issn 0004-2749 versão impressa Arquivos Brasileiros de Oftalmologia Arquivos brasileiros publicação oficial do conselho brasileiro de oftalmologia MARÇO/ABRIL 2010 d e 73 02 Macular threshold as a functional outcome of intravitreal bevacizumab for ARMD | mar-abr 2010 | v.73 n.2 p.103-212 Adherence to glaucoma treatment Management of involutional entropion with cyanoacrylate Effect of povidone-iodine for anterior segment intraocular surgery in Paraguay indexada nas bases de dados medline | embase | isi | SciELO 1.1 1.2 1.3 !1!0!0 !9!5 !7!5 !2!5 !5 !0 !a!n!u!c!i!o!!s!u!l!c!o!f!l!e!x !s!e!x!t!a!-!f!e!i!r!a!,!!9!!d!e!!a!b!r!i!l!!d!e!!2!0!1!0!!1!5!:!4!5!:!1!7 4913 - Anuncio Epitegel LOGO NOVO:Layout 1 22.01.10 17:58 Página 1 Nos casos de: Lesões corneanas Danos ao epitélio na síndrome do olho seco. Prevenção e tratamento de lesões causadas por lentes de contato. Doenças distróficas da córnea. EPITEGEL™ dexpantenol 50,0 mg/g INDICAÇÕES: É indicado para o tratamento de suporte e posterior de todos os tipos de queratite como a queratite dendrítica, cauterizações, queimaduras, doenças distróficas da córnea, prevenção e tratamento de lesões corneais causadas pelo uso de lentes de contato. CUIDADOS E ADVERTÊNCIAS: Manter em local seco em temperatura ambiente (entre 15 e 30ºC). Depois de aberto, deverá ser consumido em 04 semanas. Produto exclusivo para uso oftálmico. Devido à natureza, em gel, a visão pode se apresentar embaçada por alguns minutos, imediatamente após a administração, e pode prejudicar a habilidade do paciente em dirigir veículos ou operar máquinas. Não deve ser usado durante a gravidez e lactação, exceto sob orientação médica. REAÇÕES ADVERSAS: Podem ocorrer reações de hipersensibilidade em casos isolados. Não existem registros de alterações de exames laboratoriais. POSOLOGIA: Dependendo da gravidade e intensidade das lesões, instilar uma gota no saco conjuntival de três a cinco vezes ao dia ou com maior freqüência, de acordo com a prescrição médica. Durante a aplicação, não devem ser usadas lentes de contato. Reg. MS - 1.1961.0012 VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. Referências bibliográficas: 1. Christ T.: Treatment of corneal erosion with a new ophthalmic gel containing panthenol. Spektrum Augenheilkunde (1994) 8/5: 224-226. CONTRA-INDICAÇÕES: Hipersensibilidade a um dos componentes da fórmula. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: Não são conhecidas interações medicamentosas. Quando usado com outros agentes oftálmicos tópicos, preferencialmente deve ser a última medicação administrada, após um intervalo de cerca de cinco minutos. Jan/2010 O conceito moderno de regeneração com conforto para o paciente 100 100 95 95 75 75 25 25 5 5 0 0 100 100 95 95 75 75 25 25 5 5 0 0 an.Lacrifilm 21X28_mau.pdf C M Y CM MY CY CMY K 6/19/09 6:44:10 PM PUBLICAÇÃO OFICIAL DO CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA PUBLICAÇÃO OFICIAL DO CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA ISSN 0004-2749 (Versão impressa) Publicação ininterrupta desde 1938 ISSN 1678-2925 (Versão eletrônica) CODEN - AQBOAP Periodicidade: bimestral Arq Bras Oftalmol. São Paulo, v. 73, n. 2, p. 103-212, mar./abr. 2010 Conselho Administrativo Editor-Chefe Paulo Augusto de Arruda Mello Harley E. A. Bicas Roberto Lorens Marback Rubens Belfort Jr. Wallace Chamon Wallace Chamon Editores Associados Editores Anteriores Waldemar Belfort Mattos Rubens Belfort Mattos Rubens Belfort Jr. Harley E. A. Bicas Augusto Paranhos Jr. Carlos Ramos de Souza Dias Eduardo Melani Rocha Eduardo Sone Soriano Haroldo Vieira de Moraes Jr. José Álvaro Pereira Gomes Mário Luiz Ribeiro Monteiro Michel Eid Farah Paulo Schor Sérgio Felberg Suzana Matayoshi Conselho Editorial Nacional Áisa Haidar Lani (Campo Grande-MS) Ana Luísa Höfling-Lima (São Paulo-SP) André Augusto Homsi Jorge (Ribeirão Preto-SP) André Messias (Ribeirão Preto-SP) Antonio Augusto Velasco e Cruz (Ribeirão Preto-SP) Arnaldo Furman Bordon (São Paulo-SP) Ayrton Roberto B. Ramos (Florianópolis-SC) Breno Barth (Natal-RN) Carlos Roberto Neufeld (São Paulo-SP) Carlos Teixeira Brandt (Recife-PE) Cristina Muccioli (São Paulo-SP) Denise de Freitas (São Paulo-SP) Eduardo Cunha de Souza (São Paulo-SP) Eduardo Ferrari Marback (Salvador-BA) Enyr Saran Arcieri (Uberlândia-MG) Érika Hoyama (Londrina-PR) Fábio Ejzenbaum (São Paulo-SP) Fábio Henrique C. 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Burnier Jr. (Canadá) Pilar Gomez de Liaño (Espanha) Richard L. Abbott (E.U.A.) Zélia Maria da Silva Corrêa (E.U.A.) ABO – ARQUIVOS BRASILEIROS DE OFTALMOLOGIA PUBLICAÇÃO BIMESTRAL DO CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA (CBO) Redação: Novo endereço: R. Casa do Ator, 1.117 - 2º andar - Vila Olímpia - São Paulo - SP - CEP 04546-004 Fone: (55 11) 3266-4000 - Fax: (55 11) 3171-0953 - E-mail: [email protected] - Home-page: www.abonet.com.br Assinaturas - Brasil: Membros do CBO: Distribuição gratuita. Revisão Final: Paulo Mitsuru Imamura Editor: Wallace Chamon Gerente Comercial: Mauro Nishi Não Membros: Assinatura anual: R$ 440,00 Fascículos avulsos: R$ 80,00 Foreign: Annual subscription: US$ 200.00 Single issue: US$ 40.00 PUBLICAÇÃO: Ipsis Gráfica e Editora S.A. DIVULGAÇÃO: Conselho Brasileiro de Oftalmologia TIRAGEM: expediente 73(2).pmd 7.000 exemplares 103 Editoria Técnica: Edna Terezinha Rother Maria Elisa Rangel Braga Secretaria Executiva: Claudete N. Moral Claudia Moral Capa: Ipsis Imagem da capa: Fotografia em reflexo vermelho de paciente com síndrome de Alport revelando o “sinal da gota de óleo” no centro da área pupilar. A refração alterada é consequência da presença de lenticone anterior, patognomônico dessa síndrome, que se caracteriza ainda por nefropatia e hipoacusia neurossensorial hereditárias. Autor da foto: Wallace Chamon. 6/5/2010, 15:22 PUBLICAÇÃO OFICIAL DO CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA PUBLICAÇÃO OFICIAL DO CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA ISSN 0004-2749 (Versão impressa) ISSN 1678-2925 (Versão eletrônica) A versão eletrônica com textos completos está disponível em: • ABO • Arquivos Brasileiros de Oftalmologia • www.abonet.com.br www.freemedicaljournals.com www.scielo.org www.periodicos.capes.gov.br • Copernicus www.copernicusmarketing.com www.scirus.com Diretoria do CBO - 2009-2011 Paulo Augusto de Arruda Mello Presidente Marco Antônio Rey de Faria Nilo Holzchuh Vice-Presidente Secretário Geral Fabíola Mansur de Carvalho Mauro Nishi 1º Secretário Tesoureiro Sociedades Filiadas ao Conselho Brasileiro de Oftalmologia e seus respectivos Presidentes • CENTRO BRASILEIRO DE ESTRABISMO - Galton Carvalho Vasconcelos • SOCIEDADE BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO EM OFTALMOLOGIA - Renato Ambrósio Júnior • SOCIEDADE BRASILEIRA DE CATARATA E IMPLANTES INTRA-OCULARES - Marco Antônio Rey de Faria • SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA PLÁSTICA OCULAR - Suzana Matayoshi • SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA REFRATIVA - José Ricardo Carvalho Lima Rehder • SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECOGRAFIA EM OFTALMOLOGIA - Norma Allemann • SOCIEDADE BRASILEIRA DE GLAUCOMA - João Antônio Prata Junior • SOCIEDADE BRASILEIRA DE LASER E CIRURGIA EM OFTALMOLOGIA - Maria Regina Catai Chalita • SOCIEDADE BRASILEIRA DE LENTES DE CONTATO, CÓRNEA E REFRATOMETRIA - Tania Mara Cunha Schaefer • SOCIEDADE BRASILEIRA DE OFTALMOLOGIA PEDIÁTRICA - Célia Regina Nakanami • SOCIEDADE BRASILEIRA DE ONCOLOGIA EM OFTALMOLOGIA - Renato Luiz Gonzaga • SOCIEDADE BRASILEIRA DE RETINA E VÍTREO - Arnaldo Pacheco Cialdini • SOCIEDADE BRASILEIRA DE TRAUMA OCULAR - Nilva Simeren Bueno Moraes • SOCIEDADE BRASILEIRA DE UVEÍTES - Moyses Eduardo Zajdenweber • SOCIEDADE BRASILEIRA DE VISÃO SUBNORMAL - Alexandre Costa Lima Azevedo Apoio: expediente 73(2).pmd 104 6/5/2010, 15:22 PUBLICAÇÃO OFICIAL DO CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA PUBLICAÇÃO OFICIAL DO CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA ISSN 0004-2749 (Versão impressa) ISSN 1678-2925 (Versão eletrônica) • MEDLINE • ISI Wed of Knowledge (SM) • LILACS • Literatura Latino-americana • em Ciências da Saúde Periodicidade: bimestral Arq Bras Oftalmol. São Paulo, v. 73, n. 2, p. 103-212, mar./abr. 2010 SUMÁRIO/ CONTENTS EDITORIAL - EDITORIAL Declaração de conflito de interesse em apresentações e publicações científicas Conflict of interest disclosure in public presentations and scientific publications Wallace Chamon, Luiz Alberto S. Melo Jr., Augusto Paranhos Jr. ........................................................................................................................................... 107 A R T I G O O R I G I N A L - ORIGINAL ARTICLE The macular threshold protocol of the Humphrey visual field analyzer: a superior functional outcome of intravitreal bevacizumab for the treatment of neovascular age-related macular degeneration Desfecho funcional superior da eficácia do tratamento com bevacizumab intravítreo em degeneração macular relacionada à idade, por meio do protocolo de limiar macular do campímetro de Humphrey Fabio Lavinsky, Micheal John Tolentino, Jaco Lavinsky ............................................................................................................................................................. 111 Fatores relacionados à fidelidade ao tratamento do glaucoma: opiniões de pacientes de um hospital universitário Factors related to glaucoma treatment compliance: patients’ opinions from a University Hospital Lucas Ravagnani Silva, Jayter Silva de Paula, Eduardo Melani Rocha, Maria de Lourdes Veronese Rodrigues ..................................................... 116 Temporary management of involutional entropion with octyl-2-cyanoacrylate liquid bandage application Tratamento temporário do entrópio involucional com octil-2-cianoacrilato Teissy Osaki, Midori Hentona Osaki, Tammy Hentona Osaki .................................................................................................................................................... 120 A prospective study demonstrating the effect of 5% povidone-iodine application for anterior segment intraocular surgery in Paraguay Estudio prospectivo demostrando el efecto de la instilación de yodo povidona al 5% previo a cirugía de segmento anterior en Paraguay Lorena P. Quiroga, Van Lansingh, Florentina Laspina, Margarita Samudio, Jenny Stanley, Herminia Miño de Kaspar, Diógenes Cibils, Pablo Cibils ................................................................................................................................................................................................................. 125 Avaliação da acuidade visual e da pressão intraocular no tratamento do edema macular diabético com triancinolona intravítrea Study of visual acuity and intraocular pressure in the treatment of macular diabetic edema with intravitreous triamcinolone Marcussi Palata Rezende, Alana Ferreira Gomes Dias, Akiyoshi Oshima, Eric Pinheiro de Andrade, Pedro Durães Serracarbassa ............... 129 Implantação de lente intraocular com uma alça amputada: proposta para o tratamento cirúrgico da subluxação do cristalino Intraocular lens implantation with one loop haptic amputed: a new propose to the subluxation lens surgical treatment Marcelo Ventura, Daniela Endriss ........................................................................................................................................................................................................ 135 Medical decision, persistence of initial treatment, and glaucoma progression in a Brazilian reference hospital Decisão médica, persistência com o tratamento inicial e progressão do glaucoma em um hospital de referência no Brasil Jayter Silva Paula, José Afonso Ramos Filho, Daniel Felipe Alves Cecchetti, Daniela Tiemi Nagatsuyu, Maria de Lourdes Veronese Rodrigues, Eduardo Melani Rocha ................................................................................................................................................ sumario 73(2).pmd 105 12/5/2010, 11:13 141 Causes of interruption of bevacizumab therapy in age-related macular degeneration Causas de interrupção do tratamento com bevacizumab em degeneração macular relacionada à idade Renata Portella Nunes, Mário Junqueira Nóbrega, Fernando José De Novelli, Samuel Ângelo Coral, Thais Bacha Berti, Marina Maria Drumm Missen, Marina Canuto Correa ...................................................................................................................................................................... 146 Retinocoroidite toxoplásmica em pacientes com AIDS e neurotoxoplasmose Toxoplasmic retinochoroiditis in patients with AIDS and neurotoxoplasmosis Jane Mary Alves, Vera Magalhães, Marcus Augusto Gomes de Matos .................................................................................................................................. 150 Plateau iris configuration in eyes with narrow-angle: an ultrasound biomicroscopic study Configuração da íris em platô em olhos com seio camerular estreito: um estudo ultrabiomicroscópico Alberto Diniz Filho, Sebastião Cronemberger, Dollores Martins Ferreira, Rafael Vidal Mérula, Nassim Calixto ......................................................... 155 Teste do gelo no diagnóstico de miastenia gravis Ice pack test in the diagnosis of myasthenia gravis Nilson Lopes da Fonseca Junior, Lucia Miriam Dumont Lucci, José Ricardo Carvalho Lima Rehder ........................................................................... 161 Segurança da ceratectomia fotorrefrativa com mitomicina-C para o tratamento de hipermetropia após ceratotomia radial Safety of photorefractive keratectomy with mitomycin-C for the treatment of hyperopia after radial keratotomy Ramon Coral Ghanem, Emir Amin Ghanem, Newton Kara-José .................................................................................................................................................. 165 Subluxação congênita do cristalino: resultados visuais e posição das lentes intraoculares após a cirurgia Congenital lens subluxation: visual acuity outcomes and intraocular lens postoperative position Caroline Arraes, Daniela Endriss, Francisco Lobato, João Arraes, Marcelo Ventura ........................................................................................................ 171 RELATOS DE CASOS - CASE REPORTS Neurite óptica bilateral após infecção viral por dengue: relato de casos Bilateral optic neuritis after dengue viral infection: case report Ricardo Evangelista Marrocos de Aragão, Ieda Maria Alexandre Barreira, Livia Nogueira Costa Lima, Leonardo Portela Rabelo, Felipe Bezerra Alves Pereira ................................................................................................................................................................................................................. 175 Cisto vítreo e retinose pigmentária: relato de caso Vitreous cyst and retinitis pigmentosa: case report Maria Frasson, Ana Cristina Cotta de Queiroz, Breno Teixeira Lino, Márcio Bittar Nehemy ............................................................................................ 179 Retinal nerve fiber layer atrophy as relevant feature for diffuse unilateral subacute neuroretinitis (DUSN): case series Atrofia das camadas de fibras nervosas da retina como característica relevante na neurorretinite subaguda difusa unilateral (DUSN): série de casos Antonio Marcelo Barbante Casella, Michel Eid Farah, Eduardo Cunha de Souza, Rubens Belfort Jr., Ana Paula Miyagusko Taba Oguido ... 182 Bilateral and simultaneous cystoid macular edema associated with latanoprost use: report of two cases Edema macular cistóide bilateral e simultâneo associado com o uso de latanoprost: relato de dois casos Oswaldo Ferreira Moura Brasil, Maria Vitoria Moura Brasil, Marcelo Palis Ventura, Hugo Soares Maia ...................................................................... 186 Optical coherence tomography findings in acute phase of branch retinal artery occlusion: case report Achados da tomografia de coerência óptica na fase aguda da oclusão de ramo da artéria central da retina: relato de caso Cíntia Maria Felix Medrado Parcero, Bruno de Paula Freitas, Eduardo Ferrari Marback, Otacílio de Oliveira Maia Júnior, Roberto Lorens Marback ......................................................................................................................................................................................................................... 189 Melanoma de corpo ciliar e coróide: relato de caso Choroidal and ciliary body melanoma: case report Aline Amaral Fulgêncio da Cunha, Nara Helena Teixeira Rodrigues, Grazziella Acácio e Almeida, Bruno Carvalho Picanço, João Agostini Netto ................................................................................................................................................................................................................................... 193 ATUALIZAÇÃO CONTINUADA - CURRENT UPDATE Olho seco: etiopatogenia e tratamento Dry eye: etiopathogenesis and treatment Ellen Carrara Fonseca, Gustavo Viani Arruda, Eduardo Melani Rocha ................................................................................................................................... 197 The intimate nature of oculomotor muscles contracture A natureza íntima da contratura do músculo oculomotor Carlos Ramos de Souza-Dias ................................................................................................................................................................................................................ 204 INSTRUÇÕES PARA OS AUTORES - INSTRUCTIONS TO AUTHORS .................................................................... 211 TODOS OS TEXTOS ASSINADOS SÃO DE RESPONSABILIDADE DOS RESPECTIVOS AUTORES sumario 73(2).pmd 106 12/5/2010, 11:13 EDITORIAL Declaração de conflito de interesse em apresentações e publicações científicas Wallace Chamon, Luiz Alberto S. Melo Jr., Augusto Paranhos Jr. Introdução Uma das obrigações dos cientistas é a divulgação dos seus resultados. Ciência não divulgada causa mais danos que benefícios. Muitos pacientes aceitam a participação em ensaios clínicos com o desejo altruísta de promover o desenvolvimento da ciência e proporcionar tratamentos médicos mais eficazes; o pesquisador que não divulga seus resultados trai a confiança do paciente e da sociedade (representada pelos órgãos de avaliação da Ética em Pesquisa), que o permitiram realizar determinado projeto. Com os novos patamares atingidos pela produção científica brasileira vem o compromisso com a melhora de sua qualidade e a transparência na sua divulgação. O “Conflito de Interesse” está presente quando existe uma ligação entre os interesses privados de um indivíduo, ou até mesmo de uma instituição representada por ele, e suas responsabilidades científicas. A “Declaração de Conflito de Interesse” faz parte da transparência científica, possibilitando ao leitor ou ouvinte avaliar se o comportamento do apresentador pode ter sido influenciado por esses interesses privados(1). A caracterização de conflito de interesse não necessariamente significa que os envolvidos não mereçam credibilidade. Permite sim, que se tenha idéia dos personagens envolvidos no processo e suas motivações. A integridade da pesquisa científica é fundamental e, muitas vezes, é conduzida por pesquisadores que têm algum ganho financeiro no processo. Assim como os resultados são importantíssimos para saúde da população, o ideal é que os estudos sejam conduzidos pelos melhores pesquisadores. Não seria salutar discriminar o pesquisador patrocinado pela indústria, mas é fundamental a clareza para com todos os envolvidos. Todos os personagens devem estar cientes de qualquer eventual benefício financeiro que alguém pode ter recebido durante o processo: elaboração da pesquisa, apresentação da pesquisa (esteja ou não envolvido na pesquisa em si) e assistência ao paciente. Conflitos de interesse podem existir em diferentes níveis, como na autoria ou apresentação da pesquisa, assim como na avaliação, revisão ou editoria dessa(2). Foi a partir da década de 80 que os periódicos biomédicos e alguns encontros científicos internacionais começaram a solicitar que os autores expusessem seus interesses financeiros sobre o assunto de seus manuscritos e apresentações(3). Tipos de conflitos de interesse O conflito de interesse pode ser verdadeiro (factual) ou ser percebido como possível (potencial)(4). Os conflitos de in- teresse podem ainda ser classificados como financeiro, pessoal, acadêmico, relacionado à afiliação institucional, político e religioso(1-4). Estes podem ser relacionados à alguma tecnologia utilizada na pesquisa ou na apresentação, assim como à alguma tecnologia concorrente a essa. O conflito financeiro é o mais comum de ter a sua declaração exposta pelos autores(3). Ele pode advir diretamente de salário, pagamento por consultoria ou verba de pesquisa(4). Esse conflito de interesse também ocorre quando o indivíduo possui ações da empresa, ou está ligado à patente, royalties ou direitos autorais, bem como obtenção de benefícios sob a forma de honorários por palestras, inscrições em eventos científicos, passagens, estada ou presentes diversos(2). O conflito pessoal ocorre quando os autores do estudo são familiares, amigos, colegas, inimigos ou competidores(1). Esse grau de amizade ou inimizade com os autores pode influenciar o julgamento do mérito científico do estudo por parte do revisor ou editor. O conflito acadêmico se dá quando a paixão acadêmica exacerbada por um determinado tópico impede um julgamento acurado do mérito científico do manuscrito(1). Se um revisor ou editor criou sua carreira científica baseado em uma teoria e recebe um manuscrito para avaliar cujo conteúdo contradiz essa teoria, sua capacidade de avaliar imparcialmente pode estar comprometida. O conflito relacionado à afiliação institucional existe quando o processo de publicação pode ser facilitado ou dificultado a depender da instituição onde foi realizado o estudo(1). Os conflitos de ordem política e religiosa são mais raros, especialmente no meio oftalmológico. Relação temporal O benefício pode não estar diretamente relacionado temporalmente à ação do pesquisador. Esse intervalo de tempo pode ser interpretado como ausência de conflito de interesse, mas muitas vezes não é o caso. A janela de tempo usual é de 12 meses, mas existem periódicos que estendem este hiato até três anos(5). Uma revisão sistemática alemã de 2007, verificou que 13 das 31 revistas daquele país não tinham nenhuma referência sobre a caracterização de conflito de interesse(6). Em publicação do mesmo ano no Brasil, de 20 revistas com a qualificação de nível A da CAPES, apenas 55% exigiam a caracterização de conflito de interesse, ou seja, há muito o que fazer(7) . Mais recentemente, uma pesquisa do periódico JAMA mostrou que de 256 periódicos médicos, 89% continham regras para caracterização de con- Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):107-9 Editorial 73(2).pmd 107 5/5/2010, 16:42 108 Declaração de conflito de interesse em apresentações e publicações científicas flito de interesse e apenas 56% exigiam que o pesquisador assinasse um termo endossando-o. Quanto à caracterização de auxilio para viagens, somente 12% dos periódicos exigiam que se explicitasse esta forma de conflito(8). Normas nacionais O Código de Ética Médica (17 de setembro de 2009)(9), a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde(10), a Resolução da Diretoria Colegiada - RDC 96/2008 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária(11) e a Resolução 1.595/ 2000 do Conselho Federal de Medicina(12) fazem menção aos conflitos de interesse. O Código de Ética Médica, no seu artigo 104 menciona que “é vedado ao médico deixar de manter independência profissional e científica em relação a financiadores de pesquisa médica, satisfazendo interesse comercial ou obtendo vantagens pessoais”(9). O artigo 109 afirma que “é vedado ao médico deixar de zelar, quando docente ou autor de publicações científicas, pela veracidade, clareza e imparcialidade das informações apresentadas, bem como deixar de declarar relações com a indústria de medicamentos, órteses, próteses, equipamentos, implantes de qualquer natureza e outras que possam configurar conflitos de interesses, ainda que em potencial”(9). A Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, na alínea (b) do item III.3, menciona que “a pesquisa em qualquer área do conhecimento, envolvendo seres humanos deverá assegurar a inexistência de conflito de interesses entre o pesquisador e os sujeitos da pesquisa ou patrocinador do projeto”(10). A resolução RDC 96/2008 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, no parágrafo segundo do artigo 42, afirma que “os palestrantes de qualquer sessão científica que estabeleçam relações com laboratórios farmacêuticos ou tenham qualquer outro interesse financeiro ou comercial devem informar potencial conflito de interesses aos organizadores dos congressos, com a devida indicação na programação oficial do evento e no início de sua palestra, bem como, nos anais, quando estes existirem”(11). Na resolução 1.595/2000 do Conselho Federal de Medicina, o artigo segundo determina “que os médicos, ao proferirem palestras ou escreverem artigos divulgando ou promovendo produtos farmacêuticos ou equipamentos para uso na medicina, declarem os agentes financeiros que patrocinam suas pesquisas e/ou apresentações, cabendo-lhes ainda indicar a metodologia empregada em suas pesquisas - quando for o caso - ou referir a literatura e bibliografia que serviram de base à apresentação, quando essa tiver por natureza a transmissão de conhecimento proveniente de fontes alheias. Parágrafo-Único - Os editores médicos de periódicos, os responsáveis pelos eventos científicos em que artigos, mensagens e matérias promocionais forem apresentados são co-responsáveis pelo cumprimento das formalidades prescritas no caput deste artigo”(12). Normas internacionais A Declaração de Helsinque, um dos documentos mais divulgados e seguidos pelos periódicos médicos em todo o mun- do, contém princípios claros a serem seguidos por pesquisas médicas. Na sua última versão (2008), a Declaração de Helsinque expõe no princípio 30 que “fontes de fomento, afiliações institucionais e conflitos de interesse devem ser declarados na publicação” (13) . Recomendações aos periódicos internacionais O Comitê Internacional de Editores de Periódicos Médicos (International Committe of Medical Journal Editors - ICMJE) recomenda que todos os indivíduos envolvidos no processo de publicação (autores, revisores e editores) exponham seus conflitos de interesse, sejam esses verdadeiros ou potenciais(2). Para prevenir ambiguidades, caso não exista conflito de interesse, que se declare que não possui. Os autores devem ainda mencionar o papel exercido pelo expositor do estudo, se participou no(a): delineamento do estudo; coleta, análise e interpretação dos dados; redação do manuscrito; decisão de submeter o manuscrito para publicação(2). Os editores deveriam evitar selecionar revisores com conflitos de interesse óbvios em relação ao manuscrito, como no caso de revisor que trabalha na mesma instituição que os autores. Os editores com poder de decisão final sobre o manuscrito não podem ter conflito de interesse em relação ao estudo(2). Outras orientações da literatura internacional, como o Manual de Estilo da Associação Médica Americana (American Medical Association Manual of Style) e o Conselho de Editores Científicos (Council of Science Editors - CSE) sugerem recomendações semelhantes às acima(3-4). Conflitos de interesse e educação médica Outra fonte constante de questionamento é o envolvimento da indústria na educação médica. A atividade de educação pode ser patrocinada pela indústria ou por agências governamentais, a solução está mais uma vez na transparência. Quando há influencia da indústria, mesmo que seja somente na programação, isso deve ser caracterizado. Como a quantificação do vínculo é difícil, o ideal seria caracterizar entre duas possibilidades: aulas sem qualquer vínculo com a indústria no que tange ao conteúdo, programação e escolha de palestrantes, e aulas em que qualquer vínculo seja caracterizado. Isso possibilita ao público assistir a um evento sabendo dos interesses envolvidos. Esta caracterização valeria para organização de eventos de uma forma geral, mas não se aplicaria ao palestrante individualmente. Este tem que caracterizar seu conflito de interesse a despeito da aula ou módulo nada ter a ver com a indústria. Responsabilidade da declaração de conflitos de interesse A quem cabe a responsabilidade da caracterização do conflito de interesse? Em algumas revistas é o primeiro autor, em outras, o autor de correspondência. No entanto todos os autores e apresentadores devem ser questionados. Não existe a possibilidade de uma fiscalização efetiva quanto à integridade da declaração de conflito, mas a declaração falsa pode ser considerada como fraude e os responsáveis responderem legalmente Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):107-9 Editorial 73(2).pmd 108 5/5/2010, 16:42 Declaração de conflito de interesse em apresentações e publicações científicas pela infração. Casos famosos como o do ex-chefe do FDA que em 2006 foi multado em U$ 90.000,00 e condenado a três anos de suspensão condicional e a 50 horas de serviços públicos por não ter caracterizado conflito de interesse dele e de sua mulher podem mudar o cenário(14). O caminho futuro possivelmente passará pela declaração compulsória do financiamento pela indústria de pesquisas, de passagens para médicos e pesquisadores, etc. para que os periódicos possam acessar em bancos de dados e fiscalizar a lisura das informações passadas pelo pesquisador. Os Arquivos Brasileiros de Oftalmologia Atualmente, os Arquivos Brasileiros de Oftalmologia solicita que os autores declarem os conflitos de interesse assim como a participação de patrocinadores no manuscrito em formulários separados que são encaminhados no momento do envio inicial do manuscrito. Até esse momento, os revisores e editores não são questionados sobre conflito de interesse na avaliação dos manuscritos. Cabe à comunidade oftalmológica brasileira colocar rapidamente em prática métodos transparentes de exposição dos conflitos de interesse em todas apresentações científicas e didáticas, sejam elas escritas ou orais. REFERÊNCIAS 1. World Association of Medical Editors. 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Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):107-9 Editorial 73(2).pmd 109 5/5/2010, 16:42 The macular threshold protocol of the Humphrey visual field analyzer: a superior functional outcome of intravitreal bevacizumab for the treatment of neovascular age-related macular degeneration Desfecho funcional superior da eficácia do tratamento com bevacizumab intravítreo em degeneração macular relacionada à idade, por meio do protocolo de limiar macular do campímetro de Humphrey Fabio Lavinsky1 Micheal John Tolentino2 Jaco Lavinsky3 ABSTRACT Purpose: To evaluate the decibel loss on the Macular threshold protocol of the Humphrey visual field as a reliable functional outcome of the intravitreal bevacizumab treatment. Methods: Thirteen patients were evaluated at baseline and on the week 6 for best corrected visual acuity, optical coherence tomography central macular thickness and decibel loss on Macular threshold protocol of the Humphrey visual field after 1.25 mg intravitreal injection of bevacizumab. The outcomes were analyzed separately and in correlation using the Wilcoxon signed ranks test. Results: The improvement of the optical coherence tomography and the Macular threshold protocol of the Humphrey visual field from baseline to week 6 were significant with p=0.032 and p=0.003, respectively. The visual acuity did not show a significant improvement. The correlation of the visual acuity and Macular threshold protocol of the Humphrey visual field was significant at baseline (p=0.041) and on week 6 (p=0.019). Conclusion: The Macular threshold protocol of the Humphrey visual field significantly improved despite the fact that the best corrected visual acuity did not. The Macular threshold protocol of the Humphrey visual field correlated with the visual acuities significantly. The optical coherence tomography was significant to demonstrate improvement but did not correlate with best corrected visual acuity and Macular threshold protocol of the Humphrey visual field. These findings suggest that the Macular threshold protocol of the visual field may be a more reliable tool for evaluation of global macular function after intravitreal bevacizumab treatment. Keywords: Macular degeneration; Tomography, optical; Vitreous body; Visual acuity; Perimetry; Injections; Choroidal neovascularisation; Antibodies, monoclonal Institution: Ophthalmology Department. Hospital de Clínicas de Porto Alegre - Porto Alegre (RS) - Brazil. 1 2 3 The Goldschleger Eye Institute, Sheba Medical Center, Tel Aviv University - Tel Hashomer - Israel. Center of Retina and Macular Disease, Winter Haven, Florida - United States of America. Ophthalmology Department. Hospital de Clínicas de Porto Alegre - Porto Alegre (RS) - Brazil. Correspondence address: Fabio Lavinsky. Hacarmel Street, 8 - Apt 22 - Ganei Tikva - Israel E-mail: [email protected] Financial support: none INTRODUCTION Age-related macular degeneration (AMD) is a complex multistage disease ranging from early subclinical alterations at the choroidea-retinal pigment epithelium (RPE) interface to advanced atrophic or fibrovascular changes associated with a degenerated and functionally inactive central retina(1). Choroidal neovascularization is the hallmark of exudative AMD and indicates the growth of new blood vessels from the choroid. The newly Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):111-5 73(2)15.pmd 111 5/5/2010, 16:46 112 The macular threshold protocol of the Humphrey visual field analyzer: a superior functional outcome of intravitreal bevacizumab for the treatment of neovascular age-related macular degeneration formed neovascular complex may extend into the pigment epithelial and subretinal spaces(2). The new vessels usually leak serous fluid, bleed and evolve into fibrovascular tissue. The choroidal neovascularization (CNV) finally involutes into a dense submacular disciform scar that usually represents the end stage of the disease(3). Several factors such as ischemia, inflammation and local synthesis and secretion of angiogenic factors are supposed to be important in the pathogenesis of CNV. One of the most prominent stimulators of angiogenesis is the vascular endothelial growth factor (VEGF). Vascular endothelial growth factor A is believed to contribute to the development and/or progression of the choroidal neovascularization associated with neovascular (wet or exudative) AMD(4-8). The successful introduction of anti-VEGF therapy for exudative AMD led to a conceptual revolution of how to approach this and other neovascular ocular diseases. The blockade of free VEGF with an aptamer (pegaptanib), antibody (bevacizumab) or antibody fragment (ranibizumab) are mainstream treatment modalities for wet AMD(9). Some authors published a systematic review of all articles of bevacizumab for exudative AMD. A total of 561 articles were retrieved. Three randomised controlled trials (RCT) and 23 before-and-after studies of patients (n=1,435) who had received bevacizumab were published. The overall conclusion is that visual acuity improves and central retinal thickness decreases in patients with exudative AMD after bevacizumab. For the 23 studies with intravitreal injections, the change in visual acuity (VA) was +8.6 letters (range +2 to +26) and the change in central retinal thickness was -90 μm (range -46 to -190)(10). The progressive loss of central vision has a measurable impact on quality of life (QOL), affecting principally mental health dimensions. However, VA alone may not provide an adequate basis to evaluate QOL. Other symptoms of CNV secondary to AMD (such as reduced contrast sensitivity, photopsias, decreased colour vision, size and characteristics of central scotoma, and increased glare sensitivity may also reduce QOL. Thus, the determination of other functional outcomes of AMD treatment is clinically relevant(11). Macular function is not fully characterized by central VA; major visual tasks such as reading rely on the central visual field as well. Testing VA alone disregards paracentral or central scotomata, which strongly affect the patient’s self-assessment of visual function(12). Hence, other diagnostic tools were developed to evaluate more accurately the macular function. Micro- or fundus perimetry offers the option to test retinal sensitivity while directly observing the fundus(13). Other authors showed that the intravitreal use of bevacizumab resulted in improvement of multifocal electroretinography (mf-ERG) macular function responses and relatively stable Ganzfield electroretinography (G-ERG) responses. The macular electrophysiological response suggests that macular function improves with treatment(14). The purpose of this article is to assess the correlation between the morphological outcome macular thickness on optical coherence tomography (OCT) and the functional outcomes best corrected visual acuity (BCVA) and decibels lost on macular protocol of the Humphrey visual field after treatment with bevacizumab for AMD. METHODS In this non-randomized, prospective, interventional clinical study, thirteen patients treated for neovascular age-related macular degeneration at the Instituto de Oftalmologia Lavinsky between March, 2007 and June, 2007 were included. They underwent 1.25 mg (0.05 cc) intravitreal injections of bevacizumab at baseline and on week 6. The inclusion criteria were: age 50 years and older, subfoveal CNV attributable to AMD diagnosed by fluorescein angiography, presence of subretinal fluid, cystic maculopathy, or central retinal thickness 250 μm on OCT, best-corrected vision, using early treatment diabetic retinopathy study (ETDRS) charts, between 20/40 and 20/400 (Snellen equivalent), no prior anti-VEGF treatment, presence of central fixation demonstrated by the OCT performed by an ophthalmologist and the ability to understand and sign consent form. The exclusion criteria were: prior VEGF treatment for CNV, corneal, lenticular, or vitreous opacification that prevents good interpretation of fluorescein or indocianin angiograms or OCT, history of vitrectomy, diabetic retinopathy and cardiovascular, cerebrovascular, or peripheral vascular event less than six months prior to enrolment. The procedures prior to the injections were BCVA, OCT III and a Macular threshold protocol Humphrey visual field (MPHVF) analyzing the losses in decibels of the visual field protocol. The OCT (OCT Stratus 3®, Carl Zeiss Meditec, Dublin, CA) was performed by an ophthalmologist using the macular thickness program. The patient fixation (concentric or eccentric) was determined by this examinator. Visual acuity was also measured by an ophthalmologist in a Snellen chart with the best refractive correction. The Humphrey AII 745® (Carl Zeiss Meditec, Dublin, CA) was used to perform the Macular threshold protocol of the Humphrey visual field. The patients were informed about the study and signed a consent according the good clinical practice principles and the tenets of the Declaration of Helsinki. The injections were performed at the OR using a sterile draping and standard sterilization of the fornices with iodinepovidone 5%. The injection was via pars-plana with a 30 gauge needle 3.5 or 4.0 mm from the limbus (pseudo-phakic and phakic, respectively) of 0.05 cc (1.25 mg) of bevacizumab. Thirty minutes after injection and a day after injection patients had their intraocular pressures measured and the optic disc and retinal vessels and posterior pole examined. For the analysis of the data we considered the visual acuities in logMAR, the central millimetre of the OCT and the sum of the losses in decibels on the Macular protocol of Humphrey visual field. The statistical tests used were paired and non-paired t-test, Wilcoxon signed ranks test and the Spearman’s rho non- Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):111-5 73(2)15.pmd 112 5/5/2010, 16:46 The macular threshold protocol of the Humphrey visual field analyzer: a superior functional outcome of intravitreal bevacizumab for the treatment of neovascular age-related macular degeneration 113 parametrical test. The statistical analysis was performed using the SPSS 14.0® (SPSS, Chicago, IL). RESULTS The patients included in the study underwent both injections (baseline and week-6) on schedule. There was no withdrawal from the study. There were no complications such as intraocular pressure elevation, cataract, uveitic reaction, retinal detachment, vitreous hemorrhage or endophthalmitis an after the procedure. The patients also had no systemic serious adverse events after the injections. The best corrected visual acuities at baseline ranged from 20/25 to 6/120 (0.1 to 1.3 logMAR), the mean was 0.982 logMAR (± 0.4262). On week 6 they ranged from 20/50 to 6/120 (0.4 to 1.4 logMAR), the mean was 1.027 logMAR (± 0.2936). On Wilcoxon signed ranks test there was no correlation between the results with a p=0.67 (Graph 1). The OCT central thickness mean and median at baseline were 329.36 and 298 (± 113.685) respectively. On week 6 this values were 268.18 and 262 (± 81.54). The OCT improvement from baseline to week 6 was significant with a p=0.032 (Graph 2). The sum of the decibels lost on the MPHVF ranged from 17 to 288 decibels at baseline, mean 142.73 ± 84.277, median 103. On week 6 there was an improvement with a mean loss of 95 decibels ± 65.272, median 81. This difference was significant with a p=0.003 on Wilcoxon signed ranks test (Graph 3). The correlation analysis between the variables studied demonstrated that the BCVA and the decibel loss on the MPHVF were significantly related both at baseline and on week 6 with p=0.041 and p=0.019 respectively. However, the OCT central thickness had no significant correlation with the BCVA and with the decibel loss on MPHVF at baseline and on week 6. DISCUSSION Intravitreal bevacizumab is a well accepted treatment for exudative AMD(15). Previous studies have shown favourable outcomes with both 1.25 mg and 2.5 mg doses(16-17). Bevacizumab treatment probably improves macular anatomy by decreasing leakage from the CNV and by preventing its further neovascular growth(18). The OCT central retinal thickness is a morphological outcome used for follow-up evaluation of the treatment. However, the functional outcome used nowadays is the BCVA. This outcome is weak in evaluating the global function of the macula. It does represent a small area densely populated by cones (50.000 cones/mm2) but it neglects other important functional aspects of vision like contrast sensitivity, stereopsia and visual field. A prospective case series of 80 patients treated with bevacizumab showed that was no correlation between final BCVA and baseline macular thickness(18). The use of MPHFV in AMD was previously study by Tolentino et al. They assessed form recognition deficits by the Blue= pre-injection; Red= post-injection BCVA= best corrected visual acuity Graph 1 - BCVA at baseline and on week 6 Amsler grid and by a perimetric test of letter recognition and sensitivity deficits by the macular threshold test of the Humphrey field analyzer in 59 patients with AMD and visual acuities of 20/40 or better. The number of defects on each test was compared with the area of RPE atrophy and with the area of drusen determined from fundus photographs. The number of visual field defects by each test was significantly correlated with the area of atrophy, but not with the area of drusen(19). The improvement of the global macular function, namely the less decibels lost in the second MPHVF test may be an indicator of better quality of life. The retention of macular function may be important for daily living tasks as well as for being able to use low vision aids. Some authors determined the incremental gain in qualityadjusted life years using the 2-year results from a subgroup of 243 patients with predominantly classic subfoveal CNV secondary to AMD in the treatment of AMD with photodynamic therapy (TAP) Investigation despite the lack of VA improvement. This may be related with the above(20-21). The MPHVF is a very simple, low-cost and well-known diagnostic tool in ophthalmology. The microperimeter (Nidek inc., Padova, Italia), the scanning laser ophthalmoscope (SLO 101, Rodenstock, Ottobrunn, Germany), and the mf-ERG are Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):111-5 73(2)15.pmd 113 5/5/2010, 16:46 114 The macular threshold protocol of the Humphrey visual field analyzer: a superior functional outcome of intravitreal bevacizumab for the treatment of neovascular age-related macular degeneration Blue= pre-injection; Red= post-injection OCT= optical coherence tomography Graph 2 - OCT central macular thickness at baseline and on week 6 also tools that evaluate efficiently the global macular function. However, those tools are less accessible, more expensive and technically harder to perform than the MPHVF. Thus, in a highly prevalent pathology such as AMD a tool with greater external validity is imperative. The limitation of this tool is the excentric fixation. This limitation can be diagnosed during the OCT preformed by an experienced examinator. The global decibel loss from the MPHVF is a comparison with the average normative data for gender and age. The sum of those losses provides an objective, numeric data for following the patient up individually. Furthermore, it can be used as an outcome to analyze a population being studied for any pathology involving loss of macular function. CONCLUSION In the present article the authors demonstrated that the decibel loss on the MPHVF from the baseline to the 6 week injection was a significant functional outcome. Thus, the correlation of morphological and functional outcomes may be further studied by using the former clinical tool. Like previous reports, in our population the BCVA improvement was not statistically significant. Blue= pre-injection; Red= post-injection MPHVF= macular threshold protocol of the Humphrey visual field Graph 3 - MPHVF decibel loss at baseline and on week 6 RESUMO Objetivo: Avaliar se a perda de decibéis no protocolo macular do campímetro de Humphrey (PMCH) é um resultado funcional confiável para o tratamento com bevacizumab intravítreo. Métodos: Treze pacientes foram avaliados na visita de base e na semana 6 após a injeção intravítrea de 1,25 mg de bevacizumab realizando a melhor acuidade visual corrigida, espessura macular central na tomografia de coerência óptica e análise da perda de decibéis no PMCH. Estes desfechos foram analisados separadamente e em correlação usando o teste Wicoxon signed ranks. Resultados: A melhora da espessura central no OCT e do PMCH na semana 6 em relação a visita de base foi significante com p=0,032 e p=0,003 respectivamente. A acuidade visual não mostrou uma melhora estatisticamente significante. A correlação entre a acuidade visual e o PMCH foi significante na visita de base (p=0,041) e na visita de 6 semanas (p=0,019). Conclusão: O PMCH melhorou significantemente apesar do fato de que a melhor acuidade visual corrigida não apresentou tal melhora. O PMCH correlacionou-se com a acuidade visual de forma estatisticamente significativa. O OCT foi significativo para demonstrar melhora porém não se Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):111-5 73(2)15.pmd 114 5/5/2010, 16:46 The macular threshold protocol of the Humphrey visual field analyzer: a superior functional outcome of intravitreal bevacizumab for the treatment of neovascular age-related macular degeneration correlacionou com o PMCH e com a acuidade visual. Estes achados sugerem que o PMCH pode ser uma ferramenta mais confiável na avaliação da função macular global após injeção intravítrea de bevacizumab. Descritores: Degeneração macular; Tomografia óptica; Corpo vítreo; Acuidade visual; Perimetria; Injecções; Neovascularização de coróide; Anticorpos monoclonais REFERENCES 1. Grisanti S, Tatar O. The role of vascular endothelial growth factor and other endogenous interplayers in age-related macular degeneration. Prog Retin Eye Res. 2008;27(4):372-90. 2. Green WR, Enger C. Age-related macular degeneration histopathologic studies. The 1992 Lorenz E. Zimmerman Lecture. Ophthalmology. 1993;100(10):15-1935. 3. Campochiaro PA. Ocular neovascularization and excessive vascular permeability. Expert Opin Biol Ther. 2004;4(9):1395-402. 4. D’Amore PA. Mechanisms of retinal and choroidal neovascularization. Invest Ophthalmol Vis Sci. 1994;35(12):3974-9. 5. Adamis AP, Shima DT, Tolentino MJ, Gragoudas ES, Ferrara N, Folkman J, et al. Inhibition of vascular endothelial growth factor prevents retinal ischemiaassociated iris neovascularization in a nonhuman primate. 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Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):111-5 73(2)15.pmd 115 5/5/2010, 16:46 Fatores relacionados à fidelidade ao tratamento do glaucoma: opiniões de pacientes de um hospital universitário Factors related to glaucoma treatment compliance: patients’ opinions from a University Hospital Lucas Ravagnani Silva1 Jayter Silva de Paula2 Eduardo Melani Rocha3 Maria de Lourdes Veronese Rodrigues4 Trabalho realizado na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo - Ribeirão Preto (SP) - Brasil. 