Baixar Aqui - Fundação do Câncer

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RELATÓRIO
ANUAL
2013
PLANO
de ATENÇÃO
ONCOLÓGICA,
um modelo
para o Brasil
HOSPICE
‘Dar mais vida aos dias
do que acrescentar dias à vida’
PARA DOAÇÕES, ACESSE:
www.cancer.org.br/doe
Rua dos Inválidos, 212 – 11º andar
www.cancer.org.br
20231-048 – Rio de Janeiro – RJ
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t. +55 21 2157-4600 • f. +55 21 2157-4630
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MEDULA ÓSSEA
Capacidade de atendimento
vai crescer de 20% a 30%
1
ÍNDICE
RELATÓRIO ANUAL 2013
APRESENTAÇÃO
3
ENTREVISTA
‘Podemos registrar avanços importantes’
Marcos Moraes, Presidente do Conselho de Curadores da Fundação do Câncer
4
PROJETOS EM DESTAQUE
Plano de Atenção Oncológica, um modelo para o Brasil
8
‘Dar mais vida aos dias do que acrescentar dias à vida’
14
Medula óssea: capacidade de atendimento vai crescer de 20% a 30%
18
PESQUISA
Gestão de rede nacional e adaptação ao cenário mundial
22
Programa de Oncobiologia da UFRJ
23
Forças unidas contra o câncer torácico
25
MOBILIZAÇÃO
Resultados positivos nas mídias digitais
26
Regina Duarte estrela campanha contra o câncer
27
SOLIDARIEDADE
Atenção aos sintomas salva crianças e jovens
28
Unidos pela Cura: diagnóstico precoce e pronto atendimento
30
ARTIGO
Gestão a serviço da causa
Celso Ruggiero, Diretor-Executivo da Fundação do Câncer
32
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
34
22
CONSELHO DE CURADORES
Marcos Fernando de Oliveira Moraes
Presidente
CONSELHEIROS
Antenor Gomes de Barros Leal
Arminio Fraga Neto
Carlos Mariani Bittencourt
Ivan Ferreira Garcia
Joaquim José do Amaral Castellões
José Ermírio de Moraes Neto
Luiz Antonio Santini Rodrigues da Silva
Luiz Felippe de Queirós Mattoso
Maria do Carmo Nabuco de Almeida Braga
Paulo Niemeyer Soares Filho
Roberto Pontes Dias
CONSELHO DIRETOR
Peter Byrd Rodenbeck
Diretor Presidente
Luiz Fernando Salgado Candiota
Diretor Vice Presidente
Amaury de Azevedo
Diretor Técnico Administrativo
Sérgio Tabone
Diretor Tesoureiro
Edgar Flexa Ribeiro
Diretor Secretário
CONSELHO FISCAL
Eliane de Castro Bernardino
José Humberto Simões Corrêa
José Kogut
José Mauro Depes Lorga
ADMINISTRAÇÃO
Celso Ruggiero
Diretor-Executivo
APRESENTAÇÃO
A longa caminhada pela prevenção e controle do câncer reúne
todos os dias médicos, enfermeiros, pesquisadores, cientistas,
funcionários de hospitais, consultórios e laboratórios, gestores
públicos, e também milhares de pessoas e instituições que
colaboram com a causa, através de trabalho voluntário e doações.
A Fundação do Câncer é uma das mais tradicionais e atuantes
entidades comprometidas com esta causa no Brasil. Este relatório
é uma prestação de contas do trabalho da entidade no ano que
passou e uma oportunidade para anunciar o que está sendo
planejado para os programas e projetos em curso, bem como
as novas iniciativas.
Entre as ações em nossas diversas frentes de trabalho, o relatório
destaca o desenvolvimento do Plano de Atenção Oncológica para
o Estado do Rio de Janeiro e o Município de Macaé, uma
metodologia que passa a estar disponível para gestores públicos
em todo o país. Outra iniciativa que se transforma em realidade
é a primeira unidade exclusiva de cuidados paliativos (hospice)
do país, que começa a ser construída em 2014.
O trabalho da Fundação também tem sido incansável no esforço
pela redução do tabagismo. O foco agora é assegurar o banimento
do cigarro eletrônico e defender os nossos jovens das investidas
da indústria através dos aditivos de sabor nos cigarros.
Novos avanços e conquistas continuam sendo obtidos nos
programas de Transplante de Medula Óssea e de Sangue de Cordão
Umbilical, bem como em iniciativas em prol do diagnóstico precoce
e do pronto atendimento aos pacientes. É crescente também o
esforço da Fundação em aprimorar o seu sistema de comunicação
em apoio aos projetos e à captação de fundos para viabilizá-los.
O cumprimento da missão da Fundação de promover ações
estratégicas de controle do câncer e apoiar o Instituto Nacional
de Câncer (Inca) é possível graças ao apoio das instituições
parceiras e às contribuições dos doadores de recursos e
contribuintes dos nossos projetos e iniciativas. É esta rede de
solidariedade que viabiliza e aumenta a motivação dos dirigentes,
técnicos e colaboradores da Fundação.
3
4
Plano de Atenção ENTREVISTA
Oncológica, um modelo para o Brasil
‘PODEMOS REGISTRAR
AVANÇOS IMPORTANTES’
Marcos Moraes
Presidente do Conselho de Curadores da Fundação do Câncer
RELATÓRIO ANUAL 2013
Resultados concretos da atuação da Fundação do Câncer, a elaboração do Plano de Atenção
Oncológica do Estado do Rio de Janeiro e a construção da primeira unidade exclusiva de cuidados
paliativos (hospice) no Brasil são iniciativas destacadas nesta entrevista pelo médico Marcos Moraes,
presidente do Conselho de Curadores da Fundação do Câncer. O Plano é uma ferramenta para a
reorganização da rede de atenção oncológica e para a melhor utilização dos recursos disponíveis para
a prevenção e o controle do câncer. Atuais e futuros governantes e administradores das políticas
públicas de saúde passam a contar com essa ferramenta, desenvolvida em parceria com a Secretaria
de Estado de Saúde do Rio, que pode tornar-se uma referência para todo o país. O primeiro hospice
começa a ser construído em 2014. É outro projeto da Fundação que se transforma em realidade.
Protagonista incansável da causa da prevenção e controle do câncer, Marcos Moraes alerta para
riscos de retrocessos, como as investidas da indústria do fumo que podem comprometer os passos
que já foram dados no Brasil para reduzir o tabagismo, em particular a resistência à proibição dos
aditivos de sabor aos cigarros, adotados para atrair os jovens para o vício. Ele também preconiza
que as autoridades exerçam vigilância efetiva da proibição do cigarro eletrônico no Brasil. Outra
preocupação apontada nesta entrevista relaciona-se ao câncer do colo do útero. Os resultados das
campanhas de vacinação ainda precisam ser validados, mas o único procedimento com eficácia
comprovada – o tratamento precoce – não tem até hoje um programa estruturado no país.
) Quais as expectativas do senhor em relação
à prevenção e ao controle do câncer no Brasil?
Há muito a ser feito, mas podemos registrar
avanços importantes no âmbito do trabalho da
Fundação do Câncer. Um deles é o começo da
construção, em 2014, da primeira unidade de
cuidados paliativos com conceito de hospice em
Vargem Pequena, no Rio, que será um modelo
para o país. Outro foi a conclusão do Plano de
Atenção Oncológica do Estado do Rio de Janeiro.
Estamos atentos no combate às manobras da
indústria do tabaco para estimular o vício.
Também mantemos nossa presença apoiando
programas de pesquisa e participamos da gestão
de projetos na área de transplantes de medula
óssea, entre outras iniciativas.
) Qual é o conceito do hospice?
É um espaço para dar mais qualidade de vida aos
pacientes sem possibilidade de cura. Em muitos
casos, o paciente precisa mais de carinho e
atenção como pessoa do que de medicamentos.
Não é um hospital, mas uma unidade que
oferece os cuidados médicos necessários,
medicamentos para controle da dor, conforto
e natureza à volta, no qual os pacientes são
tratados com dignidade, respeito e muito
carinho. Vamos dar treinamento e suporte
aos familiares para que cuidem dos pacientes.
Na fase de cuidados paliativos, o paciente vive
melhor junto aos seus do que numa UTI, que
não aumenta em nada a expectativa de vida
dele e o deixa isolado. Será a primeira unidade
exclusiva com esse conceito no país. Não é
uma utopia, já é realidade há mais de 80 anos
na Inglaterra e há mais de dez anos apoiamos
serviço semelhante no Hospital do Câncer IV,
do Instituto Nacional de Câncer (Inca).
TABAGISMO
) Em 2013, pouco se avançou no controle
do tabagismo. A Lei 12.546/12, que cria
ambientes fechados livres de fumo em todo
o país e proíbe a propaganda de produtos
de tabaco em pontos de venda, não foi
regulamentada e segue sem fiscalização.
Como o senhor analisa o comprometimento
do setor público com essa causa?
Isso é muito grave, inexplicável, e mostra
a falta de atenção do governo em relação à
questão. Mas a grande ameaça é o cigarro
eletrônico, que está grassando no mundo
todo. O cigarro eletrônico é a venda legal
de nicotina pura. Nicotina é uma droga
que provoca um alto grau de dependência
mais difícil de interromper do que a cocaína.
E, apesar de ser proibido no Brasil, sua venda
está completamente livre pela internet.
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6
‘Podemos registrar avanços importantes’ • MARCOS
) 0 cigarro eletrônico está liberado em
outros países?
Além do Brasil, Uruguai, Noruega e Cingapura
proibiram. Os Estados Unidos estão muito
alarmados e muitos outros países estão
começando a se preocupar com isso. O que
acontece é que não há vigilância adequada.
Há oferta na internet. Desconfiamos que a
venda dos cigarros eletrônicos seja patrocinada
pela própria indústria do cigarro. Eles estão
abrindo outro negócio, um negócio muito
grande. São bilhões envolvidos.
) A indústria estaria apostando num
substituto do cigarro?
Sim. A estratégia é dizer, primeiro, que o
cigarro eletrônico é uma solução para ajudar
a parar de fumar ou uma alternativa menos
danosa para os fumantes que não querem
deixar de fumar. O que é falso, porque o que
vicia é a nicotina, e o cigarro eletrônico é
uma fonte de nicotina pura. Você coloca a
nicotina, o dispositivo aquece, ferve e vaporiza.
Atualmente o fumo é proibido em locais
fechados, mas o vapor não. É preciso rever
a lei do cigarro eletrônico proibindo também
a sua utilização em ambientes fechados, pois
realmente é uma ameaça.
) Na última semana de 2013, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou a
criação de um grupo de trabalho para analisar
121 aditivos presentes nos cigarros. Os aditivos
deveriam ter sido proibidos em setembro, mas
o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou
uma ação da Confederação Nacional da Indústria e suspendeu a entrada em vigor
da medida. O Brasil ainda está atrasado
na questão da legislação?
