28/08/2016 Universidade de São Paulo Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Departamento de Tecnologia da Arquitetura AUT 0278 - Desempenho Acústico, Arquitetura e Urbanismo Som Ranny L. X. N. Michalski e-mail: [email protected] O que é som? 1 28/08/2016 Som • Senso Comum • Som é tudo aquilo que ouvimos. • Física • Som é uma forma de energia vibratória que se propaga em um meio. • Psicologia • Som é uma sensação inerente a cada indivíduo. • Fisiologia • Se preocupa com a maneira que o som percorre as vias auditivas até atingir o cérebro. • Muitos corpos podem servir de fonte sonora, para isto eles precisam ser capazes de vibrar ou oscilar. • Depende das propriedades físicas inerentes a cada corpo: massa e elasticidade. Som • Percepção da vibração de um meio promovida por uma fonte e propagada no meio até um ouvinte. • O som propaga-se no meio através da vibração de partículas do meio em torno da posição de equilíbrio. 2 28/08/2016 Onda sonora • É mecânica – O som requer um meio para propagar (sólido, líquido ou gasoso). • E tridimensional. Ex.: água superficial de uma lagoa, quando tocada, gera ondas – espaços de pressão e depressão. Onda sonora • O som pode ser percebido entre ambientes, por menor que seja a vibração. 3 28/08/2016 Som O som se propaga no vácuo? 4 28/08/2016 Som • Som no ar pode ser definido como uma variação da pressão em relação à pressão atmosférica detectável pelo sistema auditivo. • A menor variação de pressão detectável pelo ouvido humano é da ordem dos 2x10-5 Pa, ou seja, 0,00002 Pa. Som 5 28/08/2016 Som • Uma fonte sonora, quando estimulada, produz perturbações na densidade do meio ao seu redor. Estas perturbações geram flutuações (aumento ou diminuição) de pressão no meio. Enquanto a onda sonora passa, as partículas no meio oscilam para a frente e para trás de suas posições de equilíbrio, mas é a perturbação que viaja, e não as partículas individuais no meio. Ondas longitudinais • A propagação ocorre na mesma direção do movimento das partículas. 6 28/08/2016 Ondas longitudinais • A propagação ocorre na mesma direção do movimento das partículas. • Onda na água: Ondas transversais • A propagação ocorre na direção perpendicular ao movimento das partículas. 7 28/08/2016 Ondas transversais • A propagação ocorre na direção perpendicular ao movimento das partículas. • Ola (torcida)! • Propagação do som no ar (vídeo) 8 28/08/2016 Características do Som • A onda sonora se caracteriza por alguns parâmetros: • Frequência • Período • Amplitude • Comprimento de Onda • Velocidade de Propagação do Som • Frequência • Número de ciclos que as partículas realizam em um segundo. • É a taxa pela qual a fonte sonora vibra em Hz (ciclos por segundo). • É o inverso do período. Onda plana - Se olharmos para uma posição fixa no espaço a pressão varia com o tempo: f 1 T [Hz] 9 28/08/2016 • Período • Tempo de duração de um ciclo. É o inverso da frequência. T 1 f [s] • Amplitude • É a medida do afastamento das partículas de sua posição de equilíbrio. 10 28/08/2016 • Amplitude, tempo e frequência: 400 Hz 800 Hz 400 Hz + 800 Hz • Frequência 100 Hz 500 Hz 200 Hz 300 Hz 400 Hz 800 Hz 1000 Hz 2000 Hz 4000 Hz 8000 Hz 11 28/08/2016 • Comprimento de onda (λ) • Distância que o som percorre durante um período (ciclo). Onda plana - Se pararmos o tempo e olharmos a pressão variar no espaço: - Comprimento de onda grande - Comprimento de onda pequeno • Todo som, simples ou complexo, pode ser caracterizado por seu comprimento de onda. • Velocidade de propagação do som • A onda sonora é propagada na velocidade do som c: cf c T Onde: c é a velocidade de propagação do som, em m/s. λ é o comprimento de onda (distância que o som percorre durante um período), em m. T é o período, em s. f é a frequência, em Hz. 12 28/08/2016 • Velocidade de propagação do som • Varia de acordo com o meio de propagação. Alguns exemplos: • Ar seco (a 20oC) • Ar úmido (70% a 20oC) • Vapor d’água • Água (líquida) • Água do mar • Rochas, alvenarias • Madeira • Aço • Vidro 345 m/s 347 m/s 405 m/s 1.434 m/s 1.504 m/s 2.500 m/s 4.000 m/s 4.990 m/s 5.000 m/s • Quanto mais denso, ........?......... a velocidade. • Velocidade de propagação do som • Quanto mais denso, maior a velocidade. 