Visualização do documento Sobre as Cruzadas.doc (71 KB) Baixar «Sobre a Quarta Cruzada - antes e depois» Entrevista com o autor de um livro histórico sobre o tema Historiadores de todo o mundo se encontraram em agosto em Istambul, lugar da sangrenta batalha da Quarta Cruzada - (1204), para participar do congresso organizado pela Society for the Study of the Cruzades and the Latin East (SSCLE), com o título «Sobre a Quarta Cruzada, antes e depois». Durante o congresso, os estudiosos elogiaram o livro de Marco Meschini sobre esta cruzada: «1204: A incompleta. A quarta cruzada e as conquistas de Constantinopla» (1204: L'incompiuta. La quarta crociata e le conquiste di Constantinopoli» (http://www.ancoralibri.it Editora Ancora). Há oitocentos anos, a Quarta Cruzada supôs a conquista de Constantinopla, capital do Império bizantino cristãoortodoxo. Foi um acontecimento dramático, com freqüência evocado entre as razões que ainda hoje separam católicos e ortodoxos. Mas o que sucedeu exatamente? Zenit perguntou a Marco Meschini, historiador da Universidade Católica de Milão e autor do livro. >> A conquista de Constantinopla estava nos objetivos da cruzada? Meschini: Não. A cruzada era uma peregrinação armada com a finalidade de defender a cristandade: reconquistar os Santos Lugares na Terra Santa ou na luta contra os muçulmanos na Espanha. Em 1198 o Papa Inocêncio III queria que uma expedição reconquistasse Jerusalém, caída em 1187. O desvio à Constantinopla foi algo excepcional, que não estava previsto. >> Por que ficou «incompleta» a Quarta Cruzada? Meschini: Quando o corpo da expedição principal da Cruzada chegou a Veneza no ano 1202, faltavam homens e dinheiro para ir ao Egito e dali para a Terra Santa, como estava programado. Os venezianos propuseram então a conquista de uma cidade cristã, Zara, que havia se rebelado. Os comandantes cruzados, apesar da oposição de muitos, aceitaram a idéia com o objetivo de cobrir suas dívidas. O Papa depois excomungou os venezianos e uma parte dos cruzados. >> Mas por que chegaram até Constantinopla? Meschini: Depois da conquista de Zara se apresentou Alexis IV, um jovem pretendente ao trono bizantino, cujo pai havia sido deposto. Alexis fez uma proposta: se lhe ajudassem a converter-se em imperador, extinguiria as dívidas dos cruzados e ajudaria a reconquistar Jerusalém. Os venezianos e os chefes cruzados aceitaram, deixando para trás os que não podiam se opor. >> E o Papa? Meschini: Estava contra, pois, segundo ele, a Cruzada não tinha de se intrometer nos turbulentos assuntos bizantinos. Mas foi incapaz de fazer valer sua posição e não foi escutado. Assim, pois, em 1203, os cruzados conquistaram Constantinopla a benefício de Alexis IV. >> 1203? Então, por que se fala de 1204? Meschini: Porque Alexis IV não conseguiu pagar o prometido e os bizantinos o eliminaram, elegeram um novo imperador, Alexis V. Este desafiou venezianos e cruzados, mas perdeu: em 12 de abril de 1204 estes últimos tomaram a capital e fundaram o Império Latino do Oriente. >> Diz-se que a conquista acarretou um massacre horrível... Meschini: Lamentavelmente houve mortos por ambas partes. Mas o massacre desenfreado do qual tanto se falou não encontra confirmação nas fontes que conhecemos. Sobretudo não se pôde verificar a vontade de provocar vítimas inocentes. De todos modos, a cidade foi saqueada e devastada por um incêndio. >> E Jerusalém, caiu no esquecimento? Meschini: Alguns cruzados, sobretudo os que se opuseram às conquistas de Zara e Constantinopla, chegaram à Terra Santa. Mas eram poucos para obter resultados importantes. Contudo, seu comportamento mudava profundamente nosso juízo sobre os acontecimentos: não é verdade que o Ocidente Católico tivesse querido conquistar a capital da Ortodoxia: foi um