Conseguimos muitos avanços, mas o programa
antitabagismo não pode parar e é uma das frentes
de atuação da Fundação do Câncer. O Brasil é um
dos países com menor prevalência de fumantes
do mundo, no entanto, ainda há muito por fazer.
Um dos importantes desafios é a forte interferência
das transnacionais do fumo nas medidas de
controle do tabaco, como, por exemplo, as ações
judiciais, o intenso lobby econômico e político
exercido por esta indústria retardando a adoção
de legislação adequada. A proibição dos aditivos
MORAES
que dão sabor e mascaram o verdadeiro gosto dos
cigarros é um ótimo exemplo, pois, se já tivesse
sido aprovada, colocaria o Brasil na vanguarda do
controle do tabaco. Seríamos um dos primeiros
países no mundo a adotar esta fundamental
medida que previne a iniciação do tabagismo entre
os jovens. É preciso que o STF se posicione o mais
rápido possível a favor da proibição dos aditivos
e da competência da Anvisa de regular produtos
de tabaco para a proteção da população.
CÂNCER DO COLO DO ÚTERO
) A doença segue como uma epidemia
em algumas regiões do país, apesar de
ser erradicada em países desenvolvidos.
O governo deu início à vacinação contra
o vírus HPV em meninas de 11 a 14 anos
como forma de combate à doença.
O que o senhor pensa a respeito?
A relação custo-benefício da vacina do HPV
é muito discutida, até porque a lesão some
espontaneamente em mais de 90% das
mulheres que têm HPV. Gasta-se muito para
fazer uma cobertura mínima. Poucos países
têm essa vacinação como política pública de
saúde. Os resultados em longo prazo não são
conhecidos ainda. Estão gastando milhões num
procedimento profilático, a vacinação, que
ainda não está validado.
) O que deveria ser feito para combater
o câncer do colo do útero?
Acho que os mesmos erros continuam sendo
repetidos. O câncer do colo do útero é para ser
combatido com um programa de longo prazo.
Em 1996, nós implantamos um programa
chamado “Viva Mulher” que estabelecia várias
metas para reduzir a mortalidade e fazer o
diagnóstico precoce mais efetivo. Há 30 anos
ou mais, a Organização Mundial da Saúde
(OMS) afirmou que, se toda mulher fizesse
um único exame citológico, o preventivo, na
vida, e fosse seguida adequadamente em todas
as etapas, haveria redução em 50% do risco de
morte por câncer do colo do útero. Essas etapas
incluem exame na idade adequada, citologia
confiável, tratamento das lesões precoces no
próprio local da consulta e o quanto antes
RELATÓRIO ANUAL 2013
possível, que as mulheres tratadas sejam
acompanhadas. Dessa forma, seriam evitados
casos avançados.
) A rotina do preventivo ainda não é uma
realidade depois de tantas campanhas?
Não. No Brasil há populações em regiões muito
precárias de recursos. Antes de implantarmos o
programa que mencionei, fizemos uma pesquisa
para saber qual era o impacto das informações
sobre saúde, principalmente sobre câncer do colo
do útero. Descobrimos que só 13% das mulheres
brasileiras tinham informação através da mídia,
ou seja, televisão, rádio, jornal e campanhas
com cartazes. Por mais que esse percentual
tenha crescido, não se resolve o problema
com campanhas na mídia. Temos que chegar
às mulheres que não têm acesso regular
ao sistema de saúde.
) Qual a forma adequada de recrutamento
dessas mulheres?
Uma maneira é fazer parcerias locais com
agentes de saúde, líderes comunitários e
educacionais. Essas pessoas têm poder de
convencê-las a fazer o exame preventivo.
Nas classes menos favorecidas ainda há
preconceito dos maridos em relação ao exame
ginecológico. É necessário incluir, também,
uma maneira adequada de localizar a mulher,
caso o exame aponte alguma anormalidade.
Parece fácil, mas é uma das grandes barreiras
para o recrutamento adequado. Em cada
macrorregião do país, existem cenários
diferentes nessa captação. Uma mulher que
mora no Rio de Janeiro é diferente de uma que
mora no Amazonas, que tem que ir de barco
ou de canoa, para fazer um exame. Para se
atingir o Brasil todo, tem que haver estratégias
para cada macrorregião. É importante também
acompanhar a mulher que teve um câncer do
colo invasivo ou uma lesão inicial precoce.
Deve haver uma estrutura local na cidade
ou próxima, para o acompanhamento. Essas
mulheres não têm essa facilidade.
) Por que os programas desenvolvidos
nos últimos anos são ineficientes?
Os programas raramente contemplam essas
etapas. No papel, tudo funciona. Iniciamos
em 1996 um programa estruturado com essas
premissas. Abrimos cinco centros regionais,
que eram os projetos-piloto, nas macrorregiões
do país. Em 1998, já tínhamos 250 mil mulheres
examinadas seguindo essa filosofia, uma
escola citotécnica em cada centro para formar
especialistas para fazer o exame, uma estrutura
municipal ou regional, porque a gente está
falando de uma grande região. Esse programa
tinha sido estabelecido para 15 anos. O governo
de então queria examinar 15 milhões de
mulheres em dois meses, fez alarde, gastou
uma fortuna e não avançou. Infelizmente o
programa foi descontinuado dois anos depois,
com a mudança de um ministro.
) É preocupante o cenário em relação ao câncer
do colo do útero no país?
O tal programa de exame em escala industrial
sem estrutura foi realmente um desastre e uma
decepção enorme. O país tem outras estratégias
que também não atingem o objetivo final de
tratar precocemente. Encontramos mulheres
com câncer do colo do útero avançado nesse
rastreamento. Mas acredito que, se houver
continuidade, com o programa atualmente
estruturado esse quadro vai diminuir muito
e será completamente dominado.
) O senhor destacou que um dos avanços
de 2013 foi a conclusão do Plano de Atenção
Oncológica para o Estado do Rio de Janeiro.
Ele pode contribuir como modelo para outros
estados no controle do câncer?
É importante dizer que estamos diante de
um grande desafio. Há estimativa de cerca
de 580 mil novos casos de câncer no país até
2014. A Fundação do Câncer, em parceria
com a Secretaria de Estado de Saúde do Rio,
realizou um trabalho pioneiro que propõe
a reestruturação e reorganização da rede
de atenção oncológica visando ao melhor
aproveitamento dos recursos e agilização na
prevenção e tratamento. A metodologia que
adotamos no Estado do Rio pode ser aplicada em
outros estados e municípios do país. Já estamos
desenvolvendo o planejamento de Macaé,
inclusive. Eu faço votos de que o governo
atual e os próximos coloquem em prática as
recomendações e façam o melhor uso possível.
7
8
Plano de Atenção
Oncológica,
um DESTAQUE
modelo para o Brasil
PROJETOS
EM
PLANO DE ATENÇÃO
ONCOLÓGICA, UM
MODELO PARA O BRASIL
RELATÓRIO ANUAL 2013
A Fundação do Câncer desenvolveu um
importante e ambicioso trabalho que coloca
o Estado do Rio de Janeiro na vanguarda em
relação à prevenção e ao controle do câncer.
Por encomenda da Secretaria de Estado de
Saúde, em 2013, foi analisada a situação
da atenção ao câncer e elaborado um Plano
de Atenção Oncológica, com proposta de
reestruturação e reorganização da rede.
Trabalho semelhante foi iniciado em Macaé,
município do Norte fluminense, e será
concluído em 2014. Os dois projetos têm o
mesmo objetivo, reduzir a incidência e as
mortes em decorrência do câncer, um problema
de saúde pública mundial, e são modelos para
outros estados e municípios do país.
Segundo a Organização Mundial da Saúde
(OMS), em 2030, a carga global de casos novos
de câncer será de 21,4 milhões, com 13,2 milhões
de mortes. Para 2014, as estimativas do Instituto
Nacional de Câncer (Inca) são de cerca de 580 mil
novos casos para o país e de aproximadamente
74 mil no Estado do Rio, sendo 37.490 em
homens e 36.190 em mulheres.
As ações propostas nos dois planos são
articuláveis com as diretrizes do Ministério
da Saúde e as secretarias municipais de Saúde,
conforme preconiza a Política Nacional de
Atenção Oncológica.
Finalizado em dezembro de 2013, o Plano
Estadual de Atenção Oncológica é pioneiro
no país e apresenta um conjunto de 47 metas a
serem implementadas em dez anos. Ao definir
as diretrizes para redução da incidência e
mortalidade da doença no estado, a Fundação
do Câncer trabalhou com uma equipe de
19 profissionais, que realizou o mapeamento
de toda a rede de serviços que cobre os
92 municípios fluminenses e a análise das
informações. Todas as recomendações e metas
apresentadas no plano foram elaboradas
e validadas em conjunto com a Secretaria
de Estado de Saúde.
)Equipe de médicos à frente dos Planos de Atenção Oncológica:
Celso Rotstein, Carlos Frederico Lima, José Eduardo Castro e Alfredo Scaff
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Plano de Atenção Oncológica, um modelo para o Brasil
“É importante destacar que a base do plano
é de dez anos, o que transcende qualquer
governo. É uma meta de Estado, não de
um governo. Foi encomendado na gestão
do secretário Sérgio Côrtes e realizado
em parceria com a equipe da Secretaria.
Mas a Fundação teve liberdade de atuação.
Propusemos um modelo mais funcional para
ser executado em dez anos, com revisão a cada
três. Câncer é uma doença tempo-dependente
e as soluções para de fato mudar o perfil da
doença devem ser calcadas em consistente
planejamento”, assinala o intensivista
José Eduardo Castro, consultor médico da
Fundação do Câncer e membro da equipe
de elaboração do plano.
) Reynaldo Tavares, Gerente de
Projetos da Fundação do Câncer
Importantes fatores de risco para o câncer, como o uso do tabaco,
dieta inadequada, sedentarismo e obesidade, consistem
em riscos comuns para outras doenças crônicas
O epidemiologista Alfredo Scaff, que
também integra a equipe de consultores
médicos da Fundação e de elaboração dos
planos, destaca a importância da integralidade
com que a doença é enfrentada nos dois planos. “Não só em seus aspectos assistenciais, os
tratamentos, mas englobando um conjunto de
ações como a educação em saúde, a promoção,
a prevenção, o diagnóstico precoce, as ações
específicas para a atenção básica, os tratamentos
cirúrgico, quimioterápico e radioterápico, os
cuidados paliativos, os sistemas de informação
em oncologia, os registros de câncer e a
regulação, entre outros pontos”.
