um instrumento de ação pedagógica, 2011. 51 f. TCC

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PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ
CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ – USJ
CURSO DE PEDAGOGIA
ANA LÚCIA BATISTA
MUSICALIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL:
Um instrumento de ação pedagógica
São José
2011
ANA LÚCIA BATISTA
MUSICALIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL:
Um instrumento de ação pedagógica
Trabalho de Conclusão de Curso elaborado com o
requisito final para a aprovação no Curso de
Pedagogia do Centro Universitário Municipal de
São José – USJ
Professora Orientadora: Wanderléa Pereira
Damásio Maurício
São José
2011
ANA LÚCIA BATISTA
MUSICALIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL:
Um instrumento de ação pedagógica
Trabalho de Conclusão de Curso elaborado como requisito parcial para
obtenção do grau de bacharel no curso de Pedagogia do Centro Universitário
Municipal de São José – USJ avaliado pela seguinte banca examinadora:
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________
Profª. Wanderléa Pereira Damásio Maurício
Orientadora
__________________________________________
Profª. Marivone Piana
___________________________________________
Profª. Marli Lúcia Lisboa
São José, 17 de Junho de 2011
4
Dedico
aos
meus
familiares e amigos que contribuíram
para a construção deste trabalho.
AGRADECIMENTOS
• Primeiramente agradeço a Deus, pela a oportunidade oferecida;
• Aos familiares que me apoiaram em todos os momentos vivenciados no
decorrer do curso;
• Aos professores que colaboraram compartilhando suas experiências;
• Por fim, a minha orientadora Profª. Wanderléa que em meio tantas
dificuldades e contra tempo colaborou para a construção deste trabalho.
Um povo que sabe cantar está a um passo da felicidade.
É preciso ensinar o mundo inteiro a cantar.
Villa-Lobos
RESUMO
Com o tema Musicalização na Educação Infantil: um instrumento de ação
pedagógica, o presente trabalho tem como objetivo analisar a música como
instrumento de ação pedagógica no desenvolvimento infantil, descrevendo assim
sobre a sua importância e formas de uso, um meio de expressar sentimentos,
sensações e pensamentos. Diante disso fez-se o mapeamento das diferentes
maneiras de utilizar a música na educação infantil. Para tanto, a pesquisa foi
realizada em duas etapas, sendo a primeira a aplicação de um questionário
semi-estruturado com professores e a segunda consistiu em observação
participante realizadas em campo. Todas as etapas foram realizadas em uma
instituição de ensino privado localizado na Grande Florianópolis. Diante dos
questionários e as observações realizadas em campo, percebeu-se a grande
importância de desenvolver trabalhos pedagógicos na Educação Infantil
utilizando a música como instrumento de ação pedagógica, perante isso concluise que as contribuições vão desde um melhor entrosamento com a turma,
professores, como também estimula o desenvolvimento da linguagem,
coordenação motora, percepção auditiva, criatividade além de proporcionar
momentos de prazer e relaxamento.
Palavras–chaves: Música. Criança. Aprendizagem
LISTA DE QUADROS
Quadro 1- Questionário..........................................................................................................33
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Roda da Música......................................................................................................29
Figura 2: Interagindo com os instrumentos.........................................................................30
Figura 3: Brincando de Roda.................................................................................................31
Figura 4: Atividade Realizada...............................................................................................32
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Experiência Profissional.......................................................................................35
Gráfico 2: Formas de Utilização da Música.........................................................................36
Gráfico 3: A intensidade que utilizam a Música..................................................................37
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................11
2 OBJETIVOS.........................................................................................................................13
2.1 OBJETIVO GERAL............................................................................................13
2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO..................................................................................13
3 REFERENCIAL TEÓRICO ..............................................................................................14
3.1 MÚSICA: UM INSTRUMENTO PARA SER ANALISADO E REPENSADO......14
3.2 MÚSICA E CRIANÇA: ARTICULANDO OS SABERES....................................16
3.3 MÚSICA NA ESCOLA: UM INSTRUMENTO DE AÇÃO PEDAGÓGICA..........19
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO............................................................27
4.2 OBSERVAÇÕES EM CAMPO...........................................................................28
4.3 ENTREVISTAS..................................................................................................33
5.1 FOCO DA PESQUISA.......................................................................................34
5.2 CONHECENDO O OBJETO DA PESQUISA....................................................34
5.3 FOCO PEDAGÓGIO.........................................................................................35
5.4 FOCO NA MÚSICA............................................................................................36
5.5 REFLEXÕES A RESPEITO DO TEMA.............................................................38
APÊNDICES............................................................................................................................46
ANEXOS..................................................................................................................................49
11
1 INTRODUÇÃO
Diante de inúmeras situações vivenciadas dentro do ambiente escolar,
percebe-se como diversos professores utilizam a música para ministrar suas aulas.
Diante dessa observação, surge um grande questionamento, a música é utilizada
como instrumento de aprendizagem ou apenas como um “plano de fundo” 1?
A utilização da música como instrumento de ação pedagógica, tem sido
incentivada na sala de aula. Porém, isso coloca um grande desafio aos professores,
pela falta de conhecimento dos vários usos que a música pode ter em sala de aula.
Desta forma, um planejamento adequado, com intencionalidade do uso da música
para o processo pedagógico e não apenas como recreação, ou desfrute estético,
pode auxiliar na aprendizagem das crianças.
Na educação infantil é possível proporcionar um espaço que valorize o
brincar da criança e possa contribuir com o seu desenvolvimento cognitivo. Por isso,
durante o período em que a criança está na Educação Infantil, é importante o
desenvolvimento de projetos que abordem os mais diversos temas, com o uso de
músicas. Neste sentido, a música pode ser explorada como instrumento pedagógico
que estimula a coordenação motora, a percepção auditiva, a concentração, além de
proporcionar momentos descontraídos fazendo com que a criança entre em contato
com o mundo da imaginação.
Utilizar a música dentro da sala de aula é muito simples, basta apenas ter um
som e diversos cd’s, porém se apropriar da música como um instrumento de ação
pedagógica que tenha como objetivo explorar diversos temas, trazendo assim
contribuições para o desenvolvimento infantil da criança, é algo bem mais complexo.
Tudo isso depende de como o profissional da educação utiliza este recurso dentro
da sala de aula, de que maneira ele o explora.
Partindo desde pensamento, surge várias questões impulsionadoras da
presente pesquisa: como utilizar a música dentro da sala de aula? Quais
contribuições a música pode proporcionar para o desenvolvimento da criança? De
que maneira e qual a intensidade que esse recurso é utilizado dentro da sala de
aula, pelos educadores em questão? Qual o conceito que os profissionais da
educação, da escola pesquisada, possuem de música? Quais são as possibilidades
1
Termo utilizado por Brito para afirmar as fragilidades do planejamento.
12
de uso da música no ambiente escolar? Como desenvolver um trabalho pedagógico
que envolva música, mas que ela se torne um instrumento de ação pedagógica que
possa contribuir no desenvolvimento infantil?
Diante de tais questionamentos indaga-se sobre as contribuições que a
música pode fornecer às crianças que se encontram na fase de desenvolvimento,
como também a forma como esses instrumentos são abordados por profissionais da
educação. Diante disso, inicia-se as pesquisas bibliográficas, que se constituem
dividida em três capítulos, primeiramente procuramos falar da música de um modo
geral, após focamos na relação da música com a crianças de forma que ela possa
contribuir para o seu desenvolvimento e por último focamos na música dentro da
escola, investigando sobre as suas possibilidades de uso
A música por ser instrumento muito rico no que diz respeito a conteúdos
pode ser encarada, muitas vezes, como algo pronto. Desta forma, os profissionais
da educação acabam não explorando esse recurso de uma forma adequada
deixando que ela seja explorada e ouvida dentro da sala de aula como forma de
descontração, não compreendendo as diferentes contribuições possíveis para o
processo de ensino-aprendizagem.
