Resultados e Discussão - VI Congresso de Meio Ambiente da AUGM

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Levantamento e análise faunística de artrópodes associados à Eucalyptus dunni Maiden
em São Francisco de Assis, RS, Brasil
Juliana Garlet a*,Ervandil Corrêa Costa a, Jardel Boscardin a, Augusto Bolson Murari a
a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Centro de Ciências Rurais, Campus
Universitário – Bairro Camobi, Prédio 42 – sala 3225 – CEP 97105-900 – Santa Maria,
RS – Brasil. E-mail: [email protected], [email protected];
[email protected]; [email protected].
* Autor para correspondência: +55(55) 9903 3732. [email protected].
Palavras-chave: Armadilha luminosa, biodiversidade, eucalipto.
Título abreviado: Levantamento de artrópodes em Eucalyptus dunni
ABSTRACT
The knowledge of insect diversity is critical associated to the forest environments is
essential for the ecological and pest management studies. Thus, the objective of this
study was to understand the insect community in Eucalyptus dunni Maiden stand with
three years old, using light traps. The stand was located in Taquari farm, São Francisco
de Assis, Rio Grande do Sul. The insects were sampled with the use of light traps every
month, from 2008, August up to 2009, March of 2009. In the faunistic analysis were
used the Diversity Indexes of: Wiener (H'), Simpson (Ds) e Margalef (α), and the
Evenness index of Shannon-Wiener and Simpson (ED). The total of insects collected
were 1471 individuals, distributed in eight orders and 99 species. The coleopteran order
totalized the biggest number of the insects collected: 45.7 %, after 26.7 % of
1
Lepidoptera, and 12.8 % of Hemiptera. The Diversity Indexes were: H' = 1.50, Ds =
0.96 e α = 13.43; and the Evenness Index: J = 0,9 and ED = 1.06. The Indexes studied
showed similarity to other homogeneous ecosystems. Entomofaunistics study show to
be an important tool in the knowledge of different ecosystems, possibility the adoption
of ecologically balanced techniques to control pests without damage to the environment.
RESUMO
O conhecimento da diversidade de insetos associados aos plantios florestais torna-se
essencial em estudos ecológicos e de manejo de pragas. Assim, o objetivo deste trabalho
foi avaliar a comunidade de insetos coletados por meio de armadilha luminosa em
plantio de Eucalyptus dunii Maiden de três anos de idade. O talhão está localizado na
fazenda Taquari, município de São Francisco de Assis, Rio Grande do Sul. Para
amostragem de insetos foi utilizada armadilha luminosa acionada mensalmente de
agosto de 2008 a março de 2009. Na análise faunísticas foram utilizados os Índices de
Diversidade de Shannon-Wiener (H'), Simpson (Ds) e Margalef (α), e os Índices de
Equitabilidade de Shanon-Wiener (J) e Equitabilidade de Simpson (ED). Durante o
período amostrado foram coletados 1471 indivíduos distribuídos em oito ordens e 99
espécies. A ordem Coleoptera foi a que apresentou o maior número de insetos coletados
45.7 %, seguida de 26.7 % de lepidópteros, 12.8 % de hemípteros. Os Índices de
Diversidade obtidos foram: H' = 1.50, Ds = 0.96 e α = 13.43; os Índices de
Equitabilidades foram J = 0.90 e ED = 1.06. Os Índices estudados mostraram
similaridade com outros ecossistemas homogêneos. Estudos entomofaunísticos
demonstram ser uma importante ferramenta no conhecimento de diferentes
ecossistemas, possibilitando a adoção de técnicas ecologicamente equilibradas no
controle de insetos-praga, sem danos ao meio ambiente.
2
INTRODUÇÃO
Espécies de Eucalyptus ocupam a maior parte da área florestada no Brasil,
apresentando cerca de 2954780 ha de área plantada. Este fato ocorre devido à
capacidade das espécies de Eucalyptus se adaptarem a diferentes habitats, possuírem
rápido crescimento e ampla aplicabilidade de sua madeira. Dessa forma a
eucaliptocultura contribui para a redução da pressão sobre as reservas nativas.