13 28/08/2016 • Velocidade de propagação do som • Depende da elasticidade do meio de propagação. • Pode ser descrita, segundo a fórmula: c E Onde: E é o módulo de elasticidade (Young) do meio de propagação ρ é a densidade do meio de propagação • Velocidade de propagação do som • Depende da temperatura e da umidade do meio de propagação. • No ar, ela varia com a temperatura, conforme a fórmula: c 331, 40 0, 607t Onde: t é a temperatura em oC. • Quanto maior a temperatura, ........?......... a velocidade. 14 28/08/2016 • Comprimento de onda (λ) – pode ser obtido conhecendo a velocidade do som e a frequência. c cT f Onde: c é a velocidade de propagação do som (m/s); T é o período (s). f é a frequência (Hz). graves médios agudos • Velocidade de propagação do som (c) cf • Quanto mais alta a frequência, menor o comprimento de onda e viceversa. • Geralmente consideram-se os comprimentos de onda sonora no ar, adotando c = 340 m/s. Exemplo 1: Calcule os valores dos comprimentos de onda em função da frequência para os seguintes valores de frequências: f (Hz) 20 50 100 200 500 λ (m) ? ? ? ? ? f (Hz) 20 50 100 200 500 1000 2000 4000 1,7 0,68 0,17 0,085 λ (m) cf 17,0 6,8 3,4 1000 2000 4000 ? c 0,34 f ? ? 15 28/08/2016 Exemplo 2: O ruído de um mosquito é produzido quando ele bate as asas a uma média de 550 batimentos por segundo. a) Qual é a frequência em Hz da onda sonora? b) Assumindo que a onda sonora se move com uma velocidade de 340 m/s, qual é o comprimento de onda do som? a) 550 ciclos por segundo f 550 Hz b) c 340 m/s cf c 340 0, 618 m 62 cm f 550 Tipos de Som Som puro • Som simples ou puro • Uma nota emitida por um instrumento musical simples, ex: diapasão. • Apresenta forma de uma curva periódica, regular, senoidal. • Toda energia numa única frequência. dó central na música λ ≈ 1,3 m f = 262 Hz 16 28/08/2016 • Sons complexos • São emitidos pela maioria dos instrumentos musicais. • Som resultante da contribuição de várias frequências simultâneas. • Maioria dos sons. • Qualquer som pode ser construído adicionando ondas senoidais de diferentes amplitudes, frequências e tempos iniciais. • Tipos de onda sonora: • A onda sonora pode ser classificada de acordo com o número de frequências presentes nela, em senoidal ou complexa e periódica ou aperiódica. • Onda Senoidal: • Origina o som puro, composto de uma só frequência. • Onda Complexa: • Resulta da soma de um número de ondas senoidais simples. • É constituída por mais de uma frequência. • Grau de complexidade: • Depende do número de ondas senoidais combinadas. • Valores específicos de amplitude, frequência e fase dos componentes senoidais. 17 28/08/2016 • A onda sonora pode ser classificada de acordo com a presença ou ausência de periodicidade em: • Onda Periódica: • A forma da onda se repete em ciclos (intervalos iguais de tempo). • Pode ser construída a partir da soma de vários tons puros com várias frequências e amplitudes. • Onda Aperiódica: • Falta de periodicidade • Movimento vibratório → aleatório • Comuns no dia-a-dia • A onda sonora pode assumir várias formas: Forma de onda: Onda senoidal Onda quadrada Onda triangular Onda dente-de-serra Ruído 18 28/08/2016 • Análise espectral: análise da forma de onda em suas componentes senoidais. • Método de Fourier - permite que qualquer forma de onda possa ser decomposta, ou analisada, num conjunto de amplitudes e frequências das ondas senoidais que a compõem. • Espectro de frequência: uma representação da distribuição da energia sonora entre várias frequências; o gráfico da amplitude de cada componente de onda senoidal contra sua frequência. som puro som complexo 19 28/08/2016 - Mas como nós ouvimos? - Que frequências nós ouvimos? - Como nosso ouvido se comporta? Ouvido Humano • Sistema sensível, delicado, completo e discriminativo • Permite perceber e interpretar o som • Transdutor – transforma vibração em sinais elétricos • Pode ser dividido em três diferentes partes: • Ouvido Externo • Ouvido Médio • Ouvido Interno 20 28/08/2016 Ouvido Humano ouvido externo ouvido interno ouvido médio • Ouvido Externo • Composto por 3 elementos – pavilhão, tubo ou canal auditivo e tímpano. • Pavilhão – (ouvido visível – orelha) – forma afunilada para captar os sons. • Tímpano (membrana timpânica, côncava) – as ondas sonoras o atingem e o fazem vibrar – transforma ondas sonoras em vibrações mecânicas. 