, habitantes
da Mesopotâmia, estavam todos lá. Isto foi estratégico da
parte do Espírito Santo, e aquele dia Ele veio e falou através
dos apóstolos, sendo compreendido por todos. Isto foi algo
que espantou aquelas pessoas. Aqui estamos nós, todas as
nações e línguas debaixo do céu, contudo os ouvimos falar
cada um em sua própria língua maternal, como se fosse
apenas uma só língua que estivesse sendo falada. A
universalidade de Cristo, a universalidade do Espírito Santo!
Pode não ter ficado claro como a coisa foi feita, mas houve
evidentemente um milagre do Espírito que transcendia o
discurso confuso entre os homens. Isto estabelece um
princípio, que Cristo simplesmente ignora as diferenças de
nacionalidades e de constituição humana, e Ele mesmo é uma
constituição, uma base, que pode chegar a todos e constituílos em um só na realidade mais íntima, tornar todos em um.
Este é o significado daquelas palavras que citamos —
“E vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento,
segundo a imagem daquele que o criou; onde não há grego,
nem judeu, circuncisão, nem incircuncisão, bárbaro, cita,
servo ou livre; mas Cristo é tudo em todos.” (Col. 3:10,11). O
Espírito Santo pode fazer de todas as nacionalidades,
temperamentos, constituições, uma unidade que é Cristo,
mais profunda do que aquilo que somos em nós mesmos.
Somos todos diferentes. Se nos encontrássemos e
tentássemos prosseguir numa base meramente humana,
nossas diferenças iriam se conflitar o tempo todo e criariam
dificuldades imensas. Mas, se procurarmos relegar essas
diferenças a segundo plano e considerarmos o fato de que,
sendo membros do Corpo de Cristo, todos nós temos algo em
comum, e que é este algo em comum que deve ser a base de
nossa relação e avanço, que deve ser nutrido, defendido e
buscado, então haverá a edificação do Corpo, e o aumento de
Cristo; e este é o caminho da representação. Vamos
deliberadamente rejeitar aquela atitude que diz: Eu não
consigo caminhar com fulano. Desisto! Vamos dizer: Fulano é
um filho de Deus, há algo de Cristo ali e eu vou me apegar a
isto. Isto, meu amado irmão, faz o aumento, e este, também, é
o caminho da representação.
Eu sei isto, que quando há algum negócio real para os
filhos do Senhor fazerem, se for apenas dois deles, marido e
mulher, ou dois num lugar, alguma questão real que precisa
ser tratada corporativamente, o inimigo age em cima de todos
os tipos de condições humanas para paralisar aquilo. Ele está
em ação em todo o tempo, geralmente em vantagem, antes
que reconheçamos o negócio que está para se levantar, ele
está agindo sobre aqueles elementos humanos para nos
separar um do outro, para trazer tensão ao relacionamento,
para criar fantasmas na mente de um contra o outro, ele
mente. E esses fantasmas parecem tão verdadeiros! Fulano
disse uma coisa, e você percebe como ele disse? Como ele
olhou? — e você dá uma interpretação que não é verdadeira!
O inimigo levanta uma construção; nada é tão pequeno para
ele, e ele está tentando separar você das pessoas, colocar
tensão no relacionamento, porque há uma questão. Mais cedo
ou mais tarde você será requerido a concordar em alguma
questão, e você não irá conseguir; o inimigo tem olhado para
isto antecipadamente, lançando sementes de destruição e
discórdia. São coisas reais, e não imaginárias; são frutos de
experiência e observação.
O que estou dizendo é o seguinte: que precisamos
prosseguir no terreno de Cristo, se é para Cristo ser expresso,
e procurar manter distância deste terreno de judeu e grego, de
circuncisão e incircuncisão, bábaro, cita, etc. Fique naquele
terreno onde Cristo é tudo em todos, agarre-se neste terreno,
e, então, Ele virá. Representação de Cristo significa
identificação com Cristo, e esta é a única identificação que
você e eu iremos encontrar aqui, a menos que seja
identificação com o diabo. Há somente duas alternativas.
Quero crer que você não esteja confuso, mas sim que
está tendo vislumbre de luz, e que iremos reconhecer por que
estamos aqui. Estamos aqui nesta terra como representantes
do Senhor. Mas não é que estamos aqui ou lá, e que Cristo
esteja longe; estamos aqui para sermos vasos nos quais Ele
está, e Ele está aqui porque nós estamos aqui. Esta é a
implicação de nossa presença. Oh, que isto não possa ser
apenas uma teoria, mas que cada vez mais possa ser um fato,
pelo motivo de vivermos em Espírito, que nossa presença
possa significar a todas as inteligências invisíveis, como
também aos homens, que Cristo está aqui pelo Espírito. O
Senhor permita que seja desta maneira.
Capítulo 3
Representação pelo Espírito
Ler: Lucas 24:46-49; João 20:21-23; Atos 1:8; ASV.
“E disse-lhes: Assim está escrito, e assim convinha que o
Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressuscitasse dentre os
mortos, e em seu nome se pregasse o arrependimento e a
remissão dos pecados, em todas as nações, começando por
Jerusalém. E destas coisas sois vós testemunhas. E eis que
sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na
cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de
poder.”
“Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco; assim
como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós. E,
havendo dito isto, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o
Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados lhes
são perdoados; e àqueles a quem os retiverdes lhes são
retidos.”
“Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir
sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém
como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra.”
Continuando a nossa questão sobre o grande
pensamento Divino da representação, estaremos agora
especialmente ocupados com a simples ênfase do lugar do
Espírito Santo em relação a isto.
Em nossas meditações anteriores, vimos este
pensamento Divino como revelado nas Escrituras;
primeiramente Deus fazendo o homem à Sua própria imagem,
conforme a Sua própria semelhança; e, então, o pensamento
plenamente assumido em Cristo, que é repetidamente
declarado ser a imagem do Deus invisível; e finalmente o
pensamento levado para a Igreja, os eleitos, os quais devem
ser conformados à imagem do Filho, tudo falando muito
claramente desta intenção de Deus em ser representado, em
ser conhecido por meio da representação.
A Obra Representativa de Cristo por meio do Espírito
Santo
Agora, o Espírito Santo tem um lugar vital em tudo isso.
Quando o Senhor Jesus assumiu oficialmente esta fase ou
função particular de Sua vida e obra, você sabe que foi então
que o Espírito Santo ficou especificamente em evidência em
Sua vida e ministério. É verdade que Jesus foi gerado pelo
Espírito Santo, e é verdade que Ele era o próprio Deus,
porém, na obra oficial para a qual Ele veio a este mundo, a
obra do Filho do Homem, que é um termo ou título
representativo, Ele se coloca em posição de representar o
homem, a raça humana. O evangelho de Lucas, como você
sabe, é particularmente e peculiarmente o evangelho escrito
para a raça humana, como Mateus é o evangelho para os
judeus, e o título particular de Lucas para Cristo é ‘Filho do
Homem’, representante. Jesus assume o lugar do homem
como Deus pretendeu que ele fosse, a fim de trazer o homem
em Sua própria Pessoa inclusivamente para o destino
designado por Deus.
Ele, o Homem inclusivo, irá avançar por todos os
estágios do curso do homem para aquele fim divinamente
designado, e, quando finalmente glorificado e exaltado à
destra de Deus, irá permanecer como representante dessa
nova raça, dessa nova criação. Digo que, como Filho do
Homem, Jesus irá avançar por todos os estágios do progresso
do homem rumo àquele destino glorioso, pois irá ficar lá como
as primícias, o primogênito entre muitos irmãos. Esta mesma
fase está ligada a este pensamento da representação. Ele é “a
imagem do Deus invisível, o primogênito de toda criação” (Col.
1:15); representante, primogênito. Assim como os primeiros
frutos da colheita representavam toda a colheita, e o agricultor
pegava aqueles primeiros frutos e os oferecia a Deus como
sinal de toda colheita que se seguiria, assim Cristo foi as
primícias de toda a criação, e o primogênito entre muitos
irmãos, e Ele ocupa esta posição à destra de Deus hoje,
representativamente, como sinal de tudo o que virá. Mas
desde o primeiro passo, através de cada estágio daquele
curso rumo a glória, o Seu caminho se dá por meio do
Espírito.
A Cruz, o Primeiro Passo
Em certo sentido, num real e verdadeiro sentido, o
Jordão foi o primeiro passo em direção à glória. A cruz é
sempre o primeiro passo para a glória; não haverá nenhuma
glória se não houver cruz, e a medida da glória será a medida
da cruz. Vamos deixar este assunto aqui e voltarmos a ele
mais adiante. O Jordão foi o primeiro passo rumo à
glorificação, não apenas a glorificação de Cristo de forma
pessoal, mas a glorificação do homem, os muitos filhos a
serem levados à glória por meio Dele, toda a colheita a ser
levada à glória por meio Dele, os muitos irmãos que virão por
meio Dele. Digo, num real sentido, o Jordão foi o primeiro
passo rumo à glória, e no Jordão, como já salientamos, a idéia
predominante é a representação. Uma raça que não pode ser
glorificada deve ser colocada de lado, a fim de abrir espaço
para uma nova raça que pode ser glorificada. Uma
humanidade que jamais poderá chegar à glória precisa ser
removida do terreno que pertence aquele homem que pode
chegar à glória. Assim, representativamente no Jordão, no
batismo de Jesus, em Sua morte e sepultamento em tipo, Ele
assume o lugar de uma raça, de uma humanidade, que jamais
poderia ser glorificada, e que é removida Nele,
representativamente.
Na realidade da Cruz, da qual o Jordão era um tipo,
temos essa benção concretizada. Tudo o que em nós jamais
poderá ser glorificado foi removido. Você está preocupado,
obcecado e perturbado com tudo isto em você que não pode
ser glorificado? Bem, se você tem a Cristo como seu
representante, e tem se mantido em Sua obra representativa a
seu favor, tudo aquilo que impedia a sua chegada à glória foi
removido, cada pedacinho dele; e Deus está trabalhando
conosco neste terreno. A última fase desta obra terá a ver
com nossos corpos mortais; eles serão transformados, e feitos
semelhantes ao corpo da Sua glória. Estamos chegando à
glória em cada parte de nosso ser redimido, porque tudo que
não pode ser glorificado foi representativamente tirado do
caminho. Este é, naturalmente, o terreno para a nossa fé.
Quando Jesus saiu do Jordão, que é o tipo de sua
ressurreição, Ele ocupa a posição de representante de uma
raça que não pode ser glorificada, e, em certo ponto em Sua
vida, essas duas coisas (morte e glória) foram trazidas juntas
em um só momento. No monte da transfiguração, Moisés e
Elias falavam com Ele sobre a morte, ou sobre o êxodo que
Ele iria realizar em Jerusalém, e, naquele mesmo instante, Ele
foi glorificado. A morte e a glória vieram juntas num só
momento Nele. Isto se deu com Ele porque representa
perfeitamente o propósito de Deus. Isto é representação.
Porém, esta nova criação, este novo homem,
capacitado para chegar à glória, a ser glorificado, esta nova
raça reunida Nele como seu Cabeça, como sua primícia,
como seu primogênito, somente poderá chegar à glória se
permanecer no terreno da nova criação, no terreno da
ressurreição. O Espírito Santo assume o controle; e assim, ao
sair da água, o céu foi aberto, e o Espírito Santo, em forma de
pomba, desceu sobre Ele. O Espírito Santo toma conta, por
assim dizer, de toda essa questão de fazer esta nova raça
chegar à glória, de aperfeiçoar esta nova criação para a glória.
Esta é a obra do Espírito Santo do começo ao fim.
O que foi verdade em relação ao Senhor Jesus como
Cabeça deve também ser verdade em relação a todo o Corpo,
e o Pentecostes é a contrapartida do lado da ressurreição do
Jordão, onde o Corpo, trazido para o terreno da ressurreição,
é comandado pelo Espírito Santo, a fim de ser levado através
de todo o percurso e estágios de aperfeiçoamento até a glória.
Há uma pequena frase nas cartas de Pedro sobre “o Espírito
de glória repousando sobre você”. (1 Ped. 4:14).
