O USO DO GÊNERO FÁBULA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: RELATO DE UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA BARROS, Genaldir Rocha de Oliveira1 - UNEAL OLIVEIRA, Lisiane da Silva2 - UNEAL SILVA, Raulene Gomes da3 - UNEAL BALBINO, Elizete Santos4 - UNEAL ARAÚJO, Dayane Karlla Porto5 - UNEAL Grupo de Trabalho - Didática: Teorias, Metodologias e Práticas Agência Financiadora: Pibid/Capes Resumo Através da leitura de uma história educativa e, ao mesmo tempo, divertida, é desenvolvido o interesse das crianças pela leitura e, consequentemente, elas se tornam mais questionadoras ao ser estimulado o senso crítico e a visão de mundo das mesmas. Neste contexto, a fábula é um gênero literário que tem por finalidade retratar uma moralidade, pois sempre termina com a moral da história, promovendo o desenvolvimento da criança como cidadã crítica. Este trabalho consiste em uma pesquisa que tem por objetivo analisar o uso do gênero fábula nos anos iniciais do ensino fundamental e demonstrar que a partir das fábulas os educandos aprendem valores fundamentais para a formação do indivíduo, levando-os a agirem de forma questionadora e crítica. A metodologia utilizada neste estudo, de cunho qualitativo, foi bibliográfica, com leitura e discussão de textos sobre a temática e, dentre os estudiosos que contribuíram para a fundamentação deste trabalho estão: Marcuschi (2002; 2008), Rios e 1 Graduanda do Curso de Pedagogia pela Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL). Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência PIBID/CAPES. Email: [email protected]. 2 Graduanda do Curso de Pedagogia pela Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL). Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência PIBID/CAPES. [email protected] 3 Graduanda do Curso de Pedagogia pela Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL). Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência PIBID/CAPES. [email protected]. 4 Mestre em Educação Brasileira pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Professora Assistente do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL). Professora da Faculdade de Ensino Regional Alternativa (FERA). Técnica Pedagógica da 5ª Coordenadoria Regional de Educação de Alagoas. Coordenadora Institucional do Laboratório Interdisciplinar de Formação de Educadores- LIFE/CAPES. Email: [email protected] 5 Graduanda do Curso de Pedagogia pela Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL). Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência PIBID/CAPES. Email: [email protected]. 18187 Libânio (2009), Fernandes (2001), Libânio (1994), entre outros. Além de uma pesquisa de campo, que se consistiu em uma coleta de dados por meio de uma entrevista realizada com três professoras, com objetivo de conhecer as concepções das mesmas sobre o trabalho com o gênero fábula e, posteriormente, o desenvolvimento de uma sequência didática com vinte e sete alunos. Esperamos, com esse estudo, termos uma compreensão do papel que as fábulas podem desempenhar no trabalho com as crianças nos anos iniciais, pois as discussões mostram que o trabalho com esse gênero pode ser uma estratégia pedagógica muito importante para desenvolver o interesse dos alunos pela leitura e a compreensão de textos, motivando assim as crianças de uma forma lúdica e prazerosa a melhorar sua interpretação acerca de tudo que leem e vivenciam em seu dia a dia. Palavras-Chave: Fábula. Gênero. Sequência didática. Introdução A fábula é um gênero literário que tem por finalidade retratar uma moralidade, pois sempre termina com a moral da história, promovendo o desenvolvimento da criança como cidadã. Assim, as fábulas acabaram por transmitir normas de conduta para os seres humanos, como formas de expressão das emoções e sentimentos e também apresentavam uma crítica à sociedade. Este trabalho consiste em uma pesquisa que tem por objetivo analisar o uso do gênero fábula nos anos iniciais do ensino fundamental, desenvolvendo assim o interesse dos alunos pela leitura e a compreensão de textos literários, de forma lúdica e agradável. A pesquisa apoiou-se nos estudos de Marcuschi (2002; 2008) acerca do uso dos gêneros textuais. De acordo com Marcuschi (2002, p.19) “[…] os gêneros textuais são fenômenos