Dicas para os professores e alunos do curso de Português para falantes de espanhol e/ou línguas latinas: 1. Nas primeiras aulas, caso o aluno não tenha conhecimento suficiente para manter um diálogo, é importante que professor e aluno foquem-se na apreensão da estrutura gramatical e na aquisição de vocabulário, para que o aluno tenha base suficiente para se expressar. Pois, caso o aluno fale tudo em sua língua materna, inviabilizará a correção adequada, uma vez que o professor tem como ponto fundamental corrigir não só a pronúncia, mas também ater-se aos pontos gramaticais chaves e vocabulário adequado. De acordo com nossa experiência, sabemos que as primeiras aulas nem sempre são muito interessantes para os alunos, mas frisamos que são de suma importância, pois serão a base para que o aluno tenha um bom aproveitamento de todo o curso. 2. Logo nas primeiras aulas(desde a primeira) o professor deverá abordar a fonética, de forma direta e também de forma indireta, para que o aluno possa entender as diferenças fonéticas fundamentais entre as duas línguas e possa perceber como os brasileiros pronunciam as palavras de forma, muitas vezes, diferente do que se escreve. Podemos citar como exemplo1: ALGUÉM = quando uma sílaba termina em L, normalmente a pronunciamos como U. Baseando-nos ainda na palavra ALGUÉM, quando uma palavra ou uma sílaba termina com M, normalmente pronunciamos o M como se fosse um N, portanto ALGUÉM, pronuncia-se da seguinte forma “auguen” (talvez seja por isso que muitos espanhóis e latino americanos tenham tanta dificuldade em nos entender quando aqui chegam, embora nós não tenhamos essa mesma dificuldade. Observe as palavras abaixo: TIM (n) TAMBÉM (n) COMEM (n) Palavras que terminam com O e não possuem acento, dependo da região do Brasil tem também sua pronuncia alterada para U OBRIGADO = obrigadu OVO = ovu Palavras terminadas em E quando não forem tônicas, poderão também, dependendo da região, serem mudadas para I LEITE = leiti INTELIGENTE = inteligenti O som nasal é uma dificuldade a parte não só para os espanhóis, mas para a maioria dos estrangeiros, não é simples aprender a pronúncia das palavras terminadas em à e ÃO, veja os exemplos abaixo: 1 Não usaremos aqui as descrições fonéticas, uma vez que nem todos estão familiarizados com as suas descrições, faremos uma tentativa de descrição comum. www.schola-sp.com.br NÃO, PÃO, CÃO, MAÇÃ. Não se preocupem, a priori, com as nasalizações, pois aos poucos os estrangeiros vão aperfeiçoando a pronúncia, nem sempre perfeito, mas sem nenhum prejuízo para a comunicação. 3. É muito importante que o aluno tenha um caderno, pois é fundamental que o professor e/ou o aluno escreva todos as palavras (ou a grande maioria) que forem novas ou mal pronuciadas, pois só assim professor e aluno poderão acompanhar o desenvolvimento do aprendizado e levantar os pontos problemáticos. Citaremos um exemplo clássico de erro espanhol: HAY = HÁ DOS = em português significa DE (preposição) + Os (artigo definido), em espanhol seria de los. O numeral cardinal 2 escreve-se DOIS em português. Há alunos que em todas as aulas incorrerão nos mesmos erros, pois nem sempre é fácil para alguns os alunos incorporarem automaticamente as diferenças, principalmente as muito pequenas. Mas é necessário que o professor esteja atento a estes vícios e continue as anotações, para que o aluno possa perceber a sua dificuldade e assim prestar mais atenção. Durante os primeiros meses o professor e/ou aluno escreverão muito, pois é uma etapa de intensa descoberta, não só da pronúncia e léxico, bem como da conjugação dos verbos. Mas ao passar dos meses, o aluno passará a falar “portunhol” até chegar a tão esperada etapa de falar realmente Português.Sendo assim, gradativamente o professor escreverá cada vez menos, pois o aluno já não incorrerá mais em tantos erros e pouco o professor terá que anotar. 4. Logo depois das primeiras aulas é importante que o professor e aluno preparem pequenos textos que sejam tirados de jornais, revistas (atuais) e livros para que possam ampliar o vocabulário e aprenderem um pouco mais sobre o Brasil e os brasileiros. Inicialmente os textos deverão ser curtos e fáceis e gradativamente o tamanho e o grau de dificuldade deverão ser aumentados. 5. É importante que os alunos leiam textos em voz alta durante as aulas para que a professora possa corrigir a pronúncia e a entonação, mas é também de suma importância que os alunos leiam bastante em casa. Quando falamos aqui em ler em casa, não falamos da leitura para adquirir conhecimentos culturais ( ponto fundamental), mas estamos falando em aquisição da língua, portanto é necessário que o aluno faça suas leituras de duas formas: uma para adquirir conhecimento geral e a outra leitura é para analisar a estrutura da língua, verificar como as palavras são escritas, anotar as principais diferenças, uma leitura feita de forma minuciosa, com critérios e atenção. 6. Muitas vezes os alunos falantes de espanhol vão lendo o texto em português e automaticamente o cérebro vai decodificando e aluno troca as palavras que estão escritas em português para o espanhol. Portanto é bem importante que professores e alunos fiquem bem atentos a esta armadilha do cérebro, para que realmente as aulas possam ser proveitosas. www.schola-sp.com.br Por exemplo: Num texto está escrito começar e o aluno lê “començar” Pentencer - pertenecer 7. Outro ponto de suma importância para o aprendizado e a diferenciação entre as língua são os falsos cognatos. Para citar alguns problemas podemos citar: propina, molestar, um rato, um vaso... 8. Os professores e alunos deverão utilizar outros recursos durante a aula e fora da aula(lição de casa) para desenvolverem s habilidades auditivas principalmente, para tal recomendamos o uso de músicas e vídeos, de acordo com o interesse e necessidade dos alunos. 9. Ao entrarem no nível intermediário, os alunos deverão começar a produzir textos. 10. Como o espanhol e o português são línguas muito similares, é importante que fique bem claro as dificuldades e diferenças entre as línguas. Podemos citar como exemplo uma das principais dificuldades no nível intermediário e avançado: O uso do subjuntivo futuro, pois atualmente este subjuntivo não é utilizado pelos espanhóis, embora fosse utilizado no passado, nas obras de Miguel de Cervantes. Outra dificuldade: O uso do Infinitivo pessoal, recurso gramatical que também não é utilizado pelos espanhóis. Também há uma certa dificuldade com o pretérito perfeito, pois em algumas regiões eles usam a forma composta e não a simples e em português usamos somente a forma simples, uma vez que “Eu tenho comido mal ultimamente” é completamente diferente de Eu comi. (yo he comido). www.schola-sp.com.br