Assim, nossa ênfase está aí, este é o objeto do Espírito
Santo, esta é a necessidade para o Espírito Santo; pois nada
é possível em relação a todo plano Divino, separado do
Espírito Santo.
A Atestação do Pai a respeito do Filho
Mas há uma segunda parte, outro lado ou aspecto
disso. O Espírito certamente vem, a unção toma o seu lugar,
mas acima da unção a voz Divina é ouvida do céu dizendo:
“Este é o meu Filho amado em quem me comprazo” (Mat.
3:4). Com a unção vem a atestação. Deus está chamando a
atenção para uma Pessoa, está indicando Alguém, está
apontando para uma Pessoa, e em efeito está dizendo: Este é
o meu representante! Você sabe que no monte da
transfiguração, quando Pedro em sua impulsividade seria
achado ditando, aconselhando, sugerindo o que deveria ser
feito, a voz, aquela mesma voz, veio novamente: “Este é o
meu Filho amado em quem me comprazo; a Ele ouvi”;
submetendo tudo a Ele: governo, direção. “A Ele ouvi”. É a
voz da atestação do céu ali no Jordão e no Monte,
individualizando a Jesus como representante de Deus.
Novamente temos representação.
Agora, essas duas coisas seguem juntas. São apenas
dois aspectos de uma mesma coisa, porque a unção significa
que o próprio Deus se compromete com esta Pessoa. Este é o
significado da unção. Como estávamos dizendo em nossa
meditação anterior, onde a unção está você se encontra, e
trata com o próprio Deus. “A ninguém permitiu que os
oprimisse, e por amor deles repreendeu reis, dizendo: Não
toqueis os meus ungidos, e aos meus profetas não façais
mal.” (1 Cron. 16:21,22; ASV). Você terá que tratar com Deus
se tocar no ungido ou naquele sobre o qual repousa a unção,
ou naqueles que são ungidos. Deus se compromete com o
ungido. Por isso, se Deus está comprometido, envolvido,
relacionado com alguém, este é representante, e é como se o
próprio Deus estivesse agindo ali. O Espírito Santo constituiu
aquele vaso de representação por meio de Sua vinda e
presença; Deus está presente. Isto significa que todos os
direitos da soberania Divina foram assumidos pelo Espírito
Santo e trazidos para dentro daquele que está ungido, aquele
que é habitado pelo Espírito. Todos os direitos da soberania
Divina estão no Espírito Santo, e, se o Espírito Santo está
presente, está presente com todos os direitos da soberania
Divina.
Realmente gostaria que você tivesse um vislumbre
disso, pois sinto que isto seja tremendamente importante para
nós como membros do Corpo de Cristo, habitados pelo
Espírito Santo. Nós apenas tocamos vagamente neste
assunto no dia de ontem, e sinto que há algo mais a ser dito
sobre isso.
A Autoridade do Espírito Santo
Quando esta contrapartida do Jordão, morte,
ressurreição, o céu aberto, a descida do Espírito e a unção,
quando a contrapartida disso ocorre no Pentecostes, o
Espírito Santo vem em termos de autoridade Divina para
permanecer presente, e isto é algo que você e eu temos que
reconhecer,
a
que
temos
que
nos
ajoelhar
absolutamente. Pode ser que não tenhamos reconhecido
suficientemente que receber o Espírito Santo da unção
significa que a autoridade sobre nossas vidas é tirada de
nossas mãos. Você tem pedido pelo Espírito Santo? Você tem
orado para ser cheio com o Espírito Santo? Você tem
reconhecido a tremenda importância da habitação do Espírito
Santo? Se ainda não, então, naturalmente, isto será
responsável por todos os tipos de fraqueza, carências, retardo
no crescimento, falta de poder no serviço, ineficiência na vida,
e uma porção de outras coisas. Mas, se você tem visto a
tremenda importância da presença do Espírito Santo em
poder, em plenitude na vida _ e eu realmente creio que você
tem visto _ então, tendo buscado o Espírito, você tem,
consciente ou inconscientemente, intencional ou não
intencionalmente, pedido que toda a autoridade de sua vida
seja tirada de suas próprias mãos, para que ela possa ser
inteiramente transferida para outra pessoa; e isto envolve
você mais do que você imagina. Este é o ponto que tentamos
abordar ontem.
No dia de Pentecostes, o Espírito Santo veio em termo
de autoridade, e assumiu o comando. E, fazendo isso, fez
com que os homens dissessem coisas de importância das
quais aceitaram dentro do limite de seus próprios
entendimentos, é verdade. Sim, eles não se opuseram às
coisas que disseram, até o ponto que podiam entendê-las,
porém, embora concordassem com elas, apenas foram até o
limite de suas apreciações, do entendimento que tinham sobre
elas. Mas o Espírito Santo queria significar infinitamente mais
do que aquilo, e logo esses mesmos homens que estavam
concordantes dentro do limite de seus entendimentos e
apreciações das coisas que diziam, foram confrontados com o
fato de que as coisas que eles haviam dito envolviam-os muito
mais do que tinham compreendido. E esta é uma questão
prática da autoridade do Espírito Santo.
Pedro estava muito concordante, conforme a sua
compreensão, conforme o alcance de sua apreciação, a
respeito do que o Senhor tinha dito sobre “aos confins da
terra”; ... “a todos os que estão longe, e a todos quantos o
Senhor nosso Deus chamar” (Atos 2:39). Porém, não irão se
passar muitos dias antes que ele se choque contra isto,
exatamente aquilo que ele próprio tinha dito, e venha a
descobrir que aquilo significava muito mais do que ele
imaginava, quando chegou em Cesaréia, na casa de um
gentio. “a todos quantos estão longe, e a tantos quantos o
Senhor nosso Deus chamar!” Pedro diz: `Não, Senhor’; e aí
acontece uma batalha. Mas você percebe que o Espírito
Santo, quando faz Pedro terminar a tarefa, chega naquela
situação de forma poderosa. É uma questão da qual o Espírito
Santo está encarregado, e o veredicto, a conclusão da
questão toda é o relatório de Pedro em Jerusalém _ “Quem
sou eu para que pudesse resistir a Deus?”. “Portanto, se
Deus lhes deu o mesmo dom que a nós, quando havemos
crido no Senhor Jesus Cristo, quem era então eu, para que
pudesse resistir a Deus? “ (Atos 11:17). Aí está um homem
tendo que se curvar diante da autoridade do Espírito Santo.
Agora, o que queremos certificar nesta questão? O
seguinte: Se você e eu realmente chegarmos ao lugar onde o
Espírito Santo como Senhor se torna residente em nós,
seremos confrontados com esta grande lei da autoridade
absoluta do Espírito Santo para fazer o que quiser conosco, e
para nos levar completamente além de nossas próprias
intenções, de nossos preconceitos, de nossas tradições, de
toda nossa história passada, para nos levar além de nosso
presente alcance mental daquilo que agora concebemos ser o
certo e o errado. Nós todos temos um horizonte mental fixo
hoje. Neste momento todos nós colocaríamos certo limite e
uma fronteira naquilo que consideramos ser o certo e errado,
ao que podemos e não podemos fazer. Movemo-nos dentro
de nossa própria interpretação mental das coisas, e este é o
nosso limite.
Nós iremos limitar o Espírito Santo a isto? Se assim o
fizermos, jamais chegaremos ao propósito final de Deus. O
que iremos descobrir é que o Espírito Santo requer de tempo
em tempo que nos livremos de nossas cercas, e deixemos
que Ele nos leve completamente para fora de nossas próprias
fronteiras de aceitação e interpretação. Ele irá requerer isto,
este é o seu direito soberano, e o nosso progresso em direção
ao propósito final de Deus, e, preste atenção, a medida na
qual podemos verdadeiramente ser representantes de Deus
aqui depende inteiramente desta aptidão de ajustamento à
nova revelação ou indicação dada pelo Espírito Santo, de
nossa capacidade ou sensibilidade ao ajuste que o Espírito irá
nos mostrar.
Parece-me que muito freqüentemente o Senhor liga
nossas vidas a uma emergência, a uma crise, a fim de trazer
algo novo. O fato é, naturalmente, que nós não iremos nos
mover para algo mais em relação ao Senhor, exceto se
formos compelidos. É assim que funciona, e por melhor e
mais precioso que possa ter sido o agir do Senhor para
conosco, revelando-nos, comunicando-nos, o melhor que Ele
já nos deu terá que ser trazido ao lugar onde não mais
satisfaça as nossas necessidades de forma mais plena, a fim
de que possamos nos mover para algo maior. Este é o
caminho do progresso. Talvez tenhamos tido revelações
maravilhosas, maravilhosos tratamentos do Senhor conosco;
coisas aconteceram em nossas vidas que ofuscaram tudo o
que passou, e sentimos que alcançamos a plenitude. Mas
não, existe algo, além disso.
Naquele momento isto era o mais longe que podíamos
chegar, mas nossa experiência e nossa história nos diz que
aquelas coisas que eram tão grandes, tão maravilhosas, tão
interessantes, precisam se tornar como se não fossem tudo
aquilo, com um crescente senso de nova necessidade, nova
exigência, e nova crise se levanta na qual temos que
conhecer algo maior. E o Senhor força situações como essa.
É o caminho do alargamento, do crescimento. Parece-me que
este é o Seu único modo prático de nos manter avançando.
Mas é a autoridade do Espírito Santo trazendo essas crises e
fazendo essas exigências; e suponho que esta será a nossa
experiência até o fim. Se realmente estamos debaixo do
governo do Espírito Santo, nunca alcançaremos o fim aqui,
haverá sempre algo mais adiante; mas, para chegarmos lá,
temos que perder o contentamento com aquilo que temos.
Uma das marcas trágicas do cristianismo é a medida de
contentamento com este cristianismo evangélico. A grande
necessidade hoje é de um senso de necessidade por toda
parte, entre os cristãos e no mundo, de um senso
desesperado de necessidade. A igreja nunca irá crescer até
que este intenso senso de necessidade por algo maior cresça.
Os homens nunca chegarão a Cristo até que tenham um
senso real de necessidade.
O Novo Testamento está cheio desta obra do Espírito
Santo, agindo soberanamente para precipitar situações nas
quais um novo conhecimento do Senhor se torne
indispensável para a vida, para a própria existência, e, quando
isto é trazido, o caminho é aberto para o Senhor revelar a Si
mesmo; e isto é o crescimento da representação. O Espírito
Santo, em Sua soberania, nos prende em seu método passo a
passo; Ele nunca age mecanicamente, Ele age somente em
vida. Assim você vê, no livro de Atos, os Atos do Espírito
Santo, que Ele sempre mantém os servos do Senhor com a
comida racionada em relação ao que Ele estava fazendo. Ele
nunca colocava a autoridade nas mãos deles, mas sempre a
retinha em Suas próprias mãos. No livro de Atos você não
consegue ter um programa missionário; não há programa lá.
Os homens, naturalmente, colocaram hoje o Novo Testamento
dentro de um programa missionário, embora de fato não
houvesse.
O Espírito Santo Direcionando o Serviço
Isto é visto na escolha e no envio dos representantes
de Cristo. Você vê isto em Antioquia; Paulo e Barnabé estão
lá, e, durante todo um ano, os homens com os quais um
grande destino estava ligado por pré-ordenação tiveram que
permanecer lá debaixo das mãos de Deus, e aguardar o
tempo de Deus. Isto especialmente ocorreu no caso de Paulo,
conhecido de Deus desde toda a eternidade como o homem
de uma tremenda missão. Mas mesmo assim, embora avisado
pelo Senhor de sua missão desde o início _ “porque te apareci
por isto, para te pôr por ministro e testemunha” (Atos 26:16) —
ele não pode tomar a autoridade de sua chamada missionária
em suas mãos e executá-la. Ele precisou entrar naquela
companhia em Antioquia, aquela representação do Corpo, e
esperar pelo Espírito Santo. Ele esperou doze meses lá em
Antioquia, talvez um pouco mais, e, então, o Espírito Santo
disse: “Separai-me para mim a Saulo e Barnabé para a obra
que os tenho chamado”. (Atos 13:2). O Espírito Santo está
segurando esta questão da obra da vida deles em suas mãos
como soberano. Eles não puderam decidir quando assumi-la,
mesmo que pudessem saber em seus corações muito
definidamente qual obra era.