históricos, profundamente vinculados à vida cultural e social”. Desse modo, estão vinculados à vida social e cultural das pessoas. Entre os autores estudados estão: Fernandes (2001) e Libânio (1994). Também foram utilizadas as pesquisas de Rios e Libânio (2009), onde afirmam que o trabalho com os gêneros discursivos é de suma importância no início do processo de alfabetização, porque permitem desenvolver nas crianças a capacidade comunicativa através da leitura e produção de textos orais e escritos em várias práticas sociais, portanto, são essenciais nesse processo de formação e aprendizado do educando. Como metodologia utilizamos neste trabalho uma pesquisa bibliográfica, com leitura e discussão de textos relacionados à temática, além de uma pesquisa de campo, que consistiu em uma coleta de dados por meio de uma entrevista realizada com três professoras do primeiro ano do ensino fundamental da Escola Municipal Jayme de Altavilla, na cidade de Arapiraca – AL e, posteriormente, o registro das atividades desenvolvidas nas diferentes 18188 etapas da sequência didática aplicada com vinte e sete alunos da turma onde está sendo desenvolvido o trabalho a partir do PIBID (Programa de Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência). O presente trabalho está dividido em cinco tópicos. No primeiro, apresentaremos o conceito de gênero discursivo, quais são as características comuns existentes em cada tipo de texto, sejam elas orais ou escritas, representando todas as manifestações em relação a linguagem. No segundo, apresentaremos a origem do gênero fábula na literatura infantil, que por serem textos simples e curtos terminam sempre com uma lição de moral, fazendo-nos refletir sobre o comportamento em sociedade. O terceiro, abordamos o gênero fábula na prática docente, onde destacamos o uso dos gêneros textuais que são essenciais no processo de formação e aprendizado dos alunos e, mais especificamente o gênero fábula, como instrumento que objetiva desenvolver o interesse dos educandos pela leitura. Vale destacar a postura do professor frente ao uso dos gêneros em suas aulas, ou seja, como deve ser a sua prática ao trabalhá-los. Já no quarto, abordaremos o relato de uma experiência didática, que consistiu de uma vivência na escola já citada, onde utilizamos uma entrevista com as professoras com o objetivo de conhecer o contexto da experiência realizada e suas concepções sobre o trabalho com o gênero fábula e o registro das atividades desenvolvidas nas diferentes etapas da sequência didática. Por último, nas considerações finais, podemos ressaltar que a sequência didática desenvolvida permite demonstrar que o trabalho com as fábulas nos anos iniciais do ensino fundamental pode ser uma estratégia pedagógica muito importante para desenvolver o interesse dos alunos pela leitura e a compreensão de textos, de forma lúdica e agradável. Conceito de Gênero Discursivo De acordo com Marcuschi (2008) o estudo dos gêneros textuais é antigo e concentrava-se na literatura com Platão e Aristóteles. Atualmente, o estudo dos gêneros não está vinculado apenas à literatura, mas sim em quaisquer tipos de discurso, falado ou escrito, com ou sem literatura. Gênero discursivo são as características comuns existentes em cada tipo de texto, sejam elas orais ou escritas, designação que representa todas as manifestações em relação à 18189 linguagem, o modo como é apresentado ao leitor. A sua forma de organização, sua estrutura e o estilo que o compõe são detalhes que determinam a que tipo de gênero cada texto pertence. Alguns exemplos dos gêneros discursivos são: carta, reportagem, receita culinária, conto, bate-papo na internet, outdoor, narrativas entre tantos outros exemplos que utilizamos diariamente, sem nos darmos conta de que cada texto constitui um gênero diferente. Sobre gênero, Marcuschi (2002, p.19) menciona: “[…] os gêneros textuais são fenômenos históricos, profundamente vinculados à vida cultural e social”. Desse modo, estão vinculados à vida social e cultural das pessoas, um exemplo é que apesar da tecnologia estar muito presente nos dias de hoje ainda há pessoas que preferem se comunicar através de carta do que por meio de bate-papo na internet. Segundo Rios e Libânio (2009) o trabalho com os gêneros discursivos é de suma importância no início