1 2 3 4 Bolsista do Programa “Aprender com Cultura e Extensão”, da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP. Aluno do Curso de Graduação em Medicina da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo - FMRP-USP - Ribeirão Preto (SP) - Brasil. Coordenador do Setor de Glaucoma do Hospital das Clínicas. Docente do Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da FMRP-USP - Ribeirão Preto (SP) - Brasil. Coordenador do Núcleo de Saúde Ocular. Docente do Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da FMRP-USP - Ribeirão Preto (SP) - Brasil. Presidente da Comissão de Cultura e Extensão Universitária. Docente do Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da FMRP-USP - Ribeirão Preto (SP) - Brasil. Endereço para correspondência: Maria de Lourdes V. Rodrigues. Av. Bandeirantes, 3.900 - Ribeirão Preto (SP) CEP 14049-900 E-mail: [email protected] Apoio Financeiro: Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da Universidade de São Paulo. Interesse comercial: Nenhum. Recebido para publicação em 21.06.2009 Aprovação em 25.02.2010 Nota Editorial: Depois de concluída a análise do artigo sob sigilo editorial e com a anuência do Dr. Maurício Della Paolera sobre a divulgação de seu nome como revisor, agradecemos sua participação neste processo. RESUMO Objetivo: Considerando que a não-adesão ao tratamento do glaucoma é um dos fatores de risco para a sua progressão, o objetivo do presente trabalho foi coletar informações sobre: 1) conhecimento e sentimentos dos pacientes sobre a doença; 2) a não-fidelidade ao tratamento e fatores relacionados; e 3) eventual influência da doença no estilo de vida participantes. Métodos: Foram realizadas entrevistas, utilizando questionário semiestruturado, com 50 pacientes com glaucoma primário de ângulo aberto. A análise das respostas foi feita utilizando a técnica do “Discurso do Sujeito Coletivo” (DSC) (qualitativa/quantitativa). Resultados: Trinta e oito por cento dos pacientes não se consideraram bem informados sobre o glaucoma. A porcentagem de pacientes que declararam nãofidelidade ao tratamento foi de 20%. Os principais fatores relacionados foram: efeitos colaterais dos medicamentos (24%); falta de informação sobre a doença (22%); dificuldade de comunicação com o médico (14%); dificuldades na administração do tratamento (14%); falta de recursos financeiros para adquirir medicamentos (10%); atitudes e crenças (10%). Dezoito por cento dos participantes afirmaram que a doença alterou a qualidade de vida. Conclusão: Na população estudada, os fatores relacionados à não-adesão ao tratamento de glaucoma, abrangem desde o desconhecimento do que é a doença até atitudes, valores e crenças. Na sua maioria, podem causar a progressão da doença. A influência desses fatores pode ser diminuída com medidas educacionais, intervenções sobre comportamentos e atitudes, melhora da relação médico-paciente e suprimento de medicamentos. Descritores: Glaucoma/quimioterapia; Atitude frente a saúde; Conhecimentos, atitudes e prática em saúde; Cooperação do paciente; Relações médico-paciente; Anti-hipertensivos/uso terapêutico; Soluções oftálmicas INTRODUÇÃO Glaucoma é a primeira maior causa de cegueira não curável no mundo(1). Em 2003, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia estimava que no país houvesse 900 mil portadores dessa doença, e que, provavelmente, 720 mil estavam assintomáticos, ainda necessitando de diagnóstico(2). Em níveis globais, estima-se em mais de 60 milhões o número de pessoas que estarão afetadas pelo glaucoma em 2010, sendo 8,4 milhões delas cegas(3). Os principais fatores de risco para a progressão do glaucoma podem ser divididos em oculares, sistêmicos e gerais. Os principais fatores considera- Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):116-9 73(2)07.pmd 116 5/5/2010, 16:48 Fatores relacionados à fidelidade ao tratamento do glaucoma: opiniões de pacientes de um hospital universitário dos “gerais” são idade, etnia, história familiar e não adesão ao tratamento, ou insucesso deste tratamento(4-7). Dessa forma, é imprescindível a fidelidade ao tratamento. No entanto, há casos em que existem barreiras para essa fidelidade, como a falta de conhecimento sobre a doença, que propicia a não participação do paciente no tratamento(8-9) e a falta de habilidade para instilação do colírio e/ou para manipular o frasco, associada a ausência de alguém que ajude administrar o medicamento(10). O custo do medicamento e a sua forma de aquisição também podem influenciar na não adesão do paciente ao tratamento, pelos pacientes menos favorecidos economicamente(11-12). Além disso, a importância que uma pessoa dá à sua saúde e aos cuidados para mantê-la depende, também, de emoções, motivações, atitudes, hábitos e crenças aprendidos culturalmente(13). Uma vez que poucos detalhes acerca da percepção dos pacientes sobre glaucoma ou sobre seu tratamento são conhecidos em nosso meio, realizou-se o presente estudo, que teve como principais objetivos colher informações sobre: 1) conhecimento e sentimentos dos pacientes com glaucoma sobre a doença; 2) a não-fidelidade ao tratamento e se os fatores descritos na literatura(4-13) a influenciam; e 3) eventual influência da doença na qualidade de vida participantes. MÉTODOS Foram entrevistados 50 pacientes, sendo 18 do sexo masculino, com idades variando de 47 a 91 anos (mediana=71 anos), com diagnóstico confirmado de glaucoma primário de ângulo aberto (GPAA) atendidos no Ambulatório de Oftalmologia do HCFMRP-USP. As entrevistas foram realizadas com base em questionário semiestruturado, composto pelas seguintes perguntas abertas: 1) “Você sabe o que é o Glaucoma?”; 2) “Você compreende as informações que o médico te passa?”; 3) “Você faz o tratamento corretamente? Se não, por quê?” 4) “Fale sobre os seus medos e preocupações com relação a sua doença - Glaucoma”; 5) “A doença Glaucoma mudou alguma coisa no seu dia-a-dia ou na sua vida profissional?” As respostas dos pacientes ao questionário foram analisadas com base na proposta do “Discurso do Sujeito Coletivo” (“DSC”), técnica de dupla representatividade - qualitativa e quantitativa (14). Assim, além de serem calculadas as porcentagens de respostas (levando em consideração o número de participantes), as opiniões dos pacientes foram categorizadas por conteúdo, para a construção do DSC dos diferentes grupos; Grupo 1: pacientes que têm conhecimentos sobre glaucoma; Grupo 2: pacientes com conhecimento parcial; Grupo 3: pacientes que não têm conhecimento; Grupo 4: pacientes que compreendem as informações do médico; Grupo 5: pacientes que compreendem parcialmente o que é glaucoma; Grupo 6: pacientes que não compreendem o que é glaucoma; Grupo 7: pacientes que aderem ao tratamento: Grupo 8: pacientes que não 117 aderem; Grupo 9: pacientes que têm medos ou preocupações; Grupo 10: pacientes sem medos e preocupações; Grupo 11: pacientes que sofreram influência da doença na qualidade de vida e na profissão; Grupo 12: pacientes que não sofreram. RESULTADOS Quando interrogados sobre seus conhecimentos sobre o glaucoma, 62% dos pacientes informaram ter conhecimentos sobre a doença; 22% não sabiam o que é glaucoma e 16% tinham conhecimentos parciais sobre a doença. Alguns deles afirmaram não entender as informações do médico (6%) e outros (8%) apenas entendem parte das informações oferecidas. Vinte e dois pacientes (44%) afirmaram que não têm “fantasias e medos” em relação à doença, ou porque o tratamento está dando certo (17; 34% do total) ou porque têm fé (5; 10%). Outros 2 pacientes (4%) disseram ter sentido medo no início do tratamento, mas depois se conformaram. Dos outros 43 pacientes, 24 informaram ter medo de ficarem cegos (48% do total) e 1 paciente (2%) de sentir dor. Quatorze pacientes (28%) têm dificuldades para utilizar os colírios e 6 deles não têm ninguém para auxiliá-los na administração do tratamento. Quarenta pacientes (80%) consideraram que fazem o tratamento corretamente, apesar de 12 pacientes (24% do total) relatarem efeitos colaterais incômodos. Os que não o fazem justificaram a não adesão por terem dificuldade de acesso aos remédios (50%) ou dificuldade para instilar os medicamentos (50%). Nove (18%) pacientes sofreram influência na qualidade de vida. As idéias e opiniões e os sentimentos verbalizados pelos pacientes em relação ao glaucoma estão sintetizados nos seguintes DSC: Grupo 1: pacientes que têm conhecimentos sobre glaucoma: “O glaucoma está relacionado com a pressão do olho e é preciso controlar a pressão para não perder a visão. Pressão alta no olho pode matar o nervo do olho e deixar cego. Glaucoma não tem cura e que se eu não fizer o tratamento correto posso ficar cego”. Grupo 2: pacientes com conhecimento parcial sobre glaucoma: “Só sei que esta doença deixa cego e que tenho que usar o remédio para controlar a minha pressão do olho para não perder a visão”. Grupo 3: pacientes que não têm conhecimento sobre glaucoma: “Eu não sei o que é glaucoma, só sei que é uma doença ruim que dá no olho. É por isso que eu quero ficar curado logo”. Grupo 4: pacientes que compreendem as informações do médico: “Os médicos que me atenderam são muito atenciosos, pois além de me analisar, conversaram comigo e me explicaram Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):116-9 73(2)07.pmd 117 5/5/2010, 16:48 118 Fatores relacionados à fidelidade ao tratamento do glaucoma: opiniões de pacientes de um hospital universitário tudo. Os médicos tiram todas as minhas dúvidas e eu entendo tudo o que me falam”. Grupo 5: pacientes que compreendem parcialmente as informações do médico: “Eles só me falaram que eu posso ficar cego e para usar os colírios corretamente para eu não perder a minha vista. Às vezes eles falam meio difícil e eu não entendo tudo”. Grupo 6: pacientes que não compreendem as informações do médico: “Eles não me explicam nada sobre a doença ou falam muito complicado e eu não entendo”. Grupo 7: pacientes que aderem ao tratamento: “Eu faço o tratamento corretamente e venho aos retornos porque esta doença deixa a gente cego e eu não quero não perder a minha visão. Eu valorizo muito a minha visão e mesmo quando eu não consigo ganhar os remédio, eu dou um jeito de comprar e se não consigo pingar os colírios peço ajuda”. Grupo 8: pacientes que não aderem ao tratamento: “Eu só uso o remédio quando eu ganho e muitas vezes não tem no ´Postinho´ eu não tenho dinheiro para comprar, porque é muito caro. Eu não consigo pingar sozinho e só pingo quando tenho ajuda. Outras vezes esqueço de usar os colírios ou confundo os horários e esqueço o que já usei. Grupo 9: pacientes que têm medos ou preocupações relacionados ao glaucoma: “Já ouvi falar que essa doença deixa a gente cega e eu não quero isso para mim. Perder a visão é muito triste e tenho muito medo disso. Não gosto de depender de outras pessoas. Também tenho medo de sentir dor”. Grupo 10: pacientes sem medos e preocupações relacionadas ao glaucoma: Para esse item, as falas dos pacientes foram agrupadas em três discursos: “Não estou preocupado, pois o médico e eu achamos o melhor para o tratamento, que está dando certo. Como a minha visão não piorou, estou tranquilo, pois isso quer dizer que o tratamento está correto”. “Entrego nas mãos de Deus, por que se Ele quiser eu não posso fazer nada. Mas quem tem fé em Deus não precisa temer nada. Ele sempre está comigo e me dá muita força”. “Já faz tanto tempo que tenho glaucoma que já acostumei e estou conformado”. Dos 50 pacientes entrevistados, 40 deles aderem ao tratamento do glaucoma, enquanto que 10 pacientes não o fazem corretamente. O Discurso do Sujeito Coletivo de adesão ao tratamento do glaucoma é: “... Eu sei que o glaucoma é uma doença que pode deixar a gente cega, pois se a pressão do olho estiver alta e não for controlada, o nervo do nosso olho vai morrendo e gente vai perdendo a visão e essa doença não tem cura. Por isso eu faço tratamento corretamente, pingo os colírios de maneira correta e quando tenho dificuldades peço ajuda para alguém da família. Quando eu não ganho os medicamentos, eu dou um jeito para comprar. Eu sempre vou aos retornos no hospital, pois lá o médico além de ele me analisar, ele é atencioso, conversa com a gente, explica de maneira clara e tira todas as minhas dúvidas. Eu tenho medo de ficar cego, pois é muito triste não poder ver mais as coisas do mundo, além do mais é muito difícil depender das outras pessoas para te ajudar, e como a doença do Glaucoma pode afetar a visão, eu tenho muito medo. Mas quando a gente faz o tratamento corretamente e observa que ele está dando certo, isso deixa tranquilo. Também com o tempo, a gente vai se conformando com a doença, e aprendendo a conviver com ela e, sempre pedindo a Deus muita força e que a Sua vontade seja feita”. O Discurso do Sujeito Coletivo de não-adesão ao tratamento do glaucoma: “... Eu não sei direito o que é o glaucoma, só sei que é uma doença que dá no olho. Os médicos não me explicam direito sobre a doença e também, eles falam difícil. Tenho dificuldades para pingar os colírios e não tenho ninguém para me ajudar. Às vezes eu esqueço de usar ou confundo os horários e misturo os colírios e então, não sei mais qual eu já usei. Também quando eu não ganho os medicamentos no ´Postinho´, eu não uso, porque os colírios são caros e não tenho dinheiro para comprá-los. Eu não sei se essa doença do glaucoma deixa a gente cega, mas se deixar, eu não tenho medo, porque eu entrego tudo nas mãos de Deus e se eu ficar cego, é porque Ele quis”. DISCUSSÃO Este estudo foi baseado em pesquisa qualitativa(15-16), método adequado para investigar percepções e atitudes de pacientes. Este tipo de pesquisa vem sendo utilizado, amplamente em trabalhos no campo da Oftalmologia Comunitária - quer precedendo a aplicação de métodos quantitativos quer complementando informações obtidas por estes(17-21). Algumas técnicas de interpretação dos dados obtidos, como a utilizada, Discurso do Sujeito Coletivo(14) - têm a vantagem de acrescentar, às informações qualitativas, dados de estatística descritiva. Os pacientes convidados a participar deste estudo foram colaborativos, possivelmente porque têm confiança no Serviço de Glaucoma que frequentam e porque apreciaram a oportunidade de interação verbal com um dos membros da equipe. O fato de quase 40% dos entrevistados não saberem o que é glaucoma, ou terem apenas informações parciais sobre a doença, indica a necessidade de melhorar a comunicação com os pacientes, fator indispensável em um bom relacionamento médico-paciente(22). Uma relação médico-paciente adequada, somada a intervenções focadas em mudança de atitude e em disciplina são quesitos mais eficazes para o aumento da fidelidade ao tratamento do que o aprendizado cognitivo(23). Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):116-9 73(2)07.pmd 118 5/5/2010, 16:48 Fatores relacionados à fidelidade ao tratamento do glaucoma: opiniões de pacientes de um hospital universitário A porcentagem de pacientes (20%) que declararam não aderir adequadamente ao tratamento é similar a encontrada em estudos realizados em outros serviços do país(24) e está dentro dos limites relatados por pesquisadores estrangeiros(25-26). Da mesma forma, os fatores associados a baixa fidelidade ao tratamento - falta de informação sobre a doença; dificuldade de comunicação com o médico; dificuldades na administração do tratamento; falta de recursos financeiros para adquirir medicamentos; atitudes e crenças; e efeitos colaterais das drogas não diferem substancialmente dos descritos na literatura(4-7,23). No entanto, necessitava-se de avaliar as necessidades locais, para implantar adequadamente o pretendido programa de apoio para pacientes com glaucoma e seus familiares. CONCLUSÃO Na população estudada, a maior parte dos fatores relacionados à não-adesão ao tratamento de glaucoma pode ter menor importância na progressão da doença, por meio de medidas educativas, intervenções sobre comportamentos e atitudes, melhora da relação médico-paciente e suprimento de medicamentos. ABSTRACT Purpose: Considering that noncompliance to glaucoma treatment is one of the risk factors associated with disease´s progression, the purpose of the present study was to evaluate: 1) knowledge and feelings about the disease; 2) self-reported noncompliance to treatment and related factors; and 3) influence of disease in lifestyle. Methods: Interviews, with application of a semi-structured questionnaire, of 50 patients with primary open-angle glaucoma. The analysis was performed using Lefèvre’s technique (Collective Subject Speech - CSS, qualitative/quantitative research). Results: Thirty-eight percent of patients did not consider themselves well informed about glaucoma. The percentage of patients that reported noncompliance was 20%. The main causes of noncompliance are: side effects of antiglaucomatous drugs (24%); lack of information about the disease (22%); difficulty in understanding information and communication problems with the physician (14%); difficulties in administering the eye drops (14%); poverty, with impossibility to pay for the eye drops (10%); patients´ attitudes and beliefs (10%). Eighteen percent of the participants informed that the disease affected their life quality. Conclusion: In the studied population, most of the problems related to noncompliance to glaucoma treatment pointed out different factors that may decrease with education about POAG, interventions on attitudes and behavior, improvement of doctor-patient relationship and anti-glaucoma drugs supply. Keywords: Glaucoma/drug therapy; Health knowledge, attitudes, practice; Patient compliance; Doctor-patient relations; Antihypertensive agents/therapeutic use; Ophthalmic solutions 119 REFERÊNCIAS 1. Foster A, Gilbert C, Johnson G. 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Methods: Thirteen patients (15 eyelids) with involutional entropion were evaluated while they waited for surgical intervention. The lids were repositioned by the application of octyl-2-cyanoacrylate liquid bandage in the malar fold. Patients were followed-up at days 1, 7 and 15. Assessment and duration of correction were recorded. Results: All the patients presented successful correction at day 1, with significant improvements in signs and symptoms. The mean duration of action of the octyl2-cyanoacrylate liquid bandage was three days. No ocular or dermatological reactions were noted. Conclusion: Octyl-2-cyanoacrylate liquid bandage showed to be a simple, safe and effective option to temporarily treat involutional entropion, while patients waited for surgical intervention. Keywords: Entropion/therapy; Tissue adhesives/therapeutic use; Eyelids diseases/therapy INTRODUCTION Work carried out at the Ophthalmology Department of the Federal University of São Paulo - UNIFESP. 1 2 3 Resident at the Vision Institute - UNIFESP - São Paulo (SP) - Brazil. Head of the Oculoplastic Surgery Sector, Vision Institute - UNIFESP - São Paulo (SP) - Brazil. Postgraduate student, Oculoplastic Surgery Sector, Vision Institute - UNIFESP - São Paulo (SP) - Brazil. Correspondence address: Teissy Osaki. R. Vergueiro, 2.045 - Cj. 1.009 - São Paulo (SP) CEP 04101-000 Email: [email protected] Recebido para publicação em 08.09.2009 Última versão recebida em 14.03.2010 Aprovação em 15.03.2010 Entropion is defined as an inward rotation of the eyelid margin. Four main types of entropion have been described: congenital, acute spastic, cicatricial and involutional. Involutional entropion is the most commonly encountered type of entropion. It affects the inferior eyelid and is a relatively common problem in the elderly population(1-2). Involutional entropion may occur unilaterally or bilaterally and may be obvious or subclinical at presentation. During the closure of the eyes, the lower lid margin rolls inward, causing keratopathy (keratitis, corneal deepithelialization and eventually corneal ulcers) due to the rubbing of the lashes and consequently foreign body sensation, tearing and ocular irritation(1,3). Involutional entropion is associated with several causative factors, including: (1) loss of horizontal lid support with canthal tendon laxity; (2) loss of vertical lid support with tarsal plate thinning; (3) attenuation, dehiscence, or disinsertion of the lower lid retractors; (4) orbicularis muscle dysfunction with the preseptal portion overriding the pretarsal portion and (5) enophthalmos caused by orbital fat atrophy(1-5). It was observed that tarsal plates are smaller than age-normal in involutional entropion, suggesting atrophy or shrinkage of the tarsus with age, more marked in women, which contributes to involutional entropion. This eyelid malposition can also result from the mechanical effect of an atrophied or smaller-than-age tarsal plate being overcome by the normal or increased tone of the preseptal/pretarsal orbicularis muscle(5). Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):120-4 73(2)14.pmd 120 13/5/2010, 14:59 Temporary management of involutional entropion with octyl-2-cyanoacrylate liquid bandage application Surgery remains the best option for permanent treatment of involutional entropion. There are several surgical techniques described in the literature. The technique that consists in retractors plication in tarsus gives the best results in terms of improvement of horizontal lid laxity. This technique presents a low incidence of entropion recurrence. It can be performed either cutaneously or transconjunctivally and sometimes needs to be associated with the tarsal strip technique(1-2,4,6-9). Cyanoacrylates are liquid monomers that can polymerize rapidly to form a strong adhesive (10). These polymers have been used with apparent safety and efficacy in ophthalmologic applications for more than 30 years(11). During this time, numerous reports have described their use in the cornea, sclera, eyelid skin grafts, mucous membrane grafts in socket reconstruction and daily application to treat severe blepharoptosis (12-15). This case series was designed to evaluate the use of octyl-2cyanoacrylate liquid bandage as a temporary and innovative treatment in patients awaiting surgical repair for involutional entropion. METHODS This study was approved by the Ethics Committee of the Federal University of São Paulo and follows the tenets of the Declaration of Helsinki. Signed informed consent was obtained from all patients. Thirteen consecutive patients (15 lower eyelids) with involutional entropion were evaluated from February to September 2008, while they were waiting for surgical intervention. Of these thirteen patients, eight were female. The average age was 73.6 ± 6.2 (range: 65 to 87) years old. All patients were functionally symptomatic at the time of presentation with some combination of the following: foreign body sensation, excessive tearing and ocular hyperemia. Patients with previous entropion surgery, other entropion types or any other conjunctival or skin pathology were excluded. 121 liquid bandage, blunt-tipped tweezers may be used instead of the ‘Y-shaped’ stick. After application, the liquid bandage was capable of providing a suitable eyelid position for approximately 3 days, but if necessary, it could be removed at any time with mineral oil, followed by washing the region with soap and water. Patients were directed to re-apply the product in case of adhesion breakage. During the treatment period, patients were evaluated at days 1, 7 and 15. They were questioned about ocular comfort and were examined at the slit lamp for: eyelid position (in primary position of gaze and after forced closure of the eyes); lower eyelid skin aspect (to verify if the patient did not present any kind of allergic reaction), and corneal keratopathy, using fluorescein drops. Photographs of the patients (Sony Cyber-shot DSC-TX1/H digital camera) were taken in primary position of gaze and after forced closure of the eyes before and after treatment. One of the authors (MHO) evaluated all the patients during the studied period and was also responsible for taking the photographs. Patients were advised to return at any time between the scheduled visits if they experienced any kind of local cutaneous irritation. A Procedure Octyl-2-cyanoacrylate liquid bandage (Band-Aid liquid®, Ethicon, Johnson & Johnson, New Jersey, NJ, USA) is a topical skin treatment for minor cuts and abrasions. This product creates a polymeric layer which binds to the skin. Patients underwent treatment with this product to relieve symptoms caused by involutional entropion. It was applied with a swab at the malar fold and allowed to set for 1 minute. After 1 minute, an eyelid sulcus was induced using a plastic ‘Y-shaped’ stick, resulting in shortening of the anterior lamella. This kind of stick is available in stores that feature Asian products, where it is sold with a product used by Asian women to temporarily create an upper eyelid crease. To induce a crease and temporarily reposition the lower eyelid after the application of the B Figure 1 - Patient with involutional entropion, in the right eye: A) Before the application of octyl-2-cyanoacrylate liquid bandage; B) Immediately after the application of octyl-2-cyanoacrylate liquid bandage Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):120-4 73(2)14.pmd 121 13/5/2010, 14:59 122 Temporary management of involutional entropion with octyl-2-cyanoacrylate liquid bandage application coagulation therapy, for example). In these cases, the application of the liquid bandage is also a good option for treatment. Quickert everting sutures, which plicate the attenuated lid retractors and transfer their pull to the anterior surface of the tarsal plate, are also an alternative for debilitated patients(16-18). Although it is a simple procedure, it is not as easy as the application of the liquid bandage and requires hospitalization to be performed. Taping using adhesive tapes (MicroporeTM) and its modification associated with instillation of lubricants have been the traditional management for the intervening period. However, it is neither cosmetically acceptable nor gives constant and reproducible results. Allergic reactions to the material and corneal abrasions secondary to corneal irritation from the edge of the patch limit its use(19-20). Some authors evaluated the use of botulinum toxin as a temporary treatment in patients awaiting surgical repair for involutional entropion and observed improvements in signs and symptoms(21). However, the botulinum toxin is an expensive product and its application has to be performed by an ophthalmologist, as opposed to the liquid bandage, which application can be performed by any person. The use of a cyanoacrylate glue using a blunt 20-G cannula to temporarily manage involutional entropion was described. However, the kind of cyanoacrylate is not described and the technique described to apply the product requires a physician or at least a technician, as opposed to the liquid bandage(20). RESULTS All patients presented successful correction at day 1 and reported significant improvements in signs and symptoms (Figures 1, 2 and 3). One patient reported early adhesion breakage (in the second day), probably due to excessive manipulation of the lower eyelid region. All patients returned in the scheduled dates and the average duration of action of the octyl-2-cyanoacrylate liquid bandage reported by the patients was 3.1 ± 0.9 (range: 2 to 5) days. No ocular or dermatological reactions were noted and the patients were satisfied with the temporary results. No patient reported ocular discomfort or lagophthalmos after the product application. DISCUSSION Involutional entropion affects elderly patients preferentially, who often experience many medical and social problems(9). Therefore, until these patients are clinically stabilized such that they are able to undergo a surgical procedure, the application of octyl-2-cyanoacrylate liquid bandage offers temporary correction of eyelid position and relief of symptoms. In addition, for some patients, surgery is contraindicated if they do not present the required clinical conditions to be subjected to a surgical procedure (patients who cannot stop anti- A B C D Figure 2 - Patient with involutional entropion in the left eye. A) In primary position of gaze before the application of octyl-2-cyanoacrylate liquid bandage; B) In upgaze position before the application of octyl-2-cyanoacrylate liquid bandage; C) In primary position of gaze after the application of octyl-2-cyanoacrylate liquid bandage; D) In upgaze position after the application of octyl-2-cyanoacrylate liquid bandage. Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):120-4 73(2)14.pmd 122 13/5/2010, 14:59 Temporary management of involutional entropion with octyl-2-cyanoacrylate liquid bandage application 123 tratamento temporário em pacientes com entrópio involucional, enquanto aguardam cirurgia. Métodos: Foram avaliados treze pacientes (15 pálpebras) com entrópio involucional enquanto aguardavam tratamento cirúrgico definitivo. As pálpebras foram reposicionadas através da aplicação de octil-2-cianoacrilato na prega malar. Os pacientes foram avaliados nos dias 1, 7 e 15. Foram descritos os resultados e duração da aplicação. Resultados: Todos os pacientes apresentaram melhora satisfatória da posição palpebral no dia 1, com melhora significativa dos sinais e sintomas. A média de duração da ação do octil-2-cianoacrilato foi de três dias. Não foram observadas reações dermatológicas ou oculares. Conclusão: Octil-2-cianoacrilato mostrou-se como uma alternativa simples, segura e eficaz para o tratamento temporário do entrópio involucional, enquanto os pacientes aguardavam a realização do tratamento cirúrgico. A Descritores: Entrópio/terapia; Adesivos teciduais/uso terapêutico; Doenças palpebrais/terapia REFERENCES B Figure 3 - Patient with involutional entropion, in the both eyes: A) Before the application of octyl-2-cyanoacrylate liquid bandage; B) Immediately after the application of octyl-2-cyanoacrylate liquid bandage Octyl-2-cyanoacrylate liquid bandage has the advantage that it can be applied by the patient him/herself or by the person who takes care of him/her (in case of debilitated patients) and is a very simple procedure. They only have to be warned not to get glue in the eye or on the eyelash. In addition, it not only restores normal lid function, but also provides an excellent cosmetic outcome with practically no complications, as the product is hypoallergenic. Also, if necessary, it can be easily removed at any time with mineral oil. CONCLUSIONS Octyl-2-cyanoacrylate showed promising results as an innovative, easy-to-apply and effective alternative to temporarily treat involutional entropion patients, while they are waiting for definitive surgical repair (sometimes it may take up to weeks). It is a safe, non-allergenic and economic product that can be recommended to these patients. RESUMO Objetivo: Avaliar o uso de octil-2-cianoacrilato (Band-Aid liquid®, Ethicon, Johnson & Johnson, New Jersey, EUA) como 1. Erb MH, Uzcategui N, Dresner S. Efficacy and complications of the transconjunctival entropion repair for lower eyelid involutional entropion. Ophthalmology. 2006;113(12):2351-6. 2. Altieri M, Iester M, Harman F, Bertagno R, Capris P, Venzano D, et al. Comparison of three techniques for repair of involutional lower lid entropion: a three year follow-up study. Ophthalmologica. 2003;217(4):265-72. 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Methods: Three samples from the inferior conjunctival fornix of the eye to be operated were obtained at baseline before washing (T0) with 10 ml 5% povidone-iodine solution, immediately after washing (T1), and upon completion of surgery (T2). Bacteria from the samples were inoculated in blood agar, chocolate agar, and thioglycolate broth. Results: A total of 221 patients (n=224 eyes) with a mean age of 67 ± 13 years were included in the study. Bacteria from the (T0) samples were successfully grown in 73.2% of the thioglycolate agars, 21.0% of the blood agars, and 19.2% of the chocolate agars. Compared with T1 samples, the use of povidone-iodine wash translated into a 60.8% reduction (from 73.2% to 12.5%) in colonization of the conjunctiva (p<0.001), while no significant difference was found between the T1 and T2 samples. Conclusion: Conjunctival irrigation with a 5% povidone-iodine solution effectively reduces conjunctival flora and is therefore strongly recommended as a means of preventing postsurgical endophthalmitis following cataract surgery. Keywords: Endophthalmitis/prevention & control; Cataract extraction; Povidone-iodine; Anti-bacterial agents; Anterior eye segment; Conjunctiva/microbiology; Preoperative care INTRODUCTION Trabalho realizado em Assunção - Paraguai. 1 2 3 4 5 6 7 8 Fundacion Vision e Central Hospital of the Instituto de Previsión Social. Asunción (Paraguay). Fundacion Vision. Hugo Nano Foundation e Vision 2020 Latinamerica. Buenos Aires (Argentina). Sciences Health Research Institute, National University of Asuncion. Asunción (Paraguay). Sciences Health Research Institute, National University of Asuncion. Asunción (Paraguay). Sciences Health Research Institute, National University of Asuncion. Asunción (Paraguay). Department of Ophthalmology, Ludwig-Maximilians University - Munich (Germany). Fundacion Vision. Asunción (Paraguay). Fundacion Vision. Asunción (Paraguay). Correspondence address: Lorena Quiroga. M. R. Alonso 1626. Sajonia - Asunción - Paraguay E-mail: [email protected] Recebido para publicação em 29.01.2009 Última versão recebida em 19.01.2010 Aprovação em 04.02.2010 Cataract surgery is one of the most common ophthalmologic procedures, and endophthalmitis, although rare, is one of its most devastating complications. The incidence of this complication has been reported between 0.082% and 0.16% in 41,654 eyes operated on for cataract over a 10-year period(1-2). It has been shown that organisms isolated from the vitreous of patients with postsurgical endophthalmitis are genetically indistinguishable from those found on the eyelids, conjunctiva, or the nose(3). For example, in the Endophthalmitis Vitrectomy Study, 68% of cultures grown from 105 patients with postsurgical endophthalmitis yielded intraocular microorganisms indistinguishable from those of the eyelid(4). Moreover, the conjunctival flora consists of the same organisms that most often cause postsurgical endophthalmitis. In one study of 300 patients of all ages it was found that the conjunctiva was colonized in 48.4% of the persons tested, predominantly (96%) by Gram-positive organisms. Of these, 67% were Staphylococcus, almost 20% were Corynebacterium, and 9% were Strep- Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):125-8 73(2)06.pmd 125 5/5/2010, 16:51 126 A prospective study demonstrating the effect of 5% povidone-iodine application for anterior segment intraocular surgery in Paraguay tococcus(5). In another investigation carried out at the Wills Eye Hospital, cultures of the vitreous from 497 patients with postsurgical endophthalmitis were studied over a period of 11 years (from 1989-2000). Of the positive cultures grown in the last 5 years, 95% were Gram-positive bacteria, 56% were coagulase-negative Staphylococcus (Staphylococcus epidermidis 91%), and 13% were Staphylococcus aureus(6). One of the objectives of prophylaxis against postsurgical endophthalmitis is to reduce the quantity of bacteria on the eyelid and conjunctiva, since it is thought that the majority of causative microorganisms originate there. Povidone-iodine solution is a fast, effective, low-cost disinfectant that attacks a great variety of bacteria, fungi, protozoa, and viruses. Its mechanism of action is the release of free iodine that bonds with essential enzymes and cytoplasmic proteins. The use of 10% povidone-iodine solution for prophylaxis against endophthalmitis in cataract surgery is performed by applying the solution to the operative field, including the eyelids, eyelashes, and periocular area, followed by washing of the tarsal and bulbar conjunctiva with 10 ml of 5% povidone-iodine solution; the wiping action itself seems to remove some bacteria(7-8). The objective of this study was to determine the composition of conjunctival flora in cataract surgery patients and the effect on that flora of presurgical irrigation with povidoneiodine solution. METHODS Patients of all ages who had undergone extracapsular cataract surgery in our department between November 2005 and July 2006 were included in the study. Study variables included demographic data (age, gender, place of origin), growth of cultures in the growth media, the most common bacteria, the presence of surgical complications, the length of surgery, and local or systemic risk factors for endophthalmitis. Three samples were taken from the inferior conjunctival fornix of the eye to be operated on using moistened cotton swabs. The first sample (T0) was taken at the day of surgery before the application of any antibiotic or antiseptic, and was considered the control sample. The second sample (T1) was taken after disinfecting the operative field with 10% povidone-iodine (eyelids, periorbital and hemifacial skin), and 30 seconds after conjunctival washing with 10 ml of 5% povidone-iodine using a 10 ml syringe without cannula (5 ml in the superior conjunctival fornix and 5 ml in the inferior conjunctival fornix). The third and final sample (T2) was taken after surgery was completed but before administration of any subconjunctival antibiotic. The control sample (T0) was taken by the same observer who performed the cultures throughout the study. The irrigation of the conjunctival fornix was accomplished prior to the blepharostat placement by the operating surgeon, who took samples T1 and T2 under biochemist supervision. Each sample was grown in 3 different culture media: a 5% blood agar plate (BAP) and a chocolate agar (CHOC) plate under aerobic microaerophilic conditions, and another chocolate agar plate under anaerobic conditions (ANA). After swabbing these plates, the swabs were then placed in a thioglycolate (THIO) broth. The BAP, CHOC, and ANA plates were observed for 3 days; the thioglycolate medium was observed for 5 days. All culture media were incubated at 35°C. The date on which bacterial growth was observed was recorded, and the colonies in the culture dishes were counted. Biochemical identification of the isolates was carried out using classic methods. Data were recorded on an Excel 6.0 electronic spreadsheet and later analyzed using the EPI INFO 2004 statistical package. The chi-square test was used to determine if a significant reduction of microbial contamination occurred after antiseptic washing (a p value <0.05). RESULTS The study included 221 patients (224 eyes, with samples taken from both eyes for three patients) with a mean age of 67 ± 13 years, with 58% (n=127 patients) being female and 42% (n=94) male, and 46.9% from rural areas and 52.7% from urban areas. The percentage of bacterial growth in the conjunctiva before presurgical irrigation with povidone-iodine (T 0) was 73.2% in thioglycolate, 21.0% in blood agar, and 19.2% in chocolate agar. Following irrigation with povidone-iodine (T1), and following surgery (T2), the percentage of bacterial growth fell considerably (Figure 1). In the T0 samples, the conjunctival flora comprised coagulase-negative Staphylococcus (CoNS) in 105 out of 164 cultures (64.0%) and Staphylococcus aureus (SA) in 34 out of 164 cultures (20.7%), while Streptococcus viridans, Enterococcus, and Corynebacterium were observed at 6.7%, 5.4%, and 4.2%, of 164 cultures, respectively (Table 1). The number of samples in which multiple species were identified from the cultures was 23, 3, and 1 for the time periods T0, T1, and T2, respectively. Comparing the bacterial growth in thioglycolate between T0 and T1, the use of povidone-iodine wash translated into a reduction from 73.2% to 12.5% in colonization of the conjunctiva (p<0.001), while no significant difference was found between the T1 and T2 samples. DISCUSSION It is believed that the principal sources of bacteria causing endophthalmitis following cataract surgery are the eyelids and the conjunctiva(2). To our knowledge, no well-executed prospective studies have been performed in Paraguay regarding this complication. One preventative measure that can be taken is to reduce as much as possible the quantity of conjunctival bacteria on the eyelid prior to surgery. In some countries the use of antibiotics for that purpose has become generalized. In our depart- Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):125-8 73(2)06.pmd 126 5/5/2010, 16:51 A prospective study demonstrating the effect of 5% povidone-iodine application for anterior segment intraocular surgery in Paraguay T0= prior to povidone-iodine wash; T1= immediately after povidone-iodine wash; T2= after surgery; BAP= blood agar; CHOC= chocolate agar; THIO= thioglycolate; ANA= agar chocolate under anaerobic conditions. Figure 1 - Percentage of positive cultures in the various media for each of 3 sampling times ment that practice is not routinely recommended, which is why our results are not confounded by antibiotic use. The percentage of positive cultures obtained from thioglycolate broth found prior to application of the povidoneiodine (T0) was 73.2%, a figure similar to that determined by studies in other countries(7-9). Coagulase-negative Staphylo- 127 cocci (64% of positive cultures; 46.9% of eyes) were the most commonly isolated bacteria, although this figure is notably less than that reported in other countries (approximately 75%)(9-10). Staphylococcus aureus, one of the principal microorganisms causing postsurgical endophthalmitis, was isolated in the study from 15.2% of eyes, a finding worth noting because its literature prevalence is usually reported as less than 5%(7,9-10). Perhaps the difference is due to the high prevalence of staphylococcal blepharitis observed in older patients in our setting and frequently inadequate patient compliance with treatment. Of all measures intended to reduce the risk of endophthalmitis, the most strongly recommended is the presurgical application of 5% povidone-iodine to the conjunctival fornices because of the significance of the results obtained(11). For example, some authors found a 91% reduction in the number of colonies and a 50% reduction in the number of bacterial species when 30 eyes were treated(12). A United Kingdom study of 100 patients, which compared the effects of 1% and 5% povidone-iodine solutions, demonstrated that irrigation with the 5% solution led to a 60% reduction in colony forming units, compared to a 16.7% reduction using the 1% solution. This result was significant (p<0.05), and the difference more evident when the initial bacterial load was higher(13). In our study, irrigation of the conjunctival fornices with 5% povidone-iodine achieved a major reduction (60.8%) in conjunctival flora. This result supports its use in the prevention of postsurgical endophthalmitis. Table 1. Microorganisms (species and number of cultures identified in each instance) isolated from the positive thioglycolate cultures at the 3 sampling times for the 224 samples. Percentages are based on the number of positive cultures for each sampling time (N=164 for T0; N=28 for T1; and N=29 for T 2) and therefore do not add up to 100% Microorganisms T0 Coagulase negative Staphylococcus Staphylococcus aureus Streptococcus viridans Enterococcus spp. Corynebacterium spp. Enterobacter aerogenes Bacillus spp. Proteus vulgaris Pseudomonas stutzeri Citrobacter koseri E. coli Acinetobacter spp. Enterobacter agglomerans Enterobacter cloacae Klebsiella spp. Propionibacterium acnes Proteus mirabilis Pseudomonas aeruginosa Streptococcus spp. Count of microorganisms isolated from all thioglycolate cultures N 105 34 11 9 7 3 3 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 188 T1 % 64.0 20.7 6.7 5.4 4.2 1.8 1.8 1.2 1.2 1.2 1.2 0.6 0.6 0.6 0.6 0.6 0.6 0.6 0.6 N 16 8 … 2 2 … … … … … 1 … … … … … … … … 29 T2 % 57 29 … 7 7 … … … … … 4 … … … … … … … … N 16 9 … 1 … … 4 … … … 1 … … … … … … … … 31 % 55 31 … 3 … … 14 … … … 3 … … … … … … … … T0= prior to povidone-iodine wash; T1= immediately after povidone-iodine wash; T2= after surgery Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):125-8 73(2)06.pmd 127 5/5/2010, 16:51 128 A prospective study demonstrating the effect of 5% povidone-iodine application for anterior segment intraocular surgery in Paraguay In Paraguay, povidone-iodine is easy to acquire and apply, and is affordable, making it an ideal prophylactic against postsurgical endophthalmitis. No adverse reactions related to allergies or defects in the surface of the eye have been reported. Endothelial damage due to povidone-iodine has been described in experiments with rabbits(14); however, neither this study nor any others(15) have reported any case of the solution coming into contact with the corneal endothelium of a patient. On the other hand, because there were still a considerable number of positive cultures (12.9%) from postsurgery patients in spite of the use of povidone-iodine, it is obvious that methods should be sought to further reduce conjunctival flora. It would also be useful to investigate the susceptibility of the organisms detected to available antibiotics to determine the potential risk they represent. The study employed a relatively large number of patients and utilized rigorous sampling and culture methodologies carried out by a single person, thereby making the results comparable and reproducible. CONCLUSIONS The study shows the usefulness of conjunctival washing with 5% povidone-iodine solution without antibiotic prophylaxis in reducing conjunctival flora and presumed reduction of postsurgical endophthalmitis following cataract surgery. The obtained results support the recommendation for practice to be used routinely in ophthalmologic surgery due to its antiseptic effectiveness, affordability, and ease of acquisition. RESUMEN Objetivo: Determinar la flora bacteriana de la conjuntiva en los pacientes a ser sometidos a cirugía de catarata y el efecto del lavado prequirúrgico con yodo povidona al 5% sobre dichos microorganismos. Métodos: Se tomaron 3 muestras del fondo de saco conjuntival del ojo a ser operado de catarata antes (T0) de la irrigación de la conjuntiva con 10 ml de yodo povidona al 5%, como control, inmediatamente después (T1) y al término de la cirugía (T2). Se realizaron cultivos en agar sangre, agar chocolate y en caldo de tioglicolato. Resultados: Se incluyeron en el estudio 221 pacientes (n=24 ojos) con un promedio de edad de 67 ± 13 años. El porcentaje de crecimiento bacteriano en (T0) fue de 73,2% en tioglicolato, 21% en agar sangre y 19,2 % en agar chocolate. Al compararlo con (T1) el efecto de la yodo povidona se tradujo en una reducción del 60,8% (de 73,2% a 12,5%) en la colonización conjuntival (p<0.001). Entre las muestras de los tiempos T1 y T2 no hubo diferencia significativa en cuanto al crecimiento bacteriano. Conclusión: El lavado conjuntival con yodo povidona al 5% reduce de forma efectiva la flora conjuntival por lo cual se recomienda fuertemente como método preoperatorio, como una de las medidas preventivas de la endoftalmitis posquirúrgica en cirugías de catarata. Descriptors: Endoftalmitis, prevención & control; Extracción de catarata; Povidona yodada; Agentes antibacterianos; Segmento anterior del ojo; Conjuntiva/microbiología; Cuidados preoperatorios REFERENCES 1. 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Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):125-8 73(2)06.pmd 128 5/5/2010, 16:51 Avaliação da acuidade visual e da pressão intraocular no tratamento do edema macular diabético com triancinolona intravítrea Study of visual acuity and intraocular pressure in the treatment of macular diabetic edema with intravitreous triamcinolone Marcussi Palata Rezende1 Alana Ferreira Gomes Dias2 Akiyoshi Oshima3 Eric Pinheiro de Andrade4 Pedro Durães Serracarbassa5 Trabalho realizado no Setor de Retina e Vítreo do Departamento de Oftalmologia do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo - HSPE/IAMSPE - São Paulo (SP) - Brasil. 