Então, quando eles partem, não lhes é permitido sentar
e esboçar uma linha de ação, um esquema, um plano, um
cronograma. Seguem debaixo da soberania do Espírito.
Chegam a certo ponto e Paulo pensa em Éfeso, e sua mente
natural consagrada ao Senhor começa a trabalhar. Éfeso é
uma grande cidade, uma cidade muito influente. Se apenas
ele pudesse chegar a Éfeso e plantasse lá a igreja, e fizesse
com que as coisas andassem, já seria algo incrível! Sim,
penso que pela causa do Senhor deveríamos ir a Éfeso! Mas
eles não tiveram permissão do Espírito para pregar a Palavra
na Ásia. Bem, Bitínia é um bom lugar, um lugar muito
importante, e se mostra uma grande porta de oportunidade:
seria melhor irmos para Bitínia! Não, o Espírito Santo não lhes
deu permissão para irem a Bitínia; e, enquanto permaneciam
onde estavam, sem permissão para pregar na Ásia ou Bitínia,
Paulo teve uma visão à noite, um homem da Macedônia, e a
Europa é indicada primeiro. Éfeso e Bitínia irão vir na ordem
do Espírito, no tempo soberano do Espírito, e o tempo
soberano do Espírito ainda não era naquela direção. O tempo
soberano do Espírito é no momento em outra direção, Europa,
Filipos. (Atos 16:6–10).
Produtividade e Vitalidade Relacionados à Soberania do
Espírito
Agora, tudo isto é apenas tomar certos fragmentos para
indicar e enfatizar que o Espírito Santo, vindo em um vaso,
vem em termos de absoluta soberania Divina, para tirar o
controle de nossas vidas das nossas mãos, e isto porque o
Espírito Santo jamais pode vir e fazer a sua obra até que você
passe pelo Jordão. Até que a cruz seja um fato, um fato
realizado, não pode haver nenhum governo soberano do
Espírito Santo, realizando todo o programa Divino; pois a cruz
significa despojamento do corpo pecaminoso da carne. Paulo
é tão consagrado a Deus, a Cristo, como jamais um homem
foi nesta terra, com uma exceção, até mesmo Paulo com sua
absoluta consagração ao Senhor não pode assumir este
programa missionário e segui-lo por si mesmo. Ele tem que
ser um escravo de Jesus Cristo, tem que ficar debaixo da
autoridade do Espírito Santo, tem que reconhecer quando o
Espírito não permite.
Teria havido, e haveria hoje, muito mais produtividade
se a igreja fosse governada desta mesma forma. O que
aconteceu é que o texto de Marcos 16:15 – “Ide por todo o
mundo” _ tornou-se um programa que qualquer um pode
adotar à vontade. Tudo o que você tem a fazer é economizar
e adotar o negócio, e ir a todo o mundo, e pregar o Evangelho.
Bem, Deus me livre que eu possa depreciar qualquer coisa
que vise pregar o evangelho: este não é o ponto. Mas o que
dizer do efeito disso tudo, comparativamente, após dois mil
anos? Metade do mundo ainda não foi tocado após dois mil
anos. Olhe para a diferença entre os poucos anos apostólicos,
com a área então coberta e o impacto registrado, e todos os
séculos que se seguiram.
Não é isto um argumento para esta questão, que você
não pode adotar o manifesto e a comissão missionária e ir, e
executá-la você mesmo; que este é um assunto para o
Espírito Santo? E, embora o que estou dizendo possa parecer
algo negativo, eu o tenho como positivo. Quando o Espírito
Santo assume o controle da situação, Ele irá realizar, mas Ele
tem que ser soberano. A cruz, portanto, abre o caminho para
a soberania do Espírito Santo, e a cruz significa que até
mesmo mentes naturais consagradas têm que ter algo mais
do que a sua própria consagração como fator governante.
Assim, muitos dizem ou pensam: Se apenas eu estiver
consagrado ao Senhor, então posso fazer tudo aquilo que vier
à minha cabeça que servirá ao Senhor! Oh não, este pode ser
zelo, mas sem entendimento; e isto pode ser desperdício.
A Soberania do Espírito Santo em Relação ao Seu Perfeito
Conhecimento
Não vamos nos delongar mais na questão, mas apenas
tocar o seu âmago: o Espírito Santo exige exercer o direito de
autoridade absoluta em nossa vida, tirando a autoridade de
nossas
próprias
mãos;
e
isto,
naturalmente,
progressivamente. Embora possamos conhecer muita coisa,
não conhecemos tudo que está na mente do Espírito. O
Espírito de Deus nunca cresce, Sua mente não aumenta.
Você nunca pensa sobre a mente do Espírito crescendo, você
nunca pensa em Deus crescendo. Digo isto reverentemente.
O Espírito Santo jamais obtém um novo conhecimento. Desde
o princípio, o Espírito Santo possui todo conhecimento que
pode ser obtido, o seu conhecimento é perfeito.
Este é o significado daquela maravilhosa palavra no
livro de Apocalipse, onde tudo está consumado e trazido ao
seu final pleno: “Diz aquele que possui os sete Espíritos de
Deus”. (Apoc. 3:1). É um termo figurativo ou simbólico que
significa que Ele possui o conhecimento perfeito, a perfeição
do conhecimento espiritual. Ele tem isto desde o princípio, e
digo novamente, o Espírito Santo jamais adquire um
fragmento sequer de novo conhecimento na medida em que
avança; Ele o tem desde o princípio. Quando Ele veio, tinha
tão completo conhecimento das coisas como sempre o terá. O
conhecimento do Espírito é absolutamente final, mas em
relação a nós mesmos: o que conhecemos? No muito
conhecemos um mero fragmento daquilo que o Espírito Santo
conhece e quer significar. Isto quer dizer que vamos obter
muito mais conhecimento na medida em que avançarmos.
Podemos apenas conseguir este aumento de conhecimento
se estivermos preparados para aprender as coisas tudo de
novo.
Você compreende o que eu quero dizer? Não há
esperança a não ser que o Espírito Santo possa, em sua
soberania, apenas nos mostrar que não conhecemos nada, e
que temos tudo a aprender, e que Seu conhecimento é infinito
e sempre estará milhas à frente de nós, e, por isso, um
ajustamento de nossa parte será necessário cada vez mais.
Você chegou numa posição a respeito da verdade, a respeito
da luz, a respeito dos caminhos de Deus, a respeito da mente
do Senhor, a respeito do que você deve e não deve fazer, e
daquilo que jamais irá fazer? Você chegou a uma posição
fixa? Se for este o caso, você fechou a porta para o Espírito
Santo. Ninguém que crê no Espírito Santo poderia
possivelmente dizer: Eu jamais irei fazer isto! Pedro disse
isso: Jamais comi coisa imunda! Jamais irei comer! Esta foi a
sua posição, mas a soberania do Espírito Santo mostrou que
tudo sobre o propósito de Deus em seu apostolado dependeu
de ele abandonar aquela posição fechada: e ele também
podia até citar a Escritura a fim de defender sua posição! Isto
não importa.
Uma das coisas notáveis sobre o Novo Testamento é o
desbloqueio que ele dá para as interpretações do Velho
Testamento. Não importa que os judeus e judaizantes que
perseguiam Paulo por toda a parte pudessem dizer: Este
homem fala muita coisa sobre o Velho Testamento que não
está lá, este homem está colocando construções sobre o
Velho Testamento que não cabe, ele tira do Velho Testamento
algo que não está lá! Olhe o que Paulo diz sobre as coisas do
Velho Testamento. Não consigo ver que significa isto no Velho
Testamento. Parece que ele está usando o Velho Testamento
e colocando uma construção que não significava aquilo.
É algo extraordinário como no Velho Testamento é
dado um significado que você jamais poderia descobrir sem o
Novo Testamento. O Espírito Santo sabe o que diz, e Ele diz
muito mais do que os homens jamais têm visto. A própria
Escritura que você cita pode significar mais do que você
jamais pensou que ela significasse. Penso que isto é
suficiente para mostrar a você quão necessário é para nós
estarmos numa posição onde estejamos realmente abertos ao
Senhor, e realmente debaixo do governo do Espírito Santo,
prontos para deixarmos a nossa posição mais estimada, se o
Espírito Santo mostrar um novo caminho. Dizer isto não é
dizer que temos que ficar inconstantes e levados por derredor
por todo vento de doutrina e astúcia dos homens, ou que
iremos simplesmente seguir qualquer coisa que vier.
Não penso que o Espírito Santo alguma vez negue a Si
mesmo. O que Ele disse uma vez não irá contradizê-lo.
Porém, o que possa parecer contradição talvez seja que o
Espírito Santo esteja transcendendo aquilo que tenha dito
anteriormente. Assim como um milagre não é uma violação da
lei natural, mas um transcender da lei natural, assim também
o Espírito Santo nunca irá contradizer ou violar alguma coisa
que tenha dito antes, mas irá transcendê-lo e, quando assim o
faz, pode parecer uma contradição. Pode ser que você seja
capaz de dizer: Estou muito certo de que o Senhor tenha me
conduzido em certo tempo numa certa direção, mas Ele tem
me levado para outra direção agora! Isto não é
necessariamente uma contradição, é uma transcendência, um
mover. Naquele tempo você não podia ter dado um passo
mais adiante, Ele podia apenas levá-lo até ali. Mas em Sua
própria mente, aquilo era apenas um passo que iria levar a
outro, e ainda há mais outro, e você deixa um monte de coisa
para trás em tal processo. Mas, oh, o ponto é que o Espírito
Santo será capaz de fazer aquilo que pretende.
Até mesmo no caso do Senhor Jesus foi desta maneira.
Ele tinha uma mente natural e uma natureza sem pecado,
porém Ele não usava aquilo separado de Seu Pai, e, se
Alguém com uma mente natural sem pecado fazia isto, o que
dizer de nós? Quanto mais necessário é para o Espírito Santo
ser soberano em nosso caso. Tudo a respeito do poder está
nesta direção: “E recebereis poder, ao descer sobre vós o
Espírito Santo”. (Atos 1:8).
A Ameaça da Mente Natural
Penso que podemos ficar com este simples exemplo
por ora, principalmente esta necessidade do Espírito Santo
ser soberano. Ele deve. Há boas pessoas, pessoas piedosas,
que não vêem, e não irão concordar, e surge o problema: Oh,
eles são piedosos, são consagrados, têm vivido para Deus por
muitos anos, e, contudo são tão contrários a certas coisas que
parecem ser tão evidentemente à vontade do Espírito; e essas
pessoas negam. Qual é a explicação? Bem, pode haver várias
explicações, mas sugiro que esta seja uma explicação
possível em muitos casos, principalmente que a mente natural
jamais conheceu a cruz; sim, a mente natural consagrada.
Não estou falando da mente natural ímpia. A mente natural
consagrada nunca conheceu a cruz. Nossa própria mente é
ainda nossa mente, é o nosso julgamento, mesmo após
termos sido salvos. O que dissemos sobre Paulo, e Éfeso, e
Bitínia, e outros casos, é verdadeiro sobre as pessoas mais
consagradas. Elas ainda têm uma mente a que podem seguir
que não é a mente do Espírito. A mente do Espírito está
agindo numa outra direção em relação à delas. Elas seguiriam
este caminho pelo Senhor. Oh, tão devotos ao Senhor, é tudo
pelos interesses do Senhor; elas seguiriam este caminho, mas
o Espírito está tomando um outro curso.
Sobre o quê, toda questão repousa em tal ocasião?
Sobre se a cruz foi plantada suficientemente em profundidade
naquela vida quanto a tirar a soberania da vontade de suas
mãos, para que o Espírito seja soberano. Isto é algo muito
importante. Você está seguro de que a soberania de vontade
foi tirada de suas mãos e passada para as mãos do Espírito
Santo, e que é a soberania do Espírito que está governando, e
que não é meramente o caso de você estar seguro de si
mesmo, fixado em sua própria convicção sobre algo? Você
pode ser um filho de Deus muito devoto, e, contudo, este pode
ser o seu caso. É uma possibilidade terrível de o Espírito não
ser soberano em muitos filhos de Deus devotos, devido às
suas próprias vontades ainda serem soberanas. Não há o que
fazer neste caso; é um beco sem saída, é uma porta fechada.
