Maya - A ilusão diante de você Introdução Essa noite estudaremos o fenômeno ilusório que aflige a consciência dos seres humanos, denominado de Maya no idioma sânscrito. Maya é a ilusão, a fantasmagoria que gera confusão que ilude a consciência das Entidades Vivas, que as impede de ver o Real. Cabe porém perguntar, o que é realidade? Se realmente é distorcida a percepção que temos do Real ? E se isso é assim, qual é o mecanismo de funcionamento dessa ilusão e como ela atua sobre nós ? A busca corajosa dessas respostas, sem preconceitos, poderá nos conduzir a solução da questão existencial que ecoa no interior da maioria dos seres humanos, que pode ser sintetizada na expressão; De onde vim, o que sou e para onde vou?” Será verdadeiramente triste se por covardia, medo ou comodismo, deixarmos este mundo sem encontrarmos as respostas as nossas dúvidas mais profundas. Porém, como seres humanos não vêm com manual, algumas vezes as descobertas de algumas dessas respostas podem levar 25, 40 ou 70 anos. Mas se desse esforço resultar a compreensão do nosso funcionamento e conseqüentemente do funcionamento do mundo que nos cerca, realmente teremos nos iluminado em relação a importantes aspectos do aprendizado que se desenvolve neste mundo. Considerando isso, esperamos sinceramente que está palestra possa lhe auxiliar a compreender melhor o maior de todos os mistérios, que é você mesmo. “Decifra-me ou te devoro”. Esfinge, dirigindo-se a Édipo na estrada de pó A Manifestação Cósmica As Estâncias de Dyzian (registros esotéricos arcaicos) ensinam que eterna e periodicamente Paramatma, a Alma Universal, emana do princípio único e incognoscível, chamado de Parabrama e manifesta-se como o Universo, o Brahma dos Vedas. Essas manifestações periódicas, são denominadas de Manvantaras, ou manu-antara, que quer dizer período de manifestação de um Manu (Gerador, genitor, legislador). No caso específico, Manvantara significa período de manifestações de Brahma, ou de manifestação universal. Segundo as Estâncias de Dyzian, apesar do universo ser real, nossa percepção dos acontecimentos que nele ocorrem é que seria ilusória. Essa distorção na percepção do real é denominada Maya. Maya se manifesta na consciência dos seres individuais, basicamente através de três aspectos. Primeiro como a idéia de separação do Todo, gerada pelo desenvolvimento no ser do princípio de egoidade. Segundo, como a percepção do tempo como uma seqüência de eventos lineares. E por último como a percepção de um universo formado por coisas e entidades objetivas. Essa ilusão seria a distorção da percepção integral provocada quando Atmã, a Entidade Viva, se distingue de Paramatma, a Alma Universal, e mergulha nos mais extremos planos fenomênicos. Durante esse processo de distinção surge o princípio de egoidade, conhecido na terminologia sânscrita como Anhankara. Ou seja, enquanto a Entidade Viva, Atmã, se distingue da Alma Universal, ela perde a noção da eternidade e desenvolve percepção de sua própria individualidade. Assim, passa a ser envolvida pela idéia de separação do Todo. Conseqüentemente o ser passa a perceber os eternos processos que ocorrem incessantemente no universo, como se fossem uma sucessão de fatos, de coisas e de seres, que aparecem e desaparecem. Surgindo dessa forma, a percepção de Tempo. De acordo com a Teosofia, a percepção de tempo como um "vir-a-ser", como um mero registro subjetivo de memórias de coisas, pessoas e seres vivos, guardados na mente, comum a maioria dos seres humanos, é uma percepção incorreta. Segundo os ensinamentos Teosóficos, no universo não existe nada que seja estável. Tanto pessoas, como os objetos, sofrem constantes transformações, sendo assim, são na realidade fenômenos sucessivos que fazem parte dos incessantes processos de transformação, que ocorrem entre o início e o término da peregrinação de Atmã pelas diversas dimensões do universo. A realidade não é uma sucessão de eventos lineares, que ocorrem um após o outro como percebido por nossas mentes, a existência é algo em transformação constante. Assim, pessoas, coisas, seres, enfim tudo o que nos cerca está num fluxo constante, transformando-se continuamente. Tudo acontece simultaneamente, porém nossa consciência