erro grave por parte de alguns, mas não tinham o título como para representar todo o catolicismo. >> E, contudo, parece que os ortodoxos não conseguem perdoar os católicos por aquele desastre. Meschini: O problema é duplo. Primeiro, os novos chefes elegeram um imperador e um patriarca latinos sem ter em conta o fato de que já existia um patriarca ortodoxo e, sobretudo, que o chefe da ortodoxia era precisamente o imperador. Com o qual não foram aceitos pelos bizantinos, ainda que se deram tentativas. >> E o segundo fator? Meschini: O Papa foi envolvido pelos acontecimentos. Inocêncio III não havia querido aquela estranha conclusão da Cruzada, e nem Deus --segundo a mentalidade medieval-- parecia tê-la querido. Deste modo aceitou o fato acontecido, com a esperança de que a Igreja bizantina se submetesse à romana. Pois bem, o primado do Papa é precisamente uma das questões mais delicadas entre católicos e ortodoxos, e a Igreja bizantina se opôs. A união não pode ser imposta, deve haver um consenso e deve ser livre. >> Há esperança para o futuro? Meschini: A completa reconciliação entre catolicismo e ortodoxia é um dos maiores desafios para a Igreja do Terceiro Milênio. Parece-me que o caminho a seguir já está traçado: Paulo VI e o Patriarca ecumênico Athenágoras revogaram em 1965 a famosa excomunhão de 1054 e João Paulo II, em maio de 2001, pediu perdão aos ortodoxos pelos excessos de 1204. Purificar a memória à luz da verdade e, sobretudo, amar o irmão na comunhão que vem de Cristo é o que nos toca hoje em dia. «A Quarta Cruzada: a cruzada bandida de 1204» O papa João Paulo II, seguindo sua política de reaproximação com as demais religiões organizadas da Terra, em cerimônia realizada no Vaticano no final de novembro de 2004, devolveu as santas relíquias de mártires da Igreja Cristã Ortodoxa ao patriarca ecumênico. Relíquias estas que haviam sido roubadas do interior da Igreja de Santa há 800 anos passados, por ocasião do saque a que soldados cristãos, embarcados em Veneza, haviam submetido à cidade de Constantinopla. Episódio vergonhoso da cristandade que somente acelerou ainda mais a separação das duas igrejas, a católica e a ortodoxa, situação que se prolonga por oito séculos. A imponência de Constantinopla Nos primeiros anos do século 13, Constantinopla, a capital do Império Bizantino, orgulhava-se de ser vista como a cidade mais rica do mundo. Dizia-se que 2/3 da riqueza universal passava pelo seu amplo porto e pelas mãos dos seus comerciantes, ativos em meio a uma fervilhante população de um milhão de habitantes. Era um exagero. Mas não era o fato dela ser, para inveja de Roma, a cidade cristã que mais acumulara relíquias sagradas. Desde que o imperador Constantino, convertido à fé de Cristo, fizera dela, no ano de 330, a sede da nova religião, seus funcionários espalhados por boa parte da Ásia Menor não cessaram mais de remeter-lhe todo e qualquer tipo de lembrança que pudesse estar relacionada a Cristo e aos Apóstolos. Assim, em poucos anos, Constantinopla tornou-se um imenso bazar do sobrenatural. Até a Verdadeira Cruz, encontrada por Helena, a mãe de Constantino, e sagrada por Macário, o patriarca de Jerusalém, estava exposta na Catedral de Santa (Hagia ). A isso somavam-se os santos ossários, relicário composto pelos restos de mártires do cristianismo. Entre eles, o de São João Crisóstomo, morto em 407, orador assombroso, justamente apelidado de "o boca-de-ouro", inimigo da imperatriz Eudoxia. Por isto, a cidade hospedava um sem-fim de peregrinos vindos de todos os cantos do Ecúmeno cristão, e que, ultrapassando a Porta Dourada, despejavam rios de dinheiro no comércio local. Graças a uma astuta política que combinava diplomacia com grossos subornos, Constantinopla escapou do destino de Roma, ocupada a