Já é consenso que as crianças, fora do ambiente escolar, convivem em
diferentes meios sociais e possuem diversas interações culturais, especialmente
com o desenvolvimento das novas tecnologias informacionais que possibilitam
meios de interações, com diferentes partes do mundo. Isso também vai influenciar
no gosto e na compreensão da diversidade musical presente na sociedade,
observada e experienciada pela criança.
13
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
•
Analisar
a
música
desenvolvimento
como
infantil,
instrumento
numa
de
escola
ação
pedagógica
particular
da
no
grande
Florianópolis/SC.
2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO
•
Descrever a importância da música como instrumento de ação pedagógica
para o desenvolvimento infantil.
•
Identificar a música como um meio de expressar sentimentos, sensações
e pensamentos.
•
Mapear os diferentes usos feitos da música na educação infantil, pelos
professores que atuam na educação infantil numa escola particular situada
na Grande Florianópolis/SC.
14
3 REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 MÚSICA: UM INSTRUMENTO PARA SER ANALISADO E REPENSADO
A música pode ser entendida de várias maneiras, depende muito do ponto
de vista de quem está escutando e analisando. Ela pode ser vista apenas como um
meio de diversão, como forma de expressão ou até mesmo como grande
instrumento pedagógico. Diante disso, concorda-se com Schaller quando afirma que:
A música é muito mais que um simples conjunto de sons que se unem em
uma melodia. Ela penetra nossa pele, provoca arrepios de prazer ou nos faz
mergulhar em doces lembranças. Algumas melodias não nos tocam,
enquanto outras nos atingem diretamente – e podem até mesmo transmitir
significados concretos. “O cérebro de todo ser humano se interessa muito
por informações musicais e é extremamente habilidoso em compreender
seu significado”, explica Stefan Kölsch, do Instituto Max Planck de Ciências
Cognitivas e Neurológicas, em Leipzig. Kölsch investiga a ligação entre a
música e a fala. O músico e psicólogo descobriu que o cérebro não faz
grande diferença entre as duas: ambas são trabalhadas na mesma região.
(SCHALLER, 2005, p. 64-69 apud CORREIA, 2010, p.135).
A música desta forma pode ser compreendida como uma forma de
linguagem, que é capaz de expressar e comunicar sentimentos, sensações e
pensamentos. Por estar presente nos mais diversos lugares, situações e culturas,
também se tornou presente dentro no ambiente escolar desde há muito tempo, onde
era considerado na Grécia antiga como essencial para a formação dos cidadãos.
(BRASIL, 1998 v.3).
Desde muito cedo aprende-se a conviver com vários tipos de sons, sejam
eles provenientes da natureza, como o canto de um passarinho ou produzido pelo
homem, como uma canção qualquer. Todos, de certa forma acabam identificando-se
com algum desses tipos de sons, seja como forma de expressar sentimentos,
sensações, pensamentos, ou porque nos trazem tranquilidade, paz, harmonização
interior.
É o que afirma Brito
Perceber gestos e movimentos sob forma de vibrações sonoras é parte de
nossa integração com o mundo em que vivemos: ouvimos o barulho do mar,
o vento soprando, as folhas balançando no coqueiro [...] ouvimos o bater de
martelos, o ruído de máquinas, o motor de carros ou motos, o canto dos
15
pássaros, o miados dos gatos, o toque do telefone ou do despertador [...].
(BRITO, 2003, p.17)
Ou seja, as pessoas passam a maior parte dos dias escutando milhares
de barulhos, sejam eles provenientes do meio social em que convivem como os
barulhos de ar condicionados, carros, buzinas, alarmes, pessoas falando, ou
também aqueles barulhos vindo da natureza que muitas vezes podem nos remeter
tranquilidades, como o barulho das ondas do mar, do vento uivando, passarinhos
cantando.
Através disso percebe-se que a música está presente em todos os
lugares, é o que salienta Hummes:
Ela está nos meios de comunicação, nos telefones convencionais e
celulares,na Internet, vídeos, lojas, bares, nos alto-falantes,nos consultórios
médicos, nos recreios escolares,em quase todos os locais em que estamos
e em meios que utilizamos para nos comunicarmos, ou nos divertirmos, e
também nos rituais de exaltação a determinadas entidades, enfim, nos
eventos mais variados possíveis (2004, p.17).
É através da música que consegue-se muitas vezes demonstrar
sentimentos e vivências, expor as angústias e aflições, ou seja, muitas vezes a
música é utilizada para o auto conhecimento. Em outros momentos a música pode
ser utilizada para conhecer as pessoas que estão a nossa volta. “Como uma forma
de representação simbólica do mundo, a música em sua diversidade e riqueza,
permite-nos conhecer melhor a nós mesmos e ao outro – próximo ou distante.”
(BRITO, 2003, p. 28).
Desta forma, muitas vezes acaba-se associando os pensamentos,
sensações e sentimentos a uma determinada música. Seja quando há tristeza ou
passando por uma determinada situação que de certa forma esteja explícita na letra
da música, como também se estamos felizes, utilizando ela como uma forma de
diversão. Sendo assim, a música acaba, de determinada maneira, fazendo parte da
vida como uma forma de lembrança, seja ela proveniente do passado ou do
presente.
Temos um repertório musical especial, que reúne musicas significativas que
dizem respeito à nossa história de vida: as músicas da infância, as que nos
lembram alguém, as que cantávamos na escola, as que nos remetem a
fatos alegres e tristes [...]. (BRITO, 2003, p. 31).
16
Diante de tais afirmações, nota-se que a música está permanentemente
ligada às pessoas, pois no mundo atual tudo se transforma em sons. Sendo assim
não pode-se deixar de associar a música como meio de despertar a criatividade,
pois ela é constituída da “capacidade de transformar, inventar, improvisar,
organizar.” (BRITO, 2003, p. 117).
No processo de pesquisa é importante levar em conta as formas e
maneira que a música pode ser utilizada. Isso porque, independente do uso que se
faz da música, ela pode retratar uma determinada função. “O “uso”, então, se refere
à situação na qual a música é aplicada em ações humanas; a “função” diz respeito
às razões para o seu emprego e, particularmente, os propósitos maiores de sua
utilização”. (MERRIAM, 1964, p. 209 apud HUMMES, 2004, p. 18).
Desta forma percebe-se que a música pode ser aplicada de diferentes
maneiras, diante disso deve-se refletir sobre qual o objetivo que tem-se ao utilizar a
música dentro de um ambiente escolar.
3.2 MÚSICA E CRIANÇA: ARTICULANDO OS SABERES.
Foi enfatizado que a música envolve todas as pessoas, porém, com as
crianças, pode-se dizer que a magia é maior ainda, pois podem ser apropriadas por
elas para enfatizar os seus movimentos e gestos para interagir com o mundo, como
forma de expressar sentimentos
O movimento para a criança pequena significa muito mais do que mexer
partes do corpo ou deslocar-se no espaço. A criança se expressa e se
comunica por meios dos gestos e das mímicas faciais e interage utilizando
fortemente o apoio do corpo. (BRASIL,1998, v.3, p. 18).
Desde muito pequenos já há interação com o universo sonoro, pois
quando bebê escuta-se diversos tipos de sons e músicas. Muitas vezes a música é
utilizada para acalentar a criança, como uma forma de divertimento, como é o caso
das canções de ninar. Existe um tipo de música para cada situação. A partir da
utilização da música, independente da forma e objetivo além de proporcionar para
criança momentos de lazer, contribui também para o seu desenvolvimento em
diversos sentidos.
17
Neste sentido, as canções de ninar, as canções de roda, as parlendas e
todo tipo de jogo musical têm grande importância, pois é por meio das
interações que se estabelecem que os bebês permitirá comunicar-se pelos
sons; os momentos de troca e comunicação sonoro-musicais favorecem o
desenvolvimento afetivo e cognitivo, bem como a criação de vínculos fortes
tanto com os adultos quanto com a música. (BRITO, 2003, p. 35).
