aumento de coroa clinica de dentes anteriores para tratamento de

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CONEXÃO FAMETRO:
ÉTICA, CIDADANIA E SUSTENTABILIDADE
XII SEMANA ACADÊMICA
ISSN: 2357-8645
CONEXÃO FAMETRO:
Ética, Cidadania e Sustentabilidade
XII SEMANA ACADÊMICA
Inserir os nomes dos autores (Luana Dias)
PROJETO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
AUMENTO DE COROA CLÍNICA DE DENTES ANTERIORES PARA
TRATAMENTO DE SORRISO GENGIVAL: RELATO DE CASO
Francisco Weydson Santos Farias
Hylanna Maciel Almeida de Queiroz
Liliane Emilia Alexandre de Oliveira
Denise Rodrigues Mourão da Rocha
Prof. Jorge Francisco Fiamengui Filho (Orientador)
FAMETRO – Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza
[email protected]
Processo de cuidar.
RESUMO
O Sorriso é um dos modos mais importantes de expressão do ser
humano. Uma das alterações que podem ocorrer no sorriso é o sorriso
gengival, no qual mais de 3mm de gengiva é exposto no sorriso espontâneo.
Um dos causadores do sorriso gengival pode ser a erupção passiva alterada,
que ocorre quando, após a erupção dos dentes, a marginal gengival não migra
apicalmente e permanesce sobre a coroa clínica do dente. No presente
trabalho, apresentamos um caso clínico tratado com aumento de coroa clínica
para correção do sorriso gengival que causada uma desarmonia estética no
sorriso da paciente. Ao final de 3 semanas de cicatrização, foi possível notar
uma melhora evidente na harmonia do sorriso, com maior exposição dos
dentes e menor exposição gengival, proporcionando grande satisfação à
paciente.
Palavras-chave: Sorriso, Periodontia, Estética Dental.
INTRODUÇÃO
Dentre as áreas da Odontologia, a Periodontia desempenha papel fundamental na construção da estética facial, que tem como um dos seus “desta-
ques” o sorriso. É interessante uma harmonia entre os lábios, dentes e gengiva
(GARBER, 2000).
A periodontia mudou o seu enfoque nos últimos anos, deixando de preocupar-se exclusivamente com a prevenção e tratamento das doenças, e passando a buscar alternativas efetivas para reconstrução dos tecidos perdidos e
plastias nos tecidos ainda preservados, buscando melhora estética (SILVA;
CARVALHO; JOLY, 2007).
Vários aspectos devem ser analisados quando buscamos um sorriso harmonioso. Entre eles, vemos a importância do contorno gengival, que acompanha a conformação dos dentes e do tecido ósseo adjacente, preenchendo as
ameias interproximais e formando as papilas dentárias. Além disso, a posição
do zenite gengival, o biotipo periodontal (espesso ou festonado) e o quanto os
dentes e gengiva aparecem durante o sorriso (FOWLER, 1999).
Classicamente, os sorrisos são classificados como baixo, quando ao
máximo 75% dos dentes são aparecem no sorriso; médio, quando o dente
pode ser observado em seu todo e parte das papilas gengivais são visíveis;
alto, quando, além dos dentes, grande parte do tecido gengival é visível. Quan do, essa quantidade de gengiva aparente ultrapassa 3mm, podemos chamar
também de sorriso gengival ou “gengivoso” (TJAN e MILLER, 1984).
Uma das principais alterações estéticas relacionadas ao sorriso é o sorriso gengival, que é caracterizado pela exposição demaziada do sorriso, o que
pode estar relacionada a diferentes aspectos como: crescimento vertical em excesso, extrusão dento-aveolar, lábio superior curto, hiper-atividade do lábio superior, erupção passiva alterada e a combinação de vários fatores (GARBER E
SALAMA, 1996).
O periodontista pode intervir de maneira decisiva em casos onde a alteração é a erupção passiva alterada. Nestes casos, as proporções faciais e o
comprimento/motilidade labial estão normais, no entando, existe grande exposição de gengiva acompanhada também de coroas clínicas curtas. Essa alteração pode ocorrer se, após a erupção dos dentes, os tecidos moles não migra rem apicalmente até a proximada da Junção cemento-esmalte (JCE). Nestes
casos, o profissional pode indicar o aumento de coroa clínica para aumentar a
exposição dentária, tornando o sorriso mais harmônio e agradável SILVA; CARVALHO; JOLY, 2007).