partir do século 5 por uma maré de bárbaros. O que não podia esperar é acabar sendo invadida por cavaleiros cristãos vindos da Europa, gente da sua mesma fé. A trama contra Constantinopla De fato, uma impressionante coligação de forças terminou por desabar sobre a infeliz capital da cristandade oriental no ano de 1204. O Papa Inocêncio III conclamara a nobreza européia a retomar Jerusalém (nas mãos de Saladino, desde 1187), o imperador do Sacro Império queria a submissão da cidade para fazer dela um Império latino, os barões franceses viram-na como um fabuloso butim antes de seguir na cruzada e, por último. O doge de Veneza, Enrique Dándolo, um enérgico octogenário, desejava eliminá-la como rival comercial e açambarcar-lhe o grande mercado asiático controlado por ela. E tudo começara quando os cavaleiros cruzados - liderados por Balduíno, Conde de Flandres, e por Bonifácio, Marquês de Montferrant -, pegos sem dinheiro com suas tropas acampadas na ilha do Lido, em Veneza, tiveram que aceitar o desvio da nobre missão sugerido pelo doge Dándolo. Ao invés de resgatarem Jerusalém por uma incursão pelo Egito, como era o plano original, aceitaram incursionar contra Constantinopla para pagar as dívidas à Veneza (mais de 30 mil marcos de prata). Como primeira missão, foram constrangidos a retomar para Veneza o porto de Zara, no litoral Adriático (hoje na Croácia e que havia sido ocupada pelo rei da Hungria, um cristão). O pretexto a que se prenderam, tanto os nobres franceses como seus sócios venezianos, que formavam o grosso da expedição de mais de 150 navios e galeras - a justificativa que encontraram para que cristãos atacassem uma metrópole cristã -, em total desvirtuamento com o espírito da cruzada (que era combater o Islã para controlar os Santos Lugares), era reparar a injustiça feita com o príncipe Alexis Angelos, que tivera seu pai, o basileu Isaac II, deposto e preso por um irmão, que entronara-se no Palácio Bucoleon como Alexis III (o príncipe bizantino Alexis Angelos prometera mundos e fundos aos cruzados, quando estes por fim o colocaram no poder, por ocasião da primeira conquista da cidade, em 17 de julho de 1203, ele deu-se conta que não podia pagá-los, visto que o tesouro real estava vazio ). O cronista desta infeliz cruzada de bandidos, Geoffrey de Villehardouin, Marechal da Champanha, (autor de Memórias ou Crônica da Quarta Cruzada e a Conquista de Constantinopla), assegurou que nada daquilo fora premeditado. As coisas foram acontecendo ao acaso e os homens deixaram-se envolver pelas obrigações imediatas. Como se dera com os cruzados franceses que, comprometidos a assegurarem 85 mil marcos de prata à Veneza para pagarem os custos da viagem até o Egito, tiveram que, como se viu acima, aceitar uma mudança do roteiro original, pois somente haviam levantado 50 mil marcos de prata, insuficientes para cobrir as despesas do translado de 33.500 soldados e cavalos para o Oriente Médio. O primeiro passo em falso dado por eles foi ter atendido ao doge Dándolo para que recuperassem Zara, um porto cristão, para Veneza. Cometido o primeiro desvio, seguiu-se um outro, bem maior. A pilhagem de Constantinopla "...Como devo eu começar a relatar as proezas cometidas por tais homens nefandos! Arre. As imagens, as quais temos o dever de adorar, foram arremetidas ao chão! Arre, as relíquias dos santos mártires foram atiradas sobre lugares imundos! Foi doloroso ver e com tremor ouvir, o divino corpo e o sangue de Cristo, esparramado .... pelo chão. Eles despedaçaram os preciosos relicários e colocaram os ornamentos que lá continham dentro das suas bolsas e, precursores do Anti-Cristo, usaram as partes remanescentes como taças e copos..... Cristo foi roubado e insultado e Suas roupas divididas por sorteio.... Ninguém pode