está focada numa determinada seqüência. Apesar dessa focalização, nada é criado, nada é destruído. Nada nasce, nada cresce, nada morre. Tudo se transforma num fluxo perpétuo, como um caleidoscópio. Os físicos atuais, já estão percebendo algumas características da realidade que nos cerca. Eles estão concluindo, em consonância com as afirmações dos registros esotéricos arcaicos, que o que chamamos de real é extremamente maleável, podendo ser inclusive afetada pelo modo como o observamos. Esses cientistas já alcançaram a percepção de que até mesmo o tempo, antes um conceito absoluto, é algo relativo. Alguns argumentarão, que se é assim, tal situação impediria o funciona a Lei do Karma. Bem, o Karma, manifesta-se como a repetição de uma experiência da qual não se colheu entendimento. Porém como o universo segue sua existência mutável, como exposto acima, a “realidade” continua mudando e apenas os elementos essenciais da situação que se revive permanecem os mesmos. Vamos tentar explicar isso, de maneira mais simples. No universo em constante transformação, vivemos uma determinada situação, mas por falta de atenção, ou experiência, não aprendemos o que precisamos aprender. Ai então, a Entidade Viva localiza o evento (as interações energéticas) e realiza nova interação, ou seja, ela “revive” a situação. Porém, como o universo está em constante mutação, a situação vivenciada apesar de essencialmente igual, é exteriormente diferente. Se a Entidade Viva permanecer presa nos aspectos exteriores, que tornam a situação aparentemente diferente, ao invés de se fixar no essencial, ficará confusa. Ao contrario, segundo os Mestres de Sabedoria, o ser deve manter uma atenção contemplativa, procurando se fixar nos padrões essenciais e assim alcançar a compreensão e a transcendência. Tal método de atenção contemplativa é denominado de Dhyana. A respeito dos que o alcançaram afirma-se serem possuidores do Olho de Shiva, ou de Druva, o olho que “destrói a ilusão”. Se consideramos a noção de tempo exposta acima, passado, presente e futuro, nascimento, crescimento e morte, são apenas representações ilusórias, irreais, geradas na consciência individual. Além disso, para os verdadeiros iniciados, verdade, permanência e realidade são uma coisa só. Para eles o fundamento da realidade está na permanência. Tal qual Platão, que afirmava ser ilusório o nosso conhecimento do mundo, a Teosofia postula que somente o que é permanente é real, o transitório, o impermanente, carece de realidade. Aqueles que realmente compreenderam os ensinamentos Teosóficos consideram verdade e realidade como sinônimos, eles entenderam o significado real do que ensinava o Maharaja de Benares, ao afirmar “Satyat Nasty Parô Dharma” (Não há Caminho superior à Verdade). Levando o que foi dito em consideração, só o que for permanente será real e o que for real será verdadeiro. A maioria das pessoas, porém, não foi preparada para encarar a realidade dessa maneira e em função disso, estão envolvidas pelo espesso véu de Maya. Mesmo assim, apesar de poderosa, a ilusão que afeta a consciência dos seres não é uma prisão. As pessoas só encontram-se confusas, em relação ao que é e o que não é real. Essa confusão pode ser rompida através de um método composto praticamente por duas fases principais: uma delas, pela prática de Dhyana, a atenção contemplativa, onde o praticante procura não ser confundido pelos sentidos, e pela aparência dos eventos. Buscando perceber através da analise constante, o que é permanente, real e portanto verdadeiro. Dessa maneira, ele assimila de maneira consciente o aprendizado daquilo que vivência. A outra fase, é psicológica e de teor moral, ensinada pela maioria dos Mestres da humanidade e visa harmonizar o ser com o Dharma, a Lei Universal, de modo que ele cesse de realizar, por pensamentos, sentimentos, palavras ou ações, interações anti-naturais com o Todo. Interações que por estarem em desarmonia com nossa própria natureza, produzem o sofrimento. Através da percepção correta do que é a realidade e de uma relação coerente a essa compreensão, com os demais seres e com o Todo, o ser tornas-se um Desperto. “Busque a Verdade e a Verdade vos libertará”. (Joshua Ben Pandira) As chaves do comportamento