Entretanto, percebe-se que a música está presente nas mais diversas
formas no dia-a-dia das crianças, seja através de um simples brincadeira ou de
brinquedos ritmados, pois nota-se que hoje em dia a maioria dos brinquedos
fabricados para as crianças produzem algum tipo de sons, fazendo assim que a
criança obtenha uma melhor interação com o objeto escolhido.
Os brinquedos musicais fazem parte da vida da criança desde muito cedo –
é por meio dos acalantos, das parlendas, dos brinquedos ritmados entre
mãe e bebê, que se estabelecem as primeiras experiências lúdico-musicais
da vida humana. (NOGUEIRA 2005, p. 1-2)
Partindo deste conceito pode-se dizer que a música é algo que está
presente na vida de todos, inclusive das crianças, pois é através dela que as
crianças aprender a interagir com o mundo que está a sua volta.
Os bebês e as crianças interagem permanentemente com o ambiente
sonoro que os envolve, já que ouvir, cantar e dançar são atividades
presentes na vida de quase todos os seres humanos, ainda que de
diferentes maneiras. (SANTOS & MATOS, 2005, p.1879)
Sendo assim, a música pode ser explorada de inúmeras maneiras, formas
e aspectos. Pode ser vista como “algo a mais” diante dos projetos desenvolvidos
dentro do espaço escolar. Desde que os mesmos consigam contribuir para o
processo de ensino e de aprendizagem.
A música pode e deve ser utilizada em vários momentos do processo de
ensino-aprendizagem, sendo um instrumento imprescindível na busca do
conhecimento, sendo organizado sempre de maneira lúdica, criativa,
emotiva e cognitiva. (CORREIA, 2010, p. 139).
Ao escutar algum tipo de música, a pessoa, de alguma forma, acaba
interagindo de alguma maneira, seja mexendo a cabeça, batendo o pé no chão, ou
até tenta imitar a coreografia da música, caso possua. Desta mesma forma as
crianças também reagem, pois as mesmas sempre estão em movimento quando
escutam uma música, sejam eles movimentos espontâneos ou mesmo imitar gestos,
18
coreográficas que os adultos fazem. “E é a partir dessa relação entre gestos e som
que a criança – ouvindo, cantando, imitando, dançando – constrói seu conhecimento
sobre a música, percorrendo o mesmo caminho do homem primitivo na exploração e
na descoberta dos sons.” (JEANDOT, 1997, p. 19).
Percebe-se assim o grande significado que a música possui em nossas vidas
quando nos deparamos relembrando do nosso passado, das músicas que nossas
mães cantavam para nós, daqueles momentos que se tornaram marcantes diante
das imensas situações vivenciadas, pois não pode-se esquecer que a cada dia que
passa existem músicas, bandas e preferências distintas, aquela música que é
significativa para nós hoje, amanhã talvez ninguém mais a conheça.
Lembranças, vozes, memórias... Narrações que revelam reminiscências de
minha vida e traçam um começo, um ponto de partida para uma reflexão,
um ensaio sobre gosto, produção cultural, práticas educativas, vivências
musicais como criação e expressões de cultura. Ao mesmo tempo em que
me ajudam a estabelecer um começo para o texto pretendido, as
lembranças/memórias daquela vida vivida, como substrato do que me
constitui hoje são, também, as referências do lugar de onde falo e constituo
meu discurso em torno da música e do gosto musical, na sociedade em
geral e na educação infantil, em particular. (OSTETTO,2004 p. 3-4)
Não é diferente com o processo de aprendizagem das crianças, pois
percebe-se que o processo de ensino e aprendizagem é um processo lento e
demorado, onde deve-se respeitar o tempo de cada criança devido a suas
particularidade e especificidades. Diante disso, cabe analisar e repensar sobre os
conceitos existentes a respeito de planejamento escolar.
Sem dúvida, a elaboração de um planejamento depende a visão de mundo,
de criança, de educação, de processo educativo que temos e que
queremos: ao selecionar um conteúdo, uma atividade, uma música, na
forma de encaminhar o trabalho. (OSTETTO, 2000, p.178)
Ressalta-se assim a importância de se elaborar um planejamento escolar
que consiga suprir as necessidades das crianças, porém sempre respeitando a
individualidade de cada uma. Contudo ao realizar um trabalho com responsabilidade
e entusiasmo pode-se adquirir inúmeros resultados que contribua para o
desenvolvimento da criança, a música seria mais um instrumento disponibilizado aos
professores para auxiliar nesse processo de ensino e aprendizagem.
19
Portanto, cabe analisar as formas de se utilização da música no ambiente
escolar de maneira que ela contribua para o desenvolvimento da criança,
respeitando sempre a sua individualidade.
3.3 MÚSICA NA ESCOLA: UM INSTRUMENTO DE AÇÃO PEDAGÓGICA.
A música é um instrumento pedagógico de imensa importância e valor,
que, quando, bem aplicado e explorado, pode-se obter grandes conquistas “[...] um
bom trabalho pedagógico-musical deve se realizar em contextos educativos que
entendam a música como processo contínuo de construção, que envolve perceber,
sentir, experimentar, imitar e refletir”. (BRITO, 2003, p. 46).
A utilização da música como instrumento de ação pedagógica possibilita
trabalhar com as crianças várias áreas de conhecimentos, pois “a linguagem musical
é excelente meio para o desenvolvimento da expressão, do equilíbrio, da autoestima e autoconhecimento, além de poderoso meio de integração social.” (BRASIL,
1998, v.3, p.49).
A criança, como todos, possui algum conhecimento que são adquiridos
em seu contato com o meio social, seja ele qual for, televisão, rádio, família, amigos,
livros, revistas, entre outros. Através desses meios acabam interagindo com o
mundo a sua volta, como também aprendem alguns conceitos. A mesma coisa
acontece quando falamos de música, ela está também presente nos meios sociais
citados acima. Sendo assim, a criança desta forma acaba trazendo para escola tudo
aquilo que ela aprendeu nesse seu convívio com o meio social, tanto ao que se
refere a informações, como também os diferentes gêneros musicais.
[...] as crianças conhecem várias músicas, trazendo para a escola aquilo
que aprenderam com seus pais ou assistiram na televisão. As
manifestações de alegria, como sorrir, bater palmas, movimentar o corpo,
balançar os braços, gritar... são aprendidas e reproduzidas pelas crianças.
(MAFFIOLETTI, 2001,p.127).
Percebe-se assim que as crianças possuem diferentes tipos de gostos
musicais e deve-se saber respeitar e aprender a lidar com essas situações, pois
cada criança convive em contextos sociais distintos e que diante disso acabam
adotando culturas diferentes umas das outras. Diante disso Ostetto afirma que:
20
[...] as crianças trazem suas experiências, vivências, conhecimentos
construídos na relação que estabelecem com o seu contexto, com o mundo
a sua frente, ao seu redor. Mas é igualmente certo que, em regra, os
saberes e vivências que identificam e particularizam cada uma, não são
acolhidos. Entretanto, quando as experiências incluem músicas do Rouge,
da Kely Key, como nos exemplos apresentados, aparentemente as
professoras estão respeitando as crianças, permitindo que ouçam e cantem
aqueles ritmos... (2004, p. 14)
Partindo desse conceito percebe-se que a criança acaba por “escolher a
música por uma afinidade especial, ajustada às suas particularidades, personalidade
e temperamento. Ela canta imitando seus cantores favoritos; toca teclado, guitarra e
bateria pela exploração de suas possibilidades. (HUMMES, 2004, p.21).
Diante disso
[...] é preciso assinalar que não existe a criança (nem o gosto) universal: são
grupos diversos de crianças, meninos e meninas, de tal ou qual idade,
procedente desta ou daquela região, pertencente a este ou àquele grupo
familiar que freqüentam aquelas instituições. São diferentes histórias que se
encontram e, é de se supor, diferentes preferências, gostos diversos.
