III SIMPÓSIO DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Local: Centro Universitário São Camilo Data: 21 a 23 de maio de 2015. ANTINEOPLÁSICO PACLITAXEL: MINIMIZAÇÃO DE ADVERSAS E POSSÍVEL ALTERNATIVA TERAPÊUTICA 1 SILVA, Thalita Lodi ; JÚNIOR, Válter Luiz da Costa 1 2 REAÇÕES 2 Curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo. São Paulo, SP. [email protected] Curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo, São Paulo - SP Palavras-Chave: Paclitaxel. Hipersensibilidade. Neoplasias e Terapias Complementares. INTRODUÇÃO Câncer é o nome dado para as doenças caracterizadas pela interrupção dos mecanismos que regulam o crescimento e a divisão celular, além da habilidade das células cancerosas de invadirem outros tecidos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer é um problema de saúde pública mundial (BRASIL, 2011). As causas que levam ao câncer são variadas, podendo ser externas ou internas ao organismo. De todos os casos, 80% a 90% dos cânceres estão associados a fatores ambientais (BRASIL, 2011). Nos últimos anos houve uma revolução no tratamento do câncer, por conta dos avanços tecnológicos. Cirurgia, radioterapia e quimioterapia integram o amplo arsenal na luta contra a doença. Na maioria dos casos, o uso combinado de tratamento consegue alcançar sucesso terapêutico na maior parte dos pacientes. (CÂNCER, 2011). O antineoplásico paclitaxel está disponível comercialmente pela Bristol-Myers Squibb na forma farmacêutica injetável com o nome comercial de Taxol®, encontra-se em uma mistura 1:1 com óleo de rícino polioxietilado (Cremophor EL) e etanol. O Cremophor EL é um veículo utilizado para solubilizar fármacos hidrofóbicos, porém como é tóxico, pode provocar reações graves de hipersensibilidade. Devido aos efeitos secundários do veículo, a pré-medicação com corticosteróides e anti-histamínicos é um procedimento padrão para a administração do fármaco (GENTA, 2006). Com o intuito de amenizar as reações adversas ocasionadas pelo paclitaxel foi desenvolvida uma nanoemulsão rica em lipídio e sem proteína (LDE), que quando presente na corrente sanguínea adquire uma ApoE, e o que favorece sua associação aos receptores de LDL da célula tumoral. Esta nanoemulsão se associado ao fármaco Paclitaxel pode ser vantajoso visto que direcionaria o fármaco para os receptores presentes na célula tumoral e reduziria as reações adversas (SALDANHA, BEZERRA, GUZEN, 2012). OBJETIVOS Abordar sobre o câncer, apresentar as formas tradicionais de tratamento do câncer, descrever as propriedades do paclitaxel, estudar as características da nanoemulsão LDE e sua aplicabilidade na formulação associada ao paclitaxel, e estudar as reações adversas ocasionadas pelo Paclitaxel e compará-las com as ocasionadas pela formulação paclitaxel LDE. METODOLOGIA A metodologia utilizada foi um estudo de revisão bibliográfica integrativa sem metanálise em livros e artigos científicos nacionais e internacionais. As buscas dos artigos foram feitas nas bases de dados Pubmed, Scielo, Science Direct, do período de 2000 a 2014. DESENVOLVIMENTO Apesar da árdua investigação e do tratamento, o câncer continua sendo, com toda certeza, um grande problema de saúde pública. Constitui-se a segunda principal causa de mortalidade nos países desenvolvidos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), essa doença apresenta registro anualmente 14 milhões de novos casos e 8 milhões de óbitos no mundo (SALDANHA, BEZERRA, GUZEN, 2012; LABOISSIÈRE, 2015). Realização III SIMPÓSIO DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Local: Centro Universitário São Camilo Data: 21 a 23 de maio de 2015. Os vegetais representam as maiores fontes de substâncias ativas que podem ser utilizadas na terapêutica, nomeadamente na terapêutica antineoplásica, devido à grande diversidade estrutural de metabólitos que produzem (BRANDÃO et. al 2010). O Paclitaxel, um dos principais representantes da classe dos agentes estabilizadores de microtúbulo apresenta baixa solubilidade em água e durante o desenvolvimento do fármaco, foi elaborada a formulação utilizando 50% de Cremophor EL (CrEL) e 50% de etanol hidratado, tornouse conhecido por ter um mecanismo de ação citotóxico peculiar, pelo fato de inibir a mitose em células em divisão, por promover a polimerização da tubulina, tornando os microtúbulos mais estáveis e disfuncionais, levando a morte da célula (SANTOS, 2013). Há relatos que o CrEL não é um veículo inerte, mas que exerce alguns efeitos biológicos, tendo implicações importantes na clínica. O efeito biológico mais conhecido do