G.1.1- Antropologia Energia Vital, Japonesidade e Parentesco: como uma etnografia do passado heroico ilumina o presente. 1 Gil Vicente Lourenção 2 Igor Jose Reno Machado 1. Doutorando em Antropologia Social – Universidade Federal de São Carlos; Candidato a Pós doutoramento em Antropologia, Tsukuba University - 「筑波大学」 ; Academia Japonesa de Budo「日本武道学会」; Associação Brasileira de Estudos Japoneses; Laboratório de Estudos Migratórios-UFSCar; Laboratório de Estudos da Japonesidade - Tsukuba University 「筑波大学」 . *[email protected] 2. Professor Doutor- Programa de Pós Graduação em Antropologia Social. Palavras Chave: Noção de Casa, Japonesidade, Energia Vital. Introdução Esta apresentação refere-se a uma linha de minha pesquisa de campo no Japão durante os anos de 2012 e 2015, e no Brasil, de 2007 e 2011, sendo um meio de realização de meu doutoramento em Antropologia Social e tem por objetivo relacionar alguns fatos etnográficos coletados com os praticantes de japonês esgrima [Kendo] - entre eles, japoneses e não japoneses - através das relações estabelecidas nos lugares de treinamento, chamados de Dojo. O objetivo é fazer uma analogia entre a noção de Casa no interior da teoria antropológica que continua a ser um conceito prático importante para a construção de um parentesco/ relacionalidade para o caso. Por parentesco e relacionamento entendemos as maneiras de fazer parentes, ou entender por um modo analítico suas relações mútuas; "parentes" aqui tem um sentido mais livre, como formas de fazer relações sem que isso implique necessariamente em reprodução humana. Em suma, nós usamos os salões de treinamento como unidade de análise comparando-a a noção de Casa que diz sobre a construção de um parentesco / relacionalidade além e aquém do sangue. O plano foi relacionar alguns fatos sobre o trabalho de campo, nos quais operam os conceitos de hierarquia, família e Dojo em uma dada relação com a noção de casa, levando em consideração as relações entre teoria antropológica, trabalho de campo e pessoas de diferentes culturas. Resultados e Discussão A pesquisa teve como objetivo coletar dados, relatos de vida e experiências de formação de praticantes de Kendo e a unidade de análise foi o conceito de Ki. Ki - 気 - pode ser traduzido como energia vital e define a situação de todos os seres vivos [e também não vivos]– humanos e não humanos. Apos a consideração da problemática conceitual, relacionamos o conceito de Ki - Energia Vital e parentesco. Métodos Foram utilizados os seguintes materiais e método: bibliográficas, formulários estruturados, entrevistas semiestruturadas e conversas informais nos lugares de treinamento; e o método foi etnográfico. Em relação à primeira, realizamos uma pesquisa bibliográfica sobre o Ki no Japão e encontramos fontes a partir de 1600 até o final do século XX. Os formulários estruturados, entrevistas semiestruturadas e conversas informais, foram colhidos no Japão, com praticantes de Kendo de todas as nacionalidades possíveis. Os questionários foram aplicados em eventos e treinamentos de Kendo ou enviados por e-mail ou contatos de Facebook. Foram coletados cerca de 20 formularios [mais] 15 entrevistas de professores, Policiais e praticantes japoneses, 60 praticantes ao redor do mundo e 50 brasileiros. O trabalho de campo etnográfico foi realizado no Brasil [2007-2011] e no Japão [2012-2014]. No Japão, nós conduzimos etnografia em Tóquio, Osaka, Kyoto, Kanagawa Ken e Ibaraki ken. Conclusões 1. O conceito de Ki apresenta-se como uma importante forma de entender a cultura japonesa na prática, em relação de proximidade com uma noção culturalmente japonesa de amor. Em um outro sentido, o equilíbrio entre Ki e Amor ajuda a entender o surgimento da individualidade enquanto praxiologia no Japão. 2. O conceito de Ki parece se encaixar em relação ao conceito de substância, uma vez que é tida como uma ‘entidade’ plástica, que se adapta às mais variadas situações, e está ligada ao corpo dos seres vivos, particularmente [mas não exclusivamente] humanos. Assim, a noção de ki auxilia a pensar os modos sobre como o parentesco funciona no Japão, de um ponto de vista antropológico. 3. Por fim, uma nova discussão sobre antropologia do parentesco por um novo quadro analítico foi possível a partir da presente pesquisa. Agradecimentos Monbukagakusho, FAPESP. Tsukuba University, UFSCar e 67ª Reunião Anual da SBPC