(OSTETTO,2004 p. 13-14)
As brincadeiras que envolvem o canto, como as cantigas de roda, além
de se tornarem momentos de grande interação e prazer, proporcionam às crianças o
desenvolvimento da percepção rítmica, a identificação de segmentos do corpo e o
contato físico. Além disso, a música acaba auxiliando nas habilidades motoras,
como também em diversas áreas de conhecimento. Pois a mesma:
Desenvolve o senso musical das crianças, ritmo, “ouvindo musical”, isto é,
inseri-la no mundo sonoro. O processo musical tem como objetivo fazer com
que a crianças torne-se um ouvinte sensível de música, com um amplo
universo sono (OLIVEIRA, 2001, p.99)
A música pode ser trabalhada de forma adequada e dirigida exigindo
assim um planejamento das atividades para que no futuro não sejam “[...] encaradas
simplesmente como um “plano de fundo” para realização de outras atividades”,
desvalorizando assim todo o seu aspecto pedagógico. (BRITO, 2003, p. 189).
Pois [...] é aconselhável planejar as atividades de escuta musical, a que
difere de simplesmente deixar uma música soando enquanto cuidamos dos
bebês ou enquanto as crianças se entretêm com outras atividades. (BRITO,
2003, p. 189).
21
Proporcionar um trabalho pedagógico com crianças que envolva
musicalização é algo que certamente poderá encantar a todos, diante disso não
pode-se esquecer que cada criança possui um tempo certo para aprender. Pois
cada uma possui particularidades e necessidades, umas diferentes das outras.
Refletir sobre as capacidades presentes em cada etapa do desenvolvimento
infantil, bem como sobre as tantas conquistas, só tem razão de ser se
respeitamos o processo único e singular de cada ser humano, e se
consideramos que esse processo se dá na interação com o meio, num
ambiente de amor, afeto e respeito. (SANTOS; MATOS,2005, p.1883).
Falar de música diante desses aspectos é desenvolver trabalhos
diferenciados, de modo que consiga suprir as necessidades das crianças, fazendo
com que elas despertem o gosto por atividades musicais, através das quais as
mesmas consigam ampliar seus conhecimentos musicais, com novas brincadeiras,
músicas e jogos. Diante disso podem-se explorar aspectos cognitivos, afetivos onde
por consequência acabam contribuindo para o seu desenvolvimento infantil.
Ouvir música, aprender uma canção, brincar de roda, realizar brinquedos
rítmicos, jogos de mãos etc., são atividades que despertam, estimulam e
desenvolvem o gosto pela atividade musical, além de atenderem a
necessidade de expressão que passam pela esfera afetiva, estética e
cognitiva. Aprender música significa integrar experiências que envolvem a
vivência, a percepção e a reflexão, encaminhando-as para níveis cada vez
mais elaborados. (BRASIL, 1998, v.3, p. 48).
Pois como afirma Oliveira
A musicalização deve ser trabalhada de maneira lúdica. A criança deve
sentir prazer em freqüentar as aulas de música, usar a criatividade. Porém,
precisamos tomar cuidado para que as crianças não considerem as aulas
de música somente como divertimento, descontração, o que fará com que
elas deixem de aceitar o direcionamento do professor. (2001, p. 100)
Conforme Jeandot (1997) caberá ao educador enriquecer seu repertório
musical com discos e materiais a serem explorados, observar o trabalho de cada
criança e planejar atividades que envolvam músicas de diferentes compositores. Seu
trabalho deverá ser criativo, despertando a motivação da criança, imaginando novas
possibilidades de aprendizado e facilitando as atividades dos alunos, quando
solicitados.
A utilização da música dentro de uma sala de aula de Educação Infantil,
22
[...] tem sido, em muitos casos, suporte para atender a vários propósitos,
como formação de hábitos, atitudes e comportamentos: lavar as mãos antes
do lanche, escovar os dentes, respeitar farol e etc.; a realização de
comemorações relativas ao calendário de eventos do ano letivo, [...] a
memorização de conteúdos[...].(BRASIL, 1998, p. 47).
Dessa forma, cabe ressaltar a grande importância de desenvolver
trabalhos que valorizem as rotinas existentes dentro da escola, que de certa forma é
considerado muito importante para as crianças. Pois é o que afirma Moraes (2002,
p. 99)
A formação de hábitos e de uma rotina diária é muito importante no
desenvolvimento de uma criança, uma vez que os hábitos adquiridos na
infância acompanham pelo o resto de sua formação e facilitam a atuação de
seus educadores
Sendo assim, a música poderá contribuir para que as rotinas existentes no
ambiente escolar sejam identificadas pelas crianças, como a hora do sono, de
lanchar, de realizar a higiene ou até o momento que antecede uma atividade ou ida
ao parque.
Entretanto, ao parar para observar as formas em que a música tem sido
utilizada dentro da sala de aula, percebe-se que a mesma, muitas vezes é aplicadas
de forma incoerente e sem nenhum significado pedagógico.
Ao se analisar as práticas musicais presentes nas creches e pré-escolas
brasileiras, percebe-se que o trabalho pedagógico na área de música
encontra-se bastante defasado em relação a outras áreas do conhecimento,
as quais, em sua grande parte, já apontam para uma concepção de
educação infantil mais crítica e transformadora. (NOGUEIRA, 2005, p.3)
Pode-se assim transformar o ambiente escolar em algo mais “prazeroso,
criativo, colorido, musical, repleto de movimento e trocas dependerá, em muito, das
possibilidades do adulto, da relação que estabelece com as diferentes linguagens,
do seu repertório cultural. (OSTETTO, 2004, p. 14).
Porém, não pode-se deixar de enfatizar que a música não deve ser
apenas utilizada dentro de uma sala de aula que possua crianças menores, ela
abrange todas as idades, pois está presente em todos os momentos, desde suas
brincadeiras, ao assistirem um programa favorito, como também são usadas como
uma maneira de se expressar. Diante disso Oliveira (2001, p. 100) enfatiza que
23
No processo de musicalização, não podemos nos esquecer de que as
crianças quando brincam, usa sons espontaneamente, criam música, e
essas atitudes, se não é incentivada, tende a desaparecer com o tempo. [...]
por volta dos seis anos ou sete, as crianças passam a sentir vergonha de se
expressar por meio de sons, pois a escola não incentiva essa prática [...]
priorizam o silêncio, o que faz com que as crianças calem-se, deixem de
utilizar para se expressar.
Perante essas afirmações pode-se acreditar que a música se faz presente
em todos os momentos, sejam eles dentro ou fora do ambiente escolar. Porém
quando trabalhado dentro da escola, é disponibilizado às crianças momentos de
autoconhecimento, como uma grande forma de se expressar. “As crianças podem
perceber, sentir e ouvir, deixando-se guiar pela sensibilidade, pela imaginação e
pelas sensações que a música lhes sugere e comunica.” (BRASIL, 1998, v.3, p. 65).
Cabe aos educadores inserir a música dentro da sala para se abordar
conteúdos, como também se apropriar dela como forma de descontração,
brincadeira e, pois tudo que envolve música como, “as canções de ninar tradicionais,
os brinquedos cantados e rítmicos, as rodas e cirandas, os jogos com movimento, as
brincadeiras com palmas e gestos presentes e devem se constituir em conteúdos
trabalhados.” (BRASIL, 1998, v.3, p. 58).
Desta forma além de proporcionar momentos de descontração,
imaginação e de conhecimento, também contribui-se para o seu desenvolvimento,
pois como afirma Granja (2006, p.119), a música auxilia no
[...] desenvolvimento da percepção rítmica, melódica e harmônica, além da
capacidade de expressão e criação musical. Contudo, elas acabem
ultrapassando a dimensão estritamente musical, envolve também aspectos
de ordem corporal, social e psicológicos. O contato com o próprio corpo
para extrai sons musical e desenvolvimento da coordenação motora são
elementos que ampliam o autoconhecimento, além de serem extremamente
saudáveis. A interação com as outras pessoas para executar uma música
desenvolve tanto o lado social como o psicológico.