1 2 3 4 5 Pós-graduando nível mestrado do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo - HSPE - São Paulo (SP) - Brasil. Pós-graduanda nível mestrado do HSPE - São Paulo (SP) - Brasil. Doutor em Oftalmologia pela Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP - São Paulo (SP) - Brasil. Chefe do Serviço de Retina e Vítreo do HSPE São Paulo (SP) Brasil. Chefe do Serviço de Neuroftalmologia do HSPE - São Paulo (SP) - Brasil. Doutor em Medicina pela Universidade de São Paulo USP - São Paulo (SP) - Brasil; Médico Assistente do Serviço de Retina e Vítreo do HSPE São Paulo (SP) Brasil. Endereço para correspondência: Marcussi Palata Rezende. Secretaria de Oftalmologia do HSPE/IAMSPE. Rua Borges Lagoa, 1.755 - 3º andar - sala 305 - São Paulo (SP) CEP 04038-034 E-mail: [email protected] Recebido para publicação em 06.11.2008 Última versão recebida em 25.01.2010 Aprovação em 09.02.2010 Nota Editorial: Depois de concluída a análise do artigo sob sigilo editorial e com a anuência dos Drs. João Borges Fortes Filho e João J. Nassaralla Jr. sobre a divulgação de seus nomes como revisores, agradecemos suas participações neste processo. RESUMO Objetivos: Avaliar os efeitos do acetato de triancinolona intravítreo em pacientes com edema macular diabético difuso na acuidade visual e pressão intraocular. Relatar os possíveis efeitos adversos e analisar a possível relação da idade dos pacientes com as variações da acuidade visual e pressão intraocular. Métodos: O ensaio clínico controlado incluiu 14 pacientes (28 olhos), sendo que 14 olhos receberam injeção de 4 mg de acetato de triancinolona intravítreo para o tratamento de edema macular diabético difuso. O grupo tratado foi comparado a um grupo controle de 14 olhos sem edema macular diabético difuso. O tempo de seguimento foi de três meses. Resultados: Os picos de pressão intraocular >21 mmHg ocorreram em 28,57%, com diferença significante entre a pressão intraocular do grupo tratado com o grupo controle na primeira semana após o tratamento. A acuidade visual mostrou uma significativa melhora quando comparada com o grupo controle desde o segundo dia após o tratamento. Não houve associação entre a idade com as variações da acuidade visual e a pressão intraocular. Conclusão: O acetato de triancinolona intravítreo mostrou-se ser eficiente para melhorar a acuidade visual em pacientes com edema macular diabético difuso, nos primeiros três meses de tratamento. A incidência de hipertensão intraocular foi de 28,57%, podendo ser caracterizada como de fácil controle. Descritores: Acetato de triancinolona/uso terapêutico; Retinopatia diabética; Edema macular/efeito de drogas; Pressão intraocular; Hipertensão ocular; Acuidade visual INTRODUÇÃO A retinopatia diabética (RD) é caracterizada por microangiopatia retiniana secundária à quebra da barreira hematorretiniana que determina alterações típicas com aspectos tanto de oclusão quanto de extravasamento microvascular e com a consequente formação de “shunts” arteriovenosos e neovascularização(1-2). Na fisiopatologia do edema macular diabético (EMD) ocorre a perda de pericitos, a formação de microaneurismas, o espessamento da membrana basal, a oclusão focal dos capilares e a quebra na barreira retiniana interna, ocasionando aumento da permeabilidade vascular(3). Nos pacientes com RD a causa mais comum de baixa de acuidade visual classifica-se em: a) edema macular diabético focal, em que se observa edema retiniano focal, Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):129-34 73(2)08.pmd 129 5/5/2010, 16:53 130 Avaliação da acuidade visual e da pressão intraocular no tratamento do edema macular diabético com triancinolona intravítrea proveniente dos microaneurismas, com presença comum dos exsudatos duros; b) edema macular diabético difuso (EMDD), que representa uma falência generalizada da barreira hematorretiniana interna, havendo vazamento difuso de microaneurismas, capilares e anomalias microvasculares intrarretinianas (IRMA)(4-6). Seus principais fatores de risco são: hiperglicemia, hipertensão arterial sistêmica, hiperlipedemia, duração do diabetes, gravidez e intervenção oftalmológica como panfotocoagulação retiniana e facectomia(3). Como a literatura mostra que o laser convencional não resulta em melhora significativa em pacientes com edema macular grave, novos métodos terapêuticos têm sido empregados(3). O acetato de triancinolona (AT) tem sido usado como tratamento primário ou adjunto para o EMDD, mostrando resultados promissores com poucas complicações(3,7-9). Os objetivos deste trabalho são: a) avaliar a pressão intraocular (PIO) e a acuidade visual (AV) de pacientes normotensos oculares com EMDD submetidos à injeção de acetato de triancinolona intravítreo (ATIV), por um período de três meses; b) relatar as possíveis complicações do uso desse medicamento e c) analisar a correlação da idade com as variações da acuidade visual e pressão intraocular durante o tratamento. MÉTODOS Foi realizado um ensaio clínico controlado no Setor de Retina do Departamento de Oftalmologia do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo, no período de fevereiro de 2007 a julho de 2007. O tempo de seguimento foi estabelecido em três meses. No estudo se incluíram 28 olhos de 14 pacientes, em que apenas um dos olhos apresentavam EMDD. Os olhos foram divididos em dois grupos: 1) grupo tratado: formados por pacientes que apresentavam EMDD e receberam tratamento com ATIV; 2) grupo-controle: formado por pacientes cujo olho contralateral não apresentava EMDD. O protocolo de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo, e todos os pacientes assinaram termo de consentimento livre esclarecido. Os critérios de inclusão do paciente foram: a) ser portador de EMDD, com ou sem tratamento prévio realizado com fotocoagulação a laser; b) apresentar diminuição da acuidade visual; c) ter PIO normal; d) mostrar-se colaborativo; e) assinar termo de consentimento livre esclarecido; f) não ser portador de nenhuma outra doença retiniana. Os critérios de exclusão foram: a) ser portador de edema macular de outra etiologia; b) apresentar EMDD em ambos os olhos c) ter recebido previamente injeção de ATIV; d) possuir olho único; e) ser portador de glaucoma ou hipertensão intraocular (PIO maior que 21 mmHg); f) ter sido submetido a uma cirurgia vitreorretiniana; g) apresentar lesão retiniana predisponente para descolamento de retina. A injeção de ATIV foi realizada no centro cirúrgico seguindo o seguinte protocolo: instilou-se colírio anestésico e iodo- povidona a 5% no saco conjuntival; colocou-se bolsa de mercúrio para descompressão ocular; após dez minutos, os cílios foram isolados com campo cirúrgico de plástico e blefarostato, para então ser injetado AT sem conservante 0,1 ml (4 mg) intravítreo, via pars plana, com agulha 25 gauge a 4,00 mm do limbo em pacientes fácicos e a 3,50 mm do limbo em pseudofácicos. Caso se constatasse aumento da PIO, pela tonometria oculodigital, ou diminuição da perfusão retiniana, observada através da oftalmoscopia binocular indireta, a paracentese seria indicada. Após o procedimento foi utilizado colírio de antibiótico (tobramicina 0,3%) de quatro em quatro horas durante cinco dias, para prevenção de infecção ocular. Pacientes com hipertensão intraocular (HIO) receberam tratamento com colírio hipotensor. Os pacientes responderam um questionário em que constavam perguntas sobre sexo, idade, antecedentes pessoais, uso de medicação, tratamento ocular prévio, sintomas (sensação de corpo estranho) e avaliação subjetiva da acuidade visual (AV) durante o decorrer do seguimento. Foram realizados cinco consultas nos três meses de acompanhamento. Na primeira consulta (dia 1), procedeu-se ao exame momentos antes de o paciente receber o tratamento (“baseline”); a segunda consulta (dia 2), foi realizada no dia seguinte ao tratamento; a terceira consulta (1ª semana), ocorreu uma semana após o tratamento; a quarta consulta (1º mês), foi feita um mês após o tratamento, e a quinta consulta (3 meses), se deu três meses após o tratamento. Em todas as consultas, os pacientes foram submetidos a exames de AV corrigida, biomicroscopia, tonometria de aplanação, fundoscopia e retinografia. A AV foi convertida do padrão da tabela de Snellen para logMAR. Para comparar se há alteração nas medidas de PIO e AV entre o grupo tratado e o controle ao longo do tratamento foram realizadas análises de variâncias. Após as análises, os valores foram comparados entre os grupos em cada momento, bem como nos mesmo grupo, nos diversos momentos, com uso de comparações múltiplas de Tukey. Verificou-se a relação entre a variação sofrida na AV e na PIO com a idade dos pacientes com uso de correlações de Pearson. Os testes foram realizados com significância de 5% (p<0,05). O programa utilizado foi SPSS 15.0. RESULTADOS A média de idade dos pacientes variou de 53 a 81 (média de 65,86 ± 10,95 anos), sendo que a grande maioria dos pacientes (92,85%) já havia realizado tratamento prévio com fotocoagulação a laser para tratamento do EMDD. Como se pode observar na tabela 1, 79% dos pacientes eram do sexo feminino, tendo o olho direito 64% da medição recebida. A maioria dos pacientes relatou melhora da AV a partir do segundo dia e sensação de corpo estranho apenas até a primeira semana. Em todos os pacientes se colocou bolsa de mercúrio no olho que iria receber a injeção de ATIV e em nenhum deles foi necessário realizar paracentese. Durante o seguimento não foi Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):129-34 73(2)08.pmd 130 5/5/2010, 16:53 Avaliação da acuidade visual e da pressão intraocular no tratamento do edema macular diabético com triancinolona intravítrea observado progressão da catarata, endoftalmite infecciosa ou não, descolamento de retina e catarata traumática. A principal complicação observada foi HIO, sendo o maior pico pressórico de 28 mmHg. Quatro pacientes (28,57%) apresentaram PIO maior que 21 mmHg, na primeira semana após a injeção de ATIV. Todos receberam colírio hipotensor (maleato de timolol 0,5%, uma gota de 12 em 12 horas) até o primeiro mês após o procedimento, com retorno pressórico inferior a 21 mmHg, quando então foi retirado o medicamento. Nenhum dos pacientes foi submetido à cirurgia filtrante. A tabela 2 mostra as médias e desvios-padrões da PIO por olho e o tempo de acompanhamento. A média com maior valor da PIO ocorre na primeira semana (19,21 ± 4,48), enquanto no grupo controle não se observou o mesmo. A PIO média no grupo tratado foi superior na primeira semana com relação ao dia 1 (p=0,002) e também é superior ao grupo-controle na primeira semana (p=0,006). Assim, ao compararmos as médias da PIO do grupo tratado ao longo do estudo com a PIO inicial, observa-se uma diferença significativa somente na primeira semana após o tratamento. Quando se comparou a PIO do grupo tratado com a do grupo-controle, houve diferença somente na primeira semana após o tratamento. Para o restante dos momentos, em que foram feitas as aferições não se observou diferença (Tabela 3). O gráfico 1 mostra que a PIO média no grupo tratado aumentou até a primeira semana, havendo então diminuição e aproximando-se dos valores do grupo-controle. A média da AV antes do procedimento foi de 1,55 ± 0,91 para o grupo tratado e de 0,96 ± 0,67 para o grupo-controle. Após três meses de tratamento, observou-se uma média da AV de 0,99 ± 0,47 no grupo tratado e de 0,86 ± 0,60 no grupo não tratado. A tabela 2 mostra as médias da AV no grupo tratado e no grupo-controle ao longo do estudo. A AV no grupo tratado foi em média estatisticamente melhor que o dia 1 já na primeira semana de tratamento e continuou a melhorar até três meses de tratamento (p<0,05). No dia 2, a AV dos grupos tratado e não tratado se iguala em média (p>0,05), sendo estatisticamente pior no olho tratado apenas no dia 1 (p<0,001). Assim ao comparar as médias da AV do grupo tratado ao longo do estudo com a AV inicial, observa-se uma diferença estatisticamente significativa da AV na primeira semana, com um mês e com três meses. Quando se comparou a AV do grupo tratado com o grupo-controle, houve diferença entre eles no dia 1, com diminuição do valor de p entre os grupos nos demais dias de acompanhamento (Tabela 3). O gráfico 2 mostra que há uma significante diferença entre os valores da AV entre o grupo tratado e o controle antes de re- Tabela 1. Descrição das características dos pacientes quanto ao sexo, olho direito ou esquerdo submetido ao tratamento, necessidade de colírio hipotensor, medida subjetiva da melhora da acuidade visual e sensação de corpo estranho Variável Frequência Sexo Feminino 11 Masculino 3 Olho Direito 9 Esquerdo 5 Necessidade de colírio hipotensor 4 Melhora da AV Dia 2 12 1a semana 11 1º mês 9 3 meses 12 Sensação de corpo estranho Dia 2 4 1a semana 2 1º mês 0 3 meses 0 131 Porcentual (%) 78,6 21,4 64,3 35,7 28,5 85,7 78,6 64,3 85,7 28,6 14,3 0,0 0,0 Dia 2 = primeiro dia após receber o tratamento de acetato de triancinolona intravítreo; 1ª semana= uma semana após receber o tratamento de ATIV; 1º mês= 1 mês após receber o tratamento de ATIV; 3 meses= três meses após receber o tratamento de ATIV Tabela 2 . Descrição da média e desvio-padrão da PIO e AV no grupo tratado e grupo-controle nos diversos momentos do acompanhamento ao longo de três meses GT Variável PIO AV Momento Dia 1 Dia 2 1a semana 1º mês 3 meses Dia 1 Dia 2 1a semana 1º mês 3 meses Média 15,43 17,00 19,21 15,93 15,64 1,55 1,19 1,09 1,02 0,99 GC DP 2,14 2,96 4,48 2,76 2,21 0,91 0,55 0,54 0,48 0,47 Média 15,64 15,50 15,79 15,14 15,00 0,96 0,94 0,88 0,87 0,86 DP 1,86 2,35 2,94 2,66 2,08 0,67 0,70 0,62 0,60 0,60 PIO= pressão intraocular; AV= acuidade visual; DP= desvio-padrão; GT= grupo tratado; GC= grupo-controle; Dia 1= dia em que o paciente recebe o tratamento de ATIV; Dia 2= primeiro dia após receber o tratamento de ATIV; 1a semana= uma semana após receber o tratamento de ATIV; 1° mês= um mês após receber o tratamento de ATIV; 3 meses= três meses após receber o tratamento de ATIV Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):129-34 73(2)08.pmd 131 5/5/2010, 16:53 132 Avaliação da acuidade visual e da pressão intraocular no tratamento do edema macular diabético com triancinolona intravítrea Tabela 3. Comparações múltiplas da PIO e da AV entre olhos e entre os momentos do acompanhamento ao longo de três meses Variável Fator GT Comparação Dia 1 - Dia 2 Dia 1 - 1ª semana Dia 1 - 1º mês Dia 1 - 3 meses Dia 1 - Dia 2 Dia 1 - 1a semana Dia 1 - 1º mês Dia 1 - 3 meses G T - GC G T - GC G T - GC G T - GC G T - GC Dia 1 - Dia 2 Dia 1 - 1ª semana Dia 1 - 1º mês Dia 1 - 3 meses Dia 1 - Dia 2 Dia 1 - 1ª semana Dia 1 - 1º mês Dia 1 - 3 meses G T - GC G T - GC G T - GC G T - GC G T - GC GC PIO Dia 1 Dia 2 1ª semana 1º mês 3 meses GT AV GC Dia 1 Dia 2 1ª semana 1º mês 3 meses p 0,691 0,002 >0,999 >0,999 >0,999 >0,999 >0,999 0,999 >0,999 0,744 0,006 0,995 0,999 0,072 0,007 0,001 <0,001 >0,999 >0,999 0,998 0,996 <0,001 0,472 0,722 0,947 0,972 PIO= pressão intraocular; Dia 1= dia em que o paciente recebe o tratamento de ATIV; Dia 2= primeiro dia após receber o tratamento de ATIV; 1ª semana= uma semana após receber o tratamento de ATIV; 1º mês= um mês após receber o tratamento de ATIV; 3 meses= três meses após receber o tratamento de ATIV Gráfico 1 - Variação da média da PIO durante o seguimento de três meses nos grupo tratado e no grupo-controle PIO = pressão intraocular; AV= acuidade visual; GT = grupo tratado; GC= grupocontrole; Dia 1= dia em que o paciente recebe o tratamento de ATIV; Dia 2= um dia após receber o tratamento de ATIV; 1a semana= uma semana após receber o tratamento de ATIV; 1º mês= primeiro mês após receber o tratamento de ATIV; 3 meses= três meses após receber o tratamento de ATIV ceber o tratamento, diferença esta que vai diminuindo ao longo do estudo. Assim se observou uma melhora da AV no grupo tratado, que tende a se aproximar dos valores da AV do grupo-controle já na primeira semana de tratamento. Os gráficos 1 e 2 mostram que o comportamento da PIO e da AV (ANOVA) não são os mesmos ao longo do acompanhamento para os dois grupos (p=0,043 e p=0,040, respectivamente). No presente estudo não existiu correlação estatisticamente significativa entre a idade e as variações sofridas na PIO e AV (p>0,05), como mostra a tabela 4. DISCUSSÃO Os estudos em animais têm mostrado que a injeção de ATIV estabiliza a barreira hematorretiniana e diminui a fisiopatologia da retinopatia proliferativa(7,10). O AT age diminuindo os mediadores da inflamação, como as prostaglandinas e as interleucinas, responsáveis pela gênese do edema macular(3,7,11). Elas bloqueiam a produção do fator de crescimento endotelial, responsável pela neovascularização retiniana e pelo aumento da permeabilidade vascular(3,7,12). AV= acuidade visual; Dia 1= dia em que o paciente recebe o tratamento de ATIV; Dia 2= um dia após receber o tratamento de ATIV; 1ª semana= uma semana após receber o tratamento de ATIV; 1º mês= um mês após receber o tratamento de ATIV; 3 meses= três meses após receber o tratamento de ATIV Gráfico 2 - Variação da média da AV durante o seguimento de três meses nos grupo tratado e no grupo-controle Tabela 4. Correlação entre a idade e as variações (finais-iniciais) sofridas na pressão intraocular e na acuidade visual nos olhos submetidos ao tratamento e nos olhos não submetidos ao tratamento ao longo do estudo Variáveis Idade vs Variação Idade vs Variação Idade vs Variação Idade vs Variação da da da da PIO GT PIO GC AV GT AV GC PIO GT= pressão intraocular no grupo tratado; PIO GC= pressão intraocular no grupo-controle; AV GT= acuidade visual no grupo tratado; AV GC= acuidade visual grupo-controle Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):129-34 73(2)08.pmd 132 p 0,449 0,796 0,244 0,325 5/5/2010, 16:53 Avaliação da acuidade visual e da pressão intraocular no tratamento do edema macular diabético com triancinolona intravítrea O AT tem sido usado como terapia adjunta para tratamento de edema macular diabético, de degeneração macular relacionada à idade, de retinopatia diabética proliferativa, de oclusão de veia central da retina e de uveíte com edema macular cistoide (3,12-15). A segurança da administração intravítrea vem sendo confirmada em trabalhos anteriores em animais e em “trials” em humanos(3,16). A biodisponibilidade do AT, quando usada intravítrea, é maior quando comprada com a administração subtenoniana, não sendo tóxico para a retina em doses de 1 a 4 mg em olhos vitrectomizados e não vitrectomizados (3,17-18). Observou-se HIO em 4 pacientes (28,57%), um resultado que condiz com os encontrados na literatura médica (20-64%)(19). Essa variação ocorre em decorrência da dose do corticosteróide, do critério para hipertensão, do tempo de seguimento e da porcentagem de retratamento(19). Com o aumento da dose utilizada, há uma maior incidência de hipertensão ocular(8,12,19). No presente estudo, foram utilizados 4 mg e apenas uma injeção; quando se compara com trabalhos que fizeram uso da mesma concentração da droga encontram-se as seguintes incidências de HIO: 39%(8); 27,5%(19); 23%(20); 53,2%(21) e 44%(22). Todos os casos de HIO ocorreram dentro do primeiro mês de tratamento. Um trabalho mostrou que 82,6% dos casos de HIO foram registrados nos primeiros três meses, sendo apenas 20,1% no primeiro mês(19); um outro descreveu que todos os casos se manifestaram nos primeiros três meses(20). A HIO relatada no presente estudo foi de fácil controle com o uso de um único colírio hipotensor (maleato de timolol 0,5%), como preconiza a literatura(8,19-21,23). A causa da hipertensão se deve principalmente a uma diminuição da drenagem do humor aquoso em função de um remodelamento da malha trabecular e também a uma obstrução do trabeculado pelos cristais AT(14,19). Os resultados encontrados neste estudo são semelhantes aos encontrados em trabalhos prévios, confirmando que ATIV pode melhorar a AV em pacientes com edema macular diabético difuso devido à retinopatia diabética(1). Trabalhos mostram que a AV tende a melhorar até os três primeiros meses de tratamento(3,14,17) e começar a regredir do terceiro até o sexto mês de tratamento(20-21). Demonstrou-se neste estudo que a melhora da AV é observada na primeira semana após o tratamento, podendo chegar a valores próximos do grupo-controle até o terceiro mês após o tratamento. A AV não mudou significativamente no grupo-controle durante o seguimento, assim como também em trabalhos já publicados(3,17). Não se observou progressão da catarata, assim como em outros trabalhos(20-21,23). Isto pode ser explicado pelo pequeno tempo de seguimento deste estudo (três meses) para o desenvolvimento de catarata. Alguns autores em um trabalho de aproximadamente nove meses de duração, relataram uma progressão da catarata de 6,6%(24). Não houve necessidade de realizar paracentese em nenhum dos pacientes, visto que, ao colocar a bolsa de mercúrio para descompressão ocular, esta reduz a tonicidade do olho(25), além de ser um risco adicional para o desenvolvimento de endoftalmite(26). 133 Não se observou endoftalmite com cultura positiva, assim como em outros trabalhos(17,19-21), embora na literatura possa encontrar-se uma incidência de 0,87%(15). Em nenhum caso foi preciso realizar cirurgia filtrante(20). Há trabalhos que mostram uma incidência de 0,094%(12), 5,88%(22), sendo o valor médio encontrado na literatura de aproximadamente 1%(19). Não existiu correlação estatisticamente significativa entre a idade e as variações sofridas na PIO e AV no decorrer do trabalho, assim como verificado na literatura(19), embora um estudo tenha mostrado uma associação maior para hipertensão em pacientes jovens(21). CONCLUSÃO Houve melhora significativa da AV nos pacientes tratados quando comparados ao grupo-controle. A PIO mostrou um aumento significativo, principalmente na primeira semana após o tratamento, sendo, porém, de fácil controle e tendo retornado para valores normais a partir do primeiro mês após a injeção de ATIV. O tratamento realizado mostrou ser seguro pela ausência de complicações, tais como: progressão da catarata, endoftalmite infecciosa ou asséptica, descolamento de retina, catarata traumática, glaucoma de difícil controle e necessidade de cirurgia filtrante. A idade dos pacientes não mostrou relação com as variações da AV e PIO ocorridas no decorrer deste trabalho. ABSTRACT Purpose: To evaluate the effect of intravitreal triamcinolone acetonide in patients with diffuse diabetic macular edema on the visual acuity and intraocular pressure. To report the potential adverse events and to analyze the potential relationship between age and visual acuity and intraocular pressure variability. Methods: This clinical controlled study included 14 patients (28 eyes), 14 of the eyes received an intravitreal injection of 4 mg triamcinolone acetonide for the treatment of diabetic macular edema. The study group was compared to a control group of 14 eyes, without diabetic macular edema. The follow-up period was of 3 months. Results: Pressure spikes >21 mmHg occurred in 28.7% of eyes, with a significant difference of intraocular pressure between the study group and the control group in the first week after treatment. Visual acuity showed a significant improvement when compared with the control group since the second day after the treatment. There was no association between age and variability of visual acuity and intraocular pressure. Conclusion: Intravitreal triamcinolone acetonide showed to be effective for improving visual acuity in patients with diabetic macular edema, in the first three months of treatment. The incidence of intraocular hypertension was 28.7%, easily manageable. Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):129-34 73(2)08.pmd 133 5/5/2010, 16:53 134 Avaliação da acuidade visual e da pressão intraocular no tratamento do edema macular diabético com triancinolona intravítrea Keywords: Triamcinolone acetonide/therapeutic use; Diabetic retinopathy; Macular edema/drug effects; Intraocular pressure; Ocular hypertension; Visual acuity REFERÊNCIAS 1. Esteves J, Laranjeira AF, Roggia MF, Dalpizol M, Scocco C, Kramer CK, et al. Fatores de risco para retinopatia diabética. Arq Bras Endocrinol Metab. 2008;52(3):431-41. 2. Cogan DG, Toussaint D, Kuwabara T. Retinal vascular patterns. IV. Diabetic retinopathy. Arch Ophthalmol. 1961;66:366-78. 3. Chieh JJ, Roth DB, Liu M, Belmont J, Nelson M, Regillo C, et al. Intravitreal triamcinolone acetonide for diabetic macular edema. Retina. 2005;25(7):828-34. 4. Schachat AP, Murphy RP, editors. Medical retina. In: Ryan SJ, editor. Retina. 4th ed. St. Louis: Mosby; 2006. v.2, p.1241-323. 5. 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Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):129-34 73(2)08.pmd 134 5/5/2010, 16:53 Implantação de lente intraocular com uma alça amputada: proposta para o tratamento cirúrgico da subluxação do cristalino Intraocular lens implantation with one loop haptic amputed: a new propose to the subluxation lens surgical treatment Marcelo Ventura1 Daniela Endriss2 RESUMO Objetivo: Avaliar os resultados pós-operatórios da subluxação congênita do cristalino, corrigida por uma nova abordagem cirúrgica. Métodos: Foram estudados 21 olhos de 13 pacientes, portadores de subluxação não traumática do cristalino submetidos à cirurgia na Fundação Altino Ventura, no período de abril de 1999 a abril de 2004. A idade média foi de 8,7 ± 5,4 anos, e o tempo médio de seguimento foi 21,5 ± 19,3 meses. Os pacientes foram submetidos à facoaspiração, implante do anel endocapsular e lente intraocular (LIO). Uma das alças da LIO foi amputada e apoiada sobre o anel, no interior do saco capsular, centralizando a LIO. Resultados: Houve melhora da acuidade visual (AV) em todos os casos, e redução significante do equivalente esférico e componente esférico comparando-se a refração pré e pós-operatória (p<0,01). Não houve diferença entre o componente cilíndrico pré e pós-operatório (p=0,71). Opacificação da cápsula posterior do cristalino foi a complicação encontrada em 71,4% dos casos. Foi realizada capsulotomia posterior precoce nestes pacientes sem intercorrências. Conclusão: Implante de LIO com uma alça amputada e apoiada sobre o anel endocapsular é uma opção no tratamento cirúrgico da subluxação congênita do cristalino, podendo-se observar centralização da LIO e melhora da AV no pós-operatório. Descritores: Subluxação do cristalino; Implante de prótese; Síndrome de Marfan; Homocistinúria; Lentes intraoculares; Ectopia do cristalino/cirurgia; Procedimentos cirúrgicos oftalmológicos; Acuidade visual Trabalho realizado na Fundação Altino Ventura - Recife (PE) - Brasil. 1 2 Chefe do Departamento de Catarata e Retina e Vítreo da Fundação Altino Ventura e Hospital de Olhos de Pernambuco. Coordenador da Residência Médica e Curso de Especialização em Oftalmologia da Fundação Altino Ventura - Recife (PE) - Brasil. Médica Staff do Departamento de Catarata e Córnea e Doenças Externas do Hospital de Olhos de Pernambuco e Fundação Altino Ventura. Aluna do Mestrado em Cirurgia da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE Recife (PE) - Brasil. Endereço para correspondência: Marcelo Ventura. Fundação Altino Ventura. Rua da Soledade, 170 - Recife (PE) CEP 50070-040 E-mail: [email protected] Recebido para publicação em 12.07.2005 Última versão recebida em 08.01.2010 Aprovação em 05.04.2010 Nota Editorial: Depois de concluída a análise do artigo sob sigilo editorial e com a anuência do Dr. Mauro Waiswol sobre a divulgação de seu nome como revisor, agradecemos sua participação neste processo. INTRODUÇÃO A subluxação do cristalino pode ocorrer como manifestação de doença sistêmica como na síndrome de Marfan, homocistinúria, ou na síndrome de Weil-Marchesani, ou em associação com outras doenças oculares, entre elas a megalocórnea(1-9). A subluxação do cristalino idiopática e a ectopia familiar simples ocorre nos casos em que nenhuma outra anormalidade ocular ou sistêmica é observada(1,7). Pacientes com subluxação congênita, classicamente por síndrome de Marfan, apresentam uma gama de achados oculares associados, que vão de alterações estruturais de ângulo à maior incidência de degenerações retinianas periféricas, com risco de ruptura e descolamento de retina regmatogênico(1-3). O cristalino ectópico pode causar alterações no estado refrativo do olho e redução da acuidade visual(3). A miopia lenticular resulta do aumento da curvatura do cristalino e se deve basicamente ao afrouxamento da zônula. Além Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):135-40 73(2)17.pmd 135 13/5/2010, 14:59 136 Implantação de lente intraocular com uma alça amputada: proposta para o tratamento cirúrgico da subluxação do cristalino da miopia, o astigmatismo gerado pela periferia do cristalino contribui para as distorções da imagem. Os erros de refração não corrigidos na infância podem provocar acentuada ambliopia, principalmente quando a subluxação do cristalino ocorre numa idade precoce(1-4,7,9). A ectopia do cristalino vem sendo tratada com cirurgia há longo tempo e discute-se o momento ideal da indicação e da técnica a ser utilizada(3,5). A perda significante de suporte zonular dificulta o procedimento cirúrgico e a implantação da LIO. Em 1993, alguns autores propuseram o implante de um anel endocapsular com estabilização intra e pós-operatória do saco capsular e da LIO(2,9-12). O anel endocapsular ajuda a manter o contorno circular do saco capsular, evitando a descentração da LIO, exceto em alguns casos com extensa fragilidade zonular, em que muitas vezes não é possível adequada centralização da cápsula e da LIO(2,9-13). Outros autores em 1998 acrescentaram ao anel endocapsular uma alça para fixação do saco capsular com manutenção de sua integridade, tornando ainda mais fisiológica uma cirurgia que evoluiu muito nos últimos cinco anos(6,10). Na Fundação Altino Ventura e Hospital de Olhos de Pernambuco vêm sendo desenvolvida, desde 1999, uma nova proposta cirúrgica para os pacientes com subluxação do cristalino, possibilitando o implante e centralização da LIO no saco capsular. A técnica de implante da LIO com uma alça amputada, apoiada no anel endocapsular, foi desenvolvida por um dos autores (MV), e tem possibilitado a centralização pósoperatória da LIO em casos de subluxação do cristalino, em pacientes jovens. O objetivo deste estudo é descrever a técnica cirúrgica proposta e os resultados cirúrgicos em 13 pacientes portadores de subluxação não traumática do cristalino. tunelizada a aproximadamente 1,5 mm do limbo e preenchimento da câmara anterior com substância viscoelástica (metilcelulose 2%). A capsulorrexe foi de aproximadamente 3 mm, descentrada em direção à subluxação ou às 12 horas, confeccionada com pinça Utrata (Figura 1). Implantou-se o anel endocapsular no saco capsular (Mediphacos 12-10) com injetor ou manualmente, de forma que as extremidades deste permaneçam próximas das 12 horas, fora da área de maior fragilidade zonular. O cortex e núcleo cristaliniano foram aspirados, utilizando-se ponteira de irrigação/aspiração (Figuras 2 e 3). Em crianças utilizamos LIO rígida de polimetilmetacrilato (PMMA), com 6,5 mm na parte óptica e 13,5 mm de alça a alça (Mediphacos). Amputou-se uma das alças da LIO com tesoura, deixando um pequeno coto de aproximadamente 1 mm para apoiar a LIO no anel endocapsular, na posição desejada (Figura 4). Implantou-se no saco capsular, inicialmente a alça amputada e posteriormente o lado da alça íntegra, deslocando a LIO dentro do saco. A LIO foi posicionada para que o coto da alça MÉTODOS Foi realizado um estudo retrospectivo, de uma série de casos de pacientes portadores de subluxação não traumática do cristalino, submetidos a tratamento cirúrgico no período de abril de 1999 a abril de 2004. Foram incluídos no estudo 13 pacientes (21 olhos), com idade variando de 3 a 18 anos, média de 8,7 anos e desvio padrão (dp) ± 5,4 anos, operados na Fundação Altino Ventura, pelo mesmo cirurgião (MV), e mesma técnica cirúrgica. Os pacientes foram submetidos a avaliação oftalmológica pré e pós-operatória, que incluiu: acuidade visual com melhor correção (tabela de Snellen ou de figuras), biomicroscopia, refração estática e dinâmica, mapeamento de retina, tonometria e biometria. Figura 1 - Capsulorrexe descentrada Técnica cirúrgica Todos os pacientes foram submetidos à anestesia geral, com exceção de um paciente adulto (18 anos), que foi realizada anestesia local peri-bulbar. Após dilatação da pupila com colírio de tropicamida 1% e ciclopentolato 1%, realizou-se abertura superior da conjuntiva, seguindo-se de incisão escleral Figura 2 - Implante do anel endocapsular Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):135-40 73(2)17.pmd 136 13/5/2010, 14:59 Implantação de lente intraocular com uma alça amputada: proposta para o tratamento cirúrgico da subluxação do cristalino amputada apoiasse no anel endocapsular na área de maior subluxação, próximo às 8 horas, permitindo a descentralização da parte óptica da LIO para o eixo visual (Figuras 5 e 6). Não foram observadas complicações durante o implante da LIO, como ruptura do saco capsular pelo coto da alça, provavelmente devido à grande elasticidade destas cápsulas. Não utilizamos esta técnica em casos de subluxação do cristalino maior do que 240 graus, ou com presença de vítreo na câmara anterior pré ou per-operatoriamente. A incisão cirúrgica foi suturada com fio Nylon 10-0 e realizado injeção subconjuntival de dexametasona e gentamicina. No pós-operatório foram prescritos colírios de prednisolona 1% de 3/3 horas, com diminuição gradativa até 30 dias, antibiótico (ciprofloxacina 0,3%) de 6/6 horas por duas semanas e midriático (tropicamida 1%) de 12/12 horas por 10 dias. Os pacientes foram avaliados no 1º, 7º, 15º e 30º dias de pósoperatório, e posteriormente de acordo com a evolução. Foram prescritos óculos multifocais entre sete e 15 dias após a cirurgia. 137 Os dados foram tabulados através de frequências absolutas e relativas, e apresentados em forma de tabelas e gráficos. Foi utilizado o teste t pareado, considerando-se como significante o valor de p<0,05. RESULTADOS Do total de 13 pacientes operados, 10 (76,9%) eram do sexo masculino. O tempo de seguimento pós-operatório variou de seis meses a 4,7 anos, média de 2,3 anos ± 1,5 anos. O comprimento axial dos olhos variou de 22,3 a 27,9 mm, com média de 25,1 ± 1,8 mm. O poder da LIO implantada foi em média de 18,6 ± 5,9 D, variando de 7 a 27 dioptrias (D). Em todos os pacientes houve melhora da acuidade visual corrigida no pós-operatório (Tabela 1), e observou-se melhora Figura 5 - Lente intraocular com a alça amputada apoiada sobre o anel endocapsular Figura 3 - Aspiração das massas corticais Figura 4 - Amputação da alça da lente intraocular Figura 6 - Lente intraocular centralizada, aspecto final Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):135-40 73(2)17.pmd 137 13/5/2010, 14:59 138 Implantação de lente intraocular com uma alça amputada: proposta para o tratamento cirúrgico da subluxação do cristalino de cinco ou mais linhas na acuidade visual (Tabela de Snellen) em 9 olhos (42,9%) (Gráfico 1). Houve redução estatisticamente significante do equivalente esférico e do componente esférico comparando-se os valores pré e pós-operatórios (p<0,01) (Tabelas 2 e 3). Não foi observada diferença significativa entre o componente cilíndrico pré e pós-operatório (p=0,71) (Tabela 4). Não houve complicação intraoperatória. No pós-operatório, foi observada opacificação da cápsula posterior do cristalino (OCP) em 15 olhos (71,4%), ocorrendo em média 1,2 ± 1,0 anos após a cirurgia (variou de 3 meses a 3,4 anos). Dez olhos (47,6%) foram submetidos à capsulotomia posterior com Nd:YAG laser, e 2 olhos (9,5%) à capsulotomia posterior cirúrgica. Não houve complicações secundárias após a capsulotomia posterior. DISCUSSÃO O tratamento da subluxação do cristalino, principalmente em crianças, é um desafio para a oftalmologia atual(2,6,9,13). Mesmo com cuidadosa refração, nem sempre é possível obter visão satisfatória, com correção para fácico ou afácico, e a correção cirúrgica, muitas vezes, é a única alternativa viável para a melhora da acuidade visual e prevenção da ambliopia(3). A técnica cirúrgica utilizada varia muito de caso para caso, na dependência de haver luxação, lesão zonular e hérnia de vítreo(5). Na última década, com o avanço da técnica de facectomia, da biocompatibilidade e desenho das lentes intraoculares e dos recursos disponíveis como adjuvantes da cirurgia, como o anel expansor endocapsular, a facectomia com implante primário de LIO em olhos com cristalino subluxado passou a ser uma opção viável(2). O implante de LIO em crianças elimina a anisometropia e aniseiconia que ocorrem particularmente nos casos unilaterais, evitando a ambliopia e estrabismo. Além disso, este procedimento evita o uso de lentes de contato que é bastante problemático em crianças, devido ao risco de infecção, à facilidade de perda e necessidade de grande colaboração dos pais(3,8). O implante de LIO em crianças com subluxação do cristalino apresenta um potencial de complicações pós-operatórias devido a características próprias do olho destes pacientes: proliferação epitelial secundária e contração da cápsula são mais pronunciadas, e o grau de diálise zonular, em pacientes com subluxação precoce, pode ser mais acentuado que em adultos(3,14). Os mecanismos responsáveis pela contração capsular e excessiva fibrose ainda não são bem conhecidos. A metaplasia das células epiteliais residuais e fibrose contribuem para a contração capsular, e uma resposta ainda mais intensa é encontrada nos casos de fragilidade do suporte zonular(15). A combinação de severa proliferação epitelial e intensa fragilidade zonular pode levar à descentração da LIO(15). No entanto, ao longo do seguimento destes pacientes, os autores observaram melhora da estabilização do conjunto formado pelo saco capsular, anel endocapsular e LIO, possivelmente devido à fibrose pós-operatória. Tabela 2. Equivalente esférico sob cicloplegia em dioptrias (D) pré e pós-operatório Tabela 1. Acuidade visual com melhor correção pré e pós-operatória (Tabela de Snellen) Exame Pré-operatório Pós-operatório Acuidade visual corrigida Nº de olhos (%) ≥ 20/40 20/50 - 20/150 ≤ 20/200 Total 0 ( 0,0) 14 (66,7) 7 (33,3) 21 (100) 12 (57,1) 8 (38,1) 1 ( 4,8) 21 (100) Exame Pré-operatório Pós-operatório Equivalente esférico (D) Média ± dp Mínimo Máximo -0,4 ± 11,0 -12,7 +13,5 -0,6 ± 1,5 -3,6 +2,2 dp= desvio padrão; p<0,01 Tabela 3. Componente esférico sob cicloplegia em dioptrias (D) pré e pós-operatório Exame Pré-operatório Pós-operatório Componente esférico (D) Média ± dp Mínimo Máximo 1,7 ± 10,7 -12,7 +14,0 0,3 ± 1,4 -2,7 +3,5 dp= desvio padrão; p<0,01 Tabela 4. Componente cilíndrico sob cicloplegia em dioptrias (D) pré e pós-operatório Exame Gráfico 1 - Melhora da acuidade visual pós-operatória expressa em ganhos de linhas de visão (Tabela de Snellen) Pré-operatório Pós-operatório Astigmatismo refratométrico (D) Média ± dp Mínimo Máximo -1,9 ± 1,9 -6,0 0,0 -1,6 ± 0,9 -3,0 0,0 dp= desvio padrão; p=0,71 Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):135-40 73(2)17.pmd 138 13/5/2010, 14:59 Implantação de lente intraocular com uma alça amputada: proposta para o tratamento cirúrgico da subluxação do cristalino Um dos principais obstáculos da cirurgia em pacientes jovens é a significativa e rápida resposta inflamatória pósoperatória, com subsequente aumento da incidência de OCP(16-17). A importância da LIO na ocorrência da OCP, já é bem conhecida. As lentes acrílicas apresentam menor incidência de OCP do que as de polimetilmetacrilato ou de silicone. O desenho da óptica das lentes de acrílico dobráveis (Acrysof) também contribui para menor incidência de OCP(16). Já alguns autores acreditam que a OCP está mais relacionada ao manejo intraoperatório da mesma, do que ao tipo de LIO utilizada(17). Muitos estudos são necessários para investigar formas de reduzir a incidência de OCP na população pediátrica(17). Na amostra estudada 71,4% apresentaram opacificação da cápsula posterior do cristalino, ocorrendo em média 1,2 ± 1,0 anos após a cirurgia, tendo sido realizada capsulotomia posterior sem complicações adicionais. Muitos estudos têm relatado efetiva expansão e estabilização do saco capsular, com o implante do anel endocapsular em casos de fragilidade zonular(10-15,18). Além disso, o anel endocapsular reduz a assimetria da tensão capsular, estabiliza a base vítrea, e previne a severa contração da cápsula posterior após a cirurgia(10). Nos casos de severa fragilidade zonular, alguns autores sugerem suturar o anel endocapsular a esclera(2,11,13). No entanto, em se tratando de uma fragilidade zonular generalizada e em alguns casos progressiva, pode haver deslocamento ou inclinação da LIO em função da tração exercida pela sutura(10,15). A sutura do anel endocapsular em dois pontos opostos é uma opção nestes casos(10). O presente estudo sugere uma técnica que mantém a integridade e previne a tensão no saco capsular, através do implante de uma lente rígida com uma das alças amputada. A alça íntegra contribui para a centralização da óptica, sem tensionar a zônula do lado oposto, onde se encontra a alça amputada apoiada sobre o anel endocapsular. Os resultados obtidos no presente estudo sugerem que o implante primário de LIO com uma alça amputada é um procedimento viável, efetivo e com melhora da acuidade visual em todos os casos descritos. Não houve evolução da subluxação no decorrer do seguimento destes pacientes, apesar de se tratar de uma fragilidade progressiva da zônula, pelo contrário, observou-se uma estabilidade progressiva do conjunto saco capsular, anel endocapsular e LIO. Em estudo comparando duas técnicas cirúrgicas diferentes para o tratamento da subluxação do cristalino, foi observado que a melhora significante da acuidade visual pós-operatória foi determinada principalmente pelos graus de subluxação pré-operatórios(18). Estes achados alertam para os cuidados na seleção pré-operatória dos pacientes, fundamental para o sucesso da cirurgia. Apesar de um dos casos descritos, com seguimento pósoperatório de apenas seis meses, ter apresentado melhora de três linhas (tabela de Snellen) na acuidade visual corrigida, e melhora do equivalente esférico de -11,50 DE no pré-operatório para -1,00 DE no pós-operatório, as indicações específicas, a segurança a longo prazo e eficácia, devem ser melhor avalia- 139 das através de estudos, com amostras maiores e maior tempo de seguimento. CONCLUSÃO A técnica de implantação de LIO com uma alça amputada e apoiada sobre o anel endocapsular é uma opção no tratamento cirúrgico da subluxação congênita do cristalino com melhora da AV no pós-operatório, e estabilidade do conjunto saco capsular, anel endocapsular e LIO. ABSTRACT Purpose: To evaluate the postoperative results of congenital lens subluxation corrected by a new technique. Methods: Retrospective chart review of 21 eyes of 13 patients with no traumatic lens subluxation who underwent surgery in Altino Ventura Foundation from April, 1999 to April, 2004. The mean age was 8.7 ± 5.4 years old, and the mean follow-up period was 21.5 ± 19.3 months. Patients underwent phacoaspiration, endocapsular ring and intraocular lens (IOL) implantation. The implanted IOL had one loop haptic excised and was supported above the ring, inside the capsular bag promoting intraocular lens centralization. Results: Visual acuity improvement was observed in all cases. There was a significant reduction of the spherical equivalent and spherical component comparing the pre and postoperative refraction (p<0.01). There was no statistically significant difference between the pre and postoperative cylinder component (p=0.71). Posterior capsule opacification was a postoperative complication found in 71.4% of the cases. Early posterior capsulotomy was performed with no complications in these cases. Conclusion: Intraocular lens implantation with one loop haptic amputed and supported above the endocapsular ring is an option for the congenital lens subluxation surgical treatment, promoting lens centralization and postoperative visual acuity improvement. Keywords: Lens subluxation; Prosthesis implantation; Marfan syndrome; Homocystinuria; Lenses, intraocular; Ectopia lentis/ surgery; Ophthalmologic surgical procedures; Visual acuity REFERÊNCIAS 1. Anteby I, Isaac M, BenEzra D. Hereditary subluxated lenses visual performances and long-term follow-up after surgery. Ophthalmology. 2003;110(7):1344-8. 2. Severo NS, Kleinert F, Kwitko S. Conduta cirúrgica na subluxação do cristalino. Arq Bras Oftalmol. 2004;67(1):9-12. 3. Oliveira DF, Marchi PH, Arieta CEL. Resultados visuais no tratamento cirúrgico da subluxação de cristalino em crianças. Medicina (Ribeirão Preto). 2002; 35(1):62-9. 4. 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O comprovante de ocupação (cópia da identidade profissional) deve ser enviada para a Secretaria Executiva do Congresso, Interlink Eventos, por fax nº (71) 3011-9797. ***Residentes (MEC): O médico que ocupa uma vaga MEC deve enviar o documento de comprovação do supervisor do curso/COREME para o fax (71) 3011-9797. Obs.: Para se inscreverem no Congresso os Residentes do MEC deverão ser associados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia quites com a anuidade de 2010. Não serão aceitas inscrições de optometristas. Cancelamento de inscrição: Somente serão reembolsadas taxa de inscrição no Congresso mediante solicitação escrita (carta, e-mail ou fax) encaminhada para a secretaria executiva até o dia 29 de agosto de 2010. As devoluções serão feitas mediante pagamento de 10% do valor da inscrição para ressarcimento de custos operacionais. Após esta data não haverá devolução. O XIX Congresso Brasileiro de Prevenção da Cegueira e Reabilitação Visual não possui a categoria “Oftalmologista Não-Sócio”. Caso o dr.(a). deseje se inscrever no evento, queira por gentileza entrar no site do CBO (www.cbo.com.br) e fazer seu cadastro. Maiores informações entre em contato com a Tesouraria do CBO ([email protected] ou pelo telefone (11) 3266-4000). A inscrição de acompanhante dará direito a: • • • • • • Transporte dos hotéis credenciados para o local do evento (Centro de Convenções) Crachá para circulação no local do evento para as atividades sociais (após as 18h00 e exceto para as salas com atividades científicas) 01 Sacola Quarta-feira - 29/09/2010 - Centro de Convenções - Cerimônia de Abertura, Cocktail e Show com Banda Baiana Quinta-feira - 30/09/2010 - Centro de Convenções - Happy Hour Sexta-feira - 01/10/2010 - Local a definir - Festa de Confraternização (Festa de Largo) Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):135-40 73(2)17.pmd 140 13/5/2010, 14:59 Medical decision, persistence of initial treatment, and glaucoma progression in a Brazilian reference hospital Decisão médica, persistência com o tratamento inicial e progressão do glaucoma em um hospital de referência no Brasil Jayter Silva Paula1 José Afonso Ramos Filho2 Daniel Felipe Alves Cecchetti3 Daniela Tiemi Nagatsuyu4 Maria de Lourdes Veronese Rodrigues5 Eduardo Melani Rocha6 Work carried out at the Department of Ophthalmology, and Head and Neck Surgery. School of Medicine of Ribeirão Preto. Universidade de São Paulo - USP - Ribeirão Preto (SP) - Brazil. 1 2 3 4 5 6 Professor of the Department of Ophthalmology, Otorhinolaryngology, and Head and Neck Surgery. Ribeirão Preto School of Medicine, São Paulo University USP - Ribeirão Preto (SP) - Brazil. Postgraduate student, Department of Ophthalmology, Otorhinolaryngology, and Head and Neck Surgery. Ribeirão Preto School of Medicine - USP - Ribeirão Preto (SP) - Brazil. Ophthalmologist, Department of Ophthalmology, Otorhinolaryngology, and Head and Neck Surgery. Ribeirão Preto School of Medicine - USP - Ribeirão Preto (SP) - Brazil. Resident, Department of Ophthalmology, Otorhinolaryngology, and Head and Neck Surgery. Ribeirão Preto School of Medicine, USP - Ribeirão Preto (SP) - Brazil. Professor of the Department of Ophthalmology, Otorhinolaryngology, and Head and Neck Surgery. Ribeirão Preto School of Medicine - USP - Ribeirão Preto (SP) Brazil. Professor of the Department of Ophthalmology, Otorhinolaryngology, and Head and Neck Surgery. Ribeirão Preto School of Medicine - USP - Ribeirão Preto (SP) Brazil. Correspondence address: Jayter Silva Paula. Departamento de Oftalmologia. Escola de Medicina de Ribeirão Preto. Universidade de São Paulo. Av. Bandeirantes, 3.900 - 12º andar - Ribeirão Preto (SP) Zip Code 14049-900 - E-mail: [email protected] Financial support: CNPq, Fundap, FAEPA. Recebido para publicação em 11.08.2009 Aprovação em 25.02.2010 ABSTRACT Purpose: To evaluate the initial medical decision regarding primary open-angle glaucoma (POAG) treatment in a referral center, and to assess the relationship between the persistence of treatment and the disease progression in cases managed exclusively with medication. Methods: A retrospective chart review was performed for 65 patients with primary open-angle glaucoma referred to a tertiary hospital. The following clinical data were analyzed: initial medication, persistence of treatment, best corrected visual acuity, visual field mean deviation index, cup/disc ratio, and intraocular pressure. Patients were classified into four categories in order to verify the clinical evolution. Results: The mean number of visits/ year was 4.4 ± 3.5, and the follow-up period was 40.7 ± 22.8 months. Mean persistence time was 12.9 ± 13.9 months. By six and twelve months, respectively, 39.1% and 62.5% of patients had discontinued the initially prescribed regimen, mainly by adding to (42%) or changing (26%) the course of treatment. Thirteen patients (21%) were reclassified to a worse category of primary open-angle glaucoma, however, despite this trend, no significant correlation was found between shorter persistence and primary open-angle glaucoma worsening. Conclusions: Persistence rates with initial therapy schemes were low, as measured by medical decisions to change the course of treatment. Therefore, improvement in the initial medical decision is crucial in order to offer a more stable and effective treatment for primary open-angle glaucoma. Keywords: Glaucoma, open-angle/drug therapy; Intraocular pressure; Blindness/prevention & control; Attitude to health; Communication; Patient compliance; Physician-patient relations; Disease progression INTRODUCTION Glaucoma is a chronic disease and a major cause of blindness. Currently, the only evidence-based mode of treatment is to control intraocular pressure (IOP)(1-3). Treatment persistence is defined as total length of time on a defined therapy and is a key element in disease progression, which involves not just patient adherence to medical recommendations but also medical decisions(4-5). Medical decisions may be guided by the clinical control of the disease, economic realities for the patient and health care provider, the intensity of adverse effects, and market influences(6). The consequence for Primary Open-Angle Glaucoma (POAG) is that longer persistence is also associated with the number of days of controlled IOP since every change is preceded by a instability period and followed by an uncertain period of adaptation. Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):141-5 73(2)09.pmd 141 13/5/2010, 15:00 142 Medical decision, persistence of initial treatment, and glaucoma progression in a Brazilian reference hospital Moreover, longer persistence reduces costs for the patient and for the health care system(1,7-8). The multitude of options for glaucoma treatment and difficulty in predicting the patient’s response to treatment make it difficult to adopt a strategy with an adequate persistence(9-10). University hospitals work as referral centers for more complex cases of POAG, and therefore a shorter persistence would be predicted in this environment(11-13). However, it is more important in these situations to know the persistence time of initially prescribed antiglaucomatous medications and to make efforts to improve medical decisions, including planning for the long-term course of chronic disease treatment. Improved initial treatment schemes would be helpful from both health and economic perspectives(14). The objective of the present study was to investigate the persistence time of the first adopted therapy (i.e., initial medical choice) at a referral university hospital. The ocular profile of patients admitted and the progression of POAG at a glaucoma clinic in a tertiary level hospital in Brazil were also evaluated. METHODS This retrospective chart review study was conducted to evaluate the clinical profile at admission and the initial medical antiglaucoma therapy prescribed or maintained for POAG patients referred to a tertiary level hospital in southeastern Brazil. The persistence time of initial therapy and the parameters of disease progression were also analyzed. Medical records were reviewed for patients who had been referred to a tertiary hospital between 2000 and 2004 with primary open-angle glaucoma diagnosis. Patients without previous ocular surgery and with maintenance or initiation of glaucoma therapy were included. Patients were excluded if they had any ocular procedure other than antiglaucomatous surgery during the follow-up period, if they failed to attend follow-up visits, or if they were suspected of having secondary glaucoma. This study was conducted according to the Declaration of Helsinki and was approved by the Institutional Ethics Committee. The following data were recorded: age, gender, best corrected visual acuity (BCVA) (decimal scale), intraocular pressure (IOP), vertical optic cup/disc ratio (CD), automated visual field (MD - mean deviation index, Humphrey Visual Field Analyzer II - 750, 24-2 program, SITA, Humphrey Systems, Dublin, CA, USA), prescribed drugs, persistence time of initial therapy, number of visits per year, changes in the number of medications, and total follow-up period. BCVA, IOP, CD, and MD were recorded at the first and last visits. The study included patients who made their first visit between January of 2000 and December of 2004 and had a follow-up period longer than 12 months. Data from the last visit were defined as the last exam recorded in the patient file at that institution. For the purpose of this study, POAG was defined as a high IOP, a normal anterior chamber with an open angle, glaucomatous optic disc damage or suspicion of such damage, and a visual field defect. The persistence time of the initial treatment was defined as the period between the first visit at the tertiary hospital and the visit when treatment was discontinued as per medical decision, whether by addition, exclusion, or substitution of antiglaucomatous medications, or if an indication for laser or surgical glaucoma treatment was made. Changes in the frequency, commercial name or dosage of the same medication used were not considered as persistence failures. One eye per patient was selected for this study, and when patients presented with bilateral glaucoma, data for the best eye (based on the best visual acuity) were recorded. Based on visual field damage (MD) and CD, glaucoma was classified into one of the following four stages: stage 0: CD <0.4 or MD < -2.5; stage I: CD between 0.4 and 0.7 or MD between -2.5 and -5.0; stage II: CD between 0.8 and 0.9 or MD between -5.1 and -8.0; and stage III: CD >0.9 or MD > -8.0 (modified from Eid et al., 2003)(15). Whenever a discrepancy was found between the optic disc cup and MD, the optic disc cup was considered for staging and analysis. The number of patients who experienced a worsening of glaucoma from one stage to the next was evaluated, except for patients who were first classified as the worst stage. The worsening rate was plotted against the persistence of the initial treatment for a period of 6 months or less. Data were analyzed statistically and presented as mean ± standard deviation. The persistence of initial treatment at the referral center was analyzed by a Kaplan-Meier survival curve. The association between low persistence (< 6 months) and worsening of glaucoma was evaluated by Fisher’s exact test. Possible independent predictors of persistence were analyzed using a multivariate model (SPSS 16.0, SPSS Inc.) for all co-variables. RESULTS Of the 65 studied patients, 32 were female and 33 were male. Mean age was 66.0 ± 12.7 years, mean initial BCVA was 0.6 ± 0.3, initial MD was -11.8 ± 9.2, initial CD was 0.6 ± 0.2, and initial IOP was 21.6 ± 6.8 mmHg. Patients had a mean of 4.4 ± 3.5 visits per year and a follow-up period of 40.7 ± 22.8 months. During the follow-up period, the variation was -0.05 ± 0.19 in BCVA, -0.04 ± 6.6 in MD, -5.5 ± 7.0 mmHg in IOP, and 0.1 ± 0.1 in CD (Table 1). Twenty-eight (43%) patients arrived without any treatment, whereas 37 (57%) were receiving a previous treatment. At the initial visit, only three patients were kept with no medications, including one patient who underwent trabeculectomy. Of the other 62 treated patients, 37 (59.7%) were treated with multidrug therapy. Initially prescribed monotherapies included betablockers (32.3%), prostaglandin analogues (3.2%), alpha agonists (3.2%), and pilocarpine (1.6%) (Table 2). During the initial visit at the referral center, 9 (13.8%) patients were in stage 0, 44 (67.7%) in stage I, 9 (13.8%) in stage II, and 3 (4.6%) in stage III. Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):141-5 73(2)09.pmd 142 13/5/2010, 15:00 Medical decision, persistence of initial treatment, and glaucoma progression in a Brazilian reference hospital 143 Table 1. Clinical characteristics of patients at presentation (first visit) and variation during the follow-up period in a Brazilian tertiary hospital between 2000 and 2004 Parameter Best corrected visual acuity Cup/disc ratio Mean deviation index Intraocular pressure (mmHg) At presentation 0.6 ± 0.3 0.6 ± 0.2 -11.8 ± -9.2 21.6 ± 6.8 Variation -0.05 ± 0.19 0.10 ± 0.10 -0.04 ± 6.60 -5.50 ± 7.00 Table 2. Initial treatment scheme prescribed at first visit in a Brazilian tertiary hospital between 2000 and 2004 Treatment BB - Timolol BB - Betaxolol PA - Bimatoprost Pilocarpine Brimonidine BB + Brimonidine BB + Pilocarpine BB + CAI BB + PA Pilocarpine + CAI Three drugs or more Number of patients (%) 18 (29.0%) 2 ( 3.2%) 2 ( 3.2%) 1 ( 1.6%) 2 ( 3.2%) 10 (16.1%) 9 (14.5%) 4 ( 6.5%) 6 ( 9.7%) 2 ( 3,2%) 6 ( 9.7%) BB= beta-blockers; PA= prostaglandin analogues; CAI= topical carbonic anhydrase inhibitor Figure 1 illustrates the persistence of the initial treatment. The mean persistence time was 12.9 ± 13.9 months. At six and twelve months, respectively, 39.1% and 62.5% of patients had discontinued the initially prescribed therapeutic scheme. Changes to the initial treatment scheme were: inclusion of a new medication for 27 patients (42%), filtering surgery in 11 patients (17%), reduction of the number of medications in 2 patients (3%), complete change of all initial drugs in 17 patients (26%), and maintenance on the initial scheme in 8 patients (12%). The variation of number of drugs between initial prescription and the first change was 0.15 ± 1.0 medications. Thirteen patients (21%) were reclassified to a worse glaucoma category. An association was observed between patients who experienced clinical worsening and shorter persistence of the initial therapy (i.e., within the first six months), however, this relationship was not statistically significant (Fisher’s exact test, P=0.113). Although univariate analysis of the co-variables initial MD, initial CD, and number of visits per year displayed significantly higher values in the shorter persistence group (P<0.01, P=0.049 and P<0.01, respectively), multivariate statistics did not show a significant correlation with persistence. DISCUSSION This report presents a description of the initial medical therapy prescribed for patients with POAG in a referral center in Brazil. To better understand what underlined the initial Figure1 - Kaplan-Meier plot for time to discontinuation of ocular hypotensive therapies in a Brazilian tertiary hospital between 2000 and 2004 decision, the clinical profiles of patients were investigated. The lengths of time before changing the initial recommended therapy and any changes in the initial clinical glaucoma parameters during the treatment period were also reported. Most of the tertiary ophthalmology referral centers in Brazil are part of the public health system, with universal access, and free of cost to the patient. These centers are responsible for the treatment of the majority of POAG cases in the country. Compared to previous studies conducted at other tertiary hospitals in southeastern Brazil, our data showed a patient pool with a similar age distribution, gender ratio, and IOP levels; better visual acuity; and moderate glaucoma defects in the visual field(11,13,16). In 2001, the Brazilian Society of Glaucoma published a Guideline for Diagnosis and Treatment of POAG. The second version of this publication promoted beta-blockers as the first line of monotherapy, and considered prostaglandins as a second option, depending on the economic status of the patient(17). Therefore, similarly to other referral centers, monotherapy with beta-blockers was the most prevalent antiglaucomatous treatment(16,18-19). This recommendation and treatment trend could be justified since beta-blockers became the leading pharmacologic treatment for glaucoma soon after they were introduced in 1978 as a result of their effectiveness, local tolerability, low cost, and relative dosing convenience. However, ocular surface side effects have been associated with this treatment as well as with other topical antiglaucoma treatments(20). Most treatment outcomes reported for glaucoma reflect only a short-term follow-up. In the Advanced Glaucoma Intervention Study (AGIS), some authors (2004) showed a 30% mean worsening of the visual field after two years(21). A few long-term studies have shown rates of worsening up to 81.4% after 20-years follow-up(15). Over a mean follow-up period of Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):141-5 73(2)09.pmd 143 13/5/2010, 15:00 144 Medical decision, persistence of initial treatment, and glaucoma progression in a Brazilian reference hospital 40 months, we observed that approximately 21% of patients worsened to another glaucoma category. The absence of a universal criterion for assessing glaucoma progression, together with recent changes in exam protocol, make difficult the evaluation on a population-wide basis. There were several factors that this retrospective study was unable to determine, including the reasons that led ophthalmologists in this referral hospital to decide on a therapy other than beta-blockers, as well as the reasons for early changes in POAG medication. These factors could include socio-economic issues, clinical severity at the first visit, risk of side effects and also marketing by pharmaceutical industries(6-7,22). Moreover, our study was unable to evaluate differences in persistence based on initial medication since almost all patients were initially treated with beta-blockers. In the same way, the multitude of treatment options and circumstances made it impossible for us to identify a preferred drug after the initial therapy change. Previous studies evaluated the persistence rate of antiglaucomatous medication in order to compare the efficacy of these treatments under controlled circumstances, and to identify whether adherence was better with one of the treatments. The conclusions of those studies varied as a result of variability in the prescribed dosage, patient interviews, and/or chart notation of medical decisions to substitute, add, or reduce medications, or to intervene with a laser or surgical option (5,23-25). For topical glaucoma medications, persistence may be considered a surrogate marker for physician satisfaction with IOP control and patient tolerability. Therefore, high IOP and/or intolerance may be the most frequent causes of discontinuing the medication, but considering the frequent failure of patient chart notation to indicate this and other critical information related to glaucoma, a prospective study is necessary to address this matter(26). The discontinuation rate of glaucoma medications after 12 months observed in this study (62.5%) is similar to other studies(18,27). Although patients who experienced clinical worsening were more likely to discontinue initial therapy within the first six months (although this result was statistically insignificant), it would be difficult to determine the direction of causation, i.e., whether aggressive evolution of POAG would have lead to an early change of the initial prescription, or instead whether low adherence, therapy readaptation, and periods without IOP control lead to disease worsening. In an ideal scenario, ophthalmologists would not have to make the decision of whether to change treatment strategy or continue with an unsatisfactory therapy(8). Practitioners dealing with any chronic disease such as glaucoma might be able to recommend chronic medication based on persistence, along with as many other factors as possible. This will help to prevent periods of uncontrolled disease, periods of uncertain control, and excessive costs related to treatment changes(8,28). In addition, health services might consider including the per- sistence of a therapy as a parameter for quality control of healthcare (26). Unlike in other studies, despite the free medical assistance provided in Brazil, patients had to purchase their own medication, and various classes of drugs were used(28-29). CONCLUSION After concluding the present study, this referral center was directed by the governmental public health system to dispense all antiglaucomatous medications free of cost to the patients. Therefore, it would be interesting for further studies to examine the effect of government subsidized treatment on the persistence rate of treatment and on glaucoma progression. RESUMO Objetivo: Avaliar as mudanças terapêuticas, dadas por decisão médica, relativas ao tratamento do glaucoma primário de ângulo aberto em um centro de referência e a possível relação entre a persistência do tratamento e progressão da doença em casos controlados com medicação. Métodos: Uma revisão de prontuários foi realizada em 65 pacientes com glaucoma primário de ângulo aberto encaminhados a um hospital terciário Os seguintes dados clínicos foram analisados: primeira medicação instituída, persistência com o tratamento inicial, melhor acuidade visual corrigida, índice “desvio médio” do campo visual, relação escavação/disco óptico e pressão intraocular. Os pacientes foram classificados em quatro categorias, a fim de se verificar a evolução clínica. Resultados: A média do número de visitas/ano foi de 4,4 ± 3,5 e o período de seguimento foi de 40,7 ± 22,8 meses. A média de tempo persistência foi de 12,9 ± 13,9 meses. Em seis e doze meses, respectivamente, 39,1% e 62,5% dos pacientes tinham interrompido o regime terapêutico inicialmente previsto, principalmente pela adição (42%) ou mudança (26%) do esquema terapêutico. Treze pacientes (21%) evoluíram para uma pior categoria de glaucoma primário de ângulo aberto, no entanto, apesar desta tendência, nenhuma correlação significativa foi encontrada entre baixa persistência e agravamento do glaucoma primário de ângulo aberto. Conclusões: As taxas de persistência com o esquema terapêutico inicial foram baixas, quando medidas através das mudanças observadas por decisões médicas, durante o curso do tratamento. Uma melhor decisão terapêutica inicial é crítica, a fim de poder se oferecer um tratamento mais estável e eficaz para o glaucoma primário de ângulo aberto. Descritores: Glaucoma de ângulo aberto/quimioterapia; Pressão intraocular; Cegueira/prevenção & controle; Atitude frente a saúde; Comunicação; Cooperação do paciente; Relações médico-paciente; Avanço da doença Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):141-5 73(2)09.pmd 144 13/5/2010, 15:00 Medical decision, persistence of initial treatment, and glaucoma progression in a Brazilian reference hospital REFERENCES 16. 1. Heijl A, Leske MC, Bengtsson B, Hyman L, Hussein M. Reduction of intraocular pressure and glaucoma progression: results from the Early Manifest Glaucoma Trial. Arch Ophthalmol. 2002;120(10):1268-79. Comment in: Arch Ophthalmol. 2002;120(10):1371-2. JAMA. 20027;288(20):2607-8. Optom Vis Sci. 2002;79(12):741-2. 2. Van Buskirk EM, Cioffi GA. Glaucomatous optic neuropathy. Am J Ophthalmol. 1992;113(4):447-52. 3. Quigley HA. Number of people with glaucoma worldwide. Br J Ophthalmol 1996;80:389-393. Comment in: Br J Ophthalmol. 1996;80(5):385-6. Br J Ophthalmol. 1997;81(1):93. 4. 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Cases included all patients with exudative age-related macular degeneration who were treated with one or more bevacizumab intravitreal injections at Sadalla Amin Ghanem Eye Hospital between January, 2006 and January, 2008. Data were obtained from patients’ medical records and telephone interviews. Discontinuity criterion was the absence of patient follow-up after a minimum of 3 months from the last ophthalmic examination. Results: Eighty-two patients were treated. Among them, 24 (29.3%) interrupted follow-up inadvertently. The mean age was 75.2 years old (range 65-89 yo). Mean number of bevacizumab intravitreal injections was 2.0 (range 1-6). Nineteen patients answered to telephone questionnaires. The main alleged causes of discontinuity of therapy were unexpected poor visual results (8 cases, 42.1%), lack of information about followup visits (5 cases, 26.3%) and comorbidities (3 cases, 15.8%). Conclusions: A high number of patients interrupted follow-up after beginning bevacizumab therapy. Many of them related avoidable causes for discontinuity of treatment. Efforts must be done to improve education of age-related macular degeneration patients, especially in relation to functional outcomes and prolonged follow-up care. Keywords: Macular degeneration; Choroidal neovascularization; Vascular endothelial growth factor A; Angiogenesis inhibitors/therapeutic use; Bevacizumab/therapeutic use Work carried out at Retina and Vitreous Department Hospital de Olhos “Sadalla Amin Ghanem” - Joinville (SC) - Brazil. 1 2 3 4 5 6 7 Hospital Regional de São José “Dr. Homero de Miranda Gomes”, São José (SC) - Brazil. Hospital de Olhos “Sadalla Amin Ghanem”, Joinville (SC) - Brazil. Joinville Regional University - Joinville (SC) - Brazil. Hospital de Olhos “Sadalla Amin Ghanem” - Joinville (SC) - Brazil. Hospital de Olhos “Sadalla Amin Ghanem” - Joinville (SC) - Brazil. Hospital de Olhos “Sadalla Amin Ghanem” - Joinville (SC) - Brazil. Joinville Regional University - Joinville (SC) - Brazil. Joinville Regional University - Joinville (SC) - Brazil. Correspondence address: Renata Portella Nunes. Av. Ipê Amarelo, 37 - Florianópolis (SC) CEP 88062-298 E-mail: [email protected] Recebido para publicação em 28.10.2009 Aprovação em 19.02.2010 Nota Editorial: Depois de concluída a análise do artigo sob sigilo editorial e com a anuência do Dr. Luiz Carlos Molinari Gomes sobre a divulgação de seu nome como revisor, agradecemos sua participação neste processo. INTRODUCTION Age-related macular degeneration (AMD) is the leading cause of irreversible blindness among people over 55 years old in western countries. The occurrence of AMD increases with age, so it is expected to become more prevalent in developed countries as life expectancy continues to increase(1-5). Although exudative (or neovascular) AMD is less common than dry AMD, occurring in approximately 10 to 20% of the patients, it is usually responsible for most severe cases of vision loss(1,6-7). Choroidal neovascularization (CNV), the abnormal growth of new blood vessels from choriocapillaris into the subretinal space, is the hallmark of exudative AMD and its treatment has been challenging researchers and specialists during the last decades. In the 1990´s, Macular Photocoagulation Study showed that hot laser treatment could be beneficial for well-defined lesions (classic neovascular membranes)(8). Nevertheless, as the same laser Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):146-9 73(2)13.pmd 146 5/5/2010, 16:58 Causes of interruption of bevacizumab therapy in age-related macular degeneration energy delivered to destroy subretinal new vessels also damages neurosensory retina, there is a permanent vision loss where the shots are applied. So, nowadays, laser photocoagulation is restricted to treatment of extrafoveal choroidal new vessels. In 2000, photodynamic therapy (PDT) was approved for the treatment of some subtypes of CNV. It combines the use of an intravenous injected photosensitizing drug (verteporfin) with low-intensity laser light and damages choroidal new vessels through a photochemical reaction. Thus, PDT selectively ablates lesions while minimizing injury to adjacent structures. It has also been combined with intravitreal triamcinolone to permit more favorable results. Generally, results of PDT for subfoveal neovascular membranes have been limited to stabilization of the process and the visual acuity(1-2,5-6). Vascular endothelial growth factor (VEGF) has been proved to be important in the development of abnormal vessels and on the increase of its permeability in many pathological conditions. VEGF is produced in response to low oxygen tension in the affected tissues. Studies have identified the isoform VEGF-A as one of the most important that determines the vascular changes. With greater understanding of the role of VEGF in the pathogenesis of neovascular AMD, drugs inhibiting the bioactivity of VEGF have been developed and introduced in the clinical setting. Nowadays, intravitreal antiVEGF represents a new paradigm in exudative AMD therapy due to its better outcomes(1-4,7,9-10). Bevacizumab (Avastin®) is a recombinant humanized fulllength anti-VEGF derived from a murine antibody with a molecular weight of 148 kD. It was designed for endovenous administration and was approved for the treatment of metastatic colorectal cancer in 2004. It has also been frequently and successfully used as an off-label intravitreal treatment of neovascular AMD since 2006. Bevacizumab has a longer halflife than ranibizumab, the actual most efficient anti-VEGF approved by ANVISA for AMD treatment, and is supposed to require less frequent dosing(1-7,10-12). Despite the better visual results achieved with bevacizumab therapy for choroidal neovascularization, its benefits seem to be temporary. Thereby, repeated injections are needed to reach and maintain the best visual acuity(6,13). Many patients give up antiangiogenic therapy at different times and have worse functional outcomes, regardless of the usual improvement observed after the beginning of the treatment. The purpose of this study is to evaluate the rate and the causes of interruption of bevacizumab intravitreal therapy in patients with exudative AMD in a referential eye-care center in Joinville, state of Santa Catarina, southern Brazil. METHODS This is a retrospective, non-comparative, consecutive case series. Cases included all patients with exudative AMD who were treated with one or more bevacizumab intravitreal injections at Sadalla Amin Ghanem Eye Hospital between 147 January 2006 and January 2008. Previously treated eyes with hot laser, PDT or intravitreal triamcinolone were excluded. Demographics, logMAR best-corrected visual acuity testing (BCVA) and number of injections were obtained from patients’ medical records. The causes of cessation of therapy were obtained through telephone interviews. The criterion of interruption of treatment was the absence of patient follow-up after a minimum of 3 months from the last ophthalmic examination. RESULTS Eighty-two patients were treated. Among them, 24 (29.3%) interrupted follow-up inadvertently. Thirteen patients were men (54.2%) and the mean age was 75.2 years old (range 65-89 yo). The treatment was unilateral in 19 patients (79.2%). Mean logMAR BCVA varied from 1.02 (SD 0.61) before treatment to 0.98 (SD 0.58) at the last ophthalmic evaluation (p>0.05). Fourteen patients (58.3%) who interrupted follow-up had a BCVA improvement after initiating therapy. Mean number of bevacizumab intravitreal injections was 2.0 (range 1-6). Nineteen patients (79.2%) answered to telephone questionnaires. The alleged causes of discontinuity of therapy were unexpected poor visual results (8 cases, 42.1%), lack of information about follow-up visits (5 cases, 26.3%), comorbidities such as malignancy, Alzheimer’s disease and cerebral vascular disease (3 cases, 15.8%), difficulties in booking new appointments (2 cases, 10.5%) and travelling problems (1 case, 5.3%) (Figure 1). Among the 8 cases described as having unexpected poor visual results, there were included 5 patients (26.3%) who related questionable cost-benefit relation. DISCUSSION Pharmacologic therapy with angiogenesis inhibitors have modified significantly the outcomes in many retinal vascular diseases, including exudative age-related macular degeneration (14-18). Since 2006, the use of off-label intravitreal therapy with bevacizumab, an anti-VEGF humanized monoclonal antibody, has greatly expanded throughout the world. It combines effectiveness, safety and cost facilities(7,9,12,17-18). Despite the favorable results of bevacizumab in a significant number of patients with exudative AMD, its small intravitreal half-life usually limits its effect. And, as AMD is a longstanding disease with frequent choroidal neovascularization recurrences, the patients often need several intravitreal injections, during months or years, to improve and maintain their best visual acuity. In this study, among 82 patients treated with bevacizumab for neovascular AMD, an unexpected high number of patients gave up therapy at different moments (29.3%). And, most interestingly, many of them had stable or slightly improved BCVA before interruption of follow-up visits. Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):146-9 73(2)13.pmd 147 5/5/2010, 16:58 148 Causes of interruption of bevacizumab therapy in age-related macular degeneration of them related avoidable causes for discontinuity of treatment. Efforts must be done to improve information to AMD patients, especially in relation to functional outcomes and prolonged follow-up care. RESUMO Figure 1 - Causes of interruption of bevacizumab therapy in exudative AMD at Sadalla Amin Ghanem Eye Hospital, Joinville (SC), between January 2006 and January 2008 Although this study has some drawbacks, such as a retrospective design, a limited number of patients and time of follow-up and an acquisition of data related to discontinuity of treatment through telephone interviews, it was observed that the majority of alleged causes were preventable. One factor that may avoid this unfavorable event is the correct education of the patients and their families about exudative AMD before initiating therapy. It is mandatory to explain adequately about the usual progression of the disease if left untreated, the importance of therapy and the necessity of frequent intravitreal injections and follow-up visits, at different intervals, to permit better results and visual stability. Possibly, in the studied group of patients who gave up follow-up, a more satisfactory previous explanation could permit better adherence to treatment and, consequently, visual benefits. Nonetheless, it is necessary to emphasize that many patients come from distant places and difficulties in transportation and housing may interfere with the optimal regimen of ophthalmological assistance. In addition, it is known that patients with AMD are frequently frustrated and depressed due to their inability to perform tasks that involve a good central vision and the lack of hope of significant functional improvements. An even greater frustration after a therapy that was supposed to permit better visual results might be an important cause of discontinuity of treatment. Concerning the vascular cerebral disease that one patient alleged as the cause of cessation of bevacizumab therapy, the medical records showed that he had an earlier diagnosis of a vascular cerebral malformation and it did not have relation to the ocular treatment; the interruption of ophthalmologic follow-up occurred 1 year and 8 months after the intravitreal injection. CONCLUSIONS A high number of patients interrupted follow-up after beginning bevacizumab therapy for exudative AMD. Many Objetivos: Avaliar as causas de interrupção do tratamento com bevacizumab intravítreo nos pacientes portadores da forma exsudativa de degeneração macular relacionada à idade acompanhados no Hospital de Olhos “Sadalla Amin Ghanem”, em Joinville (SC). Métodos: Série de casos retrospectiva, consecutiva e não-comparativa. Incluíram-se os pacientes com degeneração macular relacionada à idade exsudativa tratados com uma ou mais injeções intravítreas de bevacizumab entre janeiro de 2006 e janeiro de 2008. Os dados foram obtidos dos prontuários dos pacientes e de entrevistas telefônicas. O critério de descontinuação foi a ausência do paciente à consulta após o mínimo de três meses a partir da última avaliação oftalmológica. Resultados: Dentre os 82 pacientes tratados, 24 interromperam o tratamento inadvertidamente (29,3%). A média de idade foi 75,2 anos (65-89 anos). O número médio de injeções intravítreas de bevacizumab foi 2,0 (variação 1-6). Dezenove pacientes responderam aos questionários através de contato telefônico. As principais causas de interrupção do tratamento foram o resultado visual abaixo do esperado (8 casos, 42,1%), a falta de informação sobre o controle clínico oftalmológico (5 casos, 26,3%) e comorbidades sistêmicas (3 casos, 15,8%). Conclusão: Um elevado número de pacientes interrompeu o acompanhamento após início de terapia intravítrea com bevacizumab. Muitos deles referiram causas evitáveis de descontinuação do tratamento. Esforços devem ser feitos para propiciar informação mais adequada aos portadores de degeneração macular relacionada à idade exsudativa em vigência deste tratamento, especialmente com relação aos resultados funcionais e acompanhamento prolongado. Descritores: Degeneração macular; Membrana neovascular sub-retiniana; Fator A de crescimento endotelial vascular; Inibidores da angiogênese/uso terapêutico; Bevacizumab/uso terapêutico REFERENCES 1. Lazic R, Gabric N. Intravitreally administered bevacizumab (Avastin) in minimally classic and occult choroidal neovascularization secondary to age-related macular degeneration. Graefes Arch Clin Exp Ophthalmol. 2007;245(1):68-73. 2. Aisenbrey S, Ziemssen F, Völker M, Gelisken F, Szurman P, Jaissle G, et al. 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Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):146-9 73(2)13.pmd 149 5/5/2010, 16:58 Retinocoroidite toxoplásmica em pacientes com AIDS e neurotoxoplasmose Toxoplasmic retinochoroiditis in patients with AIDS and neurotoxoplasmosis Jane Mary Alves1 Vera Magalhães2 Marcus Augusto Gomes de Matos3 RESUMO Objetivo: A neurotoxoplasmose é a alteração do sistema nervoso central mais frequente observada em pacientes com AIDS. A ocorrência de toxoplasmose ocular em neurotoxoplasmose ainda é pouco estudada. O objetivo deste estudo foi de investigar a ocorrência de retinocoroidite toxoplásmica, típica ou provável, em pacientes com AIDS e neurotoxoplasmose. Métodos: Foi desenvolvido estudo prospectivo, tipo série de casos incluindo 70 pacientes, de ambos os sexos, com idade variando de 20 a 63 anos, internados nas enfermarias de três hospitais públicos da cidade do Recife, Pernambuco, com tais diagnósticos firmados segundo os critérios do CDC (1992), no período de janeiro a outubro de 2008. Os pacientes caracterizavam-se por: primeiro episódio de neurotoxoplasmose (65; 92,9%) ou recidiva (5; 7,1%); desconhecimento de ter AIDS (23; 32,9%), contagem média de linfócitos T CD4 de 139,8 ± 3,04 células/mm3 e carga viral média igual a 137.080 ± 39.380 cópias/mL. Todos os pacientes foram submetidos a exame oftalmológico, consistindo de: inspeção ocular; aferição da acuidade visual; investigação da função muscular extrínseca ocular e fundoscopia, empregando oftalmoscópio indireto binocular (modelo OHN 3.5 (Eyetec®) e lente externa de 20 dioptrias (Volk®). Resultados: Foram diagnosticados 4 (5,7%) pacientes com lesões cicatriciais de retinocoroidite, características de toxoplasmose ocular, sendo típica em 3 (75%) pacientes e bilateral em 1. Não houve qualquer caso de retinocoroidite ativa, típica ou provável. As lesões oculares ativas foram raras comparadas às lesões cicatriciais, as quais se associam à presença de cistos na retina. Conclusão: Recomenda-se que mesmo lesões cicatriciais sejam valorizadas em pacientes com AIDS. Descritores: Toxoplasmose ocular; Síndrome de imunodeficiência adquirida; Olho/imunologia Pesquisa realizada nos Hospitais Correa Picanço, Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco e Hospital Universitário Oswaldo Cruz da Universidade de Pernambuco - Recife (PE) - Brasil. 1 2 3 Pós-graduanda (Mestrado) da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE - Recife (PE) - Brasil; Oftalmologista do Instituto de Olhos de Recife - Recife (PE) Brasil. Doutora, Professora Titular de Doenças Infecciosas e Parasitárias da UFPE - Recife (PE) - Brasil. Médico do Real Visão do Hospital Português - Recife (PE) - Brasil. Endereço para correspondência: Jane Mary Alves. Rua Dom Sebastião Leme, 57 - Apto. 202 - Recife (PE) CEP 52011-160 E-mail: [email protected] Recebido para publicação em 25.05.2009 Última versão recebida em 31.12.2009 Aprovação em 11.03.2010 INTRODUÇÃO A toxoplasmose ocular é a causa mais comum de retinocoroidite em paciente não imunocomprometido, sendo responsável por 30% a 50% de todas as uveítes posteriores(1). Em pacientes com AIDS, a toxoplasmose do sistema nervoso central é a causa mais frequente de lesão cerebral focal(2), principalmente quando a contagem de linfócitos T CD4+ é menor que 100 células/mm³(3), e a retinocoroidite toxoplásmica, uma das mais importantes inflamações oculares secundárias(4). É a terceira retinopatia infecciosa mais frequente e corresponde a 1% a 3% das infecções oculares nesses pacientes(5-6). Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):150-4 73(2)10.pmd 150 5/5/2010, 17:00 Retinocoroidite toxoplásmica em pacientes com AIDS e neurotoxoplasmose Lesões oculares podem ser a primeira manifestação de doença intracraniana ou disseminada, porém podem ocorrer sem evidências desse envolvimento (7). Aproximadamente metade dos casos de pacientes com AIDS e toxoplasmose ocular apresenta concomitantemente manifestações de acometimento neurológico. Em contrapartida, os pacientes com doença neurológica pela toxoplasmose têm 10% a 20% de chance de apresentar o quadro ocular(8). Na AIDS, a retinocoroidite toxoplásmica caracteriza-se geralmente pela presença de lesões branco-floconosas, com quase nenhuma inflamação vítrea ou hemorragia retiniana, sendo as lesões cicatriciais pouco pigmentadas(9-10). Apresentações atípicas, comuns em pacientes com AIDS, imunossupressão iatrogênica ou idade avançada, podem assumir forma bilateral, extensiva ou multifocal(11). Esse aspecto difere da lesão ativa, típica, caracterizada por foco solitário, exsudativo, necrosante de retinocoroidite, adjacente a uma lesão cicatricial, acompanhada de reação vítrea inflamatória moderada a grave, dos pacientes imunocompetentes(12). Duas pesquisas retrospectivas, realizadas em unidades terciárias de referência em doenças oculares e AIDS, buscaram descrever o comportamento ocular associado à neurotoxoplasmose. Na primeira, envolvendo 145 prontuários, os pacientes foram classificados em dois grupos, segundo tempo decorrido entre o aparecimento das lesões oculares e o tratamento para neurotoxoplasmose. No grupo submetido a tratamento por mais de três meses, 8% dos pacientes com neurotoxoplasmose tiveram diagnóstico de retinocoroidite toxoplásmica, enquanto que, no grupo com menos de três meses de tratamento, esse porcentual igualou-se a 11,1%(9). Estudo realizado no Brasil(13) a partir da análise de 118 prontuários permitiu determinar que em 23% dos casos havia associação entre toxoplasmose ocular e neurotoxoplasmose. As evidências apontam para a concomitância de atividade da doença nas lesões do SNC e da retina, já que ambos os tecidos têm a mesma origem embriológica e são considerados sítios preferenciais de latência do parasita, mas os dois únicos estudos(9,13) que determinaram essa frequência foram discrepantes, tiveram caráter retrospectivo e foram realizados em centros de referência para doença ocular em paciente com AIDS. Motivados pela possibilidade de essa frequência ser menor que a referida por esses autores, quando realizada prospectivamente em centros de referência para atendimento a pacientes com AIDS, mas não para doenças oculares, buscou-se realizar a presente pesquisa. O objetivo deste estudo é investigar a ocorrência de retinocoroidite típica ou provável, presumivelmente toxoplásmica, em pacientes com neurotoxoplasmose e AIDS, internados em três serviços de referência para HIV/AIDS. MÉTODOS No período de janeiro a outubro de 2008, foi desenvolvido estudo prospectivo tipo série de casos envolvendo 70 pacientes, 151 com idade igual ou maior que 13 anos, internados nas enfermarias de três hospitais públicos da cidade do Recife, Pernambuco (Hospital Correa Picanço, Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco e Hospital Universitário Oswaldo Cruz da Universidade de Pernambuco), com diagnóstico de AIDS e acometimento do sistema nervoso central pelo Toxoplasma gondii, firmado segundo os critérios do CDC(14). Foram excluídos os pacientes com história de alergia a colírio midriático ou câmara ocular anterior rasa, pelo risco de crise de glaucoma agudo. A caracterização dos pacientes foi obtida por meio de consulta ao prontuário e compreendeu: dados sociodemográficos, comorbidades oculares, contagem de linfócitos T CD4 e carga viral em sangue periférico. Todos os pacientes tinham sorologia positiva para HIV e para toxoplasmose (IgG). O diagnóstico do acometimento do sistema nervoso central pelo Toxoplasma gondii foi realizado com base em manifestações neurológicas clínicas, achados aos exames de imagem e melhora clínica com o tratamento específico instituído. O comprometimento neurológico grave de todos os pacientes, exigindo que permanecessem em posição supina, fez com que o exame oftalmológico fosse realizado à beira do leito. O exame consistiu em inspeção ocular com lanterna, dirigindo o feixe luminoso paralelamente ao ponto de junção palpebral externo, para avaliação da profundidade da câmara anterior e fundoscopia, após instilação no saco conjuntival de cada olho de 1 gota de colírio de tropicamida a 1%, a cada 10 minutos, por três vezes, para promover midríase. Empregou-se oftalmoscópio indireto binocular (OBI), com iluminação elétrica halógena, modelo OHN 3.5 (Eyetec®), e lente externa de 20 dioptrias (Volk®). Os pacientes com diagnóstico de alterações fundoscópicas foram submetidos a: retinografia, empregando retinógrafo digital (Topcon®, Japão), avaliada pelo programa Image NET, para processamento das imagens obtidas, assim como angiofluoresceinografia, quando indicada, após infusão endovenosa periférica rápida de 5 mL de solução de fluoresceína sódica a 10%. Todos os exames fundoscópicos foram avaliados por um oftalmologista, o qual acompanhou, juntamente com a pesquisadora, os pacientes que necessitaram de tratamento oftalmológico. Foram afastados os diagnósticos oculares diferenciais como sífilis e infecção por citomegalovírus e herpes. A retinocoroidite foi classificada por dois sistemas: atividade e tipicidade. Quanto à atividade, a retinocoroidite foi considerada: cicatricial, na presença de margens bem delimitadas, vários graus de hiperplasia do epitélio pigmentário e atrofia retinocoroidea; ou ativa, quando foi possível observar lesão branco-amarelada, ocasionalmente cinza, com limites mal definidos devido ao edema retiniano circunjacente. Quanto à tipicidade, a lesão foi classificada como: típica quando cicatrizada ou ativa, satélite a uma ou mais lesões cicatrizadas, ou provável, quando necrosante, focal, típica, porém isolada, podendo estar em atividade ou cicatrizada. Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):150-4 73(2)10.pmd 151 5/5/2010, 17:00 152 Retinocoroidite toxoplásmica em pacientes com AIDS e neurotoxoplasmose Os dados foram organizados com o programa Excel® e resumidos por meio de medidas de posição e de dispersão, apresentados em tabelas. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Pernambuco, sob nº 010/2008-CEP/CCS, e CEP/CCS/UFPE Nº 371/07. RESULTADOS Dentre os 70 pacientes com toxoplasmose do sistema nervoso central, houve predomínio do gênero masculino (51; 72,9%). A idade variou de 20 a 63 anos. Foram mais frequentes pacientes solteiros (44; 62,9%) e procedência da cidade de Recife ou de outras da Região Metropolitana (58; 82,9%) (Tabela 1). Na tabela 2, são apresentadas as variáveis relativas ao uso de terapêutica medicamentosa, na qual se observa que 16 (22,9%) pacientes relataram fazer uso de terapia antirretroviral com periodicidade irregular. Dentre os 70 pacientes, 65 (92,9%) não tinham história prévia de neurotoxoplasmose, enquanto que para 5 (7,1%), ocorreu como recidiva da doença. Os cinco pa- Tabela 1. Distribuição das variáveis sociodemográficas de 70 pacientes com AIDS e neurotoxoplasmose - Recife, janeiro/outubro 2008 Variáveis sociodemográficas Gênero Masculino Feminino Idade (anos) 20 - 29 30 - 39 ≥ 40 Estado civil Solteiro Casado Viúvo Divorciado Procedência Recife e região metropolitana Outros municípios Frequência Porcentual (%) 51 19 72,9 27,1 25 32 13 35,7 45,7 18,6 44 22 3 1 62,9 31,4 4,3 1,4 58 12 82,9 17,1 Tabela 2. Distribuição das características da AIDS de 70 pacientes com neurotoxoplasmose - Recife, janeiro/outubro 2008 Variáveis relativas a uso e periodicidade de terapia medicamentosa Uso de terapia antirretroviral Sim, de forma irregular Não História prévia de neurotoxoplasmose Sim Não Frequência Porcentual (%) 16 54 22,9 77,1 5 65 7,1 92,9 cientes declararam não fazer uso de profilaxia secundária à neurotoxoplasmose ou fazê-la de forma irregular. Identificou-se também que 23 (32,8%) pacientes tiveram o primeiro diagnóstico de AIDS nessa internação. A contagem média de linfócitos T CD4 foi de 139,8 ± 3,04 células/mm3, com variação entre 1 célula/mm3 a 714 células/mm3. Dezesseis (22,8%) pacientes apresentavam menos de 100 células T CD4+/mm3. Quanto à carga viral, esta variou entre 1.110 cópias/mL e 517.000 cópias/mL, com média igual a 137.080 ± 39.380 cópias/mL. Quatro (5,7%) pacientes apresentavam lesões cicatriciais de retinocoroidite, características de toxoplasmose ocular (Tabela 3). Em 1 (25%) paciente, a lesão era periférica do tipo provável (Figura 1). Três (75%) pacientes apresentavam lesões típicas, múltiplas, cicatriciais, sendo bilateral em um deles com presença de lesão macular e baixa importante da acuidade visual (Figura 2). Não se diagnosticou qualquer caso de retinocoroidite ativa, fosse ela típica ou provável. DISCUSSÃO No presente estudo, encontrou-se baixa ocorrência de toxoplasmose ocular em pacientes com AIDS e neurotoxoplasmose (5,7%). Na verdade, observaram-se apenas lesões cicatriciais, sem atividade. É possível que os pacientes tenham apresentado acometimento ocular assintomático ou oligossintomático que precedeu à neurotoxoplasmose. Segundo Cochereau-Massin et al., a toxoplasmose ocular precede a neurotoxoplasmose em aproximadamente metade dos casos(8). A neurotoxoplasmose em pacientes com AIDS deve-se à reativação de um foco cerebral inativo, decorrente da imunodeficiência celular(15). Pacientes com um quadro de neurotoxoplasmose e AIDS não raro apresentam acometimento de outros sítios, particularmente pulmão, em até 26% dos casos(16) e coração, em 3% dos pacientes(17-18). Seria de se esperar o acometimento ocular, pois existe um tropismo do taquizoíto por essa estrutura(19). Por outro lado, sabendo-se que a neurotoxoplasmose decorre de uma imunodeficiência que acarreta a reativação de cistos inativos no sistema nervoso central(20), seria de se esperar que ocorresse reativação também em sítio ocular. No entanto, no olho de pacientes imunocomprometidos, talvez os mecanismos de imunidade ocular estejam preservados, Tabela 3. Distribuição da retinocoroidite de 70 pacientes com AIDS e neurotoxoplasmose - Recife, janeiro/outubro 2008 Retinocoroidite Retinocoroidite cicatricial provável Ausente Presente Retinocoroidite cicatricial típica Ausente Presente Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):150-4 73(2)10.pmd 152 5/5/2010, 17:00 Frequência Percentual (%) 69 1 98,6 1,4 67 3 95,7 4,3 Retinocoroidite toxoplásmica em pacientes com AIDS e neurotoxoplasmose com relação ao T. gondii, mesmo diante da grave imunodeficiência observada na AIDS. No ciclo parasitário do toxoplasma, o encistamento é um estágio essencial para sua manutenção no ambiente, fugindo do aparato celular endocítico que tende a degradar o material estranho intracelular (21). O olho não é um sítio preferencial de encistamento por dispor de dois mecanismos distintos, complementares, que geram condições inóspitas para o taquizoíta(22). Pesquisas experimentais comprovam que a resposta imune no olho de ratos imunocompetentes consiste em promover melhores condições de encistamento do taquizoíto, Olho direito Figura 1 - Retinocoroidite provável toxoplásmica cicatricial em paciente com AIDS e neurotoxoplasmose A 153 por meio do aumento da síntese de interferon gama e de fator de necrose tumoral alfa(22). Ao mesmo tempo, a quebra de barreira hematocular favorece acesso ao ambiente ocular de linfócitos T CD4+, T CD8+ e do epitélio pigmentar da retina, com propriedade fagocitária, aumentando a apoptose de células infectadas pelo aumento da expressão de MHC classe I, o que reduz a carga parasitária ocular e o aparecimento da lesão característica em atividade(22). Em ratos imunocomprometidos, o processo se inverte. Há redução da conversão de taquizoítos para a forma de replicação lenta de bradizoítos, por inibição da síntese de interferon gama e fator de necrose tumoral alfa, do que decorre maior carga parasitária na retina. No entanto, associada a esse fenômeno, há a depleção de linfócitos T CD4+ e T CD8+, que atuam no olho promovendo um nível menor de inflamação local e de apoptose, com consequente surgimento de lesões maiores e cicatriciais(23). Esses processos parecem permitir levantar a hipótese ser a imunodeficiência a possível causa de maior risco de desencadeamento da neurotoxoplasmose subsequente a uma toxoplasmose ocular, reduzido número de cistos e de lesões ativas em retina e presença de lesões extensas oculares, quando estas ocorrem em pacientes com AIDS. O porcentual de pacientes com AIDS e neurotoxoplasmose para os quais foi identificada lesão cicatricial (5,7%) foi menor que o relatado por outros pesquisadores, mas cumpre notar que ainda não há consenso quanto a essa taxa. A literatura internacional refere que a toxoplasmose ocular em pacientes com AIDS é rara, acometendo 1% a 3% dos casos, no que difere do acometimento do sistema nervoso central(5,24) , mas essas pesquisas não contemplam pacientes com AIDS e neurotoxoplasmose. Os dois únicos trabalhos (9,13) localizados são retrospectivos e foram realizados em centro de referência de doenças B A= Olho direito: lesão macular, com tração vitreorretiniana; B= Olho esquerdo: lesão periférica cicatrizada Figura 2 - Retinocoroidite típica toxoplásmica cicatricial em paciente com AIDS e neurotoxoplasmose Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):150-4 73(2)10.pmd 153 5/5/2010, 17:00 154 Retinocoroidite toxoplásmica em pacientes com AIDS e neurotoxoplasmose oculares em pacientes com AIDS, portanto podem ter incluído casos pouco usuais(9), ao discutirem seus resultados. A explicação da ausência de lesões ativas dependerá de elucidação posterior no campo da imunologia. Os resultados desses autores ainda são motivo de pesquisas. Diferente de outros autores, na presente pesquisa, não foram encontradas lesões oculares ativas em pacientes com AIDS e neurotoxoplasmose, mas a presença das lesões oculares cicatriciais parece indicar uma infecção passada por T. gondii, o que deve ser valorizado dado haver um risco aumentado de neurotoxoplasmose em caso de reativação da doença. ABSTRACT Purpose: Neurotoxoplasmosis is the most common central nervous system disorder in patients with AIDS. The occurrence of ocular toxoplasmosis in neurotoxoplasmosis is not well studied. The objective of this study was to investigate the occurrence of typical or probable toxoplasmic retinochoroiditis in patients with AIDS and neurotoxoplasmosis. Methods: A prospective case series was performed, including 70 patients of both genders, aged from 20 to 63 years, hospitalized in three public hospitals in Recife, Pernambuco, with such diagnosis according to the CDC criteria (1992), from January to October, 2008. Results: Patients were characterized by first neurotoxoplasmosis episode (65, 92.9%) or relapse (5, 7.1%), ignorance of AIDS diagnosis (23, 32.9%), mean CD4 T lymphocytes count of 139.8 ± 3.04 cells/mm³ and mean viral load of 137,080 ± 39,380 copies/mL. All patients underwent ophthalmologic examination, consisting of ocular inspection, visual acuity measurement, investigation of ocular extrinsic muscle function and fundoscopy, using binocular indirect ophthalmoscope (model OHN 3.5 (Eyetec®) and 20 diopters external lens (Volk®). Four (5.7%) patients presented retinochoroiditis scar lesions, characteristic of ocular toxoplasmosis, typical in 3 (75%) of them and bilateral in one. There was no case of typical or probable active retinochoroiditis. Active ocular lesions were rare compared to scarring, which are associated with the presence of retinal cysts. Conclusion: Scarring lesions should be valued in patients with AIDS. Keywords: Ocular toxoplasmosis; Acquired immunodeficiency syndrome; Eye/immunology REFERÊNCIAS 1. Copeland R, Phillpotts BA. Ocular manifestations of HIV. eMedicine 2006:1-46. 2. Nussemblatt RB, Belfort Júnior R. Pathogenesis of inflammatory conditions of the retina: toxoplasmosis retinochoroiditis. In: Tabbara KF, Hyndiuk RA. Ophthalmology: infections of the eye. 2nd ed. Boston: Little, Brown; 1996. p.61-5. 3. Hoffmann C, Ernst M, Meyer P, Wolf E, Rosenkranz T, Plettenberg A, et al. Evolving characteristics of toxoplasmosis in patients infected with human immunodeficiency virus-1: clinical course and Toxoplasma gondii-specific immune responses. Clin Microbiol Infect. 2007;13(5):510-5. 4. Silveira C. 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Melamed J, Maestri M, Franco JA. Toxoplasmose ocular na Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. Arq Bras Oftalmol. 1989;52(5):173-6. Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):150-4 73(2)10.pmd 154 5/5/2010, 17:00 Plateau iris configuration in eyes with narrow-angle: an ultrasound biomicroscopic study Configuração da íris em platô em olhos com seio camerular estreito: um estudo ultrabiomicroscópico Alberto Diniz Filho1 Sebastião Cronemberger2 Dollores Martins Ferreira3 Rafael Vidal Mérula4 Nassim Calixto5 From the Department of Ophthalmology and Otorrinolaringology, Universidade Federal de Minas Gerais UFMG - Belo Horizonte (MG) - Brazil. 1 2 3 4 5 Postgraduate Student, School of Medicine, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG - Belo Horizonte (MG) - Brazil. Professor of Ophthalmology, School of Medicine at UFMG - Belo Horizonte (MG) - Brazil. Graduate Student, School of Medicine at UFMG - Belo Horizonte (MG) - Brazil. Postgraduate Student, School of Medicine at UFMG Belo Horizonte (MG) - Brazil. Professor of Ophthalmology, School of Medicine at UFMG - Belo Horizonte (MG) - Brazil. Correspondence address: Alberto Diniz Filho. Avenida Afonso Pena, 270 - Curvelo (MG) CEP 35790-000 E-mail: [email protected] Recebido para publicação em 10.12.2008 Última versão recebida em 31.01.2010 Aprovação em 15.03.2010 Nota Editorial: Depois de concluída a análise do artigo sob sigilo editorial e com a anuência do Dr. Lisandro Massanori Sakata sobre a divulgação de seu nome como revisor, agradecemos sua participação neste processo. ABSTRACT Purpose: To investigate, through ultrasound biomicroscopy images, the presence of plateau iris configuration in eyes with narrow-angle from patients with open-angle glaucoma and in eyes with previous acute primary angle-closure and compare the biometric features of eyes with plateau iris configuration with those of normal eyes. Methods: Ultrasound biomicroscopic images from 196 patients with open-angle glaucoma and narrow-angle and 32 patients with acute primary angle-closure were retrospectively analyzed. The inclusion and specific criteria for the diagnosis of plateau iris configuration was the presence of an anterior positioning of the ciliary processes, supporting the peripheral iris so that it was parallel to the trabecular meshwork; the iris root had a steep rise from its insertion point, followed by a downward angulation from the corneoscleral wall; presence of a central flat iris plane; an absent (complete plateau iris configuration) or partially absent (incomplete plateau iris configuration) ciliary sulcus. The ultrasound biomicroscopic parameters were compared between complete and incomplete plateau iris configuration. The same parameters of both groups were compared with those of normal eyes. The following measurements were performed: anterior chamber depth; angle opening distance at 500 µm from the scleral spur; peripheral iris thickness at 500 µm from the scleral spur; iris-ciliary process distance; trabecular-ciliary process distance and angle recess area. Results: Plateau iris configuration was found in 33 eyes of 20 (10.2%) out of 196 patients with open-angle glaucoma and narrow-angle and in 4 eyes of 2 (6.3%) out of 32 patients with acute primary angleclosure. Seventeen (77.3%) patients with plateau iris configuration were female and 5 (22.7%) male. Twenty-three (62.2%) out of 37 eyes had complete plateau iris configuration, and 14 (37.8%) had incomplete plateau iris configuration. Complete and incomplete plateau iris configuration presented similar biometric features with the exception of the iris-ciliary process distance. All plateau iris configuration eyes showed biometric parameters completely different from those of normal eyes except for peripheral iris thickness at 500 µm from the scleral spur. Conclusions: Plateau iris configuration was present in 10.2% of patients with open-angle glaucoma and narrow-angle and in 6.3% of patients with acute primary angle-closure. Biometric features were similar in eyes with complete and incomplete plateau iris configuration with the exception of iris-ciliary process distance. Compared to normal eyes, all plateau iris configuration eyes showed biometric parameters completely different except for peripheral iris thickness at 500 µm from the scleral spur. Keywords: Glaucoma, angle-closure; Anterior chamber/ultrasonography; Gonioscopy; Iris diseases Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):155-60 73(2)18.pmd 155 5/5/2010, 17:02 156 Plateau iris configuration in eyes with narrow-angle: an ultrasound biomicroscopic study INTRODUCTION Classically, the plateau iris configuration (PIC) was defined as presurgical changes of an eye with normal central anterior chamber depth (ACD), flat iris by conventional biomicroscopy, but with an extremely narrow or closed angle on gonioscopic examination. On the other hand, the plateau iris syndrome (PIS) was defined as an acute glaucoma crisis in one eye with normal central anterior chamber depth in spite of a patent iridotomy on direct examination, presenting angle-closure confirmed by gonioscopic examination after mydriasis(1-3). The ultrasound biomicroscopy (UBM) enabled one to anatomically recognize the so-called PIC and explained the PIS mechanism that occurs in many eyes. Some UBM studies showed that the ciliary processes were in an anterior position when compared to their position in normal subjects and in patients with angle-closure glaucoma caused by pupillary block. Therefore, a significant angle narrowing was found, even though the central depth of the anterior chamber was almost normal(4). The purpose of this study is to investigate, through UBM images, the presence of PIC in eyes with narrow-angle from patients with open-angle glaucoma (OAG) and from eyes with acute primary angle-closure (APAC). Biometric features of PIC eyes and normal eyes were also compared. METHODS Ultrasound biomicroscopy images of 196 consecutive OAG subjects and 32 consecutive APAC subjects in one or both eyes submitted or not to laser peripheral iridotomy (LPI) from September, 1995 to August, 2006, were retrospectively analyzed. The inclusion and specific criteria for the diagnosis of PIC was the presence of an anterior positioning of the ciliary processes, supporting the peripheral iris so that it was parallel to the trabecular meshwork; the iris root had a steep rise from its point of insertion, followed by a downward angulation from the corneoscleral wall; presence of a central flat iris plane; an absent (complete PIC) or partially absent (incomplete PIC) ciliary sulcus(5), through the analysis of UBM imaging in the four quadrants. The following criteria were used to define cases of previous APAC: 1) presence of at least two of the following symptoms: ocular or periocular pain, nausea and/or vomiting, antecedent history of intermittent blurring of vision with haloes; and 2) presenting intraocular pressure (IOP) higher than 28 mmHg (as measured by Goldmann applanation tonometry) and the presence of at least three of the following signs: conjunctival injection, corneal epithelial edema, mid-dilated unreactive pupil, and shallow anterior chamber; and 3) the presence of an occluded angle in the affected eye, verified by gonioscopy. The criteria used to define OAG were: 1) intraocular pressure (IOP) higher than 18 mmHg; 2) presence of glaucomatous optic neuropathy defined by at least two of the following items: cup/disc ratio (C/D) asymmetry between fellow eyes of greater than 0.2, rim thinning, notching, cup/disc ratio (C/D) more than 0.7, optic disc haemorrhage or retinal nerve fiber layer (RNFL) defect; 3) glaucomatous visual field defects were detected by automated perimetry evaluated by means of Interzeag Octopus 1-2-3 (the visual field test was considered abnormal if two of the following three criteria were met on at least two consecutive visual fields: (a) an abnormal Bebie curve (deviation more than 0.5); (b) 3 contiguous nonedge points (allowing the two nasal step edge points) on a Octopus program G1X visual field with p<0.05 on the probability plot, with at least 1 point at p<0.01; and (c) a corrected loss variance p<0.05; and 4) open-angle evaluated by gonioscopy [clinically narrow-angles as those angles regarded by the examiner as being grade III (posterior portion of trabecular meshwork hidden) using the Scheie classification based upon the most posterior structure visible in the angle, without goniosynechia]. Gonioscopy in primary gaze position was performed by the members of the Glaucoma Service and confirmed by one of the authors (SC), using a Goldmann three-mirror goniolens (Haag-Streit AG, Köniz, Switzerland), in the undilated state under room light illumination (approximately 240 lux), and dark (approximately 0.1 lux) (the room was darkened in 5 minutes), both conditions previously measured with an illumination meter (Minolta T10 Illumination Meter, Konica Minolta Sensing Inc., Osaka, Japan), being uniforms the conditions for all examination. The angle was fully gonioscopically evaluated (360º), and the classification was based on the visibility of the posterior trabecular meshwork (180º). The following exclusion criteria were used: presence of iridociliary cysts; nuclear sclerosis defined as Lens Opacities Classification System (LOCS) II more than grade 2 (NC2, NO2); secondary glaucoma (traumatic, uveitic, aphakic, neovascular, pseudophakic, phacomorphic or phacoanaphylatic); peripheral anterior synechia; corneal opacity in both eyes; previous surgical procedure except LPI; and closed angle under dark gonioscopic examination. Blind eyes were also excluded. The UBM examination was performed by a single examiner (SC) with the commercial instrument (UBM model 840, Zeiss-Humphrey Instruments Inc., San Leandro, California, USA) and the 50-MHz transducer. After surface anaesthesia with 0.5% proparacaine, a plastic eyecup containing 2% methylcellulose and physiologic saline was applied to the eyeball between the eyelids. The scanning was performed by placing the probe at the limbus and ciliary body region, always perpendicular to the surface of the eyeball, and multiple cross-sectional scans passing trough the ciliary process were obtained per eye with the patient in a supine position. The UBM examination was done in the undilated state under room light illumination (approximately 240 lux), and dark (approximately 0.1 lux), being uniforms the conditions for all examination. Ultrasound biomicroscopic images of the central anterior chamber, and superior, inferior, nasal and temporal quadrants Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):155-60 73(2)18.pmd 156 5/5/2010, 17:02 Plateau iris configuration in eyes with narrow-angle: an ultrasound biomicroscopic study of each eye were evaluated, and the following parameters were measured (Figure 1): central anterior chamber depth (ACD); the angle opening distance at 500 µm from the scleral spur (AOD500); the peripheral iris thickness at 500 µm from the scleral spur (ID1); the iris-ciliary process distance (ICPD); the trabecular-ciliary process distance (TCPD) and the angle recess area (ARA) in mm2. All the parameters, with the exception of the ACD, were measured in the temporal quadrant. The UBM Pro 2000 software program (Paradigm Medical Industries, Salt Lake City, UT, USA) was used to automatically measure the ARA after spotting the scleral spur(6). We compared the ACD, AOD500, ID1 and TCDP measurements between complete and incomplete PIC eyes. We also compared the same biometric parameters of complete and incomplete PIC eyes with those of 89 normal eyes who were studied by one of the authors (SC)(7). All normal patients presented normal ophthalmological examination and none of them had PIC on UBM examination. We compared the ICPD measurements between the complete and incomplete PIC eyes with those of 42 normal eyes from another study which this parameter was measured(8). Finally, we compared the ARA measurements of the eyes with PIC with those of 30 normal eyes from another study(9). A SPSS 13.0 program was used for the statistical analysis. The significance level of 1% (p<0.01) was adopted. This study was approved by the Ethics and Research Committee of the Federal University of Minas Gerais through Certificate 226/05. 