do processo de alfabetização porque faz com que se desenvolva nas crianças a capacidade comunicativa através da leitura e produção de textos orais e escritos em várias práticas sociais. Dessa forma, a ação pedagógica deve estar centrada no uso da linguagem de forma contextualizada, criando momentos em que o aluno tenha contato com determinados gêneros. Essas atividades devem ser introduzidas na escola como material de estudo, de forma original como são reproduzidas nos mais variados meios de circulação social. Para que o aluno possa compreender melhor os gêneros e suas funções específicas, é preciso que o mesmo tenha contato com o texto no veículo portador do gênero, que pode ser, por exemplo, uma revista, um gibi, um livro ou uma carta ente tantos outros. É importante lembrar que o texto verbal não é o único considerado na leitura de um gênero, os elementos não-verbais, como desenho gráfico, fotos entre outros, também são fundamentais para que o aluno estabeleça significados. Origem do Gênero Fábula As fábulas são histórias antigas, que surgiram no Oriente e foram passadas de boca a boca pelo povo e reescritas no Ocidente pelo escravo grego Esopo que viveu no século VI a.C. De acordo com Fernandes (2001), foi um dos pioneiros com suas histórias baseadas em animais, que eram os personagens principais de suas fábulas. Suas narrativas traziam diálogos envolvendo animais que agiam e pensavam como seres humanos em diferentes situações com 18190 a intenção de transmitir uma mensagem de caráter moral ao homem. Suas fábulas, mais tarde, foram reescritas em versos, pelo escravo romano Fedro. Entretanto, o responsável pela divulgação e reconhecimento da fábula no Ocidente moderno foi La Fontaine. A fábula caracteriza-se por ser um texto simples e curto que procura, através das personagens, geralmente animais com características humanas, mostrar os vícios e virtudes dos seres humanos. Essas narrativas terminam sempre com uma lição de moral. Apesar dessas informações, é difícil saber exatamente a sua origem, porque a fábula está ligada à oralidade. De acordo com Fernandes (2008, p.06), […] etimologicamente, fábula é uma palavra que deriva do latim, do verbo fabulare, e que significa dizer, contar algo. É de fabulare que, em português, deriva o verbo falar. Deste pressuposto podemos dizer que, de fato, a fábula é um gênero literário e foi a primeira espécie de narrativa. A utilização dos animais neste gênero literário está ligada ao fato das civilizações orientais se preocuparem com a vida depois da morte, acreditavam em um mundo para além da morte. Mundo que respeitavam, pois acreditavam que após a morte a alma humana era transmitida para os animais. Desta maneira, a fábula nos leva a dois mundos: o imaginário que nos fascina até hoje pela sua magia e principalmente pela sua representação e simbologia e ao real, fazendo-nos refletir sobre o comportamento humano em sociedade. As fábulas inspiram a todos os que as leem por retratar diferentes tipos de emoções e sentimentos, como: amor, carinho, esperança, humildade, sabedoria entre outros. Simbolicamente, cada animal é colocado com algum aspecto ou qualidade humana, por exemplo, o leão representando a força; a formiga representa o trabalho; a raposa astúcia; e assim por diante. Segundo Mesquita (2002, p.68 apud FERNANDES, 2008, p.06), A fábula é um gênero comum a todas as literaturas e a todos os tempos, porque pertence ao folclore primitivo. É um produto espontâneo da imaginação, já que consiste numa narração fictícia breve, escrita em estilo simples e fácil, destinada a divertir e a instruir, realçando, sob ação alegórica, uma ideia abstrata, permitindo, desta forma, apresentar de maneira aceitável, uma moral, o que de outro modo seria árido ou difícil. Este gênero literário vem acompanhando a evolução da humanidade, sendo assim, produzido de acordo com o que as pessoas de uma determinada época pensam sobre a vida 18191 daquela sociedade. Assim, as fábulas são registros históricos dos valores e do modo de agir das sociedades ao longo dos tempos, se mantendo na atualidade. O Gênero Fábula na Prática Docente Postas as considerações sobre o uso dos gêneros textuais os quais são essenciais no processo de formação e aprendizado dos alunos e, mais especificamente o gênero fábula, como