Antes de inserir a música, não pode-se esquecer que ela não se faz
presente somente dentro da escola, e sim em todo o seu dia-a-dia, fazendo parte do
seu contexto social. Sendo assim, deve-se proporcionar um “cotidiano prazeroso,
criativo, colorido, musical, dançante, repleto de movimento, aventura e troca
dependerá, em muito, das possibilidades do adulto, da relação que estabelece com
as diferentes linguagens, do seu repertório cultural” (OSTETTO, 2004, p.14).
24
Com isso percebe-se a grande importância de se realizar um bom
trabalho pedagógico envolvendo a música, pois ao mesmo tempo em que ela
proporciona momentos de prazer, estimula a imaginação, a fantasia, também
trabalha diversos conceitos, entre eles comportamentos, e questões envolvendo as
rotinas estabelecidas para as crianças (hora de lanche, almoço, higiene entre outros)
além da trazer diversas contribuições pra o seu desenvolvimento.
Perante isso, sugere-se rever primeiramente um estudo sobre os
assuntos que serão abordados na sala de aula. Inserir a música num planejamento
ou projeto escolar é muito fácil, porém não deve-se esquecer que ela requer certo
cuidado quanto a sua utilização, pois não deve-se apropriar da música apenas nas
horas das brincadeiras e sim durante os mais diversos momentos, principalmente
durante a atuação do professor ao ensinar algum conhecimento, pretende-se
apropriar da música de uma maneira que a mesma auxilie numa prática pedagógica
que obtenha grandes resultados.
Não há, na verdade, um único caminho a ser seguido que possa garantir,
com segurança, a eficiência da prática da educação musical. Não há
imunidade para qualquer atividade ou método. As críticas e os
questionamentos devem ser encarados como essenciais e fundamentais
para o aprendizado do novo, assim como um constante aprimoramento e
uma constante busca de renovação. (LOUREIRO, 2003, p. 165).
Diante dos estudos realizados, busca-se justificar a importância dos
pedagogos em exercer uma busca constante pelo conhecimento, aprimorando assim
suas experiências profissionais e sempre ir em busca do novo, para assim
proporcionar uma inovação no ambiente escolar.
O mais importante é o que o professor, conciente de seus objetivos e dos
fundamentos de sua prática – onde a música deve ser encarada como uma
produção e um meio educativo para a formação mais ampla do individuo –
assuma os riscos – as dificuldades e a insegurança – de construir o seu
caminho do dia-a-dia em constante reavaliação. (PENNA, 1990, p.80 apud
LOUREIRO, 2003, p. 165)
Este meio educativo favorece o desenvolvimento da prática docente em
repensar sobre o contexto infantil, enfatizando a música como um meio de integrar
as crianças nas diversas formas de conhecimento, estimulando à escuta, às
interações com outras crianças e a aproximação com o próprio educador.
25
Sendo assim, cabe agora analisar e revisar os conceitos existentes
perante as formas de utilização da música dentro da sala de aula, porém não se
esquecendo de utilizá-la sempre da maneira mais adequada para que os resultados
obtidos sempre sejam os melhores possíveis.
26
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O presente trabalho trata de uma pesquisa qualitativa, pois considera a
existência de uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo
entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em
números. São bases no processo de pesquisa qualitativa, a interpretação dos
fenômenos e a atribuição de significados.
Os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a
complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas
variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por
grupos, contribuir no processo de mudança de determinado grupo e
possibilitar, em maior nível de profundidade, o entendimento das
particularidades do comportamento dos indivíduos. (RICHARDSON,1999, p.
80).
Este tipo foi considerado adequado para a presente pesquisa por permitir
o aprofundamento e a interação com os sujeitos envolvidos no processo, no caso os
professores da escola pesquisada e as crianças.
Como instrumento de pesquisa para coleta de dados, foi realizado, num
primeiro momento, uma pesquisa bibliográfica, que consistiu da utilização “de
material já elaborado constituído principalmente de livros e artigos científicos [...]
uma técnica de análise de conteúdos”. (GIL, 2009, p.50). Partindo disso foram feitas
comparações a respeito do que os autores abordam sobre o respectivo tema.
Num segundo momento, foi realizado observações participante que
“consiste na participação real do conhecimento na vida da comunidade, do grupo ou
de uma situação determinada”. Sendo que esta observação ocorreu de forma
natural, ou seja, “quando o observador pertence à mesma comunidade ou grupo que
investiga” (GIL, 2009, p. 103).
Como um terceiro momento foram realizados entrevistas com professores
que atuam na Escola de Educação Infantil selecionada pela pesquisadora. A
entrevista “é uma técnica em que o investigador se apresenta frente ao investigado e
lhe formula perguntas, com o objetivo de obtenção dos dados que interessam à
investigação”. (GIL, 2009, p. 109).
A pesquisa constitui-se num processo de interação social entre pessoas,
sendo que uma delas o entrevistador tem como objetivo obter informações em
27
relação ao outro, o entrevistado. Opta-se pela entrevista semi-estruturada, com
algumas questões fechadas e alguma questões abertas, visando obter as
informações necessárias para responder o problema de pesquisa.
A entrevista semi-estruturada, adotada nesta pesquisa, é definida por
Triviños (1995, p. 146) como:
[...] aquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em
teorias e hipóteses, que interessam à pesquisa, e que, em seguida
oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão
surgindo à medida que se recebem as respostas do informante . Desta
maneira, o informante, seguindo espontaneamente a linha de seu
pensamento e de suas experiências dentro do foco principal colocado pelo
investigador, começa a participar na elaboração do conteúdo da pesquisa.
Triviños (1995, p. 146) privilegia o uso da entrevista semi-estruturada para
as pesquisas qualitativas, pois esta “[...] ao mesmo tempo em que valoriza a
presença do investigador, oferece todas as perspectivas possíveis para que o
informante alcance a liberdade e a espontaneidade necessária enriquecendo a
investigação.”
As entrevistas foram realizadas com professores da escola escolhida, que
atuam na Educação Infantil. Foram entrevistados um total de dez professores.
A pesquisa desenvolvida foi realizada em uma instituição de ensino
privado localizada no município de Florianópolis, com crianças entre um e dois anos.
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO
A presente pesquisa aconteceu numa instituição de ensino privado de
Educação Infantil, situada na Grande Florianópolis, bairro Bom Abrigo.
A pesquisa ocorreu em uma turma de Berçário no período matutino que
são de crianças que tem entre seis meses e dois anos de idade. A turma possui um
total de oito crianças, sendo quatro meninas e quatro meninos.
É uma turma bastante participativa e animada. No momento destinado
para a realização das atividades percebe-se que todos querem participar, o mesmo
acontece durante o momento em que realiza-se a roda da música, todos interagem.
28
4.2 OBSERVAÇÕES EM CAMPO
• Explorando o cenário observado
As observações em campo aconteceram entre os meses de Março a
Maio, numa instituição de ensino privado localizado na Grande Florianópolis.
Durante as observações realizadas, pode-se perceber alguns pontos considerados
relevantes para este trabalho.
Compreendo que a música contribui de diversas maneiras para as
crianças, pois através dela conseguimos fazer com que as crianças consigam
identificar as rotinas existentes dentro da sala de aula. Por exemplo, toda vez que
cantávamos para guardar os brinquedos era porque iríamos realizar alguma coisa
diferente, como atividade ou estava próximo ao horário das refeições, antes de
cantar a música sempre justificávamos para as crianças por qual motivo estávamos
guardando o brinquedo. No começo, apenas as professoras cantavam e com o
tempo percebemos que as crianças começaram a cantar junto.
