CORANTES NATURAIS: UMA ALTERNATIVA DE INDICADOR ÁCIDOBASE Francisca Belkise de Freitas Moreira (IC); Luciana Medeiros Bertini* (PQ) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte [email protected] Na natureza existe uma grande variedade de flores, e as cores de muitas delas resultam da variação da acidez ou alcalinidade da seiva. Em alguns casos, a substância química é a mesma, por exemplo, nas flores das papoulas (vermelhas) e centáureas (azuis), porém a seiva das papoulas é ácida, enquanto das centáureas é alcalina, dando as cores características das respectivas flores. A tonalidade das cores das hortênsias também depende da acidez ou alcalinidade de sua seiva e pode ser controlada modificando a acidez/alcalinidade do solo. Em solos ácidos as flores são cor-de-rosa, enquanto em solos alcalinos são azuis, uma de suas principais diferenças (JUNIOR e BISPO, 2010). O uso da coloração emitida por diversos compostos presentes nas frutas, legumes e flores vem sendo um recurso didático amplamente utilizado como estratégia de ensino de equilíbrio ácido e base e identificação de acidez ou basicidade de diversos materiais (SOARES e SILVA, 2001). Além da preparação das soluções indicadores de pH também pode-se fazer a preparação de papéis indicadores através dos pigmentos oriundos destes tecidos vegetais, sendo este um recurso bastante explorado na literatura. Diversos materiais alternativos já foram relatados como indicadores de pH, dentre os quais se destaca o repolho-roxo. Nesse sentido, o objetivo do presente trabalho é estudar flores com propriedades indicadores ácido-base como a Ecsória (Ixora coccinea) e a Alamanda-roxa (Allamanda blanchetti), a fim de ampliar o número de indicadores naturais disponíveis. As flores foram coletadas na cidade de Apodi/RN. A extração dos corantes foi feita através do processo de maceração com o solvente álcool etílico, onde foram pesados 25 g de pétalas de cada flor, ficando em repouso durante 24 horas. Após este período, filtraram-se os corantes extraídos para realizar os testes. Para avaliar a adequação dos extratos como indicadores de pH, foram utilizadas as soluções tampão com pHs variando de 2 a 13. A cada tubo de ensaio contendo 10,0 mL de solução tampão adicionou-se 2,0 mL de extrato. A observação da coloração resultante era feita 30 segundos após a adição dos extratos. Em diferentes pHs, os extratos obtidos das flores estudadas assumiram diferentes colorações que puderam ser facilmente identificadas, definindo-se então escalas de pH em função da cor da solução resultante. As variações de cores observadas indicam que os extratos das flores de Ecsória e de Alamanda-roxa podem ser usados como soluções indicadores de pH. As ligeiras diferenças de cores entre os extratos das flores estudadas, para um mesmo valor de pH, podem ser atribuídas ao fenômeno de associação entre os corantes, que é influenciado pela quantidade e pelos tipos de Leucoantocianidinas presentes nos extratos. De acordo com os resultados obtidos, os extratos obtidos podem ser empregados na identificação de soluções ácido-base. A utilização de indicadores naturais contribuem muito para a demonstração do comportamento de indicadores de pH e para medidas de pH, sendo um 1 produto de fácil acesso que pode ser empregado didaticamente e ser aplicados em produtos caseiros e demonstrado para alunos de ensino médio. Figura 1: Alamanda-roxa (Allamanda blanchetti) Figura 2: Ecsória (Ixora coccinea) Referências: JUNIOR, Germano Woehl; BISPO, Lucas Manoel. Corantes Naturais Extraídos de Plantas para Utilização como Indicadores de pH. Instituto Rã-bugio para Conservação da Biodiversidade. Universidade de São Paulo, 2010. SOARES, Márlon Herbert Flora Barbosa; SILVA Marcus Vinicius Boldrin. Aplicação de corantes naturais no ensino médio. Química Nova (Brasil), v.21, p. 221-7, 2001. 2