violar a Grande Igreja ( Hagia )". Nicetas Choniates - O Saque de Constantinopla, 1204. Tomada de assalto a cidade pela segunda vez em 12 de abril de 1204, depois de um assédio de poucos dias, latinos e gregos, ambos lados rogando por um empenho salvador de Jesus Cristo, engalfinharam-se pelas ruas e praças da capital, à sombra de impressionantes incêndios que devastavam a cidade. O imperador Alexis IV fugira miseravelmente deixando-a entregue ao despotismo da soldadesca. Tudo foi pilhado e roubado. A catedral de Santa , igrejas, capelas, palácios e edifícios públicos, bibliotecas, livrarias, lojas, os bazares, foram por três dias seguidos arrasados pela fúria desatada das tropas invasoras. Os chefes cruzados e o doge tiveram dificuldade em encontrar três igrejas ainda inteiras para poderem usá-las como local da partilha do enorme espólio. Isto numa cidade onde não havia rua sem uma capela. Poucas vezes assistira-se na história uma inversão tão completa de objetivos: a luta pela fé tornara-se uma enorme operação de banditismo, os cruzados viraram facínoras. Niceta Chroniates, o historiador grego que testemunhou o desastre, assegurou que "nem meretrizes, nem pecadores com suas culpas, nem os ministros das fúrias ou os servos do demônio, nem mesmo os envenenadores... insultaram a Cristo e o trono do Patriarca (chefe da Igreja Ortodoxa)" de um modo tão obsceno e profano como eles o fizeram. Em valores atuais ainda é impossível calcular-se o montante do roubo promovido pelos cavaleiros cristãos. Seguramente as jóias e o ouro seriam avaliados em bilhões de dólares (*). Dado que o príncipe Alexis fora morto por estrangulamento nos começos de 1204 e o outro imperador fugira, deixando o trono vago, os gregos, além de se verem espoliados pelos cruzados, foram obrigados a avassalarem-se a um monarca estrangeiro, um francês. Num parlamento formado por apenas 12 votantes (o número dos apóstolos), os cruzados elegeram Balduíno, Conde de Flandres como o novo rei de Constantinopla. Com o titulo oficial de Imperator Romaniae, ele foi coroado em 16 de maio de 1204 na Catedral de Santa , formado-se deste modo o Império Latino do Oriente. Situação que se estendeu até 1261, quando Miguel VIII Paleólogo, derrubando Balduíno II, o derradeiro monarca latino, conseguiu recuperar o controle da cidade de volta para os gregos. Por um bom tempo, de 1204 a 1261, a cristandade então conheceu a existência de três impérios romanos: o Sacro Império no Ocidente; o Império Latino em Constantinopla e seus arredores; e a continuidade do Império Bizantino nas partes gregas e orientais. O assalto à Constantinopla e a orgia de violência que se seguiu, ocorrido há 800 anos atrás, envenenou para sempre as relações entre os dois hemisférios da cristandade: o ocidental e o oriental. É esta brecha irreparável que o papa João Paulo II tentou diminuir devolvendo os santos ossários ao Patriarca ortodoxo. (*) É de difícil entendimento para o homem dos nosso dias a obsessão dos cruzados europeus pelas relíquias. Ocorre que, talvez mais ainda do que o ouro, elas eram importantíssimas não só devido ao seu peso simbólico que os ligava a Cristo ou à Terra Santa, mas também pelo valor material delas. Uma relíquia qualquer posta em exposição numa igreja ou numa capela de uma pequena cidade européia atraia levas de visitantes, o que significava dinheiro para todos os moradores da localidade. Relíquias, por vezes, rendiam bem mais do que ouro ou rubi. FONTE: http://educaterra.terra.com.br Cronograma da IV Cruzada 1198: O Papa Inocêncio III proclama a 4.ª cruzada, que será pregada por Foulques de Neuilly e dirigida por Bonifácio I de Montferrat e Balduíno IX de Flandres. 