instrumento que objetiva desenvolver o interesse dos educandos pela leitura, vale destacar a postura do professor frente ao uso dos mesmos em suas aulas, ou seja, como deve ser a sua prática ao trabalhá-los. Para isso, tomemos por base Libânio (1994), ao dizer que o trabalho docente precisa ser estruturado e ordenado, pois, é uma atividade intencional que tem por finalidade a aprendizagem dos alunos. A aprendizagem ocorre em todas as esferas da sociedade, seja em casa, na rua etc, porém não é sistematizada, ou seja, não ocorre de forma a seguir uma sequência pré-definida. Diferentemente da aprendizagem que acontece no ambiente da sala de aula que, por ter uma intencionalidade já determinada, requer o planejamento das etapas do processo de ensinoaprendizagem. A linguagem é o meio pelo qual os educadores promovem o processo de ensinoaprendizagem e, se deve utilizar o texto como instrumento nas aulas ao compreender que ele é a unidade básica da linguagem verbal (SANTOS e SILVEIRA, 2011). Entende-se com a fala das autoras que através dos textos se desenvolve a linguagem verbal, não é por acaso que quanto maior é a frequência com que se lê mais rico se torna o vocabulário do leitor. Por isso, é de suma importância que o docente leia para seus alunos e os estimule a terem o hábito de ler. Quanto ao planejamento das etapas do processo de ensino-aprendizagem, Amaral (2012) diz que as sequências didáticas são um conjunto de atividades escolares entrelaçadas, planejadas para ensinar etapa por etapa um conteúdo. Organizadas de acordo com os objetivos que o professor quer alcançar para estimular a aprendizagem de seus alunos e as capacidades de expressão oral e escrita em diversas situações de comunicação. Portanto, as sequências didáticas desenvolvidas devem ser planejadas tendo-se em mente os objetivos que se quer alcançar em cada etapa e, podem ser utilizadas como uma estratégia de ensino e aprendizagem dos gêneros textuais levando-se em conta a formação do discente enquanto cidadão, capaz de agir e se integrar socialmente. 18192 A seguir, relataremos a pesquisa de campo que consistiu de uma entrevista feita com as professoras e o desenvolvimento da sequência didática realizada em sala de aula com os alunos. Relato de uma Experiência Didática A experiência didática realizada consistiu de uma vivência na Escola Municipal Professor Jayme de Altavilla, no período de setembro a outubro do ano de 2012, e para a apresentação dos resultados utilizamos dois instrumentos de coleta de dados. Entrevista individual, realizada com as professoras, com o objetivo de conhecer a área de formação e o contexto da experiência realizada, bem como as concepções das docentes sobre o trabalho com o gênero fábula. Outro instrumento foi o registro das atividades desenvolvidas nas diferentes etapas da sequência didática. Investigação com as Professoras Com a entrevista podemos observar que as três professoras que participaram desse estudo têm formações diferenciadas: uma com graduação em história e trabalha há quinze anos com as séries inicias do ensino fundamental; uma com magistério e graduação em matemática onde segundo ela leciona há mais ou menos doze anos nas séries inicias do ensino fundamental; a outra professora tem o magistério e graduação em pedagogia também trabalha há trinta e um anos com as séries inicias do ensino fundamental e todas são efetivas na rede pública municipal. Para identificá-las utilizamos os códigos (P1, P2, P3). Quando foi perguntado às professoras como era realizado o trabalho com os gêneros textuais em sala de aula as mesmas responderam que é realizado através de cartazes, painéis, visualização de gravuras e contação de histórias (fábulas), leituras de contos, parlendas, também utilizam textos lacunados e textos fatiados. No decorrer da entrevista, foi perguntado se já tinham trabalhado especificamente com o gênero fábula, as três docentes afirmaram que sim e também notaram a diferença de interesse e de aprendizagem dos alunos a partir do trabalho com esse gênero, segundo a professora P2 (2012), O gênero fábula despertou nos meus alunos o interesse pela leitura e a curiosidade para entender o objetivo da história. Sempre faziam comparações entre uma fábula e 18193 outra, sabendo diferenciar no nível deles, o gênero fábula de