Se iremos estar aqui naquela representação crescente do
Senhor, temos que estar na mesma base que o Senhor
estava. Isto para dizer que, do primeiro ao último passo é o
Espírito quem deve ser soberano, e isto pelo poder da cruz.
Capítulo 4
A Representação é a Essência do Serviço
[Nota: No fim do capítulo 3 da revista AWAT estavam as palavras `a ser
continuado’, porém nenhum capítulo mais foi publicado. Contudo, nos
manuscritos que foram deixados desses capítulos faltantes, foram achados
e estão aqui incluídos como capítulos 4-6.]
“Diziam outros: Estas palavras não são de endemoninhado.
Pode, porventura, um demônio abrir os olhos aos cegos? E
em Jerusalém havia a festa da dedicação, e era inverno.”
(João 10:21-22).
“Mas recebereis o poder do Espírito Santo, que há de vir
sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém
como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra.
E, quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas, e
uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos." (Atos 1:89).
Temos sido levados a estar ocupados com o
pensamento Divino da representação: O Senhor presente e
conhecido por meio da representação. Vimos que este
pensamento Divino está reunido em plenitude na pessoa do
Senhor Jesus. Todos os meios de representação do Velho
Testamento, fossem eles pessoais, no caso dos profetas, reis
e sacerdotes, fossem na linha do testemunho, de Abel em
diante, ou fossem em tipos, símbolos, sinais, tudo apontava
para Cristo e estava reunido Nele como o representante
consumador de Deus. Então vimos como este pensamento
Divino na ascensão de Cristo foi transferido no e por meio do
Espírito Santo à Igreja e aos seus membros como um Corpo,
o próprio significado do que é representação, e que a Igreja
com todos os seus membros, espalhados como possam estar
por toda a terra, simplesmente entra em toda esta sucessão
espiritual a fim de perpetuar este pensamento Divino de estar
aqui para representar o Senhor. Falamos muito sobre isto ao
longo de muitas diferentes linhas.
Agora vamos nos ocupar com outro aspecto específico
desta questão de representação para Deus, e isto é
representação como sendo o próprio coração e essência do
serviço. Em nossa meditação anterior, vimos que a questão
toda da representação foi assumida pelo Espírito Santo, e que
este pensamento Divino, do começo ao fim, cada passo e
estágio, está nas mãos do Espírito Santo. O que temos a dizer
sobre serviço imediatamente se liga a isto e resulta disso. Há
muitas idéias sobre o serviço cristão, sobre o serviço de
Cristo, sobre a obra de Deus. Será bom se procurarmos
realmente nos ajustar à natureza essencial do serviço,
colocando de lado todas as nossas noções sobre esta matéria
e realmente chegar ao coração da questão.
Qual é o âmago e a essência do serviço do Senhor, da
obra do Senhor? A resposta é encontrada na seguinte palavra
_ representação. Isto pode incluir muitas coisas; pode cobrir
muito terreno, mas pode ser de fato uma questão muito
simples. Significa simplesmente o seguinte: a nossa estada
neste mundo implicando a Pessoa do Senhor; o próprio fato
de que estamos aqui a fim de levar a implicação da Pessoa de
Cristo. Isto carrega muito positivamente o fato de que o
Senhor Jesus não partiu deste mundo, não deixou esta terra,
mas que, embora na glória, também está aqui na terra de
forma muito definitiva e positiva. Pode muito freqüentemente
ser quase impossível falar muito sobre isto. Agora, não faça
disso uma desculpa para o silêncio. Algumas vezes é
impossível dizer muito, outras vezes é impossível fazer muito,
para engajar nas várias formas de atividades em que é
chamado o serviço do Senhor.
Pode haver limitações muito severas e dificuldades
podem estar por todos os lados. Isto não afeta
necessariamente a questão do serviço do Senhor,
absolutamente; este não é o ponto. Na primeira instância, o
serviço do Senhor não é a quantidade dita, nem o número de
atividades em que estamos engajados. O serviço do Senhor é
uma questão de SER, em primeira instância. Esta tremenda
implicação é desempenhada efetiva e positivamente num
vaso, numa testemunha, num ser; a implicação de que Deus
está aqui, o Senhor está aqui, o Senhor está aqui neste
mundo, o Senhor está no meio, o Senhor está acessível, o
Senhor está perto, o Senhor é real, o Senhor está vivo, o
Senhor está disposto, está pronto, o Senhor está à mão _ tudo
isto como uma implicação multifacetada de nosso estar na
terra. Este é o serviço do Senhor. Este é o próprio coração e
essência do serviço.
O Espírito Santo _ o Espírito do Serviço
Agora, precisamos dissecar isto e procurar
compreender o que significa. Dissemos que o Espírito Santo
vem para constituir a igreja na base do ‘Cristo está aqui’. Da
mesma forma como no Jordão o Espírito veio sobre o Senhor
Jesus, e a partir daquele momento constituiu-O como
representante de Deus de forma pública e mais definida,
assim também Ele veio no Pentecostes para constituir o
Corpo de Cristo nessa mesma base, como sendo a
continuação daquela representação. O Espírito Santo veio
para constituir a representação.
Nesta meditação nós voltamos ao seguinte: que o
Espírito é, muito decidida e positivamente, o Espírito do
serviço. Isto pode ser um começo muito simples, mas nos fará
bem se lembrarmos disso. Sempre tem sido o caso de que,
quando o Espírito Santo realmente obtém o seu lugar numa
vida, esta mesma vida muito rapidamente passa a ser
governada e dominada pelo Espírito do serviço, e sinto que
algo deve estar errado se um cristão alguma vez perder o
Espírito do serviço. Se alguma vez você ou eu perdermos este
desejo para com o serviço do Senhor, algo estará errado. Não
estou falando sobre formas de serviço. Estou falando sobre o
Espírito do serviço.
Assim, descobrimos que, bem no início, o Espírito
Santo criou este desejo para com o serviço do Senhor; tornouse a energia mais poderosa para o serviço. Um tremendo
interesse foi plantado no coração daqueles que receberam o
Espírito, no sentido de o Senhor ser conhecido pelos outros,
de o Senhor ser levado aos outros, de o Senhor ter o Seu
lugar nas pessoas e em toda a terra _ um interesse real sobre
isto. Esta é uma marca do Espírito Santo. Há algo errado se
isto não for encontrado em nós; um interesse real de que
Cristo possa ter Seu lugar, de que seja trazido para o Seu
lugar nas pessoas deste mundo. Perguntemos honestamente
agora aos nossos corações _ Isto é verdade no meu caso?
Não sabemos exatamente por que o apóstolo Paulo,
quando chegou a Éfeso e encontrou certos discípulos ali,
imediatamente apontou esta questão para eles _ “Disse-lhes:
Recebestes vós já o Espírito Santo quando crestes?” (Atos
19:2). Não sabemos exatamente por que ele fez esta
pergunta. Pode ter sido por qualquer uma daquelas coisas
que denunciam a ausência do Espírito. Paulo simplesmente
chegou à conclusão de que aquelas pessoas não mostravam
qualquer evidência de terem recebido o Espírito: há uma falta
disso, ou daquilo outro. Mas nós podemos tomar a questão e,
se for verdade que você ou eu estamos destituídos de um
interesse real para com o serviço do Senhor, esta questão
precisa ser feita. Você recebeu o Espírito Santo quando creu,
ou tem você de alguma forma encharcado o Espírito Santo
com outras coisas em sua vida, de modo que Ele está
incapacitado de funcionar normalmente? Sua função normal
será colocar lá no fundo, como a coisa mais poderosa em
nossos corações, um real interesse de que o Senhor Jesus
alcance o Seu lugar em outras vidas em círculos cada vez
maiores. O Espírito Santo é de fato o Espírito do serviço, e
devemos verdadeiramente fazer a nós mesmos esta pergunta,
caso não estejamos impulsionados por este Espírito de
serviço. A maior questão surge: O que aconteceu ao Espírito
Santo em relação a nós? Enfrentemos o fato. Nós não
sabemos o que irá acontecer nos dias futuros. Pode ser que o
Senhor precise de uma nova força de representantes, pois há
uma crescente demanda, não há dúvida sobre isto.
Se alguns serão ou não enviados especificamente
nesta capacidade, isto não altera este fato, de que cada um
de nós, tendo recebido o Espírito, deva carregar esta marca
do Espírito: um profundo e perene desejo de servir ao Senhor
no seguinte aspecto: de que Ele possa ser trazido para o seu
lugar em tantas vidas quanto seja possível. O Espírito do
serviço. Lembremos disto. Tudo irá ter o seu começo a partir
disso. Pode ser que não haja um interesse adequado, uma
real paixão em servir ao Senhor. Agora, honestamente, você
irá responder ao Senhor em seu próprio coração sobre esta
questão? Faça você mesmo à pergunta: - Tenho eu, acima
de todos os interesses na vida, um desejo em servir ao
Senhor? Não é: ‘como vou servir o Senhor?’. Não é se vou
largar tudo o que estou fazendo agora para ser um ministro,
ou missionário. Não estou falando disso. Estou falando sobre
o espírito do serviço, e a coisa é: Estou eu, acima de tudo,
interessado no serviço do Senhor, em servir ao Senhor? Pode
ser que eu vá servir nesta linha, nesta capacidade, ou em
outra; isto não importa. O assunto é servir. Acima de todas as
outras coisas que eu faça, embora possa fazer muita coisa,
que o serviço ao Senhor esteja me controlando, esteja me
dominando. É servir ao Senhor; que minha vida realmente
sirva o Senhor. Eu não vou servir ao mundo, não vou servir a
mim mesmo, minhas próprias ambições ou reputação. É ao
Senhor e o seu serviço. Suporte este apelo, pois o Senhor
sabe por que Ele está dando esta ênfase.
Eu simplesmente repito aqui aquilo que está tão claro
como à luz do dia quando você chega ao Novo Testamento, e
olha para o fato da vinda do Espírito Santo: que Ele produz
um grande interesse no sentido de que o Senhor Jesus possa
ser servido. Ninguém pode fugir disso.
A Natureza do Serviço
Isto sendo verdade, o fundamento do serviço, que o
Espírito Santo é o Espírito de serviço, e que aqueles que têm
o Espírito Santo são governados por um espírito de serviço e
que você realmente não pode ter uma vida cheia do Espírito
sem um real interesse pelo serviço do Senhor, e sendo assim,
podemos prosseguir a fim de ver qual a natureza do serviço.
O que o Espírito Santo faz para realizar o serviço? É aí,
talvez, onde algum ajuste seja necessário. Estou muito certo
que, em geral no cristianismo evangélico, um ajustamento
seja necessário nesta questão. Em primeiro lugar o Espírito
Santo não faz obreiros oficiais, isto é, Ele não faz missionários
oficialmente; Ele não faz ministros oficialmente; Ele não faz
oficiais como tais, em primeiro lugar. Pensamos sobre a
entrada para a obra do Senhor e, imediatamente obtemos
certas formas e modelos de serviço. Pensamos sobre um
missionário, isto é, uma classe, um tipo particular de pessoa;
um ministro, isto é, de novo um tipo particular de pessoa. Ele
é distinto de todas as demais pessoas em várias maneiras.
Você pode dizer que ele é um ministro, ele chama a si mesmo
de ministro, ele é diferente. Isto é uma coisa oficial; ou
pensamos em muitas outras formas de obra cristã oficial como
serviço ao Senhor, mas o
absolutamente.