paclitaxel formulado com CrEL é a reação de hipersensibilidade do tipo anafilática, caracterizada por dispneia, rubor, erupção cutânea, dor no peito, taquicardia, hipotensão, angioedema, e urticária generalizada. (GELDERBLOM, 2001). Com todos esses problemas envolvidos quanto ao uso do paclitaxel, principalmente devido ao uso de seu veículo CrEL, foram analisadas outras opções para a solubilização do paclitaxel. (RODRIGUES et al., 2002 e CASTRO et al., 2012). Inúmeros estudos apontam que vários tipos de células neoplásicas possuem uma maior capturação de LDL, pois há uma maior necessidade de lipídeos e colesterol para a síntese de membranas na duplicação celular, o que pode explicar a diminuição da LDL plasmática em pacientes doentes e o aumento do número e receptores de LDL em células tumorais (SALDANHA; BEZERRA; GUZEN, 2012 e GENTA, 2006). A internalização de fármacos lipossolúveis na LDL, iria protege-lo contra o ataque de biomoléculas plasmáticas e da água. Além do mais, o fármaco incorporado na LDL teria maior concentração nas células neoplásicas, já que as mesmas aumentam a expressão de receptores de LDL comparando com as normais (RODRIGUES et al., 2002). Após injeção da nanoemulsão na corrente sanguínea, há a concentração nos tecidos neoplásicos. Em doentes com carcinoma da mama, a nanoemulsão é concentrada cerca de cinco vezes mais do no tecido mamário normal e oito vezes em carcinomas do ovário (PIRES, 2008). Estudos apontaram que na circulação o complexo Paclitaxel-LDE é reconhecido pelos receptores de LDL, pois em alguns tumores há o aumento da expressão desses receptores devida a rápida multiplicação celular e com isso há o direcionamento do fármaco às células tumorais contribuindo com a redução das reações adversas durante tratamento. CONCLUSÃO Os dados obtidos neste trabalho permitem concluir que com a utilização da nanoemulsão associado ao Paclitaxel, há o aumento do tempo de meia vida, tem maior efetividade e há a diminuição das reações adversas. Assim a associação Paclitaxel LDE pode ser uma boa alternativa terapêutica em relação ao tratamento convencional com o paclitaxel comercial. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRANDÃO, Hugo N. et al. Química e farmacologia de quimioterápicos antineoplásicos derivados de plantas. Química Nova, Salvador, v. 33, n. 6, p.1359-1369, jun. 2010. BRASIL. Instituto Nacional de Câncer. Estimativa 2012: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 118p, 2011. CÂNCER, Centro de Combate Ao. Tipos de tratamento: Atualmente, a forma mais adequada de definir um tratamento parte do princípio da “medicina baseada em evidências”. A partir daí, existem vários caminhos possíveis. Disponível em: <http://www.cccancer.net/site/index.php/tipos-detratamento/>. Acesso em: 1 Fev. 2011. Realização III SIMPÓSIO DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Local: Centro Universitário São Camilo Data: 21 a 23 de maio de 2015. CASTRO, I. J. et al. Estudio de las reacciones adversas relacionadas com la infusión de paclitaxel y docetaxel. Farmacia Hospitalaria, Barcelona, v. 2, n. 37, p.88-94, dez. 2012. GELDERBLOM, H. et al. Cremophor EL: the drawbacks and advantages of vehicle selection for drug formulation. European Journal Of Cancer. Rotterdam, p. 1590-1598. 3 abr. 2001. GENTA, Maria Luiza Nogueira Dias. Farmacocinética e captação tecidual do paclitaxel associado à nanoemulsão (LDE) em pacientes com neoplasias malignas do trato genital feminino. 2006. 90 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Obstetrícia e Ginecologia, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006. PIRES, Luís A. et al. Use of cholesterol rich emulsion that bind to lipoprotein receptors as a vehicle to paclitaxel in the tratment of breast cancer: pharmacokinetics, tumor uptake and a pilot clinical study. Cancer Chemother Pharmacol, São Paulo, p.281-287, mar. 2008. RODRIGUES, Debora G. et al. Use of cholesterol rich emulsion that binds to low density lipoprotein receptors as a vehicle for paclitaxel. Journal Of Pharmacy And Pharmacology, São Paulo, p.765772, fev. 2002. SALDANHA, Kathleen Vb; BEZERRA, Marcela L, GUZEN, Fausto P.. Utilização da nanoemulsão LDE na redução dos efeitos colaterais do tratamento quimioterápico. Catussaba: Revista científica da escola da saúde, Campus Mossoró, v. 2, n. 1, p.65-77, set. 2012. SANTOS, Mara Lamas dos. Fitocompostos com atividade antineoplásica - paclitaxel e seus derivados. 2013. 66 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Ciências Farmacêuticas, Universidade Fernando Pessoa, Porto, 2013. Realização