Para o oncologista clínico Celso Rotstein,
da equipe de consultores da Fundação do
Câncer e de elaboração dos planos, também
a abordagem global da atenção oncológica
em todos os seus níveis é o grande mérito dos
trabalhos. Ele ressalta que há problema em todo
o país em relação aos registros hospitalares
em câncer e que, com a operacionalização
do plano, será possível corrigir essa falha
no estado. “Com a abordagem ampla, da
base até a alta complexidade, e a integração
das informações, será possível aos gestores
mobilizar melhor os recursos já existentes”, diz.
Ele também vê possibilidade de otimização,
especificamente na área da prevenção.
Consta do plano entregue à Secretaria de Estado
de Saúde do Rio de Janeiro e que vale para Macaé,
que esta deve ser considerada no contexto
de programas relativos às doenças crônicas
não transmissíveis. “Importantes fatores de
risco para o câncer, como o uso do tabaco,
dieta inadequada, sedentarismo e obesidade,
consistem em riscos comuns para outras
doenças crônicas. A integração de programas
possibilita um uso melhor dos recursos públicos
disponíveis”, observa Celso Rotstein.
RELATÓRIO ANUAL 2013
GeoCâncer possibilita gestão com metodologia inédita
Para lidar com o volume de dados pesquisados e
analisar a situação do estado em relação à atenção
oncológica, a equipe técnica da Fundação do
Câncer, em conjunto com o grupo de engenheiros
da UFRJ/Coppe/GPI, desenvolveu uma metodologia
inédita. Partindo de toda a legislação e normas
do Ministério da Saúde e do Inca vigentes, foi
construído um processo que considera três eixos:
a Região de Saúde, o Tipo de Câncer (se é de mama,
próstata etc.) e a Linha de Cuidado.
Os três eixos formam um “cubo analítico” que
permite expressar de forma rápida e direta o
diagnóstico situacional do câncer no estado
ou município e orientar as recomendações para o planejamento da atenção. O processo
foi denominado GeoCâncer e conta com um
aplicativo online para os gestores públicos da
área de saúde.
“É uma ferramenta extraordinária para os
gestores do estado e municípios do Rio de Janeiro,
que permite consultas abrangentes e específicas.
Conforme a metodologia definida no cubo,
é possível realizar buscas por procedimentos,
por prestador de serviço, por faixa etária de
pacientes... E, além de visão quantitativa,
pode-se obter uma visão populacional,
fazendo uma divisão por cada grupo de 100 mil
habitantes, para uma distribuição proporcional”,
descreve o Gerente de Projetos da Fundação
do Câncer, Reynaldo Tavares.
11
12
Plano de Atenção Oncológica, um modelo para o Brasil
) Flávio Antunes, secretário de Saúde de Macaé
Macaé: da assistência básica
à alta complexidade
À semelhança da metodologia utilizada
para o plano do Estado do Rio, a equipe da
Fundação do Câncer fez um levantamento dos
serviços disponíveis em Macaé para organizar
o desenho da rede de saúde do município
e seus desdobramentos para a assistência
oncológica integral. A Fundação também presta
consultoria para a construção de um hospital
oncológico. A meta da prefeitura é tornar
a cidade uma referência no atendimento
de alta complexidade em oncologia.
“Temos uma enorme expectativa em relação
ao trabalho que está em desenvolvimento.
Mais do que o preenchimento de falhas
e das lacunas hoje existentes, temos a
intenção de implantar um plano de
atenção oncológica completo e estruturado,
com a abordagem dos quatro níveis de
assistência, primário, secundário, terciário
e quaternário, apoiados na ampla experiência
da Fundação do Câncer”, explica o secretário
de Saúde de Macaé, Flávio dos Santos Antunes.
Quando deu início à análise da situação
da atenção oncológica em Macaé, a equipe
da Fundação do Câncer já tinha realizado
mais da metade do plano do Estado do Rio
e o aprendizado contribuiu para a missão.
“Tínhamos a mesma lógica para seguir e já
conhecíamos detalhadamente a rede do estado.
O modelo do município é mais simples e mais
operacional. Como havia o interesse de criar
uma unidade assistencial, na verdade, temos
a operacionalização local do plano estadual”,
comenta José Eduardo Castro, um dos médicos
responsáveis pelos planos.
O mastologista Carlos Frederico Lima acrescenta
que a premissa básica do plano de Macaé foi a
criação de um centro de excelência na Unidade
de Assistência de Alta Complexidade em
Oncologia (Unacon). O serviço contará com
três diferenciais em relação a outras unidades
semelhantes do país.
“As Unacons geralmente não têm um centro
de pesquisa clínica, mas o de Macaé terá.
O segundo diferencial se refere à rede de
informação para o registro de câncer na
RELATÓRIO ANUAL 2013
região que iremos construir. Seja o Registro
Hospitalar (RH), que é aquele que se obtém
porque o paciente procurou o hospital, seja
o que denominamos Registro de Câncer de
Base Populacional (RCBP). É isso que vai
permitir o planejamento num horizonte
de cinco a dez anos. O terceiro diferencial
é o trabalho de implantação de um sistema
integral, uma linha de cuidados equilibrada
desde os postos de saúde e dos agentes da
Estratégia de Saúde da Família até a alta
complexidade”, enumera Carlos Frederico.
Na mesma lógica do plano do Estado do Rio,
o de Macaé contempla ações de educação,
promoção e prevenção. Na área de educação,
novas iniciativas já estão em curso. O município
conta com o Programa de Educação de Saúde
nas Escolas, uma parceria entre as secretarias
de Educação e de Saúde. Em fevereiro de 2014,
) Dr. Aluízio, prefeito de Macaé
com o objetivo de mapear a qualidade de vida
dos estudantes de Macaé, algumas escolas da
rede municipal começaram a ser visitadas por
representantes do Grupo de Produção Integrada
da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ). A iniciativa é uma das etapas do plano
de Atendimento Oncológico de Macaé, que
também abrange o diagnóstico da atenção
básica do município. “De todas as ações que
estamos implementando na cidade, o início
do tratamento oncológico e a parceria com a
Fundação do Câncer são as de maior impacto
para a população, porque já começam a fazer
diferença na vida das pessoas. Acredito que
teremos um caso de sucesso na interiorização do
atendimento oncológico, levando mais cuidado
e assistência para a população. O paciente
oncológico estará envolvido por uma rede de
proteção. Vai receber mais cuidado do que tem
tido”, avalia Dr. Aluízio, prefeito de Macaé.
13
14
Plano de Atenção
Oncológica,
um DESTAQUE
modelo para o Brasil
PROJETOS
EM
‘DAR MAIS
VIDA AOS
DIAS DO QUE
ACRESCENTAR
DIAS À VIDA’
Uma iniciativa para garantir aos pacientes com câncer sem chances de cura
o direito de viver seus últimos momentos de maneira ativa, digna, tratados
com respeito e carinho. Essa é uma das missões do Hospice – Unidade de
Cuidados Paliativos, um projeto da Fundação do Câncer inédito no Brasil
que teve avanços importantes em 2013. A instituição encerrou o ano com a
expectativa de início de obras em Vargem Pequena, na Zona Oeste do Rio,
em 2014, e conclusão prevista para julho de 2015.
15
RELATÓRIO ANUAL 2013
O espaço vai proporcionar acolhimento aos
pacientes com câncer em estágio avançado,
com cuidados que vão da amenização dos
sintomas a estímulos para a socialização.
A filosofia de que a vida vale a pena ser vivida
do princípio ao fim estimula o empenho de
profissionais preocupados com o bem-estar
desse grupo e com a preparação psicológica
de seus familiares para a perda.
Um ato de generosidade de uma ex-paciente
do presidente do Conselho de Curadores
da Fundação do Câncer, Marcos Moraes,
viabilizou a concretização de um antigo ideal
da instituição. A senhora Huguette Pouchot
Lermans de Fraga Dominguez, falecida em
2002, doou cerca de r$ 7 milhões à entidade,
que possibilitaram a aquisição do terreno e
garantem o início da construção da unidade
de cuidados paliativos.
“O hospice treina a família para entender
o que ela deve fazer em todas as situações, para
dar guarida às suas ansiedades e dúvidas e para
atender melhor esse paciente no fim da vida.
De modo geral, essas são unidades claras, com
um olhar para a natureza. Deve ser um lugar
com plantas, pássaros e alegria de viver o resto
dos dias”, explica o oncologista Marcos Moraes.
“Estou doente, mas não digo que estou
doente. Eu não vivo a doença. Eu não
curto a doença. Tem um período em
que a gente pensa que já está livre, e
não está. Eu tenho um filho de 22 anos,
universitário. Tenho uma família que me
ama, amigos que me amam. Amigos há
mais de 30, 40 anos. Posso até partir
de repente, mas é uma situação que vai
acontecer com todo mundo.”
Laura Isabel Santos • Paciente
“Eu acho que deveria haver uma unidade
para um caso paliativo igual ao dela,
porque nós sabemos que não tem mais
cura. Poderia haver realmente um espaço
maior, perto da natureza. A minha irmã
detesta falar em morte, e a gente sabe
que ela está convivendo perto da morte.
Isso para a pessoa doente é horrível.”
Raquel Santos • Irmã de Laura Isabel Santos
O conceito teve origem na Inglaterra, em 1967,
quando a médica Cicely Saunders fundou o
St. Christopher’s Hospice, com o princípio de
que é preciso “dar mais vida aos dias do que
acrescentar dias à vida”.
Estima-se que, a cada ano, o centro de
cuidados paliativos de Vargem Pequena
atenderá 1.452 pacientes ambulatoriais e
1.092 em domicílio, evitando deslocamentos
desnecessários e o afastamento da família.
A unidade receberá voluntários e poderá
ser uma rede integrada de educação e
pesquisa, com treinamento para profissionais
interessados em se especializar na área.
Ao todo, serão 756 internações por ano,
20 leitos (todos com vista para o jardim) e
122 funcionários. O projeto, realizado pela
arquiteta Carla Juaçaba, contempla 5,6 mil
metros quadrados de área construída, com
) Laura Isabel Santos com
sua irmã, Raquel Santos
16
Plano
‘Dar mais
de Atenção
vida aos
Oncológica,
dias do queum
acrescentar
modelo para
diasoàBrasil
vida’
O tratamento principal nessa fase da doença é o afeto, é a relação
entre o paciente, sua família e a unidade de cuidados paliativos
todo o espaço de mobilidade para pacientes e
visitantes pensado em um único plano. Em 2013,
Carla e a cirurgiã oncológica Claudia Naylor,
diretora do Hospital do Câncer IV (HC IV),
visitaram sete hospices na Inglaterra para adaptar
a experiência deles à realidade brasileira.
) Anastacia Pena com
seu marido, Paulo Ribeiro
“Quando eu recebi a notícia, chorei,
desesperei. Na hora em que fui atravessar
a rua, estava vindo um ônibus e pensei:
‘Eu passo ou não passo?’. Eu não passei.
Pensei: ‘Tenho três filhos para criar ainda’.”