Espírito não
começa
aí,
O que o Espírito Santo faz é formar pessoas. Ele
constitui representantes, Ele trata com indivíduos. Ele não
lhes dá, em primeiro lugar, algo para falar; Ele faz algo dentro
deles, e a partir daí é que vem, então, toda a fala deles. Ele
não lhes diz o que fazer; Ele trabalha dentro deles e, então,
eles vão e executam aquilo; o negócio vem para fora, é
resultado espontâneo de algo realizado dentro deles. E, onde
isto não é verdade, você tem todo tipo de posições falsas e
artificiais. Muitos jovens, homens e mulheres, estão prontos
para largar o emprego e se tornarem missionários. Há algo
romântico nisto. Eles poderiam servir o Senhor muito melhor
se você os colocasse no coração de Timbuktu. Mas aqui eles
estão no coração de uma necessidade premente, e não estão
servindo ao Senhor, absolutamente. Isto é falso e artificial. O
Espírito Santo não faz isto. O Espírito Santo faz testemunhas
ou representantes — e, se você não é um representante onde
você está, não pense que mudando para algum território
estrangeiro, onde as pessoas sejam pagãs, que você irá ser
um representante lá. Não funciona desta maneira, não
debaixo do regime do Espírito Santo.
Somos representantes constituídos e, quando somos
representantes, então o Espírito Santo dispõe de nós e nos
coloca aqui ou ali, onde Ele quer. Em Sua soberania Ele
indica o lugar, mas não designa oficiais, Ele designa pessoas.
Um simples oficial representa absolutamente muito pouco, e o
Senhor sabe que Geazi pode ser um servo oficial do profeta,
que pode cuidar do bastão do profeta, e, em sua capacidade,
pode entrar com sua insígnia de oficial no quarto de morte,
onde jaz o corpo, e pode manipular a insígnia, colocando-a
desta ou daquela forma, porém nada acontece. A mulher
percebeu as intenções de Geazi e disse: Eu não vou com
você, vou aguardar o profeta! Quando o profeta chega, na
condição de homem ungido de Deus, deitou-se sobre o rapaz,
identificou-se com o rapaz de uma forma vital, que foi
literalmente trazido de volta da morte para a vida. Isto não é
algo oficial, é algo vital, é uma pessoa (2 Reis 4:17-37).
“Por que não pudemos nós expulsá-lo?” disseram os
discípulos após aquele infame fracasso ao pé do Monte da
Transfiguração (Mat. 17:19). Bem, talvez não possamos dar
uma resposta a isto diferente daquela dada pelo Senhor, mas
talvez eles tivessem tentado a coisa de uma forma oficial: Nós
somos discípulos de Cristo! Eles, evidentemente, tinham feito
uma tentativa de expulsar aquela casta de demônio. Porém o
Senhor disse, em efeito: A coisa precisa ser feita de forma
vital, e não de forma oficial. Vocês não podem fazer isto
simplesmente por ostentarem o nome de discípulo, vocês
precisam ser uma representação Divina!
Esses são princípios do serviço. O Senhor faz pessoas,
faz homens e mulheres, o Espírito Santo faz isto. Ele não faz
oficiais. O serviço do Senhor é fundamentalmente pessoal e
surge daquilo que o Senhor faz em nós, e isto se reporta a
Cristo vindo para a situação por nosso intermédio. Estou certo
de que nenhum de nós desejaria alguma coisa a mais do que
isto: que a nossa própria presença pudesse significar em
influência e em efeito a presença de Cristo.
Todos os tipos de perigos estão associados a isto, pois
você sabe quão tolas as pessoas são, que imediatamente
após o Senhor fazer algo através de um canal, de um
instrumento, as pessoas começam a fazer algo destas
pessoas. ‘Oh, vamos chamar fulano, se tão somente fulano
vir’, e começam a fazer algo daquele vaso, e da próxima vez a
coisa não acontece. É o Senhor, e Ele é muito zeloso, e você
jamais pode tomar algo por certo. Você tem que reconhecer o
tempo todo que é o Senhor, que este é o serviço do Senhor.
Este é o porquê de ser tão necessário que as pessoas que
realmente trazem Cristo à situação estejam completamente
crucificadas, que jamais tomem quaisquer glórias para si
mesmas, que jamais permitam que as pessoas as tornem em
‘peritos’ em questões espirituais, mas que seja o Senhor. Se
não fosse o Senhor, nada seria possível. Somente um homem
ou uma mulher crucificada pode servir o Senhor realmente,
porque o serviço é trazer o Senhor para a situação. Tudo é o
Senhor.
Há muita história por trás do que acabei de dizer. Se
não estou enganado, esta é a explicação para todo o
sofrimento de Paulo. Se existiram homens que já trouxeram o
Senhor Jesus para a situação, Paulo foi um deles. Se a
presença de algum homem já significou a presença do
Senhor, a presença de Paulo significou isto. Porém não havia
nada no terreno natural onde Paulo estivesse interessado, que
lhe desse alguma coisa que pudesse tirar proveito. Se não
estivermos equivocados, a leitura correta da vida de Paulo é a
seguinte: que ele próprio estava muito freqüentemente
inconsciente de qualquer demonstração da presença de Deus.
Se tivéssemos perguntado a ele, este teria dito: ‘Não, tudo o
que estou consciente é da extrema fraqueza, dependência,
necessidade, impotência; não estou sempre consciente do
grandessíssimo poder de Deus sobre mim, não estou sempre
consciente de estar erguido completamente acima de minhas
enfermidades, de minhas fraquezas, não estou o tempo todo
consciente de tudo isso; se alguma coisa está acontecendo,
está acontecendo a despeito de todos os tipos de coisas que
incapacitam, que limitam e procuram derrotar e me destruir; o
Senhor está fazendo, apesar de todas essas coisas!’ Creio
que esta foi a verdadeira história de Paulo. O Senhor o
sustentou.
É o mistério de Cristo. Veja o Senhor Jesus aqui nos
dias de sua carne. Olhe para Ele puramente ao longo da linha
humana. O que você vê? Bem, os homens não viram nada
além de um homem, talvez um homem muito comum.
Evidentemente não há nada sobre Jesus na condição de
homem que sobressaísse às pessoas, que os fizesse sentir:
Temos aqui um super-homem! Não, nada disso.
Provavelmente eles viram fraqueza. “O seu parecer estava tão
desfigurado, mais do que o de outro qualquer” (Isa. 52:14).
Eles viram fadiga. Não havia diferença entre Ele e nós, em
relação a sua humanidade, mas há algo além disso, algo que
você não consegue explicar. Não é natural, absolutamente,
não pode ser explicado por qualquer outra linha. Há algo a
mais aqui. Este é o mistério de Cristo. É Deus aqui presente
nesta fraqueza.
E o princípio é levado para os seus servos e para a sua
Igreja. Se você procurar qualquer explicação ao longo de
qualquer linha humana, você não irá encontrar. Você irá
encontrar muita coisa que parece fornecer um fundo para se
perguntar se algo mais irá ser possível, e o mistério de Cristo
é isto, que ele vai e vem novamente, mas não se livra dessas
fraquezas e limitações humanas. A coisa prossegue, a
despeito de tudo.
Creio que temos que chegar a alguma aceitação neste
ponto. Tem que ser algo que coloquemos diante do
Senhor. Isto significa o seguinte: que naturalmente podemos
morrer centenas de vezes, milhares de vezes; de cada ponto
de vista natural, você pode ter um seguro de vida muito curto,
mas nós viveremos até aos setenta, oitenta, noventa anos de
idade _ até Deus dizer: Chega! Penso que temos que chegar
a uma posição firme sobre isto: que não iremos morrer, se
estivermos aqui representando o Senhor, até o Senhor dizer:
`Chega!’ embora as melhores opiniões humanas, e toda
sabedoria e conhecimento científico possam dizer, `Não!’
Creio que isto é algo que temos que colocar diante de Deus.
Algumas pessoas muitas vezes já sentiram que o fim tinha
chegado, mas não chegou. A vida surge mais uma vez, e
você não consegue explicar. Não é histeria absolutamente, é
Deus, o mistério de Cristo. Não vamos nós nos acomodar a
isto e dizer: Isto será assim até o Senhor dizer: ‘acabou’. Você
tem os seus maus tempos e sente que o Senhor tenha feito
isto com você, que você acabou. Mas não aceite nada até que
o Senhor diga que acabou, e você sabe quando o Senhor diz
que acabou.
A questão é a seguinte: É o que o Senhor é, e não o
que nós somos, o que fazemos, absolutamente; é o Senhor
em evidência. Este é o serviço do Senhor. O Senhor está
vindo por nosso intermédio desta forma representativa, e tudo
é Ele. Este é o método do Espírito Santo, esta é à maneira de
o Espírito Santo fazer as coisas. Este é o serviço do Senhor.
Oh, não é o nosso sair e pregar esta ou aquela doutrina, ou
todas as doutrinas de Cristo. É que nós estamos na vontade
de Deus por causa de Cristo, implicando Cristo, significando
Cristo, e, se isto for verdadeiro, o inferno será provocado, pois
o inferno está sempre determinado a que Cristo não tenha o
seu lugar.
O que estamos dizendo é que a questão não é uma
questão de ofício, mas de qualificação, e qualificação
espiritual, que, por meio da unção do Espírito, Cristo seja
trazido por nosso intermédio; isto é representação.
Podemos aplicar isto. Naturalmente, a coisa começa
com o individual. Tem que ser verdade em cada um de nós,
individualmente, exatamente no lugar onde estamos. Este tem
que ser o significado de nossas vidas. Chamamos a nós
mesmos de ‘cristãos’. Bem, Cristo _ o que é isto? A palavra
exata é ‘O Ungido’. Toda unção no Velho Testamento aponta
para Ele e está reunido Nele: o Cristo. Aponta para o Cristo, o
Ungido. Cristo; então os ungidos, e nós vimos que a unção
significa Deus comprometido, Deus presente. Isto é o que
significa ser cristão. O que é ser um cristão? — uma pessoa
ungida; e unção significa que Deus por meio de seu Espírito
está presente. Assim, onde quer que estejamos na vontade de
Deus, Deus por meio de Seu Espírito está presente ali, e isto
é para ser individualmente também, e este é
fundamentalmente o serviço do Senhor.
Representação Universal no Corpo
Mas, naturalmente, o Espírito Santo não para aí. Este
pensamento Divino é um pensamento coletivo, um
pensamento corporativo. Deve afetar e envolver o individual,
mas, derradeiramente, culmina na representação universal em
um só Corpo, a Igreja; Deus representado na Igreja, e, então,
no Novo Testamento, a única Igreja universal, o Corpo de
Cristo, localmente representado. Não é simplesmente uma
questão de colocar certo número de pessoas juntas num
mesmo lugar, pessoas que aceitam certos ensinamentos e,
por isso, têm um credo em comum, e se reúnem. O Espírito
Santo está fazendo algo mais profundo do que isto. A coisa
não é primeiramente externa, objetiva. O que o Espírito Santo
está fazendo é trazer à existência em cada localidade uma
representação corporativa de Cristo, que nesta companhia
Cristo esteja corporativamente presente. "Onde estiverem dois
ou três reunidos em meu nome ali eu estou" (Mat. 18:20); é
Cristo presente. Este é o significado, este é o propósito, de
uma companhia local de pessoas do Senhor, e há algo, como
temos dito, sobre a expressão corporativa de Cristo que é de
peculiar valor, significado e poder.
Sei que alguns irão descobrir o problema do seu
sofrimento neste mesmo terreno. "Estou sozinho aqui." Bem,
você não está. Em primeiro lugar, você deve se lembrar do
fato de que você é um membro de um grande Corpo, e, em
termos de coisas espirituais, não há separação. Que
possamos compreender isto que soa como algo um tanto que
abstrato, mas que é algo de tremenda importância e realidade.
Há muita pressão hoje sendo sentida pelos filhos de Deus; um
conflito terrível, e, quando você procura por uma explicação,
simplesmente não consegue encontrá-la. Alguns de nós, aqui
no norte, temos sentido uma pressão terrível, um conflito, uma
tensão, como se o inimigo estivesse a ponto de nos destruir
completamente, e olhamos imediatamente ao nosso redor,
para procurar uma explicação, mas não a temos. Não
podemos realmente dar uma resposta para a questão em
relação ao que significa - isto a partir daquilo que está
imediatamente ao nosso redor. Não é que algo tremendo
esteja acontecendo ao nosso redor, tão grande que o inimigo
está a ponto de nos matar por causa disso. Qual é a
explicação? Digo a você, com base no Novo Testamento, que:
“se um membro sofre, todos os membros sofrem” (1 Cor.
12:26), e não há muitos membros do Corpo ao redor do
mundo que estão sofrendo imensamente nestes dias?
