UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA __________________________________________________________________________________________________________________________________ Disciplina: Sociologia Professor: Delque Pantoja INTRODUÇÃO A SOCIOLOGIA Como você se define enquanto pessoa? Como determinadas situações mudam e trazem desdobramento para a sua vida? É uma pessoa autônoma?Autônoma é uma forma de pensar e de agir frente às diversas situações enfrentada pelo individuo dentro do seu dia a dia. Vamos trabalhar com exemplos simples, para você entender; quando uma pessoa esta se sentindo ruim, o que deve-se fazer? Sempre tem alguém que indica um remédio, tem uma receita infalível. Esta forma de indicar o remédio para a pessoa, se for olhar no passado, era uma prática bem mais comum, mas hoje com maior possibilidade de aceso ao médico, ficou mas reduzida esse tipo indicação de ação, mas isso não quer dizer que ninguém o faça. Essa indicação do remédio por uma pessoa que não é médico= é uma espécie de senso comum. No caso tem que se consultar com o médico, por que ele é a pessoa especializada para tratar dessas questões de saúde. Então, o que seria um Senso Comum? Podemos dizer que são soluções simples do cotidiano, com pouca elaboração e sem nenhum conhecimento cientifico especifico e aprofundado. Doutor em filosofia, Rubens Alves um dos grandes intelectuais brasileiro, em seu livro Filosofia da Ciência, para ele o senso comum é aquilo que não é ciência. Em outras palavras, é compreender que a pessoa que indicou o remédio sem o mínimo de conhecimento na área da medicina não é algo cientifico, mas uma probabilidade que pode funcionar para o dia a dia das pessoas. Mas tem uma explicação lógica por que as pessoas indicam o remédio. Dentro do seu conviveu social elas passam a aprender com seus avos, seus pais e etc, assim elas são detentora de um conhecimento empírico, é por essa percepção que Rubens Alves afirma que a ciência, na verdade, é um refinamento ou melhoramento, do senso comum. O senso comum e a ciência nos apresentam respostas, soluções práticas para nossos problemas do dia a dia. Então, em que se constitui a diferença entre senso comum e ciência? É que a ciência tem um conhecimento mais elaborado, seus métodos de investigação. Ao percebe ou fazer uma analise do senso comum, não estou dizendo que ela esta errada e que devemos rejeitar. O que estou propondo de uma forma bem sucinta, é que você pode e deve ultrapassar a barreira do conhecimento comum, e nesta perspectiva sobre a sociedade. Outra questão que devemos entender ou desmistificar é o simbolismo dado ao termo cientista. Ratificando o pensamento de Rubens Alves quando ele explica que um cientista não é uma pessoa que pensa melhor ou analisa os fotos com Maior, clareza do que os outros. Para o autor a tarefa de refletir e de entender os porquês das coisas cabe a todos nós, para isso cai por terra à ideia de que não precisamos pensar, porque existem pessoas melhores para fazer isto, é furada. Quando buscamos um pouco mais do conhecimento elaborado e investigativo, começamos a refletir melhor sobre como funciona a sociedade, e entender com clareza as relações sociais dentro dela, entre outras coisas. Mas na prática o que isso trará para nós? Trará-lhe conhecimentos dos fatos e autonomia para CONCORDAR OU DISCORDAR POR SI PRÓPRIO sobre as questões sociais e seu papel em sociedade. Esta é a compreensão e a independência que você tenha: A DE REFLEXÃO. A partir dessa analise e dos argumentos apresentados o que é sociologia? É uma ciência ou senso comum? Sobre a sociologia o que é preciso conhecer para entender? A Sociologia é uma forma do conhecimento e saber científico. Mas a sociologia não foi e não é uma ciência redentora que vai Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 solucionar todos os males sociais, ela surge como mecanismos para fornecer um novo entendimento sobre a sociedade. É importante compreender o contexto no qual a sociologia nasceu suas contribuições para o entendimento dos fatos que dar referenciais para refletimos sobre as sociedades, temos que entender que antes de se tornar ciência, a sociologia era pensada em diferentes contextos históricos e em diferentes sociedades e como parte desse desenvolvimento chegou ao Brasil, suas características e fatores fundamentais para analisar as sociedades atuais. A sociologia enquanto ciência é considerada nova, ela surge no final do século XVIII e teve sua consolidação no inicio do século XIX, na busca por entender a sociedade e seus conflitos. Mas o objetivo de pensar sobre os problemas sociais, está no centro de sua finalidade desde a antiguidade, se estudamos sobre a Grécia Antiga, vamos ver que lá, já havia o desejo de se entender a sociedade. Uma analise do processo histórico do pensar Sociológico desde a Antiguidade. Na antiguidade, mas especificamente no século V a.c, encontramos uma corrente filosófica que é conhecida como sofistas, eles começam a dar atenção aos problemas sociais e políticos de sua época. Mas para tanto não são os gregos os fundadores da Sociologia. Já quando chegamos à filosofia clássica termos Platão (427-347 a.c) e Aristóteles (384 – 347 a. c) como os mais importantes filósofos da humanidade, com eles surgiram as primeiras analises dos trabalhos reflexível sobre a sociedade. Platão em sua obra A Republica, no seu segundo livro Sócrates começa seu discurso falando sobre a origem da sociedade, e esta é formada para satisfazer a necessidade da vida. Aristóteles já mencionava que o homem era um ser que, necessariamente, nasce para estar vivendo em conjunto, isto é, em sociedade. No seu livro chamado A Política, no qual consta um estudo dos diferentes sistemas de governo existentes, percebe-se o seu interesse em entender a sociedade. Com o fim da antiguidade, termos uma nova configuração no mundo, uma nova forma de governo, ou seja, a Idade Média, que vai do século V d. c ao século XV d.c, que se constitui um período de dez séculos ou mil anos, mas entre os anos de 476 a 1453, segundo os renascentistas (que vamos entende depois), um período que ficou conhecido como “período das trevas”, que era a forma que se ver o mundo. Para eles o que devia prevalecer era a fé, onde o campo místico e religioso trazia e oferecia todas as explicações viáveis para os acontecimentos do mundo. Na Europa Medieval, esse predomínio religioso foi da Igreja Católica. Dentro desse contexto histórico da Idade Média, se constituía um predomínio da fé, para os humanistas renascentistas, essa dominação pela fé traria um tipo de asfixiava às tentativas de explicações mais especulativas (cientifica) sobre a sociedade. Ao não comprimento de uma lei ou regra estabelecida socialmente se configuraria como pecado, assim, podemos entender a tamanha relação entre a vida cotidiana e o mundo sobrenatural. Quando buscamos analisar o “período das trevas” (Idade Média), na percepção dos renascentistas podemos ver pela sua ótica de mundo, “meio tenebroso”. Mais se olhamos com clareza, entenderemos que foi um período muito importante para a história da humanidade. A caminho da razão. A apresentação desse contexto histórico é para mostrar que nem sempre os seres humanos puderam contar com a ciência para entender o mundo, em especial o social, que é o objetivo de nossa compreensão. Assim, podemos entender que estudiosos no passado buscavam um entendimento, baseado em uma explicação a respeito da realidade que os indivíduos ficaram presos, na tradição, nos mitos antigos e em explicações religiosas. A dominação, nas organizações sociais, baseados nos princípios religiosos, ou seja, na fé se estendeu até o século XV. Para tanto, com o século XIV começava a acontecer uma revolução cultural. Dava-se inicio ao Renascimento. Os renascentistas, baseados na percepção da filosofia grega que deram inicio ao questionamento do mundo de maneira reflexiva (como foi apresentado de forma sucinto anteriormente no texto), assim, eles rejeitavam todo e qualquer pensar sobre a cultura medieval, que está ligada diretamente aos valores da igreja, no caso, a Católica. Página 2 de 39 Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 O pensamento renascentista proliferou-se por muitas partes da Europa e passaram a influenciar a arte, a ciência, a literatura e a filosofia, apresentando e defendendo o pensamento crítico. Nesse período se constitui um novo olhar de forma mais realista, e aparecem pensadores que passam a investigar a sociedade. Dentre eles Nicolau Maquiavel (14691527), em que sua obra O Príncipe, faz uma espécie de manual de guerra para Lorenzo de Médici. Ali comenta como o governante pode manipular os meios para a finalidade de conquistar e manter o poder em suas mãos. Obras como esta dão um novo olhar para sociedade; através da razão os homens poderiam dominar a sociedade, longe das influências divinas. O Iluminismo “Esclarecimento [Aufklärung] é a saída do homem de sua menoridade da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa menoridade se a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Sapere aude! Tem coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento.” (KANT, 1783) No século XVIII, na Europa tem um momento que fica conhecido como Iluminismo, tem o seu inicio na Inglaterra e na França, mas com o decorrer do tempo espalhou-se dentro do continente europeu com ideias que valoriza a ciência e a racionalidade no entendimento da vida social que passou a ser mais forte ainda. No domínio da cultura, na Europa do século XVIII assistiu ao grande desenvolvimento da Filosofia das Luzes, as suas ideias tinham por base o racionalismo, isto é, a primazia da razão humana como fonte do conhecimento. A insatisfação generalizada que reinava na Europa, devida à opressão exercida pela política dos governos absolutistas, que era combatida pelo Iluminismo, com intensa produtividade de artistas, homens de ciência e filósofos e colaborou decisivamente para mudar as formas de pensar, sentir e agir das pessoas esse período. O absolutismo, que começou a surgir na Europa ainda no final da Idade Média, no século XV, em que o rei concentrava todo o poder em suas mãos e governava sendo considerado um representante divino na terra, uma voz de Deus, na qual até a igreja raramente se sujeitava. A principal característica das ideias iluministas se constituiu na explicação racional das questões que envolviam a sociedade, ou seja, seus conflitos sociais. Com o desenvolvimento desta corrente filosófica a sociedade passou a ser pensada por vários autores como: Voltaire (1694-1778), filósofo que defendia a razão e combatia o fanatismo religioso; Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), que estudou sobre as causas das desigualdades sociais e defendia a democracia; Montesquieu (1689-1755), que criticava o absolutismo, e defendia a criação de poderes separados (legislativo, judiciário e executivo), os quais dariam maior equilíbrio ao Estado, uma vez que não haveria centralidade de poder na mão do governante. Pois bem, o Iluminismo trás através de seus pensadores e suas teorias sobre a sociedade, neste período do surgimento é que se consolida toda preparação para uma ciência que viesse contribuir com a interpretação dos movimentos da sociedade. O Iluminismo combatia: O absolutismo Monárquico; O mercantilismo: a intervenção do estado na vida econômica; O argumento do direito divino dos reis; A participação da igreja na vida pública. As principais Iluminismo: ideias defendidas pelo A igualdade Jurídica; A tolerância religiosa ou filosófica; A liberdade pessoal e social; Direito a propriedade privada; Defesa do contrato como mediador das relações sociais. Depois de toda essa apresentação sobre o processo histórica desde a antiguidade até a era moderna, onde damos inicio a análise de duas grandes causas importantíssimas para o surgimento da Sociologia enquanto Ciência. Página 3 de 39 Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 Essas duas grandes causas são: a Revolução Industrial em (1760), e a Revolução Francesa (1789). O aparecimento das máquinas: Máquina a vapor (Thomas Newcomen –1712), Revolução Comercial: Criou condições para a Revolução Industrial; Revolução Industrial A Revolução Industrial se constitui como causa econômica, com grande expansão do comercio ultramarino (grande demanda de produtos). Dentro desse processo acontecem grandes transformações sociais. A expressão Revolução Industrial foi difundida a partir de 1845, por Friedrich ENGELS (1820-1895) um dos fundadores do socialismo científico, para designar o conjunto de transformações técnicas e econômicas que caracterizam a substituição de energia física pela energia mecânica, da ferramenta pela máquina e da manufatura pela fábrica no processo de produção capitalista. Até então um país como a Inglaterra que tinha sua produção na mão do artesão agora com as grandes navegações e suas demandas de produtos tem que buscar uma forma de produzir em alta escala, foi o grande precursor do capitalismo, ou seja, a passagem do capitalismo comercial para o capitalismo industrial. Escritores consagrados como Adam Smith, Karl Marx, Eric Hobsbawm entre outros exploram a importância da Revolução Industrial e o surgimento do capitalismo moderno. A Revolução Industrial acelerou o processo de migrações ou êxodo rural do campo para a cidade, o que intensificou o crescimento da população urbana e contribuiu para a formação de uma nova classe social, e esse novo fenômeno social trás, mão de obra abundante e barata, ou seja, a classe operária. A jornada de trabalho nas primeiras décadas de industrialização tinha uma duração de 14 a 16 horas diária. Os baixos salários, em consequência de abundância da mão de obra e da utilização das máquinas reduziram o preço da força de trabalho a níveis de mera substância. Causas gerais da Revolução Industrial Entre os diversos fatores que se encontram na origem do processo de industrialização, seis merecem destaque especial: Acumulação de capitais: comércio, exploração colonial, tráfico negreiro, desenvolvimento manufatureiro, etc; Apropriação dos meios de produção pela burguesia: terras, manufaturas, fontes de energia; Expansão dos mercados: Expansão marítima e colonial, origens da globalização, difusão do trabalho assalariado; Formação da classe operária: êxodo rural, ruína dos artesãos independentes, divisão e especialização do trabalho. Aspectos sociais da Revolução Industrial: Consolidação da sociedade capitalista e da hegemonia burguesa. Burguesia: banqueiros, investidores, grandes industriais e comerciantes, latifundiários. Pequena burguesia: pequenos empresários e proprietários, profissionais liberais, funcionalismo publico, técnicos, gerentes. Proletariado: operariado, trabalhadores assalariados urbanos e do campo. Utilização das máquinas e novas fontes de energia; Revolução nos transportes e nas comunicações. Revolução Francesa A Revolução Francesa (1789) se constitui como uma causa histórica política. Afinal foi com ela que a burguesia ascendente assumiu o poder político usando o povo, a nobreza e o claro Página 4 de 39 Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 tentavam sabota qualquer tentativa de reforma, a pequena burguesia que participou ativamente da revolução entres eles, os pequenos comerciantes, os artesãos contra os reis franceses que foram guilhotinados, o disseminado os princípios da Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Podemos entender essa luta de duas classes ou sociedades antagônicas, de dois sistemas de Estado o Absolutismo e o Liberalismo. A sociedade francesa estava dividida em: Burguesia: As pessoas que moravam nos núcleos urbanos (burgos), eram identificadas como sendo os burgueses. Mas com o passar dos tempos, essa denominação ficou apenas para os que haviam enriquecido com o comércio, sobretudo os comerciantes e banqueiros. As principais causas da Revolução Francesa foram as seguintes A crise financeira sofrida pelo país antes da revolução (uma das principais causas); Os envolvimentos da França na Guerra de Independência dos Estados Unidos, além da participação e derrota na Guerra dos Sete Anos; O regime político do país, que era governado pelo absolutismo do rei; A ascensão da classe burguesa, que desejava mais liberdade em relação ao comércio e o fim dos altos impostos. O movimento cultural e intelectual iluminista, que buscava a reforma social e o fim dos pensamentos medievais. A Sociologia esboçou-se enquanto ciência no encalce do pensamento positivista, vinculada à ordem das Ciências Naturais, defendida por dois dos maiores pensadores: Auguste Comte e Êmille Durkheim. Tanto Comte quanto Durkheim, compartilhavam das mesmas preocupações sobre como resolver os graves problemas sociais, adquirido com advento dos meios de produção capitalista, que teve grande influência das duas revoluções burguesas, dessa forma ambos buscam o entendimento e a compreensão destes conflitos sociais surgido na sociedade como: a miséria, o desemprego, alcoolismo e as consequentes greves e rebeliões operárias. Buscava com essa nova ciência implantar uma nova educação, capaz de adequar devidamente os indivíduos à nova sociedade, com resgate de valores morais – como a solidariedade – e estabelecer relações estáveis entre as pessoas, independente da classe social e à qual se vinculem. Depois de todo esse processo histórico e já com o surgimento da sociologia em quanto ciência, e sua consolidação, assim, ocorrer sua inserção no pensamento intelectual da sociedade moderna em volta dos movimentos sociais organizados, esta ciência teve sua inserção de uma forma completa nas três correntes do pensamento filosófico centrais, que tem como finalidade analisar, compreender, explicar