Anastácia Pena • Paciente
“Esse é o tipo de doença que não atinge
só ela. Atingiu toda a família. Eu me
sinto doente, meus filhos se sentem
doentes também. Espero estar com ela
hoje, estar com ela amanhã, estar com
ela depois de amanhã. Até quando, eu
não sei.”
Paulo Ribeiro • Marido de Anastácia Pena
“Aqui, aproveitaremos bastante a luz natural,
uniforme e constante em todo os ambientes.
Para entrar no hospice, será preciso atravessar
uma sucessão de paredes translúcidas, feitas
de um elemento de vidro vazado, voltando-se
para a natureza e não para a cidade. Haverá
cabeleireiro, sala de fisioterapia, sala de artes,
e uma cozinha com suporte para que preparem
refeições, se quiserem. É importante valorizar
o sabor das refeições. Na Inglaterra é comum
grandes chefs revisarem cardápios de hospices a partir de conversas com os pacientes para
garantir alimentos que lhes agradem, mesmo
que comam porções mínimas”, detalha Carla
Juaçaba. Árvores, alguns pequenos jardins e
o uso da madeira humanizam o ambiente
afastando-se da imagem de um hospital.
Com terreno, edificação e obra incluídos,
o projeto tem o custo estimado de r$ 21 milhões
e será inscrito no Programa Nacional de Apoio
à Atenção Oncológica (Pronon), a fim de buscar
financiamento para os equipamentos.
A Fundação ainda negocia com a Secretaria
de Estado de Saúde um auxílio para a
aparelhagem e gastos operacionais, orçados
em r$ 14 milhões por ano.
“Parece um paradoxo, mas a nossa experiência
mostra isso. Se pudéssemos traduzir em
palavras, o tratamento principal nessa fase da
doença é o afeto, é a relação entre o paciente,
sua família e a unidade de cuidados paliativos”,
ressalta Marcos Moraes.
17
RELATÓRIO ANUAL 2013
DOAÇÕES PARA VIABILIZAR
CENTRO DE CUIDADOS PALIATIVOS
Com a utilização de recursos próprios e a doação
da senhora Huguette Dominguez, a Fundação
do Câncer conseguiu dar o pontapé inicial
para a construção do hospice. No entanto, os
recursos ainda são insuficientes. A realização
e o sucesso do projeto, que tem a filantropia
como base, dependem da solidariedade de
doadores institucionais e individuais.
O investimento para a edificação do centro
de cuidados paliativos em Vargem Pequena
é de r$ 21 milhões. Estima-se que os custos
operacionais devem girar em torno de
r$ 14 milhões por ano. As corporações
sensibilizadas com a causa dos pacientes em
cuidados paliativos que fizerem doações serão
beneficiadas com contrapartidas de divulgação.
A Região Metropolitana do Rio sofre de carência
assistencial diante da vasta população e do
aumento das taxas de incidência do câncer.
Por isso, é importante a criação de um centro
especializado no atendimento a pacientes que
necessitam de cuidados paliativos. O projeto
em Vargem Pequena busca a sustentabilidade
econômico-financeira, com perspectivas de
expansão para outras áreas e de investimento
em pesquisa e educação.
Doe para o Hospice –
Unidade de Cuidados Paliativos
da Fundação do Câncer
As doações podem ser efetuadas por
meio de depósito bancário em uma
conta exclusivamente destinada a
doações para o hospice:
Banco: Itaú
Agência: 0541
Conta Corrente: 02901-3
Mais informações podem ser
obtidas no site da instituição
www.cancer.org.br e por e-mail com
a Gerência de Marketing e Captação
de Recursos [email protected]
18
Plano de Atenção
Oncológica,
um DESTAQUE
modelo para o Brasil
PROJETOS
EM
MEDULA ÓSSEA
CAPACIDADE DE
ATENDIMENTO
VAI CRESCER DE
20% A 30%
) Vanessa Barro Canal, 18 anos, um caso de sucesso na luta
contra o câncer. Aos 9, recebeu transplante de cordão umbilical
Se fosse uma empresa, o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea
(Redome) estaria bem colocado tanto num ranking de mercado interno quanto
de exportação. Em 2013, graças ao bom funcionamento do cadastro de mais
de 3 milhões de voluntários – o terceiro maior do mundo – o envio de material
genético para pacientes de outros países cresceu 110 % em relação ao ano anterior.
E o número de transplantes realizados no país com medula e cordões nacionais
aumentou 27 %. Já o número de transplantes com material captado no exterior
diminuiu 35 %, o que é bom para o balanço, porque o país paga quando importa
medula óssea.
RELATÓRIO ANUAL 2013
Como em qualquer empresa, o bom resultado não é
gratuito e envolve muitos fatores, da gestão técnica
do Centro de Transplantes de Medula Óssea do
Inca (Cemo) à gerência administrativa e financeira
da Fundação do Câncer. Dos recursos humanos
envolvidos no trabalho aos investimentos
para ampliação da eficiência do Redome e à
solidariedade de valor inestimável dos doadores.
ganho pela integração e pela possibilidade de
inclusão de diversas funcionalidades para melhor
atendimento das demandas que surgiram com
o crescimento do registro. “Com a reconstrução
desses dois sistemas integrados ao Redome.web,
que liga hemocentros, laboratórios e registros,
vamos aumentar em 20% a 30% nossa capacidade
de atendimento”, informa.
A Fundação contratou, em 2013, a consultoria
Ernst & Young Terco para, num primeiro
momento, rever os fluxos de trabalho e propor
melhorias para atender às crescentes demandas,
e numa segunda etapa, para o desenvolvimento
de um plano de negócios para o Redome.
“O Brasil tem forte potencial como fornecedor de
medula óssea por conta da nossa miscigenação. É
possível identificar entre os doadores voluntários
brasileiros e as unidades dos bancos de sangue de
cordão umbilical compatibilidade com pacientes
de outros países. Por isso, estamos investindo
para atender com agilidade à demanda externa,
além, é claro, da interna”, explica o diretorexecutivo da Fundação do Câncer, Celso Ruggiero.
“Atender às necessidades de transplante de
medula da população brasileira e também à
demanda externa implica grande complexidade.
Estamos falando de manter atualizado um
cadastro de mais de 3 milhões de doadores,
de testes de confirmação de compatibilidade,
internações para coleta e transporte do material
genético até o receptor, e da interação com
os hospitais e profissionais envolvidos nos
transplantes propriamente”, assinala o diretor
do Cemo/Inca, Luis Fernando Bouzas.
A eficácia do Redome está relacionada também
à Rede Brasileira de Bancos de Sangue de Cordão
Umbilical (Rede BrasilCord), ao Programa de
Busca, Coleta e Transporte de Células-Tronco
para Transplante Não Aparentado de Medula
Óssea no Brasil, e ao Registro Nacional de
Receptores de Medula Óssea (Rereme).
Não à toa, entre as oportunidades de melhoria
nos fluxos identificadas após consultoria
contratada pela Fundação do Câncer, houve a
decisão de investimentos na reconstrução de dois
sistemas, o SisMatch e o Rereme.net. O primeiro
tem a função de integrar as informações do
Rereme, Redome e registros internacionais, além
de armazenar informações pertinentes a todo
o processo. E o segundo permite a médicos de
todo o país cadastrar os dados de seus pacientes
candidatos a transplantes.
Segundo o gerente do Redome, Alexandre
Almada, os sistemas atuais estão em plataformas
diferentes. Com a construção de novos, haverá
Em 2013, foi enviado material genético
para 42 pacientes de 16 países. No ano
anterior, foram 20 remessas para dez países.
Os transplantes no Brasil com material captado
em registros no exterior foram 64, em 2013,
contra 99 em 2012. Segundo Ruggiero, a lógica
do Redome é encontrar solução para quem precisa
do transplante no Brasil, mas para o equilíbrio da
balança, é bom exportar mais que importar.
Os países que fazem aquisições constantes de
material genético do Brasil são Estados Unidos,
França, Inglaterra, Suécia, Israel, México,
Argentina, Uruguai, Noruega, Itália, Austrália
e África do Sul. Em 2013, foram atendidos
também Portugal, Suécia, Espanha, Áustria,
Singapura, Canadá e Turquia.
Ampliação da Rede BrasilCord
para atender à demanda
A Fundação do Câncer é responsável pelo
gerenciamento do projeto de expansão
da Rede Brasileira de Bancos Públicos de
Sangue de Cordão Umbilical e Placentário –
Rede BrasilCord desde 2006. Criada em 2004,
a rede é formada por 13 bancos públicos que
armazenam amostras doadas deste material,
rico em células-tronco capazes de produzir os
elementos fundamentais do sangue, essenciais
para o transplante de medula óssea.
19
20
Medula óssea: capacidade de atendimento vai crescer de 20% a 30%
A terceira fase do projeto de ampliação da Rede
BrasilCord começou em julho de 2013, com
repasse de r$ 23,5 milhões pelo BNDES. Ela
abrange a construção de quatro novos bancos
de sangue de cordão umbilical nas cidades de
Manaus (AM), São Luís (MA), Campo Grande
(MS) e Salvador (BA), totalizando 17 bancos de
sangue de cordão umbilical.
da Nigéria, que apresentam materiais genéticos
muito diferentes”, explica o Gerente de Projetos
da Fundação do Câncer, Marson Rebuzzi.
“Essa ampliação tem como um dos objetivos
ampliar a base do perfil genético do brasileiro,
e, para isso, foram escolhidas cidades
emblemáticas. Manaus, pela grande população
indígena miscigenada com europeus, Campo
Grande, pelo povo pantaneiro, os povos
andinos e o brasileiro do sul do país que ali se
estabeleceu pela expansão agrícola. Já São Luís
recebeu negros escravos do Benin, e Salvador,
“Com investimentos no Redome e a
ampliação da Rede BrasilCord, estamos
levando possibilidade de cura a milhares de
pacientes, pois aumentamos paulatinamente a
possibilidade de transplantes de medula óssea,
com um número maior de material genético
disponível”, afirma Ruggiero.
Em abril de 2014, foi inaugurado o banco de
sangue de cordão umbilical de Lagoa Santa (MG),
que faz parte da fase anterior de expansão da
rede, na qual o BNDES investiu r$ 32 milhões.
TRANSPLANTES NÃO APARENTADOS
(fontes de células)
SAIBA MAIS
300
250
A medula óssea é um tecido líquido-gelatinoso
que ocupa o interior dos ossos, sendo conhecida
popularmente por ‘tutano’. Na medula óssea
são produzidos os componentes do sangue.
O transplante de medula é um tipo de
tratamento proposto para algumas doenças
que afetam as células do sangue. Consiste
na substituição de uma medula óssea doente,
ou deficitária, por células normais de medula
óssea, com o objetivo de reconstituição
de uma nova medula saudável.