Para entendermos melhor, como ocorrem as alterações de percepção que confundem a Entidade Viva, e que mantém a consciência humana vibrando na freqüência dos Reinos da Natureza, vale analisarmos a sua interação com cada um dos sete veículos utilizados por ela durante sua peregrinação nos mundos fenomênicos. Esse é um dos caminhos... Porém, por hoje, basta-nos analisar o intricado, funcionamento do sistema glandular do corpo físico. Assim sendo, utilizaremos agora apenas uma parte da chave fisiológica para aprofundarmos nossos estudos. Segundo os iniciados, os Sete Raios de Força, ou Sete Raios de Luz, emanados da Divindade Una, atravessam os planos, as dimensões e os mundos, até atingirem a Entidade Viva em sua jornada pelos planos fenomênicos. Essas forças atuam sobre os Sete Planos da Manifestação, formando um campo energético que atrai as “partículas” de cada plano, dando formação aos veículos Crístico, Intuitivo, Mental Abstrato, Mental Concreto, Astral, Etérico e Físico, utilizados pela Entidade Viva. Atuando nessa estrutura multi-dimensional, os Raios de Força, a que nos referimos, acumualm-se nos Sete Centros de Força conhecidos nos Tantras, como chakras. Esses chakras por sua vez ,objetivam-se na estrutura biológica através do sistema glandular. Assim, através dos chakras Astrais, dos chakras Etéricos, das Glândulas de Secreção Interna e de outras interações, as forças primordiais, irradiadas através dos Sete Raios de Luz, dirigem a evolução da raça humana, a evolução dos Jivas, até sua hierarquização. Ou seja, até que eles parem de somente reagir e passem a agir conscientemente, em consonância com as Leis Universais. (O Dharma) Atualmente, já é sabido que qualquer substância que entrar na corrente sanguínea de uma pessoa, modifica o seu comportamento, fazendo com que possa se sentir irritado, excitado, amedrontado ou alerta, podendo até mesmo promover alucinações. Segundo os estudiosos do Shivaísmo, as glândulas de secreção interna, que conforme colocações acima são dinamizadas pelos Sete Raios De Luz, produzem 16 tipos de fluidos hormonais diferentes, conhecidos como Kalas, que ao caírem na corrente sanguínea, isoladamente ou misturando-se entre si, mudam os humores, o comportamento e até mesmo o estado de consciência das pessoas. Quem, por exemplo, nunca acordou um dia tomado por forte melancolia, ou não sofreu de mudanças emocionais repentinas sem nenhum motivo aparente, ou mesmo com motivo foi tomado por violenta ira. Todos esses comportamentos são provocados por reações químicas que acontecem em nossa corrente sanguínea. Por isso, nós, seres humanos, apesar de não percebermos isso, somos extremamente influenciados pelas secreções hormonais. Aquilo que chamamos de consciência, emergiu a alguns poucos milhares de anos, do mar de estímulos instintivos que governam as paixões animais, e é sustentado atualmente um pouco acima do nível animalesco, pela energia vital, conhecida como Kundalini. Os primitivos cristãos comparavam o homem a uma lamparina de azeite, essa alegoria será útil, para nos ajudar a entender melhor o que estamos querendo explicar. Seguindo nessa linha analógica, podemos comparar a consciência humana a uma rolha de cortiça, que flutuando no azeite sobre as águas, sustêm o pavio incandescente. Para os iniciados cristãos, o pavio representava a vida consciente. O azeite consumido por ela, equivalia a energia vital, Kundalini, sob o qual bóia estavelmente a rolha de cortiça, a consciência humana, acima das águas das secreções glandulares, relacionadas ao inconsciente. Porém, o pavio, a vida, queima alimentando-se do azeite... Mas, diferentemente da alegoria dos cristãos primitivos, as águas, que representam as secreções glandulares, nas quais flutua a rolha de cortiça, assemelham-se mais a um mar revolto de emoções que a todo o momento ameaçam submergir, ou dominar a consciência humana, mergulhando-a, em alguns momentos, na inconsciência das reações automáticas. Os sábios discípulos de Cristo definiram também os chamados Sete Pecados Capitais, correspondentes aos desequilíbrios relacionados ao funcionamento dos Sete Centros de Força etéricos e ao funcionamento das Sete Glândulas de secreção interna a nível biológico. Assim, teríamos