1200, Verão: Os barões reunidos em Compiègne nomeiam seis representantes, entre os quais Godofredo de Villehardouin, para negociar com a República de Veneza o transporte dos cruzados até à Terra Santa. 1201, começos: Tratado entre os cruzados e a República de Veneza, para o transporte de 33.500 combatentes até à Palestina, por 85.000 marcos de prata. 1201, 24 de Maio. Thibaud III de Champagne morre. A 4.ª cruzada perde um dos seus principais chefes. 1201, Agosto: Bonifácio, marquês de Monferrat, é escolhido para comandante da expedição. 1202, Verão: Os cruzados chegam a Veneza. Os combatentes e o dinheiro não são suficientes para cumprir o tratado acordado no ano anterior. O doge veneziano Enrico Dándolo propõe a tomada da cidade de Zara, como pagamento do transporte dos cruzados. 1202, Novembro: Conquista e pilhagem de Zara na costa ocidental dos Balcãs, na Dalmácia. 1203, Janeiro: Os cruzados recebem uma embaixada de Aleixo Ange, filho do imperador bizantino destronado Isaac ll. Em nome daquele propõem aos cruzados que reponham o basileus no trono em troca de uma ajuda financeira e material para prosseguir a cruzada. 1203, 17 de Julho:Primeira conquista de Constantinopla. O Imperador Isaac ll é restaurado. 1203, 1 de Agosto: Aleixo Ange é proclamado imperador associado, com o nome de Aleixo IV, e pede aos cruzados que prolonguem a sua estadia por mais um ano, para fortalecer a sua posição. 1203-1204, Inverno: As relações entre Francos e Bizantinos degradam-se sensivelmente, devido à falta de cumprimento do prometido por Aleixo IV. 1204, Fevereiro: Assassínio de Aleixo IV, sendo o pai deste afastado. Aleixo Doukas «Murzuphle», faz-se proclamar imperador, mas também não cumpre as promessas feitas aos cruzados por Aleixo IV. 1204,12 de Abril: Segunda tomada de Constantinopla pelos Francos. Pilhagem da cidade e massacre da população. 1204, 9 de Maio: Balduíno IX da Flandres é eleito imperador do Oriente. Torna-se Balduíno I de Constantinopla, dando origem ao Império Latino do Oriente. 1205, Abril: Morte de Amaury ll, rei de Jerusalém. Maria, filha de Isabel e de Conrado de Montferrat torna-se rainha. Devido a só ter 14 anos, a regência é confiada ao seu tio João de Ibelin, senhor de Beirute. 1210, 14 de Setembro: João de Brienne casa com Maria de Monferrat, rainha de Jerusalém. A 3 de Outubro o casal é consagrado enquanto rei e rainha de Jerusalém na catedral de Tiro. 1212. Cruzada das crianças: Milhares de rapazes e raparigas embarcam em Marselha. Os armadores dirigemnos para Alexandria onde são vendidos como escravos. - Uma coligação de forças cristãs vindas de todos os estados hispânicos, derrota os muçulmanos na Batalha de Navas de Tolosa. O reino almóada da Hispânia, existente desde 1145, desaparece. FONTE: AAVV, As Cruzadas (1096-1270), Lisboa, Pergaminho, 2001 Tate, George, L'Orient des Croisades, Paris, Gallimard («Découvertes»), 1991 Heers, Jacques, O Mundo Medieval, Lisboa, Edições Ática, 1976 A Cronologia das Cruzadas Linha do tempo Juliana Tiraboschi 1095: O imperador bizantino Aleixo I Comneno pede auxílio ao papa Urbano II contra uma ameaça de invasão turca. 1095: 26 de novembro - O papa Urbano II faz um apelo para que os soldados partam para o Oriente a fim de ajudarem outros cristãos a livrarem-se do jugo muçulmano. Milhares de nobres, cavaleiros e plebeus partem rumo à Terra Santa para recuperar Jerusalém. 1096: Tem início a Primeira Cruzada, a única realmente bem- sucedida. 1098: Antioquia é tomada pelos cruzados. 1099: Chega ao fim a Primeira Cruzada com a tomada de Jerusalém pelos cruzados. O duque de Lorena é escolhido como o rei da Terra Santa. São criados os Estados de Trípoli (no atual Líbano), Antioquia (na atual Síria) e Edessa (atualmente Urfa, na Turquia). 