O transplante é realizado a partir
de material colhido de um doador
ou a partir de células-tronco
de cordão umbilical de recémnascidos, que são obtidas
e criopreservadas a partir
de doações voluntárias e
autorizadas pelas mães.
Os bancos da Rede
BrasilCord mantêm
convênio com maternidades
para coleta dos cordões.
200
150
100
50
0
2007
2008
2009
2010
2011
2012
Internacional (MO, SP, USC)*
BrasilCord
Redome (MO, SP)*
*MO - Medula Óssea; SP - Sangue Periférico;
USC - Unidade de Sangue de Cordão
TOTAL DE DOADORES
VOLUNTÁRIOS
3.500.000
3.000.000
2.500.000
2.000.000
1.500.000
1.000.000
500.000
0
2005
2007
2009
2011
2013
2013
RELATÓRIO ANUAL 2013
Doações de medula e cordão
refazem vidas
Vanessa Barro Canal, de 18 anos, é um
caso de sucesso na luta contra o câncer,
que enfrentou durante quase toda a infância.
Ela tinha 2 anos quando foi diagnosticada
com leucemia. Até completar 9, sua rotina
foi de idas e vindas a sessões de quimioterapia,
em sua cidade, Jaú (SP). O primeiro tratamento
durou cerca de um ano. Dois anos depois, a
doença retornou. A partir daí, foram mais duas
rodadas de quimio e uma terceira recidiva.
Os médicos não tinham mais esperança de
cura e, em consenso com a família, decidiram
suspender os medicamentos e deixar a menina
viver seus últimos momentos sem os duros
efeitos colaterais do tratamento.
Quinze dias após a interrupção da
quimioterapia, a vida de Vanessa mudou de
rumo. A família foi avisada sobre a localização
de um cordão umbilical compatível com a
paciente na Rede BrasilCord. Passados dez anos
do transplante, realizado em outubro de 2004,
a “menina vitória”, como a jovem passou a ser
chamada, comemora a aprovação no vestibular
de odontologia, um sonho de criança. “Hoje me
sinto orgulhosa de poder contar minha história
e incentivar pessoas que passam pelo mesmo
problema a não desistirem nunca, e a pedir
doações de medula e cordão, pois devo minha
vida a uma mãe que doou o cordão umbilical”,
conta Vanessa.
) Fernando Oliveira da Silva,
de 6 anos, e Marcelino Luis
de Lima, doador de medula
que salvou a vida do menino
O menino Fernando Oliveira da Silva, de 6 anos,
do Rio de Janeiro, é outro vitorioso. Um tipo raro
de leucemia começou a se manifestar quando
ele tinha um ano. Apenas com o transplante
de medula óssea o garoto conseguiria ter
uma vida normal. Graças à generosidade de
Marcelino Luis de Lima, empresário de Goiânia,
que se cadastrou no Redome e doou a medula,
Fernando ganhou o direito de brincar feliz
como as crianças de sua idade. Ele realizou o
transplante aos dois anos e está curado.
Doador e receptor se conheceram em um
encontro promovido no Centro de Transplante
de Medula Óssea do Instituto Nacional de Câncer
(Cemo/Inca), em 2013. Na ocasião, não faltaram
emoção, muitos abraços e, claro, motivos para
comemorar. “Doar para alguém que você conhece
é uma bênção. Para quem não conhece, só um
anjo mesmo”, disse a mãe de Fernandinho,
Juliana Maria Nogueira de Oliveira.
21
22
PESQUISA
Um dos focos de atenção da Fundação do Câncer ao longo dos seus 23 anos
tem sido o fomento à pesquisa. Com seu apoio, a área de pesquisa clínica
do Instituto Nacional de Câncer (Inca) se tornou referência ao assumir a
coordenação de estudos importantes, inclusive em nível mundial. Desde
2005, a Fundação injeta recursos no Programa de Oncobiologia da UFRJ,
organização acadêmica interinstitucional de pesquisa, ensino e divulgação
em câncer. E, em 2013, deu início a uma parceria com o Grupo Brasileiro
de Oncologia Torácica (GBOT), que se aproximou da instituição pela sua
tradição na gestão de pesquisa clínica em câncer.
GESTÃO DE REDE NACIONAL
DE PESQUISA E ADAPTAÇÃO
AO CENÁRIO MUNDIAL
A reestruturação e adaptação ao novo cenário
global e o avanço na gestão da Rede Nacional
de Pesquisa Clínica em Câncer (RNPCC) foram
a tônica da Pesquisa Clínica do Inca em 2013,
segundo o coordenador da área, Carlos Gil
Ferreira. Houve uma mudança no cenário
mundial. Está acabando o ciclo dos grandes
estudos, envolvendo um número elevado de
indivíduos e com grande inclusão de pacientes
por centro. Em contraste, chegou-se à era de
estudos mais focados e conduzidos em rede.
“Estudos de nichos são a tônica. Pacientes
com características clínicas e moleculares
específicas. As pesquisas não acontecem com
um grupo genérico de pacientes com câncer
de pulmão – independentemente da sua carga
tabágica – mas, algumas vezes, com um grupo
de pacientes não fumantes que apresentem a
mesma alteração molecular”, explica Carlos Gil.
O trabalho de gestão da RNPCC incluiu a
continuação de estudos que visam definir o perfil
genético da população brasileira com câncer de
pulmão. São dois estudos iniciados em 2012, com
previsão de conclusão em 2014. Um dos estudos
envolve 400 pacientes e o outro 1.100. Ambos
contam com financiamento misto de cerca de
r$ 2,5 milhões, oriundos de edital do Programa
de Pesquisa para o SUS, Fundação do Câncer e
Inca, GBOT e de fontes de apoio da indústria
farmacêutica. O resultado poderá subsidiar o
Ministério da Saúde na definição de tratamentos
de alto custo a serem disponibilizados à população.
Além desses dois estudos da RNPCC, a
Pesquisa do Inca fechou dezembro de 2013
com outros 48 em curso. Entre as pesquisas
iniciadas no período, destaca-se a comparação
do desempenho de dois medicamentos para
carcinoma renal metastático. Entre os estudos
finalizados, está a verificação da eficácia
de determinado tratamento para pacientes
portadores de leucemia mieloide crônica.
A atualização profissional também foi foco de
atenção da área de pesquisa do Inca. De janeiro
a outubro, houve seis cursos de Boas Práticas
Clínicas, com um total de 82 profissionais
do Inca treinados. Além deles, dez alunos de
outras instituições receberam treinamentos no
âmbito da RNPCC.
RELATÓRIO ANUAL 2013
PROGRAMA DE ONCOBIOLOGIA DA
UFRJ: INCENTIVO À INVESTIGAÇÃO
CIENTÍFICA GARANTE AVANÇOS
O Programa de Oncobiologia da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) conta com apoio
da Fundação do Câncer desde 2005 e se destacou
em 2013 por seu desempenho no estímulo a novas
contribuições científicas no Brasil. As metas
para 2014 estão afinadas para garantir a expansão
do trabalho, apresentando resultados efetivos das
pesquisas em relatórios, artigos e congressos.
Mais de 200 artigos foram publicados em
periódicos nacionais e internacionais no período
2012-2013 e os 40 projetos em andamento
expressam os esforços para o avanço da ciência.
A Fundação já aplicou recursos da ordem de
r$ 2 milhões para dar suporte às atividades do
Programa, e cerca de r$ 500 mil serão investidos
em 2014. Quase metade da quantia, r$ 225 mil,
será destinada a 15 bolsas de auxílio à pesquisa.
O valor restante servirá para a contratação de
um administrador, a realização de um simpósio,
a concessão de duas bolsas de pós-doutorado e
recursos para o Núcleo de Divulgação, que serão
aplicados em projetos com foco em prevenção,
como videogames, histórias em quadrinhos
para adolescentes, aplicativo de celular e a
organização de intervenções urbanas com a
Fundação do Câncer.
Criado há 14 anos no Rio de Janeiro, o Programa
de Oncobiologia congrega 300 filiados e a
experiência de pesquisadores de instituições
nacionais e internacionais. Um dos objetivos é
integrar profissionais fisicamente distantes, de
múltiplas especialidades, como administração,
jornalismo, desenho industrial, medicina,
farmácia, biofísica, enfermagem, nutrição e
biomedicina, para a troca de informações sobre
novidades científicas e tecnológicas.
“O nosso Programa possibilita, através de uma
rede de pesquisadores, estudantes e profissionais
de áreas diversas, uma troca de ideias e técnicas
com qualidade e agilidade na transmissão do
conhecimento. Essa interação é fundamental
para que diferentes graus de especialização se
complementem e atendam às complexidades
exigidas”, explica Vivian Rumjanek, cientista
idealizadora do Programa de Oncobiologia.
Nove centros de pesquisa do Brasil colaboram
com o Programa, entre os quais, a Universidade
de São Paulo (USP), a Universidade de Campinas
(Unicamp) e a Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC), além de oito instituições
internacionais da Itália, Alemanha, França,
Dinamarca, Inglaterra e dos Estados Unidos.
) Vivian Rumjanek, idealizadora do Programa de Oncobiologia da UFRJ
23
24
Programa de Oncobiologia da UFRJ: Incentivo à investigação científica garante avanços
APOIO DA FUNDAÇÃO
ACELERA PESQUISAS
Danielly Ferraz e Eduardo Salustiano são jovens
pesquisadores que, através do Programa de
Oncobiologia da UFRJ, avançaram em estudos
para soluções de combate ao câncer. Ambos
foram agraciados, em 2013, com as bolsas
de pós-doutorado Pró-Onco Vivi Nabuco e da
Fundação do Câncer. Eles têm a oportunidade de
estar em contato com cientistas do Brasil
e do mundo, contribuindo para descobertas em
oncologia e agregando valor às suas formações.
Eduardo ganhou a bolsa para avançar em
sua pesquisa sobre o candidato a fármaco
antineoplásico LQB-118, recentemente
patenteado para a etapa pré-clínica. Ele
verificou que essa substância, gerada a partir
de moléculas encontradas em duas plantas,
é eficaz contra modelos tumorais humanos
sensíveis e multirresistentes. As próximas
etapas contemplarão avaliação da segurança de
uso, vias de metabolização e eficácia e outros
estudos requeridos por órgãos reguladores como
a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) e a Food and Drug Administration
(FDA) dos Estados Unidos.
O biomédico, do Laboratório de Imunologia
Tumoral, avalia o apoio da Fundação do Câncer
como fundamental pela menor burocracia
na captação de verbas para o financiamento
das pesquisas. “Dessa forma, o nosso estudo
consegue andar em ritmo mais acelerado do
que seria sem esse apoio. Além disso, destaco
o papel do Núcleo de Divulgação Científica na
conscientização da população sobre os riscos
de se desenvolver um conjunto de doenças”,
pondera Salustiano.