A rotina orienta a ação da criança, assegura a ela o dia-a-dia, possibilitando
que perceba e se situe na relação tempo-espaço, [...] ajuda a criança a
prever ações e a situar-se em relação aos acontecimentos e aos horários
[...] ela permite o aparecimento do novo, do inusitado. (ABRAMOWICZ;
WAJSKOP, 1999, p.18)
Um fato bastante interessante que aconteceu durante as observações
realizadas, foi quando percebe-se que a hora do lanche se aproximava, foi solicitado
que as crianças guardassem os brinquedos, sendo assim espontaneamente uma
das crianças juntou um brinquedo do chão e começou a cantar a música “cata qui
cata lá vamos arrumar...”.
Além de contribuir para a identificação das rotinas existentes dentro da
sala de aula, que de certa forma é muito importante para o desenvolvimento da
criança, a música também proporciona estímulos para a sua coordenação motora,
tanto para ampla como para fina, como também a percepção auditiva, para isso
construímos chocalhos feitos de sucatas e com diversos tipos de sementes que
proporcionou assim barulhos distintos, que “[...] para eles, a convivência com
diferentes sons e ruídos é muito importante, pois traz novas descobertas e, com
elas, o conhecimento e a exploração do diferente, do novo” (OLIVEIRA;
29
BERNARDES; RODRIGUEZ, 2009, P.113). Desta forma incrementou-se assim as
rodas de músicas realizadas, sendo que a mesma sempre acontece no inicio do dia,
onde eram cantadas diversas músicas, muitas delas solicitadas pelas crianças.
Aproveita-se deste momento também para apresentar novas canções.
Figura 1: Roda da Música.
Fonte: Observação em campo, 2011.
Percebeu-se o grande entusiasmo das crianças diante deste momento,
todos participam e interagem com o grande grupo, fazendo rodas, uns segurando
nas mãos dos outros ou até mesmo tentando imitar os movimentos realizados pela
professora. É uma turma bastante participativa, adora quando é chegado esse
momento, ficam eufóricos, começam a dançar, pular e dar diversos sorrisos,
principalmente quando cantamos as músicas que gostam. Ao final de cada música
sempre fazem “eeeeee” seguido de palmas e muitos sorriso, porém sempre ficam
bastante atenciosos para saber qual será a próxima música a ser cantada
Quanto à utilização dos chocalhos não ficou restrita apenas para as rodas
de música, deixamos a disposição das crianças para participarem das suas
brincadeiras. Observa-se que as crianças adoram os chocalhos, mesmo porque nele
também
estão
colados
desenhos
Backardegans". 2
2
Os Backardegans é uma série musical infantil.
de
seus
personagens
prediletos,
“Os
30
As crianças brincam com os chocalhos das mais diversas formas, mas
sempre com o intuito de realizar barulhos e estão sempre carregando para todos os
lugares.
Figura 2: Interagindo com os instrumentos.
Fonte: Observações em campo, 2011.
Os chocalhos foram usados também para trabalhar a percepção auditiva
dos bebês, percebe-se que durante seus primeiros meses de vida os brinquedos
que possuem algum tipo de sons, chamam mais a sua atenção, deixando-os mais
atentos, pois os mesmos ficam procurando de onde vem o barulho, e logo quando
descobrem querem pegá-lo para brincar
Em todos os momentos das observações, percebe-se que as crianças
adoram realizar rodas nos momentos de cantar alguma música, principalmente a da
“Roda Cotia”, demonstrando bastante alegria neste momento, e quando algum dos
amigos não está participando da brincadeira, sempre sai um da roda e tenta pegá-lo
pela mão, fazendo-o participar da atividade, inclusive com os bebês. É uma turma
bastante unida, pois convivem juntos desde quando tinham apenas meses.
Ouvir música, aprender uma canção, brincar de roda, realizar brincadeiras
rítmicas, jogos de mãos e etc, são atividades que despertam, estimulam e
desenvolvem o gosto pela atividade musical, além atenderem a
necessidade de expressão que passam pela esfera afetiva, estética e
cognitiva. (BRASIL, 1998,v.3, p. 48)
31
Figura 3: Brincando de Roda.
Fonte: Observação em campo, 2011.
Juntamente com a música conseguiu-se desenvolver trabalho que
englobassem diversas áreas do conhecimento, pois através da música abordou-se
diversos temas, como corpo humano, meios de transporte, animais, entre outros.
Deve ser considerado o aspecto da integração do trabalho musical às outras
áreas, já que, por outro lado a música mantém contato estreito e direito as
demais linguagens expressivas (movimento, expressão, ciências, artes
visuais, etc.), e, por outro, torna possível a realização de projetos
integrados. (BRASIL, 1998, v.3, p. 49)
Durante a observação foram elaborados planejamentos que envolvessem
temas como a Páscoa, animais e dia das mães. Durante a aplicação dos
planejamentos, procurou-se por músicas que tivessem ligações com o tema
abordado, e juntamente com isso realizou-se diversas atividades, entre elas,
colagem, pintura com guache, giz de cera, com pincel e atividades que envolvessem
dobraduras. Foi elaborado juntamente com as crianças um livro com algumas
cantigas de rodas, tendo como tema: Os Animais.
Outro fato bastante curioso que aconteceu durante a realização desta
atividade, foi enquanto era realizada a roda da música, cantou-se uma música que
havia sido usada numa atividade recente e a mesma se localizava exposta na porta
32
e ao cantar a música, uma das crianças logo identificou do que se tratava e olhou
para a porta, recordando da atividade realizada.
Quando colocado um CD com música que eram abordadas durante a
roda da música, algumas crianças se levantam e começam a dançar, tentando
recordar a coreografia realizada pelas professoras.
Figura 4: Atividade Realizada.
Fonte: Observação em campo, 2011.
Outra situação que originaram grandes contribuições para as crianças é a
utilização de música específicas para a hora do sono, as de ritmos mais calmos.
Pois ao colocar músicas ou até mesmo cantar as músicas em um tom mais baixo e
calmo, percebe-se que aos poucos as crianças vão ficando mais tranquilas e menos
agitadas. “Embalos e canções de ninar acalmam e induzem ao sono.” (BRASIL,
1998,v.2, p. 60)
Com isso percebe-se a grande importância de utilizar a música em todos
os momentos dentro da sala de aula, deixando que a música também interaja com
as rotinas das crianças. Sendo assim conclui-se que a música utilizada no momento
certo e de forma adequada consegue trazer maiores contribuições para as crianças,
sendo assim “a música está presente em diversas situações da vida humana. Existe
música para adormecer, música para dançar, para chorar os mortos, [...]” (BRASIL,
1998, v.3, p. 47).
Perante as diversas formas que se pode explorar a música dentro do
ambiente escolar, observa-se que inúmeras são as possibilidades do seu uso e
33
inúmeras são as contribuições que ela pode proporcionar as crianças, porém não se
deve esquecer que ela deve sempre vir acompanhada de um cuidadoso
planejamento escolar, para que os mesmos não torne-se meramente um “plano de
fundo” para as atividades.
4.3 ENTREVISTAS
Após as observações realizadas, foi entrevistado um total de dez
professores, os mesmos atuam na Educação Infantil.
O
presente
questionário
encontra-se
dividido
em
três
partes:
primeiramente procurou-se conhecer o objeto a ser entrevistado, em segundo
direcionamos para o foco pedagógico e por último focamos na música.
Segue a baixo um quadro, onde constam as questões aplicadas na
entrevista realizada.
QUESTIONÁRIO
1) Com qual turma você trabalha?
2) Qual é a faixa etária das crianças com quem você trabalha?
3) Há quantos anos você atua como professora da Educação Infantil?
4) De quais formas você utiliza a música dentro da sala de aula?
5) Com que intensidade você costuma utilizar a música dentro da sala de aula?
6) Qual a importância que você vê na utilização da música na Educação Infantil?
Quadro 1- Questionário
Fonte: elaborado pela autora, 2011.