outro gênero, como, por exemplo, o conto. Segundo as docentes o tempo para trabalhar com os gêneros textuais, especificamente com fábulas é muito curto, pois é dividido por etapas. De acordo com a docente identificada neste estudo como P1 (2012), “o trabalho com esse gênero foi desenvolvido através do projeto folclore realizado durante quinze dias na escola. Mesmo em pouco tempo notei o interesse dos alunos pelas fábulas em tudo que envolve a leitura e a interpretação”. O que demonstra que os gêneros textuais de uma forma geral devem ser trabalhados continuamente fazendo parte da leitura diária que o docente realiza com o objetivo de tornar os educandos leitores. A entrevista com as docentes possibilitou reafirmar a importância de se trabalhar com os gêneros textuais nos anos iniciais do ensino fundamental, onde está ocorrendo o processo de alfabetização dos pequenos, podendo ser uma estratégia pedagógica muito importante para desenvolver o interesse dos alunos pela leitura e a compreensão de textos, de forma lúdica e agradável. Sequencia Didática Realizada em Sala de Aula A primeira etapa foi desenvolvida em três aulas: tempo necessário para apresentação do gênero fábula para os alunos e leitura das mesmas. Sobre a importância da leitura, Frantz (2011, p. 29) afirma que: “Através da leitura, um universo inesgotável de emoções e informações se abre diante do leitor”. Acreditamos que, quanto mais cedo o convívio das crianças com a leitura, melhor seu desenvolvimento emocional tornando-os capazes de expressar sua imaginação, ideias e a capacidade de interpretação do mundo. Nesse momento, realizou-se a leitura de fábulas para que a turma tivesse um contato maior com o gênero. Esse gênero foi escolhido por ser narrativas simples e curtas que procuram mostrar no final da história um ensinamento. Portanto, apresentamos duas fábulas, do mesmo autor “Esopo”, onde ao final de cada uma continha um ensinamento. A primeira fábula lida foi “A raposa e a cegonha”, tendo como ensinamento, “trate os outros da mesma forma que você deseja ser tratado”. A segunda foi “O leão e o ratinho”, com o seguinte ensinamento, “pequenos amigos podem ser grandes amigos”. 18194 Foram lidas em voz alta e comentadas com os alunos, sendo que cada um expunha seu interesse sobre a fábula. A turma gostou em especial da fábula intitulada: “A raposa e a cegonha”. Na segunda etapa da atividade, que foi desenvolvida em quatro aulas, ou seja, duas aulas para escrita da fábula em texto lacunado e três aulas para interpretação da mesma em desenho. Nesse momento trabalhamos com a história “A raposa e a cegonha”, como texto lacunado, por ser a fábula que as crianças mais se identificaram, dispomos abaixo o texto escolhido: A Raposa e a Cegonha6 A raposa convidou a cegonha para jantar. Disposta a pregar uma peça na outra, serviu a sopa num prato raso. Enquanto a raposa comia a valer, a cegonha, com o seu bico enorme, não conseguiu provar uma gota que fosse. Ficou morrendo de fone, com o estômago a roncar, mas não disse nada. No dia seguinte, um pombo-correio entregou um bilhete para a raposa, no qual estava escrito: “Venha jantar em minha casa hoje à noite. Cegonha”. A raposa aceitou o convite e, na hora marcada, estava cheia de gentilezas na casa da outra. Quando se sentaram à mesa, a raposa teve uma decepção e tanto. O delicioso ensopado de carne foi servido em jarras altas com gargalo estreito. Para a cegonha bastava colocar o bico, mas a raposa não conseguia comer de jeito nenhum. Foi embora muito antes do que planejava, com o rabo entre as pernas. “Trate os outros da mesma forma que você deseja ser tratado”. Nesse momento, trabalhamos a fábula como texto lacunado, para que as crianças completassem o texto já conhecido, onde foi colocado um banco de dados para visualizarem a escrita das palavras que estavam faltando no mesmo. Íamos lendo e pronunciando as palavras para que observassem a quantidade de sílabas contidas em cada palavra, em seguida escreviam no seu respectivo espaço. 6 Fábula retirada do livro, Fábulas de Esopo / Jean de La Fontaine, adaptação de Lúcia Tulchinski. São Paulo, Scipione, 1998. 