Nos procedimentos de aumento de coroa clínica para tratar a erupção
passiva alterada, o tipo de incisão é determinado pela quantidade de gengiva
inserida, analisando se parte deste tecido queratinizada pode ser eliminado ou
não. Além disso, a distância entre a crista óssea alveolar (COA) e a JCE irá determinar ou não a necessidade da elevação de um retalho para a remodelação
óssea, com intenção de criar espaço suficiente a estabilização da inserção conjuntiva e estabilidade dimensional da margem gengival (LEVINE E MCGUIRE,
1997).
O objetivo deste trabalho é descrever um caso clínico de tratamento de
erupção passiva alterada com aumento de coroa clínica.
DESENVOLVIMENTO / PERCURSO METODOLÓGICO
Paciente do sexo feminino, normoderma, 22 anos, com adequada saúde
bucal e saúde periodontal, compareceu ao consultório odontológico queixandose de vergonha ao sorrir. A paciente achava seus dentes curtos e relatava não
gostar da grande quantidade de gengiva que compunha o seu sorriso. Clínicamente, foi possível observar uma grande quantidade de gengiva inserida, associada à coroas clínicas curtas (figura 1).
Após exame radiográfico, foi possível verificar que a coroa dentária dos
dentes eram de tamanho maior do que os apresentados clínicamente, confirmando assim que a proporçao tamanho/largura dos dentes era normal e apenas uma parte do comprimento total das coroas dentárias estavam visíveis.
Além disso, após sondagem, que foi em média de 2mm na grande maioria dos
dentes, verificamos a necessidade de realização de osteotomia para aumentar
o espaço para a acomodação dimensional dos tecidos moles na posição correta (figura 2).
Durante a anamnese foi constatado que a paciente não apresentava alterações sistêmicas importantes e não era tabagista. Porém, como protocolo, foram solicitados Hemograma, Coagulograma e Glicemia em jejum para verificar
possíveis alterações que pudessem impedir ou causar qualquer complicações
durante o procedimento cirurgico.
Após anestesia local infiltrativa, o recontorno gengival foi realizado com
um bisturi com lâmina 15c, delimitando a nova margem gengival (figura 3).
Após eliminação do tecido em excesso (figura 4) um retalho total foi elevado
com a utilização de um descolador de Molt para ter acesso ao osso. Assim, foi
possível visualizar que a COA estava, em geral, muito próxima da JCE, reafirmando a necessidade da osteotomia (Figura 5). A osteotomia foi realizada com
brocas e cinzéis (Figura 6).
Após este procedimento, o retalho foi reposicionado e suturado com fil
reabsorvível, para evitar desconfortos ao paciente no momento do pós-operatório com o procedimento da retirada dos pontos (figura 7) . Não houve a neces sidade de colocação de cimento cirúrgico, visto que o retalho foi bemcoaptado
e a intenção é que a cicatrização fosse por primeira intenção. A paciente foi
medicada com o antiinflamatório Nimesulide 100 mg, de 12 em 12 horas, durante 5 dias.
Após 3 semanas, uma evidente melhora estética foi notada, com aumento das coroas clínicas e grande satistação da paciente (figura 8).
Figura 1. Imagem clínica intra-bucal da paciente. Podemos notar a grande
quantidade de mucosa ceratinizada e as coroas clínicas curtas.
Figura 2 – Sondagem do dente 11, mostrando que a marcação da sonda entre
2 e 3 mm, evidênciando a necessidade do recontorno gengival e ósseo para
estabilização da margem gengival em nova posição.
Figura 3. Incisões em bisel interno delimitando o nível da nova margem gengi val, com o intuíto de eliminar o parte do tecido queratinizado e expor a coroa
clínica dos dentes.
Figura 4. Nova margem gengival delimitada pela incisão com lâmina 15c e remoção do colarinho de mucosa ceratinizada.
Figura 5. Retalho mucoperiostal rebatido, mostrando a posição da COA muito
próxima a JCE.
Figura 6. Após a osteotomia, observamos o aumento da distância entre a COA
e a JCE, ganhando assim espaço para acomedação do tecido mole periodontal
e futura estabilização da margem gengival.
Figura 7. Pós operatório imediato.