e dar respostas aos fenômenos (acontecimentos) sociais, políticos, econômicos e culturais. A partir da consolidação da sociedade capitalista nos séculos XVIII, XIX e XX as três correntes filosóficas buscam expor não dentro da mesma ótica, necessariamente, seja ela com a mesma analise ou com os mesmos princípios, mas, no entanto, em diferentes olhares e percepção da compreensão metodológica na construção e desenvolvimento dos conflitos e práticas sociais. Lembrete aos alunos PIA, fiquem atentos as essas observações e definições abaixo. O contexto histórico do surgimento da sociologia dentro de um processo de transformação, que se constitui em causas econômicas, causas históricas e conceitos entre outros, assim elencarei alguns. Página 5 de 39 Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 Idade Moderna: transição do feudalismo para o capitalismo. Revolução industrial: é afirmação do modo de produção capitalista. Século XIX: Consolidação da burguesia e da sociedade capitalista. Urbanização: formação da operária, setores marginalizados. classe Iluminismo: racionalismo, desenvolvimento cientifico e tecnológico. Problemas sociais e criticas as contradições do sistema capitalista. Atenção: Iluminismo: movimento intelectual que surgiu e se desenvolveu na Europa no século XVIII, o Iluminismo teve significativa influência nas transformações políticas e econômicas ocorridas nesse período. Suas propostas mais relevantes foram a defesa da liberdade econômica e política e a valorização da ciência como principal meio de compreensão do mundo, deixando em segundo plano as explicações religiosas e superstições oriundas das tradições e do senso comum. Seus ideais serviram aos interesses da burguesia nascente contra a estrutura social do Estado absolutista. John Locke, Voltaire, Charles de Montesquieu, Jean-jacques Rousseau e Adam Smith são os representante mais importante do Iluminismo e tiveram um papel central na construção do pensamento social contemporâneo. Ciências Sociais: Área do conhecimento formada por três disciplinas, principalmente: Antropologia, Sociologia e Ciência Política. Em conjunto, elas buscam compreender a realidade e propor soluções para inúmeros conflitos sociais contemporâneos. Ainda que, na prática, a divisão entre as três ciências não seja rigorosa, por convenção a Antropologia prioriza os fenômenos culturais; a Ciência Política, as relações de poder e instituições políticas; e a Sociologia, a análise das relações e estruturas sociais. Sociologia e sua interpretação: Diferentemente dos modos de organização da vida social que a precederam, a sociedade contemporânea, devido ao papel exercido pelo conhecimento cientifico, tem sido capaz de produzir diferentes explicações sobre si mesmo. Muitas das reflexões construídas se devem a análises sociológicas da realidade social. Se pensar sobre a vida social é uma característica das sociedades humanas, com a Sociologia esse pensar adquire um rigor e uma perspectiva singulares, que se expressam na construção de diferentes métodos de análise da realidade social. Estuda as relações sociais e as formas de associação, considerando as interações que ocorrem na vida em sociedade. A Sociologia envolve, portanto, o estudo dos grupos e dos fatos sociais, a divisão da sociedade em classes e camadas, da mobilidade social, dos processos de cooperação, competição, conflito na sociedade etc. Sociedade - complexo de relações humanas, ou seja, um sistema de interação; Social - qualidade de interação, interrelação e reciprocidade. Augusto Comte (1798 - 1857), Émile Durkheim (1858 - 1917), Karl Marx (1818 1883) e Mar Weber (1864 - 1920). Esses autores são considerados como os clássicos da Sociologia e propulsores dessa corrente que influenciaram e ainda influenciam na manutenção ou na mudança das relações sociais, consequentemente no modo de produção capitalista. É fundamental compreender estes autores para melhor analisar o contexto e momento histórico vivenciado, analisando quais foram os seus legados à sociologia, moderna e contemporânea. Vamos conhecer um pouco mais sobre os clássicos da Sociologia. Isidore Augusto Merie Xavier Comte (1798 - 1857), nascido em 19 de janeiro em Montpellier, Fraça, filósofo de família católica. Iniciou seus estudos no liceu de Montpellier. Mas tarde aos 16 anos ingressou na Escola Página 6 de 39 Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 Politécnica de Paris. É considerado o pai da Sociologia. Foi ele quem pela primeira vez usou essa palavra, em 1839, em seu Curso de filosofia positiva, entendido por ele como “física social”. Para Comte, o conhecimento da sociedade visava ao restabelecimento de sua “ordem”. Para conhecer a sociedade era preciso os mesmos procedimentos investigativos das ciências naturais, tais como a observação, experimentação e a comparação. Comte faz parte de um grupo de pensadores classificado como conservador, pois suas ideias propõem a estabilidade e desenvolvimento da sociedade capitalista. Segundo ele, a sociedade estava passando por um estado de “caos social” pós-revolucionários, seja porque as ideias religiosas não mais serviam de modelo de conduta para os homens e, portanto, não se prestava a reorganizar a sociedade. A sociologia de Comte pregava a necessidade de reconciliação entre a “ordem” e o “ progresso”, sendo a ordem existente o ponto de partida para a nova sociedade, já o progresso se apresentaria como consequência da ordem existente. Suas principais obras são, Política positiva ou tratado de sociologia instituindo a religião da humanidade e o catecismo positivista ou exposições sumárias. Comte desenvolveu a lei dos três estados: todas as ciências e o espírito humano como um todo se desenvolve por meio de três fases distintas: Teológica: A explicação sobre os acontecimentos e os fenômenos ocorre a partir da crença na intervenção de seres pessoais e sobrenaturais. O mundo torna-se compreensível somente através das ideias de deuses e espíritos. A mentalidade teológica também desempenhava o papel de coesão social, fundamentando a vida moral. Metafísica: Atribui forças para explicar os diferentes grupos de fenômenos em substituição às divindades da fase teológica. Fala-se em forças físicas, forças químicas, força vital. Diferença: metafísica coloca o abstrato no lugar do concreto e a argumentação no lugar da imaginação. Positiva: Caracteriza-se pela subordinação da imaginação e da argumentação à observação. A visão positiva dos fatos abandona a consideração das causas dos fenômenos e torna-se pesquisa de suas leis, entendidas como relações constantes entre fenômenos observáveis. Empregar o mesmo método para todos os campos científicos – convergências e homogeneidade de teorias. A previsibilidade científica permite o desenvolvimento da técnica. Para Conte a duas categorias centrais em sua Sociologia. A Estática e a Dinâmica social, a estática consiste no estudo do consenso social, ele faz uma comparação com um organismo vivo, se por um lado à estática se presta a fazer a analise da estrutura da sociedade, por outro, analisa aos elementos que determinam o consenso social, daquilo que faz os indivíduos uma coletividade e das instituições uma unidade. Já a Dinâmica é a descrição das etapas sucessivas percorridas pelo processo histórico das sociedades humanas, comandada por leis. Essa esta subordinada a Estática. Émille Durkheim (1858-1917) Contribuição: estabelecer a sociologia um objeto (Fato social) e um método (Funcionalista), em sua obra As regras do método sociológico Émile Durkheim (1858-1917), nasceu em Epinal, na Alsácia. Era descendente de uma família de rabinos. Iniciou seus estudos filosóficos na Escola Normal Superior de Paris, indo depois para a Alemanha. Lecionou Sociologia em Bordéus, primeira cátedra dessa ciência criada na França. Transferiu-se em 1902 para Sorbone, para onde levou inúmeros cientistas entre eles seu sobrinho Marcel Mauss, reunindo-os num grupo que ficou conhecido como a escola sociológica francesa. Suas principais obras foram: Da Divisão do Trabalho Social; As Regras do Método Sociológico; O Suicídio; Formas Elementares da Vida Religiosa; Educação e Sociologia; Durkheim delimitou claramente o objeto do estudo da sociologia, o Fato Social. Em seu livro “As regras do método sociológico”, Durkheim mostra que em todas as sociedades existe um grupo determinado de fenômenos que são exteriores ao individuo e exercem um poder coercitivo sobre o mesmo, a este ele denominou Página 7 de 39 Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 de fato social, o FATO SOCIAL em Durkheim consiste na maneira de pensar, sentir e agir exteriores ao individuo dotadas de um poder de coerção reconhecida para a existência de alguma sanção determinada. Durkheim ao definir os fatos sociais, mostra consequentemente que o homem é mais que um formador da sociedade é um produto dela, ou seja, ao receber das instituições sociais uma série de princípios que nos é passado, em grande parte, através da educação, princípios morais, religiosos, éticos ou de comportamento, qualquer desvio a estes percebe uma grande repressão por parte da consciência pública, que segundo Durkheimt “reprimem todos os atos que a ofendam, através da vigilância que exercem sobre a conduta dos cidadãos e das penas especiais que dispões” (Durkheim, 1968, p. 390). Durkheim parte da ideia de que o indivíduo é produto da sociedade. Como cita Aron, “[…] o indivíduo nasce da sociedade, e não a sociedade nasce do indivíduo” (2003, p. 464). O indivíduo e a sociedade, para Durkheim, compõem uma inter-relação conjugada, onde uma parte pertence ao outro em harmonia constante. Na verdade, uma tensão entre indivíduo e sociedade seria um equívoco em termos, pois o indivíduo não existe em sua plenitude, ou seja, as ações sociais não dependem do indivíduo, mas sim, do coletivo. de sua adesão consciente, ou seja, eles são exteriores aos indivíduos. As regras sociais, as crenças, os costumes, as leis e os valores já existem antes do nascimento das pessoas; são a elas impostos por mecanismos de coerção social, como a educação. Portanto, os fatos sociais são ao mesmo tempo coercitivos e dotados de existência exterior às consciências individuais. Uma conclusão lógica importante é que todo processo de socialização implica um alto grau de coerção (imposição). Generalidade: É social todo fato que é geral, que se repete em todos os indivíduos ou, pelo menos, na maioria deles. Os fatos sociais manifestam sua natureza coletiva ou um estado comum ao grupo, como as formas de habitação, de comunicação, os sentimentos e a moral. A generalidade distingue o essencial do fortuito e especifica a natureza sociológica dos fenômenos. Mas, um fato social é geral porque é coletivo, mas não pode ser considerado um fenômeno coletivo apenas por ser geral. Quando falamos em um fato coletivo, afirmamos que esse fato é independente de suas manifestações individuais. Dito de outro modo, um fato não é social por ser generalizado em uma dada coletividade, porém é geral para a coletividade por ser social. Fato social características: É de certo modo a moral vigente da sociedade. A consciência coletiva manifesta-se nos sistemas jurídicos, nos códigos legais, na arte, na religião, nas crenças, nos modos de sentir, nas ações humanas. Existe difundida na sociedade e é interiorizada pelos indivíduos Para Durkheim, a sociedade è mais do que a soma dos indivíduos e o todo (a sociedade) prevalece sobre as partes (os indivíduos). Depois que Durkheim fala sobre a consciência coletiva ele cria o conceito de representações sociais que são estados de consciência coletiva tem que ter três Coerção social; Exterioridade; Generalidade; Coerção social: A força que obriga o indivíduo a conduta e a formas de pensar específicas – manifestas em representações coletivas e regras de comportamento. Exemplos: modelos de relações familiares, religião, língua, códigos legais etc. Coerção social direta: direito, educação, família e religião; Coerção social indireta: língua, sistema econômico, desenvolvimento tecnológico. “A coerção social não exclui necessariamente a personalidade individual”. Exterioridade: Existem e atuam sobre os indivíduos independentemente de sua vontade ou A Consciência Coletiva: Solidariedade orgânica e mecânica: Durkheim enfatiza a respeito da consciência coletiva, as normas, um padrão que uma sociedade segue e desenvolve uma solidariedade social, onde se faz referência de dois tipos desta solidariedade: a solidariedade mecânica e a solidariedade orgânica. Assim a função da solidariedade é torna o indivíduo Página 8 de 39 Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 integrante do todo, tirando lhe parte de seus movimentos. Assim ele distingue dois tipos de solidariedade, que correspondem a duas formas de organização social, diferenciando-se pelo fundamento da coesão social. O primeiro tipo de solidariedade se encontra nas sociedades antigas, précapitalistas, e pode ser chamada de solidariedade mecânica, que mantém unida devido aos seus membros possuírem características iguais. Ao contrário da solidariedade mecânica, a sociedade moderna, a partir da Europa industrializada do século XIX, caracteriza-se pela solidariedade orgânica. Trata-se de uma sociedade complexa fundamentada na divisão do trabalho, segundo o princípio da especialização, e seus laços resultam da diferenciação, ou se exprimem por seu intermédio. A solidariedade cria-se através de redes de relacionamento entre indivíduos e grupos, onde cada um deve respeitar as obrigações assumidas por contrato. defesa da classe trabalhadora essa escolha fez com que passasse por momentos difíceis, encontrava-se na pobreza e com sua mulher doente, o grande companheiro que lhe prestou ajuda financeiro e intelectual foi F. Engels. Suas principais obras - Manifesto do partido comunista, A luta de classes em França e O Capital. Principais contribuições de Marx, Descrever o funcionamento do capitalismo a partir dos processos e conexões existentes entre as unidades sociais envolvidas (assalariados, detentor do capital, ‘mercado’, competição) e suas motivações. A principal característica da sua teoria (ex. teoria do conflito)? A luta de classes. Sendo as classes caracterizadas pela posse ou não dos meios de produção. O pensamento de Marx: Filosofia alemã Socialismo utópico francês Economia política clássica inglesa Anomia: A luta de classes: Carência de regulamentação social, ausência de regras sociais. Durkheim vai considerar o capitalismo perfeito, porque gera a produtividade, a divisão do trabalho, dependência dos indivíduos e solidariedade. E como explicar os suicídios, criminalidade, violência? A crise da sociedade é uma crise moral! Ou as normas estão falhando (fato patológico) ou há ausência de normas (anomia) Karl Heinrich Marx (1818 - 1883): Marx nasceu em tréves, sul da Prússia Ranânia, pertence hoje à Alemanha ocidental, descendente de judeus, tinha uma vida de classe média em virtude do seu pai que teve de mudar de nome por ser de origem judia, posteriormente se envolveu com os movimentos sociais organizados e abdicou de muitos saberes característicos da classe média. Em 1848, Marx foi convidado pelo movimento operário para expor suas ideais de como deve ser uma sociedade sem exploração, foi quando escreveu uma de suas obras o manifesto comunista, expulso pelo governo da Bélgica, Marx instalou-se definitivamente na Inglaterra. Sua vida foi constantemente em Marx pretendendo caracterizar não apenas uma visão econômica da historia, mas também uma visão histórica da economia, a teoria marxista também procura explicar a evolução das relações econômicas nas sociedades humanas ao longo do processo histórico. Segundo a concepção marxista, uma permanente dialética das forças entre poderosos e fracos, opressores e oprimidos, a historia da humanidade seria construída por permanente luta de classes, como deixa bem claro a primeira frase do primeiro capitulo de sua obra O Manifesto comunista. “A historia de toda sociedade passada é a historia da luta de classes”. Para Engels a classe era “os produtos das relações econômicas de sua época”. Não importando a diversidade de classes, escravidão, servidão e capitalista, para ele seria as etapas de um processo único. A base da sociedade é a produção econômica. Devemos entender que na visão dele sobre a base econômica se ergue uma superestrutura, ou seja, um estado de ideias econômicas, sociais, políticas, morais, filosóficas e artísticas. No pensamento de Marx deveria ocorrer uma inversão da pirâmide social, para o Página 9 de 39 Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 autor o poder deveria esta na mão da maioria, os proletários assim se constituíam a única forma de destruir a sociedade capitalista, e daí construir uma nova sociedade mais justa, o socialismo. Burguesia: detentora dos meios de produção Proletariado: Vendedor de sua própria força de trabalho Marx apresenta o Conceito de mais-valia: A mais-valia é constituída pela diferença entre o preço pelo qual o empresário compra a força de trabalho (6 horas) e o preço pelo qual ele vende o resultado (10 horas por exemplo). Desse modo, quanto menor o preço pago ao operário e quanto maior a duração da jornada de trabalho, tanto maior o lucro empresarial. Esse enriquecimento favorece a burguesia – classe que detém os meios de produção - que passa a contestar o poder do rei, resultando na crise do sistema absolutista. E com as revoluções burguesas, como a Revolução Francesa e a Revolução Inglesa, estava garantido o triunfo do capitalismo. É composto pelos meios de produção e as relações de produção. Meios de produção: Máquinas, ferramentas, tecnologia, força de trabalho. Relações de