E, se este Corpo que está completamente ligado por
meio de um grande sistema de nervos espirituais, e o Corpo é
uma verdadeira metáfora ou um pensamento representativo
para a Igreja, não é simplesmente uma organização, não é um
edifício de pedras frias e sem vida, mas um Corpo que está
completamente ligado de um extremo ao outro por meio do
mais vívido sistema de nervos, de modo que você não pode
tocar qualquer ponto com uma agulha sem afetar o corpo
todo. É desta forma com o nosso corpo físico, e, se isto for
transferido para o Corpo de Cristo, onde o Espírito Santo é o
sistema nervoso que liga todo o Corpo, não será que aqueles
membros que estão sofrendo tanto não possam estar
registrando seus sofrimentos aos outros membros do Corpo
que são sensíveis, que estão vivos? Quanto mais sensíveis
estivermos ao Espírito Santo, mais sofreremos com os outros
membros do Corpo. O Espírito Santo quer nos atrair para
sofrermos com eles e por eles, e, embora não conhecendo,
não tendo qualquer informação quanto ao que esteja
acontecendo, contudo interpretando o significado. Há uma
grande necessidade de nos posicionarmos firmemente, não
somente por nossas próprias vidas, mas pela vida de muitas
outras pessoas. Não há qualquer dúvida sobre isto; o Espírito
Santo está trabalhando para a representação corporativa de
Cristo, e o diabo está pronto para espalhar os santos, e,
espalhando-os, dividi-los e destruí-los; mas o Espírito Santo
está reagindo a isto, porque esta representação significa
muito.
O Poder do Espírito Santo
Vou encerrar com esta nota: “Recebereis poder ao
descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis testemunhas
em Jerusalém, na Judéia e Samaria, e até aos confins da
terra”. E minha última nota é esta: que para todo este serviço
do Senhor, esta representação, este trazer o Senhor, este
permanecer firme em nossa posição contra as forças do mal
que estão inclinadas a expulsar Cristo deste mundo, este
sofrer como os seus representantes, para tudo isto, podemos
fazer a pergunta: Quem é suficiente para essas coisas? A
resposta é: “Recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito
Santo”. O Espírito Santo constitui os vasos e o serviço. Ele é o
Espírito do serviço e é o fator constituinte nos vasos do
serviço. Ele é o poder pelo qual esta representação é mantida
na terra.
“Recebereis poder…” O Senhor sabia perfeitamente
que aqueles homens jamais iriam conseguir representá-Lo.
Ele conhecia Pedro o suficiente, apesar de suas jactâncias.
Ele conhecia aqueles homens e, por isso, disse: "Ficai em
Jerusalém até que do alto sejais revestidos de poder”. (Lucas
24:49). “Recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito
Santo”. Então podemos ver o que aconteceu. O homem com
toda a sua jactância sobre o que iria fazer, sofrer e morrer,
fugiu e negou o seu Senhor com juramentos e imprecações
diante de uma simples servente _ este é o valor de sua
coragem quando submetida ao teste. Mas não há medo algum
naquele homem posto em pé no dia de Pentecoste,
confrontando os assassinos de Cristo, lançando sobre eles a
culpa por sua morte. “Quando viram a ousadia de Pedro e de
João…” (Atos 4:13). Isto é o que o Espírito Santo pode fazer
por nós. O Espírito Santo pode mudar um covarde numa
pessoa corajosa e ousada. Ele é o Espírito de coragem, e Ele
fez muitas outras coisas também. “E recebereis poder ao
descer sobre vós o Espírito Santo.” Esta é a nossa esperança,
nossa segurança _ o Espírito Santo. Deixemos que Ele tenha
o seu espaço, asseguremo-nos de que Ele tenha livre curso
para nos transformar em verdadeiros servos, isto é,
representantes do Senhor.
Capítulo 5
A Dinâmica da Representação
"E estavam ali, olhando de longe, muitas mulheres que tinham
seguido Jesus desde a Galiléia, para servi-lo; entre as quais
estavam Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago e de José, e
a mãe dos filhos de Zebedeu. E estavam ali Maria Madalena e
a outra Maria, assentadas defronte do sepulcro; e, no fim do
sábado, quando já despontava o primeiro dia da semana,
Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro." (Mat.
27:55-56,61; 28:1).
"E algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos
malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da
qual saíram sete demônios" (Lucas 8:2).
"E Maria estava chorando fora, junto ao sepulcro. Estando ela,
pois, chorando, abaixou-se para o sepulcro. E viu dois anjos
vestidos de branco, assentados onde jazera o corpo de Jesus,
um à cabeceira e outro aos pés. E disseram-lhe eles: Mulher,
por que choras? Ela lhes disse: Porque levaram o meu
Senhor, e não sei onde o puseram. E, tendo dito isto, voltouse para trás, e viu Jesus em pé, mas não sabia que era Jesus.
Disse-lhe Jesus: Mulher, por que choras? Quem buscas? Ela,
cuidando que era o hortelão, disse-lhe: Senhor, se tu o
levaste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei. Disse-lhe
Jesus: Maria! Ela, voltando-se, disse-lhe: Raboni (que quer
dizer, Mestre). Disse-lhe Jesus: Não me detenhas, porque
ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos, e
dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e
vosso Deus. Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos
que vira o Senhor, e que ele lhe dissera isto." (João 20:11-18).
"Todos estes perseveravam unanimemente em oração e
súplicas, com as mulheres, e Maria mãe de Jesus, e com seus
irmãos." (Atos 1:14).
Uma palavra muito simples está em meu coração neste
momento. É impressionante observar quão freqüentemente
Maria Madalena é mencionada, quanto ela é evidenciada. Ela
é encontrada em cada um dos evangelhos e, sem dúvida
alguma, está incluída no grupo das mulheres em Atos 1:14; e
ela ocupa um lugar de considerável significância e valor. Não
podemos fazer outra coisa se não perguntar por que deve ela
ser mantida tanto em evidência, ser mencionada tanto pelo
seu próprio nome. Isto não é por acaso; não é suficiente dizer
que todos esses apóstolos que escreveram estes registros
ficaram evidentemente impressionados com esta mulher, e
com outras, e que eles descobriram, ao escrever a história da
vida, morte e ressurreição de Cristo, que não podiam
simplesmente deixar essas pessoas de fora. Penso que temos
que ir mais fundo do que isto, crendo que o Espírito Santo tem
algo em mente, se essas Escrituras são inspiradas por Ele, e
nós procuramos ver o que isto pode ser.
Começando pelo fim, descobrimos que Maria Madalena
foi a primeira testemunha da ressurreição do Senhor. Nessas
meditações temos estado muito ocupados com testemunhas.
“E sereis minhas testemunhas.” (Atos 1:8). A primeira
testemunha, a primeira representante do Senhor a
testemunhar que Ele estava vivo, que Ele tinha ressuscitado,
foi Maria Madalena. Parece-me que ela está aqui para indicar
o serviço da nova dispensação, o serviço de Cristo _ ser uma
testemunha Dele; representá-Lo. Este serviço do Senhor
começa com ela, e por quê? O pensamento que está em
minha mente é o seguinte: que aqui está o serviço do Senhor
novamente. E o que está bem no âmago do serviço do
Senhor? O que é isto que realmente faz uma testemunha, um
representante? O que é isto que constitui este testemunho em
pessoa para o Senhor ressurreto? — penso que Maria
Madalena nos responde esta questão de forma muito simples,
porém com muita força. A dinâmica, o poder, a essência do
serviço do Senhor é uma devoção de amor ardente pela
pessoa do Senhor. Isto é simples, mas fundamental.
Em primeiro lugar você percebe que ela é uma mulher
que tem uma grande necessidade _ necessidade de
libertação, de salvação, de misericórdia, de graça _ que é uma
mulher que está em grande dificuldade e aflição, e o Senhor a
livra de todas as suas desgraças. A partir daquele momento
ela jamais fica longe Dele; ela é uma de um grupo de tais
mulheres que O seguem por onde quer que Ele vá, e O
servem. Então, na última cena, ela está lá com a mãe terrena
de nosso Senhor, a pouca distância da cruz, assistindo,
sofrendo, naquelas últimas horas. Ela é, talvez, a última ou
uma das últimas a deixar o local. Então ela é a primeira a
retornar ao sepulcro; antes do raiar do dia, ela retorna com o
coração partido. João 20:11-18 é, talvez, a história mais
comovente do Novo Testamento. O grito de seu coração _
“Senhor, se tu o levaste, dize-me onde o puseste." Então
Jesus disse a ela: "Maria!" Ela se vira e diz: “Raboni, Mestre!”
Não é esta toda a corporificação de um amor pessoal pelo
Senhor, de um poderoso amor pessoal por Sua Pessoa? E é a
partir disso que o testemunho dela nasce e que ela se torna a
primeira pregadora da dispensação.
É a partir disso que todo o verdadeiro ministério de
Cristo através de toda a dispensação nasce. Esta é a natureza
do ministério. Podemos dizer isto em poucas palavras e de
forma muito simples, porém, embora resumido e simples,
contudo vamos procurar reconhecer a suprema importância
disto: que o serviço do Senhor não consiste em primeiramente
sair e fazer coisas, ou dizer coisas, propagar doutrinas ou
verdades, ou interpretações, estabelecer movimentos,
comunidades ou igrejas. O serviço do Senhor é o fluir
espontâneo de um amor pessoal pelo Senhor. E, quando você
vai para o Pentecostes, e a prossegue a partir daí, é apenas
isto.
Parece que a vinda do Espírito Santo foi um batizar dos
crentes no amor de Cristo, pois, a partir daquele momento da
chegada do Espírito, eles não tinham mais nada para falar a
não ser o Senhor Jesus. Eles simplesmente estavam plenos
Dele! A conversa deles estava cheia Dele, a pregação deles
estava cheia Dele, o testemunho deles era totalmente
concernente a Ele, e foi sempre assim. Foi assim com o
grande apóstolo dos gentios _ Paulo. "Deus", disse ele,
“aprouve a Deus revelar seu Filho em mim, para que O
pregasse entre as nações” (Gal. 1:15,16). “O amor de Cristo
nos constrange” (2 Cor. 5:14), “o amor de Deus está
derramado em nossos corações pelo Espírito Santo” (Rom.
5:5). Esta era a dinâmica do serviço.
Agora, isto é simples e funciona de duas maneiras.
Toda atividade, obra, e tudo aquilo que é chamado de ‘serviço’
ao Senhor, sem este amor por trás, está carente do poder
verdadeiro para um serviço frutífero, mas, se o amor estiver
presente, não poderemos deixar de ser servos do Senhor.
Nada pode fazer de nós verdadeiros servos do Senhor,
somente um amor ardente por Ele mesmo. Nada pode
substituir isto. Mas, dado isto, não há qualquer necessidade
de algum tipo de ordenação humana, de separação
eclesiástica. Você, sem sombra de dúvida, é servo do Senhor
se tiver um satisfatório amor por Ele mesmo em seu coração.
Todo nosso valor para o Senhor depende da medida do nosso
amor por Ele mesmo. Isto é tudo. Não há nada profundo sobre
isto, mas é uma prova.
Podemos fazer muitas coisas, como a igreja em Éfeso
mais tarde. Ela fez muitas coisas, mas o Senhor disse: “Tenho
algo contra ti, que esquecestes o teu primeiro amor” (Apoc.
2:4). E, em efeito, Ele disse: Não há justificativa para que seu
candelabro permaneça, é meramente uma profissão
vazia, um vaso de aparência exterior, sem o Senhor lá dentro,
sem a luz interior. E, a menos que este primeiro amor seja
recuperado, trata-se apenas de uma simples confissão, de
meramente fazer muitas coisas, mas aquilo que justifica a
nossa existência é aquele amor, e somente ele. Nada a não
ser o amor irá nos manter caminhando. É o poder da
resistência através dos anos, e será algo terrível chegarmos a
uma vida cristã sem este amor pelo Senhor em nosso
coração. É somente este amor que realmente torna a vida
cristã possível debaixo de toda a pressão ao longo dos anos.