No entanto plantios florestais homogêneos tendem a simplificar o ambiente,
tornando-os mais suscetíveis ao ataque de insetos-praga. Deste modo, o conhecimento
da diversidade de insetos associados aos plantios florestais é essencial em estudos
ecológicos e de manejo de pragas, além de ser uma das técnicas comumente utilizadas
para avaliação de mudanças ambientais. Os insetos têm-se mostrado um dos indicadores
apropriados para avaliação de ecossistemas, devido à sua biodiversidade, ciclo e
capacidade de adaptação, geralmente em curto espaço de tempo (Silveira Neto et al.,
1995).
A análise faunística tem sido utilizada há anos para caracterizar e delimitar uma
comunidade, medir o impacto ambiental de uma área, conhecer espécies predominantes
bem como comparar áreas com base nas espécies de insetos (Frizzas et al., 2003). A
entomofauna de uma região depende da densidade e da biodiversidade de hospedeiros
existentes. Portanto, estudos faunísticos têm sido realizados no Brasil para o melhor
conhecimento da dinâmica das comunidades de insetos de determinados ecossistemas
(Bicelli et al., 1989; Alves et al., 1994; Carrano-Moreira & Pedrosa-Macedo, 1994;
Dorval et al., 1995; Santos & Marques, 1996).
3
O objetivo deste trabalho foi avaliar a comunidade de insetos coletados por meio
de armadilha luminosa em plantio de Eucalyptus dunii Maiden em São Francisco de
Assis - RS.
METODOLOGIA
Este trabalho foi conduzido em um talhão de E. dunni (com aproximadamente
20 ha), com três anos de idade, localizado na fazenda Taquari (29° 33' 38" S; e 55° 17'
10" W), município de São Francisco de Assis , Rio Grande do Sul.
O clima da área de acordo com a classificação de Köppen recebe denominação
de Cfah “Subtropical Mesotérmico” constantemente úmido. Esse clima é caracterizado
por meses de frio, com geadas de maio a agosto, e calor intenso, principalmente nos
meses de janeiro e fevereiro, com temperatura média do mês mais quente > 22° C e
temperatura média anual > 18°C (Moreno, 1961). A distância do mar é responsável
pelos verões quentes e pelos dias de inverno muito frios que ocorrem no oeste do
estado. A precipitação é normalmente bem distribuída durante todo ano, com índices
pluviométricos variando de 1250 mm a 1500 mm, sem estação seca definida.
Neste trabalho utilizou-se armadilha luminosa para amostragem de insetos, o
modelo utilizado foi Luiz de Queiroz (Silveira Neto & Silveira, 1969), equipada com
lâmpada fluorescente ultravioleta. A armadilha luminosa foi instalada a uma distância
de 300 m da borda do talhão, com a finalidade de amostrar a entomofauna presente no
interior deste. A armadilha foi posta a uma altura de dois metros do solo, e no interior
do saco coletor foi colocado papel de jornal cortado em tiras, para evitar o contato entre
os indivíduos coletados, minimizando assim danos a morfologia dos espécimes
coletados. As coletas foram realizadas mensalmente, de agosto de 2008 a março de
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2009. A armadilha era ligada entre as 18 h e 19 h, e desligada no dia seguinte entre sete
e oito horas da manhã.
Para a análise faunística foram utilizados os Índices de diversidade de ShannonWiener (H'), Simpson (Ds) e Margalef (α), e os Índices de Equitabilidade de ShannonWiener (J) e Equitabilidade de Simpson (ED).
O Índice de Diversidade de Shannon-Wiener (H’) é dado pela fórmula: H’ = ∑ pi
log pi, onde pi é a proporção da espécie em relação ao número total de espécimes
encontrado nos levantamentos realizados. O Índice de Diversidade Simpson (Ds) foi
calculado com base na formula: Is= ∑ ni (ni -1)/ N (N-1), onde: Is= Diversidade de
Simpson, ni= número de indivíduos de cada espécie, e N= número de indivíduos. O
Índice de Diversidade de Margalef (α) é baseado na equação proposta por Margalef e
citada por Southwood (1971): α= (S-1) * 0, 4343/ log N onde: α = Índice de
Diversidade; S= número de espécies; N= número de indivíduos.