1114: Os muçulmanos reconquistam Edessa, desencadeando a Segunda Cruzada, chefiada pelo rei da França e imperador da Alemanha. Vitória para os muçulmanos, que mantêm controle do território 1187: Jerusalém é tomada pelo sultão do Egito, Saladino, resultando na Terceira Cruzada, liderada por Filipe da França, Ricardo Coração de Leão, da Inglaterra e o imperador da Alemanha. Mais uma vez os ocidentais foram derrotados. 1202: Começa a Quarta Cruzada, que nem chegou perto da Terra Santa. Os cruzados chegam a Constantinopla, pilham e tomam a cidade, além de estabelecer o domínio latino na Grécia. Termina em 1204. 1210: Milhares de jovens de 13 anos para baixo, homens e mulheres, vão para o Oriente conduzidos por um padre francês, que acredita que pode conseguir o poder sem o uso de armas. O movimento, conhecido como Cruzada das Crianças, acabou em tragédia: a maioria dos participantes morreu pelo caminho ou foi parar em mercados escravos do norte da África . 1228: A Sexta Cruzada foi relativamente pacífica, marcada pelas negociações de trégua entre cristãos e muçulmanos. Jerusalém é entregue aos cruzados, mas em 1244 os muçulmanos retomam o poder 1248: Luís IX, rei da França, retoma seu antigo projeto de conquistar o Egito, local estratégico para alcançar o domínio da Palestina. Começa a Cruzada de São Luís. Uma demora na decisão de atacar o Cairo deu tempo para os muçulmanos se prepararem. Quando retomaram a marcha para a cidade, os cruzados foram derrotados em 1250 e Luís IX é preso. 1250: Motivado pela prisão do rei, surge um movimento popular na Europa com o objetivo de resgatá-lo, a Cruzada dos Pastores. Porém, os cruzados se envolvem em pilhagens e a missão fracassa. 1251: Luís IX é libertado e vai para a Síria. Durante quatro anos reconstruiu as forças cristãs para atacar Jerusalém. Ele volta à França para o funeral de sua mãe, regente da França, a Sétima Cruzada termina sem ter alcançado nenhum resultado. 1268: Os muçulmanos conquistam Antioquia, a última grande cidade oriental na mão dos cristãos. Luís IX volta a participar da Oitava Cruzada, mas recebe pouco apoio e muitas críticas. A Cruzada dirige-se para a Tunísia. Uma epidemia não identificada mata centenas de cruzados e seu líder, Luís IX, canonizado posteriormente, em 1297. São Luís era um dos poucos que ainda acreditam nas Cruzadas, e sua morte sepulta de vez os anseios dos cruzados, fazendo os sobreviventes voltarem para a França. 1291: Os católicos perdem seu último território na Síria, a cidade de Acre. O papado continua a pregar novas cruzadas, mas encontra poucos adeptos. Novas descobertas sobre as Cruzadas» Entrevista com Thomas Madden, historiador americano Os cruzados não eram ávidos depredadores ou colonizadores medievais como afirmam alguns livros de história, diz um especialista ao concluir um estudo com novas revelações. Thomas Madden, professor associado da Faculdade de História da Universidade de San Luis (Estados Unidos) e autor de «A Concise History of the Crusades» («Breve História das Cruzadas»), sustenta que os cruzados representavam uma força defensiva que não aproveitava as próprias empresas para ganhar com isso riquezas terrenas ou territórios. Madden traçou os mitos mais difundidos sobre os cruzados e os novos descobrimentos históricos que os privam de fundamento. Quais são os erros historiográficos mais comuns sobre as Cruzadas e sobre os cruzados? Madden: Alguns dos mitos mais comuns e as razões de sua falta de fundamento são os seguintes: Mito número 1: As cruzadas eram guerras de agressões provocadas contra um mundo muçulmano pacífico. Esta afirmação é completamente errônea. Desde os tempos de Maomé os muçulmanos haviam tentado conquistar o mundo cristão. E inclusive haviam obtido êxitos notáveis. Após vários séculos de contínuas conquistas, os exércitos muçulmanos dominavam todo o norte da África, o Oriente Médio, a Ásia Menor e grande parte da