Sendo assim, pretendeu-se através
desta entrevista obter mais
conhecimento sobre a realidade presente no contexto escolar e assim alcançar o
objetivo proposto inicialmente.
34
5 ANÁLISE DOS DADOS
5.1 FOCO DA PESQUISA
A música é um instrumento muito rico no que diz a respeito à exploração
de conteúdos, inúmeras são as contribuições que ela pode oferecer para o
desenvolvimento da criança, porém para adquirir todas essa contribuições existem
maneira significativa para o seu uso.
Foi realizado um questionário com o intuito de analisar o dia-a-dia do
educador dentro de uma sala de aula, observar de qual maneira a música é
abordada, qual a intensidade com que vem sendo utilizada, independente da faixa
etária que a criança se encontra e qual a importância que o educador vê ao utilizar a
música dentro do ambiente escolar.
5.2 CONHECENDO O OBJETO DA PESQUISA
Primeiramente procurou-se conhecer o objeto a ser entrevistado,
direcionando perguntas no que diz a respeito à turma que atuam, a faixa etária que
as crianças se encontram e o tempo que atuam na educação.
Diante do questionário realizado com os professores, compreendeu-se
que a maioria está atuando no Berçário, como crianças entre zero a um ano e seis
meses. Pois como aborda o Referencial Curricular para a Educação Infantil, a
música “é uma das formas importantes de expressão humana, o que por si só
justifica sua presença no contexto da educação, de um modo geral, e na educação
infantil particularmente” (BRASIL, 1998, v.3, p.45)
Seguindo com o questionário, quando perguntado sobre o tempo que já
atuam na educação nota-se que diante de todos os professores entrevistados, a
maioria já atua na educação por mais de dois anos. Conforme o gráfico abaixo:
35
Gráfico 1: Experiência Profissional.
Fonte: Entrevista com Professores, 2011.
Com base nesses dados pode-se observar que a entrevista foi realizada
com profissionais que já possuem experiência pedagógica.
5.3 FOCO PEDAGÓGIO
Através do foco pedagógico, pretende-se conhecer quais as maneiras que
utilizam a música dentro da sala de aula, desta forma os questionamos sobre as
formas que a música vem sendo abordada dentro da sala de aula Porém, ao
analisar os dados obtidos através da entrevista nota-se que todos os professores
que foram entrevistados os utilizam de alguma maneira a música dentro da sala de
aula, independente da faixa etária que as crianças possuem.
Pois como afirma Oliveira (2001, p.102) “o trabalho com o corpo é
fundamental, pois a criança dos zero aos seis anos expressa-se por meio de sons e
gestos.”. Partindo disso, ressaltou-se a importância de abordar temas que envolvam
a musicalização dentro do ambiente escolar, pois sabemos que inúmeras são a
maneiras de abordar a música. Diante disso perguntou-se aos entrevistados de que
maneira eles utilizam a música dentro da sala de aula.
Através do gráfico exposto a abaixo percebe-se que a maioria aborda a
música com um instrumento para ensinar conteúdos.
36
Gráfico 2: Formas de Utilização da Música.
Fonte: Entrevista com Professores, 2011.
Observar-se que alguns dos profissionais entrevistados abordam a
música também como uma maneira de recreação ou como “plano de fundo” para as
atividades realizadas. Sendo que “a música, na Educação Infantil, deve ser
encarada como linguagem e como forma de conhecimento” (CONRADO; SILVA,
2006, p. 24)
Com isso percebe-se que independente da turma que o profissional da
educação está lecionando suas aulas, a música está presente nas mais diversas
formas, seja em conjunto com as atividades realizadas, nos momentos de recreação
ou como forma de ensinar conteúdos.
5.4 FOCO NA MÚSICA
Diante deste item não pode-se esquecer de ressaltar que “a música é
uma linguagem que permite a expressão singular dos valores e dos sentimentos de
cada pessoa, de cada grupo social” (GRANJA, 2006, p. 103)
Com base nisso, procurou-se através deste item explorar a intensidade
com que a música é utilizada dentro da sala de aula direcionando perguntas no que
diz a respeito à intensidade em que é utilizada a música dentro da sala de aula como
também questionamos sobre a importância que eles veem na utilização da música
na Educação Infantil. Quando questionados sobre a intensidade que a música vem
37
sendo abordada dentro da sala de aula, percebe-se através dos dados obtidos que a
música é utilizada com bastante intensidade, como está esboçado no gráfico abaixo:
Gráfico 3: A intensidade que utilizam a Música.
Fonte: Entrevista com Professores, 2011.
Com isso percebe-se que independente da forma com que a música é
abordada dentro da sala de aula e da faixa etária da criança, já que a entrevista
ocorreu com profissionais que atuam em diversas turmas, a música está
intensamente presente dentro do ambiente escolar.
Ao serem questionados sobre qual a importância que eles veem ao
utilizar a música na Educação Infantil, várias foram as respostas obtidas, já que essa
se tratava de uma pergunta aberta. Eles discorrerão das mais diversas formas,
alguns abordaram a importância para a identificação da rotina existente dentro do
ambiente escolar, pois segundo Conrado e Silva (2006, p. 24)
Utilizar a música como forma de comunicar-se e de receber comunicados é
uma pratica já usada na Educação Infantil. Reconhecer, por meio da
música, o momento do lanche, o momento da higiene (lavar as mãos e
escovar os dentes), o momento do descanso, a hora do silêncio e
concentração, entre outros, já faz parte da rotina da escola.
Outros abordaram a questão de intercalar a música com os projetos
aplicados com a turma, projetos citados por eles como: o corpo humano, animais,
meios de transporte, folclore entre outros. Que segundo Granja (2006, p. 101) “É
38
fazer da música um projeto de integração capaz de articular as diferentes dimensões
do conhecimento e propiciar uma formação mais condizente com as aspirações do
ser humano.” Sendo assim a música, como afirmado por um dos entrevistados, “é
uma fonte muito rica para o desenvolvimento da criança [...]”.
Perante os questionários realizados podemos perceber que inúmeros são
os olhares a respeito da utilização da música dentro da sala de aula.
5.5 REFLEXÕES A RESPEITO DO TEMA.
Diante das entrevistas realizadas com os profissionais da educação, foi
possível perceber que a música é abordada das mais diferentes maneiras dentro do
contexto escolar, primeiramente ao iniciar a meu projeto, achava que a música era
apenas abordada com crianças menores e que eram apenas utilizadas para se
transmitir os conteúdos que estavam envolvidos no planejamento escolar. Porém ao
ler as entrevistas surgiram situações totalmente diferentes, no que se diz respeito à
forma de utilização.
Perceber a música como uma forma de identificar as rotinas existentes
dentro da escola, foi impressionante, principalmente numa sala de Berçário, que
existem crianças entre seis meses e de um ano e seis meses.
Já com os dados obtidos através das entrevistas realizadas, foram
surpreendentes, pois novamente surgiram situações novas no que diz respeito à
música limitada a idade das crianças. Com as entrevistas e conversas realizadas
juntamente com os profissionais da educação observou-se a música de uma
maneira totalmente diferente, pois acredita-se que a música não tem idade ideal
para ser abordada como um instrumento pedagógico, ela está adequada para ser
usadas em todas as idades. Mas mesmo assim existem profissionais que realizam
um mau uso, ou ainda não possuem conhecimento sobre as contribuições que a
música pode proporcionar, contribuições essas que foram abordadas em todo
transcorrer deste trabalho, seja no que diz respeito à coordenação motora,
concentração, percepção aditiva, criatividade, momentos de prazer, relaxamento,
autoconhecimento, imaginação, entre muitos outros que são de extrema importância
para o desenvolvimento das crianças.