produção: Somente por meio delas se realiza a produção. Elas variaram de acordo com os meios de produção. São as próprias relações e organizações entre os homens. Alienação: Mais-valia absoluta e mais-valia relativa: A produção da mais-valia absoluta se realiza com o prolongamento da jornada de trabalho além do ponto em que o trabalhador produz apenas um equivalente ao valor de sua força de trabalho e com a apropriação pelo capital desse trabalho excedente. [...] [A maisvalia relativa] pressupõe que a jornada de trabalho já esteja dividida em duas partes: trabalho necessário e trabalho excedente. Para prolongar o trabalho excedente, encurta-se o trabalho necessário com métodos que permitem produzir-se em menos tempo o equivalente ao salário. A produção da mais valia absoluta gira exclusivamente em torno da duração da jornada de trabalho; a produção da mais-valia relativa revoluciona totalmente os processos técnicos de trabalho e as combinações sociais. (MARX, 2006b, p. 578 – meu grifo). O capitalismo e seu modo de produção: Tem seu início na Europa. Suas características aparecem desde a baixa idade média (do século XI ao XV) com a transferência do centro da vida econômica social e política dos feudos para a cidade. Com o absolutismo e com o mercantilismo o Estado passava a controlar a economia e a buscar colônias para adquirir metais (metalismo) através da exploração. Isso para garantir o enriquecimento da metrópole. Assim, quanto mais o mundo das coisas aumenta de valor, mais o mundo dos homens se desvaloriza. Ocorre então a alienação, já que todo trabalho é alienado, na medida em que se manifesta como produção de um objeto que é alheio ao sujeito criador. O raciocínio de Marx é muito simples: ao criar algo fora de si, o operário se nega no objeto criado. É o processo de objetificação. Por isso, o trabalho que é alienado (porque cria algo alheio ao sujeito criador) permanece alienado até que o valor nele incorporado pela força de trabalho seja apropriado integralmente pelo trabalhador. Materialismo Histórico: Na teoria marxista, o materialismo histórico pretende a explicação da história das sociedades humanas, em todas as épocas, através dos fatos materiais, essencialmente econômicos e técnicos. A sociedade é comparada a um edifício no qual as fundações, a infra-estrutura, seriam representadas pelas forças econômicas, enquanto o edifício em si, a superestrutura, representaria as ideias, costumes, instituições (políticas, religiosas, jurídicas, etc). A propósito, Marx escreveu, na obra A Miséria da filosofia (1847) na qual estabelece polêmica com Proudhon: As relações sociais são inteiramente interligadas às forças produtivas. Adquirindo novas forças produtivas, os homens modificam o Página 10 de 39 Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 seu modo de produção, a maneira de ganhar a vida, modificam todas as relações sociais. O moinho a braço vos dará a sociedade com o suserano; o moinho a vapor, a sociedade com o capitalismo industrial. Tal afirmação, defendendo rigoroso determinismo econômico em todas as sociedades humanas, foi estabelecida por Marx e Engels dentro do permanente clima de polêmica que mantiveram com seus opositores, e atenuada com a afirmativa de que existe constante interação e interdependência entre os dois níveis que compõe a estrutura social: da mesma maneira pela qual a infra-estrutura atua sobre a superestrutura, sobre os reflexos desta, embora, em última instância, sejam os fatores econômicos as condições finalmente determinantes. Para entendemos o processo da interpretação dialética: Sua analisa parte da história como um movimento perpétuo e contínuo. (Heráclito). Assim se desenvolve um movimento consequente das próprias ações dos homens. Dessa forma se constitui uma reflexão crítica sobre a realidade. Marx explica que somente a dialética consegue apreender os movimentos do real. Dentro desse processo tem um papel central no pensamento na apreensão do real, esse pensamento está inserido no próprio real, entretanto os filósofos até hoje se preocuparam apenas em interpretar o mundo; trata-se, porém, de transformá-lo. Como se constitui a infra-estrutura sociedade na visão de Marx: na A essência do sistema do pensamento de Marx é caracterizado a partir do modo de produção capitalista. A alteridade da sociedade devemos entender a partir da análise das relações de produção. A relação que entendemos como valor de troca, tem como mecanismo em que todos os produtos são mercadorias. Características da Mercadoria: As mercadorias são produtos da relação humana entre o trabalho e o seu valor, a quantidade de trabalho. Unidade básica do MPC (modo de produção capitalista), pela qual se caracteriza o sistema capitalista. Valor de Uso: Utilidade da mercadoria (Qualitativo). Valor de Troca: usa-se a reprocidade, ou seja, a troca se realiza em um produto por outro, isso chamamos de mercadoria (Quantitativo). A troca: É a própria relação entre as mercadorias; assim o valor de uma mercadoria se apresenta em uma mercadoria diferente, ou seja, outra relação. O dinheiro em Marx, para ele, se configura em outra mercadoria qualquer. O dinheiro é tido como o equivalente universal de troca, com o advento do sistema capitalismo, passa ser o centro das relações sociais, ou seja, compra tudo que desejar. As transformações que a mercadoria causa: O trabalho é transformado em mercadoria. O individuo passa a ser mercadoria quando vende sua força de trabalho. Isto é, produzimos mercadorias e paradoxalmente somos mercadorias. Só nos comunicamos por intermédio dos produtos do trabalho, ou seja, por intermédio das mercadorias. Expressa toda a supremacia do Valor de Troca sobre o Valor de Uso. É a mercantilização de qualquer ou forma de relação social. O conflito da produção expresso Superestrutura e o papel do Estado: na O antagonismo entre as relações da burguesia verso proletariados se apresenta também na superestrutura. O Marx denomina de Lutas de Classes, que perpassa a dimensão de luta econômica e chega também na relação (luta) política entre as duas classes. Página 11 de 39 Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 A luta de classes se constitui como uma animação, sem a compreensão do Estado. O Estado precisa ser entendido como um intermediador entre a superestrutura e o poder organizado de uma classe social, que detém os meios de produção, a Burguesia e o Estado que mantém uma relação de interesse. A sociologia em Weber é uma ciência que tem como objetivo, a compreensão interpretativa da ação social, e esse último termo será reservado à ação cuja intenção fomentada pelos indivíduos envolvidos se refere à conduta de outros, orientando-se de acordo com ela. (Weber, 1987, p. 9). Características para se compreender Weber: Estado e Sociedade: O Estado não está separado da sociedade. O Estado é produto das relações contraditórias apresentadas na própria sociedade. O Estado é a expressão máxima da relação de produção específico do capitalismo. O monopólio do aparelho estatal, diretamente ou por meio de grupos de interesses, é a condição básica do exercício da dominação. O poder político é em sua organização, o poder organizado de uma classe dominante, (a burguesia) para a opressão das outras classes sociais. Max Weber (1864-1920): Marx Weber nasceu na Alemanha, em 21 de abril de 1864. Doutorou-se em Direito em 1889. Lutou contra o pensamento conservador e marxista do seu tempo, defendeu um Estado Liberal, democrático e constitucional, que fosse capaz de barrar a ditadura burocrática alemã, que em sua época estava sob o controle dos monarcas. Defendeu uma sociologia compreensiva, pautando-se diretamente na matéria, na história e valores. Percebendo que as ações que o individuo desenvolve, um fator básico em virtude de ser único portador de conduta significativa, cada um possui uma especificidade. Assim Weber busca compreender a ação social do individuo, o valor que o ator atribui a sua conduta. A partir dessa visão Weber entende que pode compreender o individuo através dos valores adquiridos e das obras que o constituíram. Sociologia para Weber: Objetivo do Weber: compreender a singularidade do mundo ocidental. Metodologia: Compreensiva e explicativa. Objeto de Estudo: Ação social, seus contextos e efeitos. Problemática: racionalização do mundo e seus efeitos. Tipo Ideal: instrumento metodológico. O papel social: é aquilo que você faz dentro da sociedade em um determinado momento, isso é o papel social. O status social: é a sua realidade social naquele instante, naquele momento. Instituição Social: são aquelas organizações existentes na sociedade que tem como OBJETIVO EDUCAR o individuo para a VIDA SOCIAL. Então são as instituições sociais que regulam as ações sociais que dizem o que ou não ser feita. Weber vai analisar os sentidos das ações sociais e para ele pode interder melhor essas relações, vai caracterizar tipos ideais. O autor vai classificar categorizar as ações em tipos ideais. A sociologia é uma ciência compreensiva e explicativa, a sociologia compreende, interpreta, explica a causalidade. O conceito de ação social: A ação social é um sistema de objetivos mais adequados para uma transformação das sociedades. Só existe, uma ação social quando o indivíduo estabelece uma comunicação com os outros, sendo que tal indivíduo deseje ou não passar por aquela transformação. Um exemplo que Max Weber cita é que, quando se tem uma eleição, os eleitores definem seu voto a partir da Página 12 de 39 Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 ação, opiniões dos outros que estão ao seu redor, ou seja, os indivíduos não conseguem ter suas próprias ações. Para Weber, a ação social. Muita atenção: Nos conceitos de ação social e definição de seus diferentes tipos, Weber não analisa as regras e normas sociais como exteriores aos indivíduos. Para ele as normas e regras sociais são o resultado do conjunto de ações individuais que se ligam a outros indivíduos formando uma teia de sentidos. Tipo Ideal Weberiano: O tipo ideal é obtido mediante o encadeamento de um conjunto de fenômenos isoladamente dados, que se ordenam segundo os pontos de unilateralmente acentuados, a fim de se formar um esquema homogêneo de pensamento. “um tipo ideal é a seleção arbitrária das características de um fenômeno a partir das inúmeras qualidades presentes na realidade, sem nenhuma tentativa de colocá-lo em uma relação superordenada”. Tipos de ação social: são 4 segundo Weber: Racional com relação ao objetivo: é a ação social determinada pelo cálculo racional que coloca fins e organiza os meios necessários. Ex.: a construção de uma ponte, a atuação no mercado de ações, a administração de uma empresa. Racional com relação a valores: É aquela definida pela crença consciente no valor de uma determinada conduta orientada por um princípio ético, estético, religioso ou na defesa da “honra”. Ex.: Ceder o lugar no ônibus a um idoso ou devolver o troco errado. Em ambos os casos a ação social é orientada pela sociedade baseados em valores. Ação tradicional: aquela determinada por um costume ou um hábito arraigado. Ex.: A tradição do kilt na Escócia (saias para homens), a troca de presentes no Natal e o chimarrão podem ser explicados na tradição por trás dessas práticas. A ação social, nesses casos, é baseada na tradição. Ação afetiva: é aquela definida pela reação emocional do sujeito quando submetido a determinadas circunstâncias. Ex.: a mãe que bate no filho por ele ter se comportado mal, o comportamento “diferente” de certas pessoas em festas e o cuidado dos pais por seus filhos. As três formas de legítimas de dominação: Retomando a questão do poder, para Weber, existe uma força que permite com que uns consigam se impor sobre os demais, sujeitando-os à sua vontade. Essa força está na fonte que legitima esse poder. Para distinguir e analisar essas fontes do poder na sociedade, Weber lança mão dos tipos ideais. O autor identifica três formas de dominação consideradas legítimas pelos sujeitos. Dominação Legal: Tipo de poder onde predominam normas impessoais e cargo. Um tipo de poder onde se predomina normas impessoais e hierárquicas. Normatização de uma ação. Ex. cargo público → juízes, policiais, prefeito. Dominação tradicional: A tradição é identificada por weber como uma fonte de poder. Nesses casos predominam características patriarcais e patrimonialista baseada na tradição. Assim, ela se sustenta nos costumes, nas relações sociais passada na tradição de um povo. Ex.: A tradição é uma das fontes de autoridade dos sacerdotes religiosos. Dominação Carisma: Predominam características místicas e de personalidade; há seguidores, devoção e respeito pela pessoa em si, não pelo cargo ocupado nem por alguma tradição que possa ampara-lo. ex.: líderes “populares” que, independentemente de cargos ou dinheiro são considerados autoridades e respeitados como tais. Líderes religiosos, políticos e artistas podem se valer do carisma como fonte de poder. Burocracia: A burocracia é uma forma de organização humana que se baseia na racionalidade, isto é, Página 13 de 39 Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 na adequação dos meios aos objetivos (fins), para que se obtenha o máximo de eficiência possível para no alcance desses objetivos. Burocracia: tem a função de organizar racionalmente um espaço, um grupo, uma sociedade e um Estado. A burocracia é um instrumento de legitimação da autoridade, que queria buscar a perfeição no serviço prestado e exercido pelo burocrata. Racionalização: é o desenvolvimento da ciência, da tecnologia moderna e da burocracia. A burocracia organiza a vida econômica e social de acordo com os princípios de eficiência e na base do conhecimento técnico. Ex. na sociedade tradicional, a religião, e os costumes muito antigos definiam amplamente a atitude e os valores das pessoas. Já na sociedade moderna é marcada pela racionalização de mais e mais áreas da vida, política e religiosa. mundo. Uma delas é a própria religião que age num processo de “desmagificação” das vias de salvação; a outra é a ciência, uma força empíricointelectual, que ao desencantar o mundo, o transforma num mero mecanismo causal. Assim, acontece o desencantamento do mundo todas as vezes em que os elementos mágicos do pensamento vão sendo desalojados do contexto religioso, e todas as vezes em que as ideias vão possuindo cada vez mais uma consistência sistemática e também naturalística, ou seja , científica. O Desencantamento do mundo: não é desencanto com outra pessoa, não é um estado de espírito. O desencantamento em sentido estrito se refere ao mundo da magia e quer dizer literalmente: tirar o feitiço, desfazer um sacrifício, escapar da praga rogada, derrubar um tabu, em quebrar o encanto. Tipos de Estado: Principais características do tipo ideal de Burocracia (Max Weber): Finalidade: As burocracias são essencialmente sistemas de normas. A figura da autoridade é definida pela lei, que tem como objetivo a racionalidade das decisões em critérios impessoais. Impessoalidade: As pessoas são ocupantes de cargos ou posições formais. Alguns dos cargos são figuras de autoridade. A obediência é devido aos cargos, não aos ocupantes. Todas as pessoas seguem a lei. Profissionalismo: As burocracias são formadas por funcionários. Os funcionários são remunerados, obtento os meios para sua subsistência. As burocracias funcionam como sistemas de subsistência para os funcionários. Desencantamento do Mundo: Racionalização, Secularização e Desculturalização. Tudo o que é estamental, tudo que é sólido, se evapora, tudo que é sagrado é profanado... (Weber, ética Protestante e o Espírito do Capitalismo). E para tanto, são duas as forças que atuam neste processo de desencantamento do O Estado Absolutista: Surgido em um período de confronto entre nobreza e clero – de um lado – e burguesia – de outro. A princípio a burguesia tentou estabelecer acordos políticos com os monarcas, que aproveitaram a disputa entre as camadas sociais para aumentar seu poder político. Surgiu um novo tipo de Estado, apoiado pela burguesia, que se estendeu por vastos territórios e centralizou as decisões políticas. O absolutismo teve em Thomas Hobbes (1588-1679) seu representante, cuja teoria procurava as origens do Estado e sua finalidade. Hobbes defendia um Estado soberano com representação máxima de uma sociedade civilizada e racional. No Absolutismo o poder político centralizou-se no interior do domínio nacional (ou territorial) e os parlamentos que surgiram nesse Estado funcionavam como órgãos consultivos, pois não eram permanentes e não tinham força perante o rei. Atenção: O Estado nunca interessou afastar a Igreja da vida política, pois o melhor seria submetê-la ao seu poderio e conservar sua função religiosa, que beneficiava o próprio Estado. Página 14 de 39 Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 Estado Absolutista: surge em Portugal, no final do século XIV com a revolução de Avis. No reinado de Luis XIV (1638 - 1715) Ponto alto na França, no reinado do Rei Luis XIV (1638 - 1715). Frase que expressa o Absolutismo “O Estado sou eu”. Característica do Estado Absolutista: Controle econômico; Concessão de monopólios; Fixava o preço, tarifas; Administrava: as moedas, os metais preciosos; Acúmulos de bens → expressão máxima da riqueza de um país; O Estado Liberal: Forma de administração do Estado: Centraliza e prática; Cuida do contingente militar, criando um exercito profissional; a) Impostos gerais→ que era para manter e sustentar o exercito. O Estado Absolutista colocou frente a frente: Os estamentos feudais dominante (nobreza e clero), e a burguesia→ classe em ascensão da época. Disputam interesses referentes: A justiça; Administração do patrimônio