O grupo de Danielly já progrediu na elucidação
do papel antitumoral do resveratrol, principal
composto bioativo presente nas uvas e no
vinho tinto, sobre o processo de agregação
da proteína citoplasmática p53. Essa proteína
age como um supressor tumoral, evitando que
células defeituosas se multipliquem. Porém,
quando sofrem mutações, essas proteínas se
deformam e perdem suas funções, podendo
tornar-se oncogênicas.
“Esses e futuros achados podem contribuir
para a elucidação de mecanismos cruciais
a serem considerados no desenvolvimento
de novas estratégias de prevenção da agregação
da p53 como uma nova abordagem terapêutica
para o câncer”, explica a nutricionista e
pós-doutoranda do Laboratório de
Termodinâmica de Proteínas e Estruturas Virais.
) Danielly Ferraz e Eduardo Salustiano, ambos foram
agraciados, em 2013, com as bolsas de pós-doutorado
Pró-Onco Vivi Nabuco e da Fundação do Câncer
Segundo a pesquisadora, a aproximação
entre as pesquisas básica e clínica aplicada
é essencial para o desenvolvimento de novas
estratégias terapêuticas e a comunhão
de recursos. “A parceria que tenho com
pesquisadores credenciados ao Programa
de Oncobiologia, de dentro e fora da UFRJ,
e a oportunidade de participar das atividades
desenvolvidas contribuem valiosamente para
os meus projetos e a minha formação”, conclui.
RELATÓRIO ANUAL 2013
MISSÃO SAÚDE: APRENDER BRINCANDO
Conscientizar as crianças sobre os cuidados com o corpo faz parte da Missão Saúde, série lançada pelo
Núcleo de Divulgação do Programa de Oncobiologia da UFRJ. O núcleo desenvolveu seis games voltados
para os pequenos de 5 a 10 anos que estão internados e afastados da educação formal.
Os jogos dão orientações de higiene pessoal, dicas para uma alimentação saudável, informações de prevenção
contra micróbios, coleta seletiva, entre outras abordagens. O núcleo pretende disponibilizar os games para
outros hospitais públicos depois de testá-los com as crianças do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da
Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz). Eles podem ser acessados no site do museu virtual
do câncer Acubens (acubens.com.br).
A série surgiu após um estágio de três meses da aluna Carolina Vilella,
bolsista da Fundação, no IFF/Fiocruz. Nesse período, ela observou
aspectos que serviram de base para a criação dos jogos. “É um momento
em que os pacientes passam por mudanças na aparência
e no seu dia a dia, além de terem que enfrentar o medo de um futuro
desconhecido. Estar internado significa abrir mão da escola, da
convivência com os amigos e familiares, das brincadeiras, de casa
e de outras atividades”, ressalta Carolina.
FORÇAS UNIDAS CONTRA O CÂNCER TORÁCICO
Mais comum entre todos os tumores malignos,
o câncer de pulmão deve atingir mais de 27 mil
novos casos no Brasil em 2014, sendo 16.400 deles
em homens e 10.930 em mulheres. Estimativas
apontam que, até 2030, a doença – uma das
principais causas de mortes evitáveis do mundo
– deve, ainda, ter 1,7 milhão de ocorrências no
país e mais de um milhão de óbitos a cada ano.
Os dados são os mais recentes divulgados pelo
Instituto Nacional de Câncer (Inca).
A fim de somar esforços em prol do estímulo
à pesquisa clínica oncológica, o Grupo Brasileiro
de Oncologia Torácica (GBOT) estabeleceu
uma parceria com a Fundação do Câncer,
que passa a dar dinamismo às ações do grupo,
bem como oferecer consultoria para captação
e gerenciamento de recursos.
Desde sua criação, em 2009, o GBOT
atua fomentando a educação na área do
câncer torácico e a geração de informações
epidemiológicas. Segundo a presidente do
grupo, a oncologista Clarissa Mathias, a aliança
com a Fundação está sendo construída com o
objetivo de organizar, associadamente, eventos
nas áreas de tabagismo e prevenção de câncer,
participar de publicações conjuntas em campos
de interesse comuns e desenvolver produtos
e serviços em oncologia torácica.
O GBOT é uma associação de direito privado
sem fins lucrativos que reúne cerca de
30 pesquisadores em todo o país. A equipe está
envolvida em um grande estudo que pretende
traçar o perfil do adenocarcinoma no Brasil,
vinculado à Rede Nacional de Pesquisa Clínica
em Câncer. Clarissa Mathias frisa a importância
desse trabalho, que pode ser ponto de partida
para novos avanços científicos.
“A meta desse estudo é estabelecer o perfil
molecular do adenocarcinoma para a população
brasileira, a fim de definir o melhor tratamento
disponível. Essa informação já está disponível
para outras populações e será de extrema
importância também para o desenvolvimento
de pesquisas futuras”, explica a oncologista.
25
26
MOBILIZAÇÃO
RESULTADOS POSITIVOS
NAS MÍDIAS DIGITAIS
Uma das plataformas de comunicação de maior
alcance, a internet é uma importante aliada
da Fundação do Câncer para divulgar assuntos
relativos à prevenção da segunda doença que
mais mata no Brasil. O site da instituição
tem sido cada vez mais acessado e a página no
Facebook não para de crescer em audiência.
Com mais de 50 mil curtidores, o Facebook da
Fundação venceu a nona edição do concurso
Peixe Grande na categoria Interativa, promovido
pela Arteccom. A empresa premia os melhores
projetos do país em mídia digital há oito anos.
O site também foi premiado com o segundo
lugar no voto popular como melhor portal.
O prestígio do trabalho de comunicação deveu-se à
alta interatividade da fanpage do Facebook com seus
seguidores. Assim como na rede social, é grande
a troca de informações com o público no site,
onde diariamente são divulgadas notícias sobre a
doença, orientações para se prevenir, informações
de eventos e campanhas, depoimentos e é possível
fazer doações. A plataforma também conta com
versão móvel para celulares e smartphones.
“Estamos muito felizes com esse reconhecimento,
pois uma das nossas atividades é manter a
comunicação com todos os públicos, promover
campanhas de conscientização e incentivar a
população em geral a manter hábitos saudáveis”,
diz Claudia Gomes, gerente de Marketing e
Captação de Recursos da Fundação.
RELATÓRIO ANUAL 2013
REGINA DUARTE ESTRELA
CAMPANHA CONTRA O CÂNCER
Em um ato de generosidade, uma das atrizes
mais populares da televisão brasileira
emprestou sua imagem para uma campanha
da Fundação do Câncer que visou arrecadar
recursos para projetos de combate à doença,
em 2013. Regina Duarte gravou um comercial
de dois minutos sem cobrar cachê em prol
da causa, uma conquista para a instituição.
O filme foi exibido em quatro canais de TV
a cabo: GNT, GloboNews, Viva e Discovery
Home & Health.
A campanha conta a história de um
menino que adoeceu com um tipo raro de
leucemia quando tinha um ano de idade.
O garoto conseguiu um transplante de medula
óssea aos 2 anos e, aos 5, leva uma vida
saudável. A rede de cinemas Kinoplex
também veiculou versões reduzidas do
anúncio, de 30 segundos.
“Eu fico feliz quando encontro uma campanha ou
causa que ajude pessoas que estão sofrendo. Acho
que as pessoas saudáveis, com energia, devem
ajudar as que precisam”, disse Regina Duarte.
O objetivo da campanha foi atingido.
Contribuiu para chamar a atenção para
a atuação da instituição nas áreas de prevenção,
pesquisa, tratamento e controle do câncer
e estimular doações.
“Somos muito gratos à Regina Duarte e
acreditamos que o filme apresentado por
ela ajudou a dar mais visibilidade à causa da
prevenção e controle do câncer. Esperamos
contar, no futuro, com a atriz e com outras
pessoas que emprestem seu talento e seu
prestígio à causa”, ressalta o diretor-executivo
da Fundação do Câncer, Celso Ruggiero, em
agradecimento à atriz.
27
28
SOLIDARIEDADE
ATENÇÃO AOS SINTOMAS
SALVA CRIANÇAS
E JOVENS
Desinformação, atraso no diagnóstico
e acesso desigual às tecnologias são
alguns dos vilões do combate ao câncer
infantojuvenil. A doença é a segunda
causa de morte na faixa etária de 1 a 19
anos no Brasil, depois apenas dos fatores
externos, como acidentes e violência.
Segundo as últimas estimativas, o câncer –
maior causa de mortalidade na infância
e na adolescência no Brasil – deve se
manifestar em 11.840 meninos e meninas
em 2014. Uma realidade positiva nesse cenário
é que as chances de cura aumentam para 80%
quando o problema é diagnosticado em fase inicial.
Juntos, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) e a
Fundação do Câncer se esforçam para incentivar
os pais a não ignorarem os sintomas, que se
assemelham aos sinais de outras enfermidades
comuns na infância, e para garantir diagnóstico
e tratamento mais céleres. O objetivo é evitar
que muitos pacientes continuem sendo
encaminhados para tratamento sem chances
de cura e em estágio neoplásico avançado.
A Seção de Oncologia Pediátrica do Inca é
responsável por cerca de 70% do atendimento
de todos os casos de pacientes com tumores
sólidos pediátricos no Estado do Rio e, em
2013, foram registradas 14.719 consultas, 1.085
internações e 328 novas matrículas de crianças
e adolescentes com câncer.
A médica Sima Ferman, chefe da seção,
afirma que, com o apoio da Fundação, crianças
e adolescentes com câncer e seus familiares
são beneficiados com o atendimento integral
) Larissa Santana, 14 anos, paciente do Inca
de uma equipe multidisciplinar, focada e
especializada. Ela também lembra sobre a
importância das doações: “As iniciativas de
apoio têm sido de fundamental importância
para podermos oferecer um tratamento de
melhor qualidade, integrado e humanizado”.
Outra conquista obtida graças à parceria da
Seção de Oncologia Pediátrica do Inca com
a Fundação é o crescimento da participação
em estudos clínicos cooperativos multiinstitucionais, nacionais e internacionais,
um somatório para os avanços no tratamento
do câncer infantojuvenil.
Apoio da sociedade
A pediatria do Inca é fortalecida há 11 anos
com a aliança entre a Fundação do Câncer
e o Instituto Ronald McDonald, realizador
29
RELATÓRIO ANUAL 2013
) Alunos da Escola Americana do Rio de Janeiro no início da caminhada contra o câncer, na Lagoa (RJ)
da campanha McDia Feliz. Ao longo desse
período, os recursos arrecadados no evento já
viabilizaram projetos como a construção de
um consultório oftalmológico, da emergência
e do CTI pediátricos, o Programa de Educação
a Distância, a implantação do laboratório de
hematologia celular e molecular infantil, além
de pesquisas clínicas.