Espanha. Em outras palavras, ao final do século XI, as forças islâmicas haviam conquistado dois terços do mundo cristão. Palestina, a terra de Jesus Cristo; Egito, onde nasce o cristianismo monástico; Ásia Menor, onde São Paulo havia plantado as sementes das primeiras comunidades cristãs. Estes lugares não estavam na periferia da cristandade, mas eram seu verdadeiro centro. E os impérios muçulmanos não acabavam ali. Seguiram expandindo-se para o Ocidente, para Constantinopla e mais além chegando até os confins da Europa. As agressões provinham, portanto, da parte muçulmana. Chegados a um certo ponto, a parte que ficava do mundo cristão não tinha mais remédio além de se defender, se não quisesse sucumbir à conquista islâmica. Mito número 2: Os cruzados levavam crucifixos, mas a única coisa que lhes interessava era conquistar riquezas e terras. Suas intenções piedosas eram só uma cobertura sob a que se escondia uma avidez voraz. Há tempos, os historiadores afirmavam que na Europa se havia produzido um aumento demográfico que levou a um número excessivo de nobres secundários, adestrados nas artes da guerra de cavalaria, mas privados da herança de terras feudais. As cruzadas, portanto, eram vistas como uma válvula de escape que impulsionava estes homens guerreiros a sair da Europa para terras por conquistar a expensas de outros. A historiografia moderna, com a ajuda da chegada das bases de dados computadorizadas, destruiu este mito. Hoje sabemos que foram mais os primogênitos da Europa os que responderam ao chamado do Papa em 1095 e à conseguinte Cruzada. Ir a uma cruzada era uma operação muito custosa. Os senhores se viam obrigados a vender ou hipotecar as próprias casas para conseguir fundos necessários. Muitos deles, também, não tinham interesse em constituir um reino de ultramar. Mais ou menos como os soldados de hoje, os cruzados medievais se sentiam orgulhosos de cumprir com seu dever, mas ao mesmo tempo desejavam voltar para casa. Após os êxitos espetaculares da primeira cruzada, com a conquista de Jerusalém e de grande parte da Palestina, praticamente todos os cruzados voltaram para casa. Só uma mínima parte ficou para consolidar e governar os novos territórios. Desta forma o ganho era escasso. Ainda que os cruzados tivessem sonhado com grandes riquezas nas opulentas cidades orientais, praticamente quase nenhum conseguiu nem sequer recuperar os gastos. Contudo, o dinheiro e a terra não eram o motivo para se lançar à aventura de uma cruzada, iam para expiar os pecados e ganhar a salvação mediante as boas obras em uma terra distante. Enfrentavam gastos e fatigas porque acreditavam que, indo socorrer suas irmãs e seus irmãos cristãos no Oriente, haveriam acumulado riquezas onde nem a ferrugem nem a traça corroem. Eram bem conscientes da exortação de Cristo, segundo a qual quem não toma sua cruz não é digno dEle. Recordavam também que «ninguém tem um amor maior do que aquele que dá a vida pelos amigos». Mito número 3: Quando os cruzados conquistaram Jerusalém, em 1099, massacraram todos os homens, mulheres e crianças da cidade, até inundar as ruas e sangue. Esta é uma das histórias preferidas por quem q... Arquivo da conta: prjuaribarbosa Outros arquivos desta pasta: A DOUTRINA DA IGREJA DO SENHOR JESUS CRISTO DO NOVO.docx (66 KB) A Igreja Através dos Tempos.doc (90 KB) A Igreja e o Estado.docx (46 KB) A Liberdade Religiosa.docx (39 KB) ALGUNS TÓPICOS SOBRE A HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ.docx (28 KB) Outros arquivos desta conta: Antropolgia Apologética Doutrina da Biblia Doutrina da Justificação Doutrina da Morte Relatar se os regulamentos foram violados Página inicial Contacta-nos Ajuda Opções Termos e condições Política de privacidade Reportar abuso Copyright © 2012 Minhateca.com.br