público; A administração econômica. O Estado Absolutista monárquico é o regime em que o monarca possui o poder absoluto, podendo decretar leis, criar e cobrar impostos, nomear funcionários, e manter um exercito permanente. O rei era a própria fonte do Direito, apoiado pela igreja e amparado pela teoria dos direitos divinos dos reis, segundo o qual os reis recebiam de Deus essa autoridade. Estado liberal se encontra nos fundamentos da doutrina do direito natural, para a qual o Estado nasce de um contrato social estabelecido entre homens igualmente livres, com o único intuito da autopreservação e da garantia de seus direitos naturais. Eis os fundamentos do Estado liberal – a garantia das liberdades individuais advindas do estado natural concebida enquanto limites do poder concedido ao Estado. Ou seja, as liberdades individuais são elas próprias os limites do Estado liberal. O Estado liberal ergue-se sobre os pressupostos da limitação do poder estatal em contraposição ao poder estatal absoluto. O liberalismo parte de definições – de homem, sociedade e direitos individuais –, puramente gnosiológicas. No caso do progenitor do liberalismo político – o nominalista John Locke –, o homem emerge de uma concepção atomista psicológico-empírica de indivíduo, através da qual se afirma que as essências são todas de natureza nominal (LOCKE, 1999). O Estado que nasce a partir da pena de Hobbes tornou possível a unificação do poder, considerado absoluto justamente por ser superior a toda e qualquer forma de poder. Ou seja, o único capaz de produzir o direito, e, portanto, “[...] produzir normas vinculatórias para os membros da sociedade [...]” (BOBBIO, 1997, p.13) e para si próprio. Atenção: Estado soberano: e a forma constitutiva de poder que se estabelece não Página 15 de 39 Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 reconhece e não pode reconhecer acima de si nenhuma forma superior de poder. Estado Liberal ou Liberalismo O Estado Liberal emergiu no século XVIII, reação ao Estado Absolutista. Valores primordiais do Estado Liberal: Individualismo; Liberdade; Propriedade privada; O Estado Liberal vem em oposição ao estado Absolutista, o Absolutismo se constitui em um Estado controlando tudo, já o Estado liberal prega uma Liberdade individual na sociedade, a burguesia precisava tirar da mão do rei o controle econômico, aja vista que neste período já estava se vivendo uma fase capitalista conhecida como capitalismo concorrencial. O Estado Liberal se dizia representante da sociedade, um papel de “Guardião da ordem”. O Estado Liberal não intervém nas relações entre indivíduos, mas cada individuo possa desenvolver suas atividades. Ele também estabelece a separação entre público e privado. A estrutura política do Estado Liberal: se fundamenta na ideia de Soberania Popular. EX.: Art. 1º da CF 88→ todo poder emana do povo, que exerce por meio de seus representantes eleitos ou diretamente, no termos da constituição. O Parlamento é a instituição central do Estado Liberal. Objetivo do Estado Liberal: A não intervenção do estado nas atividades econômica; Laissez – faire; laissez – passer ( deixai fazer, deixai passar), significa que a economia não deve se regulada pelo Estado, mas por si mesma, ou seja, pelo mercado. Essa regulamentação pelo mercado Adam Smith (1723 - 1790), vai chama de “a mão invisível”. Segundo Adam Smith, a plena liberdade para a produção e a circulação de mercadorias garantiria o pregresso das empresas e das nações, contribuindo até para a paz mundial. O pensamento liberal começaram a se arruinar no final do século XIX, e termina com a primeira guerra mundial (1914 - 1918), isso aconteceu por que a intensa concorrência entre empresas provocou o desaparecimento das pequenas firmas, que faliam ou eram compradas pelas maiores. A concentração ficou tão grande e o capital centralizou-se na mão tão poucos que a concorrência passou a ser entre países, e não mais só entre empresas. A “guerra” de mercado chegou a vias de foto, transformou-se numa guerra de verdade entre países. As crises econômicas tornaram-se frequente e a competição entre nações ficou ainda maior. A eclosão da primeira guerra teve origem nessas disputas entre nações europeias. O Estado Liberal-Democrático. As sociedades capitalistas, movidas pela burguesia revolucionaria, criaram o Estado Liberal Democrático, que entrou em prática em locais onde a burguesia se chocou com a nobreza e buscou apoio entre os operários e camponeses. O Estado de Bem-estar Social O Estado tem uma função interventiva e regulatória na área do Bem-estar Social. Tem ainda o objetivo de explicar como o poder de mobilização política contribuiu na constituição, a partir da referência teórica de Esping-Andersen, que enfatiza a interferência significativa dos mecanismos políticos e institucionais de representação para a construção de consensos na condução dos objetivos de bem-estar, emprego e crescimento (ESPING-ANDERSEN, 1995). O Estado de Bem-estar Social, visto que contemplam as distintas formas de articulação dos mecanismos de proteção social – Estado, mercado e família. O Estado do bem-estar social foi muito criticado por uma parcela da burguesia que afirmava que este não valia o quanto custava, pois os negócios ficavam comprometidos com tantos impostos e bloqueava-se o desenvolvimento econômico. Tentava resolver dois problemas: Os movimentos dos trabalhadores que exigiam melhores condições de vida. As necessidades do capital, que buscava alternativa para a construção de uma Página 16 de 39 Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 nova ordem econômica mundial diante do bloco socialista. Características: É um sistema generalizado, que abrange o conjunto da população, seja qual for o seu estatuto de emprego ou o seu rendimento; É um sistema unificado e simples: uma quotização única abrange o conjunto dos ricos que podem causar privações do rendimento; É um sistema uniforme: as prestações são uniformes seja qual for o rendimento dos interessados; É um sistema centralizado: preconiza uma reforma administrativa e a criação de um serviço público único (ROSANVALLON, 1981, p.115). Intervenção na economia (regulando e subsidiando). Redistribuindo rendimento Finalidade Política: Era romper com o principio liberal. O capitalismo e o Estado Social propunham: Moradia digna, educação de qualidade, assistência à saúde, transporte coletivo, trabalho e Salário etc. O Estado direcionou suas propriedades para proporcionar trabalho para maior parte da população. Atenção: A brutal acumulação de riquezas impulsiona os conflitos entre as classes sociais, e o Estado vê-se obrigado a criar órgãos para atender as reivindicações populares, usando o que se chama de política de bem-estar social. Estado Neoliberal: Mas o que é neoliberalismo? Compreende a liberação e generalização das atividades econômicas, compreendendo a produção, distribuição, troca e consumo. A partir da década de 1970, pós a crise do petróleo, houve nova necessidade de mudança na organização estatal, ou seja, no Estado. O capitalismo enfrentava vários desafios: As empresas Multinacionais (precisavam expandir-se); O desemprego crescente (nos EUA e nas maiorias dos países europeus); Os movimentos grevistas se intensificavam (em quase toda a Europa); Os países em desenvolvimentos (aumentavam seu endividamento). Os analistas tendo como referências os economistas: Friedriech Von Hayek (1899 - 1992) e Milton Friedman (1912 - 2006) atribuiu a crise aos gastos públicos as políticas sociais. As políticas sociais causaram: Déficits Orçamentários; Mais Impostos; Aumento da Inflação. OBS: Essas políticas comprometendo: sociais estavam A liberdade do mercado; A liberdade do individuo; →esses dois valores básicos do capitalismo. A política do Bem Estar dos cidadãos: Saúde; Educação pública; Previdência social; Seguro desemprego → deveria ficar por conta deles mesmo, já que gastam muito, os serviços públicos deveriam ser privatizados e pagos por quem o utiliza. Defendiam o “Estado Mínimo” → significava voltar ao que propunha o Liberalismo antigo, como o mínimo de intervenção estatal na vida das pessoas. Neste cenário e desça maneira aparece o Estado Neoliberal. A expressão maior desse modelo de Estado: Na Inglaterra com a Margareth Thatcher; Nos Estados Unidos com Ronald Reagan → mesmo no período desses dois governos o Estado não deixou de intervir na economia. Página 17 de 39 Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 O Estado intervia: No orçamento Militar (que era altíssimo); Muitos gastos para amparar as grandes empresas; No sistema financeiro; Os setores atingidos pelas novas políticas: Assistência Social; Habitação; Transporte; Saúde Pública; Direitos trabalhistas; → Essa “NOVA” forma de liberalismo, atingiu diretamente os trabalhadores e os setores marginalizados da sociedade. Os neoliberais → diziam que era necessário ter mais rapidez para tomar decisões no mundo dos negócios, o capital privado precisava de mais espaço para crescer. Reforçavam os valores e o modo de vida capitalista: O individualismo; A livre iniciativa; O livre mercado; As empresas privadas; O poder do consumo; Com essas propostas, o que se viu foi a presença cada vez maior das grandes corporações produtivas e financeiras na definição dos atos do Estado, fazendo com que as questões políticas passassem a ser dominada pela economia. O que era público (comum a todos) passou a ser determinado pelo interesse privados, ou seja, por aquilo que é particular. internacional. Pela primeira vez, trabalhadores de países diferentes, quando pensavam em socialismo, estavam pensando numa mesma sociedade - aquela preconizada por Marx - e numa mesma maneira de chegar ao poder. Estado Comunista: As ideias básicas de Karl Marx estão expressas principalmente no livro O Capital e n'O Manifesto Comunista, obra que escreveu com Friedrich Engels, economista alemão. Marx acreditava que a única forma de alcançar uma sociedade feliz e harmoniosa seria com os trabalhadores no poder. Em parte, suas ideias eram uma reação às duras condições de vida dos trabalhadores no século XIX, na França, na Inglaterra e na Alemanha. Os trabalhadores das fábricas e das minas eram mal pagos e tinham de trabalhar muitas horas sob condições desumanas. Marx estava convencido que a vitória do comunismo era inevitável. Afirmava que a história segue certas leis imutáveis, à medida que avança de um estágio a outro. Cada estágio caracteriza-se por lutas que conduzem a um estágio superior de desenvolvimento. O comunismo, segundo Marx, é o último e mais alto estágio de desenvolvimento. Para Marx, a chave para a compreensão dos estágios do desenvolvimento é a relação entre as diferentes classes de indivíduos na produção de bens. Afirmava que o dono da riqueza é a classe dirigente porque usa o poder econômico e político para impor sua vontade ao povo. Para ele, a luta de classes é o meio pelo qual a história progride. Marx achava que a classe dirigente jamais iria abrir mão do poder por livre e espontânea vontade e que, assim, a luta e a violência eram inevitáveis. Estado Socialista: O Estado Anarquista: A História das Ideias Socialistas possui alguns cortes de importância. O primeiro deles é entre os socialistas Utópicos e os socialistas Científicos, marcado pela introdução das ideias de Marx e Engels no universo das propostas de construção da nova sociedade. O avanço das ideias marxistas consegue dar maior homogeneidade ao movimento socialista Foi à proposta revolucionária internacional mais importante do mundo durante a segunda metade do século XIX e início do século XX, quando foi substituído pelo marxismo (comunismo). O anarquismo prega o fim do Estado e de toda e qualquer forma de governo, que seriam as causas da existência dos males sociais, que Página 18 de 39 Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 devem ser substituídos por uma sociedade em que os homens são livres, sem leis, polícia, tribunais ou forças armadas. A sociedade anarquista seria organizada de acordo com a necessidade das comunidades, cujas relações seriam voltadas ao autoabastecimento sem fins lucrativos e à base de trocas. A doutrina, que teve em Bakunin seu grande expoente teórico, organizou-se primeiramente na Rússia, expandindo-se depois para o resto da Europa e também para os Estados Unidos. O auge de sua propagação deu-se no final do século XIX, quando agregou-se ao movimento sindical, dando origem ao anarco sindicalismo, que pregava que os sindicatos eram os verdadeiros agentes das transformações sociais. Com o surgimento do marxismo, entretanto, uma proposta revolucionária mais adequada ao quadro social vigente no século XX, o anarquismo entrou em decadência. Sem, contudo, deixar de ter tido sua importância histórica, como no episódio em que os anarquistas italianos Nicola Sacco e Bartolomeo Vanzetti foram executados por assassinato em 1921, nos EUA, mesmo com as inúmeras evidências e testemunhos que provavam sua inocência. Poder: Poder: “Poder significa a probabilidade de impor a própria vontade dentro de uma relação social, mesmo contra toda a resistência e qualquer que seja o fundamento dessa probabilidade”. A sociedade, para Weber, constitui, antes de qualquer coisa, um sistema de poder, não apenas nas relações entre classes, ou entre governantes e governados, mas igualmente nas relações cotidianas na família, na empresa, por exemplo. As pessoas se deparam a todo momento com o fato de que indivíduos ou conjunto de indivíduos têm maior ou menor possibilidade de impor a sua vontade a outros. Foucault trata principalmente do tema poder, que para ele não está localizado em uma instituição, e nem tampouco como algo que se cede, por contratos jurídicos ou políticos. O poder em Foucault reprime, mas também produz efeitos de saber e verdade. Trata-se (...) de captar o poder em suas extremidades, em suas últimas rami- ficações (...) captar o poder nas suas formas e instituições mais regionais e locais, principalmente no ponto em que ultrapassando as regras de direito que o organizam e delimitam (...) Em outras palavras, captar o poder na extremidade cada vez menos jurídica de seu exercício. (Foucault, 1979:182) Por exemplo, a ação de « vigiar », para Foucault, é uma clara demonstração da impotência do poder, pois, se ele tivesse a força que imagina ter, não seria preciso uma vigilância constante para manter assegurada sua hegemonia. As teorias sociológicas clássicas sobre o Estado: Estado para Marx: Tendo escrito sobre as questões que envolvem o Estado num período em que o capitalismo ainda estava em formação, Marx, não formulou uma teoria especifica sobre o Estado e o Poder. Marx definiu o Estado como uma entidade abstrata, em contradição com a sociedade. Seria uma comunidade ilusória, que procuraria conciliar os interesses de todos, mas principalmente daqueles que dominavam a economicamente a sociedade. Na obra: A Ideologia Alemã de 1847, Marx identifica: A divisão do trabalho; A propriedade privada; → Esses dois são geradora das classes sociais, e como base para o surgimento do estado. O Estado seria a expressão Jurídica e política da sociedade burguesa. → Apenas garantiria as condições gerais da produção capitalista, não indeferia nas relações econômicas. Na obra: Manifesto Comunista 1848, Marx e Engel afirmavam: “os dirigentes do Estado moderno funcionam como um comitê executivo da classe dominante (Burguesia)”. Na obras: As lutas de classes na França de 1848, e o dezoito Brumário de Luis Bonaparte de 1852. Marx analisa a situação Histórica especifica: Página 19 de 39 Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 “O Estado nasceu para refrear os antagonismos de classe, e, por isso o Estado da classe dominante”. Marx existem momentos em que a luta de classes é equilibrada e o Estado se apresentante com independência entre as classes em conflito, como se fosse um mediador. Analisando a burocracia do Estado, Marx afirma que o Estado pode estar acima da luta de classe, separado da sociedade, como s fosse autônomo. É nesse sentido que pode haver um poder que não seja exercido diretamente pela burguesia. Mas o Estado continua criando as condições necessárias para o desenvolvimento das relações capitalistas, principalmente o trabalho assalariado e a propriedade privada. Na obra: A Guerra Civil na França 1871, Max analisa a comuna de Paris e volta a olhar para o Estado. “O desaparecimento do Estado seria o resultado da transferência do poder para a federação de associações dos trabalhadores”. Para Marx o Estado é uma organização cujos interesses são os da classe dominante na sociedade capitalista. (Burguesia.) Estado para Durkheim: Ao analisar a política e o Estado de seu tempo, Durkheim teve como referência fundamental a sociedade francesa de sua época. Como sempre esteve preocupado com a coesão social. Para ele o Estado é fundamental numa sociedade que fica cada dia maior e mais complexa, devendo estar acima das organizações comunitárias. Durkheim dizia que o Estado “concentrava e expressava” a vida social. Sua função seria eminentemente moral. A moral é a comunhão de ideias e sentimentos: conjunto de regras, conjunto de normas, conjuntos de signos. A moral democrática: cabe ao Estado esclarecêlos e inculca-los em todas as crianças, via educação. Educação moral Laica: é uma educação com um pensar puramente racional. Escolas Públicas: seria a guardiãs por excelência de nosso padrão racional. A sociedade é o habitat dessa vida moral. Moral para Durkheim é um sistema de fatos realizados, ligados ao sistema total do mundo. O Estado deveria realizar e organizar o ideário do individuo e assegurar-lhe pleno desenvolvimento, aconteceria da seguinte forma: Pela educação pública voltada para uma formação moral sem fins conceituais ou religiosos. Para Durkheim o Estado não é antagônico ao individuo. Foi o Estado que emancipou o individuo dos grupos secundários como: família, igreja, corporações profissionais, dando-lhe um espaço maior, mais amplo para o desenvolvimento de sua liberdade. A relação entre Estado e individuo é importante para saber como os governantes se comunicam com os cidadãos, para esses acompanhe as ações do governo. A intermediação deve ser feita pelos carnais como: jornais, educação cívica, órgão secundários que estabeleçam a ponte entre governante e governado. Principalmente os grupos profissionais organizado, que são a base da representação política e da organização social. Para Durkheim o Estado é uma organização com conteúdo inerente, ou seja, do interesses coletivos. Estado para Weber: Cinquenta anos depois da publicação do manifesto comunista por Marx e Engel, num momento em que o capitalismo estava mais desenvolvido e burocratizado, Weber escreveu sobre as questões do Poder e Política. Weber questionava: como será possível o indivíduo manter sua independência diante dessa total burocratização da vida? Esse foi o tema central da sociologia política Weberiana. Weber manifestava uma preocupação especificas com as estruturas políticas: Alemã (preocupação especifica); Estados Unidos; Inglaterra Página 20 de 39 Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 Rússia (mas, atento o que acontecia na Rússia, pós a revolução de 1905). Na Alemanha unificada Otto Von Bismarck, o Estado era fundamentado nos seguintes setores da sociedade. Exército; Os junkers (grandes proprietários de terras); Os grandes industriais; A elite do serviço público (alta burocracia). 