Estou muito certo de que, no caso do apóstolo, com
todo o seu sofrimento e com tudo o que ele teve que
enfrentar, o que o manteve prosseguindo foi aquela chama de
amor em seu coração pelo próprio Senhor. Através do
sofrimento, nada, exceto o amor pelo Senhor, irá nos manter
prosseguindo.
E assim, sem acrescentar mais nada a isto, eu apenas
digo a você e ao meu próprio coração, que o que você e eu
precisamos é de uma recuperação, restauração, de um
aumento. Quer seja que o tenhamos, ou o tenhamos perdido,
ou que nunca o tenhamos tido, o que precisamos é desta
chama poderosa de amor pelo Senhor, e não sermos
meramente obreiros profissionais, servos de Deus de alguma
maneira profissional. Não, o que precisamos é que este amor
pelo Senhor seja intensificado e, a partir disto, tudo mais virá,
e, sem isto, a vida cristã é uma coisa miserável, um fardo a
levar, enquanto que o amor pelo Senhor faz de nós
testemunhas.
Assim, Maria Madalena simplesmente nos vem como a
maior de todas as lições. Ela está lá, a última na cruz, a
primeira na ressurreição, a primeira testemunha da
dispensação. É uma mulher. Agora, naturalmente, você pode
tomar isto erroneamente, você pode tomar isto tecnicamente,
e dizer que isto imediatamente justifica o ministério das
mulheres e mulheres tendo o primeiro lugar. Eu nada tenho a
dizer contra o ministério das mulheres, mas o que eu creio
que o Espírito Santo quer significar aqui é que as mulheres no
Novo Testamento representam o lado afetivo, o princípio da
afeição, do amor, e da devoção e do serviço em termos de
amor. É isto o que as mulheres representam lá, e parece que
esta mulher resume tudo isto. Mas você enxerga o pano de
fundo – uma devoção de coração pelo Senhor que produz seu
maravilhoso ministério (de Maria Madalena), que produz seu
ministério representativo para a dispensação. Pois o ministério
desta mulher foi representativo da dispensação — que o que
produziu este ministério e esta representação foi o senso que
ela tinha de dívida impagável para com o Senhor por sua
graça. E qual é o ministério de valor que não tem isto por trás?
Paulo diz: “Sou devedor” (Rom. 1:14) e esta é a dinâmica de
seu ministério. Maria Madalena diria: Sou devedora; devo tudo
a Ele!
Se você e eu chegarmos a um vívido e suficiente senso
de nossa dívida impagável para com o Senhor por sua
maravilhosa graça a nós, iremos ser testemunhas sem
sombra de dúvida, iremos servir o Senhor sem sombra de
dúvida. Oh, então, que haja uma renovação em nossos
corações do senso de nossa dívida impagável! Naturalmente,
você tem que ser paciente com a simplicidade desta palavra,
mas penso que ela toca o centro das coisas, embora simples.
Não fiquemos preocupados a respeito de coisas,
absolutamente. O assunto com que devemos nos preocupar é
com o nosso próprio relacionamento com o Senhor, com
aquela devoção a Ele. O Senhor nos livre de termos algo da
vida cristã que seja menos do que aquilo que está nesta
atitude de amor _ “Mestre! Raboni!”
Não creio que possamos reproduzir a pronúncia, o tom,
com que Maria expressou esta palavra naquele momento.
Desejaria que pudéssemos obter os dois timbres de voz,
quando o Mestre disse: “Maria!” Você não consegue capturar
isto, mas pode imaginar algo. E no tom familiar que ela ouviu
Ele se dirigir a ela antes; ela captou o timbre de voz e disse:
“Mestre!” É o Senhor, Mestre? A profundidade disso! Eu não
quero ser sentimental, mas há algo aí que indica isto, que leva
à possessão da primeira nota do serviço dispensacional. A
dispensação toda, a era toda, está reunida nesta mulher
naquilo que ela representa. Todo serviço ao Senhor nasce
disso _ Mestre! Naquele sentido: `Tu és aquele a quem tudo
para mim está ligado’.
Bem, o Senhor fala mais do que minhas palavras
podem dizer nesta questão.
Capítulo 6
A Maneira de Obter Conhecimento Necessário
para a Representação
“... declarado Filho de Deus em poder, … pela ressurreição
dos mortos, Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rom. 1:4).
“... até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao
conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida
da estatura completa de Cristo” (Ef. 4:13).
“E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela
excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor;
pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero
como escória, para que possa ganhar a Cristo, ...Para
conhecê-lo, e à virtude da sua ressurreição, e à comunicação
de suas aflições, sendo feito conforme à sua morte” (Fil.
3:8,10).
Há uma questão que quero trazer-lhe agora a qual,
talvez, diferentemente da meditação anterior, irá exigir um
pouco mais de exercício de sua parte, não apenas exercício
mental, mas irá exigir um doar-se intensamente de nós
mesmos, a fim de que compreendamos a grande implicação
que aqui repousa.
Antes de entrarmos neste ponto ou questão específica,
preciso lembrá-lo da grande importância que as Escrituras
vinculam ao conhecimento espiritual. Há toda uma diferença
entre conhecimento espiritual e conhecimento mental, ou
simples conhecimento da cabeça. Nós podemos dizer com
certeza, em conformidade com as Escrituras, que tudo para a
vida do filho de Deus depende do conhecimento espiritual, e
está ao conhecimento espiritual. “E a vida eterna é esta: que
te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus
Cristo, a quem enviaste.” (João 17:3). Assim, a vida eternal
está ligada a certo conhecimento, e, a partir desta primeira
coisa na história do filho de Deus (isto é, a vida eterna pelo
conhecimento) tudo mais está ligado a um particular e
específico conhecimento. Isto é, temos que conhecer numa
forma espiritual para crescermos na vida espiritual.
Você percebe quanta importância os apóstolos
associaram a isto. “tenho também por perda todas as coisas,
pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu
Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as
considero como escória, para que possa ganhar a Cristo.” E a
coisa não está completa, mesmo àquela altura, pois Paulo,
mais adiante, continua afirmando, como se algo ainda
estivesse à frente — prossigo, para que possa conhecê-Lo!
Paulo é um homem que possui um vasto conhecimento do
Senhor, porém ele é alguém que está tão consciente da
tremenda importância e valor do conhecimento espiritual a
ponto de abrir mão de todas as outras coisas que são de valor
para os homens pela excelência do conhecimento de Jesus
Cristo.
Então, aí está este grande prospecto apresentado e
aberto em Efésios 4. O Senhor ressurreto deu dons aos
homens; deu ministérios, apóstolos, profetas, e assim por
diante, para o aperfeiçoamento dos santos, para a edificação
do Corpo de Cristo: “até que todos cheguemos à unidade da
fé, e do conhecimento do Filho de Deus”. Isto quase nos dá a
impressão de que aquilo que está subentendido implicasse no
seguinte: que o alvo deste Corpo de Cristo que Paulo está
falando, a Igreja, que é o Corpo de Cristo, seja o pleno
conhecimento do Filho de Deus. Tudo deve estar ligado a este
pleno conhecimento do Filho de Deus.
Agora, naturalmente, nós compreendemos isto em
pequena proporção, a partir de nossa própria experiência e
história espiritual. Cada um de nós que possui uma vida e
uma história espiritual real sabe muito bem que devemos o
nosso crescimento espiritual ao conhecimento espiritual que
tem chegado a nós. Dizemos: Quando cheguei a conhecer
(seja o que possa ser), quando cheguei a conhecer de uma
forma espiritual, isto fez toda a diferença. A partir do instante
que cheguei a conhecer desta forma, houve uma diferença;
tenho estado diferente, tem significado muito para mim isto
que vim a conhecer! Todas as diferenças são feitas ao longo
desta linha de progressivo e crescente conhecimento,
conhecimento espiritual, conhecimento interior.
Assim, a Palavra nos revelaria o seguinte: que tudo o
que Deus tem intencionado em Cristo para os santos, o
grande destino, a grande vocação, o grande resultado — e
que chamado é, que chamado celestial, como diz o apóstolo
— tudo isto é para ser alcançado por meio do conhecimento
espiritual, por meio de um progressivo e continuo chegar a um
fresco conhecimento interior. Podemos dizer: Eu sei, cheguei
a conhecer, e estou chegando a conhecer, e o Senhor está
me levando a conhecer! É desta forma, este é o caminho. Isto
é simples, mas eu simplesmente queria de início enfatizar e
lembrar você do grande valor e importância que está ligado ao
conhecimento espiritual.
A Lei do Conhecimento Espiritual
Agora, a coisa que quero transmitir, como somente o
Senhor pode me capacitar, é a lei que é encontrada em toda a
Escritura; a lei do conhecimento espiritual. Tenho visto que
existe uma lei encoberta nas Escrituras que governa toda esta
questão do conhecimento espiritual. No Velho Testamento,
naturalmente, ela é apresentada muito amplamente de uma
forma típica, porém a lei é espiritual, e ela governa este
conhecimento, que é o aumento, o crescimento e o progresso
espiritual na vida do filho de Deus. A lei é a seguinte: existe
um lugar específico, a fim de obtermos o conhecimento.
Se você voltar ao Velho Testamento, naturalmente irá
encontrar muito disto em forma de tipo, de figura. Por
exemplo, a luz do propósito de Deus foi apenas revelada a
Abraão quando ele entrou na terra, não quando ele estava na
Mesopotâmia. Deus lhe disse para sair da Mesopotâmia, e
Deus não lhe revelou o Seu propósito até que ele entrasse na
terra. Era preciso estar em certo lugar antes que Abraão
obtivesse conhecimento.
A luz de Deus e do nome de Deus não foi revelada a
Jacó quando ele estava em Parã (Gen. 21:21), nem quando
ele estava num país estrangeiro, mas quando ele estava no
lugar em Betel. Ele não obteve a luz de Deus, do nome de
Deus, até que tivesse chegado naquele lugar.
A luz quanto à Divina habitação no tabernáculo jamais
foi dada a Israel no Egito, mas esperou-se até que eles
chegassem ao lugar onde era para estar o tabernáculo no
deserto.
Um lugar foi necessário, a fim de se obter o
conhecimento, e o Velho Testamento está repleto disto. Você
sabe que os nomes dos lugares no Velho Testamento são
sempre simbólicos. Você sabe o quanto está associado a
Gilgal. Você precisa chegar a Gilgal, a fim de obter certo
conhecimento espiritual — Betel, Hebrom — e assim você
prossegue, e o Senhor fixou lugares no Velho Testamento
para a revelação de Si mesmo. “Onde Eu coloquei o meu
nome” (Ex. 20:24), se vocês chegarem lá, irão me conhecer.
Vocês não irão me conhecer fora desse lugar, em qualquer
outra parte; vocês precisam chegar ao lugar que tenho
apontado, lá Eu irei encontrar vocês! Isto é um tipo.
No Novo Testamento, no lado espiritual disto,
naturalmente não se trata de lugares geográficos, não é um
local de reunião. Você não tem que ir Honor Oak (uma zona
suburbana londrina), ou a qualquer outro lugar para obter a
luz! Não são lugares geográficos, mas é a um lugar espiritual
que você tem que chegar, a fim de adquirir o conhecimento.
Bem, isto abre um vasto e amplo terreno, e nós
indicamos apenas um ou dois desses lugares que são os
lugares de conhecimento espiritual os quais têm a ver com a
nossa chegada ao pleno conhecimento do Filho de Deus, à
estatura completa de Cristo.
Ressurreição
“...declarado (marcado) Filho de Deus em poder,
segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dentre
os mortos”. O conhecimento, a luz do conhecimento da
ressurreição, requer que cheguemos a um lugar, e este lugar
é o lugar de morte. Isto é simples e bem conhecido, mas é
uma lei. É uma lei escrita no Velho Testamento em tipo e
figura muitas vezes. A ressurreição exige que você chegue
verdadeiramente ao lugar de morte. A lei é tornada clara no
Novo Testamento. Você tem que estar no lugar de morte e
sepultamento antes que possa conhecer a Cristo e o poder de
Sua ressurreição, antes que possa ter este conhecimento de
ressurreição com o qual tanta coisa está ligada. Oh, tudo de
início está ligado a isto, para que conheçamos a união com
Cristo na ressurreição, não como verdade, não como doutrina,
um credo, mas de uma forma interior, um conhecimento
espiritual.