Maior causa de mortalidade
na infância e na adolescência no Brasil,
o câncer deve se manifestar em 11.840
meninos e meninas em 2014
Em 2013, funcionários da Fundação do
Câncer, familiares e amigos participaram
da pré-venda da campanha e conseguiram
vender 20.012 tíquetes a serem trocados
por sanduíches. Com isso, foram obtidos
aproximadamente r$ 230 mil reais, que foram
repassados à Pediatria do Inca e auxiliaram
na viabilização de projetos para aprimorar o
atendimento multidisciplinar. Desse total,
o valor referente a cerca de 1.500 tíquetes
foi conseguido com o apoio dos alunos da
Escola Americana do Rio de Janeiro.
Os alunos também realizaram a nona edição
da Caminhada contra o Câncer – Walkathon,
em prol da Pediatria do Inca. Cerca de 500
pessoas se reuniram na Lagoa Rodrigo de
Freitas. Foram arrecadados r$ 43 mil com a
venda de camisetas. A quantia foi superior
à angariada em 2012, que chegou a r$ 31 mil.
A cada ano, o evento conta com mais adeptos.
Outra iniciativa que estimulou a generosidade
em favor das crianças e jovens com câncer foi
a terceira edição do Chá Beneficente para a
Pediatria do Inca, promovida pelo Iate Clube
do Rio de Janeiro, INCAvoluntário e a Fundação
do Câncer. Foram arrecadados cerca de r$ 6 mil
com a venda de convites.
) O ator Kadu Moliterno acompanhou o filho, Kenui, na
Caminhada contra o Câncer. Até a labradora da família,
Valentina, vestiu a camiseta e participou do evento
30
SOLIDARIEDADE
UNIDOS
PELA CURA:
DIAGNÓSTICO PRECOCE
E PRONTO ATENDIMENTO
A garantia da precocidade do diagnóstico
e do início do tratamento é a principal
força de combate ao câncer infantojuvenil.
O movimento Unidos pela Cura concentra
seus esforços para assegurar a crianças e
adolescentes com suspeita de câncer um
rápido atendimento no Sistema Único
de Saúde (SUS) do Rio de Janeiro. Desde
o início de 2013, a Fundação do Câncer
é membro do projeto, uma iniciativa
conjunta entre as Secretarias Municipal e
Estadual de Saúde, o Ministério da Saúde
e o Instituto Nacional de Câncer (Inca).
O Desiderata, uma das instituições
integrantes do Unidos pela Cura,
produziu, no último ano, folhetos e
cartazes de conscientização para hospitais
da Secretaria Municipal de Saúde,
esclarecendo sobre os sintomas. O Estado
do Rio possui seis centros de tratamento,
divididos por especialidades e região:
Inca, Hospital da Lagoa, Hospital dos
Servidores, Instituto de Puericultura e
Pediatria Martagão Gesteira (Instituto
de Pediatria da UFRJ – IPPMG), Hemorio
e Hospital Jesus.
O Unidos pela Cura criou um sistema que
facilita o encaminhamento do paciente
de postos e unidades de saúde da família
para a confirmação da suspeita, o que
é considerado um progresso na última
década. A consulta já pode ser agendada em
até 72 horas no município do Rio. Em 56%
dos casos, os pacientes são atendidos em até
cinco dias, e em 32%, em até três dias.
Para Roberta Costa Marques, diretoraexecutiva da entidade, o apoio da
Fundação do Câncer é fundamental.
”A Fundação é uma das instituições
responsáveis pelo controle do câncer
e pode trazer contribuições efetivas
para as políticas públicas de oncologia
pediátrica. Estamos muito felizes com
a parceria”, afirma.
FALTA MUITO POUCO PARA
UM GRANDE AVANÇO NA LUTA
CONTRA O CÂNCER:
RELATÓRIO ANUAL 2013
31
TER VOCÊ AO NOSSO LADO.
Sua ajuda é fundamental para que possamos obter
ainda mais vitórias no combate ao câncer.
Os números neste relatório mostram que já obtivemos
grandes avanços. Por exemplo: o Redome é o 3º maior
cadastro de doadores de medula óssea do mundo.
A Rede BrasilCord se expandiu para 13 bancos de
sangue de cordão umbilical e placentário. E, em breve,
vamos inaugurar o Hospice da Fundação do Câncer,
nossa primeira unidade própria de atendimento em
cuidados paliativos.
twitter.com/fdocancer
facebook.com.br/fundacaodocancer
Para avançar ainda mais, precisamos de
você. Venha sentir a alegria de lutar a
favor da vida.
Seja doador da
Fundação do Câncer.
Ligue para 4002-2508 ou envie um e-mail
para [email protected].
32
Plano de Atenção Oncológica,
um modelo para o Brasil
ARTIGO
GESTÃO A
SERVIÇO DA
CAUSA
Celso Ruggiero
Diretor-Executivo da Fundação do Câncer
Foi com muita satisfação que em fevereiro
de 2013 aceitei o convite para administrar
a Fundação do Câncer. Entre os motivos
para tal, destaco a causa do câncer em
que a instituição trabalha há mais de
20 anos nas diversas linhas de cuidado,
desde a prevenção, tratamento até os
cuidados paliativos, e o desafio de
modernizar a administração e desenvolver
novos projetos, intensificando ainda
mais a atuação filantrópica e nacional
da Fundação.
Nesse ano de trabalho, procuramos
readequar a estrutura organizacional
e modernizar os processos internos da
Fundação, assim revitalizamos a área
administrativa e financeira, revisando
todos os processos. Na área de Recursos
Humanos, renovamos a estrutura salarial,
programas de desempenho e meritocracia.
Também revisamos custos internos
e de contratos, promovendo economia
de cerca de r$ 3 milhões anuais.
Com relação aos novos projetos,
desenvolvemos metodologia para
diagnóstico, revisão de processos,
acompanhamento de indicadores
e metas na área da oncologia, que
culminaram com os Planos de Atenção
Oncológica para a Secretaria de Estado
de Saúde do Rio de Janeiro e para a
Prefeitura de Macaé. Através destes
planos, pudemos fazer um diagnóstico,
desde os mecanismos de prevenção,
a entrada do paciente na rede de atenção
básica, diagnóstico, tratamento,
visitando e avaliando as diversas
unidades de atendimento e analisando
suas conexões e encaminhamentos
dentro do sistema público.
RELATÓRIO ANUAL 2013
O resultado são relatórios substanciais
com proposições de metas, planos de ação,
aliados a cronogramas e estimativas de
custos para implantação, fornecendo assim
aos agentes públicos um mapa completo
para ação nos próximos anos, cujo objetivo
final é a redução do número de mortes por
câncer no estado e no município.
Hoje estamos prontos para auxiliar
outros estados e municípios que queiram
atacar esta causa de frente, com toda a
experiência de anos de atuação na área,
além das experiências diretas atuais.
Em 2014 estamos dando continuidade
a esta atividade para o Estado do Amazonas
e avançando nossos trabalhos junto à
Prefeitura de Macaé, cuja duração deve
variar entre seis e 12 meses. Além dos
trabalhos de consultoria e revisão de
processos, estamos finalizando os projetos
de construção de um hospice, unidade
de cuidados paliativos, a qual será um
marco para Fundação, como a primeira
unidade assistencial própria e que tem sua
inauguração prevista para julho de 2015.
A Fundação tem projetos ambiciosos
para cumprir sua missão filantrópica na
área de prevenção e controle do câncer.
Os recursos, porém, precisam ser
ampliados para o atendimento dos nossos
desejos e compromissos com esta causa.
Dependemos e muito de doações, parcerias
e apoio de instituições e pessoas físicas,
que queiram colaborar com ela.
Agradeço a oportunidade de estar
à frente desta instituição séria, ética
e com objetivos tão nobres e humanos.
Agradeço a todos aqueles que a apoiam
e conto com a colaboração de todos que
queiram aderir à causa.
) Relatórios dos Planos de Atenção Oncológica desenvolvidos
para as secretarias de Saúde de Macaé e do Rio de Janeiro
33
34
DEMONSTRAÇÕES
FINANCEIRAS
10
,1
3,0
2013
1
0,
,5
Receitas Contratos e Convênios
96
Receitas Doações
ORIGEM
DOS RECURSOS
– Em r$ milhões –
Receitas Financeiras
Receitas Diversas
8, 3
Tratamento e Diagnóstico
Transplantes de Medula
e Sangue de Cordão Umbilical
6,5
APLICAÇÃO
DE RECURSOS
– Em r$ milhões –
Projetos de Prevenção e Vigilância
Projetos de Pesquisa
Infraestrutura e Gestão
Educação e Ensino em Câncer
3
4,
1, 2
12 ,4
2,
3
19,
Administração da Fundação
2
Cuidados Paliativos
39,7
RELATÓRIO ANUAL 2013
RELATÓRIO DOS AUDITORES INDEPENDENTES
SOBRE AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
Ao Conselho de Curadores, Conselho Diretor e Conselho Fiscal da
Fundação Ary Frauzino para Pesquisa e Controle do Câncer – Fundação do Câncer
Rio de Janeiro – RJ
Examinamos as demonstrações contábeis
da Fundação Ary Frauzino para Pesquisa e
Controle do Câncer - Fundação do Câncer,
que compreendem o balanço patrimonial
em 31 de dezembro de 2013, e as respectivas
demonstrações do resultado, do resultado
abrangente, das mutações do patrimônio
líquido e dos fluxos de caixa para o exercício
findo naquela data, assim como o resumo
das principais práticas contábeis e demais
notas explicativas.
RESPONSABILIDADE DA ADMINISTRAÇÃO
SOBRE AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
A Administração da Entidade é responsável
pela elaboração e adequada apresentação
dessas demonstrações contábeis de acordo
com as práticas contábeis adotadas no Brasil
e pelos controles internos que ela determinou
como necessários para permitir a elaboração
de demonstrações contábeis livres de
distorção relevante, independentemente,
se causada por fraude ou erro.
RESPONSABILIDADE DOS
AUDITORES INDEPENDENTES
Nossa responsabilidade é a de expressar uma
opinião sobre essas demonstrações contábeis
com base em nossa auditoria, conduzida
de acordo com as normas brasileiras e
internacionais de auditoria. Essas normas
requerem o cumprimento de exigências
éticas pelos auditores e que a auditoria seja
planejada e executada com o objetivo de obter
segurança razoável de que as demonstrações
contábeis estão livres de distorção relevante.