157 DISCUSSION The gonioscopy can lead to a diagnosis of PIC. However, UBM plays a fundamental role by confirm the PIC diagnosis. Furthermore, UBM enables the measurement of many parameters of the ocular anterior segment of PIC patients and their comparison to those of normal eyes or OAG eyes. Therefore, it is recommended that the eyes suspected of PIC, PIS and APAC by conventional biomicroscopy or gonioscopy should be assessed by UBM. In this paper, we observed that 17 (77.3%) out of 22 patients with PIC were female, and 5 (22.7%) were male, which is in agreement with previous studies that showed that PIC is more prevalent in women than in men(10-11). The patients with RESULTS One hundred ninety-six patients were previously classified as having OAG. One hundred and seventy-one (75%) out of 228 patients were female and 57 (25%) were male. PIC was found in 33 eyes of 20 patients out of 196 OAG patients (10.2%) (seven eyes of these patients were excluded) and in four eyes of two patients out of 32 APAC patients (6.3%). Twenty-three eyes (62.2%) of 15 patients had complete PIC, and 14 eyes of 7 patients (37.8%) had incomplete PIC. Seventeen (77.3%) out of 22 patients with PIC were female, and 5 (22.7%) were male. The patients’ age ranged from 45 to 78, with an average of 60.1 years. Table 1 shows the comparisons between the biometric parameters of eyes with complete and incomplete PIC. The biometric features were similar in patients with complete and incomplete PIC with the exception of ICPD. The results of the comparisons among eyes with complete and incomplete PIC and normal eyes are seen in tables 2 and 3. As expected, all PIC eyes presented biometric parameters statistically different from those of normal eyes except for ID1. In tables 2 and 3, attention is drawn to the fact that eyes with complete and incomplete PIC showed shallower (1 mm average) ACD than normal eyes. The ICPD equaled zero in complete PIC and showed a minimum value in the incomplete PIC. ACD= central anterior chamber depth; AOD500= the angle opening distance at 500 μm from the scleral spur; TCPD= the trabecular-ciliary process distance; ARA= the angle recess area; ID1= the peripheral iris thickness at 500 μm from the scleral spur; ICPD= the iris-ciliary process distance (ICPD=0) Figure 1 - Schematic UBM picture showing the variables assessed in PIC Table 1. Means and standard deviations on the measurements of several parameters on eyes with complete and incomplete plateau iris configuration Complete plateau (n=23) Parameters Mean ± SD ACD (mm) 1.85 ± 0.22 AOD500 (mm) 0.09 ± 0.08 ID1 (mm) 0.32 ± 0.07 TCPD (mm) 0.40 ± 0.11 ICPD (mm) 0.00 ± 0.00 ARA (mm2) 0.018 ± 0.03 Incomplete plateau (n=14) Mean ± SD 1.81 ± 0.21 0.07 ± 0.06 0.32 ± 0.06 0.46 ± 0.11 0.06 ± 0.07 0.016 ± 0.02 t 0.52 0.65 -0.02 -1.60 -3.97 0.18 P-value 0.60 0.50 0.82 0.12 <0.01 0.86 n= number of eyes; SD= standard deviation; ACD= central anterior chamber depth; AOD500= angle opening distance at 500 µm from the scleral spur; ID1= peripheral iris thickness at 500 µm from the scleral spur; TPCD= trabecularciliary process distance; ICPD= iris-ciliary process distance; ARA= angle recess area Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):155-60 73(2)18.pmd 157 5/5/2010, 17:02 158 Plateau iris configuration in eyes with narrow-angle: an ultrasound biomicroscopic study Table 2. Means and standard deviations on the measurements of several parameters on eyes with complete plateau iris configuration and on normal eyes Table 3. Means and standard deviations on the measurements of several parameters on eyes with incomplete plateau iris configuration and on normal eyes Complete Normal plateau (n=23) eyes Parameters Mean ± SD Mean ± SD ACD (mm) 1.85 ± 0.22 2.83 ± 0.27 (n=89)* AOD500 (mm) 0.09 ± 0.08 0.37 ± 0.13 (n=89)* ID1 (mm) 0.32 ± 0.07 0.35 ± 0.09 (n=89)* TCPD (mm) 0.40 ± 0.11 0.89 ± 0.17 (n=89)* ICPD (mm) 0.00 ± 0.00 0.41 ± 0.10 (n=42)** 0.018 ± 0.03 0.26 ± 0.19 ARA (mm2) (n=30)*** Incomplete Normal plateau (n=14) eyes Parameters Mean ± SD Mean ± SD ACD (mm) 1.81 ± 0.21 2.83 ± 0.27 (n=89)* AOD500 (mm) 0.07 ± 0.06 0.37 ± 0.13 (n=89)* ID1 (mm) 0.32 ± 0.06 0.35± 0.09 (n=89)* TCPD (mm) 0.46 ± 0.11 0.89 ± 0.17 (n=89)* ICPD (mm) 0.06 ± 0.07 0.41 ± 0.10 (n=42)** ARA (mm2) 0.016 ± 0.02 0.26 ± 0.19 (n=30)*** t -16.592 P-value <0.01 -16.245 <0.01 -1.095 0.28 -13.843 <0.01 -19.399 <0.01 -6.038 <0.01 t -13.961 P-value <0.01 -12.672 <0.01 -0.895 0.37 -9.6817 <0.01 -12.109 <0.01 -4.763 <0.01 n= number of eyes; SD= standard deviation; ACD= central anterior chamber depth; AOD500= angle opening distance at 500 µm from the scleral spur; ID1= peripheral iris thickness at 500 µm from the scleral spur; TPCD= trabecularciliary process distance; ICPD= iris-ciliary process distance; ARA= angle recess area *= Marigo FA, Souza Filho EC, Marigo PVB, Oliveira ACM, Cronemberger S. Simetria das medidas morfométricas do segmento anterior entre olhos adelfos pela biomicroscopia ultra-sônica (UBM). Arq. Bras. Oftalmol. 2007;70(2):330-6. **= Marchini G, Pagliarusco A, Toscano A, Tosi R, Brunelli C, Bonomi L. Ultrasound biomicroscopic and conventional ultrasonographic study of ocular dimensions in primary angle-closure glaucoma. Ophthalmology. 1998; 105(11):2091-8. ***= Costa LT, Marigo FA, Souza Filho EC, Cronemberger S, Calixto N, Marigo PV. Medida de área de recesso angular em indivíduos normais pela biomicroscopia ultra-sônica. Rev Bras Oftalmol. 2004;63(7-8):378-83. n= number of eyes; SD= standard deviation; ACD= central anterior chamber depth; AOD500: angle opening distance at 500 µm from the scleral spur; ID1= peripheral iris thickness at 500 µm from the scleral spur; TPCD= trabecularciliary process distance; ICPD= iris-ciliary process distance; ARA= angle recess area. *= Marigo FA, Souza Filho EC, Marigo PVB, Oliveira ACM, Cronemberger S. Simetria das medidas morfométricas do segmento anterior entre olhos adelfos pela biomicroscopia ultra-sônica (UBM). Arq. Bras. Oftalmol. 2007;70(2):330-6. **= Marchini G, Pagliarusco A, Toscano A, Tosi R, Brunelli C, Bonomi L. Ultrasound biomicroscopic and conventional ultrasonographic study of ocular dimensions in primary angle-closure glaucoma. Ophthalmology. 1998; 105(11):2091-8. ***= Costa LT, Marigo FA, Souza Filho EC, Cronemberger S, Calixto N, Marigo PV. Medida de área de recesso angular em indivíduos normais pela biomicroscopia ultra-sônica. Rev Bras Oftalmol. 2004;63(7-8):378-83. PIS were mostly women (74.3%). Some authors also found that PIS was more frequent in young women with angle-closure glaucoma(10-11). In the present study, the patients’ age ranged from 45 to 78, with an average of 60.1 years old, which is much higher when compared to another study: 34.9 years old on average(10). PIC is an ocular bilateral anomaly. In four patients with bilateral complete PIC, we considered only one eye. The contralateral eye was excluded because it had undergone a trabeculectomy. One more recent study found a smaller PIS prevalence of 22% in younger patients with recurrent angle-closure(11). In both studies the eyes presented acute crisis of glaucoma after LPI. Four eyes of two patients with APAC had previously undergone a LPI in the present study. Some years ago we have established through UBM the normal values of several measurements of the structures of the anterior segment of normal patients(7). None of the normal eyes had PIC on UBM examination. In the present study, the complete PIC was more prevalent than the incomplete PIC, which is in agreement with another paper (10). PIS was responsible for the highest frequency of angleclosure in young patients found in 35 (52.2%) out of the 67 patients with angle-closure glaucoma(10). In this paper, PIC was found in 10.2% of the patients with OAG and narrow-angle and in 6.3% of the patients with APAC. A cohort cross-sectional study was published determining the prevalence of plateau iris in primary angle-closure suspects (PACSs) using UBM(12). Two hundred five subjects were enrolled; UBM images of 167 patients were available for analysis. Plateau iris was found in 54 (32.3%) out of 167 PACS eyes after LPI. Plateau iris was most commonly observed in the superior and inferior quadrants(12). This percentage was higher than that found in this paper, perhaps because of the differences envolving the methodogy and the population studied. In this study, no statistical significant differences were found between the ID1 of complete and incomplete PIC, or in relation to the ID1 of normal eyes (Tables 1, 2 and 3)(7-9). In fact, the ID1 measurement was performed at 500 µm from the scleral spur, which in most eyes with PIC does not correspond to the position of the plateau iris. Moreover, table 1 shows that, with the exception of ID1, all the other parameters presented statistically significant lower values than those found in normal eyes(7-9). In accordance with some authors(13), in this study, the average ACD was proven to be much inferior in eyes with complete and incomplete PIC than in normal ones (Tables 1, 2 and 3). However, this result is in disagreement with other studies(3). Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):155-60 73(2)18.pmd 158 5/5/2010, 17:02 Plateau iris configuration in eyes with narrow-angle: an ultrasound biomicroscopic study The average age of the patients studied was 60.1 years old, very similar to the one found in the study by Mandell et al.(13), in which the PIC patients averaged 57.5 years old, and different from the patients assessed in the study of Wand et al.(3), in which the average age was 39.6 years old. Another important finding concerns the ICPD which equaled zero in complete PIC and presented a low average value in incomplete PIC, with statistically significant differences. The ICPD average in eyes with incomplete PIC and the absence of ICPD (ICPD = zero) in complete PIC have different values from the ones found on normal eyes, in which the ciliary sulcus is present (Tables 1, 2 and 3)(8). In practical terms, complete and incomplete plateau iris theoretically have the same chance to develop PIS, depending on the level of the iris relative to the Schwalbe’s line and the structures of the angle wall(14). The ARA measurements on patients with PIC were inferior to those found on normal eyes (Tables 1, 2 and 3)(9). The importance of the diagnosis of PIC by UBM resides in the fact that preventive measures may be adopted to avoid an acute crisis of glaucoma or its repetition (PIS) despite the presence of a patent iridotomy. Therefore, the UBM is of capital importance for the indication of an appropriate treatment. This study has many limitations. The most of limitations of the current study are due to the fact that it is retrospective. The glaucoma definition used in the present study is not identical to the definition adopted in other studies. The prevalence rates might be affected by selection bias, including the need to clearly clarify study population characteristics, particularly when this may affect study results and the absence of adjustment for demographic characteristics. Despite all these limitations, the present study based on an expressive sample certainly provides important information about the role of PIC. CONCLUSIONS This study showed a PIC percentage of 10.2% in narrowangle from OAG patients and of 6.3% in APAC. No statistically significant difference was found between the morphometric findings of complete and incomplete PIC, except for ICPD. The biometric parameters of complete and incomplete PIC are completely different of those of normal eyes, except for ID1. The ACD of eyes with complete and incomplete PIC is significantly shallower than that of normal eyes. 159 biomicroscopia ultrassônica foram analisadas retrospectivamente, sendo que 196 pacientes eram portadores de glaucoma primário de ângulo aberto e 32 pacientes eram portadores de fechamento angular primário agudo. O critério de inclusão para configuração da íris em platô baseado em imagens de biomicroscopia ultrassônica foi definido pela presença de corpo ciliar posicionado anteriormente, íris acentuadamente angulada em seu ponto de inserção seguida de uma angulação descendente a partir da parede corneoescleral, íris central plana e sulco ciliar ausente (configuração da íris em platô completa) ou parcialmente ausente (configuração da íris em platô incompleta). Os parâmetros biométricos medidos pela biomicroscopia ultrassônica foram comparados entre os olhos com configuração da íris em platô completa e incompleta. Os mesmos parâmetros de ambos os grupos foram comparados com os de olhos normais. Foram medidos: profundidade central da câmara anterior; a distância da abertura do ângulo a 500 µm do esporão escleral; a espessura da íris a 500 µm do esporão escleral; a distância íris-processo ciliar, a distância faixa trabecular-processo ciliar e a área de recesso angular. Resultados: A configuração da íris em platô foi encontrada em 33 olhos de 20 pacientes portadores de glaucoma primário de ângulo aberto (10,2% de um total de 196) e 4 olhos de 2 pacientes portadores de fechamento angular primário agudo (6,3% de um total de 32). Dezessete (77,3%) eram do sexo feminino e 5 (22,7%) do sexo masculino. Dos 37 olhos, 23 (62,2%) apresentaram configuração da íris em platô completa e 14 (37,8%) apresentaram configuração da íris em platô incompleta. Olhos com configuração da íris em platô completa e incompleta apresentaram características biométricas muito similares exceto para a distância íris-processo ciliar. Olhos com configuração da íris em platô possuem características biométricas completamente diferentes das de olhos normais exceto a espessura da íris a 500 µm do esporão escleral. Conclusões: A configuração da íris em platô esteve presente em 10,2% dos pacientes portadores de glaucoma primário de ângulo aberto e em 6,3% dos pacientes portadores de fechamento angular primário agudo. Entre a configuração da íris em platô completa e incompleta, foi encontrada diferença estatisticamente significativa apenas na distância íris-processo ciliar. Quando comparados olhos normais e olhos com configuração da íris em platô, todos os parâmetros apresentaram diferenças altamente significativas, à exceção de espessura da íris a 500 µm do esporão escleral. Descritores: Glaucoma de ângulo fechado; Câmara anterior/ ultrassonografia; Gonioscopia; Doenças da íris RESUMO REFERENCES Objetivo: Investigar, através de imagens de biomicroscopia ultrassônica, a presença de configuração da íris em platô em olhos com seio camerular estreito em portadores de glaucoma primário de ângulo aberto e em olhos com fechamento angular primário agudo. Avaliar as características biométricas nestes olhos, comparando-os a olhos normais. Métodos: As imagens de 1. Tornquist R. Angle-closure glaucoma in an eye with a plateau type of iris. Acta Ophthalmol (Copenh). 1958;36(3):419-23. 2. Shaffer RN. Primary glaucomas. Gonioscopy, ophthalmoscopy and perimetry. Trans Am Acad Ophthalmol Otolaryngol. 1960;64:112-27. 3. Wand M, Grant WM, Simmons RJ, Hutchinson BT. Plateau iris syndrome. Trans Sect Ophthalmol Am Acad Ophthalmol Otolaryngol. 1977;83(1):122-30. 4. Tran HV, Liebmann JM, Ritch R. Iridociliary apposition in plateau iris syndro- Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):155-60 73(2)18.pmd 159 5/5/2010, 17:02 160 Plateau iris configuration in eyes with narrow-angle: an ultrasound biomicroscopic study 5. 6. 7. 8. 9. me persists after cataract extraction. Am J Ophthalmol. 2003;135(1):40-3. Comment in: Am J Ophthalmol. 2003;136(2):395; author reply 395-6. Pavlin CJ, Ritch R, Foster FS. Ultrasound biomicroscopy in plateau iris syndrome. Am J Ophthalmol. 1992;113(4):390-5. Ishikawa H, Esaki K, Liebmann JM, Uji Y, Ritch R. Ultrasound biomicroscopy dark room provocative testing: a quantitative method for estimating anterior chamber angle width. Jpn J Ophthalmol. 1999;43(6):526-34. Marigo FA, Souza-Filho EC, Marigo PVB, Oliveira ACM, Cronemberger S. Simetria das medidas morfométricas do segmento anterior entre olhos adelfos pela biomicroscopia ultra-sônica (UBM). Arq Bras Oftalmol. 2007; 70(2):330-6. Marchini G, Pagliarusco A, Toscano A, Tosi R, Brunelli C, Bonomi L. Ultrasound biomicroscopic and conventional ultrasonographic study of ocular dimensions in primary angle-closure glaucoma. Ophthalmology. 1998;105 (11):2091-8. Costa LT, Marigo FA, Souza Filho EC, Cronemberger S, Calixto N, Marigo 10. 11. 12. 13. 14. PVB. Medida da área de recesso angular em indivíduos normais pela biomicroscopia ultra-sônica. Rev Bras Oftalmol. 2004;63(7/8):378-83. Ritch R, Chang BM, Liebmann JM. Angle-closure in younger patients. Ophthalmology. 2003;110(10):1880-9. Stieger R, Kniestedt C, Sutter F, Bachmann LM, Stuermer J. Prevalence of plateau iris syndrome in young patients with recurrent angle-closure. Clin Experiment Ophthalmol. 2007;35(5):409-13. Kumar RS, Baskaran M, Chew PT, Friedman DS, Handa S, Lavanya R, et al. Prevalence of plateau iris in primary angle-closure suspects an ultrasound biomicroscopy study. Ophthalmology. 2008;115(3):430-4. Mandell MA, Pavlin CJ, Weisbrod DJ, Simpson ER. Anterior chamber depth in plateau iris syndrome and pupillary block as measured by ultrasound biomicroscopy. Am J Ophthalmol. 2003;136(5):900-3. Ritch R, Lowe RF. Angle-closure glaucoma: clinical types. In: Ritch R, Shields MB, Krupin T, editors. The glaucomas. 2nd ed. St Louis: Mosby; 1996. p.821-40. X Congresso da Sociedade Caipira de Oftalmologia 24 a 26 de junho de 2010 Araraquara - SP Informações: Tel.: (17) 3235-7017 e-mail: [email protected] home page: http://www.sociedadecaipira.com.br/home/ Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):155-60 73(2)18.pmd 160 5/5/2010, 17:02 Teste do gelo no diagnóstico de miastenia gravis Ice pack test in the diagnosis of myasthenia gravis Nilson Lopes da Fonseca Junior1 Lucia Miriam Dumont Lucci2 José Ricardo Carvalho Lima Rehder3 RESUMO Objetivo: Demonstrar a sensibilidade e especificidade do teste do gelo no diagnóstico diferencial de ptose palpebral por miastenia gravis. Métodos: Estudo prospectivo tipo ensaio clínico com grupo controle. Foi realizado o teste do gelo em pacientes portadores de ptose palpebral. Os pacientes foram divididos em 2 grupos, sendo o grupo I constituído por pacientes com miastenia gravis e o grupo II (controle) formado por pacientes portadores de ptose congênita, miogênica não-miastênica ou aponeurótica. Resultados: Todos os pacientes do grupo I tiveram aumento da fenda palpebral de, no mínimo, 3 mm após a aplicação do gelo. Nenhum paciente do grupo II apresentou incremento da fenda palpebral após o teste. Conclusão: O teste do gelo mostrou-se específico para detecção de ptose palpebral de causa miastênica. Descritores: Miastenia gravis/diagnóstico; Temperatura baixa/uso diagnóstico; Blefaroptose/diagnóstico; Sensibilidade e especificidade INTRODUÇÃO Trabalho realizado no Setor de Plástica Ocular da Disciplina de Oftalmologia da Faculdade de Medicina do ABC - Santo André (SP) - Brasil. 1 2 3 Mestre, Chefe dos setores de Plástica Ocular e Órbita da Disciplina de Oftalmologia da Faculdade de Medicina do ABC - FMABC - Santo André (SP) - Brasil. Doutora, médica colaboradora do Setor de Plástica Ocular da Disciplina de Oftalmologia da FMABC - Santo André (SP) - Brasil. Professor Titular e Chefe da Disciplina de Oftalmologia da FMABC - Santo André (SP) - Brasil. Endereço para correspondência: Nilson Lopes da Fonseca Jr. Rua Pedro de Godói, 269 - Apto. 153 - Bloco D - São Paulo (SP) CEP 03138-010 E-mail: [email protected] Recebido para publicação em 24.01.2009 Última versão recebida em 23.03.2010 Aprovação em 26.03.2010 Nota Editorial: Depois de concluída a análise do artigo sob sigilo editorial e com a anuência do Dr. Frederico Castelo Moura sobre a divulgação de seu nome como revisor, agradecemos sua participação neste processo. Miastenia gravis (MG) é a desordem neuromuscular de transmissão mais frequente, caracterizada por fadiga anormal após atividade muscular repetitiva ou mantida e por melhora após repouso(1). Trata-se de uma doença autoimune, com formação de anticorpo contra os receptores de acetilcolina na membrana das células musculares. O pico de maior incidência ocorre em adultos jovens, afetando predominantemente o sexo feminino(2). O quadro clínico clássico da MG caracteriza-se por uma fraqueza muscular inconstante e diária, sendo mais leve durante o dia e mais intensa à noite. Outras características clínicas incluem disfagia e fadiga(1-2). O diagnóstico da MG é feito por eletroneuromiografia (ENM), dosagem sérica de anticorpos anti-receptor de acetilcolina (AchR) e teste com edrofônio (Tensilon®)(1,3). Em cerca de 50% dos pacientes portadores de MG, os olhos estão inicialmente envolvidos, com presença de ptose palpebral e diplopia. Acredita-se que em 15% desses pacientes, os sinais e sintomas são restritos aos olhos(1). O diagnóstico da ptose palpebral por MG com o teste do gelo é rápido, barato, não-invasivo, seguro, e não apresenta efeitos colaterais(4). Estudos clínicos e laboratoriais observaram uma relação importante entre a temperatura e a MG, onde o frio melhora os sinais e sintomas desta doença e o calor ocasiona uma piora clínica(4-5). O objetivo deste trabalho é demonstrar a sensibilidade e especificidade do teste do gelo no diagnóstico diferencial de ptose palpebral por miastenia gravis. Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):161-4 73(2)12.pmd 161 5/5/2010, 17:03 162 Teste do gelo no diagnóstico de miastenia gravis MÉTODOS Estudo prospectivo tipo ensaio clínico com grupo controle. Foi realizado o teste do gelo em 40 pacientes portadores de ptose palpebral após a aprovação do estudo pelo Comitê local de Ética em Pesquisa. Os pacientes foram divididos em dois grupos, sendo o grupo I constituído por pacientes com miastenia gravis (10 pacientes) e o grupo II (controle). O grupo controle era formado por 30 pacientes, sendo 10 portadores de ptose congênita, 10 com ptose miogênica nãomiastênica e 10 com ptose aponeurótica (senil). Todos os pacientes tiveram seus diagnósticos confirmados após avaliação oftalmológica completa e, exames complementares específicos nos casos de ptose miogênica não-miastênica. O paciente foi fotografado e a medida da fenda palpebral aferida na posição primária do olhar antes e imediatamente após o teste, pelo mesmo examinador. O teste consistia na aplicação de uma bolsa de gelo sobre as pálpebras superiores do paciente durante três minutos, não simultaneamente. O tempo de intervalo entre o teste de um olho e outro foi de 10 minutos. O teste era sempre iniciado pelo olho direito. O teste era considerado positivo quando se observava um incremento da fenda palpebral de 2 ou mais milímetros após a retirada do gelo (Figura 1). RESULTADOS O grupo I era formado por 7 pacientes do sexo feminino e 3 do sexo masculino. O grupo controle era formado por 30 pacientes. Dentre os 10 pacientes portadores de ptose congênita, 6 eram do sexo feminino e 4 do masculino. Dentre os 10 portadores de ptose miogênica não-miastênica (miopatia A mitocondrial), 5 eram do sexo feminino e 5 do masculino e nos 10 portadores de ptose aponeurótica senil, 6 eram mulheres e 4 homens. A idade média no grupo I foi de 53,9 anos (42 a 64 anos) e a da grupo II foi de 48,43 anos (15 a 75 anos). Todos os pacientes do grupo I tiveram aumento da fenda palpebral de, no mínimo, 3 mm após a aplicação do gelo (sensibilidade de 100%) - (Tabela1). Pelo fato de o teste ser realizado em um olho por vez, foi possível observar que não houve alteração na medida da fenda palpebral no olho que permanecia fechado (em repouso) durante os três minutos de aplicação do gelo no olho contralateral. Apenas um paciente do grupo II (controle) apresentou incremento da fenda palpebral após o teste. Entretanto o teste foi considerado negativo, uma vez que o incremento foi de apenas 1 mm (especificidade de 100% do teste do gelo para MG ocular) - (Tabela 2, 3 e 4). DISCUSSÃO O diagnóstico da MG é feito baseado na anamnese, quadro clínico e exames complementares. Dentre estes exames podemos destacar a eletroneuromiografia (ENM), dosagem sérica do anticorpo anti-receptor de acetilcolina (AchR) e o teste com edofrônio(1). A ENM apresenta uma sensibilidade de 80% nos casos de MG puramente ocular e 95% na MG sistêmica, porém sua especificidade é baixa, o teste é caro, necessita de profissional especializado e disponibilidade relativa(4). A dosagem sérica do AchR é o teste mais específico no diagnóstico da MG. Entretanto sua sensibilidade na MG puramente ocular varia de 56 a 70%(6). O teste com edofrônio (Tensilon®) apresenta uma sensibilidade de 86% para a MG ocular. Trata-se de um teste invasivo B Figura 1 - Aspecto clínico da ptose palpebral miastênica. A) Pré-teste do gelo; B) Pós-teste. Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):161-4 73(2)12.pmd 162 5/5/2010, 17:03 Teste do gelo no diagnóstico de miastenia gravis 163 Tabela 1. Medidas da fenda palpebral dos pacientes do grupo I antes e imediatamente após a aplicação sobre as pálpebras superiores Paciente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Fenda palpebral Pré-teste OD: 5 mm OE: 6 mm OD: 4 mm OE: 6 mm OD: 5 mm OE: 5 mm OD: 3 mm OE: 4 mm OD: 4 mm OE: 4 mm OD: 4 mm OE: 5 mm OD: 6 mm OE: 6 mm OD: 6 mm OE: 4 mm OD: 6 mm OE: 5 mm OD: 4 mm OE: 3 mm Pós-teste OD: 9 mm OE: 9 mm OD: 8 mm OE: 9 mm OD: 8 mm OE: 9 mm OD: 6 mm OE: 8 mm OD: 9 mm OE: 8 mm OD: 8 mm OE: 9 mm OD: 10 mm OE: 10 mm OD: 9 mm OE: 8 mm OD: 10 mm OE: 8 mm OD: 9 mm OE: 7 mm Tabela 2. Medidas da fenda palpebral dos pacientes portadores de ptose congênita do grupo II antes e imediatamente após a aplicação sobre as pálpebras superiores Ptose congênita 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Fenda palpebral Pré-teste OD: 7 mm OE: 6 mm OD: 4 mm OE: 5 mm OD: 5 mm OE: 7 mm OD: 8 mm OE: 6 mm OD: 5 mm OE: 8 mm OD: 6 mm OE: 8 mm OD: 8 mm OE: 6 mm OD: 5 mm OE: 6 mm OD: 7 mm OE: 8 mm OD: 8 mm OE: 5 mm Pós-teste OD: 7 mm OE: 5 mm OD: 3 mm OE: 5 mm OD: 5 mm OE: 6 mm OD: 7 mm OE: 5 mm OD: 4 mm OE: 8 mm OD: 6 mm OE: 7 mm OD: 8 mm OE: 6 mm OD: 5 mm OE: 6 mm OD: 7 mm OE: 8 mm OD: 9 mm OE: 5 mm que pode ocasionar reações cardíacas adversas ao paciente, necessitando de profissional treinado para a sua realização(7-8). Estudos prévios mostraram que o teste do gelo apresenta uma sensibilidade de 80 a 100% na MG ocular(5,9-13). No presente estudo observou-se uma sensibilidade de 100% nos pacientes com MG. Tabela 3. Medidas da fenda palpebral dos pacientes portadores de ptose miogênica não-miastênica do grupo II antes e imediatamente após a aplicação sobre as pálpebras superiores Ptose miogênica não-miastênica 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Fenda palpebral Pré-teste Pós-teste OD: 2 mm OD: 2 mm OE: 2 mm OE: 2 mm OD: 2 mm OD: 2 mm OE: 3 mm OE: 3 mm OD: 3 mm OD: 3 mm OE: 3 mm OE: 3 mm OD: 3 mm OD: 3 mm OE: 2 mm OE: 2 mm OD: 4 mm OD: 3 mm OE: 5 mm OE: 5 mm OD: 3 mm OD: 3 mm OE: 5 mm OE: 4 mm OD: 5 mm OD: 4 mm OE: 5 mm OE: 5 mm OD: 3 mm OD: 3 mm OE: 4 mm OE: 3 mm OD: 4 mm OD: 4 mm OE: 4 mm OE: 4 mm OD: 4 mm OD: 4 mm OE: 4 mm OE: 3 mm Tabela 4. Medidas da fenda palpebral dos pacientes portadores de ptose aponeurótica (senil) do grupo II antes e imediatamente após a aplicação sobre as pálpebras superiores Ptose aponeurótica 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Fenda palpebral Pré-teste Pós-teste OD: 8 mm OD: 8 mm OE: 7 mm OE: 7 mm OD: 8 mm OD: 8 mm OE: 8 mm OE: 8 mm OD: 6 mm OD: 6 mm OE: 7 mm OE: 6 mm OD: 9 mm OD: 9 mm OE: 7 mm OE: 7 mm OD: 6 mm OD: 6 mm OE: 6 mm OE: 6 mm OD: 7 mm OD: 6 mm OE: 8 mm OE: 7 mm OD: 8 mm OD: 8 mm OE: 8 mm OE: 8 mm OD: 8 mm OD: 8 mm OE: 8 mm OE: 8 mm OD: 7 mm OD: 7 mm OE: 8 mm OE: 8 mm OD: 8 mm OD: 7 mm OE: 6 mm OE: 6 mm A especificidade deste teste também apresenta altos índices na literatura. No estudo de alguns autores o teste do gelo apresentou uma especificidade de 100%(6), semelhante ao observado no presente estudo, onde o teste do gelo foi positivo apenas nos pacientes do grupo I. Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):161-4 73(2)12.pmd 163 5/5/2010, 17:03 164 Teste do gelo no diagnóstico de miastenia gravis A melhora da função do músculo miastênico após a aplicação de gelo ocorre pelo fato de que em temperatura abaixo de 28oC há uma diminuição na atividade da acetilcolinesterase com consequente aumento na concentração de acetilcolina na fenda sináptica(14). Esta teoria é contestada por alguns autores. Outros autores concluíram que a aplicação do gelo é parcialmente responsável pela abertura da fenda palpebral(15). Segundo estes autores, o repouso durante os dois minutos de crioterapia também auxiliaria na melhora da função muscular. Vale ressaltar que no nosso estudo apenas foi observada alteração da fenda palpebral nos olhos de pacientes miastênicos que receberam a aplicação do gelo. Os olhos destes pacientes que permaneciam fechados por 2 minutos, porém sem o gelo, não apresentaram melhora da abertura palpebral. A desvantagem do teste do gelo é que somente pode ser aplicado na presença de ptose palpebral. Em pacientes miastênicos que apenas apresentam diplopia, os achados após o teste são subjetivos. O tempo de melhora na movimentação extrínseca ocular é insuficiente para a realização de teste ortóptico para comparação das medidas objetivas pré e pós-teste(16). Na MG ocular os exames que auxiliam o diagnóstico, como o teste do edofrônio e a dosagem sérica do AchR, apresentam índices de sensibilidade diminuídos em relação a ENM e ao teste do gelo. A ENM apresenta uma sensibilidade de 80% nestes casos, porém sua especificidade é baixa(1). CONCLUSÃO Neste estudo o teste do gelo mostrou-se especifico e sensível para detecção de ptose palpebral de causa miastênica, apresentando índices de sensibilidade e especificidade de 100%. ABSTRACT Purpose: To demonstrate the sensitivity and the specificity of the ice test in the differential diagnosis of ptosis in myasthenia gravis. Methods: Prospective trial with a control group. The patients were instructed to hold a frozen ice pack on the closed ptotic eyelid. They were divided into 2 groups, with group I consisting of patients with myasthenia gravis and group II (control) consisting of patients with congenital, non-myasthenic myogenic or aponeurotic ptosis. Results: All patients in group I had increased palpebral fissure for at least 3 mm after the application of ice pack. No patient in group II showed increased palpebral fissure after the ice test. Conclusion: Ice test proved to be specific for the detection of myasthenic ptosis. Keywords: Myasthenia gravis/diagnosis; Cold temperature/diagnostic use; Blepharoptosis/diagnosis; Sensivity and specificity REFERÊNCIAS 1. Almeida DF, Radaeli RF, Melo Jr AC. Ice pack test in the diagnosis of myasthenia gravis. Arq Neuropsiquiatr. 2008;66(1):96-8. 2. Larner AJ, Thomas DJ. Can myasthenia gravis be diagnosed with the ice pack test? A cautionary note. 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Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):161-4 73(2)12.pmd 164 5/5/2010, 17:03 Segurança da ceratectomia fotorrefrativa com mitomicina-C para o tratamento de hipermetropia após ceratotomia radial Safety of photorefractive keratectomy with mitomycin-C for the treatment of hyperopia after radial keratotomy Ramon Coral Ghanem1 Emir Amin Ghanem 2 Newton Kara-José3 RESUMO Estudo realizado no Hospital de Olhos Sadalla Amin Ghanem - Joinville - Santa Catarina (SC) - Brasil. 1 2 3 Pós-graduando do Departamento de Oftalmologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo USP - São Paulo (SP) - Brasil. Oftalmologista do Hospital de Olhos Sadalla Amin Ghanem - Joinville (SC) Brasil. Oftalmologista do Hospital de Olhos Sadalla Amin Ghanem - Joinville (SC) - Brasil. Livre Docente, Professor Titular do Departamento de Oftalmologia da USP - São Paulo (SP) - Brasil. Endereço para correspondência: Ramon Coral Ghanem. Rua Fernando de Noronha, 225 - Apto. 901 - Joinville (SC) CEP 89203-072 E-mail: [email protected] Objetivo: Analisar a segurança da ceratectomia fotorrefrativa (PRK) com mitomicina-C (MMC) em olhos com hipermetropia consecutiva à ceratotomia radial. Métodos: Foram avaliados prospectivamente 60 olhos de 36 pacientes consecutivos, submetidos à ceratectomia fotorrefrativa personalizada pela frente de onda corneana com o laser EsirisSchwind. Realizaram-se desepitelização mecânica, seguida da fotoablação, e utilização de MMC 0,02% por 20 ou 40 segundos. Em 16 olhos (26,7%) a MMC foi aplicada por 40 segundos. Estes foram submetidos a ablações mais profundas do que 100 micra ou apresentavam córneas submetidas a suturas prévias. Os pacientes foram acompanhados por um ano. Resultados: O equivalente esférico (EE) médio antes do PRK era +4,27 D ± 2,18 e a acuidade visual corrigida (AVcc) média era 0,174 ± 0,139 (logMAR). O EE médio programado no laser foi +4,74 D ± 2,11, resultando em uma profundidade de ablação de 78 ± 28 µm (de 33 a 148). Não foram observadas complicações intraoperatórias. Após um ano observaram-se: EE médio de + 0,04 D ± 1,03 (p<0,001) e AVcc de 0,079 ± 0,105 (p<0,001). Observou-se melhora de duas ou mais linhas de AVcc em 20 olhos (33,3%) e somente 1 olho (1,7%) perdeu duas linhas. A análise de correlação mostrou que a melhora da AVcc foi inversamente correlacionada à AVcc pré-operatória (r=-0,694; p<0,001). “Haze” periférico grau 2 ou 3 foi observado em cinco olhos e “haze” central discreto, em um olho. Não houve correlação significativa do “haze” central ou periférico com o número de incisões radiais, com a profundidade da fotoablação ou com a AVcc pós-operatória. A contagem endotelial média no pré-operatório foi de 2.681± 455 cel/mm2 e após 1 ano foi de 2.481 ± 378 cel/mm2 (p=0,124). Um olho desenvolveu ectasia corneana, devido ao alargamento progressivo de uma incisão radial inferior, e foi submetido à sutura da incisão. Conclusão: O PRK com MMC mostrou-se seguro após um ano para a redução da hipermetropia secundária a ceratotomia radial. Observou-se melhora significativa da AVcc, com pequena incidência de “haze” e de outras complicações. Número do ClinicalTrials.gov: NCT00917657 Descritores: Ceratectomia fotorrefrativa; Mitomicina/uso terapêutico; Ceratotomia radial; Hiperopia; Astigmatismo/cirurgia; Acuidade visual; Procedimentos cirúrgicos refrativos Recebido para publicação em 26.09.2009 Última versão recebida em 18.02.2010 Aprovação em 05.04.2010 Os autores declaram não possuir interesse financeiro nos produtos referidos no estudo e declaram ser o trabalho inédito. Não houve auxílio financeiro para realização deste estudo. INTRODUÇÃO A hipermetropia consecutiva é uma complicação frequente após décadas da ceratotomia radial (CR)(1). Entre as opções cirúrgicas utilizadas Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):165-70 73(2)16.pmd 165 5/5/2010, 17:06 166 Segurança da ceratectomia fotorrefrativa com mitomicina-C para o tratamento de hipermetropia após ceratotomia radial nestes casos, as mais importantes são a sutura em bolsa de Grene, o Laser in situ keratomileusis (LASIK) e a ceratectomia fotorrefrativa (PRK). A sutura em bolsa consiste em uma sutura intraestromal contínua dos espaços entre as incisões radiais, o que causa um encurvamento central da córnea. Apesar dos bons resultados em curto prazo, é pouco utilizada devido à falta de estabilidade e de previsibilidade e à dificuldade técnica(2-3). O LASIK foi utilizado em muitos estudos e apesar de sua boa eficácia, várias complicações foram descritas, incluindo: abertura das incisões radiais durante o levantamento do retalho, ceratite difusa lamelar, invasão epitelial da interface e ectasia corneana iatrogênica (4-12). O uso do PRK para tratar hipocorreções (miopia) após a CR foi inicialmente marcado pela alta incidência de “haze”. Foi demonstrado perda de qualidade visual, linhas de visão e sensibilidade ao contraste, decorrentes do “haze”(13-14). Para as hipercorreções (hipermetropia), estudos iniciais obtiveram bons resultados visuais e baixa incidência de “haze” com o PRK para baixa hipermetropia(15-16). Em 2008 foi publicado o primeiro estudo a utilizar o PRK com mitomicina-C (MMC) para hipermetropia consecutiva à CR(17). Estes autores demonstraram resultados favoráveis com o uso da ablação baseada na topografia. Nenhum estudo, entretanto, avaliou a segurança deste procedimento em um número grande de pacientes com um acompanhamento adequado. O presente estudo teve como objetivo avaliar a segurança do PRK com MMC personalizado pela frente de onda corneana para o tratamento de hipermetropia e astigmatismo após CR. Constituíram objetivos específicos: incidência de complicações intra e pós-operatórias, incluindo “haze” corneano; modificação da acuidade visual corrigida; e contagem de células endoteliais. MÉTODOS Desenho do estudo e pacientes Foi realizado estudo clínico prospectivo, incluindo 60 olhos de 36 pacientes operados consecutivamente, submetidos à PRK personalizado no Hospital de Olhos Sadalla Amin Ghanem, entre outubro de 2005 e fevereiro de 2008. A coorte de pacientes incluídos neste estudo foi idêntica àquela publicada em estudo prévio que avaliou os resultados visuais e refrativos após o tratamento(18). O estudo foi aprovado pelo Conselho de Ética da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - SP. Os pacientes assinaram um termo de consentimento que explicava o objetivo do estudo proposto, suas alternativas e possíveis complicações. Critérios de inclusão e exclusão Foram incluídos neste estudo pacientes com hipermetropia ou astigmatismo hipermetrópico com equivalente esférico (EE) até +9,25 D e astigmatismo até -4,5 D; idade maior do que 30 anos; AVsc de 20/40 ou pior; AV com correção (AVcc) de 20/60 ou melhor. Foram excluídos os pacientes com cirurgias fotoablativas corneanas prévias e aqueles com doenças oculares ou sistêmicas que pudessem comprometer o resultado cirúrgico ou afetar a AV pós-operatória. Avaliação pré-operatória Os dados referentes à idade, sexo, miopia prévia à CR, data da CR e história mórbida ocular pregressa foram coletados. O exame oftalmológico incluiu a análise topográfica e de frentes de onda corneanas, realizada com o aparelho Keratron Scout. Realizou-se também Orbscan IIz, paquimetria ultrassônica (AccuPach V; Accutome) e microscopia especular (SP2000P; Topcon). Para avaliação da densidade endotelial foi utilizada a média de três contagens, realizadas com um mínimo de 15 células por medida. Técnica cirúrgica A técnica utilizada já foi descrita previamente(18) e, em resumo, abrange os seguintes passos: anestesia tópica e antissepsia; remoção centrípeta do epitélio corneano com espátula romba (mecânica) nos 10 mm centrais; controle manual da ciclotorsão; fotoablação guiada pela frente de onda corneana; aplicação de MMC 0,2 mg/mL (0,02%) com esponja de Merocel por 20 ou 40 segundos em toda área tratada; irrigação da superfície ocular com 20 ml de solução salina balanceada e colocação de lente de contato terapêutica (LCT) até a completa epitelização. A MMC foi aplicada por 40 segundos nas ablações mais profundas do que 100 micra e em córneas submetidas a suturas prévias. Foi utilizado o laser “flying-spot” Esiris Schwind (Schwind Eye Tech Solutions, Kleinostheim, Alemanha), de 200 Hz, com disparos de 0,8 mm de diâmetro. Pós-operatório O pós-operatório seguiu protocolo previamente descrito de forma detalhada(18). As avaliações pós-operatórias foram realizadas no sétimo dia para a retirada das LCT; nos marcos temporais de seis e de doze meses após o procedimento para o exame ocular completo - incluindo biomicroscopia com análise da incidência de “haze”central (3 mm) - e periférico, utilizando-se a escala de intensidade de 0 a 4(19), e topografia com análise de frentes de onda corneanas. Análise estatística As medidas de AV foram convertidas para -logMAR (logaritmo do ângulo mínimo de resolução), a fim de análise estatística e demonstração dos resultados. Os dados foram incluídos em uma planilha no programa Microsoft Excel 2007 (Microsoft Corp, Redmond, EUA), que foi utilizado, juntamente com o programa SPSS 13.0 (SPSS Inc, Chicago, EUA), para a análise estatística. Foi aplicado o teste de Kolmogorov-Smirnov com fator de correção de Lilliefors para avaliar a normalidade das variáveis. Foram usados o teste t de Student pareado para as variáveis com distribuição normal e o teste de Wilcoxon para Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):165-70 73(2)16.pmd 166 5/5/2010, 17:06 Segurança da ceratectomia fotorrefrativa com mitomicina-C para o tratamento de hipermetropia após ceratotomia radial as variáveis sem distribuição normal. A análise de correlação foi realizada com o teste não paramétrico de correlação de Spearman. Os valores p<0,05 foram considerados estatisticamente significativos. RESULTADOS Pacientes e acompanhamento Foram estudados 60 olhos de 36 pacientes, 11 homens e 25 mulheres. A média de idade foi de 50 ± 6,8 anos (de 34 a 65 anos). Todos os olhos haviam sofrido CR entre 11 e 26 anos antes de se submeter ao PRK. Quatro olhos (7%) apresentavam quatro incisões radiais, 55 (92%) apresentavam oito e 1 (1,7%) apresentava 14 incisões. Vinte e três olhos (38,3%) apresentavam, também, incisões transversais (astigmáticas). Sete olhos exibiam incisões radiais ou transversais um pouco alargadas, porém com topografias estáveis. Um olho havia sido submetido à sutura de incisões radiais abertas. Quatro olhos haviam sido operados de catarata pela técnica de facoemulsificação em córnea clara, sem intercorrências, entre seis meses e dois anos antes do PRK. O equivalente esférico (EE) médio antes do PRK era +4,27 D ± 2,18 e o EE médio programado no laser foi +4,74 D ± 2,11. A análise de Spearman demonstrou uma correlação direta entre o número de incisões radiais e o EE pré-operatório (r=0,357; p=0,005) e uma correlação inversa entre o número de incisões radiais e a ceratometria média pré-operatória (r=-0,264; p=0,042). Todos os pacientes foram avaliados após decurso de seis e de doze meses do PRK. A espessura corneana média, medida com o paquímetro ultrassônico, foi de 560 ± 33 µm e com o Orbscan IIz®, de 545 ± 62 µm. 167 No marco de 12 meses após a cirurgia, 35 olhos (58,3%) haviam ganhado uma ou mais linhas de AVcc e 20 olhos (33,3%), duas ou mais linhas. Somente 1 olho (1,7%) perdeu duas linhas de AVcc (Figura 1). Ganho médio de uma linha de AVcc foi observado após 12 meses. A análise de correlação de Spearman demonstrou que os olhos com pior AVcc pré-operatória foram aqueles com maior ametropia (r=0,450; p<0,001; hipermetropia; r=-0,461; p<0,001; astigmatismo; r=0,337; p=0,009; EE) e menor ceratometria média (maior aplanamento) (r=-0,477; p<0,001). A análise de correlação mostrou, também, que a mudança da AVcc em logMAR (ganho/perda de linhas) foi inversamente correlacionada à AVcc pré-operatória (r=-0,694; p<0,001). Pacientes com pior AVcc pré-operatória apresentaram maior ganho de linhas após a cirurgia. “Haze” corneano A figura 2 ilustra a porcentagem de olhos com “haze” central (dentro dos 3 mm centrais) e periférico, durante o pósoperatório. Cinco olhos (8,4%) apresentaram “haze” periférico grau 2 ou 3 após doze meses, sendo o grau médio 0,52 ± 0,74. “Haze” central foi observado em dois olhos após seis meses, ambos de grau 1+. Em somente um olho foi observado traço de “haze” central após 12 meses. Não houve correlação significativa do “haze” central ou periférico com o número de incisões radiais (r=0,024; p=0,858; “haze” central; r=0,194; p=0,138; “haze” periférico), com a profundidade da fotoablação (r=0,086; p=0,511; “haze” central; r=0,212; p=0,103; “haze” periférico) ou com a AVcc pós-operatória (r=0,149; p=0,254; “haze” central; r=-0,133; p=0,309; “haze” periférico). Outras complicações Dados do intraoperatório e pós-operatório precoce Não foram observadas complicações intraoperatórias. O epitélio corneano foi completamente removido nos 10 mm centrais de todos os olhos. A zona total de ablação variou de 8 a 10 mm, com média de 9,1 ± 0,6 e a zona óptica variou de 6 a 6,5 mm, com média de 6,4 ± 0,2. A profundidade média de fotoablação foi de 78 ± 28 µm (de 33 a 148). MMC foi utilizada por 20 segundos em 44 olhos (73,3%) e por 40 segundos em 16 (26,7%). A maioria dos pacientes referiu dor de leve a moderada nos primeiros três dias após o PRK, com melhora posterior. A LCT foi retirada após uma semana em 90% dos olhos, e em até dez dias em 98,3%. Um olho foi mantido com LCT por duas semanas e sua epitelização completou-se somente após dezesseis dias, com a prescrição de gel ocular de dexpantenol 50 mg/g (Epitegel®, Bausch & Lomb Ltda.). Não foram observadas outras complicações. Acuidade visual corrigida No pré-operatório, a AVcc média em logMAR foi de 0,174 ± 0,139 (variando de 20/20 a 20/60). Um ano após o PRK, a AVcc média foi de 0,079 ± 0,105 (variando de 20/20 a 20/50). Observou-se melhora estatisticamente significativa da AVcc no pós-operatório (p<0,001; teste de Wilcoxon). Outras complicações incluíram três olhos de duas pacientes, que adquiriram ceratoconjuntivite adenoviral com formação de cicatrizes estromais superficiais numulares no pós-operatório precoce. Um olho teve piora de duas linhas de AVcc e o outro perdeu uma linha de AVcc após um ano. Uma paciente desenvolveu catarata subcapsular posterior 1+ e nuclear 1+ em um dos olhos após 12 meses do PRK, mas apresentava AVcc idêntica à do pré-operatório. Um olho desenvolveu ectasia na média-periferia temporal inferior da córnea, causada por alargamento progressivo de uma incisão radial, após seis meses da fotoablação (Figura 3A). No pré-operatório a incisão encontrava-se alargada e fibrosada e a topografia era estável. Entre 6 e 24 meses, ocorreu um aumento de aproximadamente 9 D na ceratometria máxima (ápice) (Figura 4). A paciente foi submetida à sutura desta incisão, com seis pontos de mononylon 10-0 (Figura 3B), e apresenta boa evolução. Contagem endotelial A contagem endotelial foi realizada em 15 olhos, no préoperatório e após 12 meses. No pré-operatório, a contagem média foi de 2.681 ± 455 cel/mm2, variando de 1.775 a 3.464. Após 12 meses a contagem média foi de 2.481 ± 378 cel/mm2, Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):165-70 73(2)16.pmd 167 5/5/2010, 17:06 168 Segurança da ceratectomia fotorrefrativa com mitomicina-C para o tratamento de hipermetropia após ceratotomia radial A Figura 1 - Modificação da acuidade visual corrigida após seis meses e um ano do tratamento B Figura 3 - A) Ectasia corneana por alargamento da incisão radial inferior das 7 horas, com fibrose na área central; B) Após sutura da incisão Figura 2 - Porcentagem de olhos que desenvolveram “haze” central e periférico após o tratamento variando de 1.737 a 3.119, uma redução estatisticamente não significativa (p=0,124; test-t pareado). DISCUSSÃO As principais formas de tratamento da hipermetropia secundária à CR são o LASIK e o PRK. Apesar de o LASIK proporcionar uma recuperação visual rápida e indolor, significativas complicações foram descritas. Em um estudo com 69 olhos tratados com LASIK para hipermetropia após CR observou-se: abertura das incisões radiais durante o levantamento do retalho, ceratite difusa lamelar e invasão epitelial da interface(7). Outros autores(8) também observaram maior incidência de complicações com LASIK para hipermetropia após CR. Dentre 43 olhos daquele estudo, três tiveram abertura das incisões radiais, um sofreu invasão epitelial da interface e um desenvolveu ectasia corneana, apesar do leito estromal residual ser de 290 µm. Outros casos de ectasia foram descritos nesta situação, inclusive um caso bilateral(5,10). Também foram descritos três casos de invasão Figura 4 - Mapa topográfico diferencial entre 6 e 24 meses após o PRK, demonstrando a progressão da ectasia corneana Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):165-70 73(2)16.pmd 168 5/5/2010, 17:06 Segurança da ceratectomia fotorrefrativa com mitomicina-C para o tratamento de hipermetropia após ceratotomia radial epitelial na interface - dois de formação de “haze” na interface e um de furo no disco - dentre 38 olhos submetidos a H-LASIK(11). Desta forma, observa-se que as complicações relacionadas à criação do retalho corneano são frequentes e significativas, entre elas a ectasia corneana. O uso do PRK para tratamento destes casos foi difundido por um dos autores do presente estudo, que desde 2002 utiliza a técnica personalizada pela topografia(17,20). A técnica atual, utilizando o PRK personalizado pela análise de frentes de onda derivada da topografia, visa minimizar o enfraquecimento estrutural da córnea e o desenvolvimento de “haze”, evitar as complicações relacionadas à criação do retalho corneano, bem como diminuir o astigmatismo irregular e as aberrações de alta ordem corneana associadas(17,20). O uso da MMC se justifica por se tratar de fotoablações personalizadas, mais profundas que as convencionais, e pela presença de cirurgia corneana prévia fatores que aumentam o risco de “haze”(21-23). Acuidade visual corrigida Observou-se nos pacientes ganho médio de uma linha de AVcc, sendo que 20 olhos ganharam duas linhas e somente um perdeu duas. A perda de duas linhas de AVcc em um olho ocorreu devido a cicatrizes adenovirais, fato não relacionado ao PRK. Os resultados demonstraram que o procedimento é seguro, mesmo em graus altos de hipermetropia e astigmatismo. Os pacientes que apresentaram pior AVcc foram aqueles com maior ametropia e aplanamento corneano, e foram estes os que experimentaram maior ganho de linhas após o tratamento. “Haze” corneano Entre as complicações, “haze” central não foi observado após 12 meses e “haze” periférico, quando presente, não influenciou significativamente na AVsc ou AVcc. Evidenciouse que a formação de “haze” na periferia da córnea se deve ao fato da remoção de tecido (fotoablação) ocorrer principalmente nessa região, não ocorrendo no centro da córnea. A incidência de “haze” neste estudo foi menor do que em nossos estudos anteriores, fato que se deve relacionar ao uso da MMC por 40 segundos nos tratamentos mais profundos e à uniformidade da fotoablação realizada pelo laser “flying-spot” de disparos de 0,8 mm de diâmetro(17,20). Outras complicações Neste estudo também se observou um caso de ectasia, ocorrida em uma incisão radial, que no pré-operatório já se apresentava alargada e fibrosada, e que sofreu alargamento progressivo após a cirurgia. Isto sugere a necessidade de atenção aos olhos com incisões radiais ou transversais abertas ou alargadas. Nestas córneas, a topografia pré-operatória mostra curvatura elevada no local das incisões, semelhante a uma pequena ectasia localizada. Portanto, quando se realiza a fotoablação personalizada, a maior remoção de tecido nessa região pode levar a enfraquecimento do local, com consequente encurvamento progressivo, como observado no caso 169 citado. Sugere-se sutura de incisões que estejam abertas ou muito alargadas no pré-operatório e não operar córneas finas ou muito irregulares. ABSTRACT Purpose: To evaluate the safety of photorefractive keratectomy (PRK) with mitomycin-C (MMC) in eyes with hyperopia after radial keratotomy. Methods: Sixty eyes of 36 consecutive patients treated with corneal wavefront-guided PRK using an Esiris-Schwind excimer laser were prospectively evaluated. Corneal epithelium was mechanically removed, followed by photoablation and use of 0.02% MMC for 20 or 40 seconds. In 16 eyes (26.7%), MMC was applied for 40 seconds. These eyes underwent ablations deeper than 100 micron or had previous corneal sutures. Patients were followedup for 12 months. Results: The mean spherical equivalent (SE) before PRK was +4.27 D ± 2.18, and the mean bestcorrected visual acuity (BCVA) was 0.174 ± 0.139 (logMAR). The planned laser SE correction was +4.74 D ± 2.11, resulting in an ablation depth of 78 ± 28 µm (from 33 to 148). No intraoperative complications were observed. At one year, mean SE was +0.04 D ± 1.03 (p<0.001) and mean BCVA was 0.079 ± 0.105 (p<0.001). There was a gain of 2 or more lines of BCVA in 20 eyes (33.3%) and only one eye (1.7%) lost 2 lines. Correlation analysis showed that the improvement in BCVA was inversely related to preoperative BCVA (r=-0.694; p<0.001). Five eyes developed peripheral haze grade 2 or 3 and one eye had central trace haze. No significant correlation was found between central or peripheral haze and the number of radial incisions, depth of the ablation or postoperative BCVA. Mean preoperative endothelial cell count was 2,681 ± 455 cel/ mm2 and after one year was 2,481 ± 378 cel/mm2 (p=0.124). One eye developed keratectasia due to the progressive widening of an inferior radial incision, which was later sutured. Conclusion: PRK with MMC was safe after one year of follow-up for the reduction of hyperopia after radial keratotomy. A major improvement in BCVA was obtained with a small incidence of haze and other complications. 