Figura 8. Antes e depois do procedimento. Podemos notar o aumento das coroas clínicas e melhora estética, com menor exposição do tecido gengival, melhorando a harmonia do sorriso.
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Diversos fatores devem ser considerados quando buscamos um sorriso
harmonioso. Entre esses fatores estão a coloração e contorno gengival, simetria e posicionamento dos dentes e tecidos moles (da Silva et al., 2007).
Tjan e Miller (1984) classificaram os sorrisos em 3 tipos (alto, médio e
baixo), levando em consideração a posição da borda inferior do labio superior.
Porém, é de extrema importância a diferenciação entre o sorriso alto e o sorriso
gengivoso. O sorriso alto é caracterizado pela aparição por completo dos dentes anteriores e uma quantidade de gengiva variável, enquanto que o sorriso
gengivoso é caracterizado pela exposição de mais de 3 mm de gengiva durante
o sorriso (BLITZ, 1997).
A exposição excessiva da gengiva durante o sorriso, associada à coroa
clínica curta dos dentes anteriores, pode resultar em problemas estéticos. Um
correto planejamento cirúrgico para o reposicionamento da margem gengival
mais apicalmente é necessário, levando em conta a quantidade de mucosa ceratinizada, comprimento dos dentes e a relação entre a crista óssea alveolar e
a junção cemento esmalte das referidas áreas (MONDELLI; SONOHARA; LANZA, 2002). Por isso, é de fundamental importância o conhecimento das estruturas que compoem o espaço biológico e suas medidas, sabendo que no periodonto sadio o sulco gengiva histológico (0,69mm), o epitélio juncional (0,97mm)
e a inserção do tecido conjuntivo (1,07mm) totalizam 2,04 em média (GARGIULO, 1961). Essas medidas são referências para diagnosticar a necessidade ou
não de osteotomias para o ganho de espaço para acomodação deste tecido,
essencial como uma barreira de defesa entra ação do biofilme dental e a crista
óssea alveolar, mantendo a fisiologia e saúde periodontal (STOLL E NOVAES,
1997)
No presente caso, através do exame clínico e radiográfico, foi observado
o sorriso gengivoso da paciente, juntamente com coroas clínicas curtas, o que
caracterizou a erupção passiva alterada. Assim, com a presença de grande
quantidade de mucosa ceratinizada, parte deste tecido pode ser removido e a
remodelação com osteotomias foi necessária para ganhar espaço para acomodação dos tecidos moles e a manutenção das distâncias biológicas. É importante lembrar que, em casos onde não houver possibilidade da manutenção de
pelo menos 2 mm de mucosa ceratinizada, as incisões para acesso ao tecido
ósseo devem ser realizadas por via intrasulcular, preservando o tecido para um
reposicionamento apical do mesmo (Joly, de Carvalho, da Silva, 2009).
Cuidados devem ser tomados no momento da osteotomia, visto que a remoção em excesso do osso alvseolar pode causar problemas estéticos como
futuras recessões gengivais ou buracos negros nos espaços interproximais
(Carranza, 2007). Dentre as possíveis contra-indicações para esse procedimento estão a presença de processos inflamatórios locais e em casos onde os
dentes tem a proporção largura/comprimento alteradas. Complicações pós operatórias podem ocorrer, como por exemplo a perda de papilas interproximais,
prolongamento extremo de coroas clínicas, coroas clínicas desiguais e alterações fonéticas (MORLEY e EUBANK, 2001). No caso apresentado neste estudo, houve boa cicatrização dos tecidos periodontais e a paciente não teve problemas pós-operatórios.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O procedimento de aumento de coroa clínica melhorou a harmônia do
sorriso da paciente. Quando bem planejado, o aumento de coroa clínica é um
procedimento previsível, e pode colaborar para resolver problemas como o sorriso gengivoso, em casos diagnosticados como erupção passiva alterada. A paciente teve uma melhora na autoestima e não sente mais vergonha ao sorrir.
REFERÊNCIAS
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Gargiulo, A.W. et al. - Dimenson of Dentogingival Junction in Humans, J. Periodontol. 32(3): 261- 267, July, 1961. Levine RA, McGuire M. The diagnosis and
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Stoll LB, Novaes AB. Importância, indicações e técnicas do aumento de coroa
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Tjan AH, Miller GD, The JG. Some esthetic factors in a smile. J Prosthet Dent.
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