Há um parágrafo notável em Ezequiel 39.
Naturalmente, há o lado profético disso, mas há também o
lado espiritual, como sempre há na profecia. Gogue e
Magogue vêm do norte para a terra, e, então, o povo de Deus
retorna do cativeiro para a terra, e o Senhor entra em juízo
contra Gogue e Magogue, os quais invadiram a Sua terra e
mataram a muitos. E, então, o Senhor chama todo o povo
para se levantar e enterrar os mortos que foram assassinados.
É para eles enterrarem durante um período de sete meses,
uma obra espiritual perfeita de sepultamento dos mortos. Todo
o povo tem que fazer isto, mas é necessário que haja certa
companhia designada para percorrer a terra, e, onde quer que
encontre mesmo que seja um osso exposto, ela deve por uma
marca. E, então, esta companhia designada que vai e coloca
esta marca deve enterrá-lo; assim, censuravelmente está algo
morto e não enterrado que Ele irá por à vista. Eles não podem
possuir a terra; não podem vir e se alegrar com a herança
enquanto houver algo morto que não esteja enterrado.
Eu me lembro de um irmão que uma vez falou sobre
batismo. Ele disse: `Quando você veio para o Senhor e viu
que Cristo morreu por você, você não viu quando Cristo
morreu, você viu? Bem, por que você não tem o seu cadáver
enterrado! O único lugar para uma pessoa morta é a
sepultura!” Bem, isto é muito radical.
Este é o pensamento de Deus. Cristo é a herança,
Cristo é a terra, toda a plenitude representada por Canaã está
em Cristo, toda a riqueza, a terra que mana leite e mel. E o
povo do Senhor não pode entrar e possuir e aumentar sua
herança em Cristo, o pleno conhecimento de Cristo, se houver
algo morto que não esteja enterrado. O Senhor diz que
estamos mortos, que estamos crucificados com Cristo (Rom.
6:6), e o princípio do Novo Testamento é este: que a coisa
precisa ser colocada fora do caminho, fora da vista, antes que
possamos entrar na plenitude, na possessão plena. É
simplesmente enfatizando esta lei da Palavra de Deus por
toda a parte, a fim de obter o conhecimento da ressurreição;
devemos chegar ao lugar de morte e sepultamento, isto é,
primeiramente colocando de lado todo o corpo da carne e,
então, de todo o homem natural. É somente quando você e eu
na vida natural estivermos sepultados, estivermos fora do
caminho, fora de vista, que podemos conhecer a Cristo. Nós
permanecemos em nossa própria luz quando não estamos
sepultados, quando não estamos fora do caminho; quando
não chegamos ao lugar de morte, estamos obstruindo a luz do
pleno conhecimento de Cristo.
Você sabe quão verdadeiro isto é, quando o homem
natural está em evidência, o homem espiritual fica encoberto.
Quando a mente natural está ativa nas coisas de Deus, o
Espírito Santo não nos mostra as coisas de Deus. Esta mente
natural tem que sair do caminho para conhecer a ressurreição,
a qual não é apenas algo que ocorre uma vez por todas, mas
é algo em que sempre há mais para ser conhecido. Paulo diz:
“…para que possa conhecê-Lo, e o poder de sua
ressurreição”. (Fil. 3:10). Paulo já estava no caminho por um
longo tempo quando ele disse isto. “Ora, àquele que é
poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além
daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em
nós opera...” (o poder de sua ressurreição). Isto depende
inteiramente da obra da morte, de nosso chegar ao lugar de
morte. A lei é esta: que quanto mais chegarmos ao lugar de
morte da vida natural, da vida independente, mais chegamos
ao lugar do pleno conhecimento do Filho de Deus em termos
de ressurreição.
Filiação
A luz da filiação requer um lugar. Você sabe que este é
todo o argumento da carta aos Gálatas. Era uma questão de
filiação, e o apóstolo está dizendo: `Antes que vocês
conheçam filiação, vocês têm que chegar a um lugar onde a
filiação é conhecida, e a vida de filiação somente é obtida
quando vocês chegarem ao lugar do Espírito dominando a
carne.’ Eu não posso ficar com Gálatas ao longo dessas
linhas, mas aqui está a verdade. Filiação é algo muito mais do
que ser nascido de novo, do que apenas ser um filho de Deus.
Filiação é chegar ao pleno conhecimento do Filho de Deus, é
crescer Nele em todas as coisas. Filiação é algo a mais. Você
não pode chegar ao conhecimento de tudo o que significa
filiação, como sendo algo mais do que infância, a menos que
chegue ao lugar onde o Espírito tenha predomínio sobre a
carne. É um lugar; um lugar de crise.
Pode ser como o Jaboque de Jacó onde aquela força
da vida própria é tocada e mirrada em seu próprio tendão, na
própria força da carne. A vida própria de Jacó é
profundamente afetada a partir do céu, e, então, seu nome é
trocado para um nome celestial _ Israel, um príncipe de Deus,
um povo espiritual, não mais carnal. Você vê, a lei do
conhecimento do Filho de Deus depende do nosso chegar a
um lugar.
Não nos diz isto quão sem esperança é tentarmos obter
conhecimento espiritual por meio de estudo, de informação?
Nenhum de nós jamais obtêm isto a partir de livros, de
pessoas. Isto tem que vir por meio do nosso chegar a uma
posição espiritual. Temos que chegar num certo lugar. Não
podemos obter isto de outras pessoas. Podemos obter ajuda
ouvindo e lendo, mas não podemos adquirir este pleno
conhecimento do Filho de Deus dessa forma. Temos que
chegar a um lugar, temos que ter uma crise. O conhecimento
da filiação depende do lugar onde o Espírito está estabelecido
como soberano Senhor sobre a carne.
A Autoridade Soberana de Cristo
A luz do conhecimento da autoridade soberana de
Cristo exige um lugar. Isto é Colossenses — a autoridade
soberana de Cristo, a sua autoridade suprema como algo que
realmente funciona. Cristo é o Cabeça soberano da igreja;
Cristo está exaltado acima de todos os principados e poderes,
Cristo é preeminente, transcendente. Esta é a grande
verdade, mas isto não será proveitoso o suficiente para mim
se for apenas uma verdade. Eu quero que isto se torne uma
realidade em minha experiência; esta poderosa autoridade de
Cristo tem que se tornar uma realidade na vida diária. De
alguma forma eu tenho que entrar nisto onde eu possa me
agarrar a esta autoridade e apelar para ela, e que ela
funcione; onde as forças do mal sejam vencidas por esta
autoridade em minha experiência quando investirem contra
mim; a autoridade soberana de Cristo tem que me cobrir, que
me proteger, que me guardar das forças do mal e me libertar.
Preciso conhecer sua autoridade; preciso conhecê-Lo em sua
autoridade soberana.
Para conhecer isto eu preciso chegar ao lugar de
ligação com a Cabeça no Corpo. "Ligado à cabeça" — esta é
a palavra de Colossenses, "...ligado à cabeça da qual todo o
corpo, provido e organizado pelas juntas e ligaduras vai
crescendo..." (2:19) Eu tenho que estar alinhado aos membros
do Seu corpo de uma maneira espiritual sob esta autoridade;
isto é: Tenho que renunciar todo o terreno independente,
desligado e sem conexão. É uma posição. Se o inimigo
conseguir nos separar, ele irá nos roubar os benefícios da
autoridade soberana de Cristo. Se for para conhecermos o
valor de Cristo como nosso Cabeça soberano em toda
autoridade, precisamos entrar num relacionamento com esta
Cabeça juntamente com outros membros. "Ligado à cabeça,
da qual todo o corpo…” .
O Crescimento Pleno
Você chega a Efésios “...ao conhecimento do Filho de
Deus, à estatura de homem perfeito...” (4:13). O que isto
exige? Bem, se Colossenses me vê em relação com outros
crentes ligado à Cabeça, Efésios me vê em relação a outros
crentes trabalhando juntos corporativamente. Colossenses é o
aspecto superior da Cabeça. Efésios é o aspecto visível do
corpo a outros membros, e esses se complementam. Para
chegarmos ao crescimento pleno e ao conhecimento pleno do
Filho de Deus precisamos chegar ao lugar onde o corpo é
uma realidade, não apenas uma doutrina, ou uma verdade.
Muito freqüentemente, quando falamos sobre este assunto do
Corpo de Cristo, a Igreja que é o Corpo de Cristo, a resposta
de muitas pessoas é: Naturalmente! Sabemos disso, todos os
crentes são um só Corpo, eles são todos membros de Cristo,
e são todos um só Corpo! Sim, isto é fato, é verdade, mas o
que dizer sobre o funcionamento prático disso de uma forma
espiritual? Isto é algo diferente. É estranho que as pessoas
que sustentam isto possam ainda, sem qualquer
questionamento, continuar com os cismas, com as divisões e
com todos os tipos de distinções aqui nesta terra entre os
cristãos. Eles podem ser convertidos em mil denominadores e
esta verdade do Corpo não é uma coisa eficaz, que
simplesmente descarta tudo isso, que rejeita todo o terreno de
cisma, de divisão, e todo tipo de departamento humano entre
os cristãos. A coisa não tem este efeito em muitas pessoas.
Bem, você diz: isto importa? Olhe para a igreja, olhe
para os filhos de Deus hoje. Onde está o pleno conhecimento
do Filho de Deus? Onde está este crescimento até a plenitude
de Cristo? Oh, há uma espantosa e trágica ignorância entre a
maioria do povo de Deus a respeito do próprio Senhor. A
ignorância é terrível e o resultado é que o poder espiritual é de
fato muito pequeno. Realmente importa que cheguemos ao
pleno conhecimento do Filho de Deus, realmente importa que
cresçamos Nele, que alcancemos a plenitude de Cristo, a
estatura de Cristo. Realmente importa que a verdade sobre o
Corpo seja uma coisa prática, não apenas teórica. Você tem
que chegar ao lugar onde você abandone qualquer outro
terreno que não seja o terreno da absoluta e eficaz unidade
espiritual do povo de Deus. Ocupar tal terreno significa
limitação e perda, como prova a história da igreja, e como
demonstra toda atividade do inimigo. Dividir o povo de Deus é
enfraquecê-lo e limitá-lo. Trazer o povo de Deus em unidade
espiritual é edificá-lo e torná-lo uma força que o inimigo é
obrigado a reconhecer.
Você lembra-se desta lei? Ela está em toda parte no
Velho Testamento. O Senhor diz ‘Em certo lugar Eu irei
encontrá-los’. Você pode ir a qualquer lugar em todo esse
universo e você não irá obter este conhecimento. Até mesmo
Saulo de Tarso, eleito desde a eternidade, escolhido desde os
tempos eternos para ser apóstolo de Deus aos gentios,
conhecido de antemão e pré-ordenado, irá fazer esta
pergunta: “Senhor, que farei?”(Atos 22:10), e a resposta será:
“Vá a Damasco e lá te será dito o que te é ordenado fazer”.
Não era que Damasco fosse algo a mais do que qualquer
outro lugar, mas a igreja estava lá, e o Senhor não iria tratar
com homem algum, mesmo um apóstolo destinado, em
qualquer outro lugar diferente daquele. Ele diz: Eu estou em
meu Corpo; irei tratar com você em meu Corpo! Esta é uma lei
espiritual. Se você tem vagado pelo mundo, peça ao Senhor
para lhe mostrar este lugar espiritual, esta posição espiritual,
onde você irá encontrar aquilo que está procurando. No caso
de muitos de nós, o Senhor precisou tratar conosco, a fim de
nos levar para um lugar espiritual, para nos mostrar algo.
Quando o Senhor nos trouxe para esse lugar, então
enxergamos. Descobrimos que lá o Senhor ordena a benção,
até mesmo vida para sempre.
*A tradução deste estudo foi feita voluntariamente por
Valdinei N. da Silva, que, por reconhecer a excelência do
conteúdo, coloca o mesmo ao alcance da Igreja de Cristo,
para sua edificação. Peço aos irmãos que possuírem
conhecimentos mais aprofundados em tradução, que
colaborem, enviando as suas preciosas observações e
retificações para: [email protected]
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