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Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):165-70 73(2)16.pmd 169 5/5/2010, 17:06 170 Segurança da ceratectomia fotorrefrativa com mitomicina-C para o tratamento de hipermetropia após ceratotomia radial 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. Laser in situ keratomileusis outcomes following radial keratotomy, astigmatic keratotomy, photorefractive keratectomy, and penetrating keratoplasty. J Cataract Refract Surg. 2005;31(11):2093-100. Chan CC, Rootman DS. Localized midperipheral corneal steepening after hyperopic LASIK following radial keratotomy. Cornea. 2003;22(7):679-83. Clausse MA, Boutros G, Khanjian G, Wagner C, Garabet AL. A retrospective study of laser in situ keratomileusis after radial keratotomy. J Refract Surg. 2001;17(2 Suppl):S200-1. Francesconi CM, Nosé RA, Nosé W. Hyperopic laser-assisted in situ keratomileusis for radial keratotomy induced hyperopia. Ophthalmology. 2002; 109(3):602-5. Lyle WA, Jin GJ. 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A técnica cirúrgica consistiu em facoaspiração com implante de anel endocapsular e de lentes intraoculares com amputação de uma das alças. A idade variou entre 7 e 22 anos. Foram coletados dados sobre acuidade visual para longe pré e pós-operatória, tempo de seguimento após a cirurgia e complicações. Os pacientes foram submetidos à biomicroscopia ultrassônica. Resultados: O tempo de seguimento médio foi de 2,8 anos. Houve melhora da acuidade visual para longe nos 17 (100%) olhos: 12 olhos (70,6%) apresentaram acuidade visual para longe melhor que 20/40; 4 (23,5%) apresentaram acuidade visual para longe entre 20/40 e 20/100 e 1 (5,9%) apresentou acuidade visual para longe pior que 20/100, porém melhor que acuidade visual para longe pré-operatória. A opacificação da cápsula posterior ocorreu em 10 olhos (58,9%). Na biomicroscopia ultrassônica observou-se que todas as lentes intraoculares estavam parcialmente descentralizadas, contudo sem atingir o bordo pupilar. Em todos os casos observou-se um adequado posicionamento do anel e um bom suporte capsular. Conclusão: É possível concluir que o tratamento cirúrgico avaliado proporciona uma boa centralização das lentes intraoculares e do anel endocapsular, com melhora da acuidade visual para longe, sendo uma opção viável, eficaz e segura na reabilitação visual dos pacientes com subluxação congênita do cristalino. Trabalho realizado na Fundação Altino Ventura e Hospital de Olhos de Pernambuco - Recife (PE) - Brasil. Descritores: Subluxação do cristalino; Facoemulsificação; Lentes intraoculares; Microscopia acústica; Síndrome de Marfan; Acuidade visual Médica Residente da Fundação Altino Ventura - FAV Recife (PE) - Brasil. Médica Oftalmologista do Departamento de Catarata e Córnea e Doenças Externas da FAV - Recife (PE) - Brasil. Médico Oftalmologista do Departamento de Córnea e Preceptor da FAV - Recife (PE) - Brasil. Oftalmologista Estagiário do Departamento de Retina da FAV- Recife (PE) - Brasil. Chefe do Departamento de Catarata e Retina e Vítreo da FAV e Hospital de Olhos de Pernambuco - FAV - Recife (PE) - Brasil. INTRODUÇÃO Endereço para correspondência: Marcelo Ventura. Fundação Altino Ventura. Rua da Soledade, 170 - Recife (PE) CEP 50070-040 Recebido para publicação em 02.08.2005 Última versão recebida em 08.01.2010 Aprovação em 05.04.2010 A subluxação do cristalino pode estar associada a doenças hereditárias sistêmicas como a síndrome de Marfan, homocistinúria, síndrome de WeillMarchesani, hiperlisinemia e deficiência de sulfite oxidase(1). A síndrome de Marfan é a doença mais frequentemente associada ao deslocamento do cristalino, sendo ectopia não progressiva observada em 80% dos indivíduos. A porção inferior da zônula do cristalino é a região mais afetada o que resulta no deslocamento, que é mais frequentemente súpero-temporal(2-3). Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):171-4 73(2)20.pmd 171 14/5/2010, 10:15 172 Subluxação congênita do cristalino: resultados visuais e posição das lentes intraoculares após a cirurgia Na última década, com o avanço da técnica de facectomia com a facoemulsificação, da biocompatibilidade e desenho das lentes intraoculares e dos recursos disponíveis como adjuvantes da cirurgia (fixação escleral de LIO e anel expansor capsular), a facectomia em olhos subluxados com implante primário de lentes intraoculares (LIO) passou a ser uma opção viável(4-5). Em 1993, Witschel e Legler sugeriram o uso do anel expansor endocapsular, com o objetivo de estabilizar o saco capsular e permitir uma facectomia segura e o implante de LIO em posição adequada(6). Alguns autores em 1998, apresentaram um anel endocapsular que permite a fixação escleral sem violação do saco capsular para pacientes com diálise ou fraquezas severas da zônula, com excelente suporte e centralização durante a cirurgia e durante o acompanhamento pós-operatório(7). Na Fundação Altino Ventura e Hospital de Olhos de Pernambuco vem sendo desenvolvida, desde 1999, uma nova proposta cirúrgica para a ectopia do cristalino, que consiste no implante de LIO com uma alça amputada, apoiada no anel endocapsular. Tal técnica foi desenvolvida e vem sendo realizada por um dos autores (MV) deste trabalho(8). Na biomicroscopia ultrassônica (UBM) utiliza-se ultrassom de alta frequência (transdutores de 50 a 100 MHz) com ótima resolução para o segmento anterior (profundidade de penetração tecidual máxima de 4-5 mm) sendo utilizada para elucidações diagnósticas, como alterações palpebrais, conjuntivais, irianas, corneanas, esclerais e do corpo ciliar. Também é bastante útil no estudo das complicações cirúrgicas das diferentes causas como ceratoplastias, cirurgias refrativas, cirurgias antiglaucomatosas, implantes de lentes intraoculares e cirurgias vitreorretinianas(9-10). O objetivo do presente estudo foi avaliar, após a cirurgia, os resultados visuais e investigar, através da biomicroscopia ultrassônica, o posicionamento das lentes intraoculares e do anel endocapsular, posicionamento e estrutura anatômica do saco capsular em portadores de subluxação congênita do cristalino. MÉTODOS O estudo prospectivo foi realizado em 17 olhos de 10 pacientes portadores de subluxação congênita do cristalino, submetidos à cirurgia na Fundação Altino Ventura e Hospital de Olhos de Pernambuco, pelo mesmo cirurgião. Todos os pacientes foram submetidos à anestesia geral, com exceção de um com 18 anos de idade, que foi realizada anestesia local peribulbar. Realizou-se incisão escleral tunelizada à aproximadamente 1,5 mm do limbo, capsulorrexe descentrada em direção à subluxação ou às 12 horas, confeccionada com pinça Utrata. Implantou-se o anel expansor dentro do saco capsular (Mediphacos 12-10) com injetor ou manual, de forma que as extremidades deste permaneçam próximas das 12 horas, fora da área de maior fragilidade zonular. O córtex e núcleo cristaliniano foram aspirados, utilizando-se ponteira de irrigação/aspiração. Utilizou-se LIO rígida de polimetilmetacrilato (PMMA), com 6,5 mm na parte óptica e 13,5 mm de alça a alça (Mediphacos). Amputou-se uma das alças da LIO com tesoura, deixando um pequeno coto de aproximadamente 1mm para apoiar a LIO no anel endocapsular, na posição desejada. Implantou-se no saco capsular, inicialmente a alça amputada e posteriormente o lado da alça íntegra, deslocando a LIO no saco. A LIO é posicionada para que o coto da alça amputada apóie-se no anel endocapsular na área de maior subluxação, próximo às 8 horas, permitindo a descentralização da parte óptica da LIO para o eixo visual. Não foram observadas complicações durante o implante da LIO, como ruptura do saco capsular. Foram excluídos do estudo dois pacientes menores de quatro anos de idade, por não colaboração com o exame ultrassonográfico e um paciente que veio a falecer antes da realização do exame. A idade dos pacientes variou entre 7 a 22 anos. Oito eram do gênero masculino e dois do feminino. O tempo de seguimento variou entre 8 meses e 5,7 anos, média de 2,8 anos. A opacificação da cápsula posterior esteve presente em 10 dos olhos estudados (58,9%). Em todos os casos (10 olhos, 100%) foi realizada capsulotomia com Nd:Yag laser, sem intercorrências. Foram coletados dados sobre: data da cirurgia, lateralidade da subluxação do cristalino, complicações e data das mesmas, além da acuidade visual para longe com correção pré e pósoperatória. Foi realizada investigação através da biomicroscopia ultrassônica do posicionamento das lentes intraoculares implantadas, posicionamento e estrutura anatômica do saco capsular destes pacientes. Classificou-se da seguinte forma quanto ao grau de centralização das lentes intraoculares: grau I LIO completamente centralizada; grau II - LIO parcialmente descentralizada não atingindo bordo pupilar; grau III - LIO descentralizada em bordo pupilar; grau IV - LIO descentralizada ultrapassando o bordo pupilar. Foi utilizado o teste t de Student para amostras pareadas com a finalidade de comparar a média do tempo de seguimento após a cirurgia. Para comparar a distribuição da AVL pré e pósoperatória foi utilizado o teste de homogeneidade marginal. Em todos os testes foi utilizado o nível de significância de 5%. Este estudo segue os termos preconizados pelo Conselho Nacional de Saúde para pesquisa em seres humanos e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Fundação Altino Ventura. O termo de consentimento e esclarecimento foi assinado pelos responsáveis destes pacientes. RESULTADOS Os resultados das acuidades visuais para longe com correção além do tempo de seguimento após cirurgia e complicações dos 17 olhos submetidos a tratamento cirúrgico para correção da subluxação congênita do cristalino, estão descritos nas tabelas 1 e 2. A média do seguimento após cirurgia dos pacientes que apresentaram opacificação de cápsula posterior (46,3 ± 15,5 Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):171-4 73(2)20.pmd 172 14/5/2010, 10:15 Subluxação congênita do cristalino: resultados visuais e posição das lentes intraoculares após a cirurgia Tabela 1. Distribuição das acuidades visuais pré e pós-operatórias dos portadores de subluxação congênita do cristalino Pacientes (olhos) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 AVL c/c Pré-op 20/300 20/80 20/130 20/400 20/200 20/200 20/150 20/100 20/150 20/150 20/100 20/200 20/50 20/60 20/60 20/100 20/100 AVL c/c Pós-op 20/80 20/40 20/100 20/150 20/70 20/40 20/20 20/20 20/70 20/25 20/25 20/25 20/25 20/40 20/40 20/25 20/25 Seguimento Pós-op* 36 29 45 46 45 53 55 53 8 19 17 8 10 10 12 68 67 OCP + + + + + + + + + + AVL c/c= acuidade visual para longe com correção; OCP= opacificação de cápsula posterior; (+)= com OCP; (-)= sem OCP; *= seguimento pós- operatório em meses Tabela 2. Variação da acuidade visual para longe pré e pós-operatória AVL c/c Pré-operatória n % 0 4 23,5 13 76,5 I. 0,5-1 (20/20-20/40) II. 0,2-0,5 (20/40-20/100) III. <0,2 (pior que 20/100) Pós-operatória n % 12 70,5 4 23,5 1* 6,0 p<0,001 - Teste de homogeneidade marginal; *= resultado melhor que a AVL pré-operatória; Teste da homogeneidade marginal meses) foi significantemente maior do que a dos pacientes que não apresentaram esta complicação (16,9 ± 16,2 meses); (t=3,78 - p=0,002). Através da UBM observou-se que todas as alças cirurgicamente amputadas foram localizadas nos 17 olhos, assim como seu posicionamento foi determinado. Foi encontrado grau II com relação à centralização das lentes, ou seja, nos 17 olhos (100%) havia discreta descentralização (não atingindo o bordo pupilar), verificando-se em todos os casos um adequado posicionamento do anel e um bom suporte capsular. 173 cristalino do eixo visual, estabelecendo uma condição de pseudofacia(11) . Na última década a facectomia com implante de LIO passou a ser uma opção viável. Na ectopia do cristalino a perda significante de suporte zonular dificulta o procedimento cirúrgico e o implante da LIO. O anel intracapsular ajuda a manter o contorno circular do saco capsular, evitando a descentração da LIO, exceto em alguns casos com extensa fragilidade zonular, em que muitas vezes não é possível a adequada centralização do saco capsular e da LIO. Através da técnica cirúrgica utilizada de facoaspiração, implante de anel endocapsular e implante de LIO com amputação de uma das alças, a LIO é manipulada para que o coto da alça amputada apóie-se sobre o anel endocapsular, permitindo o deslocamento da parte óptica da LIO para o eixo visual. Sugere-se que com esta técnica é possível manter a integridade evitando a tensão no saco capsular (8). No presente estudo foi observado que a acuidade visual pós-operatória foi melhor nos 17 olhos estudados (100%). Não houve complicação intraoperatória. A complicação encontrada inerente ao ato cirúrgico foi a opacidade de cápsula posterior (OCP), presente em 10 olhos (58,9%). A OCP ocorre frequentemente após facectomia em crianças, estando mais relacionada ao manejo intraoperatório da cápsula posterior, do que ao tipo de LIO utilizada, segundo alguns autores(8). Através da UBM foi possível avaliar o grau de centralização das LIOs implantadas verificando-se que nos 17 olhos (100%) havia uma discreta descentralização da LIO, porém sem ultrapassar o bordo pupilar, o que permite uma boa acuidade visual mesmo em situações de midríase. Foram avaliados também através da UBM, o anel endocapsular e o saco capsular, sendo observado em todos os casos um adequado posicionamento do anel e um bom suporte capsular. CONCLUSÃO Os resultados obtidos sugerem que o implante de LIO com uma alça amputada proporciona uma boa centralização da LIO e do anel endocapsular, como demonstrado pela UBM, com melhora da AVL, sendo uma opção viável, eficaz e segura na reabilitação visual dos pacientes com subluxação congênita do cristalino. Todavia, as indicações específicas, a segurança em longo prazo e eficácia devem ser melhor avaliadas através de estudo com amostras maiores e com maior tempo de seguimento. DISCUSSÃO ABSTRACT Vários tratamentos, ao longo dos anos, têm sido sugeridos para pacientes com subluxação cristaliniana. Desde a simples observação, para casos assintomáticos ou com alterações ópticas corrigíveis com óculos ou lentes de contato, até procedimentos mais invasivos, como lensectomia via pars-plana sem implante de LIO ou zonulólise enzimática da porção luxada da cápsula com intenção de deslocar o Purpose: To evaluate the visual acuity outcomes and to investigate the intraocular lens (IOL) and endocapsular ring positions with ultrasound biomicroscopy in 17 eyes of 10 patients with congenital lens subluxation who underwent the same surgical technique, by the same surgeon. Methods: The study was performed in the “Hospital de Olhos de Pernam- Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):171-4 73(2)20.pmd 173 14/5/2010, 10:15 174 Subluxação congênita do cristalino: resultados visuais e posição das lentes intraoculares após a cirurgia buco” and “Fundação Altino Ventura”. The surgical technique consisted of phacoaspiration with implant of endocapsular ring and intraocular lens with one loop haptic amputated. The age varied from 7 to 22 years. Data on visual acuity (VA) before and after surgery, surgery follow-up period, and complications were analyzed. All patients underwent ultrasound biomicroscopy. Results: The mean follow-up period was 2.8 years. There was a VA improvement in 17 (100%) eyes: in 12 eyes (70.6%) the visual acuity was better than 20/40; 4 (23.5%) ranged from 20/40 to 20/100, and 1 (5.9%) had visual acuity worse than 20/100, however better than the preoperative visual acuity. The posterior capsular opacification occurred in 10 eyes (58.9%). Ultrasound biomicroscopy showed that all IOL were partially decentralized, however without surpassing the pupil border limit. Endocapsular ring position was correct and there was a good capsular support in all cases. Conclusions: The evaluated surgical treatment provided good intraocular lens and endocapsular ring position, with VA improvement Thus, this technique is a viable, effective and safe option for the visual rehabilitation of patients with congenital lens subluxation. Keywords: Lens subluxation; Phacoemulsification; Lens, intraocular; Microscopy, acoustic; Marfan syndrome; Visual acuity REFERÊNCIAS 1. Anteby I, Isaac M, BenEzra D. Hereditary subluxated lenses: visual performances and long-term follow-up after surgery. Ophthalmology. 2003;110(7):1344-8. 2. Oliveira DF. Anomalias congênitas do cristalino. In: Arieta CEL. Cristalino e catarata. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 2002. p.31-47. 3. Halpert M, BenEzra D. Surgery of the hereditary subluxated lens in children. Ophthalmology. 1996;103(4):681-6. 4. Lam DS, Ng JS, Fan DS, Chua JK. Leung AT, Tham CC. Short-term results of scleral intraocular lens fixation in children. J Cataract Refract Surg. 1998; 24(11):1474-9. 5. Cionni RJ, Osher RH. Endocapsular ring approach to the subluxated cataractous lens. J Cataract Refract Surg. 1995;21(3):245-9. Comment in: J Cataract Refract Surg. 2001;27(11):1710-1. 6. Legler U, Witschel B, Lim S. The capsular ring: a new device for complicated cataract surgery. In: 3rd American International Congress on Cataract, IOL and Refractive Surgery: Seattle; 1993. 7. Cionni RJ, Osher RH. Management of profound zonular dialysis or weakness with a new endocapsular ring designed for escleral fixation. J Cataract Refract Surg. 1998;24(10):1299-306. 8. Ventura M, Endriss D. Intraocular lens implantation with one loop haptic amputed for congenital subluxation lens surgical treatment. In: Garg A, Prost ME, Azad R, Crouch ER, Mehta KR, Bovet JJ, et al. Surgical and medical management of pediatric ophthalmology. New Delhi: Jaypee Brothers- Medical Publishers; 2007. v.1, p.248-54. 9. Lobato FT, Sena MF, Stillitano IG, Ribeiro MP, Sampaio I, Arraes T. Posição da lente intraocular de câmara posterior após fixação transescleral: análise pela biomicroscopia ultrassônica. An Fac Med Univ Fed Pernamb. 2002;47(2):135-9. 10. Cronemberger S, Marigo FA, Calixto N. Biomicroscopia ultrassônica. In: Yamame R. editor. Semiologia ocular. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 2001. p.367-85. 11. Kanski JJ. Ectopia lentis. In: Kanski JJ. Clinical ophthalmology: a systematic approach. 3rd ed. London: Butterwoorth-Heinemann; 1994. p.307-9. Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):171-4 73(2)20.pmd 174 14/5/2010, 10:15 RELATOS DE CASOS Neurite óptica bilateral após infecção viral por dengue: relato de casos Bilateral optic neuritis after dengue viral infection: case report Ricardo Evangelista Marrocos de Aragão1 Ieda Maria Alexandre Barreira2 Livia Nogueira Costa Lima3 Leonardo Portela Rabelo4 Felipe Bezerra Alves Pereira5 RESUMO Dengue é uma doença viral transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus. Apresenta distribuição geográfica bastante ampla, sendo epidêmica em alguns países. A apresentação clínica depende da idade e do estado imunológico do paciente, podendo se apresentar de forma assintomática como, dengue clássica, hemorrágica e até como choque. Têm sido descritas muitas manifestações oculares, entretanto, poucos relatos de manifestações neurológicas causada por dengue. Relatamos dois casos de neurite bilateral pós infecção por dengue. Ambos apresentavam baixa de acuidade visual bilateral, papilite e alterações no campo visual e evoluíram com desaparecimento dos sintomas e sinais espontaneamente sem uso de medicação. Descritores: Dengue/complicações; Papilite; Neurite óptica/etiologia; Hemorragia retiniana; Encefalite; Infecções oculares virais; Relatos de casos INTRODUÇÃO Serviço de Oftalmologia do Hospital Universitário Walter Cantídio da Universidade Federal do Ceará - UFC Fortaleza (CE) - Brasil. 1 2 3 4 5 Doutor, Preceptor de Retina e Vítreo da Residência Médica de Oftalmologia do Hospital Universitário Walter Cantídio da Universidade Federal do Ceará UFC - Fortaleza (CE) - Brasil. Especialista em Retina e Vítreo pela Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP - São Paulo (SP) - Brasil. Residente (3º ano) do Serviço de Oftalmologia do Hospital Universitário Walter Cantídio da UFC - Fortaleza (CE) - Brasil. Residente (3º ano) do Serviço de Oftalmologia do Hospital Universitário Walter Cantídio da UFC - Fortaleza (CE) - Brasil. Residente (2º ano) do Serviço de Oftalmologia do Hospital Universitário Walter Cantídio da UFC - Fortaleza (CE) - Brasil. Endereço para correspondência: Ricardo E. Marrocos de Aragão. Rua Osvaldo Cruz, 2.335 - Fortaleza (CE) Brasil - CEP 60125-151 E-mail: [email protected] Nota Editorial: Depois de concluída a análise do artigo sob sigilo editorial e com a anuência do Dr. Mário Teruo Sato sobre a divulgação de seu nome como revisor, agradecemos sua participação neste processo. A dengue é uma infecção viral transmitida pela fêmea dos mosquitos A. aegypti e A. albopictus que tem hábitos diurnos. O vírus da dengue é da família Flavirida, arbovírus grupo B, sendo identificados 4 sorotipos (1, 2, 3 e 4). Com distribuição geográfica em mais de 100 países nos trópicos e subtrópicos incluindo América, sudeste da Ásia, oeste do Pacifico, África e leste do Mediterrâneo. No Brasil, desde 1986 vêm ocorrendo epidemias de dengue, com cerca de 3 milhões de casos. Embora ocorra em todo o território nacional, entre os lugares de maior ocorrência, podemos citar os estados do Rio de Janeiro, Ceará, Alagoas e Pernambuco. A dengue pode se manifestar de várias formas desde um simples resfriado a uma febre hemorrágica e choque, ameaçando a vida. As características clínicas da infecção viral por dengue podem ser classificadas em cinco apresentações: doença febril não específica, dengue clássica, febre hemorrágica por dengue, febre hemorrágica por dengue com síndrome do choque, e outras síndromes não usuais como encefalopatia e hepatite(1). Há poucos relatos das manifestações neurológicas da dengue. O envolvimento do sistema nervoso central (SNC) tem sido descrito em pacientes pediátricos que algumas vezes podem se apresentar com encefalites graves. O envolvimento neurológico na infecção por dengue pode ser visto após a doença aguda ter cedido e acredita-se que seja uma manifestação imunomediada(2). Têm sido descritas algumas manifestações oculares na dengue, entre elas as mais comuns são: dor retrorbitária(3), hemorragias retinianas, hemorragia subconjuntival(4); já manifestações como neurite óp- Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):175-8 73(2)02.pmd 175 14/5/2010, 10:16 176 Neurite óptica bilateral após infecção viral por dengue: relato de casos acuidade visual corrigida 20/125 no OD e no OE 20/200 e defeito do reflexo pupilar aferente relativo no OE. A motilidade ocular extrínseca, biomicroscopia do segmento anterior e pressão intraocular normais em AO. Ao exame de fundo de olho apresentava edema do disco óptico com hemorragias peridiscais bilateral (Figura 2). O campo visual mostrava escotomas cecocentrais em AO. Os exames complementares mostraram: Tomografia computadorizada do crânio, pressão arterial normais, proteína C reativa, anticorpo antifosfolipídio e anticardiolipina, VHS e FTA-ABS negativos. Sorologia positiva para dengue pelo método imunocromatográfico IgG e IgM reagentes; líquor e pressão liquórica normais. O paciente evoluiu com melhora da AV para 20/60 no OD e 20/50 no OE doze dias após o exame inicial e posteriormente normalizou a AV com regressão dos achados oftalmoscópicos. tica(5), maculopatia exsudativa(6), efusão coroidal(7), manchas de Roth(8), vasculite, descolamento de retina exsudativo e uveíte anterior são raras(9). Descrevemos dois casos que apresentavam baixa de acuidade visual, papilite e alterações de campo visual pós infecção viral por dengue. RELATO DOS CASOS Caso 1 F.S.H., 31 anos, masculino, com história de dengue clássica há duas semanas, apresentou-se com queixa de baixa da acuidade visual em ambos os olhos (AO) mais importante no olho esquerdo. Ao exame oftalmológico, a acuidade visual (AV) era 20/30 no olho direito (OD) e conta dedos a um metro no olho esquerdo (OE); motilidade ocular extrínseca normal; presença de defeito pupilar aferente relativo no OE; biomicroscopia normal; pressão intraocular normal em AO e à oftalmoscopia binocular indireta edema do disco óptico bilateral (Figura 1); campo visual evidenciando escotomas cecocentrais. Os exames complementares como tomografia computadorizada do crânio, pressão arterial, glicemia de jejum e VHS estavam normais; FTA-ABS e sorologia para HIV estavam negativos e a sorologia para dengue pelo método imunocromatográfico foi positiva (IgG e IgM reagentes). Pesquisa do líquor cefalorraquidiano revelou líquor claro com glicose, proteínas, contagem de células e diferencial normais e pressão liquórica normal. Paciente evoluiu com melhora da AV em um mês e apresentou regressão da papilite com recuperação da AV para 20/20 em AO. COMENTÁRIOS Dengue é uma virose transmitida pelo mosquito Aedes aegypti que pica apenas durante o dia, ao contrário do mosquito comum (Culex), que pica à noite. A infecção pode ser causada por qualquer um dos quatro tipos (1, 2, 3 e 4) do vírus da dengue, que produzem as mesmas manifestações. Em geral, o início é súbito com febre alta, dor de cabeça e muita dor no corpo. É comum a sensação de intenso cansaço, a falta de apetite e, por vezes, náuseas e vômitos. Pode ocorrer eritema com manchas, semelhantes às do sarampo ou da rubéola, e prurido no corpo. Pode ocorrer, às vezes, algum tipo de sangramento (em geral no nariz ou nas gengivas). O diagnóstico de dengue é clínico. A sorologia deve ser feita principalmente para controle da vigilância epidemiológica, pois em geral é inútil na condução do tratamento. O ideal é colher após sete dias do início dos sintomas. Anticorpos do tipo IgM contra o vírus da dengue são detectáveis desde o 6º dia e perduram até 90 dias, já o IgG pode ser Caso 2 B.S.O., 14 anos, masculino, com história de dengue há duas semanas, apresentava queixa de baixa da acuidade visual em AO mais intensa no OE. Ao exame oftalmológico, apresentava A B Figura 1 - Caso 1: Edema bilateral do disco óptico (A - olho direito e B - olho esquerdo) Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):175-8 73(2)02.pmd 176 14/5/2010, 10:16 Neurite óptica bilateral após infecção viral por dengue: relato de casos A 177 B Figura 2 - Edema bilateral do disco óptico com hemorragias peridiscais (A - olho direito e B - olho esquerdo) detectado nos primeiros dias da doença até dois ou três dias após a infecção. As principais alterações oculares reportadas na literatura relacionadas à dengue incluem hemorragias na retina e mácula, hemorragia peridiscal, manchas de Roth, edema retiniano difuso, células no vítreo, borramento da margem do disco óptico, descolamento seroso da retina, efusão coroidal e maculopatia não específica(1). A neurite óptica é um processo inflamatório, infeccioso ou desmielinizante do nervo óptico que pode se manifestar como neurite retrobulbar, papilite ou neurorretinite. A papilite é caracterizada por hiperemia variável e edema do disco óptico que pode estar associado a hemorragias peripapilares em chama de vela. A papilite pode ser secundária a infecções virais (neurite óptica parainfecciosa) e provavelmente ocorre devido à resposta imunológica. Tipicamente, manifesta-se uma a três semanas após infecção viral com perda aguda e grave da AV que pode ser bilateral, porém o prognóstico visual é surpreendentemente bom, mesmo na presença de edema importante do disco óptico. A recuperação espontânea da visão pode ocorrer, dispensando tratamento na maioria dos pacientes acometidos. Nos casos refratários o uso de corticóide oral passa a ser uma opção de tratamento, uma vez que a neurite óptica provavelmente ocorre devido à reação imunológica, mas seu uso é controverso. Nos casos relatados, o diagnóstico diferencial com papiledema é de essencial importância tanto para a conduta como para o prognóstico. Papiledema é o edema bilateral da cabeça do nervo óptico, secundário à elevação da pressão intracraniana, geralmente devido à presença de massa intracraniana. A medida da pressão liquórica e métodos de neuroimagem, particularmente a ressonância magnética que permite detectar lesões da parte intraorbitária do nervo óptico (por exemplo: neurite, glioma), bem como a extensão intracraniana de tumores do nervo óptico são de especial valor. Nos casos em questão, optamos por fazer tomografia devido ao fato de ser o exame disponível em nosso serviço, ao fato de a pressão liquórica dos pacientes ser normal e a evolução de ambos os casos ter sido favorável. As manifestações neurológicas da dengue são raras e por não serem típicas da dengue, os pacientes foram avaliados detalhadamente para determinar a causa da neurite. Como ambos os pacientes apresentavam sorologia positiva para dengue sem nenhuma outra causa aparente de neurite e também pelo fato de a neurite ter resolvido espontaneamente, como pode ocorrer em doenças virais, concluímos que nos casos expostos, a neurite óptica resultou da infecção pelo vírus da dengue (neurite óptica parainfecciosa). O exame do fundo de olho tem sido recomendado em casos graves da doença, pois, particularmente nas áreas endêmicas, se mais exames do fundo de olho fossem feitos nos estágios precoces em pacientes com suspeita de dengue, muitos casos de envolvimento do SNC poderiam ser detectados e manejados apropriadamente(2). O prognóstico é geralmente bom e resolvendo espontaneamente, embora alguns pacientes possam referir escotoma central relativo que pode persistir por meses. O uso de esteróides para tratar as alterações visuais é controverso(9). Com aumento da epidemicidade e a existência de múltiplos sorotipos da dengue, é esperado um aumento de casos de dengue tanto na forma clássica como hemorrágica com provável aumento da morbidade ocular e sistêmica, por isso, medidas de profilaxia, como eliminar os focos de reprodução, retirando água parada no interior de garrafas, pneus e vasos, tampando caixas d’águas; usando telas protetoras em janelas e portas para impedir o acesso do mosquito e usando inseticidas e desinfetantes para diminuir a presença dos mosquitos são essenciais e devem ser amplamente divulgadas diminuindo assim, o risco de contágio e consequentemente os prejuízos que a doença pode acarretar. Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):175-8 73(2)02.pmd 177 14/5/2010, 10:16 178 Neurite óptica bilateral após infecção viral por dengue: relato de casos ABSTRACT REFERÊNCIAS Dengue fever is a well known viral infection transmitted through the bite of an infected Aedes aegypti and Aedes albopictus mosquito. Its geographic distribution covers over 100 countries. Clinical presentation is variable and depends upon the age and immunological status of the patient. It can be classified as asymptomatic illness, dengue fever, dengue hemorrhagic or dengue shock syndrome. Ocular manifestations of dengue have been described, however there are few reports on neurological involvement. We hereby report two cases of bilateral optic neuritis after dengue viral infection. Both of them rapidly recovered the visual acuity without treatment. 1. Lim WK, Mathur R, Koh A, Yeoh R, Chee SP. Ocular manifestations of dengue fever. Ophthalmology. 2004;111(11):2057-64. 2. Angibaud G, Luaute J, Laille M, Gaultier C. Brain involvement in Dengue fever. J Clin Neurosci. 2001;8(1):63-5. 3. Haritoglou C, Scholz F, Bialasiewicz A, Klauss V. Okuläre Manifestation bei Dengue-Fieber. Ophthalmologe. 2000;97(6):433-6. 4. Gill WD. Ocular symptoms in dengue based on analysis of 1241 cases. Arch Ophthalmol. 1928;57:628-38. 5. Preechawat P, Poonyathalang A. Bilateral optic neuritis after dengue viral infection. J Neuroophthalmol. 2005;25(1):51-2. 6. Haritoglou C, Dotse SD, Rudolph G, Stephan CM, Thurau SR, Klauss V. A tourist with dengue fever and visual loss. Lancet. 2002;360(9339):1070. Comment in: Lancet. 2003;361(9352):181-2. 7. Cruz-Villegas V, Berrocal AM, Davis JL. Bilateral choroidal effusions associated with dengue fever. Retina. 2003;23(4):576-8. 8. Shubhakaran Jakhar R. Ocular changes in infectious diseases. J Assoc Physicians India. 2005;53:913-4; author reply 914. 9. Chan DP, Teoh SC, Tan CS, Nah GK, Rajagopalan R, Prabhakaragupta MK, Chee CK, Lim TH, Goh KY; Eye Institute Dengue-Related Ophthalmic Complications Workgroup. Ophthalmic complications of dengue. Emerg Infect Dis. 2006;12(2):285-9. Keywords: Dengue/complications; Optic neuritis/etiology; Papilledema; Retinal hemorrhage; Encephalitis; Ocular infections, viral; Case report XVII Simpósio Internacional de Atualização em Oftalmologia da Santa Casa de São Paulo 18 e 19 de junho de 2010 São Paulo - SP Informações: site: www.oftalmosantacasa.com.br Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):175-8 73(2)02.pmd 178 14/5/2010, 10:16 RELATOS DE CASOS Cisto vítreo e retinose pigmentária: relato de caso Vitreous cyst and retinitis pigmentosa: case report Maria Frasson1 Ana Cristina Cotta de Queiroz 2 Breno Teixeira Lino3 Márcio Bittar Nehemy4 RESUMO Cistos vítreos são achados raros do segmento posterior ocular. Podem ocorrer em olhos com doenças oculares preexistentes ou em olhos aparentemente normais. Este estudo é um relato de caso de um paciente com retinose pigmentária e cisto vítreo, e descreve sua apresentação clínica e ultrassonográfica. Descritores: Retinite pigmentosa/genética; Corpo vítreo; Oftalmoscopia; Degeneração retiniana; Humano; Masculino; Adulto; Relatos de casos INTRODUÇÃO Trabalho realizado no Departamento de Oftalmologia do Hospital São Geraldo, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. 1 2 3 4 Doutora em Oftalmologia pela Universidade Federal de Minas Gerais e Chefe do Ambulatório de Distrofias Retinianas do Hospital São Geraldo - Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG - Belo Horizonte (MG) - Brasil. Médica Oftalmologista do Ambulatório de Distrofias Retinianas do Hospital São Geraldo - Hospital das Clínicas da UFMG - Belo Horizonte (MG) - Brasil. Doutor em Oftalmologia pela Universidade Federal de Minas Gerais e Chefe do Serviço de Ecografia do Hospital São Geraldo - Hospital das Clínicas da UFMG - Belo Horizonte (MG) - Brasil. Professor Titular de Oftalmologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. Chefe do Departamento de Retina e Vítreo do Hospital São Geraldo - Hospital das Clínicas da UFMG - Belo Horizonte (MG) - Brasil. Endereço para correspondência: Maria Frasson. Avenida João Pinheiro, 146 - Sl. 1.303 - Belo Horizonte (MG) CEP 30130-180 E-mail: [email protected] Recebido para publicação em 15.02.2009 Última versão recebida em 03.10.2009 Aprovação em 04.10.2009 Nota Editorial: Depois de concluída a análise do artigo sob sigilo editorial e com a anuência dos Drs. Leonardo Provetti Cunha e João Borges Fortes Filho sobre a divulgação de seus nomes como revisores, agradecemos suas participações neste processo. Cistos vítreos (CV) são alterações raras do segmento posterior do olho, tendo sido descritos na literatura a partir do final do século XIX. São classificados clinicamente como congênitos ou adquiridos, e conforme sua cor, forma, número e ocorrência em um ou ambos os olhos(1). A retinose pigmentaria (RP) é a distrofia retiniana mais frequente, representando um grupo heterogêneo de doenças caracterizadas pela degeneração das células fotorreceptoras da retina(2-3). Clinicamente, a manifestação funcional desta degeneração é quase sempre a cegueira legal, e as alterações fundoscópicas clássicas compõem a tríade de palidez do disco óptico, afilamento dos vasos retinianos e depósito de pigmentos em forma de espículas na retina. Alterações vítreas na RP tem sido relatadas(4), mas o achado de CV em pacientes com RP é um evento raríssimo, sendo este o primeiro caso no Brasil, ao que se saiba, que descreve esta associação e está entre os poucos relatados na literatura. RELATO DO CASO Paciente de 47 anos de idade, masculino, feodérmico, foi atendido no Ambulatório de Distrofias Retinianas do Hospital São Geraldo. Havia recebido o diagnóstico de RP há cinco anos, quando procurou assistência oftalmológica devido à baixa acuidade visual progressiva em ambos os olhos (AO). O sintoma de piora visual à noite - nictalopia - estava presente desde a infância. Não apresentou passado de outras morbidades e negou traumas oculares prévios. Seu heredograma revelou fratria de 10 irmãos (seis mulheres e quatro homens), sendo dois homens sabidamente acometidos pela RP. Um de seus irmãos foi examinado e foi constatada RP clássica, mas sem a presença de CV. Seus pais eram não consanguíneos, já falecidos, sem história de doenças oculares, mas seus avós maternos eram primos em primeiro grau. O exame oftalmológico mostrou acuidade visual de 20/100 no olho direito (OD) e também de 20/100 no olho esquerdo (OE), com refração plana. Os Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):179-81 73(2)19.pmd 179 14/5/2010, 10:16 180 Cisto vítreo e retinose pigmentária: relato de caso reflexos pupilares, assim como o exame de motilidade ocular, estavam normais. A biomicroscopia do segmento anterior evidenciou a presença de catarata polar anterior discreta em AO, e o terço anterior do corpo vítreo se encontrava normal. A medida da pressão ocular pela tonometria de aplanação (Goldmann) foi de 14 mmHg em AO. A oftalmoscopia binocular indireta revelou um grande cisto flutuando na câmara vítrea do OD, na região nasal inferior, próximo ao disco óptico. Sua superfície era lisa, não pigmentada, e seu formato era oval, com a imagem se assemelhando a de um cristalino luxado no vítreo (Figura 1). A relativa mobilidade do cisto pôde ser notada com os movimentos oculares do paciente, dando a impressão de não estar preso a nenhuma estrutura do segmento posterior. Em seu terço posterior, o corpo vítreo de AO apresentou opacidades granulares difusas, esparsas e não pigmentadas, além de pequena sinérese. O restante do exame fundoscópico do paciente correspondeu ao aspecto típico encontrado na RP: disco óptico com palidez difusa; afilamento dos vasos retinianos e presença de pigmentação retiniana em espículas, com quadro simétrico em AO. Neste paciente, foi notado um padrão paucipigmentário da retina caracterizado por uma profunda palidez retiniana, presença de poucos depósitos de pigmentos e intensa atrofia do epitélio pigmentário da retina (EPR). A região macular tinha um aspecto metálico e não apresentava reflexo em AO. Posteriormente, o paciente foi submetido à propedêutica complementar que demonstrou campo visual manual tubular (menor que 20º) e eletrorretinograma não registrável em AO. A ultrassonografia modo B do OD registrou a presença de lesão arredondada, de média reflexibilidade sonora, estrutura acústica interna pouco irregular, com cerca de 3,0 mm de diâmetros ântero-posterior e látero-lateral e 3,5 mm de diâme- Figura 1 - Retinografia colorida evidenciando o cisto vítreo na região nasal inferior do olho direito tro crânio-caudal, localizada na metade posterior da câmara vítrea (Figura 2). A lesão se mostrava envolta por membranas e ecos puntiformes de muito baixas e baixas intensidades sonoras. Foi evidenciado seu deslocamento junto com os movimentos oculares, mas o cisto não alcançava a metade anterior da câmara vítrea com o paciente em ortostatismo e fletindo o mento. O restante da câmara vítrea do OD apresentava ecos puntiformes de baixa intensidade sonora, difusos. DISCUSSÃO O caso apresentado demonstra a forma ocasional com que a maioria dos CV é detectada, frequentemente no exame oftalmológico de rotina. O paciente não apresentava nenhuma queixa visual relacionada ao cisto vítreo no OD. Os CV geralmente são pouco sintomáticos, mas ocasionalmente determinam sintomas como moscas volantes e embaçamento transitório da visão, dependendo de seu tamanho, densidade e localização(5). Os CV adquiridos são geralmente secundários a doenças oculares preexistentes, como é o caso da RP. Outras associações descritas são com atrofia coroideana, descolamento de retina, retinosquise, uveítes e endoftalmites(1,5). Estas doenças têm em comum com a RP a morte celular de fotorreceptores, determinando uma sobrecarga no metabolismo do EPR. Esta seria uma hipótese para a origem das alterações vítreas, inclusive os CV. Também foi constatada a relação dos CV com traumas e inflamações oculares, embora não tenha sido comprovado que os cistos sejam consequência direta de traumas(5-6). Hipóteses como a origem infecciosa ou traumática do cisto no caso relatado são pouco prováveis, pois não houve história prévia de uveíte ou de trauma ocular. Os CV de caráter congênito provavelmente são derivados de estruturas remanescentes do sistema vascular hialoideo, havendo discussões sobre sua verdadeira origem embrionária. Figura 2 - Ultrassonografia modo B do olho direito evidenciando cisto vítreo próximo à superfície interna do bulbo ocular Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):179-81 73(2)19.pmd 180 14/5/2010, 10:16 Cisto vítreo e retinose pigmentária: relato de caso O encontro de pedículos e outros tipos de adesão membranosa nestes cistos reforça a teoria de regressão incompleta de estruturas do vítreo primário e conexões com a vasculatura hialoidea(1,6). Entretanto, a existência de cistos pigmentados levantou questionamentos sobre uma possível origem a partir dos processos ciliares ou do epitélio pigmentário iriano(7-8). Estudos sobre análises histopatológicas dos CV podem ajudar no entendimento de sua origem(6-7). Alguns autores descreveram a histopatologia de um cisto vítreo unilateral, atribuindo-lhe o diagnóstico de coristoma cístico do sistema hialóideo primitivo(9). O pleomorfismo é uma característica dos CV. Eles podem ser ovalados ou esféricos e apresentarem superfície lisa ou lobulada, pigmentada ou não. Já foram relatadas dimensões que variam de menos de 1 mm a 12 mm, sendo que os cistos podem estar livres na câmara vítrea ou presos a outras estruturas(1,8). Foram descritos em pacientes de quase todas as idades, e as formas de apresentação também variam de múltiplos cistos unilaterais a cistos solitários uni ou bilaterais(1). É uma condição que raramente necessita de tratamento específico, apenas quando as lesões realmente interferem na visão do paciente, ocasião em que os cistos podem ser removidos através de vitrectomia via pars plana(9). Estudos apontaram uma alta frequência de anormalidades vítreas associadas à RP, tais como condensações, partículas pigmentadas e não-pigmentadas, degenerações fibrilares e descolamento posterior do corpo vítreo. A frequência e gravidade destas alterações não estão correlacionadas com a idade ou sexo do paciente, com a acuidade visual ou vício refracional, nem com o padrão de herança envolvido na RP(4). Em 1952, Wagenaar investigou a associação entre cisto vítreo e RP, sugerindo a possibilidade de uma síndrome caracterizada por estas duas entidades(10). Devido à raridade desta associação, não há na literatura a descrição da frequência dos CV na RP, e embora a hipótese de síndrome seja pouco provável, as duas entidades devem estar relacionadas entre si e não serem consideradas como eventos isolados. No presente caso, os autores acreditam que o cisto vítreo seja um cisto adquirido ao longo da progressão da RP, que se encontrava em estágio avançado. Apesar de o paciente ter tido o diagnóstico de RP há apenas cinco anos, o quadro clínico era de cegueira legal, campo visual gravemente comprometido e eletrorretinograma não registrável. Outros autores concluíram que as alterações vítreas na RP parecem aumentar com a duração da doença, acompanhando o processo evolutivo da degeneração pigmentária da retina(4). Assim como os outros tipos de anormalidades vítreas encontradas na RP, os cistos provavelmente são manifestações no corpo vítreo dos mecanismos degenerativos 181 que ocorrem na retina e no EPR. Esta parece ser uma hipótese viável para explicar a formação do CV, mas não esclarece o motivo de sua raridade na RP, em que predominam as outras alterações vítreas. Não foi proposto nenhum tipo de tratamento ao paciente do presente caso, pois era assintomático. Ele se encontra em acompanhamento periódico no Ambulatório de Distrofias Retinianas do Hospital São Geraldo /UFMG. O relato deste caso enriquece a literatura por descrever uma condição raríssima e pouco compreendida. Estudos futuros sobre a RP e suas alterações vítreas poderão esclarecer a verdadeira relação do corpo vítreo com esta distrofia retiniana. ABSTRACT Vitreous cyst is a rare condition of the posterior segment of the eye. It can occur in eyes with coexistent ocular diseases or in eyes that are otherwise normal. This study reports a case of vitreous cyst in a patient with retinitis pigmentosa and presents its clinical and ultrasonographic features. Keywords: Retinitis pigmentosa/genetics; Vitreous body; Ophthalmoscopy; Retinal degeneration; Human; Male; Adult; Case reports REFERÊNCIAS 1. Cruciani F, Santino G, Salandri AG. Monolateral idiopathic cyst of the vitreous. Acta Ophthalmol Scand. 1999;77(5):601-3. 2. Kalloniatis M, Fletcher EL. Retinitis pigmentosa: understanding the clinical presentation, mechanisms and treatment options. Clin Exp Optom. 2004;87(2): 65-80. 3. 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Methods: Three young patients with confirmed diagnosis of diffuse unilateral subacute neuroretinitis were followed-up using Stratus® OCT. Results: Optical coherence tomography findings included retinal nerve fiber layer atrophy and focal edema where the worm was initially lodged. In two patients we could identify the worm by optical coherence tomography as an area of hiper-reflectivity. The worms were laser photocoagulated and post-treatment optical coherence tomography scanning revealed improvement of edema, nerve fiber layer thinning and a retinal hyper-reflectivity where laser had been applied. Conclusion: The main finding reported here is the potential of optical coherence tomography in detecting the presence of retinal nerve fiber layer atrophy and focal retinal edema in areas affected by the worm. Optical coherence tomography can be used to distinguish diffuse unilateral subacute neuroretinitis from other mimicking diseases like punctate outer retinitis, when there are no retinal fiber layer atrophy. Keywords: Retinitis/diagnosis; Optic neuritis; Eye infections, parasitic; Laser therapy; Optic nerve/parasitology; Optic atrophy; Retina; Tomography, optical coherence; Case reports INTRODUCTION Institution: State University of Londrina - Department of Clinical Surgery - Section Ophthalmology. 1 2 3 4 5 MD, Medical Doctor at State University of Londrina UEL - Londrina (PR) - Brazil. MD, Medical Doctor at Federal University of São Paulo - UNIFESP - São Paulo (SP) - Brazil. MD, Medical Doctor at UNIFESP - São Paulo (SP) Brazil. MD, Medical Doctor at UNIFESP - São Paulo (SP) Brazil. MD, Medical Doctor at UEL - Londrina (PR) - Brazil. Correspondence address: Antonio Marcelo Barbante Casella. Avenida Bandeirantes, 500 - Apto. 109 - Londrina (PR) - Brasil - CEP 86010-010 Email: [email protected] Recebido para publicação em 10.11.2008 Última versão recebida em 17.09.2009 Aprovação em 29.09.2009 Diffuse unilateral subacute neuroretinitis (DUSN) is caused by a subretinal nematode producing multifocal choroiditis and optic nerve inflammation in the early stage and optic nerve atrophy, retinal vessel narrowing and diffuse changes in the retinal pigmented epithelium (RPE) in the late stage of the disease(1). The differential diagnosis of early-stage DUSN is based on the presence of multifocal choroiditis, such as multiple evanescent white dot syndrome and toxoplasmosis, especially in the form of punctate outer retinitis(2). The optical coherence tomography (OCT) is a diagnostic tool that allows the measurement of retinal nerve fiber layer thickness with no risks. OCT may be of additional help in cases where the worm was not detected. The following cases presented in this report are about patients diagnosed with DUSN that received additional examination with OCT (Stratus- Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):182-5 73(2)03.pmd 182 14/5/2010, 10:17 Retinal nerve fiber layer atrophy as relevant feature for diffuse unilateral subacute neuroretinitis (DUSN): case series 183 OCT; Carl Zeiss Meditec) to detect the retinal nerve fiber layer atrophy. The OCT scans were performed by an experienced physician for accurate measurements using the automatic software measurements tool. revealed retinal thinning and hyper-reflectivity that extended into the choroid corresponding to the chorioretinal scar observed clinically and partial resolution of edema. Case 1 A 11 year-old female presented with a 3-month history of decreased visual acuity to finger counting at 0.50 meters. The examination revealed white areas on the retina and a nematode in the subretinal macular space with distinct features (Figure 1D). The patient was submitted to scanning with Stratus OCT-3. Neuroretina showed signs of atrophy and a nematode perpendicular to all layers of the retina (Figure 1E). The worm was photocoagulated. After treatment, visual acuity was the same and the optic nerve was pale. Six months after treatment OCT images showed retinal nerve fiber layer atrophy and hyper-reflectivity that extended into the choroid corresponding to the chorioretinal scar clinically observed. A 16 year-old male patient presented with a 3-year history of decreased vision on the left eye. Upon examination, the affect eye had optic nerve atrophy, diffuse changes in the RPE and white-yellowish lesions in the posterior pole. In addition, a small nematode measuring approximately 700 μm was found in the papillomacular bundle (Figure 1A). The patient was submitted to scanning with Stratus OCT-3 (Figure 1B). On the day the scan was performed the worm had moved temporally towards the fovea. The nematode was visualized in the subretinal space as a homogenous area of hyper-reflectivity and the retinal nerve fiber layer showed signs of atrophy (Figure 1C). OCT revealed focal edema in the area previously occupied by the worm. After laser photocoagulation the patient’s visual acuity increased to 20/400 from 20/800. Subsequent OCT imaging Case 2 Case 3 A 13 year-old male presented with a 7-month history of decreased visual acuity. The examination revealed white areas B A C D E Figure 1 - Color retinography of Case 1, the arrow indicates the nematode in situ (A). OCT of the area where the nematode was lodged showing retinal nerve fiber atrophy (arrow) and edema (arrow head) (B-C). Color retinography of Case 2 (D), the arrow indicates the nematode in situ. OCT showing signs of neuroretina atrophy and nematode transponding outer and some inner layers of the retina (E). Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):182-5 73(2)03.pmd 183 14/5/2010, 10:17 184 Retinal nerve fiber layer atrophy as relevant feature for diffuse unilateral subacute neuroretinitis (DUSN): case series on the retina and a nematode in the subretinal space (Figure 2A), which was subsequently photocoagulated (Figure 2B). Although visual acuity improved to 20/40 from 20/400, the optic nerve remained somewhat pale. Post-treatment OCT images of this patient showed considerable retinal nerve fiber layer atrophy (Figure 2C), and the fundus pictures showed no activity as white dots lesions. DISCUSSION DUSN usually causes blindness in children, especially in tropical regions(3). The differential diagnosis may be difficult to establish, especially when the worm is not found, which is very often because of its microscopic size and high mobility. The visual prognosis, though, is much better when the etiologic agent is early detected and treated(4-6). OCT may be helpful when DUSN is suspected, by providing detailed information of the retinal nerve fiber layer and areas of edema and has not been associated with side effects, although it is rarely possible to find the actual worm. When the worm is found it is often seen as near grayish-white lesions possibly indicating the parasite’s trail (personal experience). In this study we examined patients diagnosed with DUSN that received additional examination with OCT and detected in all of them retinal nerve fiber layer atrophy, differently than other DUSN mimicking disorders. By OCT, we have shown here that in DUSN cases diffuse retinal nerve fiber layer atrophy (Figure 1C, 1E, 2C) and focal edema in areas affected by the worm are present (Figure 1B, 1E) as well as two indicative images of the worm presence (Figure 1C, 1E). Some authors observed by OCT, that retinal nerve fiber layer thickness in DUSN patients is directly proportional to visual acuity(7). Conversely, in Case 3, it was observed that a profund lesion of the retinal nerve fiber layer is not accompanied by severe visual acuity loss. We observed that the presence of retinal nerve fiber layer atrophy is a relevant feature in DUSN cases, even in patients with good visual acuity. At this initial level of injury, the visual acuity still can be improved, like reported in case three. Therefore, OCT imaging to monitor nerve fiber loss is recommended as an adjunct tool to support diagnostic and of some prognostic value in DUSN. Many questions remain to be answered or deserve further investigation, such as whether the level of nerve fiber layer damage and acuity recovery can be correlated in early-stage DUSN, to how the nerve fibers respond to treatment, to how steroids affect the morphology of the damage after laser application, and Fourier-domain (ultrahigh resolution spectral) optical coherence tomography study may reveal further details and offer a better worm delineation. RESUMO Objetivo: Demonstrar os achados da tomografia de coerência óptica em três casos de neurorretinite subaguda difusa unilateral (DUSN). Métodos: Os pacientes com diagnóstico confir- A B C Figure 2 - Retinography of Case 3, showing areas of retinal edema (A). After laser treatment the inflammatory lesions disappeared and the optic nerve shows signs of atrophy (B). OCT showing significant nerve fiber layer thinning in spite of improvement in visual acuity (C). Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):182-5 73(2)03.pmd 184 14/5/2010, 10:17 Retinal nerve fiber layer atrophy as relevant feature for diffuse unilateral subacute neuroretinitis (DUSN): case series mado de neurorretinite subaguda difusa unilateral realizaram seguimento pré e pós-tratamento por meio da tomografia de coerência óptica, Stratus® OCT. Resultados: Os achados marcantes da tomografia de coerência óptica foram a atrofia das camadas de fibras nervosas da retina e edema da retina localizado em áreas nas quais a larva esteve. Em dois pacientes pôde-se localizar a larva no espaço sub-retiniano por meio da tomografia de coerência óptica, que se traduziu por pequena área densa (hiperrefletividade). As larvas foram fotocoaguladas a laser e os achados da tomografia de coerência óptica após o tratamento demonstrou melhora do edema, afinamento das camadas de fibras nervosas e hiperrefletividade no local da aplicação do laser. Conclusão: Os principais achados na tomografia de coerência óptica foram a atrofia difusa das camadas de fibras nervosas e o edema localizado nas áreas afetadas pela larva. A tomografia de coerência óptica pode ser usado para diferenciar neurorretinite subaguda difusa unilateral de doenças que a simulam, como retinite punteada externa, que não manifesta alterações das camadas de fibras nervosas. 185 Descritores: Retinite/diagnóstico; Neurite óptica; Nervo óptico/parasitologia; Infecções oculares parasitárias; Terapia a laser; Atrofia óptica; Retina; Tomografia de coerência óptica; Relatos de casos REFERENCES 1. Gass JD, Braunstein RA. Further observations concerning the diffuse unilateral subacute neuroretinitis syndrome. Arch Ophthalmol. 1983;101(11):1689-97. 2. Doft BH, Gass DM. Puntacte outer retinal toxoplasmosis. Arch Ophthalmol. 1985;103(9):1332-6. 3. Souza EC, Cunha SL, Gass JD. Diffuse unilateral subacute neuroretinitis in South America. Arch Ophthalmol. 1992;110(9):1261-3. 4. Casella AM, Farah ME, Belfort R Jr. Antihelminthic drugs in diffuse unilateral subacute neuroretinitis. Am J Ophthalmol. 1998;125(1):109-11. 5. 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XVI Congresso Internacional da Sociedade Brasileira de Oftalmologia 01 a 03 de julho de 2010 Hotel InterContinental Rio de Janeiro - RJ Informações: Tel.: (21) 3235-9220 E-mail: [email protected] Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):182-5 73(2)03.pmd 185 14/5/2010, 10:17 RELATOS DE CASOS Bilateral and simultaneous cystoid macular edema associated with latanoprost use: report of two cases Edema macular cistóide bilateral e simultâneo associado com o uso de latanoprost: relato de dois casos Oswaldo Ferreira Moura Brasil1 Maria Vitoria Moura Brasil2 Marcelo Palis Ventura3 Hugo Soares Maia4 ABSTRACT Cystoid macular edema is an uncommon, but well known, side effect of latanoprost. Two cases of bilateral and simultaneous cystoid macular edema associated with latanoprost use are described, which complete resolution of the edema is observed upon drug discontinuation. Keywords: Macula lutea; Macular edema; Glaucoma; Prostaglandin F, synthetic; Case Reports; Human; Adult INTRODUCTION Work carried out at Instituto Brasileiro de Oftalmologia (IBOL) - Rio de Janeiro. 1 2 3 4 Retina and Vitreous Service, Instituto Brasileiro de Oftalmologia - IBOL, Rio de Janeiro (RJ) - Brazil. Instituto da Visão, Universidade Federal de São Paulo UNIFESP São Paulo (SP) - Brazil. Glaucoma Service, Instituto Brasileiro de Oftalmologia - IBOL - Rio de Janeiro (RJ) - Brazil. Instituto da Visão, UNIFESP - São Paulo (SP) - Brazil. Glaucoma Service, Instituto Brasileiro de Oftalmologia - IBOL - Hospital Universitário Antônio Pedro, Universidade Federal Fluminense - HUAP - UFF - Rio de Janeiro (RJ) - Brazil. Retina and Vitreous Service, Instituto Brasileiro de Oftalmologia - IBOL - Rio de Janeiro (RJ) - Brazil. Correspondence Address: Oswaldo Ferreira Moura Brasil. Praia de Botafogo, 206 - Rio de Janeiro (RJ) CEP 22250-040 E-mail: [email protected] Recebido para publicação em 27.10.2008 Última versão recebida em 08.10.2009 Aprovação em 17.12.2009 Latanoprost is a prostaglandin analogue that reduces intraocular pressure by increasing uveoscleral outflow. Since its introduction in 1996 it has been widely used to treat glaucoma and ocular hypertension, and several ocular side effects have been reported including hypertrichosis, increased eyelash pigmentation, hypotony, choroidal effusion, iritis, anterior uveitis and cystoid macular edema (CME). Nevertheless, latanosprost is rarely discontinued due to one of its side effects(1). The prostaglandin analogues may be associated with retinal bloodbarrier breakdown and CME has been reported as a side effect of latanoprost in numerous case reports, usually in association with risk factors such as aphakia and opened posterior capsule. The incidence of CME associated with latanoprost therapy is considered to be very low(2). Two cases of bilateral and simultaneous CME associated with latanoprost are described, which complete resolution of the macular edema is observed following discontinuation of the drug. CASE REPORTS Case 1 A 60 year-old male with severe primary open-angle glaucoma treated with dorzolamide-timolol solution (CosoptTM) in both eyes (OU). The patient had history of cataract surgery with intraocular lens (IOL) implantation 3 years before and yag-laser capsulotomy 1 year later in OU. Bestcorrected visual acuity was 20/40 in the right eye (OD) and 20/150 in the left eye (OS). Intraocular pressure (IOP) was 20/21 mmHg. Latanoprost (XalatanTM) was then added to the treatment and IOP was reduced to 12/13 mmHg one month later. Three months after starting latanoprost the patient complained of reduced vision in OU, and best-corrected visual acuity was 20/100 in OD and 20/400 in OS. IOP was 6/8 mmHg at this time. Fluores- Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):186-8 73(2)21.pmd 186 14/5/2010, 10:17 Bilateral and simultaneous cystoid macular edema associated with latanoprost use: report of two cases 187 cein angiography disclosed CME in OU (Figure 1A and 1B) and latanoprost was discontinued, being replaced by brimonidine (Alphagan-PTM). One month later vision improved to 20/40 in OD and 20/150 in OS, which was equal to baseline. IOP raised to 14/15 mmHg and remained stable throughout the follow-up. A few months later a control fluorescein angiography was performed and the CME was gone (Figure 1C and D). Case 2 A B A 85 year-old female came in for a second opinion about glaucoma diagnosis. She had been diagnosed with primary open-angle glaucoma for 30 years, but was not currently using any anti-glaucomatous medication. The patient had previous cataract surgery with IOL implantation 10 years before and yag-laser capsulotomy 1 year later in OU. Bestcorrected visual acuity was 20/30 in OD and 20/25 in OS. IOP was 22/28 mmHg. Latanoprost (XalatanTM) was started and 1 month later IOP was reduced to 18/17 mmHg. However, the patient complained of reduced visual acuity, which was 20/50 in OD and 20/40 in OS. Fluorescein angiography disclosed CME in OU (Figure 2A and B) and latanoprost was discontinued. Dorzolamide-timolol solution (CosoptTM) was started instead. After 1 month, vision returned to baseline values (20/30 in OD and 20/25 in OS) and IOP was 15/15 mmHg. Further in the follow-up a new fluorescein angiography did not show CME (Figure 2C and D). C D Figure 1 - Fluorescein angiography of the right eye (A and C) and the left eye (B and D). In A and B, 3 months after starting latanoprost eyedrops, late-phase angiography shows hyperfluorescence filling the cystic spaces with the characteristic stellate appearance of the cystoid macular edema. In C and D, after suspension of latanoprost eyedrops, the normal fluorescence of the foveal avascular zone is observed. DISCUSSION In phases I and II studies of latanoprost, there was no reported case of CME in 380 patients whereas in phase III studies there were 2 reported cases of CME in 300 patients(3). In addition, 120 cases of CME associated with latanoprost have been spontaneously reported to Pharmacia as of June 1999, during which time an estimated 1.700.000 patients had been treated with the drug(3). Sum up to that several anecdotal case reports such as the ones we have described. The overall conclusion is that if there is an association between latanoprost use and CME it is certainly infrequent, even if it is underestimated, since many cases might have not been reported. The rationale for development of CME due to latanoprost use is that the drug may lead to the disruption of the bloodaqueous barrier, and this barrier’s breakdown, as measured by aqueous laser flare meter, has been significantly associated with development of CME in aphakic and pseudophakic eyes using latanoprost(4-5). Interestingly, concurrent administration of nonsteroidal eyedrops seemed to prevent development of CME associated with latanoprost use in early postoperative pseudophakias(4). Even tough the incidence of CME that could be attributable to latanoprost use is expected to be very low, it is known that aphakic and pseudophakic eyes, particularly those with open posterior capsule, are more likely to develop the side effect (3,6-8). Furthermore, some investigators A B C D Figure 2 - Fluorescein angiography of the right eye (A and C) and the left eye (B and D). In A and B, after 1-month use of latanoprost eyedrops, fluorescein angiography discloses stellate hyperfluorescence in the macula, the typical presentation of cystoid macular edema. In C and D, after latanoprost was discontinued, cystoid macular edema is no longer observed. failed to show CME development in patients with normally functioning blood-ocular barrier (9). In case 1 hypotony maculopathy was discarded since it typically follows filtration surgery and is characterized by vision loss, retinal striae, choroidal folds, and no evidence of vascular leakage. In this case, there were no other clinical fea- Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):186-8 73(2)21.pmd 187 14/5/2010, 10:17 188 Bilateral and simultaneous cystoid macular edema associated with latanoprost use: report of two cases tures of hypotony, such as shallow anterior chamber, Descemet’s membrane striae, or serous choroidal detachment. In the described cases, bilateral and simultaneous visually significant CME that could be attributable to latanoprost eyedrops were observed. Discontinuation of the drug led to improvement of vision to baseline values as well as to documented angiographic resolution of the CME in both cases. We believe it is important to raise awareness of this uncommon side effect in order to prevent any further vision loss in our glaucoma patients. RESUMO O edema macular cistóide é um efeito colateral incomum, porém bem conhecido, do latanoprost. São descritos dois casos de edema macular cistóide bilateral e simultâneo associado ao uso de latanoprost, em que foi observada completa resolução do edema após a suspensão da droga. Descritores: Mácula lútea; Edema macular; Glaucoma; Prostaglandina F, synthetic; Relatos de casos ; Humanos; Adultos REFERENCES 1. HollÓ G. The side effects of the prostaglandin analogues. Expert Opin Drug Saf. 2007;6(1):45-52. 2. Wand M, Shields BM. 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A 27 year-old man had a sudden superior scotoma in the right eye, with fundus examination compatible with inferior temporal branch retinal artery obstruction. The optical coherence tomography revealed increase in thickness and hyper-reflectivity of the inner retinal layers in affected area, with decreased reflectivity of photoreceptor and retinal pigment epithelial layers. The optical coherence tomography findings are consistent with intracellular edema, and not with secondary vascular leakage of extracellular fluid, according to histopathological theories of retinal ischemia and necrosis that occurs after retinal artery occlusion. Keywords: Retinal artery/abnormalities; Retinal artery occlusion; Retinal vessels; Visual acuity; Optical coherence tomography; Human; Male; Adult; Case reports INTRODUCTION From the Retina and Vitreous Service, São Rafael Hospital - Monte Tabor Foundation - Salvador (BA) - Brazil. 1 2 3 4 5 Retina Fellow of the Department of Ophthalmology, São Rafael Hospital, Monte Tabor Foundation, Salvador (BA) - Brazil. Retina Fellow of the Department of Ophthalmology, São Rafael Hospital, Monte Tabor Foundation, Salvador (BA) - Brazil. Ophthalmic Pathology, and Cataract Specialist of the Department of Ophthalmology, São Rafael Hospital, Monte Tabor Foundation, Salvador (BA) - Brazil. Doctorate of the Department of Ophthalmology, Federal University of São Paulo - UNIFESP - São Paulo (SP) Brazil. Vitreoretinal Specialist of the Department of Ophthalmology, São Rafael Hospital, Monte Tabor Foundation, Salvador (BA) - Brazil. Posdoctorate of the Department of Ophthalmology, São Paulo University - USP - São Paulo (SP) - Brazil. Head of the Department of Ophthalmology, São Rafael Hospital, Monte Tabor Foundation, Salvador (BA) Brazil. Chairman of the Department of Ophthalmology, Federal University of Bahia - UFBA - Salvador (BA) Brazil. Correspondence address: Otacilio O. Maia Jr. Retina and Vitreous Service, Department of Ophthalmology São Rafael Hospital - Monte Tabor Foundation. Av. São Rafael - 2.142 - Salvador (BA) CEP 41253-190 E-mail: [email protected] Recebido para publicação em 31.05.2009 Última versão recebida em 20.08.2009 Aprovação em 08.10.2009 Acute retinal arterial obstruction usually occurs with a sudden, painless unilateral loss of vision and/or visual field defect that can involve the central retinal artery or an arterial branch, most commonly secondary to arterial occlusive disease in older adults(1). Retinal arterial occlusions in young adults occurs as result of diverse group of pathologic conditions. In contrast to retinal artery occlusion in the elderly, when the commonest mechanism of occlusion involves embolic disease from the carotid artery, cardiac embolic sources and many other hematological diseases leading to thrombosis seems to be more common in younger patients(1). Branch retinal artery occlusion (BRAO) occurs when the emboli lodges in a more distal branch of the retinal artery, causing inner retinal ischemia and leading to permanent inner retinal dysfunction and loss of only a portion of the visual field in the area of supply of the artery(2). Optical coherence tomography (OCT) allows in vivo images visualization that matches retinal (histological) structures, as well as its morphological changes, including macular diseases(3). This case report describes OCT findings in the acute phase of BRAO in a young adult. CASE REPORT A 27 year-old man had a sudden superior scotoma in the right eye for 3 days. His best-corrected visual acuity was 20/20 in both eyes. Slit-lamp Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):189-92 73(2)04.pmd 189 14/5/2010, 10:18 190 Optical coherence tomography findings in acute phase of branch retinal artery occlusion: case report examination and intraocular pressure were normal in both eyes. Fundus examination of the right eye was notable for retinal whitening and associated edema along the distribution of the inferior temporal branch retinal artery (Figure 1), without evidence of embolic material in the retinal arterioles. Ophthalmologic examination of the left eye was unremarkable. The left eye was normal. Fluorescein angiography revealed a delay in inferior temporal retinal arterial filling compatible with inferior temporal branch retinal artery occlusion (Figure 1). The patient underwent clinical investigation, transthoracic echocardiography and carotid dupplex scan, but no risk factors and systemic diseases were identified. In the acute phase, the patient underwent scanning by the optical coherence tomography (Stratus OCTTM, Model 3000, Version 4.0.1, Carl Zeiss Ophthalmic System Inc. Humphrey Division. Dublin, CA, USA), using the line scan protocol (6.0 mm) in the macular area and in the inferior branch retinal artery area. OCT revealed increased thickness and hyper-reflectivity of the inner retinal layers in the inferior perifoveolar area, denoting the presence of intracellular edema, with decreased reflectivity of photoreceptor and retinal pigment epithelial layers. The asymmetry of optical reflectivity in perifoveal region was an important finding (Figure 2). OCT findings in the fovea and superior perifoveolar area in the right eye and fundus in the fellow eye were normal. DISCUSSION In retinal artery occlusive diseases, the central retinal artery is affected in 57% of occlusions, the branch retinal artery is involved in 38% of occlusions, and cilioretinal artery obstructions occur in 5% of occlusions(4). The visual prognosis is substantially better with branch retinal artery obstruction than with central retinal artery obstruction(2). The high prevalence of underlying systemic disease in young patients with retinal arterial occlusion requires a thorough, aggressive examination to rule out potential lifethreatening embolic and hypercoagulable conditions, induced by A B various factors such as migraines, deficiency of protein C or S, antiphospholipid antibody syndromes, Susac syndrome, cigarette smoking, pregnancy, and oral contraceptives (1,5). The present case had no associated risk factor or systemic complications identified. However, clinical segment is necessary to early diagnosis of further complications. Retinal artery occlusion causes ischemia of the inner layers of the retina, leading to intracellular edema as a result of cellular injury and ischemic necrosis. This intracellular edema in a branch retinal artery obstruction has the ophthalmoscopic appearance as a localized region of superficial retinal whitening. The whitening is most prominent in the posterior pole, along the distribution of the obstructed vessel(2). Electroretinography typically discloses a decrease in the amplitude of the b-wave (corresponding to the function of the Muller and/or bipolar cells) secondary to inner layer retinal isquemia. The a-wave, which corresponds to photoreceptor function, is generally unaffected(2). These findings are compatible with the inner retinal layers injury observed through the optical coherence tomography. Because central retinal artery occlusion may be rarely followed by immediate enucleation, there is little opportunity to study the histopatology of the acute changes in these vessels and in the retinal layers before such changes are obscured by the more chronic processes of scarring and fibrosis(6). In 1965, Dahrling described diffuse edema of the inner retinal layers with marked “cloudy swelling” shown by the ganglion cells(6). OCT findings as increased thickness and hyper-reflectivity of the inner retinal layers in the affected area confirm the presence of intracellular edema as acute histopathological changes of retinal ischemia secondary to occlusion of retinal artery(6). Hypo-reflective cystic spaces in the retinal structure were not observed, showing this whitening is due to ischemia and not to extracellular edema secondary to retinal capillary leakage. These findings are consistent with those reported in other studies(7-10). In the present case, although the OCT showed that inferior perifoveal area was affected (Figure 2), the visual acuity remained 20/20 surprisingly. One of the advantages of the documentation of these findings by OCT in the present case of branch retinal artery C Figure 1 - A) Retinal whitening along the distribution of the occluded inferior temporal branch retinal artery. B) and C) Fluorescein angiography revealed a delay in inferior temporal retinal arterial filling. Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):189-92 73(2)04.pmd 190 14/5/2010, 10:18 Optical coherence tomography findings in acute phase of branch retinal artery occlusion: case report occlusion is exactly this possibility of comparison of the asymmetry in the same OCT cross-section of macular area showing both the area affected by the branch occlusion and normal area (Figure 2). In conclusion, optical coherence tomography findings reported in this patient are consistent with intracellular edema, and not with extracellular fluid secondary to vascular leakage, according to histopathological theories of retinal ischemia and necrosis that occurs after retinal artery occlusion. 191 RESUMO O objetivo é demonstrar alterações morfológicas retinianas por meio da tomografia de coerência óptica na oclusão de ramo de artéria central da retina na fase aguda. Homem de 27 anos apresentando escotoma súbito no campo superior de olho direito, com exame fundoscópico compatível com oclusão de ramo ínfero-temporal da artéria central da retina. A tomografia de coerência óptica revelou aumento da espessura OD OD OS Figure 2 - OD: Optical coherence tomography showed increased thickness and hyper-reflectivity of the inner retinal layers in the inferior perifoveolar area (arrowhead), denoting the presence of intracellular edema and decreased reflectivity of photoreceptor and retinal pigment epithelial layers (arrow). The fovea and superior perifoveolar area were normal. Note the asymmetry of optical reflectivity in the superior and inferior perifoveal regions. OS: OCT findings were normal, such as hyper-reflectivity of the nerve fiber and retinal pigment epithelial layers. Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):189-92 73(2)04.pmd 191 14/5/2010, 10:18 192 Optical coherence tomography findings in acute phase of branch retinal artery occlusion: case report e hiperrefletividade das camadas internas da retina, com redução da refletividade das camadas de fotorreceptores e epitélio pigmentar da retina. Os achados na tomografia de coerência óptica são compatíveis com edema intracelular, e não com fluido extracelular secundário a extravasamento vascular, reforçando teorias histopatológicas da isquemia e necrose retiniana, que ocorrem após oclusão arterial retiniana. Descritores: Artéria retiniana/anormalidades; Oclusão da artéria retiniana; Vasos retinianos; Acuidade visual; Tomografia de coerência óptica; Humanos; Masculino; Adulto; Relatos de casos REFERENCES 1. Greven CM, Slusher MM, Weaver RG. Retinal arterial occlusions in young adults. Am J Ophthalmol. 1995;120(6):776-83. Comment in: Am J Ophthalmol. 1996;122(1):134. Am J Ophthalmol. 1996;122(1):134-6. 2. Ryan SJ, Schachat AP, Wilkinson P, Hinton DR, editors. Retina. Philadelphia: Mosby; 2006. 3. Sander B, Larsen M, Thrane L, Hougaard JL, Jørgensen TM. Enhanced optical coherence tomography imaging by multiple scan averaging. Br J Ophthalmol. 2005;89(2):207-12. 4. Brown GC, Reber R. An unusual presentation of branch retinal artery obstruction in association with ocular neovascularization. Can J Ophthalmol. 1986; 21(3):103-6. 5. Brown GC, Margargal LE, Shields JA, Goldberg RE, Walsh PN. Retinal arterial obstruction in children and young adults. Ophthalmology. 1981; 88(1):18-25. 6. Dahrling BE 2nd. The histopathology of early central retinal artery occlusion. Arch Ophthalmol. 1965;73:506-10. 7. Karacorlu M, Ozdemir H, Karacorlu SA. Optical Coherence Tomography findings in branch retinal artery occlusion Eur J of Ophthalmol. 2006:352-3. 8. Asefzadeh B, Ninyo K. Longitudinal analysis of retinal changes after branch retinal artery occlusion using optical coherence tomography. Optometry. 2008; 79(2):85-9. 9. Cella W, Avila M. Optical coherence tomography as a means of evaluating acute ischaemic retinopathy in branch retinal artery occlusion. Acta Ophthalmol Scand. 2007;85(7):799-801. 10. Falkenberry SM, Ip MS, Blodi BA, Gunther JB. Optical coherence tomography findings in central retinal artery occlusion. Ophthalmic Surg Lasers Imaging. 2006;37(6):502-5. IV Congresso da Sociedade Pan-Americana de Retina e Vítreo XIII Forum do Grupo Latino-Americano de Angiografia, Laser e Cirurgia Vítreo-Retiniana - Gladaof 07 a 10 de julho de 2010 Lima - Peru Informações: site: www.retinayvitreo2010.org Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):189-92 73(2)04.pmd 192 14/5/2010, 10:18 RELATOS DE CASOS Melanoma de corpo ciliar e coróide: relato de caso Choroidal and ciliary body melanoma: case report Aline Amaral Fulgêncio da Cunha1 Nara Helena Teixeira Rodrigues2 Grazziella Acácio e Almeida3 Bruno Carvalho Picanço4 João Agostini Netto5 RESUMO Melanomas oculares correspondem a 5% de todos os melanomas e 85% deles têm origem no trato uveal. Melanoma uveal é o tumor maligno intraocular primário mais comum no adulto. Relatamos neste artigo um caso de melanoma uveal em paciente, sexo feminino, 31 anos, com quadro de fotopsia, hiperemia e baixa da acuidade visual no olho esquerdo com evolução de quatro meses. Apresentava ao exame oftalmológico acuidade visual menor que 20/400, grande massa tumoral na região nasal retroiriana, com deslocamento anterior do cristalino, estreitamento da câmara anterior e descolamento seroso da retina. A ecografia sugeriu tratar-se de grande massa tumoral suspeita de melanoma de coróide com invasão do corpo ciliar. A confirmação diagnóstica foi possível por meio do exame anatomopatológico. Descritores: Neoplasias uveais; Melanoma; Enucleação ocular; Análise de sobrevida; Relatos de casos INTRODUÇÃO Trabalho realizado na Clínica de Olhos da Santa Casa de Belo Horizonte/Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais - FCMMG - Belo Horizonte (MG) - Brasil. 1 2 3 4 5 Assistente Adjunto da Santa Casa de Belo Horizonte; Preceptor de ensino de Residência Médica e Especialização em Oftalmologia da Clínica de Olhos da Santa Casa de Belo Horizonte. Pós-graduanda - nível mestrado pela Santa Casa de Belo Horizonte - Belo Horizonte (MG) - Brasil. Residente (2º ano) de Oftalmologia da Clínica de Olhos da Santa Casa de Belo Horizonte - Belo Horizonte (MG) - Brasil. Residente (2º ano) de Oftalmologia da Clínica de Olhos da Santa Casa de Belo Horizonte - Belo Horizonte (MG) - Brasil. Residente (2º ano) de Oftalmologia da Clínica de Olhos da Santa Casa de Belo Horizonte - Belo Horizonte (MG) - Brasil. Doutor, Professor Titular da Disciplina de Oftalmologia da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais - FCMMG; Chefe da Clínica de Olhos da Santa Casa de Belo Horizonte - Belo Horizonte (MG) - Brasil. Endereço para correspondência: Aline Amaral Fulgêncio da Cunha. Rua Odilon Braga, 735, Apto. 101 Belo Horizonte (MG) CEP 30310-390 E-mail: [email protected] Recebido para publicação em 07.10.2007 Última versão recebida em 22.09.2009 Aprovação em 04.11.2009 Nota Editorial: Depois de concluída a análise do artigo sob sigilo editorial e com a anuência da Dra. Martha Maria Motono Chojniak sobre a divulgação de seu nome como revisor, agradecemos sua participação neste processo. Os melanomas oculares e de estruturas anexas correspondem a aproximadamente 5% de todos os melanomas e 85% têm origem no trato uveal. O melanoma uveal é o tumor maligno intraocular primário mais comum no adulto. Sua incidência é de aproximadamente 4,3 casos por milhão, acometendo mais frequentemente homens a partir de 50 anos de idade. O diagnóstico é feito por exame clínico e exames auxiliares como ecografia modo B e estudo anatomopatológico. A etiologia do melanoma uveal permanece obscura. Um dos fatores de risco já estabelecido é ser da raça branca e há uma discussão quanto à existência de predisposição genética. Diferente dos melanomas cutâneos, a exposição solar como fator de risco ainda é controversa. Está bem documentada a capacidade de causar metástases hematogênicas (principalmente para o fígado). Os tratamentos adotados para melanoma uveal envolvem enucleação, ressecção local e aplicação de placa radioativa episcleral. A sobrevida em 5 anos após enucleação varia de 16% a 53%, dependendo do tamanho do tumor e 90% das mortes relacionadas ao tumor ocorrem nos primeiros 15 anos(1). RELATO DO CASO Paciente MSQ, 31 anos, sexo feminino, compareceu ao serviço de urgência com queixa de fotopsias no olho esquerdo há seis meses e queda progressiva da visão nesse olho há aproximadamente quatro meses. Ao exame oftalmológico a acuidade visual do olho direito era 1,0 (20/20) e no olho esquerdo movimento de mãos, sem melhora com correção. À biomicroscopia do olho esquerdo observava-se grande massa tumoral na região Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):193-6 73(2)01.pmd 193 14/5/2010, 10:19 194 Melanoma de corpo ciliar e coróide: relato de caso posterior e nasal da íris causando estreitamento significativo da câmara anterior e deslocamento do cristalino, com vasos sentinelas na região inferior (Figura 1A). Olho direito sem alterações. Ao exame fundoscópico do olho esquerdo havia descolamento seroso de retina sugestivo de massa tumoral coroidal (Figura 1B). Solicitado exame de ecografia ocular, modo B/A que evidenciou grande lesão, de aspecto sólido, com ecos internos de baixa e média refletividade, associados à presença de ângulo kappa (ângulo produzido entre o maior e menor “pico” interno do tumor) e descolamento da retina perilesional sugerindo melanoma do corpo ciliar e coróide. Realizada enucleação como medida propedêutica e terapêutica. O anatamopatológico (Figura 2 ) confirmou a suspeita de melanoma de coróide/corpo ciliar de localização inferior, com dimensões de 18,0 mm de base (maior eixo) e 10,0 mm de altura, com predomínio de células epitelióides (70%) e extensas áreas de necrose. Ausência de comprometimento do nervo óptico e extensão extraocular. Não foram encontradas lesões metastáticas ao rastreamento sistêmico. Paciente encontra-se atualmente em acompanhamento no Serviço de Oncologia. DISCUSSÃO A incidência do melanoma da coróide é de 4,9 casos por milhão em homens e 3,7 casos por milhão em mulheres(1) e a média de idade no momento do diagnóstico é de 53 anos(2). O melanoma maligno da úvea ocorre preferencialmente na raça branca e sexo masculino. A paciente do relato de caso é de cor parda, sexo feminino e jovem, fatores que contrastam com a média. Alguns fatores, apesar de controversos, podem se relacionar com a etiologia desse tumor como: fatores ambientais (exposição aos raios ultravioleta), hormonais, genéticos e lesões predisponentes (melanoses congênitas e nevos)(2). O diagnóstico do melanoma uveal é feito por meio da história clínica do paciente, exame oftalmológico e exames auxiliares, como a ultrassonografia. Pequenas lesões podem ser assintomáticas e as maiores podem causar baixa de visão, metamorfopsia, perda de campo visual, fotopsia e raramente dor ocular. A biomicroscopia pode mostrar sinais que sugerem a presença de tumor intraocular: vasos episclerais dilatados (vasos sentinelas) os quais podem revelar a localização do tumor, anteriorização do diafragma iriano, subluxação do cristalino, catarata setorial e mancha pigmentada episcleral representando infiltração escleral. À fundoscopia, a maioria dos tumores pequenos e médios apresentam-se como um espessamento circunscrito nodular e elevado da coróide, com formato arredondado ou cupuliforme. Com o crescimento, muitos tumores podem romper a membrana de Bruch, assumindo um aspecto característico: formato em cogumelo. Pode ainda haver descolamento de retina não regmatogênico associado, fato que ocorreu na paciente em questão. A ultrassonografia mostra com precisão tamanho, localização e extensão da lesão. No modo A: alto pico inicial, refletividade interna com amplitude decrescente média/baixa, denominado ângulo kappa e alto eco na base da lesão que correspondente à esclera. No modo B observa-se um padrão em massa coroidea com vazio acústico e escavação coroidea junto às margens da lesão. A tomografia computadorizada e a ressonância nuclear magnética são exames subsidiários importantes na detecção de extensões extraoculares ou tumores orbitários provocando identação ocular. A biopsia intraocular é motivo de controvérsia. Sua indicação se restringe aos casos em que o diagnóstico não foi possível pelos métodos não invasivos. A paciente em questão não necessitou de biópsia por apresentar ao ultrassom grande massa tumoral. O melanoma da úvea representa um tumor com importante agressividade, em que o diagnóstico precoce pode modificar o prognóstico de vida do portador. O estudo histológico do B A Figura 1 - Exame oftalmológico: A) Biomicroscopia: massa tumoral na região posterior e nasal da íris causando estreitamento da câmara anterior e deslocamento do cristalino, vasos sentinelas na região inferior; B) Retinografia: descolamento seroso da retina Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):193-6 73(2)01.pmd 194 14/5/2010, 10:19 Melanoma de corpo ciliar e coróide: relato de caso 195 A B C D Figura 2 - Anatomopatológico: A) Melanoma de corpo ciliar/coróide; B) Descolamento de retina; C) Esclera livre; D) Predomínio de células epitelióides (Lâminas cedidas por CEAP - Dr. Moisés Salgado Pedrosa) tumor apresenta importância prognóstica, sendo o tipo celular epitelióide o de pior prognóstico. Tumores grandes, com alta atividade mitótica, infiltração escleral e necrose tumoral, características presentes na paciente, pioram o prognóstico. Outros fatores de pior prognóstico são: infiltração linfocitária, presença de células na margem do nervo óptico e disseminação orbitária(3). Na escolha da terapêutica mais adequada deve-se considerar a clínica do paciente com o intuito de controlar o tumor sem colocar em risco a saúde do paciente. Algumas opções terapêuticas estão indicadas para diferentes situações: observação periódica, fotocoagulação, radioterapia, braquiterapia, ressecção cirúrgica localizada, enucleação e exenteração. Todos com efeito apenas local, raramente alterando a sobrevida. O principal fator determinante na escolha do tratamento é o tamanho da lesão tumoral. Geralmente, tumores com 2-3 mm de espessura e sem sinais de atividade podem ser seguidos com observação periódica; tumores médios com espessura de 3-5 mm podem ser tratados com braquiterapia, ressecção localizada ou até enucleação. Tumores grandes com espessura entre 5-10 mm podem ser tratados com braquiterapia ou enucleação e para aqueles ainda maiores, com espessura entre 10-15 mm já se indica enucleação. A exenteração está restrita para o tratamento de melanomas com extenso comprometimento orbitário ou para recorrência após enucleação(2). A irradiação prévia à enucleação não modifica a sobrevida do paciente segundo “The Collaborative Ocular Melanoma Study”(COMS)(4). No caso relatado a escolha foi pela enucleação devido à dimensão do tumor ao ultrassom (base maior que 10,7 mm). Estudos da mortalidade indicam que os avanços nos métodos de tratamento de melanoma uveal primário não levaram a um aumento significativo da sobrevida. Geralmente, na ocasião do diagnóstico do melanoma ocular, os pacientes não apresentam metástases sistêmicas detectáveis. Cerca de 20% dos pacientes enucleados desenvolvem doença metastática, de 24 a 36 meses após enucleação do globo ocular(5). Dessa forma, o seguimento oftalmológico e sistêmico após a enucleação é imprescindível. ABSTRACT Ocular melanomas correspond to 5% of all melanomas and 85% of them have its origin in the uveal tract. Uveal melanoma is the most commom primary intraocular malignant tumor in the adult. In this article, a case of uveal melanoma in a 31 year-old female Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):193-6 73(2)01.pmd 195 14/5/2010, 10:19 196 Melanoma de corpo ciliar e coróide: relato de caso patient, with photopsia, hyperemia and low visual acuity in the left eye with evolution of 4 months is presented. In the ophthalmologic examination, visual acuity was lower than 20/400, a large tumoral mass was noted at the nasal region behind the iris with anterior lens displacement, anterior chamber narrowing and serous retinal detachment. The ocular echography suggested a large tumoral mass as a choroidal melanoma extending to the ciliary body. The confirmation diagnosis was possible through the histopathologic examination. Keywords: Uveal neoplasms; Melanoma; Eye enucleation; Survival analysis; Case reports REFERÊNCIAS 1. Singh AD, Bergman L, Seregard S. Uveal melanoma: epidemiologic aspects. Ophthalmol Clin North Am. 2005;18(1):75-84, viii. Review. 2. Abujamra S, Ávila M, Barsante C, Farah ME, Gonçalves JOR, Lavinsky J, et al. Retina e vítreo: clínica e cirurgia. São Paulo: Roca; 2000. 3. Abreu G. Ultrassonografia ocular: atlas & texto. 3ª ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 2002. 4. Hawkins BS; Collaborative Ocular Melanoma Study Group. The collaborative Ocular Melanoma Study(COMS) randomized trial of pre-enucleation radiation of large choroidal melanoma: IV. Ten-year mortality findings and prognostic factors. COMS report number 24. Am J Ophthalmol. 2004;138(6): 936-51. 5. Lavinsky J, coordenador. Doenças prevalentes da retina e vítreo. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 2002. 35º Congresso da Associação Paranaense de Oftalmologia 25 a 26 de junho de 2010 Estação Embratel Convention Center Curitiba - PR Informações: Tels.: (41) 3029-0987 e 3232-4031 home page: www.congressoapo.com.br Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):193-6 73(2)01.pmd 196 14/5/2010, 10:19 ATUALIZAÇÃO CONTINUADA Olho seco: etiopatogenia e tratamento Dry eye: etiopathogenesis and treatment Ellen Carrara Fonseca1 Gustavo Viani Arruda2 Eduardo Melani Rocha3 RESUMO Olho seco é uma doença multifatorial das lágrimas e da superfície ocular que resulta em desconforto, distúrbios visuais e instabilidade do filme lacrimal. É uma desordem comum que afeta principalmente adultos e mulheres e que pode causar impacto na qualidade de vida comparável a enxaqueca, dispnéia e insuficiência renal crônica, dependendo dos sintomas ou complicações que a acompanham. Novos conceitos com relação à fisiopatologia, classificação e tratamento têm sido apresentados e devem ser conhecidos pelos oftalmologistas pela sua larga aplicação no dia-a-dia. Estima-se que haja 100 medicações diferentes em uso para olho seco atualmente, além de outros métodos de tratamento, sendo necessário se estabelecer o que é realmente seguro e eficaz. Este texto faz uma revisão sobre etiopatogênese e tratamento da síndrome do Olho Seco. Descritores: Síndrome do olho seco/terapia; Ceratoconjuntivite sicca/terapia; Doenças da córnea/terapia INTRODUÇÃO Trabalho realizado no Departamento de Oftalmologia da Faculdade de Medicina de Marília - FAMEMA Marília (SP) - Brasil e no Departamento de Oftalmologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP - Ribeirão Preto (SP) - Brasil. 1 2 3 Médica Voluntária do Departamento de Oftalmologia da Faculdade de Medicina de Marília - FAMEMA Marília (SP) - Brasil. Médico Radioterapêuta da Faculdade de Medicina de Marília; Pós-graduando (Doutorado) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo - USP - Ribeirão Preto (SP) - Brasil. Professor Associado do Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP - Ribeirão Preto (SP) - Brasil. Endereço para correspondência: Ellen Carrara Fonseca. Rua 24 de dezembro, 250 - Marília (SP) CEP 17500-090 E-mail: [email protected] Recebido para publicação em 30.03.2009 Última versão recebida em 03.12.2009 Aprovação em 19.12.2009 Os autores não possuem interesse comercial ou financeiro em nenhum produto mencionado no presente manuscrito. Nota Editorial: Depois de concluída a análise do artigo sob sigilo editorial e com a anuência das Dras. Amélia Kamegasawa e Mônica de C. Alves Paula sobre a divulgação de seus nomes como revisoras, agradecemos suas participações neste processo. De acordo com consensos recentes, olho seco ou ceratoconjuntivite sicca (KCS) é uma doença multifatorial das lágrimas e da superfície ocular que resulta em desconforto, distúrbios visuais e instabilidade do filme lacrimal, com dano potencial à superfície ocular(1). É acompanhado de aumento da osmolaridade do filme lacrimal e inflamação da superfície ocular(2-3). O desenvolvimento desta síndrome ou doença possui duas fases: na primeira, um ou mais estímulos ambientais iniciam, em indivíduos susceptíveis, a agressão aos tecidos envolvidos. Na segunda, os desdobramentos, sejam neuropáticos, metabólicos e/ou inflamatórios levam à instabilidade do filme lacrimal, à diminuição da secreção lacrimal, aumento da evaporação ou alteração da composição da lágrima. As repercussões na superfície ocular seguem a perpetuação desse processo. Trata-se de desordem comum, afetando uma porcentagem significativa da população, principalmente adultos acima de 40 anos e mulheres. A prevalência é similar em todo o mundo, com taxas variando entre 7% e 33%(4-5). Embora haja portadores assintomáticos, a maioria tem como principais sintomas sensação de corpo estranho, queimação, prurido, fotofobia, embaçamento visual e lacrimejamento excessivo, o que pode causar impacto na qualidade de vida. Possíveis complicações relacionadas à doença incluem ceratite, úlcera corneal, neovascularização, afinamento e até mesmo perfuração da córnea. A estrutura do filme lacrimal foi recentemente revista e passou a ser considerada como composta por duas camadas (Figura 1): - uma fina camada lipídica superficial produzida principalmente, mas não só, pelas glândulas meibomianas(6); sua principal função é retardar a evaporação e manter o filme lacrimal uniforme sobre a superfície; Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):197-203 73(2)11.pmd 197 14/5/2010, 10:19 198 Olho seco: etiopatogenia e tratamento Figura 1 - Estrutura ilustrativa do filme lacrimal indicando, acima da membrana celular do epitélio da córnea, uma camada com muco de densidade regressiva à medida que se afasta da superfície e uma camada lipídica mais superficial - uma camada interna mais espessa contendo muco diluído que se vai se concentrando em direção ao epitélio. De acordo com essa constatação, a fração aquosa não produz uma camada intermediária delimitada, como era anteriormente proposto(7). As alterações patológicas na composição da lágrima resultam de disfunção da Unidade Funcional Lacrimal (LFU: Lacrimal Functional Unity), a qual consiste de um sistema integrado que inclui as glândulas lacrimais, a superfície ocular (córnea, conjuntiva e glândulas meibomianas), as pálpebras e os nervos sensoriais e motores que as integram. A LFU mantém a superfície ocular saudável através do funcionamento adequado do filme lacrimal, que confere proteção, lubrificação e ambiente adequado para renovação de células epiteliais da córnea(8-9); responde a influências ambientais, endocrinológicas e hormonais (Figura 2). FISIOPATOGENIA Hiperosmolaridade é a alteração na composição da lágrima que ocorre na maioria dos casos de olho seco. É referida como padrão-ouro para o diagnóstico de olho seco(10) e reconhecida como estímulo pró-inflamatório no desenvolvimento da doença. Resulta em diferenciação anormal e perda acelerada das células epiteliais da superfície ocular, levando à instabilidade do filme devido à ausência do glicocalyx produzido por estas células, com consequente perda da camada hidrofílica na superfície corneal, e em alteração na barreira antimicrobiana. Além disso, a perda das células epiteliais deixa as terminações nervosas corneais expostas a insultos ambientais, levando ao desconforto ocular crônico. Inflamação da superfície ocular pode ser tanto causa como consequência do olho seco: a disfunção das glândulas lacrimais altera a composição da lágrima, levando a um estado de hiperosmolaridade e estimulando a produção de mediadores inflamatórios, que por sua vez levam à disfunção das glândulas secretórias. O processo inflamatório pode também ser desen- Figura 2 - Mecanismos fisiopatológicos envolvidos no funcionamento da secreção pelas células acinares da glândula lacrimal. Estímulos secretores estimulam (desencadeiam) uma cascata de sinalização intracelular que leva a transcrição de fatores e mediadores da secreção. Estímulos inibidores inibem (diminuem) a secreção e iniciam ou perpetuam a inflamação e mecanismos de morte celular. cadeado por estresse irritativo crônico, como uso de lentes de contato, e doenças sistêmicas autoimunes (Figura 2). Independentemente do estímulo inicial, portanto, ocorre um ciclo vicioso inflamatório na superfície ocular, levando à gradual disfunção das células responsáveis pela secreção ou retenção da lágrima. Outro fator atualmente reconhecido na patogênese do olho seco é o estresse oxidativo, com liberação de radicais livres e espécies reativas ao oxigênio que podem causar apoptose e necrose celular. O stress oxidativo tem sido associado a várias condições sistêmicas, como doenças neurodegenerativas, cardiovasculares e câncer, além de atuar em doenças oculares como degeneração macular relacionada à idade, catarata, uveíte, retinopatia da prematuridade e alterações corneanas. A lesão celular causada pelos radicais livres é resultante de peroxidação lipídica das membranas, modificação oxidativa de proteínas e dano oxidativo ao DNA(11). Há ainda indícios de que o estresse oxidativo relacionado ao estado de hiperglicemia em casos de diabetes mellitus e resistência à insulina esteja envolvido na produção das alterações histológicas encontradas na glândula lacrimal de ratos, caracterizadas por mudanças na morfologia e acúmulo de inclusões semelhantes a lipofuscina(12). As variações fisiológicas que se desenvolvem com o envelhecimento também estão envolvidas na gênese do olho seco e incluem diminuição de volume e fluxo lacrimal, aumento da osmolaridade, perda da estabilidade do filme lacrimal e alterações na composição lipídica das glândulas de Meibômio. Mulheres na menopausa têm maior chance de desenvolver o quadro, provavelmente devido à diminuição na produção de andrógenos e estrógeno, com disfunção das glândulas meibomianas, e aos fatores relacionados à idade. Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):197-203 73(2)11.pmd 198 14/5/2010, 10:19 Olho seco: etiopatogenia e tratamento De acordo com o “Dry Eye Workshop” (DEWS), a classificação de olho seco é dividida em três partes, baseadas em etiologia, mecanismos e estágio da doença, e distingue duas principais categorias: estado de deficiência aquosa e estado evaporativo (Figura 3)(13). A deficiência de produção aquosa é subdividida em: - Síndrome de Sjögren, primária ou secundária; - Não associada à síndrome de Sjögren, tendo como causas: deficiência da glândula lacrimal, obstrução do ducto lacrimal, hiposecreção reflexa e uso de medicamentos sistêmicos. Na deficiência de produção lacrimal, o olho seco é resultante da diminuição da secreção e do volume lacrimal, secundária à destruição ou disfunção dos ácinos glandulares. Isso leva à hiperosmolaridade da lágrima e, consequentemente, das células epiteliais da superfície ocular, desencadeando uma cascata de eventos inflamatórios envolvendo MAPquinases (Proteinoquinase Ativada por Mitógenos) e NFkB (Fator Nuclear de Cadeia Leve Kappa potenciador de células ativadas B) e gerando citocinas inflamatórias (Interleucina-1α, Interleucina-β), TNF (Fator de Necrose Tumoral) e metaloproteinases de matriz extracelular (MMP-9)(14). Quando a disfunção lacrimal é resultante de infiltração ou inflamação da glândula lacrimal, mediadores inflamatórios ganham a lágrima e se espalham pela superfície ocular. Não se sabe ao certo se as alterações na superficie ocular são causadas por ação direta dos autoantígenos ou secundárias aos agentes inflamatórios presentes na lágrima. 