18195 Também foi trabalhada a interpretação da fábula em desenho, individualmente os alunos desenharam os personagens da história com o objetivo de estimular os mesmos na produção de seus textos e desenvolver suas habilidades artísticas. Foi um momento muito agradável para toda a sala, pois as crianças estavam eufóricas, recontando a fábula através do seu próprio desenho. Como algumas das crianças ainda têm dificuldades na leitura, por ser uma turma de primeiro ano, elas usaram a criatividade para contar, recontar e cria a historia a seu modo. Sobre esse universo do imaginário infantil Thais Gurgel (2009, p. 78), menciona que as: “situações vividas, imaginadas ou presentes em histórias ouvidas se misturam nas narrativas infantis”. Com tudo notamos avanços no quesito leitura, pois despertou nos alunos o interesse pela mesma. A terceira etapa da atividade foi desenvolvida em três aulas, onde organizamos uma exposição dos desenhos e dos textos produzidos pelos alunos, foram expostos em um mural para a comunidade escolar como forma de incentivar os mesmos a fazerem suas primeiras produções textuais. Notamos que os discentes sentiram-se valorizados quando viram seus trabalhos expostos para a comunidade escolar. Com tudo, percebemos que o gênero fábula estimula à criatividade e o gosto pela leitura, por serem narrativas curtas e seus personagens geralmente animais com características humanas, levando o aluno à curiosidade de saber o final da história, despertando seu interesse pela linguagem escrita proporcionando uma ampliação de seu vocabulário. Considerações Finais Considerando o gênero fábula, na literatura infantil, conclui-se que o mesmo é de admirável importância, pois ajuda na iniciação da leitura na medida em que não só estimula o imaginário infantil como conduz a valores morais, ao ser abordado valores como a amizade, generosidade e respeito pelo outro, possuindo assim um caráter social, uma vez que as narrativas terminam sempre com uma lição de moral. Os ensinamentos presentes nas fábulas ajudam a criança a compreender o mundo e ao mesmo tempo, estimulam sua imaginação. O objetivo deste trabalho foi demonstrar que a partir das fábulas as crianças apreendem valores fundamentais na formação do indivíduo, levando-as a agir na sociedade de forma questionadora e crítica. Portanto, podemos ressaltar que a sequência didática desenvolvida permite demonstrar que o trabalho com as fábulas nos anos iniciais do ensino fundamental pode ser uma 18196 estratégia pedagógica muito importante para desenvolver o interesse dos alunos pela leitura e a compreensão de textos, de forma lúdica e agradável. REFERÊNCIAS AMARAL, Heloísa. Sequência didática e ensino de gêneros textuais. 2012. Disponível em < www.escervendo.cenpec.org.br/index.php?...21%3Asequencia-didatica-e-ensino-de-generotextuais&oplin=com_content&Itemid=33 >. Acesso em: 23 abril 2013. FERNANDES, Ana Malfada de Almeida. Da fábula ao imaginário infantil: recepção interpretativa pelas crianças de uma história tradicional. UdeMIEP. 2008. Dísponivel em < www.knoow.net/monografia/.../dafabulaaoimaginfantil.htm >. Acesso em: 22 jun. 2012. FERNANDES, M, Teresinha, Ottoboni, Sucar. Trabalhando com os gêneros do discurso: narra: fábulas/ Mônica Teresinha Ottoboni Sucar Fernandes; coordenadora da coleção Jacqueline Peixoto Barbosa. São Paulo: FTD, 2001. FRANTZ, Maria Helena Zancan. A literatura nas séries inicias. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011. GURGEL, Thais. Desenvolvimento infantil. Nova escola. São Paulo, ed. Abril, n. 224, ag. 2009, p. 78. LA FONTAINE, Jean de, 1621-1695. Fábulas de esopo / Jean de La Fontaine; adaptação de Lúcia Tulchinski. São Paulo: Scipione, 1998. (Série reencontro infantil) LIBÂNEO, José Carlos. Didática, São Paulo: Cortez, 1994. MARCUSCHI, Luis Antônio. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: PAIVA, Dionisio, Anjeja; AUXILIADORA, MARIA. (Org.). Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucera, 2002. p. 20-36. MARCUSCHI, Luis Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: parábola Editorial, 2008. RIOS, Zoé e LIBÂNIO, Márcia. Da escola para casa: alfabetização. Belo Horizonte: RHJ, 2009. SANTOS, Hiliane Alves dos; SILVEIRA, Soraya Pedrosa, B, B. da. A importância da utilização do texto e a articulação entre as áreas do conhecimento. 2011. Disponível em < www.educador.brasilescola.com/.../importancia-texto-artigulação-areas-conhecimento.htm >. Acesso em: 23 abril 2013.