1917, escrevendo sobre Bismarck dizia que tinha deixado uma nação sem educação e sem vontade política, acostumado a aceitar que o grande líder decidisse por ela. Weber ao analisar o Estado Alemão afirma que o verdadeiro poder estatal está nas mãos da burocracia militar e civil. O Estado para Weber, “é uma relação de homens dominando homens” mediante a violência → que é considerada legitima. O Estado é uma associação compulsória que organiza e dominação. OBS: para que essa relação exista, é necessários que os dominados obedeçam a autoridade do que detêm o poder. Os clássicos da sociologia contemporânea Norbert Elias: Sociólogo alemão, Norbert Elias nasceu em 1897, na então cidade alemã de Breslau (atual Wroclaw, Polónia), e veio a falecer em 1990, nos Países Baixos, onde passou a fase final da sua vida. Com formação de base nas áreas da medicina, filosofia, psicologia e sociologia, lecionou na Universidade de Heidelberg (1924-29) e na Universidade de Frankfurt (1939-33), onde teve Karl Mannheim por colega. De família judaica, teve de fugir da Alemanha nazista exilando-se em 1933 na França antes de se estabelecer na Inglaterra onde passará grande parte de sua carreira. Todavia, seus trabalhos em alemão tardaram a ser reconhecidos e ele viveu de forma precária em Londres antes de obter em 1954 um posto de professor na Universidade de Leicester. Suas obras focaram a relação entre poder, comportamento, emoção e conhecimento na História. Devido a circunstâncias históricas, Elias permaneceu durante um longo período como um autor marginal, tendo sido redescoberto por uma nova geração de teóricos nos anos 70, quando se tornou um dos mais influentes sociólogos de todos os tempos. Na teoria sociológica de Elias, porém, a relação entre o "indivíduo" e a "sociedade" é concebida de outro modo. Norbert Elias não aceita qualquer tipo de concepção social "totalizadora" - e nem mesmo "individualista" - dos processos sociais. Formulador da teoria do processo civilizador, na qual a “civilização” européia teria surgido pela interiorização das limitações e autocontrole dos impulsos, sob o efeito das transformações provocadas pela formação do Estado Moderno e da curialização das elites, ele vem trabalhar com um conceito de sociedade que é, na verdade, uma rede de relações; um todo relacional, ou seja, o social é concebido como um sistema de relações entre grupos e indivíduos interdependentes. Obras mais conhecida no Brasil: O Processo Civilizador. Os estabelecidos e os outsiders; Sociedade dos indivíduos; Sociedade da corte; Anthony Giddens: Nasceu em 18 de janeiro de 1938, Londres é um sociólogo britânico, renomado por sua Teoria da estruturação. Considerado por muitos como o mais importante filósofo social inglês contemporâneo, figura de proa do novo trabalhismo britânico e teórico pioneiro da Terceira via, tem mais de vinte livros publicados ao longo de duas décadas. O autor, além de fazer uma leitura original dos clássicos, elabora uma nova teoria para compreender nosso período histórico. A partir da análise de dois de seus mais recentes textos – As consequências da modernidade (1990) e A transformação da intimidade (1992), percebe-se que o autor traz uma tese provocativa: vivemos uma época em que os estilos e costumes, vindos com a modernidade - organização social que emergiu na Europa a partir do século XVIII -, encontram-se totalmente radicalizados. As suas ideias tiveram uma enorme influência quer na teoria quer no ensino da Página 21 de 39 Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 sociologia e da teoria social em todo o mundo. A sua obra abarca diversas temáticas, entre as quais a história do pensamento social, a estrutura de classes, elites e poder, nações e nacionalismos, identidade pessoal e social, a família, relações e sexualidade. Georg Simmel Georg Simmel (1858-1918) nasceu em Berlim, Alemanha, Diplomou-se pela Universidade de Berlin em Filosofia. Concluindo o doutorado em 1881, com a tese intitulada “A Natureza da Matéria Segundo a Nomadologia Física de Kant”. Entre 1885 e 1900, foi professor na Universidade de Berlim. Fundou a Sociologia das Formas Sociais, mostrando a relativa independência de forma e conteúdo social. Em 1914, ele foi nomeado professor em Estraburgo, então uma cidade que pertencia ao Império Germânico. Seus escritos transitaram pela Filosofia, Sociologia, História, Psicologia, Economia e Antropologia. A Alemanha de seu tempo apresentava: Um processo de modernização; O capitalismo em ascensão; A dinâmica do dinheiro; Tecnologia e Mercantilização. Simmel analisou os fenômenos estruturantes da modernidade como: As Metrópoles; A vida social e Cultural O Dinheiro Obras mais conhecidas: O conflito da cultura moderna e outros escritos Questões fundamentais de Sociologia Filosofia do Dinheiro A “Filosofia do Dinheiro” (1900), é considerada sua grande obra (processo de circulação e consumo). Para Simmel a Modernidade é ambivalente, ou seja, produz alienação da mesma forma que viabiliza a liberação do individuo, ou melhor os correlaciona. Para Simmel a Metrópoles é vista como local de conflitos, de trocas, de consumo, de colisão de corpos, de mobilidades, passagens de fronteiras e outros. A cidade é um novo espaço de comunicação, fragmentação, desterritorialização e outras dimensões sociocultural. A modernidade pode ser entendida através de seus dois principais símbolos: As Metrópoles Dinheiro Trazem uma dualidade que só na modernidade pode ser acentuado de modo radical: O aumento da individualidade; O aumento da impessoalidade A cidade grande era, para Simmel, a essência da vida moderna, o lugar do transitório, do fugitivo, do efêmero, um lugar dinâmico, no qual se vivia mais, porque se vivia mais rápido. Atitude Blasé: é a indiferença demonstrada no curso da distinção entre as coisas. Individuo Blasé: indiferença, “incapaz de notar a diferença. Habituado à impessoalidade desatenção civil, ele é incapaz de notar no novo segundo Simmel. O dinheiro na modernidade: O dinheiro é um herói/ vilão da modernidade. O dinheiro, como meio de troca universal, destrói toda especificidade, torna tudo nivelado. A principal ambiguidade da modernidade: uma maior liberdade individual caminhando lado a lado com uma maior impessoalidade. As correntes da cultura moderna deságuam em duas direções aparentemente oposta: Nivelação: estabelecimento de círculos sociais cada vez mais abrangente por meio de ligações com mais remote sob condições iguais. Compensação: destaque do mais individual, na independência da pessoa, na autonomia da formação dela. Página 22 de 39 Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 A vida da metrópole e o uso do dinheiro proporcionam uma maior mobilidade aos indivíduos moderno. Simmel distingue individualismos: duas formas de O individualismo quantitativo: é aquela da liberdade individual iluminista. O Individualismo qualitativo: compreende o individuo como único, distinto e especifico. Zygmunt Bauman Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, iniciou sua carreira na Universidade de Varsóvia, onde teve artigos e livros censurados e em 1968 foi afastado da universidade. Logo em seguida migrou da Polônia, reconstruindo sua carreira no Canadá, Estados Unidos e Austrália, até chegar à Grã-Bretanha, onde em 1971 se tornou professor titular da Universidade de Leeds, cargo que ocupou por vinte anos. Algumas de suas Obras: Medo Liquida Amor Liquido Modernidade Liquida Identidade A partir do século XX nova era, marcada por uma total ruptura com o passado, provoca mudanças fundamentais no terreno das relações sociais, das ciências, da filosofia, da educação, da moral, da economia. O abandono das crenças, tradições, valores, ideologias. O homem vai se isolando e perdendo referências. Esse processo de transição para modernidade, suas características, significados e contradições, que o Bauman vai tratar de “MODERNIDADE LIQUIDA”, Liquido → por ser uma era com as principais particularidades do fluidos: a inconstância e a mobilidade. Crise da Modernidade Sólida: Nossos ancestrais eram esperançosos: falavam de "progresso", se referiam à perspectiva de cada dia ser melhor do que o anterior. Para nós o: “progresso”, significa uma constante ameaça de ser chutado para fora de um carro em aceleração. De não descer ou embarcar a tempo. De não estar atualizado com a nova moda. De não abandonar rapidamente as habilidades e hábitos ultrapassados e de falhar ao desenvolver as novas habilidades e hábitos que os substituem. Ter é ser e ser é estar. Na modernidade líquida não há compromisso com a ideia de permanência e durabilidade. Bauman, descrevem um panorama insustentável de violência, terrorismo, e individualismo que evidência a falência do projeto do moderno-sólido de “ordem e progresso” para a instauração global e local de não-lugares ou de “terra de ninguém”. “O medo é mais assustador quando difuso, disperso, indistinto, desvinculado, flutuante, sem endereço nem motivos claros.” (pág. 08). Medo é o nome que damos a nossa incerteza.” (pág.08). Os perigos dos quais se tem medo: Os que ameaçam o corpo e as propriedades Os que ameaçam a durabilidade da ordem social e a confiabilidade nela Os perigos que ameaçam o lugar da pessoa no mundo Bauman analisa fenômenos da mídia, O que os reality shows expõem é o destino. No que lhe diz respeito, a eliminação é um destino inevitável. É como a morte, que você pode tentar manter à distância por algum tempo, mas nada do que faça poderá detê-la quando finalmente chegar (pág.38) Irreparável... Irremediável... Irreversível... Irrevogável... Impossível de cancelar ou de curar... O ponto sem retorno... O final... O derradeiro... O fim de tudo. Há um e apenas um evento ao qual se podem atribuir todos esses qualificativos na íntegra e sem exceção. Esse evento é a morte. (pág.44) Bauman classifica três estratégias utilizadas pelo homem para tornar possível a vida com o conhecimento da iminência da morte. A Religião Página 23 de 39 Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 A Fama Por Procuração Amor Liquido: Bauman procura demonstrar como o processo de individualização levou a fragilidade dos laços amorosos e dos vínculos humanos. Afeta os relacionamentos – infinito enquanto dure. No Brasil o poeta Vínicius de Morais instituiu o ideal de amor e paixão. [...] eu possa me dizer do amor (que tiver): Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure. (soneto de felicidade) Bauman faz a distinção entre amor e desejo: Amor → Cuidar, Preservar, assumir responsabilidades. Desejo→ relação de consumir→ leva ao relacionamento insegurança. Sexo para consumo→ troca da qualidade pela quantidade Comunidade: Comunidade→ ela produz uma sensação de aconchego. Comunidade→ paraíso perdido Diferença entre Comunidade e Redes: Comunidade nós precede; A Redes é mantida viva por duas atividades diferentes: conectar e desconectar Comunidade = Segurança Individualidade = Liberdade Segurança sem liberdade é escravidão; Liberdade sem segurança é risco Confiança e Medo na Cidade: Procura compreender as alterações sociais e psicológicas dessa mudança nas grandes cidades. As cidades que emergiu como um espaço para proteger as pessoas dos “outros”, (...) agora parece perder sua função, sendo dominada por uma cultura do medo. Mixofobia → Medo de se misturar-se Mixofolia→ É um forte interesse, desejo de se misturar com o diferentes, pois é muito humano. Obras: As consequências da modernidade (1990); A transformação da intimidade (1992); Pierre Bourdieu: Sociólogo francês nascido no ano de 1930, na vila de Denguin, na frança, falecido em janeiro de 2002, em Paris, exerceu grande influência no ramo da sociologia em todo o mundo. Conhecido pelo seu rigor intelectual, destacou em seus estudos as relações sociais e as diversas formas de dominação existente nelas. OBRAS DE Pierre Bourdieu: Dominação Masculina; O Poder Simbólico; Sobre a Televisão Bourdieu desenvolve uma sociologia em que estada; a lógica da dominação social nas sociedades de classe e mecanismos pelo quais ela se disfarça e se perpetua. Para Bourdieu a Sociologia é uma arte de defesa: porque? A sociologia tenta desvendar de que maneira a sociedade consegue reproduzir nos indivíduos todas as suas estruturas: Política; Econômica; Modelo de pensamento; Valores e outros. Bourdieu escreve sobre fenômenos variados como: religião, arte, escolas, linguagem, mídia, gosto entre outros. O mundo social, para Bourdieu, deve ser compreendido à luz de nove conceitos fundamentais: campo, habitus e capital. Página 24 de 39 Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 Habitus: ideias e representações de grupos adquirida pelo individuo no curso do processo de socialização que organiza, as praticas e representações de um individuo e grupos. Campo: é o espaça onde ocorrem as relações entre indivíduos, grupos e estruturas sociais, com uma dinâmica que estabelece a leis próprias, acendendo pelas disputas de poder ocorridos em seu interior. Capital Simbólico: conjunto de rituais e normas ligados a honra e ao reconhecimento. Poder Simbólico: é uma forma transformada, quer dizer, irreconhecido, transfigurada e legitimada das outras formas de poder. Violência Simbólica: violência não percebida, fundado sobre o reconhecimento obtido por um trabalho de inculcação da legitimidade dos dominantes sobre os dominados e que assegura a permanecia da dominação e da reprodução social. Capital Social: conjunto de contatos, relações, amizades, obrigações, relações socialmente úteis que podem ser mobilizadas pelos indivíduos ou grupos ao longo de sua trajetória profissional e social. Capital Econômico: conjunto de recursos patrimoniais (terras, bens imobiliários, papéis de creditos) e de rendas sejam ligados ao capital (aluguéis, juros, dividendos) ou a um exercício profissional assalariado ou não assalariado. Distinção: é uma estratégia de diferenciação que está no âmago da vida social. É o suporte de estratégias inscritas nas práticas sociais. Capital Cultural: é uma metáfora criada por Bourdieu para explicar como a cultura em uma sociedade dividida em classes se transformam em uma espécie de moeda que a classe dominante utilizam para acentuar as diferenças. Cultura: são valores e significados que orientam e dão personalidade a um grupo social. Movimentos Sociais: Qual seria o elemento constitutivo de um movimento social? O que leva o movimento social a acontecer? É OS CONFLITOS. Quando falamos em movimentos sociais e nós referimos a conflitos, a outra pergunta que vem em seguida é a seguinte, porque será que se geram esses conflitos? Porque eles existem? A ponto de surgirem os movimentos sociais. São gerados pela incapacidade do Estado de atender às reivindicações dos grupos sociais. Normalmente termos um conflito, uma manifestação, uma passeata, logo termo um movimento social. É por exemplo que ocorre às passeatas de determinadas classes. Ex. homossexuais, eles estão reivindicando direitos, e esses movimentos acontecem tanto em âmbito nacional quanto em âmbito internacional. Por exemplo: A PRIMAVERA ÁRABES→ em que a população dos países árabes vai as ruas para derrubar um ditador e para construir um Estado mais democrático, mais justo. Estão temos uma série de movimentos sociais e conforme a sociedade vai se tornando mais heterogenia, mais complexa, novos grupos sociais vão surgindo e esses grupos sempre em busca dos seus interesses, então a tendência é que tenhamos mais movimentos sociais. Mas nesta aula especificamente, vamos tratar sobre qual teria sido o movimento tradicional, O PRIMEIRO MOVIMENTO SOCIAL, onde tudo começou, dentro desse sistema capitalista em que vivemos. O Movimento Operário: É o pioneiro neste sentido de movimentos sociais, quando falo de operário, termos algumas perguntas, quando surgiu essa nova classe? Eu posso dizer que essa classe sempre existiu? NÃO, o operário, o proletariado, o trabalhador de chão de fabrica, o assalariado. ESSA CLASSE SURGE COM A Primeira Revolução Industrial. Página 25 de 39 Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 A Revolução Industrial representa realmente um divisor de águas na história mundial, um dos divisores da história moderna para a história contemporânea. Então a partir da revolução industrial, em que começam a surgir grandes mudanças na sociedade, entre elas: O aumento da população urbana O aumento do capitalismo monopolista (que vai dominar o mercado) O aumento de bens de consumo (são transformações urbanas que ocorrem no meio da sociedade e que a população está crescendo e isto se torna uma questão demográfica, questão de capital, questão de bens que uns tem outros não tem) Proletário X Burguês (intensificação da briga), o proletário briga com o burguês que lucra a sua custa, e o proletário está descontente com a situação de trabalho na qual ele se encontrava e o seu descontentamento só aumentava: Motivos: Baixos salários Alta carga horária de trabalho (tanto a natureza do trabalho como a carga horária imposta a eles, o proletário se submetido a trabalhar 12, 14, 16, horas por dia) Exploração da mão de obra infantil e feminina. Isso tudo vai refletir na condição de vida do proletário e ele ver, o burguês se enriquecendo e ver a classe dominante com mais privilégio e por outro lado ele se ver mais pobre, como vitima desse sistema capitalista, desse sistema monopolizador, desse sistema em que via um processo de exploração que ficou conhecido segundo Marx como MAIS VALIA. No século XVII, essa classe de operário, proletários está extremamente descontente com os industriais, com o movimento Burguês, inclusive com o Estado liberal, que protegia a burguesia, que protege o dono da industria, que protege o sistema capitalista, e então teremos os PRIMEIROS MOVIMENTOS SOCIAIS. Esse movimento ficou conhecido como: Movimento Luddita (é um movimento comandado pelo inglês NED LUD), esse movimento é reconhecido como: “AS QUEBRAS DAS MAQUINAS”. Os operários entendem que aquela situação deplorável a qual eles chegaram é na verdade uma situação causada pelo surgimento das maquinas, a partir do momento que as maquinas aparecer, enquanto fatores de produção, vai diminuindo a importância dos trabalhadores que vai leva-los aquela condição de miserabilidade, deploração na qual eles se encontravam então quem é o grande culpado? É as maquinas, por isso eles dão inicio ao processo das quebras das maquinas. Quem participou desse movimento foi perseguido pelo Estado, o Estado de certa forma oprimiu o movimento e eles foram violentamente castigados por ter cometido essa quebra de maquina, então podemos observar que neste momento do século XIX, esses conflitos entre economia e direitos humanos, por exemplo, não se fala muito em direitos humanos está um pouco restrita a frança e aos Estados Unidos (EUA), Mas o que mais tem valor neste tempo e principalmente nesta sociedade Industrial Inglesa é a máquina, é o burguês, é o capital, e não a dignidade do trabalhador. Já por volta de 1830 o movimento CARTISTA→ neste movimento o que temos de importante é que é criada uma ASSOCIAÇÃO DOS OPERÁRIOS, então os operários percebem que o Estado não está comprando suas causas, e é justamente por isso inicia-se um processo de mobilização, nesta associação em 1837 vai surgir “A CARTA DO POVO”. Dentro dessa ideia em que as causas dos operários não eram comprada e nem respeitada pelo Estado Liberal, a carta do povo vai fazer algumas reivindicações sociais. Entre elas: O sufrágio eleitora masculino O voto secreto Igualdade no processo eleitoral. O Estado Liberal não compra essas causas, não se interessa pelo fortalecimento da classe operária, por que o que interessa é o fortalecimento da burguesia, da classe industrial, então uma das consequência da CARTA DO POVO, foi as reivindicações da associação de operários ocorreram, GREVES, PASSEATAS, ou seja, são movimentos populares para pressionar Página 26 de 39 Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 o Estado e obviamente lutar pelas conquistas de DIREITOS TRABALISTAS, SOCIAIS, só que por volta 1848, termos uma espécie de “FIM”. Mas não podemos dizer que foi um movimento perdido por que termos uma consequência muito interessante é o surgimento das organizações chamadas da “TRADE UNIONS”. Num primeiro momento essa TRADE UNIONS, ela tem uma função associativista ela serve como uma associação que tem como objetivo assistencialista, os membro de uma TRADE UNIONS, se reúne para promover assistência multa para eles se ajudarem e tudo mais, já num segundo momento ela tende a evoluir para uma organização um pouco mais forte que vamos chamar de sindicato, já o sindicalismo representa uma organização mais forte dos trabalhadores, que não mais busca a assistência multa dentro da associação mas, buscam agora lutar por direitos por garantias e lutar diretamente contra a outra classe dos empregadores. Movimento Operário Brasileiro: O Brasil por muitos anos tenta se industrializar já desde o século XIX, depois no inicio do século XX, o Brasil fica em uma tentativa de industrialização e sempre mantém uma industrialização incipiente mas, isso não impede uma classe ir se fortalecendo é a classe dos operários que vai lutar pelos seus direitos. Quando falamos de movimentos operários no Brasil é importante trazemos o surgimento. Com a chegada dos imigrantes europeus. (Ex. Poloneses, Italianos). Esses europeus eles conheciam a industria, o sistema industrial, como funcionava a organização do trabalho, as decadência dentro dessa esfera industrial. Eles vão contribuir também trazendo ideias de organizações para o Brasil, de associações de trabalhadores, só que eles trazem junto as ideias do ANARQUISMO e ideias do COMUNISMO. Porque Anarquismo e comunismo? Principalmente quando se falo de comunismo ou socialismo, não vamos nos esquecer que o grande defensor dos proletários no século XIX é o Marx, justamente o Marx que é também o defensor das ideias socialista e comunistas, então o Marx por defender a classe dos proletários ele gera uma apatia com esse público que vai defender essa causa do proletário ao longo dos anos. Inclusive no Brasil vamos ter uma coisa chamada de ANARCOSSINDICALISMO→Seria o sindicato que foi construído com ideias Anarquista e Comunista e dentro desse sindicato os trabalhadores também se ajudam, criam um fundo que é assistencialista, uma espécie de uma poupança, quando um passa por dificuldade pode emprestar desse fundo para resolver o sua situação e assim, se trabalhava mas, ao mesmo tempo se reivindicava direitos perante os empregadores. Essa classe de trabalhadores se mobiliza de tal forma que já em 1907, São Paulo passa por uma greve que é chamada de “A GRANDE GREVE GERAL DE SÃO PAULO”, então nessa greve geral teve uma mobilização, uma paralisação em que participaram trabalhadores ligados ao ramo do transporte, área gráfica, têxtil, entre outras. Isso serve para percebemos a influência dos trabalhadores no Brasil, sendo que o Brasil não era tão industrializado neste tempo, ainda mantinha a industrialização incipiente, iniciante. Na Rússia→ o Partido Bolchevique, estava se tornando muito forte e que depois vai chegar ao poder em 1917, a partir de uma Revolução o Partido Comunista Socialista de LENE, e conforme se tinha informações sobre a Revolução Russa, nos jornais havia o fortalecimento desse movimento Anárquico e Sindicalista no Brasil, mas principalmente sindicalista por que o anarquismo vai se enfraquecendo. A partir de 1917, o socialismo e o comunismo estão mais fortes no mundo, na questão internacional, tomaram o poder em um grande país no mundo a RUSSIA. Em 1922 inaugura o PCB (Partido Comunista Brasileiro), agora termos uma maior organização do sindicato. Na década de 1930, quem está no poder no Brasil é Getúlio Vargas, com a ideia de industrializar o Brasil, recebe também a força da classe operária, vendo a classe operária como uma classe que vale apena ter do seu lado em um processo eleitoral, uma classe forte, ou seja, um grupo de força política que vota e para conquistar essa classe Getúlio Vargas por volta de 1937, vai lançar a CLT (Consolidação das Leis Página 27 de 39 Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 Trabalhistas), concedendo aos trabalhadores urbanos direitos, garantias de uma segurança maior, estabilidade maior dentro desse marcado, dentro desse processo de trabalho, esse movimento operário é essencialmente urbano. Nesse momento a CLT, vai conceder direitos aos trabalhadores urbanos, operários, então aquele trabalhador que está no campo ele não recebe ainda esses direitos, ele vai somente ter direitos na década de 60, quando surge o Estatuto do trabalhador Rural, até então, somente os trabalhadores urbanos tinham conquistado esses direitos. Os Metalúrgicos do ABC paulista, esses metalúrgico conviviam não somente com a exploração, mas também com a DITADURA MILITAR, e já haviam ensaiado algumas paralisações em 1968, quando surgiu o AE 5, que é o ato institucional, do Costa e Silva que retirava inúmeros direitos e liberdade do individuo, do cidadão e entrava nesse bolo todos os trabalhadores. Em 1968 os trabalhadores brasileiros já tinham ensaiados alguns movimentos de paralisações, de greve, mas sempre foram abafados pela ditadura militar e sem sucesso. Nos três anos de grande crise seguintes 1978, 1979 e 1980, nesses movimentos aqui termos alguns aspectos importante entre eles o da MOBILIZAÇÃO. Numa empresa da Scania aonde três mil trabalhadores num determinado dia chegam as seis da manha, mas não ligam as máquinas da empresa e inicia um processo de greve, a greve foi abafada e não conseguiram nada mas, 45 dias depois entra em sena um personagem importante “LUIS INACIO LULA DA SILVA”, “O LULA”, Líder sindical no ABC e líder dos metalúrgicos que conseguem uma negociação entre patrão e empregados e conseguem um reajuste de 63% do salário, isso representava uma conquista muito grande. Nesse contexto temos o surgimento do PT, essas mobilizações sindicais de metalúrgico do ABC, elas foram essenciais para trazer o processo de redemocratização do Brasil. Contribuíram muito com a redemocratização por que era uma pressão sobre o Estado Ditatorial. Não devemos esquecer que os sindicatos, são cada vez mais fortes, na década de 70, 80, encareceu a mão de obra nos grandes centros. Já na década de 90, a sociedade se tornando mais complexa e termos mais grupos lutando por ideais diferentes, surge grupos como: Os grupos estudantis Feminista MST Homossexuais Sem tetos Ecológicos Os Nonos Movimentos Sociais: Para começamos vamos lembrar das manifestações de Junho de 2013, que foram muito importantes e acabaram marcando as alterações políticas, sociais, alterações na estrutura do comportamento, inclusive nas redes sociais e no Brasil. Esses movimentos então dispostos em algumas categorias: Movimento Feminista→ não feminista no sentido exagerado do termo, mas no sentido de direitos das mulheres que ganharam força a partir da década de 70, mas aparecem desde os anos 1950, e se tornou um movimento enfático. Movimentos das Minorias → esse movimento reivindica questões como direitos iguais, acesso a educação, a saúde e reconhecimento por parte da sociedade de grupos que até então estavam privados desses direitos. Movimentos Ambientais → aparecem em organizações não governamentais e também em eventos oficiais como ECO 92, RIO + 20, AÇÃO DE ATUAÇÃO no No painel Intergovernamental sobre mudanças climáticas, as dimensões sobre o aquecimento global. Os movimentos ambientais ganharam bastante forças e começaram a ser uma preocupação a partir dos anos 70, quando termos a criação dos programas das NAÇÕES UNIDAS, para o meio ambiente que passou a buscar ações coordenadas com os governos, com a sociedade civil que diz respeito a conscientização sobre a influência da ação do homem na questão ambiental. Movimentos das Redes Sociais→ agora fazem partes, em 2010 e 2011 a atuação desse fenômeno, desse instrumento na Página 28 de 39 Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 chamada PRIMAVERA ÁRABE, ela começa com uma discussão intensa nas redes sociais, e também as redes sociais em 2013, sobre aqueles fenômenos das passeatas, não que as redes sociais tenham sido a causa NÃO, é isso e mais, mas ela foi o meio utilizado para a proliferação das ideais e para que os movimentos tivessem aquela repercussão gigantesca, que eles tiveram e até hoje vemos algumas renascença de junho de 2013. Esses são os três grupos dos chamados novos movimentos sociais. Conceito ou características movimento social: de um Tem que ser uma ação coletiva Ter caráter contraditório (há uma contradição em algum ponto da sociedade e esse ponto é refletido nos movimentos sociais) Expor as contradições sociais (essas contradições elas podem dizer respeito aos direitos, a oportunidade, há alguma coisa que na sociedade não está harmônica) Diversificados (eles abordam várias temáticas que estão reivindicando, várias coisas, vários pontos) Maior ou menor grau de organização (o grau de organização não interfere muito por que existem movimentos complexos com grande grau de organização e outros com pequeno grau de organização). Exemplo: passeatas→ é um movimento social por que reúne uma parcela da sociedade, acontecem em caráter contraditório, chama a atenção da sociedade para algum ponto em discussão. Agora os motivos da passeata é outra coisa, que leva a passeata a acontecer, nos temos que entender que a passeata ou a chamada como movimentos sociais em si, vai depender de suas reivindicações que devemos dá legitimidade ou não ao movimento. Ex. a chamada legalização da maconha é um movimento social? Enquanto legalização NÃO, mas, enquanto passeata SIM. EX.: ONG→já tem um alto grau de complexidade são movimentos sociais mais estruturados, elas acontecem dentro de um caráter estabelecidos, umas possuem códigos, regras, cargos bem definidos, algumas fazem arrecadação de valores para a suas causas. Os movimentos sociais exercem uma pressão social (eles por si não mudam, mas exerce uma pressão social a sociedade e pressiona a opinião pública que pressiona as decisões políticas que acontecem como consequências dos movimentos sociais, mais os movimentos sociais em si não mudam as coisas). Exemplo: em 2013, uma das reivindicações foi à proposta constitucional PAC 33 E PEC 37. Ocorreu que ouve rejeição SIM, tivemos a votação de uma delas só que foi a votação em plenário, a decisão pela rejeição da PEC, foi política, o movimento sociais pressionou mas em ultima analise a decisão foi política. Todo movimento social faz parte de um contexto histórico existente naquele movimento, eu não posso fala que todos os movimentos que aconteceram no Brasil nos últimos 30 anos tiveram os mesmo motivos. Direita já (direito ao voto no final da ditadura) Caras pintadas Junho de 2013. Observa-se que são três movimentos distintos com causa especifica, motivos específicos e que não se relacionam, então não posso afirmar que pela força do contexto histórico os movimentos sociais possuem a mesma causa sempre. Fator Gerador→ O estopim é o que desencadeia o movimento não é o principal motivo, não é o único motivo, depois o movimento ganha dimensões gigantesca. O Estopim de Junho de 2013 foi os 0,20 centavos no aumento das passagens de ônibus, mas não podemos dizer que foi somente os 0,20 centavos que causou as manifestações. Nos movimentos acontece um nivelamento social → por isso em um momento a sociedade fica igual durante o movimento social, a hierarquia é desfeita as diferenças sociais são desfeitas, elas acontecem agora de uma forma harmônica, Página 29 de 39 Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 quem esta participando é o manifestante, ele perde a identidade ou status social até então trazido. EX.: se você está fazendo uma reivindicação pelo fim da corrupção no Brasil, ai seu chefe, o dono da empresa em que você trabalha esta também e contra a corrupção, naquele instante você não é funcionário dele e então pouco ele é seu patrão, naquele momento enquanto manifestante acontece o NIVELAMENTO SOCIAL, ou seja, todos estão na mesma classe a classe de manifestante. Fortalecimento dos valores democráticos → são fortalecidos com os movimentos sociais por que eles podem inclusive sofre uma expansão quando você protesta querendo mais direitos, inclusão social, a favor de uma sociedade mais justa, você está fortalecendo os valores democráticos por que eles se consolidam ao passo que a democracia avança. Os valores democráticos e democracia são coisas distintas porém estão relacionados: Democracia → é o exercício dessa igualdade Os valores democráticos →são aqueles pontos definidos por uma sociedade em que estão inseridos dentro de um valor democrático. Algumas vedações→ os movimentos armados não é vedado pela constituição ela não permite o movimento armado não pode ser visto como movimento social. Ele é um movimento armado, paramilitar, inclusive se existir estar fora dos rigores constitucionais. Se você vai protestar num movimento público também tem que ter uma organização por que tem que ter uma organização para que você não acabe perturbando o evento e a ordem pública ou atrapalhando o evento você tem que protesta dentro de uma organização por que o movimento não pode se tornar baderna, para que não possa vim perder sua legitimidade. OBS: o movimento armado em ditaduras. O anonimato → o alto de protestar usando mascara é uma forma de protesto muito discutível pelo fato de está protestando, mas, o rosto não está a mostra para isso surge as desculpas mais variadas possíveis. Você tem o direito de expressar suas opiniões, suas criticas, porém é vedada o anonimato, ele não pode ser um movimento legitimo se ele estiver no anonimato. Os movimentos sociais são predominantemente