21 28/08/2016 • Ouvido Médio • Composto por 3 ossículos (martelo, bigorna e estribo), janela oval, janela circular e Trompa de Eustáquio. • A vibração do tímpano é transmitida e amplificada ao longo dos ossículos, que também vibram. • Contém importantes elementos para proteger o sistema de audição: Trompa de Eustáquio – iguala a pressão dos dois lados do tímpano de forma automática e fornece oxigênio ao ouvido médio. • Ouvido Interno • Cóclea (caracol) • contem um fluido e as células ciliadas (colhe as informações, ou seja, as vibrações são transmitidas à cóclea). 22 28/08/2016 • Ouvido Interno • Cóclea (caracol) • Células ciliadas – são estimuladas pelas mudanças de pressão do líquido na cóclea, gerando uma corrente elétrica que vai até o nervo auditivo. • Nervo auditivo – transmite as informações (fluxo nervoso) até o cérebro. • Canais semicirculares – manutenção do equilíbrio do corpo (informam ao cérebro sobre os movimentos da cabeça). Ouvido Humano 23 28/08/2016 Ouvido Humano Ouvido Humano (vídeo) 24 28/08/2016 Ouvido Humano (vídeo) • Percepção espacial do som • A percepção espacial sonora é possível por termos dois ouvidos. • Diferença de tempo e de intensidade que o som chega em um ouvido ou no outro. • Informa a direção de chegada do som – – localização ou direção da fonte. 25 28/08/2016 • Intensidade: • Está relacionado com a amplitude sonora, a pressão efetiva e a energia transportada. • Esta grandeza é popularmente conhecida como volume. • Permite classificar o som de fraco a forte (sons fracos / sons fortes). • Decresce com a distância da fonte sonora. • Altura: • Está relacionada com a frequência da onda sonora (não à intensidade sonora). • Permite classificar o som de grave a agudo (sons graves / médios / agudos). • Usada quando se refere à música. 26 28/08/2016 • Timbre: • Característica da fonte sonora, e não do som. • Permite diferenciar a fonte sonora. • As ondas sonoras apresentam formatos diferentes que dependem da fonte emissora. • Timbre: • Quando sons possuem mesma frequência (altura) e intensidade, eles ainda podem ser diferenciados através do timbre. 27 28/08/2016 • Inteligibilidade • Grau de compreensão da fala. • Principal característica acústica de um ambiente; • Reflete o grau de entendimento das palavras em seu interior; • Locais onde a comunicação é primordial, a inteligibilidade é fator decisivo. • Inteligibilidade • pessoas e mobiliário – som passa a ser absorvido por estes facilitando a inteligibilidade. 28 28/08/2016 • Inteligibilidade • Testes de inteligibilidade da palavra: • Ditado! Sala de aula • Inteligibilidade • Testes de inteligibilidade da palavra. 29 28/08/2016 • Privacidade • Depende de ouvir e ser ouvido, compreendendo a mensagem falada. • Depende do tipo de atividade realizada em um ambiente e do tipo de informação a ser ou não ouvida por outras pessoas no mesmo ou em outro ambiente. • Conversação – sem necessidade de sigilo. • Concentração – atividades que requerem concentração e algum sigilo. • Contemplação – confidencial. • Mascaramento • Um som pode mascarar outro som. • Consiste na sobreposição de sons: Dois ou mais sons percutem ao mesmo tempo no mesmo ambiente e se “embaralham”, dificultando sua identificação. • Sons de baixa frequência mascaram muito mais facilmente os sons de alta frequência, do que o contrário. • O som de maior intensidade sobrepõe-se ao de menor intensidade. 30 28/08/2016 • Mascaramento • Em algumas situações um razoável ruído de fundo pode ser útil, para por exemplo: - mascarar sons indesejáveis. - minimizar o efeito de ruídos intrusivos. • Mascaramento • Em algumas situações um razoável ruído de fundo pode ser útil, para por exemplo: - mascarar o diálogo, mantendo a privacidade do mesmo em grandes ambientes. 