199 Na deficiência aquosa relacionada à síndrome de Sjögren a glândula lacrimal é infiltrada por células T ativadas que destroem suas células acinares e ductulares, diminuindo a secreção lacrimal. O processo inflamatório nas glândulas leva à expressão de autoantígenos na superfície das células epiteliais (fodrin, Ro e La) e retenção de células CD-4 e CD-8 tecidoespecíficas. Além disso, a hiposecreção é amplificada através de um bloqueio neurossecretor contra receptores muscarínicos dentro das glândulas(15). Há duas formas de síndrome de Sjögren (SS)(16): Primária: ocorrência de olho seco acompanhado de boca seca na presença de autoanticorpos, evidência de secreção salivar reduzida e biópsia de glândulas salivares menores positiva. Secundária: características de SS primária associadas à evidência de outra doença autoimune do tecido conectivo, como artrite reumatóide, que é a mais comum, lupus eritematoso sistêmico, poliarterite nodosa, granulomatose de Wegener, esclerose sistêmica, esclerose biliar primária ou doença mista do tecido conjuntivo. Os agentes desencadeadores do dano autoimune ainda não estão completamente esclarecidos, mas fatores de risco identificados incluem perfil genético (alta prevalência de HLA-B8), deficiência de hormônios sexuais (andrógeno e estrógeno), exposição a agentes ambientais (desde infecções virais até poluição ambiental) e deficiência de ômega-3 e outros ácidos graxos e vitamina C. Figura 3 - Classificação de Olho Seco (DEWS) Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):197-203 73(2)11.pmd 199 14/5/2010, 10:19 200 Olho seco: etiopatogenia e tratamento A disfunção de glândulas de Meibômio é mais comum em pacientes portadores de síndrome de Sjögren do que na população normal; portanto, uma deficiência da camada lipídica pode ainda contribuir para o olho seco devido ao excesso de evaporação (17). Na deficiência aquosa não relacionada à síndrome de Sjögren existe uma disfunção lacrimal na ausência de manifestações sistêmicas de doença autoimune. As principais formas encontradas são: rial e alterações microvasculares na glândula lacrimal; ceratite neurotrófica, com denervação sensorial do segmento anterior causada pela ação do herpes zoster oftálmico no nervo trigêmio. Além disso, atualmente é crescente o número de casos de olho seco relacionados à cirurgia refrativa, especialmente o LASIK (Laser in situ keratomileusis); acredita-se que o trauma aos nervos corneanos durante o procedimento inibe os impulsos nervosos que partem da superfície ocular dirigindose ao cérebro e retornando às glândulas lacrimais(20). Bloqueio dos reflexos motores Deficiência primária da glândula lacrimal: - Olho seco relacionado à idade: é a mais comum; geralmente causada por obstrução dos ductos. O estresse oxidativo também está envolvido nesse processo, representado pelo acúmulo de lipofuscina nas células acinares das glândulas lacrimais(11,18-19). - Alacrima congênita: causa rara de olho seco em jovens, determinada por mutação no gene que codifica a proteína ALADIN, responsável pelo transporte de RNA e/ou proteínas entre o núcleo e o citoplasma; aparece também como parte de outras síndromes, como a síndrome do triplo A (síndrome de Allgrove), doença de Addison, neurodegeneração central e disfunção autonômica. - Disautonomia familiar (síndrome de Riley Day): doença autossômica recessiva caracterizada por insensibilidade à dor e ausência de reflexos emocional e lacrimal, resultantes de inervação anormal simpática e parassimpática da glândula lacrimal. Deficiência secundária da glândula lacrimal: - Infiltração inflamatória da glândula, como ocorre na sarcoidose, no linfoma, na AIDS, na amiloidose, na hemocromatose e em doenças infecciosas. - Doença enxerto-hospedeiro, geralmente após transplante de células-tronco hematopoiéticas (GVHD “graft versus host disease” - doença do enxerto contra o hospedeiro): ocorre após transplante de medula óssea principalmente o alogênico. - Ablação da glândula lacrimal - Denervação parassimpática da glândula lacrimal Obstrução dos ductos da glândula lacrimal: Um dano central ao VII nervo craniano, envolvendo o nervo intermédio que contém fibras parassimpáticas originadas no gânglio pterigopalatino, leva à hiposecreção lacrimal e fechamento palpebral incompleto. Dentre as condições associadas a este tipo de hiposecreção destacam-se a neuromatose múltipla e o uso de medicações sistêmicas, principalmente anti-histamínicos, betabloqueadores, antiespasmódicos, diuréticos, antidepressivos tricíclicos, inibidores da recaptação de serotonina e outros psicóticos. O estado evaporativo está relacionado a: Fatores intrínsecos - Disfunção das glândulas de Meibômio: considerada a causa mais comum de olho seco evaporativo(21-22). Está associada a várias condições, como acne rosácea, dermatite seborréica, dermatite atópica e uso de isotretinoína em tratamentos dermatológicos (Figura 4). - Desordens do fechamento palpebral, inclusive as resultantes de blefaroplastia; com o aumento do número de cirurgias estéticas palpebrais as queixas características do quadro de olho seco têm se tornado mais frequentes, sendo decorrentes A - Pode ser causada por tracoma, penfigóide cicatricial e de membrana mucosa, eritema multiforme, queimaduras químicas ou térmicas e após terapia radioativa. Hipossecreção reflexa: Bloqueio dos reflexos sensoriais A diminuição do estímulo sensorial a partir da superfície ocular pode favorecer a ocorrência de olho seco de duas maneiras - redução da secreção reflexo-induzida e redução da frequência de piscar, levando à evaporação. Os principais fatores de risco à hiposecreção reflexa são o uso crônico de lentes de contato, levando à hipoestesia da córnea; diabetes mellitus, em associação à neuropatia autonômica ou senso- B Figura 4 - Aspecto das pálpebras com disfunção de glândulas de Meibomius. O exame mostra crostas em cílios, material espesso na saída das glândulas de Meibomius, hiperemia da borda palpebral e neovascularização da região inferior da córnea. Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):197-203 73(2)11.pmd 200 14/5/2010, 10:19 Olho seco: etiopatogenia e tratamento 201 principalmente de alterações da fissura palpebral e da excursão da pálpebra superior(23). Também nos quadros de proptose na doença ocular tireoideana pode haver evaporação excessiva da lágrima devido à exposição da superfície ocular. - Baixa frequência do piscar - Ação de drogas sistêmicas. Fatores extrínsecos - Deficiência de vitamina A(24) - Medicações tópicas e conservantes(25) - Uso de lentes de contato(26-27) - Doenças da superfície ocular, especialmente conjuntivite alérgica. Com relação aos fatores ambientais, distinguem-se os internos e os externos. Os internos caracterizam-se por baixa frequência do piscar, fenda palpebral ampla, posição do olhar, idade, baixo “pool” de androgênio e medicações sistêmicas, tais como: anti-histamínicos, betabloqueadores, antiespasmódicos, diuréticos e alguns psicotrópicos. Fatores externos compreendem: baixa umidade do ar, alta velocidade dos ventos e ambiente ocupacional. tros testes podem ser aplicados(30-34) para analisar estabilidade do filme lacrimal, superfície ocular e produção/evaporação de lágrima: - TRFL - Análise da altura ou espessura do menisco lacrimal - Coloração da superfície ocular com fluoresceína, rosa bengala e lisamina verde - Teste de Schirmer - Avaliação da morfologia e padrão de secreção das glândulas de Meibômio - Citologia de impressão, entre outros. Para diagnosticar síndrome de Sjögren seguindo orientações de consensos internacionais e suas implicações sistêmicas são também utilizados testes laboratoriais para identificação de autoanticorpos (FAN: Fator antinúcleo, anti-Ro e antiLa) e biópsia de glândula lacrimal e glândulas salivares menores. O pouco uso desses métodos na prática se deve ao baixo valor preditivo dos autoanticorpos e a alta invasibilidade das biópsias(35). TRATAMENTO DIAGNÓSTICO O grau de gravidade do olho seco pode ser avaliado através de uma tabela adaptada a partir daquela desenvolvida pelo Delphi Panel Report em 2007(1) (Tabela 1). Ela classifica a gravidade da doença através de sinais e sintomas e alterações da superfície ocular, por meio da biomicroscopia e de testes específicos, como Schirmer e tempo de ruptura do filme lacrimal (TRFL ou, do inglês, tear film break-up time, BUT). No que se refere ao diagnóstico, além de história clínica e questionários(28-29) para avaliar sinais e sintomas, vários ou- O tratamento da síndrome do olho seco é predominantemente sintomático, ainda que medidas anti-inflamatórias, secretagogos e outras estratégias estejam em uso ou em estudo (36). O DEWS, novamente baseando-se no painel Delphi, propõe diferentes métodos, de acordo com a gravidade da doença. Eles variam desde educação ao paciente até o uso de medicações tópicas e sistêmicas. Dentre as tópicas destacamse as lágrimas artificiais, os anti-inflamatórios (não hormonais, corticosteróides, ciclosporina A) e o soro autólogo. Medicações de uso sistêmico incluem ômega-3, tetraciclina, secretagogos e anti-inflamatórios. Tabela 1. Categorização da gravidade do olho seco (baseado no DEWS) Gravidade do olho seco Desconforto, gravidade e frequência Sintomas visuais 1 Leve e/ou episódico; ocorre sob estresse ambiental Ausentes ou episódicos leves Injeção conjuntival Coloração conjuntival Coloração corneal Sinais em córnea e lágrima Ausente Ausente Ausente Ausentes Pálpebras/Glândulas meibomianas TFBUT** Schirmer (mm/5min) ou ou ou ou 2 Episódico moderado ou crônico; com ou sem estresse Incomodam ou limitam atividades; episódicos leve leve leve leves DGM* variavelmente presente Variável Variável Ausente ou leve Variável Variável Debris leves, ↓ menisco DGM* variavelmente presente ≤ 10 ≤ 10 3 Grave frequente ou constante; sem estresse Incomodam, limitam atividades constantemente e/ou cronicamente +/Moderada a acentuada Acentuada central Ceratite filamentar, adesão de muco, ↑ debris lacrimais Frequente ≤ 5 ≤ 5 4 Grave e/ou incapacitante e constante Constante e/ou possivelmente incapacitante +/++ Acentuada Erosões puntactas graves Ceratite filamentar, adesão de muco, ↑ debris lacrimais, ulceração Triquíase, queratinização, simbléfaro Imediato ≤ 2 *DGM= disfunção de glândulas lacrimais **TFBUT= tear film break-up time (tempo de ruptura do filme lacrimal) Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):197-203 73(2)11.pmd 201 14/5/2010, 10:19 202 Olho seco: etiopatogenia e tratamento Quando houver falha no tratamento instituído, deve-se observar se esta ocorreu por incompreensão, não aderência às recomendações ou agravamento transitório das condições ambientais. Nessas condições, uma revisão da estratégia é recomendada, antes da intensificação (Tabela 2). Estão descritos para casos graves e resistentes ao tratamento o uso de lentes de contato esclerocorneanas, oclusão de pontos lacrimais e diversas técnicas cirúrgicas. Dentre elas estão a tarsorafia, enxerto de membrana mucosa, transposição do ducto da glândula salivar e transplante de membrana amniótica e de glândula salivar. É importante observar que muitas dessas técnicas não possuem avaliações comparativas por estudos clínicos ou de longo prazo(37). DISCUSSÃO Por tratar-se de uma condição que envolve muitas variáveis, torna-se difícil uma caracterização epidemiológica fidedigna, mesmo porque muitos casos deixam de ser diagnosticados apropriadamente, sendo tratados apenas os sintomas. Os consensos mais recentes têm colaborado no sentido de uniformizar os critérios diagnósticos, o que talvez possibilite futuramente um melhor entendimento epidemiológico da doença. Com relação ao tratamento, os lubrificantes ou lágrimas artificiais são aprovadas para o uso sem necessidade de comprovação de eficácia clínica, de acordo com normas do Food and Drug Administration (FDA), órgão que regula as medicações nos Estados Unidos e serve de modelo para outros países, inclusive da Europa e Brasil. A superioridade de um lubrificante em relação a outro de proteger a superfície ocular e aliviar os sintomas, sugerida nas propagandas, não foi necessariamente comprovada em estudos clínicos controlados e talvez não exista método clínico satisfatoriamente sensível para indicar a superioridade de um sobre o outro. Por outro lado, medicações com ingredientes ativos (por exemplo: anti-inflamatórios, vitaminas, secretagogos, etc.) requerem, para sua liberação para o comércio, comprovação de eficácia frente a um placebo, com desenho, planejamento e execução adequados e superioridade em pelo menos um sintoma e um sinal relacionados ao olho seco(38-39). Com tudo isso, se estima que haja no mundo cerca de 100 medicações diferentes em uso para olho seco e o International Market Survey, em 2003, indicou que entre os 750 milhões de frascos de colírio vendidos naquele ano, quase 120 milhões eram para olho seco. Ainda assim, investimentos em novos e melhores produtos são potencialmente rentáveis e indicações de mudanças futuras nas estratégias podem ser observadas pelas patentes depositadas na última década(40). Anualmente inúmeros ensaios clínicos randomizados publicados com foco no tratamento do olho seco: comparações entre lágrimas artificiais de diferentes viscosidades uso de lágrimas artificiais em contraste com outras modalidades de tratamento como oclusão de pontos lacrimais, ciclosporina, medicações sistêmicas, entre outras. Apesar de todas as pesquisas que visam elucidar os fatores etiológicos e fisiopatológicos envolvidos na síndrome do Olho Seco, o tratamento ainda permanece desafiador, sendo necessário se estabelecer o que é realmente seguro e eficaz no manejo do crescente número de portadores. ABSTRACT Tabela 2. Recomendações de tratamento de acordo com o grau de gravidade, baseado em sintomas e sinais clínicos (de acordo com DEWS) Classificação de gravidade 1 2 3 4 Tratamento* Educação; modificações ambientais e dietéticas Eliminação de medicações sistêmicas Lágrimas artificiais, géis Tratamento de afecções das pálpebras Quando tratamentos propostos para grau 1 forem ineficazes, associar: Anti-inflamatórios, tetraciclinas, secretagogos Oclusão de ponto lacrimal Óculos que retêm umidade Quando tratamentos propostos para grau 2 forem inadequados, associar: Soro autólogo Lentes de contato Oclusão permanente de ponto lacrimal Quando tratamentos propostos para grau 3 forem inadequados, associar: Anti-inflamatórios sistêmicos Cirurgia (pálpebras, membrana mucosa, glândula salivar, transplante de membrana amniótica) *Ver ponderações no texto Dry eye is a multifactorial disease of tears and ocular surface that causes discomfort, visual disturbance and tear film instability. It is a common disorder that affects specially adults and women and can cause quality of life impairment comparable to migraine, shortness of breath and chronic renal insufficiency, depending on its symptoms or complications. New concepts regarding physiopathology, classification and treatment have been presented and should be known by ophthalmologists because of their relevance on day-by-day application. There are about 100 different medications currently in use for dry eye besides other methods of treatment, so it is necessary to establish what is really safe and effective for dry eye. This paper presents a review about Dry Eye Syndrome etiopathogenesis and treatment. Keywords: Dry eye syndrome/therapy; keratoconjuntivitis sicca/therapy; Cornea disease/therapy REFERÊNCIAS 1. Dry Eye Workshop (DEWS) Committee. 2007 Report of the Dry Eye Workshop (DEWS). Ocul Surf. 2007;5(2):65-204. 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Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):197-203 73(2)11.pmd 203 14/5/2010, 10:19 ATUALIZAÇÃO CONTINUADA The intimate nature of oculomotor muscles contracture A natureza íntima da contratura do músculo oculomotor Carlos Ramos de Souza-Dias1 ABSTRACT The author makes comments about the shortening and loss of elasticity of the oculomotor muscle that remains slack for some time (contracture), by means of a reasoning based on the Hooke´s law and on the papers carried out to demonstrate that a muscle that remains relaxed for some time suffers a shortening due to loss of sarcomeres on the longitudinal direction and the increase of the cross-sectional area due to the increase of collagen tissue in the perimysium and the endomysium. Keywords: Muscle contraction; Muscles/anatomy & histology; Contracture/physiopathology; Ocular physiological processes; Oculomotor muscles/physiology; Eye movements; Sarcomeres/physiology; Adaptation physiological INTRODUCTION Work carried out at the Ophthalmology Department of Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - São Paulo (SP) - Brazil. 1 Professor Titular do Departamento de Oftalmologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo - São Paulo (SP) - Brazil. Correspondence address: Carlos R. Souza-Dias. Rua Cincinato Braga, 59 - Cj. 5 - Bl. 2 São Paulo (SP) CEP 01333-011 E-mail: [email protected] Recebido para publicação em 06.04.2009 Ultima versão recebida em 02.12.2009 Aprovação em 17.12.2009 Nota Editorial: Depois de concluída a análise do artigo sob sigilo editorial e com a anuência do Dr. Marcelo Francisco Gaal Vadas sobre a divulgação de seu nome como revisor, agradecemos sua participação neste processo. It is well known that an oculomotor muscle that remains slack during a certain time, for lack of opponent force caused by paralysis of its antagonist, by slipping during or just after surgery or by excessive recession, suffers a process named contracture, manifested by reduction of elasticity and length. This is an important phenomenon, because it impairs the achievement of postoperative comitance. The intrinsic and mechanical nature of the reduction of elasticity and length, which is felt in the forced duction test, deserves some comments. Jampolsky stated(1), in a paper that I consider one of the milestones in the evolution of the modern thought in strabismology, that an oculomotor restriction caused by muscle contracture may be felt in the forced duction test as a less abrupt or more abrupt tether; in the first case, it starts to be perceived gradually, increasing its intensity as the passive movement progresses. He coined this kind of restriction cushioned. The more representative example of this situation is the incipient medial rectus muscle contracture in not very ancient cases of lateral rectus paralysis; the eye can be driven into full abduction with the forceps, but one feels in the fingers that it requires more-than-normal force. We call it relative restriction(2). In the second case, the eye can be driven up to a certain point with normal force, but suddenly a strong restriction impedes further movement, as if the eye collided against a hard obstacle; this is, for instance, what happens in the Brown´s syndrome, in which the passive elevation in adduction is free up to a certain point, when it becomes abruptly restricted. We call it absolute restriction(2). A mixed restriction(2) may also exist, as in longstanding lateral rectus paralysis: a more-than-normal force is required to move the eye with the forceps (as in relative restriction) up to a certain Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):204-8 73(2)05.pmd 204 14/5/2010, 10:20 The intimate nature of oculomotor muscles contracture point, when a strong restriction suddenly impedes continuation of the movement (as in absolute restriction). The elongation-force curves show these three situations (these curves are generally called length-tension curves, but we prefer to call them elongation-force curves, for one does not register length but elongation and does not register tension but force [tension is force divided by cross-sectional area]) (Figure 1). Castanera de Molina(3), studying elongation-force curves of patients with different types of strabismus, observed the existence of four different patterns of inclination: of normal, stiff, tight, and slack muscle. These curves reflect different degrees of muscle elasticity. Based on these studies, one can suppose that the contracture is caused by a structural change of the muscle that results in reduction of its elasticity, making it stiffer. Williams, Goldspink(4), Goldspink, Williams(5), Tabary et (6) al. and Scott(7) demonstrated histologically a reduction of 205 the number of sarcomeres, in the longitudinal direction, in the muscles that remains loose during some time; Williams, Goldspink(4) and Goldspink, Williams(5) studied the phenomenon in limb muscles, whereas Scott studied oculomotor muscles. Tabary et al., studied it in the soleus muscle of cats(6). Goldspink, Williams(5) showed that “In muscles immobilized in the shorten position, sarcomeres are lost and the remaining sarcomeres are altered to a length that enables the muscle to develop its maximum tension at the length which corresponds to the immobilized position. In muscles immobilized in the lengthened position, sarcomeres are added on and this fact results in sarcomere length being reduced as compared with non adapted muscle fixed in a similar position”. These authors also showed that the new sarcomeres are added on at the ends of the existing myofibrils. We made experiences on the elasticity of rubber bands and steel spring models by means of elongation-force curves. Figure 1 - Schematic drawing of 4 types of elongation-force curves according to the muscle stiffness: 1) Curve of a normal duction; a muscle elongation of 10 mm (full duction= 50Δ) requires a force of 40 g; 2) Curve of a relative restriction; a force of 40 g elongates the muscle 6 mm (30Δ duction); the curve is steeper; 3) Curve of an absolute restriction; a force of 10 g elongates the muscle 6.5 mm (about 35Δ duction) but then the trace becomes vertical, i.e., the increase of force is not able to elongate it further; 4) Curve of a mixed restriction; a force of 10 g elongates the muscle 3.5 mm (about 18Δ duction - relative restriction) and then the trace becomes vertical, which means that the increase of force is not able to drive the eye further (absolute restriction) Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):204-8 73(2)05.pmd 205 14/5/2010, 10:20 206 The intimate nature of oculomotor muscles contracture All the materials produced similar curves, but with different shapes from the oculomotor muscles. Considering the hypotheses that the curves were different because of their larger lengths. We shortened them gradually, which resulted in steeper curves but with unchanged shape. We concluded that those models were inadequate, probably because of the structural differences between them and the extraocular muscles. The materials in general can be divided into two types, according to their behavior under the action of a deforming force: the plastic and the elastic materials. The plastic ones, under the action of a force, deform themselves and, once ceased the deforming force, they remain deformed, as the clay; the energy applied in its deformation is dissipated in the form of heat. The elastic materials, under the same force, deform themselves but, ceased the force, they restore their primitive form, as the office´s rubber band; the energy applied for its deformation is stored and then restored under the form of movement. The materials found in the nature are generally mixed, that is, under the action of a force, they deform themselves and, ceased the force, they restore incompletely the primitive form, remaining some definitive deformation. So they have plastic and elastic features. This phenomenon can be seen when one does a complete passive duction in the eye of an anesthetized patient and then releases it; the eye returns incompletely to its original position. The distance between the original and the new position represents the plastic deformation, which Jampolsky proposes to eliminate making to-and-fro movements in the “spring-back balance force test”(8). A material may be perfectly elastic up to a certain limit of applied force, becoming permanently deformed when the force is increased, until they break when they reach their maximum tension. The elasticity of the materials follows the Hooke´s law (Robert Hooke, astronomer, mathematician, formulated the law of the materials´ resistance - 1635-1703, London), expressed by the formula F= Y. E. A/L, in which F is the applied force, A is the cross-sectional area (of a bar), Y is the Young´s module, E is the elongation of the material under the force F and L is its original length. (The Young´s module is a characteristic of each material, defined as Y= FL/AE) (Thomas Young, physician, philologist and Egyptologist, discovered the accommodation of the crystalline lens - 1773-1829, London). The constant of elasticity (k), also dependent on the material of which the piece is made, depends also on the piece´s length and of its cross-sectional area; it is known as Hooke´s constant. The Hook´s formula is the equation of a straight line. In a graphic, if one plots applied forces on the ordinate and elongation on the abscissa, one obtains a straight line. Its inclination is defined by the formula tgβ = k= Y. A/L, i.e., the larger the cross-sectional area and/or the Young´s module, the steeper the line (which means that the elongation is smaller) and the larger the original length, the less steep the line (the elongation is larger); one can express it also as the larger the constant of elasticity (k), the less elastic the piece (Figure 2). The opposite of k is r, the coefficient of rigidity. Figure 2 - Elongation of two pieces of the same elastic material (same Y) under the action of the same force (F). The area of the cross section of the piece 2 (A2) is larger than the one of the piece 1 (A1) and the length of the piece 1 (L1) is larger than the one of piece 2 (L2); consequently, the elongation of material 1 (E1) is larger than the one of material 2 (E2) and the curve 2 is steeper than the curve 1 (γγ < β). But, as we have seen in the figure 1, the graphic of the oculomotor muscles´ elongation-force is not a straight line, but an exponential curve. A possible explanation for that (considering the muscle as a bar) is the fact that the structure of the muscle is complex; it has in its constitution muscular fibers, collagen (endomysium, perimysium, epimysium) etc. Furthermore, there are different muscle fibers into the muscle (fast and slow fibers). Each one of these components may have its own Young´s module, as well as its limit of elasticity. The muscle´s elongation-force curve would be a combination of partial curves. This fact indicates that the Young´s module, in the case of the oculomotor muscles, is not constant, that is, for each unity of the deformation force increment, the module also increases. The increment of force necessary to elongate the muscle from 4 to 6 mm is smaller than the increment of force necessary to elongate it from 6 to 8 mm. This means that Y is an exponential function; in order to follow this reasoning, let us consider that Y= αE (in which E= elongation), which leads to E2 = FL/αA (Figure 3). Scott(7) demonstrated that the oculomotor muscle that remains slack for some time looses sarcomeres, becoming definitively shorter. If one applies the Hooke´s formula to this muscle, it is valid to think that the angle of inclination of its elongation-force curve becomes larger (the curve becomes steeper) (Figure 2). This fact could explain by itself the increase of the muscle rigidity (the reduction of its elasticity) that is observed in the forced duction test. But Scott did not study the cross-sectional area. Williams, Goldspink, in 1984(9), demonstrated that “...during immobilization in the shortened position there is an increase in the proportion of collagen to muscle Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):204-8 73(2)05.pmd 206 14/5/2010, 10:20 The intimate nature of oculomotor muscles contracture 207 Figure 3 - Mathematical reasoning that leads to E2 = FL/α αA, which means that the increase of the deformation force or the original length, or the reduction of the cross section leads to the square of the elongation fiber tissue”. They also stated that “Following immobilization of a muscle in its shortened position, the proportion of both endomysium and perimysium is increased”. These facts cause an increase of the muscle stiffness, because of the smaller elasticity of the collagen (greater Young´s module) and the increase of the cross-sectional area (A). Scott had already made reference to this fact in 1971(10). The increase of the amount of collagen probably leads to the increase of the cross-sectional area (A), causing an increase of the curve´s steepness (Figure 4). There are not, in the best of our knowledge, studies about the number of sarcomeres in the cross-sectional area of the contractured muscle: would it also increase? Applying that reasoning to the different patterns of the forced duction test, one can suppose: 1) Increase of the contents of collagen in the muscle may reduce the limit of elongation of the contractured muscle, impeding the muscular fibers to be stretched to their limit. After a certain point, but before attaining the full duction, the elongation-force curve becomes vertical, showing that the limit of muscle elongation is attained; one feels in the fingers the impossibility of driving the eye further. This explains the abrupt restriction (absolute restriction). 2) Probably, in the normal muscle the limit of passive duction is shorter than the limit of its elasticity. The maximal duction amplitude may be determined by the limit of elongation of the periocular sheaths and the check ligaments. If it is so, the muscle can be shortened up to a certain point without reducing the duction amplitude. But, according to the Hooke´s formula, this muscle shortening (smaller L) increases its stiffness (or reduces its elasticity), i.e., it makes the curve steeper. This fact could explain the relative restriction (Jampolsky´s cushioned restriction), i.e., the restriction in which the duction limit is preserved but the forced traction test demands a morethan-normal force in order to attain the full rotation. Besides the shortening, the increase of the cross sectional area (A) would act in the same sense, adding their effects. Figure 4 - (I) A normal relaxed muscle fiber, with 10 sarcomeres in the longitudinal arrangement; (II) The same muscle fiber in contracted state, with the same number of sarcomeres (10); (III) The same muscle fiber some time later (muscle contractured); the number of sarcomeres is reduced (7) and there is a thickening of the perimysium and endomysium because of the increase of their collagenous tissue components. P1= normal perymisium and endomysium; A1= crosssectional area of the normal muscle fiber; L1= length of the normal muscle fiber; P2= loose perimysium and epimysium; P3= thickened epimysium and perimysium; A2= enlarged area of the cross section of the shortened muscle fiber; L2= length of the contracted and the shortened muscle fiber The above reasoning shows that the difference between the relative and absolute restrictions caused by muscle contracture is a question of degree (except in cases of extra muscular restrictions, as scleral adherences). The definitive elucidation of these questions demands deeper studies. It is intriguing the Collins et al., statement(11) that the shape of the elongation-force curve of the contractured muscle is similar to the one of the normal muscle curve (except in Duane´s syndrome), which is in disagreement with what one feels in the fingers in the forced duction test and with the Hooke´s law. It is something that must be elucidated. RESUMO O autor procura demonstrar a razão da perda de elasticidade e do encurtamento do músculo oculomotor que permanece relaxado durante certo tempo (contratura), mediante raciocínio baseado na lei de Hooke e nos trabalhos que demonstram que o músculo oculomotor que permanece frouxo por algum tempo sofre encurtamento devido à perda de sarcômeros no sentido longitudinal e ao aumento da área da secção transversa, devida ao aumento do tecido colágeno do perimísio e do endomísio. Descritores: Contração muscular; Músculos/anatomia & histologia; Contratura/fisiopatologia; Processos fisiológicos Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):204-8 73(2)05.pmd 207 14/5/2010, 10:20 208 The intimate nature of oculomotor muscles contracture oculares; Músculos oculomotores/fisiologia; Movimentos oculares; Sarcômeros/fisiologia; Adaptação fisiológica 6. REFERENCES 7. 1. Jampolsky A. Surgical leashes and reverse leashes in strabismus management. In: Symposium on Strabismus. Transactions of the New Orleans Academy of Ophthalmology; 1978. St. Louis: C.V. Mosby. p.244-68. 2. Prieto-Díaz J, Souza-Dias C. Estrabismo. 5ª ed. Buenos Aires, Argentina: Ediciones Científicas; 2005; p.75. 3. Castanera de Molina A. EOM mechanical adaptation in strabismus patients. In: Mechanics on Strabismus Symposium; 1991 Oct 18-19. Proceeding. San Francisco: The Smith-Kettlewell Eye Research Institute. p.55-67. 4. Williams PE, Goldspink G. Longitudinal growth of striated muscle fibers. 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Reproducibility of water drinking test performed at different times of the day. Arq Bras Oftalmol. 2009;72(3):283-90) Nos últimos anos nosso grupo avaliou o TSH em diversas situações relacionadas ao controle pressórico em pacientes com diagnóstico já estabelecido e submetidos ou não a terapia clínica e (ou) cirúrgica, com diferentes níveis de dano glaucomatoso e com evoluções diferentes em relação à progressão da doença(1-11). A utilização do TSH para avaliar controle pressórico em olhos sob terapia clínica também passou a ser estudada por centros de pesquisa em outras partes do mundo como Estados Unidos e Europa(12-18). Particularmente em relação ao estudo apresentado pelos autores para avaliar a reprodutibilidade do TSH, gostaríamos de fazer algumas considerações. Os autores apresentam uma certa preocupação em medir a reprodutibilidade do teste em horários diferentes para definir sua aplicabilidade nessas circunstâncias. Em seu estudo, Medina et al. sugerem que a reprodutibilidade do TSH realizado em diferentes horários do dia é pobre e representa uma limitação à sua aplicabilidade para o diagnóstico e seguimento de pacientes com glaucoma. No entanto, ao analisar os resultados dos autores, não pudemos deixar de notar que 80% dos pacientes com diagnóstico de glaucoma reproduziram picos pressóricos em dias e horários diferentes com variação menor do que 3 mmHg (valor a partir do qual os autores consideram a diferença clinicamente relevante). Isso significa em outras palavras que 12 de 15 pacientes reproduziram o pico pressórico e que em apenas em 3 pacientes, o pico mostrou-se com reprodutibilidade clinicamente inaceitável. Ao nosso ver esses resultados, ao contrário do que os autores concluiram, mostram-se expressivos do ponto de vista clínico. Também é importante que se saliente que este teste há muito tempo não é utilizado para o diagnóstico do glaucoma, devido ao elevado número de falsos positivos e falsos negativos e não pela possível falta de reprodutilidade do método quando feito em horários e dias diferentes como sugerem os autores. Nosso grupo tem utilizado o TSH para estudar o perfil pressórico dos pacientes, servindo como uma forma indireta de avaliar a facilidade de escoamento. Concordamos com os autores que atualmente a curva tensional diária 24 h, apesar de pouco utilizada pela sua dificuldade prática, continua sendo o método padrão-ouro para acessar o perfil pressórico ao longo do dia em pacientes com glaucoma. Até o momento não existem estudos que tenham avaliado sua reprodutibilidade pelo teste de Bland-Altmann e nem por isto este método perdeu sua importância no arsenal de avaliação clínico. Nosso grupo teve a oportunidade de avaliar a reprodutibilidade da CTD 24 h por outros métodos no passado(19-20). Em 2 estudos foi observado que aproximadamente 75% dos picos da CTD 24 h realizada em dias consecutivos, apresentaram variação maior do que 20% semelhante aos achados dos autores para o TSH. Em resumo, o número expressivo de trabalhos e editoriais publicados recentemente em vários centros internacionais e com centenas de pacientes estudados sugerem a potencialidade deste teste em fornecer informações complementares importantes na avaliação do controle pressórico de pacientes glaucomatosos (1-18,21-22). Roberto M. Vessani Marcelo Hatanaka Ricardo Suzuki Paulo Gelmann Roberto F. S. Malta Felipe A. Medeiros Remo Susanna Jr. REFERÊNCIAS 1. Medeiros FA, Pinheiro A, Moura FC, Leal BC, Susanna R Jr. Intraocular pressure fluctuations in medical versus surgically treated glaucomatous patients. J Ocul Pharmacol Ther. 2002;18(6):489-98. 2. Susanna R Jr, Medeiros FA, Vessani RM, Giampani J Jr, Borges AS, Jordão ML. 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Caro Editor, Agradecemos o interesse do Dr. Vessani e colaboradores em nosso artigo “Reproducibility of the Water Drinking Test performed at Different Times of the Day”. O objetivo desse estudo foi comparar o resultado do TSH realizado em diferentes horas do dia em pacientes com glaucoma e indivíduos normais. Como Dr. Vessani coloca, mesmo que o objetivo do teste seja avaliar a facilidade de escoamento do paciente e não realizar o diagnóstico de glaucoma, é importante que esse teste seja reprodutível independente da hora do dia em que seja realizado. Os resultados de nosso estudo não revelam a reprodutibilidade esperada de um teste que se propõe a avaliar a facilidade de escoamento após uma sobrecarga hídrica. Apesar dos picos pressóricos apresentarem uma concordância razoável, com diferenças maiores que 3 mmHg em 20% dos casos de pacientes glaucomatosos e 23% dos indivíduos normais, chama a atenção a grande proporção de pacientes que apresentou variações de pressão intraocular maiores que 3 mmHg: 40% dos pacientes glaucomatosos e 13% dos indivíduos normais. Quando avaliamos diferenças maiores que 3 mmHg, vale dizer que isso equivale a detectar diferenças maiores ou iguais a 4 mmHg, uma variação altamente significativa. Se formos mais conservadores e avaliarmos diferenças maiores ou iguais a 2 mmHg, os números descritos anteriormente sobem 100% e 90% (diferença de pico para glaucomatosos e controles, respectivamente) e 80% e 70% (diferença de variação para glaucomatosos e controles, respectivamente). A pergunta que se faz é prática: se um indivíduo glaucomatoso realiza um TSH e não mostra variação de PIO às 12 horas, devemos valorizá-lo? E se o mesmo paciente repete o teste às 17 h e tem uma variação de 7 mmHg (como aconteceu no indivíduo ilustrado na Figura 3, gráfico C)? Qual dos testes deveremos valorizar? O que não apresentou variação, indicando um escoamento adequado, ou o que apresentou um aumento de 7 mmHg, sugerindo uma dificuldade de escoamento importante? São questões como essa que dificultam, em nossa análise, a aplicação do teste na rotina clínica. Quanto aos vários estudos investigando a aplicabilidade do teste, isso destaca o interesse de vários autores em avaliar melhor essa ferramenta. Vale a pena dizer que nosso estudo não encerra o assunto e que novas investigações são muito bem-vindas no sentido de melhor identificar a área de aplicação do TSH. Vital Paulino Costa Flávio MacCord Medina José Paulo C. Vasconcellos Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):209-10 Carta editor.pmd 210 14/5/2010, 10:20 INSTRUÇÕES PARA OS AUTORES Os ARQUIVOS BRASILEIROS DE OFTALMOLOGIA (Arq Bras Oftalmol.) ISSN 0004-2749, órgão oficial do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, é publicado bimestralmente, tendo como objetivo registrar a produção científica em Oftalmologia, fomentar o estudo, o aperfeiçoamento e a atualização dos profissionais da especialidade. São aceitos trabalhos originais, em português, inglês ou espanhol, sobre experimentação clínica e aplicada, relatos de casos, análises de temas específicos, revisões de literatura, cartas ao editor ou comentários contendo críticas e sugestões sobre as publicações, devendo ser categorizados pelos seus autores. Artigos com objetivos meramente propagandísticos ou comerciais não serão aceitos. Todos os trabalhos, após aprovação prévia pelos editores, serão encaminhados para análise e avaliação de dois ou mais revisores, sendo o anonimato garantido em todo o processo de julgamento. Os comentários serão devolvidos aos autores para as modificações no texto ou justificativas de sua conservação. Somente após aprovação final dos revisores e editores, os trabalhos serão encaminhados para publicação. Os trabalhos devem destinar-se exclusivamente aos Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, não sendo permitida sua apresentação simultânea a outro periódico, nem sua reprodução, mesmo que parcial, como tradução para outro idioma, sem autorização dos Editores. Recomenda-se que os textos em português sigam as normas da Nova Ortografia da Língua Portuguesa (2009). As normas que se seguem foram baseadas no formato proposto pelo International Committee of Medical Journal Editors e publicadas no artigo: Uniform requirements for manuscripts submitted to biomedical journals, atualizado em 2008 e disponível no endereço eletrônico http://www.icmje.org/. O respeito às instruções é condição obrigatória para que o trabalho seja considerado para análise. Todos os trabalhos, assim que submetidos à publicação, deverão ter obrigatoriamente os seguintes formulários encaminhados à Secretaria dos ABO pelo correio: • cessão de direitos autorais; • contribuição de autores e patrocinadores; • declaração de isenção de conflitos de interesses; • comprovante de aprovação de um Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição onde foi realizado o trabalho, quando referente a Artigos Originais. Os formulários poderão ser obtidos para impressão na página do ABO online (www.aboonline.com.br) link Formulários e Cartas. A falta de qualquer destes documentos implicará na retenção do artigo na Secretaria Editorial aguardando até que os mesmos sejam recebidos para que se dê a liberação do trabalho para análise. normas 73(2).pmd 211 PREPARO DO ARTIGO REQUISITOS TÉCNICOS 1. O texto deve ser digitado em espaço duplo, fonte tamanho 12, margem de 2,5 cm de cada lado, com páginas numeradas em algarismos arábicos, iniciando-se cada seção em uma nova página, na sequência: página de identificação, resumo e descritores, “abstract” e “keywords”, texto (Introdução, Métodos, Resultados, Discussão/Comentários), Agradecimentos (eventuais), Referências, tabelas, figuras e legendas. 2. Página de identificação: Deve conter: a) Título do artigo, em português (ou espanhol) e Título em inglês, que deverá ser conciso, porém informativo; b) nome completo de cada autor, sem abreviações, com o mais elevado título acadêmico e afiliação institucional (nome completo da instituição que está filiado) ou, na falta deste, o título obtido na própria especialidade ou nível do curso universitário. Recomenda-se que o número de autores seja limitado a 5 para Relato de casos e a 8 para Artigos originais; c) indicação do departamento e nome oficial da Instituição aos quais o trabalho deve ser atribuído; d) nome, endereço, telefone e e-mail do autor a quem deve ser encaminhada correspondência; e) fontes de auxilio à pesquisa (se houver). 3. Resumo e descritores: Resumo em português (ou espanhol) e Abstract em inglês, de não mais que 3.000 caracteres. Para os artigos originais, deve ser estruturado, destacando os objetivos do estudo, métodos, principais resultados apresentando dados significativos e as conclusões. Para as demais categorias de artigos, o resumo não necessita ser estruturado, porém deve conter as informações importantes para reconhecimento do valor do trabalho. Especificar cinco descritores, em português e em inglês, que definam o assunto do trabalho. Os descritores deverão ser baseados no DeCS (Descritores em Ciências da Saúde) publicado pela BIREME, traduzidos do MeSH (Medical Subject Headings) da National Library of Medicine e disponível no endereço eletrônico: http://decs.bvs.br. Abaixo do Resumo, indicar, para os Ensaios Clínicos, o número de registro na base de Ensaios Clínicos (http://clinicaltrials.gov)*. 4. Texto: a) Artigos originais: devem apresentar as seguintes partes: Introdução, Métodos, Resultados, Discussão/Comentários, Conclusões e Referências. As citações no texto deverão ser numeradas sequencialmente em números arábicos sobrescritos, evitandose a citação nominal dos autores. As citações no texto deverão ser numeradas sequencialmente em números arábicos sobrescritos, devendo evitar a citação nominal dos autores. O trabalho deverá ter no máximo 3.000 palavras, 4 imagens, 4 tabelas e conter até 30 referências; b) Relatos de casos: devem apre- sentar Introdução, com breve revisão da literatura, relato do caso, mostrando os exames importantes para o diagnóstico e o diferencial, se houver, Comentários e Referências. Ele deverá ter no máximo 1.500 palavras, 2 imagens, 2 tabelas e conter até 10 referências; c) Em artigos de Atualização (sobre um tema, um método, etc.), nos de proposições teóricas, comunicações, análises de temas específicos ou com outras finalidades, divisões diferentes podem ser adotadas, devendo conter um breve histórico do tema, seu estado atual de conhecimento e as razões do trabalho; métodos de estudo (fontes de consulta, critérios), hipóteses, linhas de estudo, etc., incluindo Referências. O manuscrito deverá ter até 4.000 palavras, 4 imagens, 4 tabelas e conter até 40 referências; d) Cartas ao Editor devem ser limitadas a duas páginas. 5. Agradecimentos: Colaborações de pessoas que mereçam reconhecimento mas que não justificam suas inclusões como autores e, ou por apoio financeiro, auxílio técnico, etc. 6. Referências: Em todas as categorias a citação (referência) dos autores no texto deve ser numérica e sequencial, na mesma ordem que foram citadas e identificadas por algarismos arábicos entre parênteses e sobrescrito. A apresentação deverá estar baseada no formato proposto pelo International Committee of Medical Journal Editors "Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals" atualizado em outubro de 2008, conforme exemplos que se seguem. Os títulos de periódicos deverão ser abreviados de acordo com o estilo apresentado pela List of Journal Indexed in Index Medicus, da National Library of Medicine e disponibilizados no endereço: http:// www.ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrez Para todas as referências, cite todos os autores, até seis. Nos trabalhos com mais autores, cite apenas os seis primeiros, seguidos da expressão et al. Exemplos de referências: Artigos de Periódicos Costa VP, Vasconcellos JP, Comegno PEC, José NK. O uso da mitomicina C em cirurgia combinada. Arq Bras Oftalmol. 1999;62(5):577-80. Livros Bicas HEA. Oftalmologia: fundamentos. São Paulo: Contexto; 1991. Capítulos de livros Gómez de Liaño F, Gómez de Liaño P, Gómez de Liaño R. Exploración del niño estrábico. In: Horta-Barbosa P, editor. Estrabismo. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 1997. p. 47-72. Anais Höfling-Lima AL, Belfort Jr R. Infecção herpética do recém-nascido. In: IV Congresso Brasileiro de Prevenção da Cegueira; 1980 Jul 28-30, Belo Horizonte, Brasil. Anais. Belo Horizonte; 1980. v.2. p. 205-12. 14/5/2010, 10:20 212 Instruções para os autores Teses Schor P. Idealização, desenho, construção e teste de um ceratômetro cirúrgico quantitativo [doutorado]. São Paulo: Universidade Federal de São Paulo; 1997. Documentos Eletrônicos Monteiro MLR, Scapolan HB. Constrição campimétrica causada por vigabatrin. Arq Bras Oftalmol. [Internet]. 2000 [citado 2005 Jan 31]; 63(5): [cerca de 4 p.]. Disponível em: http:// www.abonet.com.br/abo/abo63511.htm Artigos de periódicos eletrônicos em pdf Monteiro MLR, Scapolan HB. Constrição campimétrica causada por vigabatrin. Arq Bras Oftalmol [Internet]. 2000 [citado 2005 Jan 31]; 63(5):387-9. Disponível em: http:// www.scielo.br/pdf/abo/v63n5/9631.pdf Artigos de periódicos eletrônicos com Digital Object Identifier (DOI) Oliveira BF, Bigolin S, Souza MB, Polati M. Estrabismo sensorial: estudo de 191 casos. Arq Bras Oftalmol [Internet]. 2006 [citado 2009 Fev 9]; 69(1):71-4. Disponível em: http:// www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext &pid=S0004-27492006000100014&lng=en DOI 10.1590/S0004-27492006000100014 7. Tabelas: A numeração das tabelas deve ser sequencial, em algarismos arábicos, na ordem em que foram citadas no texto. Todas as tabelas deverão ter título e cabeçalho para todas as colunas. No rodapé da tabela deve constar legenda para abreviaturas e testes estatísticos utilizados, e a fonte bibliográfica quando extraída de outro trabalho. 8. Figuras (gráficos, fotografias, ilustrações, quadros): O arquivo deve conter a identificação das figuras, como por exemplo: Gráfico 1, Tabela 1, Figura 1. No caso de figuras desmembradas (Figura 1A, 1B) deverão também ser identificadas uma em cada arquivo. Os gráficos, figuras e tabelas deverão ser encaminhados em arquivo separado do texto, apenas sendo indicada sua localização no corpo do artigo. Apresentar gráficos simples e de fácil compreensão. Uniformizar o tama- nho e o conteúdo (corpo e formato das letras) dos gráficos e tabelas. Fotografias e ilustrações deverão ter boa resolução e enquadramento apenas dos elementos importantes. Preferencialmente em formato JPG, podendo ser enviadas também em PDF, TIFF/GIF, EPS. A resolução precisa ser acima de 300 dpi. Observar a importância do enfoque porque serão submetidas à redução para uma ou duas colunas na diagramação do texto. Cada figura deve vir acompanhada de sua respectiva legenda em espaço duplo e numerada em algarismo arábico, correspondendo a cada item e na ordem em que foram citados no trabalho. Será cobrado do Autor do artigo, o excedente de imagens e tabelas coloridas que ultrapassarem o número máximo estipulado pela revista. 9. Abreviaturas e Siglas: Devem ser, também, precedidas do correspondente nome completo ao qual se referem, quando citadas pela primeira vez, ou quando nas legendas das tabelas e figuras. Não devem ser usadas no título e no resumo. 10. Unidades: Valores de grandezas físicas devem ser referidos nos padrões do Sistema Internacional de Unidades, disponível no endereço: http://www.inmetro.gov.br/infotec/ publicacoes/Si/si.htm 11. Linguagem: É essencial que o trabalho passe previamente por revisão gramatical, evitando-se erros de concordância, pontuação, etc. Quando o uso de uma palavra estrangeira for absolutamente necessário, ela deve aparecer entre aspas (exceto a expressão et al, na referência). Agentes terapêuticos devem ser indicados pelos seus nomes genéricos evitando-se, tanto quanto possível, as citações de marcas comerciais; cabe(m) ao(s) autor(es) a responsabilidade por elas. Quando forem citados instrumentos e/ou aparelhos de fabricação industrial é necessário colocar o símbolo (sobrescrito) de marca registrada ® ou ™. Os trabalhos deverão ser enviados pelo sistema de gerenciamento eletrônico de artigos científicos disponível no endereço eletrônico www.aboonline.com.br. Após as correções sugeridas pelos revisores, a forma definitiva do trabalho deverá ser encaminhada online (ícone "trabalho com as modificações") acompanhada de carta indicando as modificações realizadas ou o motivo pelos quais não estão sendo incorporadas. Artigos ressubmetidos que não vierem acompanhados da carta aos revisores ficarão retidos aguardando o recebimento da mesma. *Nota importante: Os Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, em apoio às políticas para registro de ensaios clínicos da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE), reconhecendo a importância dessas iniciativas para o registro e divulgação internacional de informação sobre estudos clínicos, em acesso aberto, somente aceitará para publicação os artigos de pesquisas clínicas que tenham recebido um número de identificação em um dos Registros de Ensaios Clínicos validados pelos critérios estabelecidos pela OMS e ICMJE, disponível no endereço: http://clinicaltrials.gov, no site do Pubmed (www.pubmed.com) ou no registro do SISNEP - http://portal.saude.gov.br/ sisnep/pesquisador. O número de identificação deverá ser registrado ao final do resumo. Mais informações e detalhamentos estão no endereço eletrônico www.aboonline.com.br - <Informações aos Autores> subitem <Instrução para Submissão online>. Endereço para correspondência: Arquivos Brasileiros de Oftalmologia R. Casa do Ator, 1.117 - 2º andar Vila Olímpia - São Paulo - SP CEP 04546-004 Editada por Publicidade IPSIS GRÁFICA E EDITORA S.A. CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA Rua Dr. Lício de Miranda, 451 CEP 04225-030 - São Paulo - SP Fone: (0xx11) 2172-0511 - Fax (0xx11) 2273-1557 Diretor-Presidente: Fernando Steven Ullmann; Diretora Comercial: Helen Suzana Perlmann; Diretora de Arte: Elza Rudolf; Editoração Eletrônica, Fotolitos e Impressão: Ipsis Gráfica e Editora S.A. Periodicidade: Bimestral; Tiragem: 7.000 exemplares normas 73(2).pmd ENVIO DO TRABALHO 212 R. Casa do Ator, 1.117 - 2º andar - Vila Olímpia São Paulo - SP - CEP 04546-004 Contato: Fabrício Lacerda Fone: (5511) 3266-4000 - Fax: (5511) 3171-0953 E-mail: [email protected] 14/5/2010, 10:20 C M Y CM MY CY CMY K