O Índice de Equitabilidade Shannon-Wiener (J) é obtido através da equação: J =
H’/ Hmax’, onde H’ é o índice de Shannon-Wiener e Hmax’ é dado pela seguinte
expressão: Hmax’ = Log s, sendo s correspondente ao número de espécies amostradas. A
Equitabilidade de Simpson (ED) é calculada por: ED=DS/Dmáx2, onde: DS= Índice de
Diversidade Simpson e Dmáx2 é obtido pela fórmula: Dmáx2= (S-1/S)* (N/N-1), onde: S=
número de espécies, e N=número total de indivíduos da amostra. Todos os Índices
foram determinados usando o programa DivEs v. 2.0 (Rodrigues, 2007).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante o período amostrado foram coletados 1471 indivíduos distribuídos em
oito ordens e 99 espécies. A ordem Coleóptera foi a que apresentou o maior número de
insetos coletados 45.7 %, seguida de 26.7 % de lepidópteros, 12.8 % de hemípteros, 7.1
5
% de dermápteros, 5.9 % de himenópteros, 0.8, 0.5 e 0.3 % de insetos das ordens
Odonata, Blatodea e Mantodea respectivamente.
Quanto ao número de espécies coletadas novamente a ordem Coleoptera
apresentou o maior número de representantes com 46 espécies, seguidos das ordens
Lepidoptera (36 espécies), Hemiptera (6), Hymenoptera (3), Blattodea (3), Odonata (2),
Dermaptera (2) e Mantodea (1). Em estudo realizado por Oliveira (2007), avaliando
aspectos entomológicos em povoamentos de Acacia mearnsii De Wiild, com armadilhas
luminosas, o autor obteve o maior número de insetos coletados nas ordens: Lepidoptera
(37.4 %), Coleoptera (34.1 %) e Hemiptera (22.6 %), semelhante ao que ocorreu neste
trabalho, onde estas ordens também foram as mais representativas. Segundo Zanuncio
(1993), as ordens Lepidoptera, Coleoptera e Hemiptera são as mais capturadas em
armadilhas luminosas. Este fato ocorre devido ao comportamento de seus representantes
que apresentam grande número de espécies com hábitos noturnos e fototrópicas
positivas.
As ordens Lepidoptera, Coleoptera e Hemiptera, têm grande importância em
ecossistemas florestais, pois apresentam elevados números de espécies predadoras, que
podem atuar no controle biológico natural. Assim estas espécies tendem a manter
espécies consideradas pragas em número reduzido, equilibrando o ambiente.
A análise faunística dos grupos de insetos coletados neste estudo foi efetuada
pelos Índices de Diversidade de Shannon-Wiener (H'), Simpson (Ds) e Margalef (α) o
que demonstrou um valor de H' =1.50 para Shannon-Wiener, Ds = 0,96 para Simpson e
α = 13,43 para Margalef. Segundo Magurran (1988), o índice de Shannon-Wiener
expressa à uniformidade dos valores através de todas as amostras e raramente ultrapassa
4.5. Já o Índice de Simpson, é influenciado pela importância das espécies mais
dominantes, e o Índice de Diversidade de Margalef (α), expressa a relação entre o
6
número de espécies e o número de indivíduos de cada espécie pertencente a uma
comunidade (Southwood, 1995).
Neste estudo foi avaliado também o Índice de Equitabilidade de ShannonWiener (J) e Equitabilidade de Simpson (ED), que obtiveram os seguintes valores J =
0,90 e ED = 1,06 respectivamente.
Em estudo realizado por Lopes et al. (2007), avaliando insetos antófilos
associados a flores de Eucalyptus sp. em Triunfo-RS, os autores encontraram valores
similares para os Índices de Diversidade e Equitabilidade de Shannon-Wiener, aos
encontrados neste estudo, Ds = 0.97 e J = 0.92 respectivamente.
Oliveira (2007), avaliando Índice de Diversidade de Margalef em povoamento
de A. mearnsii, obteve α = 13.00 no interior do povoamento, neste trabalho encontrouse valor semelhante (13.43), supondo assim que plantios homogêneos tendem a ter
valores semelhantes quanto aos Índices de Diversidade.
CONCLUSÕES
As ordens Lepidoptera, Coleoptera e Hemiptera apresentam elevada importância
no ecossistema estudado devido ao grande número de exemplares coletados, e ao fato de
seus representantes apresentarem potencialidades no controle biológico natural.
Avaliando-se os índices estudados percebe-se uma similaridade com outros
estudos em ecossistemas homogêneos. Assim, estudos entomofaunísticos apresentam-se
como uma importante ferramenta no conhecimento de diferentes ecossistemas,
possibilitando a adoção de técnicas ecologicamente equilibradas, que minimizem os
danos ao meio ambiente.
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