31 28/08/2016 • Mascaramento • Em algumas situações um razoável ruído de fundo pode ser útil, para por exemplo: - manter a sanidade das pessoas: os humanos não podem tolerar silêncio absoluto num ambiente perfeitamente à prova de som (sem ruído) por nenhum período de tempo. • Resposta do ouvido em relação à duração dos sons emitidos • Sinais de longa duração • Permite a ativação do sistema de defesa do ouvido. • São interpretados pelo ouvido humano com intensidade semelhante à intensidade real do sinal. • Sinais de curta duração (sinais impulsivos) • Quase não são perceptíveis pelo ouvido humano e podem não permitir a ativação do sistema de defesa do ouvido humano. • Em vez de provocarem apenas diminuição da audição temporária, podem causar trauma auditivo. 32 28/08/2016 Faixa de Audição Humana e Sensibilidade • O som audível varia conforme a intensidade e a frequência. • Percepção das frequências: • Até chegarem às células ciliadas na cóclea: • Ondas sonoras percorrem distâncias diferentes, com diferentes tempos de atraso. • Distinção das frequências. • Sons agudos: estimulam as células ciliadas próximas a entrada da cóclea – ondas sonoras percorrem distâncias menores. • Sons graves: estimulam as células situadas mais no interior da cóclea – ondas sonoras percorrem distâncias maiores. 33 28/08/2016 • Resposta do ouvido em relação à frequência • O ouvido transforma as pressões sonoras em pressões auditivas, mas a sua sensibilidade é limitada, não percebendo todas as frequências de igual maneira. Ou seja, o ouvido não é igualmente sensível para todas as frequências: 50 dB em 100 Hz não soa tão alto quanto 50 dB em 500 Hz. • Resposta do ouvido em relação à frequência • Sons com o mesmo nível de intensidade e frequências diferentes não são percebidos como se fossem igualmente intensos. • A sensibilidade auditiva é máxima para sons de frequências próximas a 4000 Hz, diminui nas frequências mais altas e atenuase fortemente e especialmente nas frequências baixas. 34 28/08/2016 • Gráfico de Audibilidade: • Faixa de frequências e de níveis em decibéis audíveis • Percepção média de indivíduos com percepção normal • Escala logarítmica • Limiar da audição (percepção) → Nível 0 dB para 1000 Hz. • Limiar da dor → ± 120 dB • Contornos padrão de audibilidade para tons puros • Curvas isofônicas: • Curvas de igual sensação sonora. • Traduzem a resposta subjetiva do ouvido, medida em fons. 35 28/08/2016 • Contornos padrão de audibilidade para tons puros: Equal Loudness [Fon] O contorno de 60 Fone indica os NPSs em dB em cada frequência que soariam igualmente “altos” à 60 dB em 1 kHz. O ouvido é menos sensível a frequências baixas. Limiar da audição 4kHz - frequência na qual o ouvido é mais sensível. • Faixa de frequências e de níveis em decibéis audíveis: 36 28/08/2016 • Contornos padrão de audibilidade para tons puros: • Contornos padrão de audibilidade para tons puros: • Exemplo: • Um som de 50 dB a 1000 Hz, o seu valor em fons corresponderá ao mesmo de um som de 60 dB a 140 Hz e ao mesmo de um som de 42 dB a 4000 Hz. • Ou seja, para que ele, a 1000 Hz, seja percebido, subjetivamente, como se fosse da mesma intensidade que um som a 4000 Hz, é necessário que ele tenha, objetivamente, maior nível sonoro e, comparado à frequência de 140 Hz, ele necessita de um menor nível sonoro. 37 28/08/2016 • Variações médias no limiar da audição com a idade para tons puros Faixa de frequência audível • Som audível • O som audível varia conforme a intensidade e a frequência. 38 28/08/2016 Faixa de frequência audível • Como é uma faixa de frequência muito grande, para padronizar as medições, surgiram as... Bandas de frequência • Representação do som em função da frequência, dividida em bandas de frequência. Bandas de frequência • Representação do som em função da frequência, dividida em bandas de frequência. 39 28/08/2016 Bandas de frequência f f 2 f1 f0 f2 f0 f1 f 0 f 2 f1 Δf - largura da banda, em Hz. f0 - frequência central da banda, em Hz. f1 e f2 - frequências limites superior e inferior, em Hz. Banda de oitava e banda de um terço de oitava • Para padronizar as medições, duas bandas de largura proporcional normalizadas, em que f2/f1 assume os valores 2 e 21/3. 400 Frequências centrais normalizadas das bandas de oitava 500 630 e bandas de terço de oitava: Frequência Central [Hz] 100 125 160 200 250 315 800 1000 1250 1600 2000 2500 3150 4000 5000 40 28/08/2016 Absorção do material x Banda de oitava Exercício 1 41