A Ética Cristã, o Moralismo e o Amor

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A Ética Cristã, o Moralismo e o Amor
Por Pablo Ribeiro
Ao sugerir que se falasse sobre ética e vida cristã nós, jovens, pensamos a
priori em uma conotação onde se colocasse num paralelo a ética e a moral,
avaliando aquilo que tange a vida do cristão, definindo-o como tal e como
emergem questões referentes à coerência entre discurso e ação. Quantos
cristãos, especialmente nós, protestantes, já foram cobrados por condutas que
tornaram-se caricaturas do crente, em virtude de um discurso simplista da
moral que elenca os perfis dos “verdadeiros cristãos”? Eis um lugar onde nos
deparamos com um limiar que distingue a moral do moralismo, afinal, a moral
diz respeito à uma conduta essencialmente própria do indivíduo, enquanto o
moralismo irá tratar da conduta do outro. A relação entre moral e ética, já deu
pano pra manga, mas como se dá esta dimensão quando a moral é substituída
pelo moralismo?
A ética parte de um pressuposto maior, englobando a sociedade de forma
totalitária. Uma conduta pautada na ética deve ser boa para a sociedade em
geral e não para alguém especificamente. Podemos citar, assim, vários dilemas
onde se contrapõem moral e ética, como, por exemplo, um pai que presencia
um crime cometido pelo seu filho. Este pai tem o compromisso ético de zelar
pelo bem estar social, cumprindo com normas estabelecidas que o conduziriam
a uma ação onde precisaria denunciar seu filho. No entanto sua moral, que é
revestida por uma sustentação lógica e coerente, lhe diz que como pai, ele tem
a obrigação de proteger o seu filho. Os dilemas éticos, grandes ou pequenos,
são hoje os principais responsáveis pelos cristãos se tornarem cada vez mais
moralistas. Aliás, não os dilemas, mas uma certa dificuldade em lidar com eles,
o que acaba resultando em um certo radicalismo que tende a uma demarcação
de território para determinados grupos cristãos, acaba por ocorrer uma
padronização do comportamento daquele que deseja se filiar e,
consequentemente, acaba implicando numa vigilância por parte de lideranças
que acabam por cair na prática do dito moralismo.
Mas e a nossa comunidade? Onde entra nesta história? Jesus Cristo acolheu
àqueles a quem todos julgavam à margem da moral, desde a prostituta ao
chefe dos cobradores de impostos, bem como esteve neste mesmo lugar ao
assumir, tantas vezes, atitudes de subversão. Sendo assim, em primeira
instância, a Ética Cristã já se contrapõe ao moralismo. Talvez esta consciência
seja a maior das virtudes de nossa comunidade, que possui tantas outras. No
entanto, é seguro que sejamos zelosos para que o moralismo não se instale
em nossas mentes e corações de forma velada e, assim, julguemos ao irmão
quando este precisa acima de tudo do nosso amor. Afinal, pressuponho que,
para Cristo, por tantas evidências, a fundamentação da ética, que constitui um
bem estar para todas as instâncias da sociedade, se baseia exclusivamente no
amor.
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