Uma auditoria envolve a execução de
procedimentos selecionados para obtenção
de evidência a respeito dos valores e
divulgações apresentados nas demonstrações
contábeis. Os procedimentos selecionados
dependem do julgamento do auditor,
incluindo a avaliação dos riscos de distorção
relevante nas demonstrações contábeis,
independentemente, se causada por fraude
ou erro. Nessa avaliação de riscos, o auditor
considera os controles internos relevantes
para a elaboração e adequada apresentação
das demonstrações contábeis da Entidade
para planejar os procedimentos de auditoria
que são apropriados nas circunstâncias,
mas não para fins de expressar uma opinião
sobre a eficácia desses controles internos da
Entidade. Uma auditoria inclui, também, a
avaliação da adequação das práticas contábeis
utilizadas e a razoabilidade das estimativas
contábeis feitas pela Administração, bem
como a avaliação da apresentação das
demonstrações contábeis tomadas em
conjunto. Acreditamos que a evidência de
auditoria obtida é suficiente e apropriada
para fundamentar nossa opinião.
OPINIÃO SOBRE AS
DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
Em nossa opinião, as demonstrações
contábeis acima referidas apresentam
adequadamente, em todos os aspectos
relevantes, a posição patrimonial e financeira
da Fundação do Câncer em 31 de dezembro
de 2013, o desempenho de suas operações e
os seus fluxos de caixa para o exercício findo
naquela data, de acordo com as práticas
contábeis adotadas no Brasil.
Rio de Janeiro, 03 de abril de 2014
BDO RCS Auditores Independentes SS
CRC 2 SP 013846/O-1 - S - RJ
Julian Clemente
Contador CRC 1 SP 197232/0-6 – S - RJ
Cristiano Mendes de Oliveira
Contador CRC 1 RJ 078157/O-2
35
36
Demonstrações financeiras 2013
BALANÇOS PATRIMONIAIS
EM 31 DE DEZEMBRO DE 2013 E 2012 (Em milhares de reais)
ATIVO
Nota explicativa
2013
2012
Circulante
(reclassificado)
Caixa e bancos
1.681
455
Recursos vinculados a programas
4
18.451
11.593
Fundo patrimonial
5
120.649
115.203
Contas a receber
6
32.773
34.272
553
760
Adiantamentos
Despesas antecipadas
Convênios governamentais
7
Outros créditos a receber
116
131
7.262
5.119
110
195
181.595
167.728
13
4.038
3.785
Imobilizado
8
28.581
29.537
Intangível
9
2
632
32.621
33.954
214.216
201.682
Não circulante
Realizável a longo prazo
Total do ativo
PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Nota explicativa
2013
Circulante
2012
(reclassificado)
Fornecedores
3.692
Encargos sociais e obrigações a recolher
5.170
1.427
1.453
4.943
5.152
11
366
2.844
7
7.262
5.119
12
19.534
20.456
153
628
Provisões sociais
10
Outras provisões
Convênios governamentais
Projetos a executar
Outras contas a pagar
Outros créditos
5
34
37.382
40.856
4.509
3.437
Não circulante
Provisão para contingências
13
Receitas diferidas
14
17.429
15.059
21.938
18.496
89.029
76.463
65.867
65.867
Patrimônio líquido
Patrimônio social
Fundo patrimonial estatutário
Superávit acumulado
Total do passivo e do patrimônio líquido
15
-
-
154.896
142.330
214.216
201.682
37
RELATÓRIO ANUAL 2013
DEMONSTRAÇÕES DO SUPERÁVIT
EXERCÍCIOS FINDOS EM 31 DE DEZEMBRO DE 2013 E 2012 (Em milhares de reais)
Nota explicativa
2013
2012
Receitas operacionais
(reclassificado)
Sem restrição
Prestação de serviços
6
Contratos de pesquisas
Cursos e seminários
Doações
82.442
88.996
3.091
4.045
629
511
2.243
7.062
Doações patrimoniais
Patrocínios
Outras receitas
Receita financeira
-
364
47
432
124
260
9.482
9.950
98.058
111.620
Convênios - programas de saúde
4.775
2.813
Projetos - programas de saúde
3.502
4.501
8.277
7.314
Com restrição
Custos operacionais
Com programas (atividades)
Assistência
16.1
(54.307)
(57.802)
Educação
16.2
(1.138)
(1.318)
Pesquisa
16.3
(6.827)
(8.069)
Prevenção e mobilização
16.4
(2.103)
(1.666)
Desenvolvimento institucional e humano
16.5
(11.765)
(15.256)
(4.775)
(2.813)
Despesas com convênios - programas de saúde
Despesas com projetos - programas de saúde
Resultado bruto
(3.502)
(4.501)
(84.417)
(91.425)
21.918
27.509
(8.411)
(7.779)
Despesas operacionais
Administração
Outras despesas operacionais
Superávit do período
-
(547)
(8.411)
(8.326)
13.507
19.183
DEMONSTRAÇÕES DOS RESULTADOS ABRANGENTES
EXERCÍCIOS FINDOS EM 31 DE DEZEMBRO DE 2013 E 2012 (Em milhares de reais)
2013
Superávit do exercício
Outros resultados abrangentes
Total do resultado abrangente do período
2012
13.507
19.183
-
-
13.507
19.183
38
Demonstrações financeiras 2013
DEMONSTRAÇÕES DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
EXERCÍCIOS FINDOS EM 31 DE DEZEMBRO DE 2013 E 2012 (Em milhares de reais)
Nota
explicativa
PATRIMÔNIO
SOCIAL
FUNDO PATRIMONIAL
ESTATUTÁRIO
49.352
65.867
7.928
-
(7.928)
-
-
-
19.183
19.183
19.183
-
(19.183)
-
76.463
65.867
-
142.330
(941)
-
-
(941)
75.522
65.867
-
141.389
-
13.507
13.507
13.507
-
(13.507)
-
89.029
65.867
-
154.896
Em 31 de dezembro de 2011
Absorção do superávit de 2011
Superávit do exercício
Incorporação do superávit
do exercício
Saldos em 31 de dezembro
de 2012 (reclassificado)
Ajuste retrospectivo
17
Saldos ajustados em
1° de janeiro de 2013
Superávit do exercício
Incorporação do superávit
do exercício
Saldos em 31 de
dezembro de 2013
SUPERÁVIT
ACUMULADO
TOTAL
7.928
123.147
DEMONSTRAÇÕES DOS FLUXOS DE CAIXA
EXERCÍCIOS FINDOS EM 31 DE DEZEMBRO DE 2013 E 2012 (Em milhares de reais)
2013
2012
13.507
19.183
Depreciação e amortização
1.647
(1.372)
Redução do ativo imobilizado de projetos
2.941
2.656
Fluxo de caixa das atividades operacionais
Superávit do exercício
Ajustes p/ reconciliar o resultado do período c/ recursos
provenientes de atividades operacionais
Baixa do ativo imobilizado
Ajuste retrospectivo
547
(941)
Redução (aumento) nos ativos:
Contas a receber
Adiantamentos
Despesas antecipadas
Outros créditos a receber
1.499
(11.651)
207
552
15
11
(168)
(455)
(1.478)
3.691
(26)
(179)
Aumento (redução) nos passivos
Fornecedores
Impostos e obrigações a recolher
Provisões sociais
(209)
44
Projetos a executar
(922)
(1.556)
1.072
484
Provisão para contingências
Receitas diferidas
2.370
311
Outros passivos
(2.982)
3.324
Caixa líquido gerado nas atividades operacionais
16.532
15.590
Fluxo de caixa das atividades de investimentos
Aquisição de bens ao imobilizado
(3.002)
(3.993)
Caixa líquido consumido nas atividades de investimentos
(3.002)
(3.993)
Aumento no caixa e equivalentes de caixa
13.530
11.597
Caixa e equivalentes de caixa no início do período
127.251
115.654
Caixa e equivalentes de caixa no final do período
140.781
127.251
13.530
11.597
As notas explicativas da Administração são parte integrante das demonstrações
contábeis e se encontram à disposição dos interessados no site www.cancer.org.br
Adriana Cascareja Soares
Contadora - crc-rj 078797/O-0
RELATÓRIO ANUAL 2013
PARCEIROS DE PROJETOS
Amgen Brasil Biofarmacêutica
Icon Clinical Research
Associação Pró-Vita
ImClone Systems
Associação Vencer
Instituto Nacional de Câncer (Inca)
Astellas Pharma/PRA
Institute of Head and Neck Studies and
Education (Inhanse)
Astrazeneca do Brasil Ltda.
Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES)
Instituto Ronald Mc Donald
Intrials/Eurofarma
Bloomberg/Union
Janssen – Cilag Farmacêutica Ltda.
Boehringer Ingelheim
Merck Sharp & Dohme Farmacêutica Ltda.
Bristol-Myers SQUIBB Brasil S.A.
Morphotek Inc.
Bristol-Myers SQUIBB Farmacêutica Ltda.
National Cancer Institute at the National
Institute of Health (NCI-NIH)
Cancer International Research Group
(Cirg/Roche)
Novartis Biociências S. A.
Celgene
Organização Pan-Americana de Saúde – Opas
Cephalon Inc.
Parexel International Pesquisas Clínicas Ltda.
Cobre Bem Tecnologia
Laboratórios Pfizer
Daiich Sankyo Pharma Development
Pharmaceutical Research Associates Ltda.
European Haematology Association (EHA)
Pharm-Olam/Tesaro
Eli Lilly do Brasil Ltda.
PPD Development L.P.
Escola Americana do Rio de Janeiro (Earj)
Prod. Roche Químicos Farmacêuticos Ltda.
Financiadora de Estudos e Projetos (Finep)
Produtos Hospitalares Dist. do Centro S.A.
Fundo Nacional de Saúde (FNS/MS)
Quintiles Brasil Ltda.
Glaxosmithkline Brasil Ltda.
Roche Químicos e Farmacêuticos S.A.
Grupo Lat. Amer. Invest. Clínicas Oncologia
Sanofi-Aventis
Hospital Albert Einstein
Wyeth Pharmaceuticals Inc.
I3 Latin America
PARCEIROS DE EVENTOS
ABC Turismo
Lapa 40º Sinuca e Gafieira
Aliança de Controle do Tabagismo (ACT)
Outback Steakhouse
Iate Clube do Rio de Janeiro
Restaurante Dom Cavalcante
Instituto Desiderata
Restaurante Fran Mourão
Joalheria Ganish
Restaurante Siri Mole
Kinoplex
39
REDAÇÃO E COORDENAÇÃO EDITORIAL
SPS Comunicação
PROJETO GRÁFICO
Karyn Mathuiy Design
FOTOS
Fabrizia Gramatieri
Flávio Sardou / Prefeitura de Macaé
Gianne Carvalho
Rui Porto / Prefeitura de Macaé
Secretaria de Estado de Saúde
do Rio de Janeiro / Divulgação
COORDENAÇÃO GERAL
Gerência de Marketing e Captação
de Recursos da Fundação do Câncer
RELATÓRIO
ANUAL
2013
PLANO
de ATENÇÃO
ONCOLÓGICA,
um modelo
para o Brasil
HOSPICE
‘Dar mais vida aos dias
do que acrescentar dias à vida’
PARA DOAÇÕES, ACESSE:
www.cancer.org.br/doe
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