a seguinte relação, o orgulho, seria provocado por problemas nas tireóides. Porém, o mal funcionamento dessa glândula tira a vivacidade e o entusiasmo. A luxuria, corresponderia a um funcionamento exagerado das gônadas no homem ou dos ovários nas mulheres, isso submeteria as pessoas aos impulsos básicos de reprodução. Por outro lado, a deficiência das glândulas reprodutivas provocaria a avareza e seria uma das causas da impotência. A gula, por sua vez, seria provocada pelo excessivo funcionamento do baço. Porém, o seu pouco funcionamento dificultaria o apetite. Além disso, a deficiência dos hormônios produzidos pelas tireóides e pelas suprarenais, tira da pessoa a energia e a iniciativa provocando a lassidão e falta de motivação denominada preguiça. A inveja, porém, se manifestaria devido à insuficiência de hormônios de várias glândulas. Evidente que os relacionamentos acima apresentados, necessitam de um estudo mais profundo, porém já servem de ponto de partida, para começarmos a entender melhor a influência das glândulas no comportamento humano. As glândulas são apenas alguns dos elementos que compõem a gigantesca rede de fios invisíveis, pelos quais as forças cósmicas interagem com o ser humano. Quanto mais inconscientes os seres, maior a influência dessas poderosas forças em suas vidas. Cientes dessa profunda inteiração do homem com o Cosmos, os gregos antigos afirmavam que seus deuses determinavam o comportamento humano. Segundo eles, o deus da guerra, tornava as pessoas iradas, a deusa do amor encantava e apaixonava os enamorados, a deusa da sabedoria inspirava os sábios e assim por diante. Mesmo antropomofizando essas forças, no Panteão de seus deuses, os antigos gregos tinham, de certa maneira, razão ao afirmar que os deuses inspiravam todos os comportamentos humanos. Afinal, a maioria das pessoas, ainda em nossa época, leva uma existência praticamente inconsciente, sendo totalmente dominadas pelo seu sistema glandular, que estimulado por formas, cores, sons, movimentos e aromas, lhes ordena, que sintam prazer, medo, excitação, ou que fiquem calmos e tranqüilos, etc. Sabendo da existência dessas poderosas forças e de sua influência sobre os seres, os iniciados afirmam que existe o Livre Arbítrio para os Seres Conscientes, que não reagem, mas agem. Existe o Karma para os Seres Semi-conscientes e por fim, há o Destino Inflexível, para os inconscientes. Esses últimos, ainda estão na escala animal, governados totalmente por forças mecânicas, que determinam inexoravelmente suas reações inconscientes, quer queiramos chamálas de destino, fatalidade ou instinto, isso fica a nosso critério. A maioria das pessoas, porém se encontra no segundo caso, agindo hora como seres conscientes, hora como inconscientes, sendo conduzidas pela Lei da Causalidade Ética, a Lei do Karma, que age sobre elas conduzindo-as, algumas vezes de maneira dolorosa, até a consciência e ao equilíbrio. No primeiro caso, que se refere aos seres dotados de Livre Arbítrio, encontram-se pouquíssimos indivíduos, que livrando-se das culpas do passado e das expectativas angustiantes do futuro, concentram-se no momento, observando atentamente seus sentimentos e pensamentos, analisando-os e meditando sobre eles, identificando com sinceridade suas origens e seus verdadeiros motivos, buscando sinceramente a compreensão imparcial do que estão vivenciando e o domínio consciente de suas ações. Esses seres, também observam atentamente os eventos que se processam no mundo a sua volta, procurando identificar exatamente as situações em que se envolvem, buscam verdadeiramente entender o que se passa, assumindo conscientemente sua própria vida. Eles compreendem e aplicam as Leis da Natureza, de maneira tão harmoniosa, que é como se estas houvessem se tornado sua segunda natureza. Por isso mesmo, são considerados a expressão da Lei, ou do Dharma Universal, sendo devido a isso denominados de Adeptos. Esses poucos e desconhecidos despertos, juntamente com seus discípulos, compõem a Fraternidade Branca Universal, que agindo em harmonia com a Lei Justa e Perfeita, dirige ocultamente a evolução da Humanidade. Pensamento “Do ilusório conduz-me ao Real, das trevas a Luz, da morte a Imortalidade” (JHS)