urbanos. Mas não significa dizer que é exclusivamente urbano, eles são predominantemente urbanos por que é dentro das cidades onde nos temos a expressão maior das condições sociais, é onde as contradições são mais latentes, mais expressivas, mas isso não significa que seja exclusivamente da cidade. EX.: o movimento rural → MST, lutam, reivindicam a reforma agrária, eles usam foices, enxadas, mas isso é como demonstração do instrumento de trabalho, não pode confundir com movimentos armados, por que se entendesse enquanto movimento armados teríamos um grande problema. O problema que se constituiria era que eles não podem ser legitimados, reconhecidos, não poderia ser aceito. Problema maior é que o MST é um dos movimentos mais organizados do Brasil, e se mexesse com isso teríamos um grande problema então, melhor é ir pela via das negociações e as armas ou as foices, as enxadas utilizadas nos protestos não são o meio de reivindicação (o meio é a ocupação), a ocupação é o meio pelo qual eles usam a pressão social pela reforma agrária. Várias categorias: são os grupos que aparecem nos movimentos sociais. A sociedade civil (é o individuo que está protestando) Movimento sindicalista Movimento estudantil Movimento de artistas (esse é interessante por que teve uma grande repercussão na mídia, sobre a bibliografia não autorizada) Apartidário (é um movimento que acontece sem uma liderança ou uma bandeira partidária mas pode ter vários partidos políticos participando não caracteriza por que não há uma bandeira política na liderança) . Página 30 de 39 Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 Quais seriam os pontos em comum dos movimentos sociais: A queda do capital monopolista Maior justiça na sociedade Fim da corrupção Reforma agrária Divisão de riqueza Fim da concentração de renda Melhoria do IDH Democracia. O humano na natureza: Cultura e práticas culturais: Chamo atenção para o fato de que a presença da natureza no homem é, ao mesmo tempo, a presença do homem na natureza→ significa que o homem transforma a natureza, ela transforma o homem. Pense nas questões sobre por que e como a natureza e homem se transformam mutuamente. O ser humano não se dá apenas na e pela natureza, mas, principalmente, na e pela cultura. Essa é uma visão predominante entre filósofos, antropólogos e cientistas sociais. Podemos até pensar, que o homem tem uma natureza cultural. O homem se transforma no mundo que ele mesmo constrói: mundo social, cultural, histórico: o mundo humano. Para pensar e investigar a nossa identidade e o devir, é preciso estudar a cultura. Sim, porque a cultura é condição para alguém, chamar-se e sentir-se humano. Para o senso comum, cultura possui um sentido de erudição, uma instrução vasta e variada adquirida por meio de diversos mecanismos, principalmente o estudo. Quantas vezes já ouvimos os jargões “O povo não tem cultura”, “O povo não sabe o que é boa música”, “O povo não tem educação”, etc.? De fato, esta é uma concepção arbitrária e equivocada a respeito do que realmente significa o termo “cultura”. Não podemos dizer que um índio que não tem contato com livros, nem com música clássica, por exemplo, não possui cultura. Onde ficam seus costumes, tradições, sua língua? O conceito de cultura é bastante complexo. Mas o que significa cultura? A cultura é o conjunto de conhecimentos, de valores, de crenças, de ideias e de práticas de um grupo social, ou de um povo, ou de uma época. A cultura é a rede de significados que dão sentido ao mundo que cerca um indivíduo, ou seja, a sociedade. Essa rede engloba um conjunto de diversos aspectos, como crenças, valores, costumes, leis, moral, línguas, etc. Cultura: “é o conjunto de conhecimentos, crenças, arte, moral e direitos, além de costumes e hábitos adquiridos pelo individuo em uma sociedade.” Edward Taylor. Alfredo Bosi define cultura, em dialética da colonização, a partir da linguística e da etimologia da palavra: cultura, assim como culto e colonização, viria do verbo latino colo, que significa, eu ocupo a terra. Cultura seria o futuro de tal verbo, significando o que se vai trabalhar, o que se quer cultivar, e não apenas em termos da agricultura, mas também de transmissão de valores e conhecimentos para as próximas gerações. Palavra Cultura tem origem Latina, seu significado está ligado as atividades agrícolas, derivada do verbo latino COLERE= CULTIVAR. Faz referência: Ao estudo, a educação, a formação escolar. As manifestações artísticas (teatros, pinturas, musicas, esculturas). Relaciona-se aos meios de comunicação em massa (rádio, cinema e televisão); Festas e cerimônias tradicionais, lendas e crenças de um povo; Faz referência às formas de vestir, alimentar-se e falar. A cultura pode ser representada de duas maneiras. A primeira de Cultura Material e a segunda Cultura Imaterial. Cultura Material: Numa definição mais clássica, a cultura material pode assim ser entendida como o conjunto de artefatos criados pelo homem, combinando matérias-primas e tecnologia, o qual se distingue das estruturas fixas pelo seu caráter móvel. Exemplos: Página 31 de 39 Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 Fortaleza de São José Igreja de São José Cristo Redentor Pelourinho etimologicamente, significa "herança paterna"- na verdade, a riqueza comum que nós herdamos como cidadãos, e que se vai transmitindo de geração a geração. Cultura imaterial: O tombamento de bens culturais: É o conhecimento que não foi ensinado por meio de livros, registros formais ou ensinamentos sistemáticos, mas sim, o conhecimento transmitido na prática, na forma oral ou por meio de gestos, de geração para geração. Tradição e transmissão de conhecimento são fatores essenciais para a continuidade da cultura intangível, também chamada de cultura imaterial, e para a construção da identidade um grupo, povo ou nação. Exemplos: Marabaixo Carimbo Carnaval do Rio de Janeiro Capoeira Tombar, de acordo com normas legais, equivale a registrar, com o objetivo de proteger, controlar, guardar. Tombamento, também chamado tombo, provavelmente originado do latim tomex, significa inventário, arrolamento, registro. O tombamento de bens culturais, visando a sua preservação e restauração, é de interesse do estado e da sociedade. O patrimônio cultural de um povo não é composto apenas por elementos materiais, mas também através de manifestações da cultura imaterial, ele é constituído de práticas, representações, técnicas, objetos e lugares do mesmo. Patrimônio Artístico: Os bens materiais e imateriais que formam o patrimônio cultural brasileiro são, portanto, os modos específicos de criar e fazer (as descobertas e os processos genuínos na ciência, nas artes e na tecnologia); as construções referenciais e exemplares da tradição brasileira, incluindo bens imóveis (igrejas, casas, praças, conjuntos urbanos) e bens móveis (obras de arte ou artesanato); as criações imateriais como a literatura e a música; as expressões e os modos de viver, como a linguagem e os costumes; os locais dotados de expressivo valor para a história, a arqueologia, a paleontologia e a ciência em geral, assim como as paisagens e as áreas de proteção ecológica da fauna e da flora. Quando se preserva legalmente e na prática o patrimônio cultural, conserva-se a memória do que fomos e do que somos: a identidade da nação. Patrimônio, Cultura Erudita: Os produtores da chamada cultura erudita fazem parte de uma elite social, econômica, política e cultural e seu conhecimento ser proveniente do pensamento científico, dos livros, das pesquisas universitárias ou do estudo em geral (erudito significa que tem instrução vasta e variada adquirida sobre tudo pela leitura). A arte erudita e de vanguarda é produzida visando museus, críticos de arte, propostas revolucionárias ou grandes exposições, público e divulgação. Multiculturalismo: O Multiculturalismo (ou pluralismo cultural) é um termo que descreve a existência de muitas culturas numa localidade, cidade ou país, sem que uma delas predomine, porém separadas geograficamente e até convivialmente no que se convencionou chamar de “mosaico cultural”. O multiculturalismo implica reivindicações e conquistas das chamadas minorias (negros, índios, mulheres, homossexuais, entre outras). A doutrina multiculturalista dá ênfase à idéia de que as culturas minoritárias são discriminadas, sendo vistas como movimentos particulares, mas elas devem merecer reconhecimento público. Para se consolidarem, essas culturas singulares devem ser amparadas e protegidas pela lei. O multiculturalismo opõe-se ao que ele julga ser uma forma de etnocentrismo (visão de mundo da sociedade branca dominante que se toma por mais importante que as demais). Página 32 de 39 Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 Relativismos Cultural: Relativismo cultural entende-se a postura pela qual cada manifestação cultural é considerada legítima, sendo resultado da experiência cotidiana de determinado agrupamento humano em sua interação constante com outros grupos. No relativismo cultura procura–se reconhecer a diversidade cultural como positiva. A Escola de Frankfurt: Conceito: foi um movimento intelectual criado por um conjunto de filósofos e cientistas sociais de orientação marxista em 1924, na Alemanha. Caracterizou-se pela reflexão crítica sobre a sociedade contemporânea e as teorias que a explicam. Seus integrantes foram perseguidos pelo regime nazista e muitos emigraram para outros países, em especial os Estado Unidos. Em 1947, Adorno e Horkheimer desenvolveram o conceito de Indústria Cultural para demonstrar que, na Alemanha nazista, a massificação cultural teve tanta importância quanto o totalitarismo político para assegurar a dominação sobre as classes trabalhadoras. Ou seja, se por um lado a imposição do partido único e a negação do direito de organização das classes populares garantiam que não havia contestação ao regime, por outro lado, a produção de bens culturais voltados para o simples divertimento e distorção da realidade, e não para a reflexão crítica, seria uma estratégia fundamental para atingir o mesmo objetivo: o conformismo das massas e a naturalização da situação de violência a que estavam submetidas. O próprio sentido da palavra massa, algo ao mesmo tempo homogêneo e moldável, manipulável, já diz muito sobre o que pensava Adorno e Horkheimer a respeito da passividade dos indivíduos diante da mercantilização da existência social, fenômeno ocasionado pela racionalidade da sociedade industrial capitalista. Nessa sociedade tudo vira mercadoria voltada para o consumo em massa, inclusive bens culturais como filmes, livros, músicas e obra de artes. Nessa perspectiva, a indústria cultural, isto é, o conjunto dos veículos de comunicação (como o rádio, a TV e a internet), controlados pela classe dominante, transformam o lazer em um prolongamento das relações de trabalho (quanto mais se trabalha, mais é possível consumir durante o tempo livre, o que gera um ciclo vicioso). Prevalece a lógica da mercadoria, da coisificação e da mecanização, que afasta a possibilidade de reflexão crítica e leva à consolidação do capitalismo como sistema social hegemônico. Adorno e Horkheimer fizeram em sua obra uma critica do que eles entendiam como a degradação da cultura pela sociedade industrial, que substitui a singularidade da obra de arte por uma fórmula repetitiva, que gera bens voltados para o consumo e para divertimento superficial e assegura, em última instância, a obediência às normas vigentes. O que importa não é o conteúdo das obras ou a intenção original de quem as produziu, e sim o produto cultural, seu valor de consumo. Os maiores representantes as indústria cultural na sociedade capitalista eram o cinema e a música. Ainda hoje muitos consideram válidas as criticas de Adorno e Horkheimer ao processo de massificação e mercantilização da cultura, que denunciava a concentração do poder difusão de bens culturais nas mãos dos detentores do poder econômico. De fato, se fizemos uma pesquisa nos cinemas das principais cidades, veremos que existe uma grande predominância de filmes de produção estadunidense, principalmente na modalidade de ficção de ação. Se a for feita em emissora de rádio e televisão, também encontraremos esse predomínio. No entanto, o entendimento do espectador como alguém totalmente passivo diante dos objetivos políticos e comerciais da indústria cultural leva a um pessimismo imobilizante. Será que estamos realente sujeitos a essa manipulação e padronização cultural? Internet e Indústria Cultural: Liberdade e Controle: E tempos de internet, a discussão sobre poder da indústria cultural em definir o que vamos ver, ouvir e ler vem sendo travado a partir de novos pressupostos. É comum ouvimos falar da internet como um território livre, onde os mais diversos conteúdos podem ser divulgados e Página 33 de 39 Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 acessados por qualquer pessoa, podendo ser uma ferramenta a favor da democratização da informação. No entanto, nos últimos anos temos visto também tentativas de governos de criar legislações que restrinjam o uso da internet. A questão principal é saber quem define o que é uso indevido da internet e quais os interesses que estão por trás desse debate. Uma questão recente e polêmica diz respeito á violação dos direitos autorais, prática conhecida como pirataria. A prática de compartilhar músicas, jogos, livros e filmes na internet popularizou-se a tal ponto que foram criados sites com essa finalidade especifica, que registram quantidade enorme de acesso diários. O debate sobre essas propostas, assim como sobre o marcos regulatórios do uso da internet em diversos países, tem sido travado, de um lado, entre representantes da indústria cultural, como emissora de TV, gravadoras, estúdios de cinema e editoras de livros, preocupados com uma possível queda nas vendas de seus produtos; e, de outro lado, por empresas responsáveis por serviços de internet, como redes sociais, enciclopédias livres, ferramentas de busca e publicação de blogs, que utilizam a tecnologia para promover a livre circulação de conteúdo criados ou disponibilizados pelos próprios usuários. Ao longo da vida os indivíduos estabelecem contato com os diferentes elementos que compõe a cultura na qual estão inseridos e outras com as quais se relacionam de algum modo. Em nossa época, esse relacionamento com outras culturas é constantemente intermediado pelas tecnologias da informação. A medida que esses contatos se realizam, os indivíduos vão selecionando elementos com os quais estabelecem uma relação de identificação ou proximidade. Ao mesmo tempo, percebem que há elementos das diferentes culturas, inclusive da sua própria, que são descartáveis ou cuja relação é de distanciamento. Nesse processo de constante interação forma-se a identidade social. Novelas brasileiras: conscientização na tela? alienação ou No Brasil, uma das principais expressões da indústria cultural são as telenovelas. O modelo de contar uma historia de maneira linear se tornou comum nos jornais em fins dos séculos XIX, passado posteriormente para o rádio. No entanto, foi na televisão que esse gênero consolidou-se como um modo especifico de entretenimento. A trajetória da teledramaturgia se desenvolveu no Brasil a partir dos anos 1950, com a adaptação de novelas radiofônicas para o novo meio de comunicação. No final dos anos 1960, as produções passaram a incorporar diferentes técnicas e ficaram sofisticadas, o que tornou o gênero o mais popular entre os programas televisivos. Desde então, as telenovelas vêm causando admiração, comoção e envolvimento no público brasileiro, o que as torna uma mercadoria de grande valor, sendo até exportadas para outros países. Por conta da importância que adquiririam no cotidiano, as novelas são objeto de debate em diferentes esferas da sociedade e também nas Ciências Sociais. No campo da Sociologia, a interpretação das novelas apresenta duas visões. A primeira, filiada à perspectivas crítica desenvolvida por Adorno e Horkheimer, considera a novelas um veículo de difusão da ideologia das classes dominantes. Nesse sentido, essa forma de entretenimento seria um modo linear o público, falseando a realidade. Isso significa interpretar que os enredos, os personagens e as cenas têm o propósito de impedir o público de refletir sobre sua própria realidade. A utilização do modelo clássico de oposição simples entre o bem e o mal, a reprodução estereotipada de grupos e minorias sociais e a montagem de cenas e situações com o objetivo de vender ou divulgar produtos são alguns dos argumentos contrários às novelas. Nessa concepção, as novelas contribuem para padronizar comportamentos, reforçar estereótipos e transmitir uma visão especifica de mundo, como se fossem uma leitura neutra da realidade social. Em contraposição a essa ideia, no entanto, há os que argumentam que as novelas cumprem um papel social importante na conscientização e na discussão de comportamentos das diferentes classes sociais brasileiras. Para estes, representantes de uma posição de análise que defende as novelas como elemento integrador, esse gênero de produção Página 34 de 39 Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 cultural tem o mérito de colocar em discussão temas próprio da realidade popular e que não encontram espaço de divulgação na agenda política de partidos e governos. Nesse sentido, temas como emancipação feminina, questionamento da estrutura patriarcal da sociedade brasileira, demandas de minorias sociais, como os homossexuais, foram debatidos primeiro nos folhetos e posteriormente na sociedade. ou seja, as novelas teriam o papel de despertar a sociedade para questões que, por serem enraizadas na estrutura cultural