Acredita-se que o mau uso da música feito por profissionais da educação
está interligado a falta de informação a respeito do assunto, informações essa do
39
que diz a respeito não só das contribuições que ela pode favorecer, sim também
sobre a maneira mais adequada de utilizar, de modo que essas contribuições sejam
alcançadas. Pois é muito simples colocar a música dentro de um planejamento
escolar, basta ter apenas em mãos um aparelho de som e um CD de música, o difícil
dessa história e fazer um planejamento escolar onde a música não seja uma “figura
meramente ilustrativa”, pois toda essa contribuição só ocorrera perante as formas de
usos abordadas.
Posso dizer que alguns dos pensamentos iniciais mudaram, inovando
assim saberes a respeito dos diversos usos da música dentro da sala de aula, mas
mesmo assim ao refletir sobre os maus usos da música, deixando assim um
instrumento tão rico no que se diz a diversidade de conhecimentos que podem ser
explorados com o seu uso, como também as grandes contribuições que as crianças
podem adquirir ao fazer um uso apropriado da música.
40
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A música é algo meramente muito simples, mas conforme as formas que
são utilizadas, é possível realizar diversas ações, seja simplesmente uma forma de
divertir, de relaxar, de expressar sentimentos e sensações, e com as crianças não
teria porque ser diferente. Com os pequenos ela pode ser muito mais do que tudo
isso que foi citado acima, pode ser também um instrumento muito precioso no que
diz a respeito à aprendizagem, ou seja, pode contribuir para o seu desenvolvimento
nas mais diversas formas.
Esse foi o tema que norteou toda a construção deste trabalho. Ao traçar
os objetivos, buscou-se acima de tudo analisar a música como um instrumento de
ação pedagógica de certa forma que contribua para o desenvolvimento infantil,
perante isso pretendeu-se considerar também a importância da música, analisada
como um instrumento de ação pedagógica; identificar a música como um meio de
expressar sentimentos, sensações e pensamento e mapear os diferentes usos feitos
da música na educação infantil, pelos professores que atuam na educação.
Perante esses objetivos iniciaram-se as investigações a respeito do tema,
que se certa forma foi uma escolha muito satisfatória, sendo assim o trabalho se
norteou em algumas questões, como: Quais são as possibilidades de uso da música
no ambiente escolar?Como desenvolver um trabalho pedagógico que envolva
música, mas que ela se torne um instrumento de ação pedagógica que possa
contribuir no desenvolvimento infantil?
No decorrer da construção da primeira parte deste trabalho, surgiram
diversos questionamentos e dúvidas persistentes. Pois ao perceber tamanha
importância da utilização da música dentro da sala de aula foram encontradas
situações ao contrário do que era esperado, acreditava-se primeiramente que a
música era algo limitado, utilizado apenas para realizar momentos de recreação,
relaxamento, e quando utilizava-se no meio das mediações não poderia significar
tanto. Muitas pessoas identificam-se muito com a música, pois quando sentem-se
sozinhas, tristes e estressadas, procuram sempre frequentar lugares que toquem
música conforme seu gosto musical e diante disso não poderiam imaginar que
desde pequenos essas situações já pudessem ser vivenciadas. Através das
observações percebeu-se que a música reflete no comportamento das crianças, pois
ao colocar músicas mais calmas as crianças ficam menos agitadas e assim vice-
41
versa. Com isso conseguiu-se mudar o conceito a respeito da música no ambiente
escolar.
De certa forma, algo que se tornou significativo para a construção deste
conceito sobre música foram as observações realizadas juntamente com os dados
coletados através das entrevistas realizadas com os professores. Ao iniciar as
observações vários aspectos, entre eles a interação das crianças nos momentos das
atividades, como também a grande empatia que as crianças possuíam com a
música, fatores esses que se tornaram fundamentais para sanar as curiosidades e
dúvidas a respeito do assunto.
A música era simplesmente mais do que um momento de recreação,
divertimento e descontração, era algo muito significativo para as crianças, pois em
todos os momentos a música era abordada com a intencionalidade de transmitir
algo, e que de certa forma era sempre muito bem sucedida. Percebeu-se que a
música era muito mais significativa quando o professor interagia com as crianças,
tudo que era novo chamava muito mais a atenção, todos paravam para observar o
que iria acontecer, acabando que sem perceber conseguia-se trabalhando com a
concentração de todos.
Essa era apenas uma das inúmeras contribuições que a música pode
oferecer, pois ao trabalhar com coreografias desenvolve-se a coordenação motora
assim como sua percepção auditiva e o desenvolvimento da linguagem.
Perante isso, os resultados obtidos através das observações foram muito
mais do que sinceramente era esperado ao iniciar a construção deste trabalho,
sendo que todos os objetivos iniciais se concretizaram e pensamentos a respeito à
música se modificaram. Com isso pode-se afirmar sim que a música é um
instrumento pedagógico muito valioso no que diz respeito ao desenvolvimento
infantil.
Através dos dados obtidos com as entrevistas realizadas e observações
em campo pode-se dizer que todas as hipóteses iniciais foram supridas, mudando
alguns conceitos do que diz respeito à utilização da música no ambiente escolar,
desde a maneira de como aborda a música até a forma de aplicação.
Com isso cabe ressaltar que os pedagogos devem sempre buscar se
aprimorar de diversos instrumentos diante das práticas pedagógica para assim
poder realizar um trabalho que contribua para a formação e desenvolvimento dos
42
alunos. Ir sempre em busca do novo poderia ser considerado o melhor dilema e
fazer com que o trabalho seja realizado da melhor e mais adequada forma.
Espera-se que esse não seja apenas mais um fim de uma busca
incessante pelo conhecimento da música, existem muito mais coisas a serem
exploradas perante este assunto. Sendo assim salienta-se a importância de dar
continuidade a esta pesquisa, por ser um tema muito rico em relação às
contribuições proporcionadas às crianças. (Fica assim uma dica para quem quiser
explorar melhor esse tema).
Fico feliz por conseguir saciar e aguçar ainda mais a curiosidade a
respeito deste tema. Acredita-se que através deste trabalho aprendeu-se muito e
muitas foram as experiências compartilhadas, todas elas muito significativas. Diante
disso afirma-se que todos os objetivos iniciais foram atingidos e sanadas as dúvidas,
que foram consideradas norteadoras neste trabalho. Espera-se que a busca a
respeito do assunto não limite-se apenas a construção deste trabalho, pretende-se
dar continuidade a esta pesquisa para poder entender melhor sobre esse assunto e
compartilhar com todos. Pois acredita-se que nada que se aprende deve ficar para
si, deve-se compartilhar as vivencia e experiências adquiridas dentro da sala de aula
com outras pessoas, pois tudo que aprendemos, aprendemos para ensinar, e se
ensinamos aprendemos algo também.
43
7 REFERÊNCIAS
ABRAMOWICZ, Anete; WAJSKOP, Gisela. Educação Infantil: creches – atividades
para crianças de zero a seis anos. São Paulo: Moderna, 1999.
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Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil. V.2 e 3.
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APÊNDICES
APÊNDICES A- Questionário/ Roteiro
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Com qual turma você trabalha?
( ) Berçário
( ) Maternal I
( ) Maternal II
( ) I Período
( ) II Período
1) Qual é a faixa etária das crianças com quem você trabalha?
( ) 0–1 Anos e seis meses
( ) 1-2 Anos
( ) 2-3 anos
( ) 3-4 anos
( ) 4-5 Anos.
2) Há quantos anos você atua como professora da Educação Infantil?
( ) menos que um ano.
( ) de 1 a 2 anos.
( ) mais de dois anos.
3) De quais formas você utiliza a música dentro da sala de aula?
( )Como recreação.
( ) Para ensinar algum conteúdo.
( ) Como “pano de fundo” das atividades que você realiza.
4) Com que intensidade você costuma utilizar a música dentro da sala de aula?
( ) 1 a 2 vezes por semana.
( ) Mais de 3 vezes por semana.
5) Qual a importância que você vê na utilização da música na Educação Infantil?
ANEXOS
ANEXOS A – Autorização de Imagens
ANEXOS B- Declaração de Correção Gramatical.
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