ou demandaram mudanças profundas de comportamento, dificilmente são discutidas cotidianamente. Além disso, as novelas brasileiras cumpririam com louvor o papel de ser uma forma de entretenimento produzido com apuro tecnológico de alto nível. A Sociologia no Brasil: Podemos dizer que a Sociologia brasileira começa a “engatinhar” a partir da década de 1930, vindo a se fortalecer nas décadas seguintes. Apesar de alguns autores da sociologia dizerem que não há uma data correta que marca o seu começo em solo brasileiro, essa época parece ser a mais adequada para se falar em início dos estudos sociológicos no Brasil. Quando dizemos “data mais adequada”, é porque as produções literárias que surgem a partir dessa década (1930) começam a demonstrar um interesse na compreensão da sociedade brasileira quanto à sua formação e estrutura. Mas note, não estamos afirmando que antes da data acima ninguém havia se proposto a entender nossa sociedade. Antes da década de 1930 muitos ensaios sociológicos sobre o Brasil foram elaborados por historiadores, políticos, economistas, etc. No entanto, na maioria destes trabalhos, os autores apresentavam a tendência de escrever sobre raça, civilização e cultura, mas não tentavam explicar a formação e a estrutura da sociedade brasileira. A partir de 1930, surge no Brasil um período no qual a reflexão sobre a realidade social ganha um caráter mais investigativo e explicativo. Esse caráter mais investigativo e explicativo foi impulsionado pelos muitos movimentos que estimularam uma postura mais crítica sobre o que acontecia na sociedade brasileira. Dentre alguns destes movimentos estão o Modernismo, a formação de partidos (sobretudo o partido comunista) e os movimentos armados de 1935. "Romance de 30" (porque é o início cronológico da nova literatura); romance neorealista (porque essas obras conseguiram renovar e modernizar o realismo/naturalismo do século 19, enriquecendo-o com preocupações psicológicas e sociais) ou romance regionalista moderno (porque escapa das metrópoles e vai ao Brasil regional, preso ainda a antinomias dos séculos anteriores). Um partido comunista é um partido político que tem como objetivo a aplicação política, social, cultural e econômica dos princípios do Comunismo através de um governo. O nome origina-se da obra O Manifesto do Partido Comunista (1848), dos alemães Karl Marx e Friedrich Engels[1]. Defendia propostas nacionalistas e tinha como uma de suas bandeiras a luta pela reforma agrária. Embora liderada pelos comunistas, conseguiu congregar os mais diversos setores da sociedade e rapidamente tornou-se um movimento de massas. Movimentos como esses, de alguma forma, traziam transformações de ordem social, econômica, política e cultural ao país, e despertavam o interesse de pensadores em dar explicações a tais fenômenos. Aos poucos a Sociologia passa a constituir-se como uma forma de reflexão sobre a sociedade brasileira. Veja como isso aconteceu: Fases da sua implantação: Dividindo os acontecimentos da implantação da Sociologia no Brasil como ciência, em fases, ou em geração de autores brasileiros, destaca-se aqui três deles, as quais se complementam: A fase “A” da implantação da Sociologia no Brasil: A primeira geração da Sociologia brasileira seria composta por aqueles autores que se preocuparam em fazer estudos históricos Página 35 de 39 Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 sobre a nossa realidade, com um caráter mais voltado à Literatura do que para a Sociologia. Desta geração de autores, queremos destacar Euclides da Cunha (1866-1909). Cunha nasceu no Rio de Janeiro, foi militar engenheiro, além de ter estudado Matemática e Ciências Físicas e Naturais. Porém, o que gostava de fazer, como profissional, era o jornalismo. Em 1895, abandonou o Exército e começou a trabalhar como correspondente do jornal “O Estado de São Paulo”. Nessa função foi enviado para a Guerra de Canudos, no interior da Bahia, de onde surgiu sua maior contribuição à Sociologia brasileira: o livro Os Sertões. Se analisarmos este livro pelo enfoque literário, podemos perceber que Cunha faz, usando seus conhecimentos de Ciências e Físicas Naturais, relatos sobre como era a terra e a paisagem de Canudos. Também faz a descrição dos homens que ali viviam, ou seja, os sertanejos, nos quais percebe que, ao contrário do que pensava antes de conhecê-los, eram fortes e valentes, ainda que a aparência dos mesmos não demonstrasse isso. Por fim, Cunha descreve a guerra, isto é, como foi que o governo da época conseguiu acabar com o que considerava ser uma revolução que reivindicava a volta do sistema monárquico no Brasil. Na verdade Antonio Conselheiro (o líder da Revolução de Canudos) e seus seguidores apenas defendiam seus lares, sua sobrevivência. “É que estava em jogo, em Canudos, a sorte da República...” Diziam-no informes surpreendedores; aquilo não era um arraial de bandidos truculentos apenas. Lá existiam homens de raro valor – entre os quais se nomeavam conhecidos oficiais do exército e da armada, foragidos desde a Revolução de Setembro, que o Conselheiro avocara ao seu partido.” (CUNHA, 1979: 250). Olhando mais pelo lado sociológico, podemos perceber que Cunha estava fazendo revelações quanto à organização da República que estava sendo consolidada. Canudos era um retrato de uma sociedade republicana que não conseguia suprir as necessidades básicas de seu povo. Coisa que Antonio Conselheiro, com sua maneira missionária de ser, acreditava e lutava para acontecer, pois... “...abria aos desventurados os celeiros fartos pelas esmolas e produtos do trabalho comum. Compreendia que aquela massa, na aparência inútil, era o cerne vigoroso do arraial. Formavamna os eleitos, felizes por terem aos ombros os frangalhos imundos, esfiapados sambenitos de uma penitência que lhes fora a própria vida; bem-aventurados porque o passo trôpego, remorado pelas muletas e pelas anquiloses, lhes era a celeridade máxima, no avançar para a felicidade eterna”. (CUNHA, 1979: 132 ). Após duas tentativas sem sucesso de “tomar” Canudos – pois os sertanejos tornavam difícil a vida dos soldados, por conhecerem muito bem a caatinga sertaneja – o governo federal republicano deixou de subestimar a força daquelas pessoas que se uniram a Conselheiro. Convocou para uma terceira expedição batalhões armados de vários estados brasileiros e promoveu uma grande guerra e matança naquela região, em prol da República. A observação de Euclides da Cunha e as revelações que faz quanto à sociedade brasileira em Os Sertões, transforma esta obra em um dos referenciais de início do pensamento sociológico no Brasil. A fase “B” da implantação da Sociologia no Brasil: Existem vários autores desta geração que poderíamos referenciar, como Gilberto Freyre, Caio Prado Júnior, Sérgio Buarque de Holanda, Fernando de Azevedo, Nelson Wernek Sodré, Raymundo Faoro, etc. No entanto, vamos nos fixar em dois deles, os quais podem ser vistos como clássicos do pensamento social brasileiro: Gilberto Freyre e Caio Prado Júnior. Gilberto Freyre foi o autor de Casa Grande & Senzala (1933), livro no qual demonstrou as características da colonização portuguesa, a formação da sociedade agrária, o uso do trabalho escravo e, ainda, como a mistura das raças ajudou a compor a sociedade brasileira. Freyre foi um sociólogo que nasceu em Pernambuco no ano de 1900 e, no desenvolver de sua profissão, criou várias cátedras de Página 36 de 39 Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 Sociologia, como na Universidade do Distrito Federal, fundada em 1935. Freyre faleceu em 1987. Quando escreveu Casa Grande & Senzala tinha 33 anos e, anti-racista que era, inaugurou uma teoria que combatia a visão elitista existente na época, importada da Europa, a qual privilegiava a cor branca. Segundo tal visão racista, a mistura de raças seria a causa de uma formação “defeituosa” da sociedade brasileira, e um atraso para o desenvolvimento da nação. Freyre propõe um caminho inverso. Em Casa Grande & Senzala ele começa justamente valorizando as características do negro, do índio e do mestiço acrescentando, ainda, a ideia de que a mistura dessas raças seria a “força”, o ponto positivo, da nossa cultura. Este autor forneceu, para o seu tempo, uma nova maneira de ver a constituição da nacionalidade brasileira, isto é, o Brasil feito por uma harmoniosa união entre o branco (de origem europeia), o negro (de origem africana), o índio (de origem americana) e o mestiço, ressaltando que essa “mistura” contribuiu, em termos de ricos valores, para a formação da nossa cultura. Veja alguns trechos de sua obra a este respeito: “Um traço importante de infiltração de cultura negra na economia e na vida doméstica do brasileiro resta-nos acentuar: a culinária” Guerra de Canudos (1897): Aconteceu numa abandonada fazenda no interior da Bahia que tinha o nome de Canudos. As tropas federais massacraram milhares de pessoas que viviam naquele lugar tendo por líder um beato chamado Antonio Conselheiro o qual, a partir de 1890, começou a ajuntá-los pregando esperança para os que foram esquecidos pelo governo republicano. Conselheiro era visto, pelo governo, como sendo um líder perigoso e contrário à consolidação da República. Por isso o objetivo da guerra. (FREYRE, 2002. “Foi ainda o negro quem animou a vida doméstica do brasileiro de sua maior alegria.” (FREYRE, 2002) “Nos engenhos, tanto nas plantações como dentro de casa, nos tanques de bater roupa... carregando sacos de açúcar... os negros trabalhavam sempre cantando.” (FREYRE, 2002). No entanto, vale ressaltar aqui que Gilberto Freyre tinha um “olhar” aristocrático e conservador sobre a sociedade brasileira, pois além de justificar as elites no governo, sua descrição do tempo da escravidão em Casa Grande & Senzala adquire uma conotação harmoniosa, ele não via conflitos nessa estrutura. Mas se para Gilberto Freyre era um erro pensar que a mistura das raças seria um atraso para o Brasil, há um outro autor que se propôs a verificar qual seria e onde estaria a origem do atraso da nação brasileira. Estamos falando de Caio Prado Júnior. Este autor vai nos fornecer uma visão muito mais crítica sobre a formação da nossa sociedade. Veja por quê. Enquanto Gilberto Freyre fazia uma análise conservadora da formação da sociedade brasileira, Caio Prado recorria à visão marxista, isto é, partindo do ponto de vista material e econômico para o entendimento da nossa formação. Caio Prado Júnior nasceu em 1907 e faleceu em 1990. Formou-se em direito e, de forma autodidata, leu e tomou para si os ideais de Marx, o que o fez uma pessoa comprometida com o Socialismo. Caio Prado também era uma espécie de “contra-mão” do Partido Comunista Brasileiro no seu tempo, pois um dos militantes daquele partido, Octávio Brandão (1896-1980), havia escrito um livro na década de 1920, chamado Agrarismo e Industrialismo no qual apresentava a tese de que o atraso do Brasil, em termos econômicos, estava no fato dele ter tido um passado feudal. E esta tese continuou a ser defendida pelo PCB com o historiador Nelson Wernek Sodré (1911-1999), que interpretava o escravismo, no Brasil Colonial, como uma característica do feudalismo. É por essa razão que Caio Prado era contrário ao Partido Comunista, pois a ideia de que no passado o Brasil havia sido feudal era “importada” do marxismo oficial, da Europa, e que na sua opinião, não funcionava aqui. E, para Caio Prado, a prova disso estaria no fato de que no sistema feudal o servo não era considerado uma mercadoria, coisa que ocorria aqui com os escravos, o que denota uma característica do sistema capitalista (e não feudal) no que tange à análise da mão de obra. Página 37 de 39 Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 No seu livro Formação do Brasil Contemporâneo, publicado em 1942, Caio Prado apresenta a tese de que a origem do atraso da nação brasileira estaria vinculada ao tipo de colonização a que o Brasil foi submetido por Portugal, isto é, uma colonização periférica e exploratória. Traduzindo para melhor compreendermos... Caio Prado explica que Portugal teve grande contribuição no “nosso atraso” como nação, pois o centro do capitalismo, na época do “descobrimento” do Brasil, estava na Europa, o que fazia com que as riquezas daqui fossem levadas para lá. Este tipo de organização econômica foi denominado de primária e exportadora, pois os produtos extraídos das monoculturas brasileiras, nos latifúndios, eram exportados para os países que estavam em processo de industrialização. Segundo Caio Prado, a América era vista pelos europeus como sendo “...um território primitivo habitado por rala população indígena incapaz de fornecer qualquer coisa de realmente aproveitável. Para os fins mercantis que se tinham em vista, a ocupação não se podia fazer como nas simples feitorias comerciais, com um reduzido pessoal incumbido apenas do negócio, sua administração e defesa armada; era preciso ampliar estas bases, criar um povoamento capaz de abastecer e manter as feitorias que se fundassem e organizar a produção dos gêneros que interessassem ao seu comércio. A ideia de povoar surge daí, e só daí”. (PRADO JÚNIOR, 1942: 24). As teses desse autor rompem com as análises dos autores que antes dele apresentaram um pensamento conservador restrito, isto é, de reprodução daquilo que estava posto na sociedade brasileira e, consequentemente, sem a intenção de apresentar propostas para sua transformação. Assim sendo, segundo a visão de Caio Prado, Gilberto Freyre, em Casa Grande e Senzala, pode ser considerado “conservador”. Veja porque: a) seus escritos nos levam a pensar que a miscigenação acontecia sempre de maneira harmoniosa. Mas e a relação entre os senhores brancos e suas escravas negras, por exemplo? Se verificarmos relatos da história veremos que as negras eram forçadas a terem relações sexuais com eles, o que é bem diferente de harmonia. b) sobre os problemas sociais da época, Freyre não apresenta nenhuma proposta para a solução dos mesmos, ou para a transformação da sociedade. Para Caio Prado Júnior, os pontos “a” e “b” mencionados acima demonstram a postura conservadora de Gilberto Freyre, pois transparece certo conformismo com a situação em que se apresentava a sociedade. Conformismo que pressupõe continuidade, sem transformação. E a fase “C” da implantação da Sociologia no Brasil: Já a partir dos anos de 1940 novos sociólogos começam a aparecer no cenário brasileiro. Esta terceira geração é formada por sociólogos que vieram de diferentes instituições universitárias, fundadas a partir de 1930 e inauguram estilos mais ou menos independentes de fazer Sociologia. Começam a surgir estilos ou tendências, o que fez com que surgissem diferentes “escolas” de Sociologia em São Paulo, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte e em outros lugares. Dentre os autores que fazem parte dessa terceira geração, podemos citar: Florestan Fernandes (1920-1995), importante nome da Sociologia crítica no Brasil. Foi um sociólogo que fez um contínuo questionamento sobre a realidade social e das teorias que tentavam explicar essa realidade. O objetivo deste autor foi de, numa intensa busca investigativa e crítica, ir além das reflexões já existentes. Florestan também mantinha contínuo diálogo com o pensamento crítico brasileiro. Autores como Euclides da Cunha e Caio Prado Júnior, os quais vimos anteriormente, fazem parte de sua lista de interlocutores. O diálogo com esses autores foi fundamental para o seu trabalho de análise dos movimentos e lutas existentes na sociedade, principalmente aquelas travadas pelos setores populares. Outro aspecto de sua maneira crítica de fazer Sociologia foi a sua afinidade com o pensamento marxista, principalmente sobre o modo de analisar a sociedade, o que se Página 38 de 39 Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 constituiu numa espécie de “norte” crítico orientador de seu pensamento. As transformações sociais que ocorreram a partir de 1930 no Brasil foram, também, uma espécie de “motor” para os trabalhos de Florestan. Mas não apenas para ele, pois como já mencionamos, essas transformações serviram de impulso para os trabalhos sociológicos no Brasil como um todo. E isso se deu principalmente a partir de 1940, pois essas transformações se intensificaram muito por causa do aumento da industrialização e da urbanização. Algumas das consequências da urbanização, inclusive gerada pela migração de pessoas que, vindas do campo, procuravam trabalho nas indústrias das grandes cidades, foram o surgimento de problemas de falta de moradia, desemprego e criminalidade. Essas situações emergentes, logicamente, tornavam-se temas para a análise sociológica. Para finalizar, vale ressaltar que a Sociologia crítica que Florestan inaugura também tinha o “olhar” voltado aos mais diversos grupos e classes existentes na sociedade. Algumas de suas pesquisas com grupos indígenas e sobre as relações raciais em São Paulo, por exemplo, tiveram o mérito de fornecer explicações que se contrapunham às explicações dadas pelas classes dominantes da sociedade brasileira. Referencias: COSTA, Cristina. Sociologia: Introdução à Ciência da Sociedade. São Paulo: Editora Moderna. MEKSENAS, Paulo. Aprendendo Sociologia: A paixão de conhecer a vida. São Paulo: Edições Loyola. OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à Sociologia: Série Brasil. São Paulo: Editora Ática. TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o Ensino Médio. São Paulo: Saraiva, 2010. 2ª edição. http://educarparacrescer.abril.com.br/ www.infopedia.com.br www.brasilescola.com.br http://lounge.obviousmag.org/de_dentro_da_carto la/2013/11/zygmunt-bauman-vivemos-temposliquidos-nada-e-para-durar.html#ixzz3Y4OAtNzZ Página 39 de 39