Eletrônica Aplicada JUNTOS CONHECERÃO O MARAVILHOSO MUNDO DA ELETRÔNICA INDICE Geração da energia elétrica.................................................2-5 Grandezas elétricas fundamentais........................................6-10 Tipos de correntes elétricas.................................................11-15 Multimetro digital..............................................................16-18 Multimetro analógico..........................................................18-26 Resistores fixos.................................................................27-34 Resistores ajustáveis e variáveis.........................................35-40 Capacitores......................................................................41-51 Magnetismo e Eletromagnetismo.........................................52-59 Transformadores...............................................................60-63 O relé eletromagnético.......................................................64-65 O diodo semicondutor........................................................66-73 Circuitos retificadores........................................................74-85 Filtros em fontes de alimentação.........................................85-93 O diodo zener...................................................................93-97 O diodo emissor de luz.......................................................98-102 O transistor de junção bipolar............................................103-123 Fotodetetores e sensores de temperatura............................124-130 O varistor........................................................................131 O multivibrador astável.....................................................132 O CI 555.........................................................................133-134 O transistor darlington......................................................135-136 Regulador de tensão á transistor........................................137-148 Circuitos integrados reguladores de tensão..........................149-153 Amplificador de sinais elétricos com tjb...............................153-166 Amplificador operacional...................................................167-176 Transistor de efeito de campo............................................177-188 Os tiristores....................................................................189-197 Acopladores ópticos.........................................................198-199 Fundamentos de eletrônica digital......................................200-206 ELETRÔNICA CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 1 Eletrônica Aplicada ELETROTÉCNICA PARA ELETRÔNICA O presente Módulo visa passar informações aos leitores a respeito de: Leis que regem circuitos elétricos e eletrônicos, componentes empregados em eletrônica e nos aparelhos eletrônicos, com o intuito de capacitar os participantes do curso, para a área de manutenção corretiva e preventiva em equipamentos elétricos e eletrônicos. Em nosso dia-dia utilizamos diversas formas de energia desde o instante que levantamos, tomamos um banho quente, assamos o pão na torradeira, passamos a roupa, ligamos uma TV em fim estamos rodeados de aparelhos eletroeletrônicos e estamos usando constantemente uma forma de energia que é essencial para as atividades no planeta, que tipo de energia estamos falando? Se você pensou em energia elétrica acertou. A eletricidade se manifesta de diversas formas através de um efeito magnético, térmicos, luminosos, químicos e fisiológicos, como por exemplo: o aquecimento de uma resistência para esquentar a chapa de um ferro de passar (energia térmica) a luz de uma lâmpada (energia luminosa) a eletrolise da água (energia química) a contração de um músculo ao sofrer uma descarga elétrica (efeito fisiológico). A rotação de motor (energia mecânica). Com base nestes exemplos podemos afirmar que a eletricidade não é criada e sim transformada e que a energia elétrica não pode ser destruída. GERAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA Como já vimos à eletrostática é a área que estuda a eletricidade estática. Esta por sua vez, referiu-se as cargas armazenadas em um corpo, ou seja, a sua energia potencial. Por outro lado, a eletrodinâmica estuda a eletricidade dinâmica que se refere ao movimento dos elétrons livres de um átomo para outro. Para haver movimento dos elétrons livres de um corpo, é necessário aplicar nesse corpo uma tensão elétrica. Essa tensão resulta na formação de um pólo com excesso de elétrons denominados pólos negativos e de outro com falta de elétrons denominados pólo positivo. Essa tensão é formada por uma fonte geradora de eletricidade. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 2 Eletrônica Aplicada Fontes geradoras de energia elétrica A existência de tensão é fundamental para o funcionamento de todos os aparelhos elétricos. As formas geradoras são os meios pelos quais se pode fornecer a tensão necessária ao funcionamento desses consumidores. Estas fontes geram energia elétrica de varias formas. Por Por Por Por Por ação ação ação ação ação térmica; dos ventos; mecânica; química; magnética; -Geração elétrica por ação térmica Uma Usina termoelétrica é uma instalação destinada a converter a energia de um combustível em energia elétrica. O combustível armazenado em tanques (gás natural, carvão óleo, etc) é enviado para a usina, para ser queimado na caldeira, que gera vapor a partir da água que circula por tubos em suas paredes. O vapor é que movimenta as pás de uma turbina, ligada diretamente a um gerador de energia elétrica. Essa energia é transportada por linhas de alta tensão aos centros de consumo. O vapor é resfriado em um condensador, a partir de um circuito de água de refrigeração. Essa água pode provir de um rio, lago ou mar, dependendo da localização da usina, e não entra em contato direto com o vapor que será convertido outra vez em água, que volta aos tubos da caldeira, dando início a um novo ciclo. Como todo tipo de geração de energia causa impactos ambientais, com termeletricidade não é diferente: ela é a responsável pelo aumento do efeito estufa, o aquecimento demasiado da superfície terrestre, chuva ácida, etc, além de exigir muito dinheiro para a compra de combustíveis. A queima de gás natural lança na atmosfera grandes quantidades de poluentes, além de ser um combustível fóssil que não se recupera. O Brasil lança por ano 4,5 milhões de toneladas de carbono na atmosfera, com as usinas termelétricas esse indicador chegará 16 milhões. As termoelétricas têm a vantagem de podem serem instaladas mais próximas dos centros consumidores, diminuindo assim a extensão das linhas de transmissão, minimizando conseqüentemente as perdas ao longo dessas linhas, que poderiam chegar até a 16%. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 3 Eletrônica Aplicada -Geração elétrica por ação dos ventos (eólica) A energia eólica é a energia cinética resultante dos deslocamentos de massas de ar, gerados pelas diferenças de temperatura na superfície do planeta. Resultado da associação da radiação solar incidente no planeta com o movimento de rotação da terra, fenômenos naturais que se repetem. Por isso é considerada energia renovável. -Geração elétrica por ação mecânica Na hidroelétrica que usa a água represada a certa altura, quando abrir as comportas, a força das águas fará com que gire uma turbina que por sua vês gerará uma tensão elétrica através da indução eletromagnética. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 4 Eletrônica Aplicada -Geração elétrica por ação química Outro meio de se obter eletricidade é por meio da ação química. Isso acontece da seguinte forma dois metais diferentes como cobre e zinco são colocados dentro de uma solução química (ou eletrólito) composta de sal (H2O + Na CL) ou acido sulfúrico (H2O + H2SO4) constituindo-se de uma célula primária. A reação química entre o eletrólito e os metais varia retirando os elétrons do zinco. Estes passam pelo eletrólito e vão se depositando no cobre. Dessa forma, obtém-se uma diferença de potencial, ou tensão, entre os bornes ligados no zinco (negativo) e no cobre (positivo). -Geração elétrica por ação magnética O modo mais comum de gerar eletricidade em larga escala sem duvida é por efeito magnético. A eletricidade gerada por ação magnética é produzida quando um condutor é movimentado dentro do raio de ação de um campo magnético. Isso cria uma D.D.P que aumenta ou diminui com o aumento ou diminuição da velocidade do condutor ou da intensidade do campo magnético. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 5 Eletrônica Aplicada Grandezas elétricas fundamentais Tensão, Corrente, Resistência e Potência Elétrica. Se observarmos, veremos que estamos cercados de circuitos elétricos e equipamentos eletro-eletrônicos, em nossa casa, no trabalho, diversão, ou seja, são produtos que sem eles nossa vida sofreria uma grande transformação, ou até mesmo um caos. Todos esses equipamentos trazem a integridade das três grandezas fundamentais para o estudo da eletricidade, são elas a Tensão, a Corrente e a Resistência elétrica. Recorremos à estrutura básica do átomo para início de nossa análise e estudos. O átomo e formado por um núcleo onde estão às cargas positiva (prótons) e as carga neutras (nêutrons); em órbita nas camadas orbitais se localizam os elétrons com carga negativa. Serão estes elétrons responsáveis pela corrente Elétrica que estudaremos. Carga Elétrica Um corpo tem carga negativa se nele há um excesso de elétrons e positiva se há falta de elétrons em relação ao número de prótons. A quantidade de carga elétrica de um corpo é determinada pela diferença entre o número de prótons e o número de elétrons que um corpo contém. O símbolo da carga elétrica de um corpo é Q, expresso pela unidade Coulomb (C). A carga de um Coulomb negativo significa que o corpo contém uma carga de 6,24 x 1018 mais elétrons do que prótons. -Tensão Elétrica (V) Graças à força do seu campo eletrostático, uma carga pode realizar trabalho ao deslocar outra carga por atração ou repulsão. Essa capacidade de realizar trabalho é chamada potencial. Quando uma carga for diferente da outra, haverá entre elas uma diferença de potencial (E). A soma das diferenças de potencial de todas as cargas de um campo eletrostático é conhecida como força eletromotriz. A diferença de potencial (ou tensão) ou força eletromotriz, tem como unidade fundamental o volt(V). Podemos afirmar para facilitar o entendimento que: diferença de potencial ou tensão elétrica é uma força em forma de ddp capaz de mover cargas elétricas (elétrons) através dos condutores elétricos. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 6 Eletrônica Aplicada O equipamento destinado a medida da diferença de potencial (ddp) é o voltímetro. Nas figuras abaixo ilustramos o voltímetro, e a forma em que o mesmo é inserido no circuito (ligado em paralelo). -Corrente Elétrica (I) Corrente (I) é simplesmente o fluxo de elétrons. Essa corrente é produzida pelo deslocamento de elétrons através de uma ddp (diferença de potencial) em um condutor. A unidade fundamental de corrente é o Ampère (A). 1 A é o deslocamento de 1 Coulomb de elétrons através de um ponto qualquer de um condutor durante 1 segundo. O fluxo real de elétrons é do potencial negativo para o positivo. O equipamento destinado à medida de corrente elétrica é o amperímetro. Acima temos: um aparelho para medir a corrente elétrica (amperímetro), e a forma em que o mesmo é inserido no circuito, em série com o consumidor a ser medido. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 7 Eletrônica Aplicada -Resistência Elétrica (R) Resistência é a oposição à passagem de corrente elétrica. É medida em ohms. Quanto maior a resistência, menor é a corrente que passa. Os resistores são elementos que apresentam resistência conhecida bem definida. Podem ter uma resistência fixa ou variável. O instrumento destinado a medida de resistência elétrica é o Ohmímetro. Estes equipamentos de medida estão agrupados num mesmo aparelho chamado Multímetro. “A resistência elétrica de um condutor é diretamente proporcional à sua resistividade e ao seu comprimento, e inversamente proporcional à sua área de seção transversal”. A resistividade é a resistência especifica de cada material, e a área de seção transversal é a área do condutor (bitola dada pelo fabricante). Fatores que influenciam na resistência elétrica dos materiais Comprimento(L) Seção transversal(s) Temperatura(t) r VALORES DE RESISTIVIDA DOS MATERIAIS ( ) Ouro=0,015Ω Prata=0.016Ω Cobre=0.017Ω Alumínio=0.030 Ω Fórmula decorrente da lei: R = r. L / A CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 8 Eletrônica Aplicada Lei de Ohm A intensidade da corrente elétrica em um circuito é diretamente proporcional à tensão elétrica e inversamente proporcional à resistência elétrica. A lei de ohm relaciona matematicamente as três grandezas elétricas. Veja as equações abaixo: Triangulo do REI -Potência Elétrica (P) Quando uma corrente elétrica circula através de resistores, especificamente, e nos condutores, em geral, esses sempre se aquecem. Neles ocorre conversão de energia elétrica em energia térmica. Essa energia térmica produzida, via de regra, é transferida para fora do corpo do resistor sob a forma de calor. Podemos dizer, a potência elétrica é a grandeza que mede a rapidez em transformar a corrente elétrica do circuito em energia (trabalho). Energia térmica Energia mecânica energia luminosa A lâmpada é um transdutor de saída, convertendo energia elétrica em energia térmica e posteriormente em calor (parcela inútil e indesejável) e luz (parcela útil). A maior ou menor quantidade de energia elétrica convertida em térmica num componente depende apenas de dois fatores: a resistência ôhmica do componente e a intensidade de corrente elétrica que o atravessam. Esses dois fatores são fundamentais para se conhecer a rapidez com que a energia elétrica converte-se em térmica. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 9 Eletrônica Aplicada Em outras palavras, a Potência Elétrica é o trabalho elétrico realizado por um determinado consumidor na unidade de tempo. Sua unidade de medida padrão é o Watt (W). A POTÊNCIA ELÉTRICA É O RESULTADO DA TENSÃO X CORRENTE P = Vx I O Valor da Potência elétrica influencia na quantidade de corrente elétrica que percorre um circuito elétrico. Desta forma podemos utilizar a equação abaixo para encontrar o valor da corrente. I = P/V INSTRUMENTO DE MEDIDA- O WATÍMETRO Energia Elétrica (J): É a potência elétrica consumida por um tempo (kWh). No Sistema Internacional de medidas, a unidade de energia elétrica é o Joule (J). A conta de consumo de eletricidade da sua residência vem nesta unidade, portanto J= kWh (Quilo Watt Hora) Resumo da Lei de Ohm CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 10 Eletrônica Aplicada Tipos de correntes elétricas -Corrente Contínua (CC OU DC) É um tipo de corrente constante, ou seja, não muda de polaridade, de valor, e nem tão pouco de sentido. GRAFICO DA C.C Imagens ilustrativas de dispositivos que fornecem correntes contínuas FONTE C.C AS PILHAS As pilhas são fontes geradoras de tensão usadas, por exemplo, em diversos aparelhos portáteis. Elas são constituídas basicamente por dois tipos de metais mergulhados em um preparado químico. Este preparado químico reage com os metais retirando elétrons de um e levando para o outro. Um dos metais fica com potencial elétrico positivo e o outro fica com potencial elétrico negativo. Entre os dois metais existe, portanto, uma ddp ou tensão elétrica, conforme mostrado na Fig. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 11 Eletrônica Aplicada Pela própria característica de funcionamento das pilhas, um dos metais torna-se positivo e o outro negativo. Cada um dos metais é denominado de pólo. As pilhas dispõem de um pólo positivo e um pólo negativo. Associação de pilhas e baterias Associação serie Numa associação em série, duas pilhas são conectadas de forma que o pólo positivo de uma se ligue ao pólo negativo da outra e os pólos da extremidade estão livres para se conectarem ao circuito. Nesta associação, a ddp é a soma do potencial individual de cada pilha, ou seja, 3.0 V e a corrente total “it” fornecida ao circuito tem valor igual às correntes que saem de cada pilha, nesta associação. Associação paralela Numa associação em paralelo, duas pilhas são conectadas de forma que o pólo positivo de uma se ligue ao pólo positivo da outra e o mesmo acontece com os pólos negativos. E destes pólos saem as pontas que se ligarão ao restante do circuito. Nesta associação, a ddp resultante da associação é igual em valor da ddp individual de cada pilha. A corrente elétrica total “it” fornecida ao circuito é dividida entre as pilhas de forma que somando-se a corrente que cada pilha fornece ao circuito se tem a corrente total consumida pelo circuito. em paralelo. Associação com baterias Associação com pilhas Logo, estas associações possuem características distintas. Numa temos uma soma de potenciais e na outra um potencial constante. Ou seja, se num circuito for necessário um potencial alto, associa-se pilhas em série, e se num circuito for necessário um longo período de funcionamento, associa-se pilhas em paralelo. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 12 Eletrônica Aplicada -Corrente Alternada (CA OU AC) È um tipo de corrente inconstante,ou seja está mudando periodicamente de valor ,de polaridade e de sentido. As usinas geradoras de energia elétrica produzem tensão e corrente elétrica alternada. É este tipo de tensão que encontramos nas tomadas de nossas residências e fábricas. Abaixo temos:o símbolo do gerador A.C e o gráfico da C.A. Dispositivos que fornecem correntes alternadas NOBREAK INVERSOR ALTERNADOR CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS GERADOR 13 Eletrônica Aplicada PROPRIEDADES DA C.A Freqüência É o número de ciclos produzidos por segundo. A freqüência é o inverso do período (T). Período é o tempo necessário para se completar um ciclo, ou seja, é o tempo gasto pelo gerador elétrico para descrever uma volta completa (ciclo). A unidade de freqüência é o hertz (Hz) e a unidade do período é o segundo. F=1/T T=1/F F= freqüência (Hertz) T = Período (Segundo) No Brasil a freqüência é 60 Hertz. O instrumento utilizado para medir a freqüência é o Frequencimetro. AS FIGURAS ABAIXO ILUSTRAM MODELOS DE FREQUÊNCÍMETRO Painel Portátil Bancada O Frequêncimetro é ligado da mesma forma do voltímetro, ou seja, em paralelo. Valores de uma corrente alternada Valor de Pico (Vp): é o valor máximo atingido pela onda senoidal. Vp=Vef x 1.414 Valor de Pico a Pico (Vp-p): corresponde à variação entre o máximo valor positivo e o máximo valor negativo. Vp-p = 2 x Vp Valor Eficaz (Vef): é um valor que corresponde a 70,7% do valor de pico. É essa tensão que o voltímetro indica quando realizamos uma medição. Vef=Vp x 0,707 Valor Médio (Vm) : é um valor que corresponde a 63,7% do valor de pico. Vm = Vp x 0,637 CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 14 Eletrônica Aplicada Múltiplos e Submúltiplos Estas unidades foram criadas para facilitar a interpretação dos valores altos ou baixos das grandezas elétricas, entretanto sem alterar a quantidade das mesmas. Tera T 1012 Se for converter do maior para o menor deve-se multiplicar Giga Mega Kilo Unidade Mili Micro Nano Pico G M K PADRÃO m µ n p 109 106 103 V-A-Ω-W 10−3 10−6 10−9 10−12 Se for converter do menor para o maior deve-se dividir Na regra acima a cada mudança de unidade, multiplicamos ou dividimos por mil conforme a conversão que desejamos realizar. Ex.: para transformamos 1000v para 1KV devemos dividir 1000v por mil e teremos 1kv. Exemplos de equivalências; 1000V=1kV 800mV=0,8V 1000A=1KA 1000W=1KW 13.8KV=13.800V 1KHZ=1000HZ 1800mA=1.8A 800mW=0,8w Multímetro Digital Possui um visor de cristal líquido o qual já indica o valor medido diretamente. Abaixo temos um exemplo deste tipo com as funções indicadas na chave seletora. TENSÃO ALTERNADA TENSÂO CONTÍNUA CONTINUA RESISTÊNCIA ELÉTRICA CORRENTE CONTÍNUA TESTE DE DIODOS CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 15 Eletrônica Aplicada Medidas elétricas com o multímetro digital -Medição de Tensão Contínua DCV Coloque a chave na escala DCV mais próxima acima da tensão a ser medida. Ponha a ponta preta no terra ou qualquer outro ponto com potencial mais baixo(-) e a vermelha no ponto de tensão mais alta(+). A leitura será próxima ao valor indicado. Isto dependerá da precisão mo multímetro. -Medição de Tensão Alternada AC Coloque a chave na escala ACV mais próxima e acima da tensão a ser medida. A maioria dos multímetros digitais só tem duas escalas ACV: até 200 V e até 750 V. Meça a tensão não se importando com a polaridade das pontas. A tensão alternada nos circuitos eletrônicos costuma ser medida na entrada da rede ou nos secundários do transformador de alimentação do mesmo. -Medição de Corrente Elétrica DCV e ACV Para usar o amperímetro, coloque a chave seletora na escala mais próxima e acima da corrente a ser medida. Para isto é necessário saber qual o valor da corrente que passa pelo circuito. Interrompa uma parte do circuito. Coloque a ponta vermelha no ponto mais próximo da linha de +B e a preta no ponto mais próximo do terra,porem no dia a dia do eletricista,a medição de corrente será realizada com um outro tipo de multímetro,chamado de alicate amperímetro. O alicate amperímetro é um multímetro que tem todas as funções de um multímetro comum, mas com algumas vantagens, um exemplo é a medição de corrente alternada e sem a necessidade de abrir o circuito, ou seja, sem a necessidade da corrente passar internamente no instrumento, o que poderia danificá-lo, devido a elevado campo magnético. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 16 Eletrônica Aplicada Mas como isso é possível? È bem simples. O alicate amperímetro possue uma espécie de “garra” que “abraça” o condutor, quando há passagem de uma corrente elétrica num Condutor, ao redor do mesmo é formado um campo magnético. A “garra” nada mais é do que chapas de aço, essas chapas de aço funcionam como um transformador secundário. Que dependendo da intensidade do campo magnético induzido existe um circuito eletrônico que indica de quanto é o valor da intensidade da corrente elétrica, sem a necessidade de abrir o circuito. -Medição de Resistência Elétrica Escolha uma escala do ohmímetro mais próxima acima do valor do resistor a ser medido (200, 2K, 20K, 200K, 2M, 20M se houver). Meça o componente e a leitura deve estar próxima do seu valor. Este teste pode ser feito com bobinas, fusíveis, chaves, etc. Abaixo vemos o teste: Testando a resistência de um chuveiro elétrico. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 17 Eletrônica Aplicada Atenção: antes de realizar este tipo de medição, desconecte o componente do circuito a fim de proteger o multímetro quanto ao recebimento de tensão em suas ponteiras e posteriormente no seu circuito interno. Multímetro Analógico O multímetro analógico é um instrumento que tem a possibilidade de realizar medições não só de tensão, mas também de várias outras grandezas de natureza elétrica. A figura abaixo mostra um tipo de multímetro comum nos laboratórios de eletrônica. Aspecto de um multímetro analógico. O multímetro é o principal instrumento na bancada de quem trabalha com eletrônica e eletricidade. Esta importância é devida a sua simplicidade de operação, transporte e capacidade de possibilitar medições de diversas grandezas elétricas. Medição de tensão continua (VDC ou DCV) Entre as grandezas elétricas que podem ser medidas com o multímetro está a tensão contínua. Tendo em vista que o multímetro é um instrumento múltiplo isto é, pode ser utilizado para diversos tipos de medição, os conhecimentos e procedimentos necessários para o seu uso correto serão apresentados por parte, iniciando-se pela medição de tensão contínua. A figura abaixo mostra o painel de um multímetro ressaltando as partes utilizadas para a medição de tensão contínua. Painel de um multímetro. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 18 Eletrônica Aplicada A função da chave seletora é determinar: Que grandeza elétrica vai ser medida (por exemplo: tensão contínua). Qual o valor máximo que o instrumento pode medir nesta posição (por exemplo 12V). As posições da chave seletora que são destinadas à medição de tensão contínua são identificadas pela abreviatura DC V ou apenas DC. PROCEDIMENTO PARA MEDIÇÃO DE TENSÃO CONTÍNUA Sempre que se utiliza um multímetro para uma medição, deve-se seguir um procedimento padronizado. A correta utilização deste procedimento deve tornar-se um hábito para que o instrumento não seja danificado em uma operação mal executada. Este procedimento está apresentado a seguir: -Quando se conhece aproximadamente o valor que vai ser medido, posicionase a chave seletora para a escala de tensão imediatamente superior ao valor estimado. A chave seletora deve ser sempre posicionada para um valor mais alto que a tensão que será medida. Por exemplo, para medir-se a tensão de uma pilha que tem valor máximo de 1,5V, seleciona-se uma escala de 2,5V ou 3V, ou outras próximo a estas, a depender das escalas de que o instrumento dispuser. Se o valor a ser medido é completamente desconhecido, deve-se procurar uma pessoa que possa fornecer maiores informações (por exemplo o instrutor). Caso contrário, a escolha de uma escala inadequada pode queimar o instrumento. -Após a colocação das ponteiras e a correta seleção da escala, as extremidades livres das pontas de prova são conectadas aos pontos de medição. A ponta de prova vermelha é conectada ao ponto de medida positivo (+) e a preta ao negativo (-). Com a conexão correta das pontas de prova, o ponteiro do instrumento deve mover-se no sentido horário, como ilustrado na figura abaixo: Posição do ponteiro após mover-se no sentido horário. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 19 Eletrônica Aplicada LEITURA DA ESCALA Após a conexão das pontas de prova nos pontos de medição, o ponteiro se move e depois para em uma posição definida. Para realizar a leitura corretamente, o observador deve posicionar-se frontalmente ao painel de escalas. Posicionamento correto do observador. Os multímetros de boa qualidade possuem uma faixa espelhada nas escalas do painel, conforme ilustrado abaixo. Superfície espelhada no painel do multímetro. Ao fazer a leitura, o observador deve posicionar-se de tal forma que o reflexo do ponteiro no espelho não seja visível. Nesta situação, a posição do observador é frontal. O valor da tensão medida é determinado pela posição do ponteiro e pela posição da chave seletora. Em geral, os multímetros têm 5 (cinco) ou mais posições na chave seletora para a medição de tensão DC e apenas 3 (três) escalas no painel de leitura. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 20 Eletrônica Aplicada Neste multímetro, as posições da chave seletora para tensão DC são: 0,3V, 3V, 12V, 60V, 120V, 300V e 600V. O painel apresenta apenas 3 (três) escalas. São elas: 0 a 6, 0 a 120 e 0 a 300. Por esta razão, cada escala do painel é utilizada para mais de uma posição da chave seletora. A escala de 0 a 300 é usada para as posições 3 a 300V da chave seletora, conforme ilustrado . Escala de 0 a 300V que é usada para as posições 3V e 300V da chave seletora. Exemplo 1: Quando a chave seletora indica a posição DCV 300, a leitura é feita na escala de 0 a 300, conforme ilustrado abaixo: Leitura de uma tensão de 150V com a chave seletora posicionada na posição DCV 300 e leitura na escala de 0 a 300V. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 21 Eletrônica Aplicada Exemplo 2: Quando a chave seletora está na posição 3V, faz-se a leitura na escala de 0 a 300 e divide-se o valor lido por 100 (300100 = 3), como ilustrado abaixo: Leitura de uma tensão de 2V com a chave seletora posicionada na posição DCV 3 e leitura na escala de 0 a 300V. A escala de 0 a 120 é utilizada para as posições de 120V e 12V da chave seletora (múltiplos de 12), como mostrado na figura abaixo: Escala de 0 a 120V que é usada para as posições 120V e 12V da chave seletora. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 22 Eletrônica Aplicada Medição de corrente continua (DCA) A utilização do multímetro para medição de corrente deve seguir um procedimento definido, visando à preservação do instrumento e à precisão da medição. CONEXÃO DAS PONTAS DE PROVA Conectam-se as pontas de prova aos bornes - ou comum (ponta de prova preta) e DCV ou + (ponteira vermelha ), como mostrado abaixo: Ponta de Prova Preta Ponta de Prova Vermelha Conexão das pontas de prova preta e vermelha. SELEÇÃO DA ESCALA O posicionamento da chave seletora para uma das escalas de medição de correntes deve ser feita com base em uma estimativa do valor existente no ponto a ser medido. Seleciona-se sempre uma escala com limite superior ao valor estimado. Se o valor a ser medido é completamente desconhecido não se deve realizar a medição. Nas escalas de corrente, um erro de posicionamento da chave seletora provoca danos irreparáveis ao instrumento. CONEXÃO DO MULTÍMETRO AO CIRCUITO O procedimento de conexão do multímetro ao circuito para a medição da intensidade da corrente é o mesmo dos miliamperímetros convencionais. Desliga-se a alimentação. Interrompe-se o circuito. Conecta-se o instrumento, observando as polaridades. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 23 Eletrônica Aplicada A corrente deve entrar no multímetro pela ponta de prova vermelha (sentido convencional da corrente), como mostrado abaixo: Ponta de Prova Vermelha mA Posição correta da ponta de prova vermelha. LEITURA DAS ESCALAS A leitura das escalas de corrente é feita da mesma forma que a leitura de tensão. O valor da corrente é determinado pela posição do ponteiro e pela posição da chave seletora. Exemplo: Quando a chave seletora está na posição DC mA 300, a leitura é feita na escala de 0 a 300, como indicado na Chave seletora na posição DC mA 300. Inicialmente, a interpretação de valores de tensão a partir do multímetro pode parecer difícil. Entretanto, com o uso constante deste instrumento, o procedimento de leitura será automaticamente exercitado e se tornará fácil. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 24 Eletrônica Aplicada CUIDADOS COM O MULTÍMETRO O multímetro é um instrumento utilizado no dia a dia de quem lida com eletrônica e eletricidade. A utilização de alguns procedimentos relativos à segurança, conservação e manejo contribuem para a manutenção do equipamento em boas condições de uso durante muito tempo. Estes procedimentos estão listados a seguir: PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA Mantenha o multímetro sempre longe das extremidades da bancada. O multímetro não deve ser empilhado sobre qualquer objeto ou equipamento. Sempre que o instrumento não estiver em uso, posicione a chave seletora de escala para a posição desligado (OFF). Caso isto não seja possível, posicione a chave seletora para a posição ACV na maior escala. PROCEDIMENTOS DE CONSERVAÇÃO Faça a limpeza do instrumento apenas com pano limpo e seco. PROCEDIMENTOS DE MANUSEIO A chave seletora deve ser posicionada adequadamente para cada tipo de medição. As pontas de prova devem ser introduzidas nos bornes apropriados. A polaridade deve estar sempre sendo observada nas medições de tensão CC. A tensão a ser medida não deve exceder o valor determinado pela chave seletora do instrumento. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 25 Eletrônica Aplicada Resistores Fixos Os Resistores são componentes que têm por finalidade oferecer uma oposição à passagem de corrente elétrica, através de seu material. A essa oposição damos o nome de resistência elétrica, que possui como unidade o ohm. Entretanto é possível também reduzir e dividir a tensão elétrica. Os resistores fixos são comumente especificados por três parâmetros: • O valor nominal da resistência elétrica; • A tolerância, ou seja, a máxima variação em porcentagem do valor nominal; • Máxima potência elétrica dissipada. Exemplo: Tomemos um resistor de 1k . +/- 5% - O,33W, isso significa que possui um valor nominal de 1000 ohms ., uma tolerância sobre esse valor de mais ou menos 5% e pode dissipar uma potência de no máximo 0,33 watts. Dentre os tipos de resistores fixos, destacamos os de: • Fio • Filme de carbono • Filme metálico. Resistor de fio: Consiste basicamente em um tubo cerâmico, que servirá de suporte para enrolarmos um determinado comprimento de fio, de liga especial para obter-se o valor de resistência desejado. Os terminais desse fio são conectados às braçadeiras presas ao tubo. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 26 Eletrônica Aplicada Resistor de filme de Carbono Consiste em um cilindro de porcelana recoberto por um filme (película) de carbono. O valor da resistência é obtido mediante a formação de um sulco, transformando a película em uma fita helicoidal. Esse valor pode variar conforme a espessura do filme ou a largura da fita. Como revestimento, encontramos uma resina protetora sobre a qual será impresso um código de cores, identificando seu valor nominal e tolerância. Os resistores de filme de carbono são destinados ao uso geral e suas dimensões físicas determinam a máxima potência que pode dissipar. Resistor de filme metálico A Sua estrutura é idêntica ao de filme de carbono, somente que, utilizamos uma liga metálica (níquel-cromo) para formarmos a película, obtendo valores mais precisos de resistência com tolerâncias de 1 % e 2%. Código de cores para resistores Os resistores são identificados pelo código de cores por isso o uso de faixas coloridas pintadas em seu corpo. Os resistores de película de carbono apresentam quatro faixas coloridas impressas em seu corpo, sendo que a 1º e 2º faixas indicam o 1º e 2º algarismos, a 3º o número de zeros, que deverá ser acrescido à direita dos dois primeiros algarismos e a 4º faixa indica a sua tolerância. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 27 Eletrônica Aplicada TABELA DE CÓDIGO DE CORES PARA RESISTORES DE 4 FAIXAS TABELA DE CÓDIGO DE CORES PARA RESISTORES DE 5 FAIXAS Cor 1º algarismo Preto Marrom 1 vermelho 2 Laranja 3 Amarelo 4 Verde 5 Azul 6 Violeta 7 Cinza 8 Branco 9 Prata Ouro - 2º algarismo 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 - 3º algarismo 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 - 4º multiplicador X1 x 10 x 100 x 1.000 x 10.000 x 100.000 x 1.000.000 x 0.01 X 0.1 CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS Tolerânci a 1% 2% 0,5% 28 Eletrônica Aplicada RESISTORES COMERCIAIS -Valores inferiores á 1 ohm 0,22---------------- vermelho vermelho prata 0,27---------------- vermelho violeta prata 0,33---------------- laranja laranja prata 0,39---------------- laranja branco prata 0,47---------------- amarelo violeta prata 0,56---------------- verde azul prata 0,68---------------- azul cinza prata 0,82---------------- cinza vermelho prata -Valores de 1 ohm até 8,2 ohms 1---------------- marrom preto dourado 1,2-------------- marrom vermelho dourado 1,5-------------- marrom verde dourado 1,8-------------- marrom cinza dourado 2,2---------------vermelho vermelho dourado 2,7-------------- Vermelho Violeta dourado 3,3-------------- laranja laranja dourado 3,9-------------- laranja branco dourado 4,7-------------- amarelo violeta dourado 5,6-------------- verde azul dourado 6,8-------------- azul cinza dourado 8,2---------------cinza vermelho dourado -Valores de 10 ohms até 82 ohms 10----------------marrom preto preto 12--------------- marrom vermelho preto 15--------------- marrom verde preto 18--------------- marrom cinza preto 22--------------- vermelho vermelho preto 27--------------- vermelho violeta preto 33--------------- laranja laranja preto 39--------------- laranja branco preto 47--------------- amarelo violeta preto 56--------------- verde azul preto 68--------------- azul cinza preto 82--------------- cinza vermelho preto -Valores de 100 ohms até 820 ohms 100-------------- marrom preto marrom 120-------------- Marrom Vermelho Marrom 150-------------- Marrom Verde Marrom 180-------------- Marrom Cinza Marrom 220-------------- Vermelho Vermelho Marrom 270-------------- Vermelho Violeta Marrom 330-------------- Laranja Laranja Marrom 390-------------- Laranja Branco marrom 470-------------- Amarelo Violeta Marrom 560-------------- Verde Azul Marrom 680-------------- Azul Cinza Marrom 820-------------- Cinza Vermelho Marrom CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 29 Eletrônica Aplicada -Valores de 1k ohms até 8,2k ohms 1000 ou 1K------Marrom Preto Vermelho 1200 ou 1K2---- Marrom Vermelho Vermelho 1500 ou 1K5---- Marrom Verde Vermelho 1800 ou 1K8---- Marrom Cinza Vermelho 2200 ou 2K2---- Vermelho Vermelho Vermelho 2700 ou 2K7---- Vermelho Violeta Vermelho 3300 ou 3K3---- Laranja Laranja Vermelho 3900 ou 3K9---- Laranja Branco Vermelho 4700 ou 4K7---- Amarelo Violeta Vermelho 5600 ou 5K6---- Verde Azul Vermelho 6800 ou 6K8---- Azul Cinza Vermelho 8200 ou 8K2---- Cinza Vermelho Vermelho -Valores de 10K até 82k 10000 ou 10K--------------------------Marrom Preto laranja 12000 ou 12K------------------------- Marrom Vermelho Laranja 15000 ou 15K------------------------- Marrom Verde Laranja 18000 ou 18K------------------------- Marrom Cinza Laranja 22000 ou 22K------------------------- Vermelho Vermelho Laranja 27000 ou 27K------------------------- Vermelho Violeta Laranja 33000 ou 33K------------------------- Laranja Laranja Laranja 39000 ou 39K------------------------- Laranja branco Laranja 47000 ou 47K------------------------- Amarelo Violeta Laranja 56000 ou 56K------------------------- Verde Azul Laranja 68000 ou 68K------------------------- Azul Cinza Laranja 82000 ou 82K------------------------- Cinza Vermelho Laranja -Valores de 100K até 820k 100000 ou 100K-----------------------Marrom Preto Amarelo 120000 ou 120K---------------------- Marrom Vermelho Amarelo 150000 ou 150K---------------------- Marrom Verde Amarelo 180000 ou 180K---------------------- Marrom Cinza Amarelo 220000 ou 220K---------------------- Vermelho Vermelho Amarelo 270000 ou 270K---------------------- Vermelho Violeta Amarelo 330000 ou 330K---------------------- Laranja Laranja Amarelo 390000 ou 390K---------------------- Laranja Branco Amarelo 470000 ou 470K---------------------- Amarelo Violeta Amarelo 560000 ou 560K---------------------- Verde Azul Amarelo 680000 ou 680k---------------------- Azul Cinza Amarelo 820000 ou 820K---------------------- Cinza Vermelho Amarelo -Valores de 1M até 8,2M 1000000 ou 1M----------------------- Marrom Preto Verde 1200000 ou 1M2---------------------- Marrom Vermelho Verde 1500000 ou 1M5---------------------- Marrom Verde Verde 1800000 ou 1M8---------------------- Marrom Cinza Verde 2200000 ou 2M2---------------------- Vermelho Vermelho Verde 2700000 ou 2M7---------------------- Vermelho Violeta Verde 3300000 ou 3M3---------------------- Laranja Laranja Verde 3900000 ou 3M9---------------------- Laranja Branco Verde 4700000 ou 4M7---------------------- Amarelo Violeta Verde 5600000 ou 5M6---------------------- Verde Azul Verde 6800000 ou 6M8---------------------- Azul Cinza Verde 8200000 ou 8M2---------------------- Cinza Vermelho Verde -Valores de 10M até 22M 10000000 ou 10M--------------------12000000 ou 12M--------------------15000000 ou 15M--------------------18000000 ou 18M--------------------22000000 ou 22M--------------------- Marrom Preto Azul Marrom Vermelho Azul Marrom Verde Azul Marrom Cinza Azul Vermelho Vermelho Azul CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 30 Eletrônica Aplicada RESISTORES SMD Os componentes para montagem em superfície estão presentes na maioria dos equipamentos de consumo, industriais e embarcados modernos. Dentre as dificuldades que os profissionais de manutenção e reparação encontram está a leitura dos códigos que indicam os valores desses componentes. Em especial, destacamos nesse artigo os resistores. Os resistores para montagem em superfície (SM ou Surface Mounting) da tecnologia SMD (Surface Mounting Devices) possuem um código de 3 ou 4 dígitos na sua configuração mais comum, conforme mostra a figura. Código para resistores SMD Nesse código, os dois primeiros números representam os dois primeiros dígitos da resistência, no caso 33. O terceiro dígito significa o fator de multiplicação ou número de zeros que deve ser acrescentado. No caso 0000. Ficamos então com 330 000 ohms ou 330 k ohms. Para resistências de menos de 10 ohms pode ser usada a letra R tanto, para indicar isso como em lugar da vírgula decimal. Assim, escrevemos 10R para 10 ohms ou 4R7 para 4,7 Ohms. Em certos casos, com resistores na faixa de 10 a 99 ohms podemos ter o uso de apenas dois dígitos para evitar confusões: por exemplo, 33 ou 56 para indicar 33 ohms ou 56 ohms. Também existem casos em que o k (quilo) e M (mega) é usado em lugar da vírgula. No entanto, para as tolerâncias mais estreitas há diversos outros tipos de códigos. Conforme a tabela. Exemplos de códigos de 3 dígitos Exemplos de códigos de 4 dígitos 220 é 22 ohms, e não 220 ohms 331 é 330 ohms 1000 é 100 e não 1000 ohms 4992 é 49 900 ohms, ou 49K9 563 é 56 000 ohms 1623 é 162 000 ohms, ou 162K 105 é 1 000 000 0R56 ou R56 é 0,56 ohms, ou 1 M ohms ohms 6R8 é 6,8 ohms CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 31 Eletrônica Aplicada Circuitos elétricos - associando resistores e lâmpadas -Associação Série O um circuito série constatam-se as seguintes propriedades: a) Todos os componentes são percorridos por corrente de mesma intensidade; b) A soma das tensões sobre todos os componentes deve ser igual à tensão total aplicada; Circuito serie com lâmpadas. c) A resistência total da associação é igual à soma das resistências dos componentes individuais. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 32 Eletrônica Aplicada -Associação Paralela Em um circuito paralelo constatam-se as seguintes propriedades: a) todos os componentes recebem um mesmo valor tensão elétricos; b) a corrente total será dividida entre os componentes do circuito. Desta forma a soma das intensidades de corrente nos componentes individuais deve ser igual à intensidade de corrente total (IT). I1+I2+I3=IT c) a resistência total da associação é resultante do produto (multiplicação) das resistências dividido soma delas (CUIDADO: isso vale só é válido para 2 resistores em paralelo) veja o exemplo abaixo: Formula para dois resistores O valor da resistência equivalente de uma associação de resistores em paralelo é sempre menor que o resistor de menor valor. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 33 Eletrônica Aplicada Associando-se, por exemplo, um resistor de 120 em paralelo com um resistor de 100, a resistência equivalente da associação será, obrigatoriamente menor que 100. Req 1 1 1 1 R1 R2 R3 Formula para dois ou mais resistores Exemplo: Calcular a resistência equivalente da associação paralela dos resistores R1=10, R2 = 25 e R3 = 20. Solução : Req 1 1 1 1 R1 R2 R3 Req 1 1 5,26 1 1 1 0,1 0,04 0,05 10 25 20 O resultado encontrado comprova que a resistência equivalente da associação paralela (5,26) é menor que o resistor de menor valor (10). Formula para resistores de mesmo valor Utilizada para Calcular a resistência equivalente de dois ou mais resistores de mesmo valor Ôhmico. Exemplo: qual o valor da resistência equivalente de três resistores de 120 associados em paralelo. Solução : Req R n CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 34 Eletrônica Aplicada Resistores Ajustáveis e variáveis -Trimpot São resistores cujo valor de resistência pode ser ajustado, dentro de uma faixa pré-definida. Estes resistores são utilizados em circuitos que exigem calibração. ASPECTOS REAIS A constituição física dos resistores ajustáveis não é preparada para suportar trocas de valor freqüentes. Este tipo de componente é utilizado em pontos de um circuito onde o ajuste é feito uma vez e não é mais alterado. ABNT Símbolos dos resistores ajustáveis. Nos esquemas, o valor ôhmico que aparece ao lado do símbolo dos resistores ajustáveis corresponde à resistência entre os terminais extremos (valor máximo). Existem trimpots verticais e horizontais, de forma a permitir uma opção para uma montagem mais adequada a cada aplicação. A figura abaixo mostra trimpots desses dois tipos. Trimpot vertical Trimpot horizontal. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 35 Eletrônica Aplicada -Potenciômetro São resistores com derivação que permite a variação do valor resistivo pelo movimento de um eixo. Os potenciômetros são usados nos equipamentos para permitir a mudança do regime de operação. ASPECTOS REAIS Por exemplo, o potenciômetro de volume permite o aumento ou diminuição do nível de intensidade do som. Já o potenciômetro de brilho permite o controle de luminosidade das imagens. Contato deslizante Cobertura Elemento resistivo (carvão) Eixo rotativo ABNT Terminais extremos Terminal ligado ao contato móvel Símbolos dos potenciômetros. Entre os dois terminais extremos o potenciômetro é um resistor comum. Sobre esse resistor desliza um 30 terminal, chamado de cursor, que permite utilizar apenas uma parte da resistência total do componente (de um extremo até o cursor). A diferença entre os símbolos dos resistores ajustáveis e potenciômetros aparece na ponta do traço diagonal. Os componentes cujo valor está sujeito à modificação constante (potenciômetros usados no controle de volume, por exemplo) são denominados variáveis. Nos seus símbolos aparece uma seta na ponta do traço diagonal. Os componentes cujo valor de resistência é ajustado na calibração e não sofre mais alteração, são chamados de ajustáveis. O resistor ajustável é um exemplo característico desse tipo de componente. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 36 Eletrônica Aplicada Variação da resistência em função da posição do cursor -VARIAÇÃO LINEAR A resposta na variação da resistência é proporcional ao ângulo de rotação do eixo. O gráfico da figura abaixo mostra como a resistência varia com relação à posição do eixo nos potenciômetros lineares. Ângulo de rotação do eixo 320 320 240 160 80 100% 50% Resistência o cursor e o entre de referência extremo Representação gráfica da variação da resistência com a posição do cursor dos potenciômetros lineares. -VARIAÇÃO LOGARÍTMICA Os potenciômetros logarítmicos se comportam de forma diferente, com respeito à relação entre posição do cursor e resistência. Quando se inicia o movimento do cursor, a resistência sofre pequena variação. Na medida em que o cursor vai sendo movimentado, a variação na resistência torna-se cada vez maior. A variação da resistência entre um extremo e o cursor é desproporcional ao movimento do eixo. O gráfico da figura abaixo mostra como a resistência varia com relação à posição do eixo nos potenciômetros logarítmicos. 320 Ângulo de rotação do eixo 320 240 Metade 160 do curso total 80 20% 42% Pequena variação resitiva 100% Resistência entre o cursor e o extremo de referência Representação gráfica da variação da resistência com a posição do cursor dos potenciômetros logarítmicos. Os potenciômetros logarítmicos são usados principalmente em controles de volume. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 37 Eletrônica Aplicada POTENCIÔMETROS COM CHAVE Em algumas ocasiões, utiliza-se o potenciômetro para controle de volume e ligação do aparelho. Para cumprir esta finalidade, são fabricados potenciômetros logarítmicos com uma chave presa ao eixo. A figura abaixo apresenta um potenciômetro logarítmico com chave. Potenciômetros logarítmicos com chave. POTENCIÔMETROS DUPLOS Os potenciômetros duplos são utilizados principalmente em aparelhos de som estereofônicos. Existem modelos de potenciômetros duplos em que um único eixo comanda os dois potenciômetros, e também modelos em que cada potenciômetro tem um eixo próprio. Essas concepções podem ser vistas nas figuras a seguir. POTENCIÔMETROS DESLIZANTES Potenciômetros em que o movimento rotativo do eixo é substituído por um movimento linear do cursor. Potenciômetro deslizante. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 38 Eletrônica Aplicada Aplicação dos resistores ajustáveis e potenciômetros Os resistores ajustáveis e principalmente os potenciômetros são utilizados principalmente para obtenção de divisores de tensão com tensão de saída variável. A tensão de saída dos divisores é estabelecida pela relação entre os resistores que os compõem. Incluindo resistores ajustáveis ou potenciômetro na constituição dos divisores, a tensão de saída torna-se variável em função da resistência com que estes elementos são ajustados. Este tipo de divisor é muito utilizado nos pontos dos circuitos que exigem calibração de ponto de operação. De acordo com a posição do elemento variável, o divisor pode fornecer: Um valor de tensão com limite máximo, mínimo e outro com limite Máximo e mínimo. DIVISOR DE LIMITE COM TENSÃO MÁXIMA Quando o divisor variável é colocado no extremo de referência do divisor, fornece tensões que vão desde 0V até um valor especificado menor que a alimentação. R1 VEntrada P1 Vsaída Divisor de limite com tensão máxima. DIVISOR COM LIMITE DE TENSÃO MÍNIMA Quando o resistor variável é colocado no extremo da tensão de alimentação, o divisor fornece tensões que vão desde um valor mínimo até o valor da tensão de alimentação. P1 V Entrada R1 Vsaída Divisor com limite de tensão mínima. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 39 Eletrônica Aplicada DIVISOR COM LIMITE DE TENSÃO MÁXIMA E MÍNIMA O resistor variável é colocado entre outros resistores fornecendo tensões entre um valor mínimo e máximo maiores que 0V e menores que Vcc. R1 V Entrada P1 R2 Vsaída Exemplo de Aplicação do potenciômetro em um mixer de audio de quatro entradas CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 40 Eletrônica Aplicada Capacitores Os capacitores têm a função de armazenar cargas elétricas, em forma de campo eletrostático. O capacitor é um componente basicamente formado por duas placas metálicas, separadas por um isolante chamado de dielétrico. O material de que é feito o dielétrico (material isolante colocado para separar as placas uma da outra) é quem define o nome do capacitor. Ex: Dielétrico de mica= capacitor de mica; Dielétrico de plástico = capacitor de poliéster. SIMBOLO DO CAPACITOR Características e propriedades dos capacitores Como qualquer componente eletrônico, os capacitores apresentam características elétricas e mecânicas, através dos quais são especificados Abaixo veremos as mais importantes: Capacitância (C) – É a propriedade (capacidade) dos capacitores armazenarem cargas elétricas. A unidade de capacitância é o FARAD, representada pela letra F e se define como a capacitância de reter uma carga de 1 coulomb (1C), quando é aplicada a tensão de 1 volt(1V). Para as medidas usuais dos capacitores, utiliza-se geralmente o seu submúltiplo. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 41 Eletrônica Aplicada Fatores que influenciam na capacitância A) Dimensões das placas – Quanto maior a área das placas maior a capacidade de armazenamento de carga. B) Distância entre as placas – Quanto menor à distância entre as placas, ou seja, quanto menor a espessura do dielétrico maior é a capacidade de armazenamento-Capacitância. C) Material de que é feito o dielétrico – Quanto maior for a rigidez dielétrica do capacitor, maior será a capacitância. Tolerâncias – A capacitância real de um capacitor deve ficar dentro dos limites de tolerância de fabricação, que pode ser tão baixa quanto 5% (capacitores de precisão) ou tão alta quanto 30%, como acontece com os capacitores eletrolíticos. Tensão de Isolação – É a tensão máxima que pode ser aplicada ao capacitor sem que o mesmo seja danificado. Obs. Não se deve submeter um capacitor a uma tensão acima da recomendada pelo fabricante. Sob pena de danificar e até furar o dielétrico e provocar fuga no capacitor. Em caso de substituição de componentes, a isolação do capacitor substituto poderá ser maior que a isolação do capacitor original, nunca poderá ser menor. Tipos dos Capacitores Existem diversos tipos de capacitores, de acordo com o material empregado como dielétrico. Cada dielétrico confere um valor diferente de capacitância, considerando as mesmas dimensões físicas do capacitor. Os dielétricos podem ser sólidos, líquidos ou gasosos, sendo mais comuns os dois primeiros tipos. Exemplos de materiais dielétricos utilizados em capacitores são: cerâmica, poliéster, tântalo, mica, óleo mineral, soluções eletrolíticas etc.Cada tipo de capacitor apresenta suas peculiaridades, vantagens e desvantagens: Formatos em SMD CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 42 Eletrônica Aplicada Cerâmicos: Capacitores pequenos, de baixo custo, adequados para altas frequências. São fabricados com valores de capacitância de picofarads (pF) até 1 microfarad (µF). Sua capacitância pode variar dependendo da tensão aplicada. Poliéster: Muito utilizados para sinais AC de baixa frequência, mas inapropriados para altas frequências. Seu valor típico de capacitância reside na ordem dos nanofarads (nF). Tântalo: Alta capacitância, tamanho reduzido, ótima estabilidade. Existem modelos polarizados e não-polarizados. Possuem maior custo de produção em relação aos capacitores eletrolíticos e tensão máxima de isolamento em torno de 50V. Mica: São inertes, ou seja, não sofrem variação com o tempo e são muito estáveis, porém, de alto custo de produção. Óleo: Possuem alta capacitância e são indicados para aplicações industriais, pois suportam altas correntes e picos de tensão elevados. Possuem tamanho superior em relação a outros tipos de capacitores e seu uso é limitado a baixas frequências. Eletrolíticos: Nome comumente empregado aos capacitores cujo dielétrico é o óxido de alumínio imerso em uma solução eletrolítica. São capacitores polarizados de alto valor de capacitância, muito utilizados em fontes de alimentação. Possuem custo reduzido em relação ao valor da capacitância, porém, proporcionam grandes perdas e seu uso é limitado a baixas freqüências. A maioria dos capacitores não possui polaridade, isto é, não existe terminal positivo ou negativo, podendo ser ligados "de qualquer jeito". Entretanto, muita atenção deve ser dada aos modelos polarizados (cujos principais representantes são os eletrolíticos),Pois os mesmos podem explodir, se ligados de forma invertida. Outro cuidado importante é observar a tensão máxima de isolação, a qual é especificada no próprio componente. Se for aplicada uma tensão maior do que a especificada, o componente será danificado de forma irreversível. Ao escolher um capacitor comercial, deve-se atentar para as seguintes características: tipo de dielétrico, capacitância, tensão máxima de isolamento e tolerância. Esses três últimos valores, geralmente vêm especificados no próprio componente. Em alguns casos, a tolerância é omitida, em outros a tensão máxima de isolamento. Tais valores podem estar escritos de forma explícita ou por meio de códigos universalmente aceitos. Capacitores eletrolíticos sempre trazem os valores de forma explícita, o mesmo não ocorrendo com os demais tipos. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 43 Eletrônica Aplicada Existem dois códigos principais para a identificação de capacitores: um código numérico e outro de cores. Este último, atualmente, é empregado apenas para resistores. O código numérico é composto por três algarismos, seguido, opcionalmente, por uma letra. Esta letra corresponde à tolerância do componente, ou seja, à variação máxima do valor da capacitância especificada pelo fabricante. Da esquerda para a direita, os dois primeiros números correspondem aos dois algarismos do valor da capacitância, enquanto que o terceiro número corresponde ao fator multiplicativo. Tais valores são expressos em picofarads. Os exemplos a seguir servem para ilustrar a forma correta de interpretar o código numérico: Da esquerda para a direita, os valores da capacitância são obtidos da seguinte forma: 154: 15 x 104 = 150.000 pF = 150 nF. 474: 47 x 104 = 470.000 pf = 470 nF. 202: 20 x 102 = 2.000 pf = 2 nF. 225: 22 x 105 = 2.200.000 pf = 2,2 µF. Os dois capacitores da direita ainda possuem especificada a sua tensão de isolamento: 12kV e 250V. Há nos mesmos, também, a especificação da tolerância, por meio das letras M (202M) e K (225K). Logo abaixo encontra-se uma tabela com a relação entre as letras e a tolerância correspondente. Até 10pF B = ±0,10pF C = ±0,25pF D = ±0,50pF F = ±1pF G = ±2pF TOLERÂNCIA Acima de 10pF F = ±1% M = ±20% G = ±2% P = +100% -0% H = ±3% S = +50% -20% J = ±5% Z = +80% - 20% K = ±10% CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 44 Eletrônica Aplicada Por exemplo, os capacitores citados acima, de códigos 202M e 225K, possuem tolerância de 20% e 10% respectivamente. Isto significa que o capacitor de 2.000 pF pode ter seu valor de capacitância entre 1600 e 2400 pF, enquanto que o capacitor de 2,2 µF pode ter seu valor entre 1,98 e 2,42 µF. Capacitores eletrolíticos Os capacitores eletrolíticos são capacitores fixos cujo processo de fabricação permite a obtenção de altos valores de capacitância com pequeno volume. A figura abaixo permite uma comparação entre as dimensões de um capacitor eletrolítico e um não eletrolítico de mesmo valor. + - O símbolo dos capacitores eletrolíticos expressa a polaridade das armaduras. Comparação entre os volumes de um capacitor eletrolítico com um não eletrolítico. O fator que diferencia os capacitores eletrolíticos dos demais capacitores fixos é o dielétrico. Nos capacitores fixos comuns o dielétrico é de papel, mica ou cerâmica. O dielétrico dos capacitores eletrolíticos é um preparado químico chamado de eletrólito que oxida pela aplicação de tensão elétrica, isolando uma armadura da outra. A utilização do eletrólito permite a redução da distância entre as armaduras a valores mínimos, o que possibilita a obtenção de maiores valores de capacitância (desde 1microF até os valores maiores que 200.000microF). O capacitor é selado em um invólucro de alumínio que isola as armaduras e o eletrólito da ação da umidade. Os capacitores eletrolíticos apresentam algumas desvantagens que são decorrentes do seu processo de fabricação. São elas: Polaridade. Alteração de capacitância. Tolerância. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 45 Eletrônica Aplicada POLARIDADE A formação da camada de óxido entre as placas depende da aplicação de tensão nas armaduras com polaridade correta. A ligação com polaridade incorreta sobre as armaduras do capacitor provoca a destruição do eletrólito, permitindo a circulação de corrente entre as armaduras. O capacitor sofre um processo de aquecimento que faz o eletrólito ferver, podendo inclusive provocar uma explosão do componente devido à formação de gases no seu interior. Os capacitores eletrolíticos polarizados são utilizados apenas em circuitos alimentados por corrente contínua. Nos circuitos de corrente alternada a troca de polaridade da tensão danifica o componente. ALTERAÇÃO DE CAPACITÂNCIA O capacitor eletrolítico sofre alteração de capacitância quando não está sendo utilizado. Esta alteração se deve ao fato de que a formação da camada de óxido entre as armaduras depende da aplicação de tensão no capacitor. Quando o capacitor eletrolítico permanece durante um período sem utilização, o dielétrico sofre um processo de degeneração que afeta sensivelmente a sua capacitância. Capacitores eletrolíticos que não estão em uso têm a sua capacitância alterada. Por esta razão, sempre que for necessário utilizar um capacitor que estava estocado durante algum tempo, deve-se conectá-lo a uma fonte de tensão contínua durante alguns minutos para permitir a reconstituição do dielétrico antes de aplicá-lo no circuito. TOLERÂNCIA Os capacitores eletrolíticos estão sujeitos a uma tolerância elevada no valor real, com relação ao valor nominal. Esta tolerância pode atingir valores de 20 a 30% e até mesmo 50% em casos extremos. Existem ainda os capacitores eletrolíticos múltiplos, que consistem em dois, três ou até mesmo quatro capacitores no mesmo invólucro Em geral, nesses capacitores o invólucro externo ou carcaça é comum a todos os capacitores. + + Símbolo dos capacitores eletrolíticos múltiplos. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 46 Eletrônica Aplicada Defeitos dos Capacitores. Como todo e qualquer componente ou dispositivo, os capacitores estão sujeitos a apresentarem falhas, que descreveremos a seguir. Fuga – ocorre quando existe falha no dielétrico permitindo a circulação da corrente entre as placas. Curto Parcial – O curto parcial é a condição em que, ao se medir a resistência ôhmica entre as placas do capacitor, encontramos um valor qualquer diferente de zero. Total - O curto total é a condição em que ao se medir a resistência ôhmica entre as placas do capacitor, encontramos o valor igual a zero. Neste caso teremos uma corrente muito alta entre as placas do capacitor. Aberto – Um capacitor se encontra aberto quando ao medirmos sua resistência ôhmica o valor encontrado é igual a ∞ (infinito).Este defeito poderá ocorrer devido ao desligamento de um dos terminais da placa correspondente. Alterado – Um capacitor apresenta este estado de deficiência quando ao ser medido em um capacímetro a sua capacitância apresenta um valor diferente daquele que vem de fábrica. Como testar os capacitores com o multímetro. Capacitor eletrolítico – Começar com a Menor escala (X1) e medir dois sentidos. Aumente a escala até achar uma que o ponteiro deflexiona e volta. Quanto maior o capacitor, menor é a escala necessária. Este é apenas de carga e descarga do capacitor. Veja a próxima ilustração: Capacitores despolarizados - Em X10K, medir nos dois sentidos. No Maximo o ponteiro dará um pequeno pulso se o capacitor tiver valor médio. Se tiver valor baixo o ponteiro não moverá. O melhor método de testar capacitor é medi-lo com o capacímetro ou troca-lo: CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 47 Eletrônica Aplicada Como testar capacitores como capacímetro. Descarregue o capacitor, tocando um terminal no outro, escolha uma escala mais próxima acima do seu valor ( independente dele ser comum ou eletrolítico ) e coloque nos terminais do capacimetro ( ou nas ponteiras do mesmo se ele tiver ). A leitura deverá ser próxima do valor indicado no corpo. Se a leitura for menor, o capacitor deve ser trocado. Veja este abaixo: No caso dos capacitores eletrolíticos, podemos colocá-los no capacímetro em qualquer posição, conforme pode ser visto na afigura acima. O Capacitor em C.A e C.C O capacitor em corrente contínua comporta-se como uma chave aberta. Permitindo a passagem da corrente elétrica apenas no momento da ligação, que é o período que ele está carregando. Processo de Carregamento e Descarregamento do Capacitor O capacitor em corrente alternada comporta-se como uma chave fechada permitindo a passagem da corrente elétrica constantemente, devido a inversão de polaridade o capacitor se carrega num semiciclo e descarrega-se no semiciclo seguinte. Esse processo de carga e descarga do capacitor em CA é realizado com uma resistência do capacitor a inversão de polaridade a essa resistência dá-se o nome de reatância capacitiva. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 48 Eletrônica Aplicada Reatância Capacitiva É a oposição do capacitor a passagem da corrente alternada (CA). O símbolo que representa a reatância Capacitiva é o (Xc) e é medido em ohms Onde, F – Freqüência (Hz) C – Capacitância (F) Xc – Reatância Capacitiva (ohms) O Dielétrico é submetido a solicitações alternadas, pois variam de sinal rapidamente e sua polarização muda com o mesmo ritmo. Se a freqüência aumenta, o Dielétrico não pode seguir as mudanças com a mesma velocidade com que ocorrem, e a polarização diminui o que acarreta uma redução da capacitância. Com as Tensões Alternadas, produzindo o fenômeno de sucessivas cargas e descargas, verifica-se uma circulação de corrente, embora esta não flua diretamente pelo Dielétrico. Assim, chega-se a uma das principais aplicações dos capacitores: a de separar a Corrente Alternada da Corrente Contínua, quando estas se apresentam simultaneamente. Tensão e corrente num capacitor Em geral: O capacitor comporta-se como um Circuito Aberto em Corrente Contínua e como uma Resistência Elétrica em Corrente Alternada. CONCLUSÃO Submetido ao sinal contínuo (invariável), o capacitor se carrega e a corrente cessa rapidamente (ocorre o "bloqueio"); submetido ao sinal alternado (variável), sempre há corrente no circuito. Associações de Capacitores Assim como fazemos com resistores, os capacitores também podem ser interligados para obtermos um determinado valor de capacitância. Podemos ligar os capacitores em série ou em paralelo, como veremos abaixo: CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 49 Eletrônica Aplicada 1. Associação em série - Os capacitores são ligados no mesmo fio, um após o outro, como podemos ver abaixo: Para calcular a capacitância equivalente do circuito em série, o processo é o mesmo da associação de resistores em paralelo, ou seja, usamos duas regras: A. Valores iguais - Basta dividir o valor de um dos capacitores pela quantidade de peças, como vemos abaixo: B. Valores diferentes - Multiplique o valor dos dois e divida pela soma do valor dos mesmos. Veja abaixo: A regra é a mesma para os capacitores eletrolíticos, mesmo que eles estejam ligados em oposição formando um capacitor não polarizado e qualquer unidade que eles estejam usando, porém a unidade usada para todos os capacitores deve ser a mesma. As tensões de trabalho dos capacitores se somam na associação em série. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 50 Eletrônica Aplicada 2. Associação em paralelo - Os capacitores são ligados aos mesmos pontos, um ao lado do outro, como vemos abaixo: Para calcular a capacitância equivalente deste circuito, basta somar o valor dos capacitores e a tensão de trabalho corresponde à menor de todos os capacitores. Veja abaixo: CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 51 Eletrônica Aplicada Magnetismo O magnetismo é uma forma de energia cuja principal propriedade é atrair outros corpos. Os corpos que possuem o magnetismo são chamados de ímãs. Os imãs podem ser naturais ou artificiais. Ímãs naturais – São compostos de ferro conhecidos como magnetita, encontrados com certa facilidade na natureza. Ímãs artificiais - São ímãs produzidos pelo homem. Existem hoje ímãs artificiais tão poderosos que, trabalhando em conjunto com guindastes, conseguem levantar até carros. Os ímãs também podem ser classificados como temporários ou permanentes. Um ímã é permanente quando as propriedades magnéticas adquiridas pelo corpo são mantidas por toda a sua existência. Por outro lado um ímã é temporário quando as propriedades magnéticas adquiridas pelo corpo são perdidas em pouco tempo. -Imantação ou magnetização É o ato de fazer com que um corpo apresente propriedades magnéticas. Existem vária formas de se imantar um corpo, sendo talvez a mais fácil de todas, imantação por aproximação. Quando aproximarmos um corpo magnético de um ímã, o corpo adquirir propriedades magnéticas, tornando-se, deste modo, um ímã temporário. Uma experiência simples pode ser feita para provar este fenômeno: encoste a ponta de uma chave De fenda em um ímã e depois a aproxime de um parafuso. Você verá que a chave de fenda irá atrair o parafuso. Isso ocorreu por que a chave de fenda foi imantada, ou seja, adquiriu propriedades magnéticas. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 52 Eletrônica Aplicada -Campo magnético É a região ou matéria onde são observadas as propriedades magnéticas. Graficamente, o campo magnético é representado por linhas que nós chamamos de LINHAS DE FORÇA. Um ímã possui extremidades (ou pólos) norte e sul, tendo sido convencionado que as linhas de força saem sempre da extremidade norte e entram na extremidade sul do ímã. Veja na figura a seguir como as linhas de força se difundem em um ímã em forma de barra. Observe como a agulha da bússola indica a direção e o sentido das linhas de força do campo magnético. Isso acontecerá sempre que uma bússola for colocada dentro de um campo magnético. -Atração e repulsão entre imãs Quando aproximamos pólos iguais de dois ímãs, haverá repulsão entre eles. Veja a experiência a seguir, onde um ímã em forma de barra foi colocado sobre dois lápis. Ao aproximarmos do seu pólo sul o pólo sul de outro ímã, observamos que o ímã sobre os lápis começa a se deslocar devido a repulsão que existe entre pólos de mesmo nome. Da mesma forma, se nós aproximarmos os pólos de nomes diferentes de dois ímãs, veremos que haverá uma atração entre eles. A figura a seguir mostra que o pólo sul do ímã sobre o lápis será atraído pelo pólo norte do outro ímã. Isto ocorre porque pólos de nomes diferentes se atraem. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 53 Eletrônica Aplicada COMPORTAMENTO DAS SUBSTÂNCIAS EM RELAÇÃO AO MAGNETISMO Substâncias Ferro magnéticas - São substâncias que se imantam de forma intensa. Como exemplo de substâncias ferromagnéticas pode citar o Ferro, o Cobalto e o Níquel. Substâncias Paramagnéticas - São substâncias que se imantam de forma pouco intensa. Alumínio, Cromo, Estanho e Ar são exemplos de substâncias paramagnéticas. Substâncias Diamagnéticas – São substâncias que enfraquecem o campo magnético ao qual são submetidas. Cobre Zinco, Mercúrio, Chumbo e Água são exemplos de substâncias com esta característica. Eletromagnetismo O que é eletromagnetismo? É a produção de fenômenos magnéticos a partir da corrente elétrica, ou seja, a partir de fenômenos elétricos. Quando um condutor é percorrido por uma corrente elétrica,surgirá ao seu redor um campo magnético oriundo da passagem da corrente elétrica. - E para que serve o eletromagnetismo? O eletromagnetismo serve para produzir energia elétrica a partir do movimento do motor do carro, por exemplo. - E como funciona? Quando ligamos um automóvel o motor vai girar (independentemente de o automóvel estiver se movendo ou não). Existe uma correia que faz o rotor do alternador ou o dínamo girar e através da variação do fluxo eletromagnético (que pode ser feito ao movimentarmos um ímã próximo a uma bobina), vai aparecer uma tensão, que chamaremos de tensão induzida. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 54 Eletrônica Aplicada - Mas o que é um dínamo e um alternador? Dínamo: gerador de tensão continua; Alternador: gerador de tensão alternada. - Onde é utilizado esse tal de eletromagnetismo? Toda energia elétrica que chega a nossa residência é produzida a partir do eletromagnetismo. Deu para sentir a importância do eletromagnetismo. -Campo magnético em espiras (Bobina ou indutor) Um indutor é um componente eletrônico muito simples, constituído por uma bobina de material condutor, por exemplo, fio de cobre. Entretanto, podese fazer algumas coisas bem interessantes devido às propriedades magnéticas de indutor (bobina). Pode ser criado, um tipo de imã utilizando-se desta propriedade magnética da bobina, O componente criado chama-se eletroímã. Devido ao fato de que o campo magnético ao redor de um fio é circular e perpendicular a ele, uma maneira fácil de amplificar esse campo magnético é enrolar o fio como uma bobina, como mostrado abaixo: Campo magnético de uma volta Por exemplo, se você enrolar o seu fio ao redor de um prego 10 vezes (10 espiras), conectar o fio à pilha e trazer uma extremidade do prego perto da bússola, você vai descobrir que ele exerce um efeito muito maior sobre a bússola. Na verdade, o prego se comporta da mesma maneira que um ímã em barra. Um eletroímã simples No entanto, o ímã existe somente quando houver corrente fluindo da pilha. Você acabou de criar um eletroímã e vai descobrir que este ímã tem a capacidade de içar pequenos objetos de aço como clipes de papel, grampos e tachinhas. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 55 Eletrônica Aplicada O que acontecerá se as espiras forem aproximadas umas das outras? Isso mesmo, será formado um único campo magnético, com as linhas de força passando por dentro das espiras e retornando por fora. Observe na figura a seguir a semelhança deste campo magnético com o campo magnético de um ímã em forma de barra. - Mas o que é uma bobina? Uma bobina nada mais é do que muitos metros de fio enrolado num núcleo (local que serve como base para enrolar os fios, que pode ser uma barra de ferro, por exemplo), cada volta desse fio nós chamamos de espira e um conjunto de espiras forma uma bobina. SÍMBOLO DO INDUTOR Como já foi dito anteriormente, o indutor é um solenóide ou bobina que foi projetado para fazer uso de sua indutância. Os indutores encontrados no mercado normalmente são especificados em mili Henry (mH) ou micro Henry (μH). Sua utilização é bastante ampla em circuitos elétricos e também eletrônicos, principalmente aqueles usados em telecomunicações. Vejamos algumas características das bobinas: -Indutância É uma propriedade que caracteriza o fato de uma bobina induzir em si uma tensão sempre contrária à tensão aplicada na mesma. Essa tensão contrária é conhecida como força contra eletromotriz (fcem). Se a corrente elétrica varia de intensidade, o campo magnético em torno do condutor também varia. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 56 Eletrônica Aplicada Como o condutor está submetido ao Campo magnético variável (devido a variação da corrente elétrica que o percorre) aparecerá em seus terminais uma tensão induzida. É importante ressaltar que a indutância só e manifesta se a corrente que passa pelo condutor varia. Isso significa que quando a corrente que passa pelo condutor é contínua e constante, a indutância não se manifesta. A tensão induzida em um condutor percorrido por uma corrente elétrica é uma resposta oferecida por ele as variações de intensidade de corrente elétrica, devido a sua característica em se opor a tais variações. É por isso que a indutância só se manifesta quando a corrente varia. A indutância é uma grandeza física e como toda grandeza física tem um símbolo e uma unidade de medida. O símbolo da indutância é o L e a unidade de medida é o Henry representado pela letra H. Mas, o Henry é uma grandeza muito grande sendo mais comum a utilização de seus submúltiplos, como o mH e micro H. Quando passa corrente elétrica no fio da bobina, ela produz um campo magnético (igual ao de um ímã). Se a corrente for alternada, o campo produzido também será alternado e induzirá outra tensão na bobina. Esta tensão fica em oposição à tensão aplicada. Desta forma as bobinas dificultam a passagem da corrente alternada num circuito. Essa dificuldade dá-se o nome de Reatância Indutiva, que o contrário da reatância capacitiva. Obs: Só vai haver indutância quando houver um fluxo de campo magnético variável, ou seja, com tensão continua pulsante ou alternada. Fatores que influenciam na indutância A indutância depende de vários fatores entre os quais destacamos: Número de espiras; Espaçamento entre as espiras; Secção do fio; Secção do núcleo; Tipo de enrolamento. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 57 Eletrônica Aplicada Reatância Indutiva É a oposição do indutor a passagem da corrente alternada (CA). O símbolo que representa a reatância indutiva é o (XL) e é medido em ohms. XL = Reatância capacitiva f = Freqüência L = Indutância π = 3,14 XL=2. π .F.L -FORÇA ELETROMOTRIZ INDUZIDA (FEM) Sempre que um condutor se movimentar dentro de um campo magnético, aparecerá em seus terminais uma DDP. Esta DDP é chamada de FORÇA ELETROMOTRIZ INDUZIDA e o fenômeno em questão é chamado de INDUÇÃO ELETROMAGNÉTICA. O mesmo acontecerá se o condutor se mantiver em repouso dentro de um campo magnético variável. Uma DDP também aparecerá nos terminais de um condutor em repouso se um ímã for aproximado e afastado do mesmo. Destas três situações nós podemos concluir que: para que apareça uma DDP nos terminais de um condutor, tem de haver um movimento relativo entre o condutor e o campo magnético, ou seja, as diversas linhas de força do campo magnético têm de atravessar o condutor. O que ocorre dentro do condutor que resulte na DDP? É de nosso conhecimento que os elétrons são pequeníssimos ímãs e que os mesmos, estando livres, movimentam-se aleatoriamente dentro do condutor. Ao ser atravessado pelas linhas de força do campo, os elétrons livres são obrigados a se deslocar para uma das extremidades do condutor. A extremidade do condutor para onde os elétrons se deslocam será a polaridade negativa da DDP, a outra extremidade do condutor será a positiva. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 58 Eletrônica Aplicada -INDUTÂNCIA MÚTUA Suponha que dois condutores sejam colocados lado a lado e uma corrente variável é feita passar por um deles. Se as linhas de força do campo magnético produzido pela corrente corta o outro condutor, aparecerá nele uma fem. O mesmo acontecerá se, ao invés de condutores, forem dois indutores colocados lado a lado. Este fenômeno é conhecido como indutância mútua. Este é o princípio de funcionamento de um dispositivo chamado transformador, de grande aplicação em circuitos elétricos e eletrônicos. Associação de indutores Assim como os resistores e capacitores, os indutores podem ser associados obtendo assim indutâncias equivalentes. As associações podem ser série e paralelo. ASSOCIAÇÃO SÉRIE ASSOCIAÇÃO EM PARALELO TESTE DE BOBINAS (INDUTORES) Em X1, medir os terminais da bobina e o ponteiro deve mexer. Se não mexer, a bobina está aberta (interrompida). Veja abaixo o estado das bobinas testadas: CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 59 Eletrônica Aplicada Transformadores Os transformadores são componentes capazes de aumentar ou diminuir uma tensão e uma corrente através do eletromagnetismo que flui por suas espiras quando energizadas. O transformador é um dispositivo que permite elevar ou abaixar os valores de tensão ou corrente em um circuito de CA. Todo o fluxo magnético é conduzido pelo núcleo. A aplicação de uma corrente variável com o tempo em uma das bobinas gera um fluxo magnético que, por sua vez, induz uma tensão na outra conforme lei de Faraday. A bobina que recebe a corrente é denominada bobina ou enrolamento primário. Na bobina ou enrolamento secundário, está presente a tensão induzida. Os Transformadores práticos costumam ter apenas um enrolamento primário, mas podem ter mais de um secundário. Relação do transformador Quando aplicamos uma tensão alternada na bobina de entrada, denominada “primário”, induzirá uma tensão no secundário, cujo valor dependerá da relação entre o número de espiras das duas bobinas e do valor da tensão aplicada ao Primário. Assim, se a bobina de saída tiver o dobro do número de espiras da entrada, a tensão de saída será dobrada, Da mesma forma, se tiver metade do número de espiras, a tensão será reduzida à metade. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 60 Eletrônica Aplicada Transformadores- Simbologias Transformador com núcleo de ar Transformador com núcleo de ferrito Transformador com núcleo de ferro Tipos de transformador quanto à relação de transformação Quanto à relação de transformação os transformadores podem ser classificados em três grupos: Transformador elevador Denomina-se transformador elevador todo o transformador com uma relação de transformação maior que 1 (NS > NP). Devido ao fato de que o número de espiras do secundário é maior que do primário a tensão do secundário será maior que a do primário ( NS>NP ,logo VS>VP). CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 61 Eletrônica Aplicada Transformador abaixador É todo o transformador com relação de transformação menor que 1 (NS<NP). Neste tipo de transformadores a tensão no secundário é menor que no primário (NS<NP, logo VS<VP). Transformador Isolador Denomina-se de isolador o transformador que tem uma relação de transformação 1 (NS = NP). Como o número de espiras do primário e secundário é igual, a tensão no secundário é igual a tensão no primário(NS=NP logo VS=VP) Este tipo de transformador é utilizado para isolar eletricamente um aparelho da rede elétrica. Os transformadores isoladores são muito utilizados em laboratórios de eletrônica para que a tensão presente nas bancadas seja eletricamente isolada da rede. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 62 Eletrônica Aplicada Transformadores com múltiplos terminais Estes transformadores poderão operar com tensão em 110/220v e dependendo do tipo, podem também fornecer dois ou mais valores de tensão no secundário. Secundário com duplo enrolamento Transformador com center tapy CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 63 Eletrônica Aplicada O Relé eletromagnético Os relés são componentes eletromecânicos capazes de controlar circuitos externos de grandes correntes a partir de pequenas correntes ou tensões, ou seja, acionando um relé com uma pilha podemos controlar um motor que esteja ligado em 110 ou 220 volts, por exemplo. Sem carcaça. As figuras abaixo ilustram alguns modelos de relés O funcionamento dos relés é bem simples: quando uma corrente circula pela bobina, esta cria um campo magnético que atrai um ou uma série de contatos, fechando ou abrindo circuitos. Ao cessar a corrente da bobina o campo magnético também cessa, fazendo com que os contatos voltem para a posição original. Os relés podem ter diversas configurações quanto aos seus contatos: podem ter contatos NA, NF ou ambos, neste caso com um contato comum ou central (C). Os contatos NA (normalmente aberto) são os que estão abertos enquanto a bobina não está energizada e que fecham, quando a bobina recebe corrente. Os NF (normalmente fechado) abrem-se quando a bobina recebe corrente, ao contrário dos NA. O contato central ou C é o comum, ou seja, quando o contato NA fecha é com o C que se estabelece à condução e o contrário com o NF. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 64 Eletrônica Aplicada Especificações elétricas do relé. Devem ser observadas as limitações dos relés quanto a tensão nominal da bobina à corrente máxima dos contatos e tensão máxima admitida entre os terminais. Se não forem observados estes fatores a vida útil do relé estará comprometida, ou até a do circuito controlado. O Reed switch São relés magnéticos, mais o seu formato é muito diferente do relé eletromagnético. Os contatos estão situados no interior de uma ampola de vidro, com o qual se consegue uma proteção muito eficaz contra qualquer tipo de sujeira e umidade. As laminas são basicamente de uma liga de ferro, ao aproximar um campo magnético da ampola, provocará o fechamento entre elas, permitindo assim, a passagem de corrente elétrica. Os Reed`s switch operam com corrente muito baixa (mA). CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 65 Eletrônica Aplicada O Diodo semicondutor O diodo semicondutor é um componente que pode comportar-se como condutor ou isolante elétrico, dependendo da forma como a tensão é aplicada aos seus terminais. Essa característica permite que o diodo semicondutor possa ser utilizado em diversas aplicações, como, por exemplo, na transformação de corrente alternada em corrente contínua. FORMAÇÃO DO DIODO - JUNÇÃO pn Um diodo semicondutor é formado a partir da junção entre um semicondutor tipo p e um semicondutor tipo n. Existem vários processos que permitem a fabricação desse tipo de estrutura e que utilizam técnicas altamente sofisticadas para o controle de crescimento dos cristais semicondutores com os graus de dopagens desejados. A estrutura formada recebe a denominação de junção pn. Diodo semicondutor. Logo após a formação da junção pn, alguns elétrons livres se difundem do semicondutor tipo n para o semicondutor tipo p. O mesmo processo ocorre com algumas lacunas existentes no semicondutor tipo p que difundem para o semicondutor tipo n. Difusão de elétrons e lacunas logo após a formação da junção pn. Durante o processo de difusão, partes dos elétrons livres se recombinam com lacunas na região próxima à junção. Imediatamente após a formação da junção pn, aparece uma barreira de potencial que é positiva do lado n e negativa do lado p da junção. A tensão VB proporcionada pela barreira de potencial no interior do diodo, depende do material utilizado na sua fabricação. Valores aproximados para os diodos de germânio e silício são VB = 0,3 V e VB = 0,7 V, respectivamente. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 66 Eletrônica Aplicada ASPECTO E REPRESENTAÇÃO DO DIODO p n O diodo semicondutor é representado em diagramas de circuitos eletrônicos pelo símbolo ilustrado na figura acima. O terminal da seta representa o material p, denominado de ânodo do diodo, enquanto o terminal da barra representa o material n, denominado de cátodo do diodo. A identificação dos terminais do componente real pode aparecer na forma de um símbolo impresso sobre o corpo do componente ou alternativamente, o cátodo do diodo pode ser identificado através de um anel impresso na superfície do componente. Aspectos reais Formatos em SMD configuração interna APLICAÇÃO DE TENSÃO SOBRE O DIODO A aplicação de tensão sobre o diodo estabelece a forma como o componente se comporta eletricamente. A tensão pode ser aplicada ao diodo pela polarização direta ou pela polarização inversa do componente, conforme examinado a seguir. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 67 Eletrônica Aplicada POLARIZAÇÃO DIRETA Polarização direta é uma condição que ocorre quando o lado p é submetido a um potencial positivo relativo ao lado n do diodo. Nessa situação, o pólo positivo da fonte repele as lacunas do material p em direção ao pólo negativo, enquanto os elétrons livres do lado n são repelidos do pólo negativo em direção ao pólo positivo. Quando o diodo é polarizado diretamente sob a condição V > VB, diz-se então que o diodo está em condução. POLARIZAÇÃO INVERSA A polarização inversa de um diodo ocorre quando o lado n fica submetido a um potencial positivo relativo ao lado p do componente. Nessa situação, os pólos da fonte externa atraem os portadores livres majoritários em cada lado da junção; ou seja, elétrons do lado n e lacunas do lado p são afastados das proximidades da junção. Quando o diodo está sob polarização inversa, impedindo o fluxo de corrente através de seus terminais, diz-se que o diodo está em bloqueio ou na condição de corte. Circuitos equivalentes para o diodo CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 68 Eletrônica Aplicada Diodo em condução Com respeito às características de condução do diodo semicondutor, deve-se levar em conta que o diodo entra em condução efetiva apenas a partir do momento em que a tensão da fonte externa atinge um valor ligeiramente superior ao valor VB da barreira de potencial. Deve-se também considerar a existência de uma resistência elétrica através da junção quando o diodo está sob polarização direta. Essa resistência existe em qualquer semicondutor, devido a colisões dos portadores com a rede cristalina do material. O valor da resistência interna dos diodos em estado de condução é normalmente inferior a 1ohm. Assim, um modelo mais aprimorado para o circuito equivalente do diodo em condução pode ser obtido pela associação série de um resistor Rc, representativo da resistência direta de condução, com uma fonte de tensão VB correspondente ao valor da barreira de potencial na junção. Diodo em bloqueio O diodo em bloqueio pode, portanto, ser modelado a partir do circuito equivalente. CURVA CARACTERÍSTICA DO DIODO A curva característica do diodo serve para determinar seu comportamento real qualquer que seja o seu estado de polarização, conforme examinado a seguir. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 69 Eletrônica Aplicada Região de condução Através da curva verifica-se também que, enquanto a tensão sobre o diodo não ultrapassa um valor limite, que corresponde ao potencial da barreira VB, a corrente através do diodo permanece muito pequena. Essa condição está indicada na Fig. A seguir, para um tipo de diodo de silício, onde Id < 6 mA para Vd < 0,7 V. A partir do valor limite VB = 0,7 V, a corrente através do diodo pode aumentar substancialmente sem que isso cause um aumento significativo na queda de tensão através do diodo. Verificase, portanto, que na faixa de valores Vd > 0,7 V, o diodo comporta-se praticamente como um resistor de baixíssima resistência. Id(mA) 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 6 0 0 0,2 0,4 0,6 Vd(V) 0,8 1 0,7 Curva característica para um tipo comum de diodo de silício. Região de bloqueio Como discutido anteriormente, existe uma corrente de fuga quando o diodo é inversamente polarizado. Essa corrente de fuga aumenta gradativamente com o aumento da tensão inversa nos terminais do diodo. I d(mA) 150 100 50 V d(V) 0 -1 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 -50 Id(A) -100 Curva característica de um diodo de silício com escala vertical dupla para detalhar os regimes de polarização direta e inversa. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 70 Eletrônica Aplicada LIMITES DE OPERAÇÃO DO DIODO Os limites de operação do diodo em cc estabelecem os valores máximos de tensão e corrente que podem ser aplicados ao componente em circuitos de corrente contínua, sem provocar danos a sua estrutura. Analisando o comportamento do diodo no regime de condução, verificase que a corrente de condução é o fator diretamente influenciado pelo circuito de alimentação do diodo. A queda de tensão nos terminais do diodo no regime de condução é praticamente independente do circuito, mantendo-se em um valor próximo ao valor do potencial da barreira do dispositivo, ou seja, 0,7 V para o silício e 0,3 V para o germânio. Dessa forma, os limites de operação do diodo são definidos pela corrente de condução máxima e tensão inversa máxima descritas a seguir. Corrente de condução máxima A corrente máxima de condução de um diodo é fornecida pelo fabricante em um folheto de especificações técnicas. Nesses folhetos, a corrente máxima de condução aparece designada pela sigla IF, com a abreviação F simbolizando a palavra inglesa forward que significa para a frente, direto(a) etc. Na Tabela 2 são especificados valores de IF para dois tipos comerciais de diodos. Tabela 2 Valores de IF para dois diodos. TIPO IF SKE 1/12 1,0 A 1n4004 1,0 A Tensão inversa máxima Sob polarização inversa, o diodo opera no regime de bloqueio. Nessa condição, praticamente toda tensão externamente aplicada atua diretamente entre os terminais do diodo, conforme ilustrado na Fig. Abaixo. Circuito alimentando diodo sob polarização inversa. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 71 Eletrônica Aplicada Cada diodo tem a estrutura preparada para suportar um determinado valor máximo da tensão inversa. A aplicação de um valor de tensão inversa superior àquele especificado pelo fabricante, provoca um aumento significativo da corrente de fuga suficiente para danificar o componente. Os fabricantes de diodos fornecem nos folhetos de especificação o valor da tensão inversa máxima que o diodo suporta sem sofrer ruptura. Esse valor é designado por VR. Na Tabela estão listadas as especificações de alguns diodos comerciais com os respectivos valores do parâmetro VR. Tabela: Especificações de diodos e tensões inversas máximas correspondentes. VR TIPO 1N4001 BY127 BYX13 SKE1/12 50 V 800 V 50 V 1.200 V TESTE DE DIODOS SEMICONDUTORES As condições de funcionamento de um diodo podem ser verificadas pela medição da resistência através de um multímetro. Os testes realizados para determinar as condições de um diodo resumem-se a uma verificação da resistência do componente nos sentidos de condução e bloqueio, utilizando a tensão fornecida pelas baterias do ohmímetro. Entretanto, existe um aspecto importante com relação ao multímetro que deve ser considerado ao se testarem componentes semicondutores: Os multímetros analógicos que, quando usados como ohmímetros, têm polaridade real invertida com relação à polaridade indicada pelas cores das pontas de prova. Isso implica que, para estes multímetros: Ponta de prova preta---------------Terminal positivo Ponta de prova vermelha----------Terminal negativo CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 72 Eletrônica Aplicada EXECUÇÃO DO TESTE Para o teste de condução (polarização direta) deve-se selecionar x1 e x10k para o teste de bloqueio (polarização inversa) A seguir são descritos possíveis testes de diodos que podem ser realizados com o multímetro. Diodo em boas condições: O ohmímetro deve indicar baixa resistência para um sentido de polarização e alta resistência ao se inverterem as pontas de prova nos terminais do diodo. Diodo em curto: Se as duas leituras indicarem baixa resistência, o diodo está em curto, conduzindo corrente elétrica nos dois sentidos. Diodo aberto (interrompido eletricamente): Se as duas leituras indicarem alta resistência o diodo está em aberto, bloqueando a passagem de corrente elétrica nos dois sentidos. Selecionar x1 Selecionar x10k Neste exemplo, o diodo está em boas condições. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 73 Eletrônica Aplicada Circuitos retificadores Os diodos como já foi visto anteriormente possuem propriedades retificadoras. Mas na verdade o que é que isso significa? Isso quer dizer que eles só deixam a corrente fluir em um único sentido, sendo o contrário impossível. Essa propriedade dos diodos é largamente utilizada nos retificadores. Os Retificadores são artifícios utilizados na eletrônica para transformar a corrente alternada em corrente contínua. Isso pode se dar de diversas maneiras. Seja através de retificadores de meia onda ou de onda completa. Os retificadores de onda completa dividem-se em dois tipos: Os que precisam de tomada central no transformador e os que não necessitam. Retificadores de Meia Onda Partindo de um transformador simples, basta acrescentar-lhe um diodo para retificar a corrente em meia onda, onde só os semiciclos positivos são aproveitados e transformados em uma corrente constante (contínua): Retificadores de Meia Onda - negativo Se a posição do diodo for invertida, conforme ilustrado na próxima figura, a tensão na carga simplesmente muda de sinal. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 74 Eletrônica Aplicada Na retificação de meia onda alternam-se os períodos de existência e inexistência de tensão sobre a carga. Conseqüentemente, o valor medido de tensão cc média sobre a carga é muito inferior ao valor efetivo ca que seria medido na entrada do circuito. Tensão na carga e valor médio cc. A tensão média Vcc medida na carga , pode ser calculada pela expressão Vcc Vmáx VB onde: Vcc = Tensão contínua média sobre a carga. Vmáx = Valor máximo da tensão de entrada. VB= Queda de tensão no diodo durante o regime de condução, que equivale aproximadamente ao valor do potencial de barreira. INCONVENIENTES DA RETIFICAÇÃO DE MEIA ONDA A retificação de meia onda apresenta alguns inconvenientes decorrentes do princípio de funcionamento, conforme sumarizado a seguir. Variação na tensão de saída A tensão de saída é pulsante, variando, portanto, de forma significativa e diferindo sensivelmente de uma tensão contínua pura. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 75 Eletrônica Aplicada Baixo rendimento O rendimento, definido pelo percentual da tensão contínua na saída relativo a uma dada tensão ca de entrada, é de apenas 45%. Sub utilização da capacidade do transformador. Nas retificações empregando um transformador na entrada, existe um mau aproveitamento da capacidade de transformação pois a corrente circula em apenas um semiciclo. FONTE DE ALIMENTAÇÃO DE MEIA ONDA O circuito retificador de meia onda pode ser utilizado como fonte de alimentação para um circuito eletrônico. Para que se tenha uma fonte de alimentação completa, devem-se acrescentar ao circuito retificador os seguintes componentes: Uma chave liga-desliga. Um fusível de proteção. Uma chave seletora 110/220V. O diagrama de circuito de uma fonte de alimentação utilizando esses componentes básicos é ilustrado na Fig.seguinte, onde se pode observar a possibilidade de operação tanto em 220 quanto em 110 V na entrada. Diagrama elétrico da fonte aspecto real da fonte Retificador de Onda Completa (trafo com tomada central) Outro método usado para retificar uma corrente alternada é através de um transformador que possua tomada central. Esses transformadores são facilmente encontrados atualmente. Neles estão geralmente gravados "12 V + 12 V", por exemplo, o que indica a tensão e o que não quer dizer que ele seja equivalente a um de 24 V. Para realizar a retificação, basta colocar um diodo em cada um dos terminais e reservar o terminal central para o negativo: CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 76 Eletrônica Aplicada FUNCIONAMENTO O princípio de funcionamento do circuito retificador de onda completa com derivação central pode ser compreendido analisando-se a operação do circuito por semiciclos da tensão de entrada, conforme exposto a seguir. Primeiro tempo Estabelecendo-se a referência de potencial no primário e secundário do transformador, conforme indicado na Fig.seguinte verifica-se, que durante o semiciclo negativo da tensão de entrada, o ânodo do diodo D1 fica submetido a um potencial positivo, ao passo que o ânodo do diodo D2 fica submetido a um potencial negativo. Dessa forma, o diodo D1 entra no estado de condução enquanto o diodo D2 entra em bloqueio. Segundo tempo Como pode ser observado anteriormente, a condição de condução de D1 permite a circulação de corrente através da carga do terminal positivo para o terminal de referência. Nessas condições, a tensão existente no primário é transferida, com uma inversão de sinal, diretamente para a carga Durante o semiciclo positivo, ocorre a inversão de polaridade no secundário do transformador, conforme ilustrado na próxima Figura. Conseqüentemente, o diodo D1 torna-se inversamente polarizado entrando em bloqueio. O estado de polarização direta nesse caso ocorre no diodo D2, que entra no regime de condução. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 77 Eletrônica Aplicada A corrente agora circula pela carga, através do diodo D2 que está em condução. O fluxo de corrente mantém-se no mesmo sentido daquele obtido durante o semiciclo negativo, e a tensão no primário é transferida diretamente para a carga, Analisando-se, portanto, um ciclo completo da tensão de entrada, verifica-se que o circuito retificador transfere para a carga dois semiciclos de tensão positiva com relação à referência de potencial, lembrando que os diodos conduzem isoladamente em cada semiciclo. Resposta do retificador durante um ciclo completo na entrada. Como a tensão de saída é formada de pulsos idênticos de tensão,a tensão cc que seria medida na carga pode ser obtida determinando-se o valor médio da tensão de saída em apenas um semiciclo da tensão de entrada. Tensão na saída do retificador. Uma vez que a média pode ser calculada em um único semiciclo, o valor a ser obtido deve corresponder ao dobro daquele determinado no caso do retificador de meia onda. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 78 Eletrônica Aplicada Dessa forma, e com base nos resultados obtidos para o retificador de meia onda, a tensão Vcc medida na carga é dada por VB V Vcc 2 máx O rendimento da retificação de onda completa com derivação central é o dobro daquele obtido na retificação de meia onda. Se as posições dos diodos forem invertidas, conforme ilustrado na próxima figura, a tensão na carga simplesmente muda de sinal. Retificador de Onda Completa Com o mesmo transformador do exemplo anterior é possível fazer um retificador de onda completa. Sua vantagem é que ele conduz os semiciclos positivos e os negativos, de um modo que haja uma tensão contínua positiva durante os dois semiciclos. Durante cada semiciclo, sempre dois diodos estão em condução e dois em corte: CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 79 Eletrônica Aplicada FUNCIONAMENTO Primeiro tempo Considerando o semiciclo de tensão positiva na entrada do circuito ilustrado abaixo: Retificador em ponte durante o semiciclo positivo. Tabela Polarizações e regimes de operação dos diodos durante o semiciclo positivo da tensão de entrada. Diodo Polarização D1 ânodo positivo em relação ao cátodo cátodo positivo em relação ao ânodo cátodo negativo em relação ao ânodo ânodo negativo em relação ao cátodo D2 D3 D4 CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS Regime de operação condução bloqueio condução bloqueio 80 Eletrônica Aplicada Considerando a tabela Circuito equivalente do retificador em ponte durante o semiciclo positivo. Simplificação do circuito Segundo tempo Durante o semiciclo negativo, ocorre a inversão de polaridade nos terminais de entrada do circuito, os regimes de operação dos diodos são modificados conforme listado na próxima tabela. Retificador em ponte durante o semiciclo negativo. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 81 Eletrônica Aplicada Tabela Polarizações e regimes de operação dos diodos durante o semiciclo negativo da tensão de entrada. Diodo Polarização D1 ânodo negativo em relação ao cátodo cátodo negativo em relação ao ânodo cátodo positivo em relação ao ânodo ânodo positivo em relação ao cátodo D2 D3 D4 Regime de operação bloqueio condução bloqueio condução Com base na Tabela acima Circuito equivalente para a ponte retificadora durante o semiciclo negativo. O circuito equivalente com as chaves em aberto removidas é mostrado na próxima figura, Um exame do circuito indica que a tensão de entrada é transferida, com uma inversão de sinal, para a carga. Como a tensão de entrada é negativa, aquela na carga permanece positiva, completando, assim, o processo de retificação. Circuito equivalente resultante do retificador em ponte semiciclo negativo. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS durante o 82 Eletrônica Aplicada A próxima figura ilustra como a corrente flui no circuito durante o semiciclo negativo da tensão de entrada, onde se pode verificar que o fluxo de corrente se dá no mesmo sentido daquele obtido durante o semiciclo positivo. Fluxo de corrente na ponte retificadora durante o semiciclo negativo da tensão de entrada. A ponte retificadora é muitas vezes representada nos esquemas elétricos pelo símbolo mostrado ao lado, com a barra e a seta do símbolo do diodo indicando os terminais positivo e negativo, respectivamente. Os outros dois terminais representam os pontos de conexão da tensão de entrada. TENSÃO SAÍDA A ponte fornece na saída o mesmo tipo de forma de onda que aquela obtida no processo de retificação com derivação central. Na retificação em ponte, no entanto, há uma alteração no valor de pico da tensão na carga, devido à existência de dois diodos em regime de condução durante cada semiciclo da tensão de entrada. Conseqüentemente, a tensão de pico na carga Fig.21 Representação é diminuída de uma quantidade correspondente ao dobro da queda de tensão da ponte VB através de cada diodo, conforme a próxima ilustração. retificadora. Parâmetros definindo as tensões de entrada e saída no retificador em ponte. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 83 Eletrônica Aplicada A partir dessas considerações, pode-se concluir que a tensão cc medida na carga é dada pela expressão 2VB V Vcc 2 máx Na prática, para o caso de diodos de silício, a queda de tensão 2VB na poderá ser desprezada se a tensão de entrada satisfizer a condição Vca > 20 V. Nessa aproximação, a tensão Vcc poderá ser obtida por intermédio da seguinte equação: Vcc(saída)= Vef(entrada)x90% VANTAGENS DO RETIFICADOR EM PONTE O retificador em ponte possa operar a níveis mais elevados de potência do que o retificador center tap. A tensão no secundário do transformador é utilizada quase que integralmente para alimentação da carga em cada semiciclo. JÁ Para o retificador com derivação central, metade do secundário do transformador fica energizada apenas para manter um dos diodos em bloqueio; o que implica em uma menor eficiência. IMPORTANTE: Em ambos os tipos de retificadores, um diodo em curto normalmente produz curtos nos diodos restantes. Verificada a possibilidade de existência de um diodo em curto, é prática comum fazer-se a troca de todos os diodos restantes, mesmo que estes não acusem defeito quando testados com um ohmímetro. PONTES RETIFICADORAS COMERCIAIS A configuração da ponte retificadora é muito empregada em equipamentos eletrônicos. Isso levou os fabricantes de diodos a produzir pontes retificadoras pré-fabricadas. Essas pontes nada mais são do que os 4 diodos já ligados entre si, encapsulados em um só componente. Aspecto de pontes retificadores disponíveis comercialmente. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 84 Eletrônica Aplicada A Fig.abaixo mostra o diagrama elétrico e o aspecto de uma fonte de alimentação montada com uma ponte retificadora comercial. Filtros em fontes de alimentação A tensão contínua pura se caracteriza por ter uma única polaridade e por um valor que não varia ao longo do tempo, como mostrado no gráfico abaixo. Tensão puramente contínua como função do tempo. A tensão de saída produzida pelos circuitos retificadores, tanto de meia onda como de onda completa, fornecem em suas saídas um c.c pulsante, tornando-se imprópria para a alimentação dos circuitos eletrônicos, que necessitam de uma c.c pura. Essa deficiência presente no retificador comum é resolvida pelo emprego de um filtro conectado entre a saída do retificador e a carga. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 85 Eletrônica Aplicada O filtro atua no sentido de aproximar a tensão na carga, tanto quanto possível, da tensão contínua ideal, de valor constante como mostrado no diagrama em blocos abaixo: Diagrama de blocos de um circuito retificador com filtro na saída. O CAPACITOR COMO ELEMENTO DE FILTRAGEM A capacidade de armazenamento de energia elétrica dos capacitores pode ser utilizada como recurso para realizar um processo de filtragem na tensão de saída de um circuito retificador. Essa filtragem é realizada conectando-se o capacitor diretamente nos terminais de saída do circuito retificador, como mostrado nos dois diagramas abaixo: Circuitos retificadores de meia onda e onda completa com capacitor de saída. Considere, por exemplo, a operação do retificador de meia onda com capacitor de saída. Nos intervalos de tempo em que o diodo entra em regime de condução, uma parte da corrente flui através da carga com a parte restante fluindo para o capacitor, como mostrado a seguir: Operação do retificador de meia onda com capacitor de saída durante o regime de condução. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 86 Eletrônica Aplicada Nesses intervalos de tempo, carga elétrica é transferida da armadura conectada ao cátodo do diodo para a segunda armadura do capacitor. Nos intervalos de tempo em que o diodo opera no regime de bloqueio, o capacitor inicia o processo de transferência da carga elétrica da armadura negativa para a positiva. Com o circuito retificador em bloqueio, não é possível a ocorrência de um fluxo de corrente através do circuito retificador. Conseqüentemente, a corrente produzida pela descarga do capacitor flui através do resistor de carga, conforme ilustrado a seguir: Operação do retificador de meia onda com capacitor de saída durante o regime de bloqueio. Por estar em paralelo com o capacitor, o resistor de carga fica sempre submetido à mesma diferença de potencial existente entre as armaduras do capacitor. À medida que ocorre a descarga do capacitor, a diferença de potencial entre as armaduras diminui. Tensão de saída do circuito retificador durante o processo de descarga do capacitor. Esse processo de descarga continua até o momento em que a tensão na entrada atinja um valor V1 suficiente para colocar o diodo novamente no regime de condução. Este valor V1 é exatamente igual à tensão no capacitor após um certo intervalo de tempo de descarga. A partir desse instante de tempo, o ânodo do diodo torna-se positivo em relação ao cátodo, e a carga elétrica armazenada na armadura positiva do capacitor começa novamente a aumentar. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 87 Eletrônica Aplicada Gráfico da tensão de saída do retificador de meia onda com filtro capacitivo. Observando-se o gráfico anterior,nota-se que o diodo permanece em condução até o instante em que a tensão de entrada atinge o valor máximo Vmáx. Dessa forma, a colocação do capacitor permite que a tensão de saída, embora variável, permaneça sempre próxima ao valor máximo Vmáx, obtendose efetivamente um aumento no valor médio da tensão de saída. O aumento no valor médio da tensão no resistor de carga pode ser observado comparando-se os gráficos das tensões de saída do circuito retificador com e sem filtro capacitivo. Comparação das tensões de saída do circuito retificador de meia onda com e sem filtro capacitivo. A colocação de um capacitor na saída de um circuito retificador aumenta o valor da tensão média na carga. TENSÃO DE ONDULAÇÃO O capacitor na saída do circuito retificador sofre sucessivos processos de carga e descarga. Nos períodos de condução do diodo o capacitor sofre carga e sua tensão aumenta, enquanto nos períodos de bloqueio o capacitor descarrega e sua tensão diminui. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 88 Eletrônica Aplicada Os intervalos de tempo t1 e t2 indicados na próxima figura definem as durações dos processos de carga e descarga, respectivamente. t1 = intervalo de tempo do processo de carga do capacitor. t2 = intervalo de tempo do processo de descarga do capacitor. Como se pode observar no gráfico a seguir, a tensão de saída não assume o valor constante característico de uma tensão puramente contínua, variando no tempo entre os valores extremos V1 e Vmáx. Essa variação na tensão de saída é denominada de ondulação, termo derivado do inglês ripple. Ondulação na tensão de saída do circuito retificador de meia onda com filtro capacitivo. Ondulação ou ripple, é a variação observada na tensão de saída do circuito retificador com filtro capacitivo. A diferença entre os valores Vmáx e V1 é definida como a tensão de ondulação Vond. Tensão de ondulação na saída do retificador de meia onda com filtro capacitivo. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 89 Eletrônica Aplicada Quanto menor o valor da tensão de ondulação presente na saída de uma fonte retificadora melhor é sua qualidade. FATORES QUE INFLUENCIAM A ONDULAÇÃO A ondulação na saída de um circuito retificador depende fundamentalmente dos três fatores descritos a seguir. Capacidade de armazenamento do capacitor A capacidade de armazenamento de um capacitor é proporcional ao valor de sua capacitância. Fixado o valor da resistência de carga, um maior valor da capacitância implica um processo de descarga mais lento e, conseqüentemente, uma menor tensão de ondulação. Resistência de carga Quanto maior for o valor da resistência de carga, menor será a corrente suprida pelo capacitor durante o processo de descarga. Dessa forma, a carga elétrica armazenada na armadura positiva do capacitor diminui mais lentamente na descarga, resultando em uma menor tensão de ondulação. Tipo de circuito retificador No circuito retificador de onda completa o capacitor é carregado duas vezes a cada ciclo da tensão de entrada. Esse tipo de circuito opera, portanto, com a metade do tempo do retificador de meia onda, exibindo assim uma menor tensão de ondulação. Gráficos das tensões no capacitor de saída dos retificadores de onda completa e de meia onda. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 90 Eletrônica Aplicada Na ausência de um resistor de carga, ou equivalentemente com a saída em aberto, o capacitor nunca descarrega. Nessas condições, Vond = 0V. A tensão de saída nesse caso assume a forma mostrada no gráfico seguinte, tanto para o retificador de onda completa quanto para o de meia onda. Tensões de saída dos retificadores de onda completa e meia onda, na ausência de carga. Especificação do capacitor de filtro De acordo com as figuras anteriormente a tensão no capacitor de saída de uma fonte retificadora depende da tensão de ondulação. Esta, por sua vez, depende do tipo de circuito retificador, do valor da capacitância do filtro e do resistor de carga ou equivalentemente da corrente na carga. Essa dependência torna difícil a obtenção de uma expressão exata que possibilite a determinação da capacitância do filtro para operação em um valor Vcc pré-especificado. Entretanto, devido à grande tolerância nos valores de capacitância dos capacitores eletrolíticos, que pode chegar a 50% do valor nominal, pode-se formular uma expressão simplificada para obtenção de um valor adequado da capacitância do filtro. Essa expressão pode ser utilizada no projeto do filtro capacitivo, sem introduzir erro significativo em situações em que a tensão de ondulação seja inferior a 20% do valor Vcc . Nessas condições, a capacitância do filtro pode ser obtida da expressão. I máx C T Vond onde: Vond Tensão de ondulação medida em Volts Imáx Corrente máxima na carga em mA T Período aproximado da descarga do capacitor C = Valor da capacitância do filtro em F CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 91 Eletrônica Aplicada Para uma freqüência ac de 60 Hz utiliza-se : T = 16,6 ms para um retificador de meia onda T = 8,33 ms para um retificador de onda completa A seguir são apresentados dois exemplos de dimensionamento do filtro capacitivo. Exemplo 1: Deseja-se montar uma fonte retificadora de meia onda com tensão de saída de 12V, corrente de 150mA, e com ondulação de 2V. Assumindo a freqüência da rede elétrica de 60 Hz, determinar a capacitância. Utilizando T = 16,6 ms, Imáx = 150 mA e Vond = 2 V, C 16,6 150 C 1245 F 2 Exemplo 2: Repetir o Exemplo 1 para o caso de um circuito de onda completa. Neste caso, o valor T = 8,33 ms, que fornece C 8,33 150 C 625 F 2 Ao se projetar uma fonte retificadora, além do valor da capacitância do filtro, deve-se, também, especificar sua tensão de isolação. A tensão de isolação deve ser sempre superior ao maior valor da tensão de operação do capacitor. FILTRO CAPACITIVO IDEAL O filtro capacitivo ideal seria aquele que possibilitasse a obtenção de uma tensão de saída não ondulada. Certamente este tipo de capacitor deveria exibir uma capacidade de armazenamento de carga elétrica elevadíssima para poder manter a tensão de saída absolutamente constante.Nota-se, portanto, que a utilização prática de um filtro capacitivo que produza pequena ondulação na saída requer uma certa ponderação: Diminuir o percentual de ondulação implica no uso de filtros de alta capacitância, que além de serem mais volumosos, aumentam o custo do projeto. Na prática, os filtros capacitivos normalmente utilizados na construção de fontes retificadoras são do tipo eletrolítico, pois esse tipo de filtro apresenta um alto valor de capacitância por unidade de volume. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 92 Eletrônica Aplicada Vale também observar que, se a tensão de ondulação de uma fonte retificadora é elevada demais para alimentação de um determinado equipamento, utilizam-se normalmente circuitos eletrônicos destinados especificamente à regulação da tensão de alimentação, evitando, assim, a necessidade de alteração do filtro capacitivo. FONTE DE ALIMENTAÇÃO SIMÉTRICA Fornece na sua saída dois valores iguais de tensão, porem com polaridades opostas, é utilizada principalmente na alimentação de amplificadores simétricos de potência de áudio. O Diodo zener O diodo Zener é um tipo especial de diodo utilizado como regulador de tensão. A sua capacidade de regulação de tensão é empregada principalmente nas fontes de alimentação, para obtenção de uma tensão de saída praticamente constante. A Fig.mostra o símbolo geralmente utilizado para representação do diodo Zener nos diagramas de circuito. Símbolo do diodo Zener. Aspecto real Smd COMPORTAMENTO DO DIODO ZENER O comportamento do diodo Zener depende fundamentalmente da forma como é polarizado, conforme discutido a seguir. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 93 Eletrônica Aplicada POLARIZAÇÃO DIRETA Quando polarizado diretamente, o diodo Zener se comporta como um diodo convencional; ou seja, operando no regime de condução com uma queda de tensão típica através de seus terminais. 200 I (mA) 150 100 50 0 0 0,2 0,4 0,6 0,8 V (Volts) 1 A figura abaixo mostra um circuito utilizado para polarizar diretamente um diodo Zener de silício, juntamente com a porção da curva característica representativa da região de condução do diodo. I 2 1.5 1 0.5 condução Is 0 I s 0.4 0.6 0.8 V -1 -0. -0. -0. -0. 0 0.2 1 8 6 bloqueio 4 2 -0.5 -1 Normalmente o diodo Zener não é utilizado com polarização direta nos circuitos eletrônicos. POLARIZAÇÃO INVERSA Até um determinado valor da tensão inversamente aplicada, o diodo Zener comporta-se como um diodo comum, ou seja, operando no regime de bloqueio. Neste regime, circula através do diodo uma pequena corrente de fuga, conforme ilustrado no gráfico o gráfico ao lado. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 94 Eletrônica Aplicada I2 1.5 1 0.5 V z 0 V -2 -1 -1 -1 -1 -1 -0 -0 -0 -0 0 0. 0. 0. 0. 1 1. 1. 1. 1. 2 .8 .6 .4 .2 .8 .6 .4 .2 2 4 6 8 2 4 6 8 -0.5 ruptura -1 -1.5 z -2 o sinal negativo associado à corrente de fuga ou de saturação (Is ) indica que, no regime de bloqueio, a corrente flui no sentido inverso através do diodo. A partir de um determinado valor da tensão inversa aplicada ao diodo, ocorre o efeito de ruptura, que faz com que o diodo entre subitamente em condução, mesmo estando submetido a uma polarização inversa, conforme ilustrado na figura anterior. A partir dessa condição, a corrente inversa aumenta rapidamente e a queda de tensão através do diodo se mantém praticamente constante. O valor VZ da tensão inversa a partir da qual o diodo Zener entra no regime de condução é denominado de tensão Zener. O valor Vz da tensão inversa que coloca o diodo Zener em regime de condução é denominado de tensão Zener. Enquanto houver corrente inversa fluindo através do diodo Zener, a tensão entre os seus terminais mantém-se praticamente fixada no valor VZ. O funcionamento típico do diodo Zener é com corrente inversa, o que estabelece uma tensão constante entre os seus terminais. É importante observar que quando polarizado inversamente, qualquer junção semicondutora pode sofrer o efeito de ruptura. A diferença fundamental entre um diodo Zener e aquele aqui denominado de diodo comum ou convencional, reside no fato de o diodo Zener ser fabricado com materiais semicondutores condicionados a resistir ao valor intenso da corrente inversa presente no regime de ruptura, ao passo que um diodo convencional seria danificado permanentemente se submetido às mesmas condições de operação. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 95 Eletrônica Aplicada CARACTERÍSTICAS DO DIODO ZENER São os seguintes os parâmetros utilizados na caracterização do diodo Zener: Tensão Zener. Potência máxima de dissipação. TENSÃO ZENER O valor da tensão Zener, ou tensão de ruptura de um diodo é controlada durante o processo de fabricação e depende da resistividade da junção semicondutora. A escolha adequada das dimensões, tipo de material e grau de dopagem, possibilitam a operação normal do diodo mesmo quando submetido a alto valor de corrente inversa. Os diodos Zener são fabricados com valores do parâmetro Vz que variam de 2 V até algumas dezenas de volts. O valor da tensão Zener é fornecido pelo fabricante nos folhetos técnicos do componente. POTÊNCIA MÁXIMA DE DISSIPAÇÃO O diodo Zener operando com uma tensão fixa Vz na região de ruptura, é percorrido por uma alta corrente inversa, dissipando, portanto, potência na forma de calor. A potência dissipada Pz pode ser obtida do produto Pz = Vz Iz Cada diodo Zener pode operar até um valor máximo da potência de dissipação, valor este que assegura a operação normal do componente. Esse limite de potência é fornecido pelo fabricante no folheto de especificações do diodo. Utilizando as especificações do parâmetro Vz e da potência máxima de dissipação Pz,máx, a corrente inversa máxima de operação do diodo Iz,máx, pode ser calculada: I z, máx Pz, máx Vz O valor da corrente, calculado, não pode ser excedido sob pena de danificação do diodo Zener por excesso de aquecimento. Os Diodos Zener com potência máxima de dissipação de cerca de 1 Watt podem ser encontrados com encapsulamentos de vidro ou plástico. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 96 Eletrônica Aplicada Leitura da Referência encontrada nos diodos zener. Diodos Zener 0,5W 1N746 – 3V3 1N747 – 3V6 1N748 – 3V9 1N749 – 4V3 1N750 – 4V7 1N751 – 5V1 1N752 – 5V6 1N753 – 6V2 1N754 – 6V8 1N755 – 7V5 1N756 – 8V2 1N757 – 9V1 1N758 – 10V 1N962 – 11V 1N759 – 12V 1N964 – 13V 1N965 – 15V 1N966 – 16V 1N967 – 18V 1N968 – 20V 1N969 – 22V 1N970 – 24V 1N971 – 27V 1N972 – 30V 1N973 – 33V 1N974 – 36V 1N975 – 39V 1N976 – 43V 1N977 – 47V 1N978 – 51V 1N979 – 56V 1N980 – 62V 1N981 – 68V 1N982 – 75V 1N983 – 82V 1N984 – 91V 1N985 – 100V Diodos Zener 1W 1N4728 – 3V3 1N4729 – 3V6 1N4730 – 3V9 1N4731 – 4V3 1N4732 – 4V7 1N4733 – 5V1 1N4734 – 5V6 1N4735 – 6V2 1N4736 – 6V8 1N4737 – 7V5 1N4738 – 8V2 1N4739 – 9V1 1N4740 – 10V 1N4741 – 11V 1N4742 – 12V 1N4743 – 13V 1N4744 – 15V 1N4745 – 16V 1N4746 – 18V 1N4747 – 20V 1N4748 – 22V 1N4749 – 24V 1N4750 – 27V 1N4751 – 30V 1N4752 – 33V 1N4753 – 36V 1N4754 – 39V 1N4755 – 43V 1N4756 – 47V 1N4757 – 51V 1N4758 – 56V 1N4759 – 62V 1N4760 – 68V 1N4761 – 75V 1N4762 – 82V 1N4763 – 91V 1N4764 – 100V 1N5347 – 10V 1N5348 – 11v 1N5349 – 12v 1N5350 – 13v 1N5351 – 14V 1N5352 – 15V 1N5353 – 16V 1N5354 – 17V 1N5355 – 18V 1N5356 – 19V 1N5357 – 20V 1N5358 – 22V 1N5359 – 24V 1N5360 – 25V 1N5361 – 27V 1N5362 – 28V 1N5363 – 30V 1N5364 – 33V 1N5365 – 36V 1N5366 – 39V 1N5367 – 43V 1N5368 – 47V 1N5369 – 51V Diodos Zener 5W 1N5333 – 3V3 1N5334 – 3V6 1N5335 – 3V9 1N5336 – 4V3 1N5337 – 4V7 1N5338 – 5V1 1N5339 – 5V6 1N5340 – 6V0 1N5341 – 6V2 1N5342 – 6V8 1N5343 – 7V5 1N5344 – 8V2 1N5345 – 8V7 1N5346 – 9V1 CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 97 Eletrônica Aplicada O Diodo emissor de luz O diodo emissor de luz é um tipo especial de junção semicondutora que emite luz quando diretamente polarizada. A sigla LED surgida do termo inglês Light Emitting Diode, é a denominação amplamente utilizada nas referências a esse componente. SMD O cátodo do LED pode ser identificado como sendo o terminal localizado próximo ao corte lateral na base do encapsulamento, Identificação do cátodo de um tipo comum de LED. LEDs são largamente utilizados como mostradores luminosos em uma variedade de equipamentos eletro/eletrônicos, em dispositivos de controle remoto, em sensores de alarmes residenciais ou industriais, ou mesmo como fontes de luz em sistemas de comunicações ópticas. Dentre as características principais do diodo emissor de luz, pode-se destacar: Baixo consumo de energia. Imunidade a vibrações mecânicas. Pequenas dimensões. Alta durabilidade. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 98 Eletrônica Aplicada PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO Como ilustrado na Fig.seguinte quando o diodo emissor de luz é polarizado diretamente, entra em condução, permitindo a circulação de corrente. A corrente através do LED se processa através da injeção de lacunas provenientes do lado p e de elétrons, do lado n da junção. Dessa forma, uma grande quantidade de elétrons e lacunas coexistem em uma estreita região nas proximidades da junção. Diodo emissor de luz no regime de condução. A coexistência de elétrons e lacunas possibilita a ocorrência de processos de recombinação elétron/lacuna. Recombinação é o nome que se dá ao processo de captura de elétrons por lacunas existentes nas ligações entre átomos do cristal semicondutor. Nesse processo, o elétron libera energia na forma de um fóton de luz. Emissão de fótons por processos de recombinação na junção pn. PARÂMETROS CARACTERÍSTICOS DO LED A seguir são apresentados alguns dos parâmetros de especificação de um LED. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 99 Eletrônica Aplicada CORRENTE DIRETA NOMINAL A corrente direta nominal, denotada pelo parâmetro IF é o valor de corrente de condução especificado pelo fabricante para o qual o LED apresenta um rendimento luminoso ótimo. Esse valor é tipicamente 20mA para LEDs disponíveis comercialmente. CORRENTE DIRETA MÁXIMA A corrente direta máxima, denotada pelo parâmetro IFM, corresponde ao valor máximo da corrente de condução que pode fluir através do LED, sem que este venha a sofrer ruptura estrutural. TENSÃO DIRETA NOMINAL A tensão direta nominal, denotada pelo parâmetro VF é a especificação fornecida pelo fabricante para a queda da tensão típica através do LED quando a corrente de condução atinge o valor nominal IF , como ilustrado na figura abaixo: Queda de tensão e corrente nominais em um LED. TENSÃO INVERSA MÁXIMA A tensão inversa máxima, denotada pelo parâmetro VR, é a especificação para o valor máximo da tensão inversa que pode ser aplicada ao LED sem que este venha a sofrer ruptura. A tensão inversa máxima em LEDs comerciais é tipicamente da ordem de 5V. Tabela: Parâmetros característicos de alguns LEDs comerciais. LED Cor LD 30C LD 37I LD 35I vermelho verde amarelo VF (IF = 20mA) 1,6V 2,4V 2,4V CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS IF máx 100mA 60mA 60mA 100 Eletrônica Aplicada O diodo emissor de luz pode ser testado seguindo o mesmo procedimento de teste do diodo comum; ou seja, com o emprego de um multímetro selecionado para medição de resistência. O painel do instrumento deve indicar valores de alta e baixa resistência ao se alternar a posição dos terminais de conexão do multímetro aos terminais do LED. Geralmente o LED acende durante o teste com polarização direta. OUTROS TIPOS DE LEDs LED BICOLOR O LED bicolor consiste essencialmente de dois LEDs colocados em um único encapsulamento. Esse dispositivo tem três terminais, um dos quais é comum a ambos os LEDs do encapsulamento. A cor da luz emitida pode ser selecionada alimentando-se o par de terminais referente a essa cor. LED bicolor e representação de circuito das conexões elétricas. LED INFRAVERMELHO Existem LEDs que emitem luz no infravermelho, que é uma forma de radiação invisível ao olho humano. Apesar de não se poder observar a luz emitida de um LED infravermelho, esse dispositivo apresenta o mesmo princípio de funcionamento dos LEDs convencionais. Os LEDs infravermelhos são utilizados principalmente em alarmes residenciais e industriais, em dispositivos de controle remoto e em sistemas de comunicações ópticas. Câmera com LED infra CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 101 Eletrônica Aplicada UTILIZAÇÃO DO LED O emprego do LED em tensões contínuas exige a fixação da sua corrente direta nominal. A limitação da corrente pode ser feita através de um resistor conectado em série com o LED. O diagrama de um circuito retificador de onda completa que utiliza um LED como indicador de fornecimento da tensão de saída do circuito. Circuito retificador de onda completa com LED indicador da tensão cc. O valor de resistência do resistor limitador pode ser obtido da expressão Rlim Vcc VB IF onde Vcc= tensão de saída da fonte. VF = tensão nominal de condução do LED. IF = corrente nominal de condução do LED. Exemplo 1: Determinar a resistência do resistor limitador para uma fonte que fornece uma tensão cc de 10 V, para utilização de um LED LD30C, como mostrador luminoso. Da segunda linha da Tabela , tem-se que VF = 1,6 V , IF = 20 mA Utilizando o valor Vcc=10 V da Tabela , resulta, Rlim 10 1,6 8,4 Rlim = 420 0,02 0,02 Nessas condições, a potência dissipada no resistor seria, P = (Vcc - VB ) IF = (10 – 1,6) 0,02 = 8,4 0,02 P = 168 mW CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 102 Eletrônica Aplicada O Transistor de junção bipolar(TJB) Estrutura básica O transistor bipolar é um componente eletrônico constituído de cristais semicondutores, capaz de atuar como controlador de corrente, o que possibilita o seu uso como amplificador de sinais ou como chave eletrônica. Em qualquer uma das duas funções o transistor encontra uma ampla gama de aplicações, como por exemplo: Amplificador de sinais: Equipamentos de som e imagem e controle industrial. Chave eletrônica: Controle industrial, calculadoras e computadores eletrônicos. O transistor bipolar proporcionou um grande desenvolvimento da eletrônica, devido a sua versatilidade de aplicação, constituindo-se em elemento chave em grande parte dos equipamentos eletrônicos. A estrutura básica do transistor se compõe de duas camadas de material semicondutor, de mesmo tipo de dopagem, entre as quais é inserida uma terceira camada bem mais fina, de material semicondutor com um tipo de dopagem distinto dos outros dois, formando uma configuração semelhante à de um “sanduíche”, conforme ilustrado na figura abaixo. Estrutura básica de um transistor. A configuração da estrutura, em forma de sanduíche, permite que se obtenham dois tipos distintos de transistor: Um com as camadas externas de material tipo p e com a camada central formada de um material tipo n. Esse tipo de transistor é denominado de transistor bipolar pnp. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 103 Eletrônica Aplicada Outro com as camadas externas de material tipo n e com a camada central formada com um material tipo p. Esse tipo de transistor é denominado de transistor bipolar npn. Estruturas dos transistores pnp e npn. Os dois tipos de transistor podem cumprir as mesmas funções diferindo apenas na forma como as fontes de alimentação são conectadas aos terminais do componente. O transistor bipolar configurações: pnp e npn. pode se apresentar em duas TERMINAIS DO TRANSISTOR Como mostra a figura ao lado cada uma das camadas que formam o transistor é conectada a um terminal que permite a interligação da estrutura do componente aos circuitos eletrônicos. Estrutura básica de um transistor de três terminais. Os terminais recebem uma designação que permite distinguir cada uma das camadas: A camada central é denominada de base, sendo representada pela letra B. Uma das camadas externas representada pela letra C. A outra camada externa representada pela letra E. é é denominada denominada de de CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS coletor, sendo emissor, sendo 104 Eletrônica Aplicada As figuras abaixo mostram os dois tipos de transistor, com a identificação dos terminais. Transistores pnp e npn com a identificação dos terminais. O transistor possui três terminais: coletor, base e emissor. Embora as camadas referentes ao coletor e ao emissor de um transistor tenham o mesmo tipo de dopagem, elas diferem em dimensão geométrica e no grau de dopagem, realizando, portanto funções distintas quando o componente é conectado a um circuito eletrônico. SIMBOLOGIA A figura ao lado apresenta os símbolos utilizados na representação de circuito dos transistores npn e pnp. Como pode ser aí observado, os dois símbolos diferem apenas no sentido da seta entre os terminais da base e do emissor. ASPECTO REAL DOS TRANSISTORES Os transistores podem se apresentar em diversos encapsulamentos, que variam em função do fabricante, do tipo de aplicação e da capacidade de dissipar calor. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 105 Eletrônica Aplicada -Média potência -Baixa potência -Alta potência -Formatos em SMD Tipos de encapsulamentos CÓDIGOS DOS TRANSÍSTORES É a maneira de identificar um transistor. Por trás deste código estão uma série de características da peça, tais como a máxima corrente que ele agüenta, máxima tensão, ganho, etc. Abaixo temos alguns dos mais usados: Baixa potência -BC548, BC558, BC337, BC327, BF494, BF422, BF423, 2SC1815, 2SA1015, 2N2222, etc Média potência -BD139, BD140, TIP41, TIP42, BUW84, BF459, 2SD401, 2SD1414, 2SB667, 2SB578,etc Alta potência -2N3055, 2SC2365, 2SD1554, 2SD1877, 2SC4769, BU2508, BU208, etc. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 106 Eletrônica Aplicada Teste de transistores Existem instrumentos sofisticados destinados especificamente ao teste das condições de operação de um transistor. No entanto, o uso de um multímetro também permite detectar possíveis defeitos no componente. Como no teste de diodos com o uso de um multímetro, o teste de transistores pode não fornecer um resultado definitivo, e o uso do multímetro serve apenas para detectar os defeitos mais comuns nos transistores e diodos. No caso do diodo, são os seguintes os defeitos de detecção imediata com o uso de um multímetro: Junção pn em curto. Junção pn em aberto. Como descrito em fascículos anteriores, o teste de qualquer junção pn com o uso de um multímetro é feito em duas etapas: Etapa 1: Realiza-se inicialmente a identificação da polaridade real das pontas de prova do multímetro. Etapa 2: Após a identificação de polaridade, realiza-se o teste do diodo, que consiste em detectar a existência de baixa e alta resistências ao se intercambiarem os dois contatos entre as pontas de prova e os terminais da junção pn. a estrutura de um transistor consiste em uma junção pn entre a base e o coletor e de uma segunda junção pn entre a base e o emissor. Portanto, para a detecção de defeitos, o transistor pode ser considerado como composto de dois diodos conectados. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 107 Eletrônica Aplicada Representação de transistores npn e pnp por diodos equivalentes. A detecção de defeitos no transistor consiste em verificar a existência de curto ou de circuito aberto entre os pares de terminais BC, BE e CE. TESTE COM O USO DO MULTÍMETRO O procedimento de teste das junções base-coletor e base-emissor é descrito a seguir tomando como exemplo o caso de um transistor npn. DETECÇÃO DE DESCONTINUIDADES NAS JUNÇÕES Com o potencial positivo da ponta de prova aplicado à base do transistor e o potencial negativo aplicado ao coletor ou ao emissor, como ilustrado na figura a seguir, as junções correspondentes ficam polarizadas diretamente. Na ausência de defeitos, o instrumento deverá indicar baixa resistência das junções BC e BE. Se houver uma junção em aberto, o instrumento fornecerá a indicação de uma resistência altíssima quando essa junção estiver sendo testada. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 108 Eletrônica Aplicada DETECÇÃO DE CURTOS NAS JUNÇÕES Para este teste as pontas de prova devem ser conectadas conforme mostrado na abaixo. Com a ponta de prova negativa conectada à base, a segunda ponta de prova polariza inversamente a junção BC ou BE. Na ausência de defeitos, o multímetro deverá fornecer a indicação de altas resistências nas junções. Se houver uma junção em curto o instrumento indicará uma baixa resistência naquela junção. Teste para detecção de curtos nas junções BC e BE de um transistor npn. DETECÇÃO DE CURTO-CIRCUITO ENTRE COLETOR E EMISSOR Para completar os testes deve-se ainda verificar a condição elétrica entre os terminais do coletor e do emissor. Com o terminal da base em aberto, o circuito equivalente entre os terminais B e C corresponde a dois diodos em série conectados inversamente. Dessa forma o multímetro deverá fornecer uma indicação de altíssima resistência para as duas possibilidades de conexão das pontas de prova. Veja na figura: Teste para detecção de curto-circuito entre os terminais C e E de um transistor npn. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 109 Eletrônica Aplicada Para o caso de um transistor pnp os testes podem ser conduzidos seguindo o procedimento descrito anteriormente, exceto que as pontas de prova devem ser invertidas com relação às configurações ilustradas anteriormente. Todos os testes devem ser realizados com o seletor do multímetro posicionado na escala R10 ou R100 e com o transistor desconectado de qualquer circuito externo. Os testes realizados com multímetro não permitem detectar alterações nas características do transistor. Mesmo que o multímetro não detecte defeitos, existe ainda a possibilidade de que existam alterações nas características do transistor que o tornem impróprio para uso em circuitos. Princípio de operação Para que os portadores se movimentem no interior da estrutura de um transistor é necessário aplicar tensões entre os seus terminais. O movimento dos elétrons livres e lacunas está intimamente relacionado à polaridade da tensão aplicada a cada par de terminais do transistor, como descrito a seguir. OPERAÇÃO DO TRANSISTOR NA REGIÃO ATIVA A estrutura física do transistor propicia a formação de duas junções pn, conforme ilustrado na próxima figura. Uma junção pn entre o cristal da base e o cristal do emissor, chamada de junção base-emissor. Uma junção pn entre o cristal da base e o cristal do coletor, chamada de junção base-coletor. As Junções base-coletor e base-emissor em um transistor. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 110 Eletrônica Aplicada A formação das duas junções no transistor faz que ocorra um processo de difusão dos portadores. Como no caso do diodo, esse processo de difusão dá origem a uma barreira de potencial em cada junção. No transistor, portanto, existem duas barreiras de potencial, que se formam a partir da junção dos cristais semicondutores: A barreira de potencial na junção base-emissor. A barreira de potencial na junção base-coletor. Barreiras de potencial formadas nas duas junções de um transistor. As características normais de polarização dos terminais do transistor são sumarizadas a seguir. JUNÇÃO BASE-EMISSOR Na condição normal de funcionamento, denominada de funcionamento na região ativa, a junção base-emissor fica polarizada diretamente: Polarização da junção base-emissor de transistores pnp e npn para operação na região ativa. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 111 Eletrônica Aplicada A condução através da junção base-emissor é provocada pela aplicação de uma tensão externa entre a base e o emissor, com polarização direta, ou seja, com o material tipo p tendo polarização positiva com relação ao material tipo n. Na região ativa a junção base-emissor de um transistor fica diretamente polarizada. JUNÇÃO BASE-COLETOR Para operação na região ativa, a junção base-coletor fica polarizada inversamente, ou seja, com o material tipo p polarizado negativamente em relação ao material tipo n, conforme mostrado na próxima figura. Na região ativa a junção base-coletor de um transistor fica inversamente polarizada. Polarização da junção base-coletor de transistores pnp e npn para operação na região ativa. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 112 Eletrônica Aplicada POLARIZAÇÃO SIMULTÂNEA DAS DUAS JUNÇÕES Para que o transistor funcione adequadamente, as duas junções devem ser polarizadas simultaneamente. Isso é feito aplicando-se tensões externas nas duas junções do componente. A figura a seguir mostra a forma de polarização de um transistor para operação na região ativa. . Polarizações dos transistores npn e pnp para operação na região ativa. Uma forma alternativa de configuração, que permite obter a operação do transistor na região ativa é mostrada na figura baixo, para o caso de um transistor npn. Configuração alternativa para operação de um transistor npn na região ativa. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 113 Eletrônica Aplicada Uma inspeção do diagrama de circuito mostrado na figura anterior permite extrair as seguintes observações: A bateria B1 polariza diretamente a junção base-emissor. A bateria B2 submete o coletor a um potencial mais elevado do que aquele aplicado à base. Dessa forma, a junção base-coletor está submetida a uma polarização inversa, o que juntamente com a polarização direta aplicada à junção base-emissor, possibilita operação na região ativa do transistor. Conclui-se, portanto que os dois esquemas mostrados a seguir produzem polarizações equivalentes nas junções do transistor. Diagramas de circuito que permitem a operação de um transistor npn na região ativa. Em resumo, para operação de um transistor na região ativa, tem- se: Polarização direta da junção base-emissor. Polarização inversa da junção base-coletor. A alimentação simultânea das duas junções, através de baterias externas, dá origem a três tensões entre os terminais do transistor: Tensão base-emissor, representada pelo parâmetro VBE. Tensão coletor-base, representada pelo parâmetro VCB. Tensão coletor-emissor, representada pelo parâmetro VCE. Esses parâmetros estão representados nas próximas figuras para os transistores pnp e npn. Tensões nas junções dos transistores pnp e npn. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 114 Eletrônica Aplicada Com base na figura anterior ou alternativamente, somando as tensões Vcb+Vbe,o resultado será igual a Vce. VCE VCB VBE Na figura anterior as baterias externas estão polarizadas de forma a permitir a operação do diodo na região ativa. PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DO TRANSISTOR BIPOLAR A aplicação de tensões externas ao transistor provoca o movimento de elétrons livres e lacunas no interior da estrutura cristalina, dando origem às correntes nos terminais do transistor. Sentido das correntes nos transistores npn e pnp para operação na região ativa. As correntes recebem as seguintes denominações: IB = corrente de base. IC = corrente de coletor. IE = corrente de emissor. O princípio básico que explica a origem das correntes no transistor é o mesmo para estruturas npn e pnp, e a análise do movimento de portadores de carga pode ser realizada tomando-se como exemplo qualquer das duas estruturas. Isso é feito a seguir para a análise das correntes em um transistor pnp posto em operação na região ativa. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 115 Eletrônica Aplicada CORRENTE DE BASE A corrente de base é produzida pela aplicação de uma tensão que polariza diretamente a junção base-emissor e cujo efeito é semelhante àquele observado em um diodo semicondutor polarizado diretamente. Com um valor superior ao potencial de barreira da junção baseemissor, facilita a injeção de lacunas do emissor para a base e de elétrons livres no sentido inverso. Como no caso de uma junção semicondutora comum, o potencial de barreira é tipicamente 0,6 a 0,7 V para o silício e 0,2 a 0,3V para o germânio. Movimento de portadores nas proximidades da junção base-emissor quando esta é polarizada diretamente. Transistores são construídos com o emissor tendo um grau de dopagem muito superior àquele da base. Dessa forma o fluxo de portadores ocorre predominantemente por parte das lacunas injetadas na base. A pequena quantidade de elétrons disponíveis na base se recombina com parte das lacunas aí injetadas, dando origem à corrente de base. Com o pequeno grau de dopagem da base, poucas recombinações ocorrem, resultando em um pequeno valor para a corrente de base, normalmente na faixa de microampères a miliampères. Assim, a maior parte das lacunas provenientes do emissor não se recombina com os elétrons da base, podendo portanto atingir a junção base-coletor. Em um transistor pnp corrente de base é provocada pela aplicação de uma tensão VEB > 0 ligeiramente superior ao potencial de barreira da junção base-emissor. Essa corrente é muito pequena devido ao pequeno grau de dopagem da base. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 116 Eletrônica Aplicada CORRENTE DE COLETOR Devido à pequena espessura da região da base e também ao seu pequeno grau de dopagem, o excesso de lacunas que não se recombinaram com os elétrons naquela região atingem a junção basecoletor, conforme ilustrado na próxima figura. Como a junção base-coletor está inversamente polarizada, essas lacunas são aceleradas pela queda de potencial existente naquela junção, dando origem à corrente de coletor. Movimento de portadores e correntes resultantes nos terminais de um transistor pnp. A corrente de coletor tem um valor muito superior à corrente de base porque a grande maioria das lacunas provenientes do emissor não se recombina com os elétrons da base, sendo, portanto injetadas diretamente no coletor. Tipicamente, um máximo de 5% do total de lacunas provenientes do emissor produz a corrente de base, com o restante dando origem à corrente de coletor. Essa grande diferença entre as correntes de base e de coletor está ilustrada na figura abaixo: Comparação entre as correntes de base e de coletor em um transistor pnp. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 117 Eletrônica Aplicada CORRENTE DE EMISSOR A corrente do emissor é resultante da soma da corrente da base com a corrente do coletor. Ie=Ib+Ic Sentidos das correntes em um transistor pnp operando na região ativa. CONTROLE DE CORRENTE NO TRANSISTOR A principal característica do transistor reside no fato de a corrente de base poder controlar eficientemente a corrente de coletor. A corrente de base pode ser modificada pelo ajuste externo da tensão na junção base-emissor. Dessa forma, qualquer variação na tensão da fonte aparece diretamente como uma variação na altura da barreira de potencial da junção base-emissor, fazendo que mais ou menos portadores provenientes do emissor sejam injetados na base. Como as correntes de base e de coletor variam em proporção direta com o número de portadores provenientes do emissor, conclui-se que variações na tensão aplicada à junção base-emissor, ou equivalentemente na corrente de base, causam variações na corrente de coletor. Influência da corrente de base na corrente de coletor de um transistor. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 118 Eletrônica Aplicada Nota-se que apesar de a corrente de base ser de pequeno valor, ela atua essencialmente de forma a liberar a passagem de mais ou menos corrente do emissor para o coletor. Dessa forma a corrente de base atua como corrente de controle, e a corrente de coletor, como corrente controlada. GANHO DE CORRENTE DO TRANSISTOR Como discutido na seção anterior, através de um transistor é possível utilizar um pequeno valor de corrente IB para controlar a circulação de uma corrente IC, de valor bem mais elevado. Uma medida da relação entre a corrente controlada IC e a corrente de controle IB pode ser obtida do parâmetro Definido como ganho de corrente contínua entre base e coletor. DC IC IB Como na região ativa as correntes IC e IB têm o mesmo sinal, nesse regime de operação o parâmetro DC é um número positivo. Cada transistor é fabricado com um valor bem definido para o parâmetro DC, que depende das características materiais e estruturais do componente e do regime de operação do transistor. I C DC I B A equação mostra que a corrente de coletor é diretamente proporcional à corrente de base, e que IC pode ser calculado a partir do conhecimento dos valores de DC e IB. É importante salientar que o fato de o transistor permitir a obtenção de um ganho de corrente entre base e coletor não implica em criação de correntes no interior da estrutura. Todas as correntes que circulam em um transistor são provenientes das fontes de alimentação, com a corrente de base atuando no sentido de liberar a passagem de mais ou menos corrente do emissor para o coletor. Os transistores não geram ou criam correntes internamente, atuando apenas como controladores do nível de corrente fornecido externamente. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 119 Eletrônica Aplicada O circuito do coletor Na grande maioria dos circuitos transistorizados, o coletor do transistor é conectado à fonte de alimentação através de um resistor de coletor, representado pelo parâmetro RC, conforme ilustrado abaixo: Circuito a transistor com resistor de coletor. O resistor de coletor completa a malha do coletor,que é a porção do circuito composta pelo grupo de componentes onde circula a corrente de coletor. Como pode ser aí observado estes componentes são o resistor RC, a fonte de alimentação VCC e a porção do transistor entre os terminais do coletor e do emissor. A aplicação da segunda lei de Kirchhoff à malha do coletor fornece VCC VRc VCE onde: VCC representa a tensão da fonte de alimentação. VRc representa a queda de tensão no resistor RC. VCE representa a tensão coletor-emissor. Desprezando-se a resistência interna da fonte de alimentação, a tensão por ela fornecida independe da corrente solicitada pelo circuito. Da lei de Ohm, a queda de tensão no resistor de coletor é relacionada à corrente na malha pela relação VRc RC I C Como se pode notar, a queda de tensão no resistor varia proporcionalmente à corrente de coletor. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 120 Eletrônica Aplicada A tensão coletor-emissor VCE é o último termo da equação da malha de coletor. VCE VCC RC I C O que indica que a tensão coletor-emissor depende dos valores da tensão de alimentação e da queda de tensão no resistor RC. O exemplo a seguir ilustra o emprego das equações da malha do coletor. Exemplo : Para o circuito abaixo, o resistor de coletor é de 680. Com a fonte de alimentação fornecendo uma tensão de 12 V, a corrente de coletor é de 6 mA. Determinar a tensão coletor-emissor. A queda de tensão no resistor de coletor pode ser calculada da VRc 680 0,006A 4,08 V Utilizando VC 12 V e o valor obtido para a tensão no resistor de coletor, tem-se que VCE 12V 4,08V 7,92V Influência da corrente de base Como discutido em fascículos anteriores, na região ativa a corrente de coletor é proporcional a corrente de base de acordo com a relação I C I B com representando o ganho de corrente do transistor. Influência da corrente de base nos parâmetros da malha do coletor. IB IC VRc VCE CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 121 Eletrônica Aplicada Exemplo: Para o circuito representado abaixo, a base do transistor é conectada à fonte VBB por um resistor limitador RB. Determinar os parâmetros da malha do coletor para: (a) IB = 40 A, (b) IB = 70 A. Encontrando a corrente de coletor Tem-se que, RC = 820 , VCC = 10 V, = 100. Resulta I C I B I C 100 40 A 4000 A 4 mA Encontrando a tensão no resistor de coletor VRc RC I C VRc 820 0,004 A 3,24 V Encontrando a tensão entre coletor e emissor VCE 10 V 3,24 V 6,76 V CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 122 Eletrônica Aplicada Pratica com transistores em laboratório Temporizador Acionando um led. Temporizador Comando um carga em C.A Controlador de velocidade Relé fotocélula comandando uma carga em C.A controlador de velocidade bidirecional Espaço para anotações: CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 123 Eletrônica Aplicada Fotodetectores e sensores de temperatura O termo sensor é geralmente utilizado para designar um dispositivo capaz de transformar variações de uma determinada grandeza física em variações correspondentes de uma grandeza elétrica. Muitas propriedades físicas dos materiais são utilizadas na construção de sensores dedicados a uma larga gama de aplicações, tais como: Sensores para detecção e medição de aceleração, ou acelerômetros. Sensores de viscosidade de líquidos. Sensores de pressão. Sensores de umidade. Sensores para detecção e medição de luz, ou fotodetectores. Termistores, para medição de temperatura. Devido à abrangência do tema, e ao importante papel desempenhado pelos fotodetectores e termistores na área da Eletrônica, as seções seguintes se limitam à análise das propriedades dessas duas classes de dispositivos. FOTODETECTORES Um dispositivo fotosensível ou fotodetector é aquele que produz uma corrente elétrica quando exposto à radiação na região do espectro eletromagnético compreendida entre as porções do infravermelho próximo e ultravioleta. Esses dispositivos são geralmente fabricados com materiais semicondutores, cuja condutividade é alterada sob a ação de um fluxo luminoso. Fotodetectores são utilizados em várias aplicações, tais como: Detecção de luz: sensores de presença em sistemas de alarme, contagem de objetos em processos industriais etc. Medição do nível de iluminamento: fotômetros em processos fotográficos. Caracterização da variação de iluminamento: sistemas de controle automático de iluminação em rodovias, sensores de proximidade de câmaras fotográficas de focalização automática etc. Nas seções seguintes, é feito exame mais detalhado de alguns tipos de fotodetectores de uso freqüente na Eletrônica. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 124 Eletrônica Aplicada -LDR O fotoresistor ou LDR (do inglês light dependent resistor) é um componente constituído à base de material semicondutor cuja condutividade é alterada sob iluminação. O LDR recebe também a denominação de fotocélula ou célula fotoelétrica. Os LDRs apresentam resistência elevada quando colocados no escuro, e sofrem redução de resistência à medida que a intensidade da luz incidente sobre o componente aumenta. A resistência do LDR varia nãolinearmente de alguns megaohms em ambientes escuros a algumas centenas de ohms sob iluminação, conforme ilustrado no gráfico baixo: O LDR pode ser configurado para produzir uma tensão dependente do fluxo luminoso nele incidente. Um circuito divisor de tensão, do tipo mostrado na figura abaixo, permite esse tipo de operação. O valor da tensão de saída irá subir na medida em que o nível de iluminamento sobre o LDR for diminuindo, e reduzirá com o aumento de luz sobre o sensor. A queda de tensão estabelecida pelo LDR corresponde ao valor da tensão de saída. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 125 Eletrônica Aplicada -FOTODIODO O fotodiodo é constituído por um diodo especialmente encapsulado de forma a permitir a exposição da junção pn do dispositivo à luz ambiente. Símbolo aspectos reais A indicação do ânodo ou cátodo do dispositivo varia entre diferentes tipos de encapsulamento, e a identificação dos terminais pode ser feita através do catálogo do fabricante ou do teste com multímetro. O fotodiodo é configurado para operar com polarização inversa. Na ausência de iluminação, flui uma pequena corrente de fuga através de seus terminais. Quando o dispositivo é exposto à luz, pares elétron-lacuna são gerados na região de depleção da junção pn do dispositivo. Devido ao alto campo aí existente, os elétrons e lacunas são acelerados para fora da região de depleção, o que provoca um aumento na corrente inversa através do diodo. Nesse tipo de fotodetector, até um limite máximo de fluxo luminoso, a corrente inversa varia proporcionalmente com a intensidade luminosa incidente sobre o dispositivo. Em um fotodiodo inversamente polarizado, a corrente inversa é proporcional à intensidade luminosa incidente sobre o dispositivo. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 126 Eletrônica Aplicada -FOTOTRANSISTOR O fototransistor é constituído por um transistor especialmente encapsulado de forma a permitir a exposição da estrutura semicondutora do dispositivo à luz ambiente. O fototransistor é semelhante àquela do transistor convencional, com exceção das setas indicativas da sensibilidade do dispositivo à luz nele incidente. Conforme mostrado, em um fototransistor, geralmente o terminal base é desconectado do circuito. Nessas condições, e na ausência de iluminação, circula uma corrente de fuga ICEO entre coletor e emissor, e a corrente de coletor pode ser obtida da relação I C I CEO O terminal do coletor tem um potencial ligeiramente superior àquele do terminal da base, tornando a junção base-coletor inversamente polarizada. Quando luz incide na região próxima à junção base-coletor, os portadores aí gerados produzem uma corrente de fuga adicional Il na junção base-coletor. Como qualquer corrente de fuga nessa junção é amplificada por um fator (+1), a corrente de coletor, sob iluminação, passa a ser I C I CEO 1I l A corrente gerada na junção base-coletor é amplificada por um fator (+1) no terminal do coletor do transistor. Como a corrente Il é proporcional à intensidade luminosa, uma relação de linearidade existe entre a corrente de coletor e a intensidade de luz incidente sobre o dispositivo. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 127 Eletrônica Aplicada A corrente de coletor em um fototransistor varia linearmente com a intensidade luminosa incidente sobre o dispositivo. O gráfico a seguir mostra as curvas características de um fototransistor típico. Como pode ser aí observado, a intensidade luminosa influencia a relação ICVCE de forma semelhante àquela exercida pela corrente de base no transistor convencional. Em alguns casos se torna necessário alterar determinado nível de iluminamento. Isso pode ser de uma corrente de base no dispositivo através de à fonte de alimentação, conforme indicado na método, contudo, reduz a sensibilidade do circuito. a tensão VCE para um realizado pela injeção um resistor conectado figura abaixo . Esse Fig.26 Circuito a fototransistor CENTRO DE ENSINO com DE TECNOLOGIAS base conectada à fonte através de um resistor. 128 Eletrônica Aplicada TERMISTORES A dependência com a temperatura da condutividade elétrica dos materiais semicondutores permite a fabricação do sensor de temperatura denominado de termistor. Neste tipo de dispositivo, uma variação de temperatura modifica sua resistência elétrica. Essa modificação pode ser detectada, por exemplo, como uma modificação da corrente através do dispositivo quando adequadamente polarizado por uma tensão externa. Dependendo da forma como a resistência do dispositivo é alterada pela temperatura, os termistores podem ser do tipo PTC ou NTC.a figura abaixo mostra o aspecto típico de um termistor e as representações de circuito geralmente utilizadas. Aspecto real aplicação gráfico TERMISTOR PTC O termistor tipo PTC (positive temperature coefficient), exibe coeficiente de temperatura positivo, ou seja, sua resistência elétrica aumenta com a elevação de temperatura. Para cada tipo de termistor PTC existe uma faixa de temperaturas de operação, onde existe grande variação da resistência elétrica do dispositivo. A figura abaixo ilustra a variação de resistência do PTC com a variação crescente da temperatura, utilizaremos um termistor PTC típico. Como pode ser aí observado, para esse dispositivo a faixa de temperaturas de operação está situada entre 50ºC e 120ºC. símbolo CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 129 Eletrônica Aplicada TERMISTOR NTC O termistor tipo NTC (negative temperature coefficient), exibe coeficiente de temperatura negativo, ou seja, sua resistência elétrica diminui com a elevação de temperatura. A figura abaixo ilustra a variação com a temperatura da resistência elétrica de um termistor NTC. Símbolo APLICAÇÕES O termistor, tanto NTC como PTC, pode ser utilizado em um circuito ou equipamento, de duas formas distintas: Apenas como sensor da temperatura do equipamento. Como atuador sobre as condições de operação do equipamento. O termistor NTC pode ser utilizado, por exemplo, para manter constante o ponto de operação de um transistor perante variações na temperatura de operação, conforme ilustrado na figura ao lado, Nesse circuito um aumento de temperatura tende a provocar aumento na corrente de coletor, como resultado do acréscimo da corrente de fuga ICBO. Por outro lado, o aumento de temperatura também provoca redução na resistência elétrica do termistor NTC, reduzindo assim a tensão base-emissor do transistor. Com isso diminui a corrente de base e o ponto de operação volta ao seu estado original. Recapitulando NTC's: são termistores que diminuem a sua resistência com o aumento da temperatura. PTC`s: São termistores que aumentam a sua resistência com o aumento de temperatura. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 130 Eletrônica Aplicada O Varistor Os varistores estão sempre associados a proteção de fontes e circuitos de alimentação, pois seu funcionamentos se baseia na forte condução, ou seja, na queda brusca da resistência com o aumento da tensão. Esse componente é feito colocando-se entre duas placas metálicas um dielétrico (não confundir com capacitores) que, com o aumento da tensão tem sua resistência quase igual a zero. Deve-se prestar atenção para a tensão de ruptura desejada. Aspecto real simbologia Localização diagrama de ligação funcionamento códigos CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 131 Eletrônica Aplicada Multivibrador astável O multivibrador astável é um circuito que possui dois estados semiestáveis. Em outras palavras, o circuito exibe uma alternância de estados como função do tempo, mesmo na ausência de estímulos externos. A figura abaixo mostra um circuito típico do multivibrador astável, onde se pode notar a existência dos capacitores C1 e C2 conectados às bases dos dois transistores. Esses capacitores são elementos essenciais para manter o circuito alternando entre seus dois estados possíveis, conforme examinado a seguir. Circuito típico de um multivibrador astável. Multivibrador astável com led´s(pisca-pisca) R1 e R4 = 1K R2 e R3 = 47K C1 e C2 = 47uF (Eletrolíticos) Q1 e Q2 = BC548 (NPN) L1 e L2 = LEDs R2 e R3 = 10K CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 132 Eletrônica Aplicada CONHECENDO O CI 555 O CI NE555 mais conhecido como o CI 555, fabricado inicialmente pela firma Signetics, é um circuito integrado de baixo custo e diversas aplicações, entre suas principais, o mesmo é aplicado como multivibradores astável e monoestável, casador e/ou detector de pulsos, etc. Aspecto real diagrama interno Descrição dos terminais Massa - 1 CI 555 8 + 7 Descarga V Disparo 2 Saída 3 6 Descarga 4 5 Tensão de controle RESET O CI 555 COMO MULTIVIBRADOR ASTÁVEL Esta montagem é necessária para que o CI555 funcione como Multivibrador Astável, a entrada RESET( pino 4 ) conecta-se a +V para evitar reset indesejável na saída. Quanto a conexão de C2 não é obrigatória, mas melhora o funcionamento do CI ao derivar possívei ruídos induzidos em tal entrada. A constante de carga depende da resistência equivalente (R 1 + R2) e C1, enquanto a constante de descarga, de R2 e C2. A união das entradas de disparo( pino 2 ) e de Threshold( pino 6 ), isto significa que no estado inicial( C1 descarregado ) ambos terminais estarão no mesmo potencial de massa, o que acarreta da saída( pino 3 ) estar em nível alto e o transistor em corte. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 133 Eletrônica Aplicada Prática de laboratório Multivibrador astável (oscilador) com CI 555 A frequência de saida será dederminada pela equação abaixo: F= 1 T = 1.44 ( R1 2 R2 )C1 Perceba que a frequência de oscilação é independente da tensão de alimentação. FORMAS DE ONDA Sinal de saida pino 3 sinal no pino 2(desgarca do capacitor) Multivibrador monoestável (temporizador) CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 134 Eletrônica Aplicada Transistor Darlington A configuração Darlington, mostrada na próxima figura, é uma forma específica de ligação entre dois transistores. Configuração interna símbolo aspecto real O princípio de funcionamento da configuração Darlington pode ser compreendido a partir da análise do circuito simples mostrado na próxima figura. Como pode ser aí observado, o resistor RB fornece uma corrente de base IB1 ao transistor T1. Essa corrente é amplificada por T1, gerando uma corrente de coletor. Correntes nos transistores da configuração Darlington. Devido aos valores tipicamente altos para os ganhos dos dois transistores, uma carga exigindo um alto valor de corrente pode ser controlada através de uma corrente na base do transistor T1, que pode chegar a ser centenas ou até milhares de vezes inferior. Por exemplo, comparando-se as duas situações mostradas na figura abaixo, para se obter uma corrente de carga de 2 A, com apenas um transistor de ganho =50, a corrente de base necessária vale I B1 IR 2 = = 40 mA 1 50 CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 135 Eletrônica Aplicada Por outro lado, para a configuração Darlington com dois transistores de ganhos 1=2=50 obtém-se I B1 IR 2 2 = = 800 A 1 2 1 50 51 50 50 (a) Amplificador de corrente com apenas um transistor. (b) Amplificador na configuração Darlington. Esse resultado mostra que a configuração Darlington permite a utilização de uma corrente de base muito menor do que aquela obtida com o uso de apenas um transistor. A configuração darlington é bastante utilizada na amplificação de sinais nos estágios de potência dos aparelhos de áudio,como mostrado na figura abaixo: - PNP - NPN A configuração NPN irá amplificar as variações positivas do sinal de áudio, enquanto que a configuração PNP amplificará as variações negativas. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 136 Eletrônica Aplicada Regulação de tensão á transistor em fontes de alimentação A necessidade de projetar e montar fontes reguladas de boa qualidade provém do fato de as fontes não reguladas nem sempre atenderem aos requisitos exigidos na maioria das aplicações. Existem fundamentalmente duas razões pelas quais as fontes não reguladas são inadequadas em certas aplicações: Regulação pobre: Como resultado de uma regulação pobre, verifica-se uma variação na tensão de saída quando a carga é alterada. A influência de uma regulação pobre no desempenho de uma fonte cc pode ser observada através de dois gráficos: um correspondente a uma fonte ideal e o outro, a uma fonte real. Dependência da tensão de saída com a corrente de carga para uma fonte ideal e uma fonte real. Estabilização pobre: Nas fontes não reguladas, a tensão de saída acompanha as variações na tensão de entrada, conforme ilustrado abaixo: Redução na tensão de saída provocada por uma redução no nível de entrada. A finalidade de um regulador de tensão é melhorar o desempenho das fontes de alimentação, fornecendo um valor preestabelecido de tensão na saída, independentemente das variações na corrente de carga ou no nível da tensão ca, como mostrado a seguir: Efeito de um circuito regulador sobre a tensão de saída de uma fonte retificada. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 137 Eletrônica Aplicada É importante considerar que não existe um sistema regulador de tensão perfeito. As variações na tensão de entrada sempre provocam pequenas alterações na tensão de saída. Os sistemas reguladores devem funcionar de tal forma que a variação na tensão de saída seja a menor possível. Circuitos reguladores Os circuitos reguladores são classificados em dois grupos, segundo a posição do elemento regulador em relação à carga. Um dos grupos é denominado de regulador paralelo, pois o elemento regulador é disposto em paralelo com a carga, conforme ilustrado na figura ao lado. Um exemplo típico de um circuito pertencente a esse grupo é o regulador a diodo Zener. Modelo de um regulador paralelo O segundo grupo, denominado de regulador série, corresponde a uma configuração em que o elemento regulador fica disposto em série com a carga na regulação série, variações na tensão de entrada são transferidas para o elemento regulador, com a tensão de saída permanecendo praticamente constante. Modelo de um regulador série. REGULAÇÃO SÉRIE COM TRANSISTOR Os reguladores de tensão do tipo série com transistor são largamente empregados na alimentação de circuitos eletrônicos por apresentarem uma boa capacidade de regulação. Na próxima figura está apresentado o modelo mais simples de um regulador série a transistor. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 138 Eletrônica Aplicada PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO O princípio de funcionamento do regulador série a transistor pode ser compreendido analisando-se as tensões nos vários elementos do circuito mostrado na próxima figura. Como pode ser aí observado, a associação diodo Zener/resistor, conectada à tensão de entrada, permite a obtenção de uma tensão constante VZ independentemente das variações da tensão de entrada. A tensão constante do diodo Zener, é aplicada à base do transistor, ou seja, a tensão de base do transistor é dada por VB VZ A tensão na carga é relacionada à tensão base-emissor e a tensão na base pela relação VS VZ VBE Como mostrado na próxima figura, a diferença entre a tensão de entrada e a tensão na carga fica aplicada entre os terminais do coletor e do emissor. VS Vent VCE Tensões no regulador série a transistor. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 139 Eletrônica Aplicada ESTABILIZAÇÃO No regulador série a transistor, a tensão aplicada à base do transistor corresponde à tensão Zener e pode ser considerada constante. Nessas condições, a tensão na carga também se mantém constante com um valor de 0,2 a 0,7 V inferior à tensão Zener. Como ilustrado na próxima figura, as variações na tensão de entrada são assimiladas pelo transistor através de modificações na tensão coletor-emissor. Como pode ser aí observado, a tensão de entrada é sempre superior à tensão de saída. Essa condição é necessária pois garante que a tensão coletor-emissor do transistor possa variar sem alterar a tensão de saída do circuito. Em geral, a tensão de entrada é aproximadamente 50% superior à tensão regulada na saída. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 140 Eletrônica Aplicada REGULAÇÃO A observação do comportamento das correntes do circuito permite analisar a forma como o regulador reage às variações na corrente de carga. As correntes do circuito regulador estão mostradas na próxima figura, onde se considera que a corrente de carga esteja inicialmente em um valor IS. Considera-se que a corrente de coletor seja igual à corrente de carga, devido à aproximação. IS I E IC Correntes no regulador série a transistor. Como se pode observar na próxima figura, a corrente de base necessária para que o transistor forneça a corrente de carga é obtida da combinação resistor/diodo Zener. Qualquer modificação no valor da carga altera a corrente de coletor o que produz uma variação na corrente de base na mesma proporção. IS IC IC/=IB IS IC IC/=IB Fixando-se o valor da tensão de entrada Vent, a corrente no resistor R. IR Vent VZ R Permanece fixa, devido ao valor constante da tensão VZ. Tem-se que IR IB IZ CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 141 Eletrônica Aplicada E as variações em IB e IZ ocorrem em sentidos opostos de forma a manter IR no seu valor constante. IB IZ IS=cte. IB IZ IS=cte. Dessa forma, cabe ao diodo Zener liberar mais ou menos corrente para a base do transistor de forma a manter a corrente de carga constante. Verifica-se que no regulador série, a condição fundamental para manter a tensão de saída constante é o efeito regulador do diodo Zener. A tensão sobre o diodo deve manter-se no valor VZ independentemente de variações na carga ou na tensão de entrada. DIODO COMPENSADOR A tensão de saída no regulador série pode ser obtida da seguinte forma: VS VZ VBE A próxima figura mostra que a tensão de saída é sempre inferior à tensão Zener por uma quantidade igual à tensão base-emissor. Para compensar esse decréscimo na tensão de saída, é prática comum adicionar um diodo compensador, diretamente polarizado, em série com o diodo Zener. Regulador série com diodo compensador. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 142 Eletrônica Aplicada Com a adição do diodo, a tensão aplicada à base do transistor torna-se VB VZ VD Onde VD é a queda de tensão no diodo diretamente polarizado. A tensão de saída nessa nova configuração torna-se VS VZ VD VBE Sendo o diodo constituído do mesmo semicondutor utilizado na fabricação do transistor, tem-se que VD VBE = 0 Então: VS VZ Dissipação de potência no regulador série Os reguladores de tensão sempre apresentam elementos que dissipam potência em forma de calor. No circuito regulador série a transistor, o elemento responsável pela maior porção da potência dissipada é o transistor. Dado que a potência dissipada no transistor pode ser obtida da expressão aproximada. PC VCE I C Os transistores utilizados nos circuitos reguladores são em geral transistores de potência, dimensionados de forma que a dissipação real não provoque o disparo térmico que produz a danificação do componente. ENCAPSULAMENTO Os componentes semicondutores de um circuito dissipam potência nas junções em forma de calor. Em muitos casos a quantidade de calor gerada nas junções chega a provocar uma elevação de temperatura considerável no encapsulamento externo do componente. Para evitar a destruição do dispositivo, é muito importante que as temperaturas nas junções não atinjam a temperatura de fusão do material semicondutor. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 143 Eletrônica Aplicada A temperatura das junções de um dispositivo semicondutor depende fundamentalmente da relação: Quantidade de calor gerada nas junções Quantidadede calor transferida para o ambiente externo Quando a quantidade de calor gerada nas junções é totalmente transferida, através do encapsulamento, para o ambiente externo, a temperatura das junções mantém-se estável. Calor gerado = Calor transferido Temperatura estável Se, no entanto, a quantidade de calor transferida para o ambiente externo for menor que aquela gerada nas junções, existirá uma elevação de temperatura no material semicondutor. Calor gerado > Calor transferido Elevação de temperatura Devido aos efeitos provenientes da geração de calor, o encapsulamento do dispositivo tem grande importância, pois é através dele que o calor é escoado das junções para o ambiente externo. O material utilizado na fabricação do encapsulamento sempre apresenta certa oposição ao fluxo de calor. Um parâmetro utilizado para avaliar esse grau de oposição é o que se denomina de resistência térmica do material. Resistência térmica é um parâmetro que mede o grau de oposição ao fluxo de calor através do material. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 144 Eletrônica Aplicada A resistência térmica é representada pelo parâmetro Rth e medida em unidades de C/W (grau centígrado por Watt). Quanto menor for a resistência térmica do encapsulamento entre a junção geradora de calor e o meio ambiente, mais facilmente o calor será dissipado. Por essa razão, os transistores de potência são fabricados com encapsulamento metálico, de baixa resistência térmica. DISSIPADORES DE CALOR Os dissipadores de calor são dispositivos metálicos acoplados aos dispositivos semicondutores com o objetivo de facilitar a transferência de calor do interior do componente para o ambiente externo. Fig.12 Dissipador para acoplamento a um transistor de corpo cilíndrico. Transi O dissipador reduz a resistência térmica entre a junção stor dee o meioambiente, possibilitando assim operar o dispositivo semicondutor a uma corpo potência mais elevada que aquela limitada pelo encapsulamento do cilíndrico componente. com Usando essa técnica, a resistência térmica do transistor irá diminuir. dissipador Essa redução permite que o transistor possa operar a um nível de de calor. potência até quatro vezes superior àquele permitido na ausência do dissipador, sem que isso provoque uma maior elevação de temperatura do componente. MONTAGEM DO TRANSISTOR NO DISSIPADOR Existe no comércio uma grande variedade de formas e dimensões de dissipadores, com uma ampla gama de valores de resistência térmica. A próxima figura mostra um tipo comum de dissipador, para fixação do transistor TO-3. Dissipador para fixação do transistor TO-3. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 145 Eletrônica Aplicada Quando for necessário isolar eletricamente o transistor do dissipador, utiliza-se um isolante elétrico delgado de mica que, dependendo de quão fina seja a espessura utilizada, pode apresentar uma resistência térmica tipicamente baixa. Devem-se também utilizar arruelas de passagem isolantes para evitar o contato elétrico dos parafusos de fixação ao dissipador. As figuras abaixo mostram em detalhes a forma de fixação do transistor ao dissipador, para obtenção de isolação elétrica entre os dois componentes. OTIMIZAÇÃO DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR Algumas providências podem ser tomadas para otimizar-se a transferência de calor entre a junção semicondutora e o ambiente externo, tais como: Estabelecer a maior área de contato possível entre o componente semicondutor e o dissipador. Afixar firmemente o componente ao dissipador, através de parafusos. Juntar as regiões de contato entre componente e mica e entre mica e dissipador utilizando graxa de silicone, eliminando possíveis bolhas de ar que aumentam a resistência térmica. Usar dissipadores enegrecidos. Aumentar a área do dissipador. Posicionar o dissipador de forma que na montagem final as aletas fiquem orientadas na posição vertical. Utilizar refrigeração forçada, através de ventiladores, ou circulação de água ou óleo no interior do dissipador. Afastar os dissipadores e os dispositivos semicondutores de elementos que também sofram aquecimento, tais como transformadores e resistores de potência. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 146 Eletrônica Aplicada Fonte regulada com comparador A fonte regulada com comparador é um circuito eletrônico destinado a fornecer um valor de tensão contínua constante na saída, quando a corrente de carga e a tensão de entrada variarem entre valores limites preestabelecidos. Uma representação simplificada de uma fonte regulada com comparador está mostrada na figura abaixo: Bloco representativo da função de uma fonte regulada. A fonte regulada com comparador é uma versão mais elaborada dos circuitos reguladores convencionais, sendo utilizada para alimentação de equipamentos que demandem uma alta estabilidade nas tensões de operação. DIAGRAMA DE BLOCOS Os três primeiros blocos,representam a transformação da tensão alternada da rede em tensão contínua filtrada, e desempenham as seguintes funções: Conversão de nível: Esse bloco é utilizado para a obtenção do nível de tensão alternada necessário na retificação, a partir das tensões padronizadas das redes elétricas (110V, 220V). Retificação: Esse bloco faz a transformação de tensão alternada em contínua pulsada. Esse processo é executado com o emprego de diodos, ligados de forma a fornecer uma retificação de meia onda ou de onda completa. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 147 Eletrônica Aplicada Filtragem: Esse bloco tem por objetivo aproximar a forma de tensão, na saída da retificação, de uma tensão contínua pura. Os blocos restantes compõem o módulo regulação e desempenham as seguintes funções: Referência: Esse bloco representa o componente ou circuito que tem por finalidade fornecer a tensão de referência necessária para o funcionamento do comparador. Amostragem: A finalidade desse bloco é fornecer uma parcela da tensão de saída ao comparador. Comparação: Esse bloco compara as tensões de amostra e referência, fornecendo na saída uma tensão proporcional à diferença entre aqueles dois sinais. O circuito comparador atua também como amplificador da diferença entre as tensões da amostra e da referência. Controle: Representa o transistor regulador, que recebe na base a tensão de saída do comparador e realiza a correção na tensão de saída da fonte. A compreensão da função desempenhada por cada bloco, bem como a identificação de seus componentes é muito importante, pois facilita a manutenção e reparo da fonte regulada. DIAGRAMA DE CIRCUITO Circuito de uma fonte regulada com comparador. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 148 Eletrônica Aplicada Circuitos integrados reguladores de tensão A configuração do regulador de tensão com componentes discretos (transistor e diodo zener) é muito empregada em equipamentos eletrônicos. Isso levou os fabricantes de circuitos integrados a produzir os chamados reguladores de tensão integrada. O CI regulador de tensão mantém a tensão de saída constante (estabilizada) mesmo havendo variações na tensão de entrada ou na corrente de saída. Diagrama em blocos de uma fonte de alimentação com tensão de saída regulada. Símbolo Aspectos reais Formatos em SMD Os reguladores de tensão na forma de C.Is são mais precisos e tornam o circuito mais compacto pois ocupam menor espaço. Têm-se vários tipos de reguladores de tensão, dentre os quais podemos citar os CIs da série 78XX para tensão positiva e os da série 79XX para tensão negativa. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 149 Eletrônica Aplicada Nota: As funções dos pinos 1 e 2 da série 79XX são trocadas em relação à série 78XX Nos reguladores 78XX, o pino 1 é a entrada e o pino 2 é o comum (ligado ao terra). Nos reguladores 79XX, o pino 2 é a entrada e o pino 1 é o comum (ligado ao terra). O pino 3 é a saída tanto para o 78XX quanto para o 79XX. Tabela: referencias dos circuitos reguladores de tensão CI Tensão de saída CI Tensão de saída 7805 + 5V 7905 - 5V 7806 + 6V 7906 - 6V 7812 + 12V 7912 - 12V 7815 + 15V 7915 - 15V 7824 + 24V 7924 - 24V Especificações elétricas As características dos reguladores de tensão 78XX são: -Máxima tensão de entrada = 35 V -Tensão mínima de entrada é de aproximadamente 3V acima da tensão de saída -Máxima corrente de saída = 1 A -Máxima potência dissipada = 15 W ==> PD = (V.entrada-V. Saída). IL IL é a corrente de saída. Tabela: tensão de entrada CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 150 Eletrônica Aplicada Conversor de 12 v para 5 v com o C.I 7805. Os reguladores integrados podem ser utilizados para reduzir valores de Vcc. RL é a resistência da carga (LOAD) ou o circuito eletrônico que está sendo alimentado com 5V.Os capacitores C1 e C2 eliminam ruídos de RF e dão maior estabilidade na tensão de saída. Considerando IL = 500 mA , tem-se uma potência dissipada no CI de: PD = ( 12V -- 5V ).0,5 A => PD = 3,5W Fonte regulada com uma tensão de +5V na saída Para uma tensão de ondulação muito pequena como o que é exigido pelos circuitos pré-amplificadores de áudio, transmissores de RF, circuitos digitais, etc, deve-se utilizar um regulador de tensão na saída do retificador com filtro. O transformador abaixa a tensão alternada de 127V (rede elétrica) para 7,5V. Os diodos retificam esta tensão alternada de 7,5V. A saída dos diodos é uma tensão contínua pulsante. O capacitor C de 2200 F filtra esta tensão pulsante e a torna mais próxima de uma tensão contínua pura. O regulador de tensão 7805 estabiliza a tensão de saída em 5V. A tensão de saída é praticamente igual a uma tensão contínua pura de 5V. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 151 Eletrônica Aplicada Fonte regulada com uma tensão de +12v na saída Para uma tensão de +12V na saída, troque o 7805 pelo 7812 e utilize o retificador em ponte como mostrado abaixo. Fonte simétrica com tensão de saída regulada CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 152 Eletrônica Aplicada Fonte regulada e ajustável de 1,25V a 16,5V com o LM317 O CI regulador LM 317 permite o ajuste de sua tensão de saída. Esta fonte poderá ser utilizada na bancada para alimentar circuitos ou aparelhos eletrônicos em condições de teste. Amplificação de sinais elétricos com TJB Denomina-se sinal elétrico qualquer variação de tensão ou corrente através da qual seja possível transferir informação. Representação gráfica de um sinal elétrico. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 153 Eletrônica Aplicada O sinal de televisão, por exemplo, constitui-se de variações de tensão que fornecem uma "versão elétrica" das imagens captadas pela câmara. A música, reproduzida por um alto falante corresponde a um sinal elétrico transformado em som pelo alto-falante. Sinais elétricos são variações de tensão ou corrente que transportam informação. Dependendo da aplicação a que se destinam, os sinais elétricos podem ser de grande ou pequena intensidade. Por exemplo, para movimentar os alto-falantes de um estádio de futebol necessita-se que o sinal elétrico a ser reproduzido tenha uma grande intensidade, enquanto que um sinal de pequena intensidade é suficiente para movimentar os fones de ouvido de um rádio ou gravador. Para possibilitar a transformação de um sinal de pequena intensidade em outro de maior intensidade, faz-se uso de um processo denominado de amplificação que permite manter a freqüência e a forma do sinal original inalteradas, conforme ilustrado abaixo: Efeito da amplificação em um sinal elétrico. AMPLIFICADOR E ESTÁGIO AMPLIFICADOR O termo amplificador refere-se a todo um conjunto de componentes e circuitos que realizam a amplificação de um sinal. O amplificador é geralmente representado em diagramas de circuito pelo bloco triangular mostrado na figura abaixo: Representação simplificada de um amplificador. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 154 Eletrônica Aplicada O amplificador de um toca-discos, por exemplo, é composto de uma série de pequenos circuitos que, no conjunto, amplificam por mais de 1.000 vezes o sinal de entrada, gerado pelos movimentos verticais da agulha, de forma a permitir o funcionamento adequado do alto-falante. Fatores de amplificação da ordem de 1.000 a 2.000 são empregados constantemente em circuitos de rádio, televisão e em equipamentos de controle industrial. Entretanto, devido a limitações de ordem prática, não é sempre possível atingir aqueles altos fatores com o uso de apenas um amplificador. Para contornar esse tipo de limitação, a amplificação é feita parceladamente, através de uma série de circuitos, ou estágios amplificadores, que realizam amplificações sucessivas do sinal, conforme ilustrado na figura a seguir: Estágios amplificadores utilizados para aumentar o fator de amplificação. GANHO DE UM ESTÁGIO AMPLIFICADOR O fator de amplificação de um estágio amplificador é denominado de ganho. Este parâmetro define portanto quantas vezes o sinal é amplificado pelo estágio. Admitindo que o sinal de entrada de um estágio amplificador seja senoidal, conforme ilustrado na figura abaixo, pode-se calcular o ganho de amplitude pela expressão G S pp2 S pp1 onde: Spp2 = amplitude do sinal de saída, medida de pico a pico. Spp1 = amplitude do sinal de entrada, medida de pico a pico. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 155 Eletrônica Aplicada Parâmetros utilizados na definição do ganho de amplitude de um estágio amplificador. A amplitude do sinal pode ser a tensão ou corrente a ele associada. Pode-se também definir um ganho de potência para um estágio amplificador como a relação entre a potência de saída e a potência de entrada, como descrito a seguir. TIPOS DE ESTÁGIOS AMPLIFICADORES Os estágios amplificadores podem ser de três tipos: Estágio amplificador de tensão. Estágio amplificador de corrente. Estágio amplificador de potência. Estágio amplificador de tensão Esse tipo de estágio é utilizado para aumentar a amplitude de tensão do sinal de entrada que se situa tipicamente na faixa de microvolts a milivolts, propiciando um ganho típico da ordem de 100. Os estágios amplificadores de tensão funcionam com correntes pequenas não podendo ser utilizados para acionar, por exemplo, um altofalante que necessita de correntes elevadas. Estágio amplificador de corrente Como o nome sugere, esse tipo de estágio amplificador destina-se a fornecer grandes variações de corrente de saída a partir de pequenas variações na corrente de entrada do estágio. Estágio amplificador de potência Esse tipo de estágio tem um pequeno ganho de tensão, usualmente inferior a 10, podendo propiciar simultaneamente um ganho de corrente. Destina-se ao acionamento de cargas, como por exemplo, alto-falantes, relés etc. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 156 Eletrônica Aplicada Como descrito anteriormente, o ganho dos estágios de potência é normalmente definido pela relação GP Psaída Pent Onde: Psaída= potência de saída. Pent = potência de entrada. Um estágio amplificador de potência pode liberar para a carga uma potência de alguns Watts para uma potência de entrada de alguns miliwatts. AMPLIFICADOR DE SOM O amplificador de som é composto de alguns estágios amplificadores de tensão e de um estágio amplificador de potência na saída, como ilustrado na figura a seguir: Diagrama representativo de um amplificador de som. No diagrama mostrado na figura anterior, os estágios amplificadores de tensão têm por finalidade amplificar o sinal de entrada até que a amplitude da tensão seja suficiente para maximizar o rendimento do amplificador de potência. Quando utilizados com esse fim, os estágios amplificadores de tensão são também denominados de préamplificadores. O estágio amplificador de potência, após receber o sinal préamplificado, libera a potência necessária para acionar os alto-falantes do sistema de som. ESTÁGIO AMPLIFICADOR A TRANSISTOR NA CONFIGURAÇÃO EMISSOR COMUM O estágio amplificador que utiliza um transistor na configuração emissor comum, ilustrada na figura abaixo, proporciona um alto ganho de tensão e de corrente. Isso permite que essa configuração seja largamente empregada na construção de amplificadores de potência. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 157 Eletrônica Aplicada Estágio amplificador com transistor na configuração emissor comum. PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO O princípio de funcionamento do estágio amplificador configuração emissor comum pode ser analisado com base na abaixo: na Circuito de um estágio amplificador na configuração emissor comum. a corrente de base pode ser obtida da expressão I B I 1 + I ent onde Ient é a corrente associada ao sinal de entrada e I1 é a corrente no resistor R1. Componentes da corrente de base para uma corrente de entrada senoidal. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 158 Eletrônica Aplicada A corrente de coletor é amplificada por um fator , correspondente ao ganho de corrente do transistor em relação à corrente de entrada. A tensão de coletor, ou equivalentemente, a tensão de saída, é também uma versão amplificada da tensão de entrada. Existe no entanto um deslocamento no tempo de um semiciclo entre aquelas duas grandezas. ACOPLAMENTO DE SINAIS Um sinal elétrico existente em um circuito eletrônico pode ter um valor médio não nulo, ou seja, contendo uma componente ou nível cc, conforme ilustrado na figura abaixo: (a) Sinal com média temporal nula. (b) Sinal com média temporal não nula. Como a informação transportada pelo sinal é relacionada apenas às suas variações no tempo, não é de interesse que a componente cc nele presente seja transferida entre os diversos estágios que compõem um circuito eletrônico, pois aquela componente, além de não conter nenhuma informação, pode alterar significativamente o ponto de operação do circuito na ausência do sinal. Como ilustrado na figura a seguir , o emprego de um capacitor ou de um transformador interconectando estágios sucessivos de um circuito eletrônico, bloqueia a componente cc, permitindo apenas a passagem da porção variável do sinal. Técnicas de bloqueio da componente cc do sinal entre estágios de um circuito eletrônico. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 159 Eletrônica Aplicada O princípio ilustrado é utilizado freqüentemente em estágios amplificadores. Esses estágios estão sempre acompanhados na entrada e na saída de um capacitor ou de um transformador. A figura a seguir, mostra um amplificador transistorizado com capacitores série de entrada e saída. Como pode ser aí observado, o circuito amplificador propriamente dito recebe apenas a parte variável do sinal. A fonte cc, utilizada para polarizar o transistor, introduz uma componente cc no sinal amplificado que também é bloqueada pelo capacitor de saída. Arranjo série de um amplificador com dois capacitores para eliminação das componentes cc presentes nos sinais de entrada e de saída. Nos estágios amplificadores transistorizados para operação em freqüências de áudio (20 Hz a 20 kHz), os capacitores de entrada e saída são, geralmente, eletrolíticos. Em resumo, o circuito amplificador a transistor na configuração emissor comum é composto, fundamentalmente, de dois grupos de elementos: Elementos de polarização. Elementos de bloqueio da componente cc do sinal. Os elementos de polarização são aqueles que têm por finalidade estabelecer o ponto de operação do transistor, e incluem os resistores de coletor, de base e de emissor. Os elementos de bloqueio da componente cc do sinal são denominados de acopladores e são os transformadores ou os capacitores de entrada e saída mostrados na figura abaixo: Elementos de um amplificador a transistor na configuração emissor comum. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 160 Eletrônica Aplicada DESACOPLAMENTO DO EMISSOR Nos estágios amplificadores em que o emissor está conectado diretamente ao terra, como mostrado na figura a seguir, o ganho é elevado, geralmente maior do que 50. Como desvantagem, aquele tipo de circuito tem baixa estabilidade térmica, sendo adequado para estágios amplificadores que não estejam sujeitos a variações muito amplas de temperatura. Por outro lado, o resistor de emissor, quando incluído no circuito, reduz sensivelmente o seu ganho, que passa a se situar tipicamente em um valor próximo a 10. Amplificador com o emissor do transistor conectado ao terra. Em um estágio amplificador polarizado por divisor de tensão a estabilidade térmica pode ser melhorada acrescentando-se um resistor de emissor ao circuito. Por outro lado, essa modificação reduz o ganho do estágio. Para otimizar o desempenho do amplificador, utiliza-se um capacitor de desacoplamento conectado em paralelo com o resistor de emissor, conforme indicado na figura abaixo, que permite a obtenção de um estágio amplificador termicamente estável e com ganho elevado. Amplificador com capacitor de desacoplamento conectado em paralelo com o resistor de emissor. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 161 Eletrônica Aplicada Se o capacitor de desacoplamento tiver uma reatância muito baixa, ele atuará como um curto-circuito apenas em relação à componente variável do sinal amplificado. Como ilustrado na próxima figura, na ausência de um sinal de entrada o capacitor comporta-se como um circuito aberto, não alterando as tensões de polarização, e portanto o ponto de operação do circuito. Atuação do capacitor de desacoplamento na ausência de um sinal na entrada do circuito amplificador. Aplicando-se um sinal na entrada do amplificador, o capacitor comporta-se idealmente como um curto-circuito em relação à parcela variável da tensão do emissor, como ilustrado na próxima figura. Do ponto de vista da parcela variável da tensão do emissor, tudo se passa como se o emissor estivesse ligado diretamente ao terra. Dessa forma pode-se obter um estágio amplificador com ganho da ordem de 50 e com boa estabilidade térmica. Atuação do capacitor de desacoplamento na presença de um sinal na entrada do circuito amplificador. Para que o capacitor realize o desacoplamento reatância deve ser pequena.. Na prática, na menor operação do amplificador, o valor da reatância deve ser vezes menor do que a resistência do resistor de emissor. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS adequado, sua freqüência de pelo menos 10 Por essa razão, 162 Eletrônica Aplicada capacitores de desacoplamento utilizados em amplificadores, são do tipo eletrolítico com capacitâncias entre 1F e 50F. A figura abaixo mostra um estágio amplificador completo, com os elementos de polarização, de acoplamento e de desacoplamento. Estágio amplificador completo. PARÂMETROS DO ESTÁGIO AMPLIFICADOR Os parâmetros comumente utilizados na caracterização de um estágio amplificador são os seguintes: Ganho de corrente. Ganho de tensão. Impedância de entrada. Impedância de saída. GANHO DE CORRENTE O ganho de corrente de um estágio amplificador, representado pelo parâmetro AI, é definido como sendo a relação entre as variações das correntes de saída IS, e de entrada Ient, ou equivalentemente I S I ent O ganho de corrente do estágio amplificador na configuração emissor comum equivale ao próprio ganho de corrente do transistor , e pode ser considerado genericamente como alto, com um fator de algumas dezenas. AI GANHO DE TENSÃO O ganho de tensão de um estágio amplificador é definido pela relação AV VS Vent CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 163 Eletrônica Aplicada Na configuração emissor comum o ganho de tensão é fortemente dependente dos valores dos elementos polarizadores e das correntes de polarização, dificultando a determinação analítica desse parâmetro. Entretanto, o ganho de tensão pode ser obtido diretamente, medindo-se as tensões de saída e de entrada com um osciloscópio. Em termos de classificação genérica, o ganho de tensão na configuração emissor comum também pode ser considerado como alto, tendo um fator típico de algumas dezenas. IMPEDÂNCIA DE ENTRADA A impedância de entrada Zi é a resistência oferecida pelos terminais de entrada do amplificador à passagem da corrente associada ao sinal, como ilustrado na figura abaixo: Impedância de entrada de um amplificador. A impedância de entrada de amplificadores na configuração emissor comum é geralmente de algumas centenas de ohms, sendo classificada genericamente como média. A determinação teórica da impedância de entrada requer a manipulação matemática das equações do circuito amplificador. Para evitar as complicações envolvidas no tratamento analítico, pode utilizar-se uma técnica simples de medição desse parâmetro. A técnica requer o emprego de um potenciômetro conectado em série a um dos terminais de entrada do estágio amplificador, como mostrado na figura abaixo. Técnica de medição da impedância de entrada de um amplificador. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 164 Eletrônica Aplicada A técnica de medição consiste na execução dos seguintes passos: Selecionando um valor nulo para a resistência do potenciômetro mostrado na figura acima , ajusta-se a tensão pico a pico no ponto A para um valor pré-definido VApp. Ajusta-se então o potenciômetro até que a tensão no ponto B, VBpp diminua para a metade da tensão aplicada ao ponto A, ou seja, na condição VBpp VApp 2 Quando essa condição for atingida, a resistência do potenciômetro torna-se igual à impedância de entrada do estágio, pois metade da tensão é aplicada entre os terminais do potenciômetro, com a outra metade residindo entre os terminais de entrada do circuito equivalente,Pode-se, então, desconectar o potenciômetro do circuito, sem alterar a posição do cursor, e medir a sua resistência que fornece o parâmetro Zi do amplificador. O conhecimento da impedância de entrada de um amplificador é importante para a obtenção do correto casamento de impedâncias na conexão com uma fonte de sinal. IMPEDÂNCIA DE SAÍDA O conhecimento da impedância de saída de um amplificador, representada pelo parâmetro Zo, também é importante para a conexão adequada da saída do estágio com outro circuito. O valor da impedância de saída pode ser determinado analiticamente, a partir de um tratamento matemático das equações do circuito. Entretanto, o valor pode também ser medido de uma forma simples, utilizando-se um potenciômetro na saída do circuito, conforme indicado na figura abaixo. A técnica de medição consiste na execução dos seguintes passos: Com a chave do circuito, desligada, mede-se a tensão pico a pico VApp do sinal presente no ponto A. Liga-se a chave e ajusta-se então o potenciômetro até que a tensão VApp diminua para a metade de seu valor inicial Quando essa condição for atingida, a resistência do potenciômetro tem o mesmo valor da impedância de saída do estágio. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 165 Eletrônica Aplicada Técnica de medição da impedância de saída de um amplificador. Nos processos de medição dos parâmetros Zi e Zo o gerador de sinais deve ser ajustado de forma a não distorcer o sinal de saída, evitando assim a obtenção de valores incorretos para aqueles parâmetros. Os estágios amplificadores em emissor comum têm uma impedância de saída que pode ser classificada como alta, podendo atingir alguns milhares de ohms. As características principais de um amplificador na configuração emissor comum estão sumarizadas na Tabela 1. Tabela 1: Ordens de grandeza dos parâmetros de um amplificador na configuração emissor comum. Parâmetro AI AV Zi Zo Ordem de grandeza Alto ( dezenas de vezes) Alto ( dezenas de vezes) Média ( centenas de ohms) Alta (centenas a milhares de ohms) CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 166 Eletrônica Aplicada Amplificador operacional O amplificador operacional (AO) é um circuito eletrônico, disponível na forma de circuito integrado, com características que se aproximam daquelas de um amplificador ideal. Sua versatilidade o torna aplicável em uma variedade de equipamentos eletrônicos, tais como aqueles utilizados em circuitos industriais, circuitos de áudio, e na filtragem de sinais, entre outros. SMD O termo amplificador operacional tem origem nas primeiras aplicações dessa classe de dispositivos que eram dirigidas para a realização de operações matemáticas de adição, subtração e multiplicação, executadas eletronicamente nos antigos computadores analógicos. REPRESENTAÇÃO DE CIRCUITO DE UM AMPLIFICADOR OPERACIONAL O símbolo utilizado para representar o amplificador operacional em diagramas de circuito, corresponde a um triângulo que aponta no sentido de amplificação do sinal, conforme ilustrado na figura a seguir. Ao triângulo são acrescentados terminais que representam pontos de conexão com o circuito externo. Representação de circuito de um amplificador operacional. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 167 Eletrônica Aplicada Como mostrado na figura anterior, existem fundamentalmente 5 terminais que fazem parte de todos os tipos de amplificadores operacionais: Dois terminais para alimentação. Um terminal de saída. Um terminal de entrada não inversora. Um terminal de entrada inversora. TERMINAIS DE ALIMENTAÇÃO DO AO Devido às suas características de construção, os amplificadores operacionais devem ser alimentados com tensões simétricas. A Fig.2 ilustra o emprego de uma fonte simétrica para alimentação de um AO. Forma de alimentação de um AO. É importante observar que os AOs não são ligados diretamente ao terminal terra(0V) da fonte simétrica, pois o circuito compondo o amplificador operacional dispõe internamente desse terminal, como ilustrado abaixo: Diagrama da estrutura interna de um AO. Outros componentes ou circuitos que estejam ligados ao AO e que necessitem do terminal terra podem utilizar aquele terminal diretamente da fonte simétrica, como mostrado no próximo exemplo. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 168 Eletrônica Aplicada Amplificador operacional conectado a um circuito com fonte simétrica. TERMINAIS DE ENTRADA DO AO A finalidade básica de um amplificador operacional é realizar a amplificação tanto de tensões contínuas como alternadas. O componente possui dois terminais de entrada. Um terminal de entrada inversora, indicado pelo sinal () no símbolo do AO. Um terminal de entrada não inversora indicado pelo sinal (+) no símbolo do AO. Para os sinais ou tensões aplicadas na entrada inversora () o AO se comporta como um amplificador que introduz uma defasagem de 180º no sinal de saída em relação ao sinal de entrada. Esse efeito está ilustrado na figura abaixo para um sinal aplicado ao terminal inversor. Para os sinais ou tensões aplicadas na entrada não inversora (+), o AO não introduz nenhuma defasagem entre a entrada e a saída, conforme ilustrado abaixo: Relação entre os sinais de entrada e saída de um AO para um sinal aplicado à entrada inversora do dispositivo. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 169 Eletrônica Aplicada Relação entre os sinais de entrada e saída de um AO para um sinal aplicado à entrada não inversora do dispositivo. CARACTERÍSTICAS DE UM AO As características ou parâmetros de um AO são fornecidos no folheto de especificações do fabricante e possibilitam ao usuário determinar, entre os diversos tipos de dispositivos, aquele que se adapta a uma determinada necessidade. Entre os parâmetros especificados, aqueles que merecem atenção especial são os seguintes: Impedância de entrada. Impedância de saída. Ganho de tensão em malha aberta. Tensão offset de saída. Rejeição de modo comum. Banda passante. As características de um amplificador operacional real podem ser analisadas com base nos parâmetros característicos de um AO ideal. Nesse sentido, os fabricantes procuram continuamente desenvolver novos circuitos cujas características se aproximam das ideais. São definidos nas seções seguintes os parâmetros característicos listados anteriormente. IMPEDÂNCIA DE ENTRADA A impedância de entrada Zi de um AO é aquela que seria medida entre os terminais de entrada do dispositivo, conforme mostrado abaixo: CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 170 Eletrônica Aplicada Idealmente o AO deveria ter terminais de entrada totalmente isolados, e conseqüentemente, o AO ideal deve exibir um impedância de entrada infinita. A aplicação de uma tensão de entrada resultaria em uma corrente injetada nula, pois a condição Zi fornece Ii Vi V i 0 Zi Um AO real, construído na forma de um circuito integrado tem uma impedância de entrada da ordem de vários megahoms. Esse alto valor permite, em muitos casos, utilizar o valor ideal Zi para o amplificador operacional real, e nessa aproximação pode-se considerar que a corrente injetada em um AO real é praticamente nula. IMPEDÂNCIA DE SAÍDA A impedância de saída Zo de um AO é aquela que seria medida entre o terminal de saída e o terra do circuito. O modelo de circuito para a saída de um AO corresponde a uma fonte de tensão ideal em série com um resistor de resistência Zo. Representação do parâmetro Zo de um AO. Idealmente um amplificador operacional deve exibir Zo = 0 de forma a ter uma saída que se comporte como uma fonte de tensão ideal para a carga, ou seja, uma fonte com resistência interna nula, como indicado na Fig.9. Modelo de circuito para a saída de um AO ideal. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 171 Eletrônica Aplicada Com impedância de saída nula, a tensão de saída de um AO ideal depende apenas do valor do sinal de entrada e do ganho do dispositivo, sendo independente da corrente solicitada pela carga. Em um amplificador operacional real a impedância de saída pode estar situada na faixa 10 < Zo < 1 k. Através de um circuito externo a impedância de saída de um AO pode, em alguns casos, ser reduzida a valores Zo < 1. Um valor não nulo para a impedância de saída de um AO real é um fator indesejável pois a tensão de saída tende a diminuir com o aumento da corrente solicitada pela carga. Isso pode ser concluído com base na figura abaixo, que indica a existência de uma tensão de carga Vo V I o Zo V Parâmetros elétricos de um AO real com saída conectada à carga. Em resumo, a tensão de saída Vo de um AO real depende dos seguintes fatores: Tensão de entrada. Ganho do AO. Corrente solicitada pela carga. GANHO DE TENSÃO DIFERENCIAL O sinal a ser amplificado por um AO pode ser aplicado de três maneiras: Entre a entrada inversora () e o terminal terra. Entre a entrada não inversora (+) e o terminal terra. Entre as entradas (+) e (). Quando o sinal é aplicado entre os dois terminais de entrada, na forma mostrada na próxima figura, o AO atua como amplificador diferencial. Existem dois tipos de ganho associados ao amplificador diferencial: CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 172 Eletrônica Aplicada Ganho em malha aberta. Ganho em malha fechada. Configurado como amplificador diferencial. Ganho em malha aberta: Esse parâmetro é definido como sendo o ganho do amplificador diferencial quando não há ligação entre o terminal de saída e um dos terminais de entrada, conforme mostrado na figura anterior. O ganho em malha aberta depende apenas das características intrínsecas do AO. Ganho em malha fechada: Esse parâmetro é definido como sendo o ganho do amplificador diferencial quando é feita uma realimentação externa, conectando o terminal de saída a um dos terminais de entrada, conforme mostrado ao lado. O ganho em malha fechada depende, além das propriedades intrínsecas do AO, dos parâmetros elétricos dos elementos de circuito utilizados na realimentação. Os folhetos de especificações do fabricante fornecem o ganho diferencial em malha aberta (Ad). Idealmente o ganho diferencial em malha aberta de um amplificador operacional deveria ser infinito, ou seja, Ad . No entanto, o componente real apresenta um ganho que pode variar de 103 a 106. O ganho de um AO pode ser reduzido a um valor específico com o emprego de um circuito de realimentação, do tipo mostrado na figura anterior. Essa é uma das características mais importantes do amplificador operacional, pois o ganho em malha fechada torna-se dependente apenas dos parâmetros elétricos associados aos componentes do circuito de realimentação. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 173 Eletrônica Aplicada TENSÃO OFFSET DE SAÍDA Um amplificador operacional ideal deveria exibir tensão de saída nula, se ambos os terminais de entrada estivessem aterrados, conforme ilustrado na figura abaixo. No entanto, o componente real exibe tensão de saída não nula mesmo com os terminais de entrada aterrados. AO ideal com os dois terminais de entrada aterrados. Qualquer valor de tensão que surge na saída de um AO com terminais de entrada aterrados é denominado de tensão offset de saída, VOS. Em geral, a tensão offset de um AO pode chegar a alguns milivolts. Um dos terminais do AO, denominado de offset null, pode ser conectado a um circuito externo, de forma a permitir o ajuste da tensão de saída até um valor nulo, quando as entradas estiverem aterradas. Esse terminal adicional está mostrado na representação de circuito do AO da figura abaixo: Representação de circuito de um AO com a inclusão do terminal offset null. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 174 Eletrônica Aplicada AMPLIFICADOR OPERACIONAL 741 Um amplificador operacional freqüentemente utilizado em circuitos eletrônicos é o 741, devido ao seu baixo custo e relativamente bom desempenho. O campo de aplicações deste AO é tão extenso que um grande número de fabricantes de circuitos integrados produz amplificadores operacionais com características e designações praticamente idênticas, como por exemplo, MA741, LM741, MC741, SN72741, AD741 etc. A Tabela abaixo resume os valores típicos dos parâmetros do AO 741 juntamente com os valores correspondentes a um AO ideal. Os parâmetros aí listados mostram que o 741 tem características próximas àquelas de um amplificador operacional ideal. Parâmetros típicos do AO 741 e valores correspondentes de um AO ideal. Parâmetro Zi Zo Ad CMRR AO ideal 0 741 2 M 75 106dB 90dB O folheto de especificações do fabricante também fornece uma série de informações adicionais, que permitem estabelecer o desempenho do componente e valores máximos admitidos para as grandezas elétricas de alimentação e entrada, bem como temperatura de operação do componente. A Tabela abaixo lista os valores máximos permitidos para os componentes da série AD741(J, K, L ou S), fabricados pela Analog Devices. Valores máximos permitidos para os componentes da série AD741 (J, K, L ou S). Parâmetro Valor máximo permitido Tensão de alimentação Dissipação interna de potência Tensão diferencial de entrada1 Tensão de entrada2 Faixa de temperatura durante armazenagem Temperatura durante soldagem (até 60 seg) Duração de curto-circuito na saída Temperatura de operação CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 22 V 500 mW 30 V 15 V o 65 C a 150 oC + 300 oC Indefinido 70 oC 175 Eletrônica Aplicada AJUSTE DE OFFSET DO AO 741 A figura a seguir mostra a disposição dos terminais do 741. Como pode ser aí observado, existem dois terminais que são utilizados para o ajuste da tensão offset na saída. Disposição dos terminais do 741 O procedimento recomendado pelo fabricante para a efetuação do ajuste de offset é mostrado na figura ao lado. A técnica utiliza um potenciômetro de 10k conectando ambos os terminais, com o terminal ajustável do potenciômetro conectado diretamente ao terminal VCC da fonte os terminais de entrada, ajusta-se o potenciômetro até o ponto em que a tensão de saída se reduz a um valor nulo. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 176 Eletrônica Aplicada Transistor de efeito de campo(FET) O transistor de efeito de campo tem capacidade de exercer o controle de corrente através da tensão aplicada em um de seus terminais, sendo utilizado, principalmente, nos estágios de entrada de instrumentos de medida, tais como osciloscópios, voltímetros eletrônicos, receptores etc., onde seja necessária uma elevada impedância de entrada. O transistor de efeito de campo é geralmente designado pela abreviação FET cujas letras correspondem às iniciais do termo inglês field effect transistor. Existem duas categorias de dispositivos de efeito de campo: -O transistor de efeito de campo de junção, designado pela sigla JFET. -O transistor de efeito de campo de porta isolada, designado pela sigla MOSFET. As características principais dessas duas categorias de dispositivos são examinadas a seguir. TRANSISTOR DE EFEITO DE CAMPO DE JUNÇÃO O JFET é constituído por um substrato de material semicondutor exibindo um tipo de dopagem, no qual é formado, por técnicas de implantação iônica, um canal de dopagem distinta daquela correspondente ao substrato, conforme ilustrado abaixo: Estrutura básica de um JFET. Dois tipos de dispositivos podem ser fabricados, conforme ilustrado na figura abaixo: Substrato do tipo p e canal do tipo n, denominado de JFET canal n Substrato do tipo n e canal do tipo p, denominado de JFET canal p. JFETs canal n e canal p. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 177 Eletrônica Aplicada TERMINAIS DE LIGAÇÃO DO JFET Os JFETs possuem 3 terminais. Dois terminais estão ligados às extremidades do canal e são denominados de fonte e dreno, como mostrado na figura abaixo: O terminal fonte é identificado pela letra S (do inglês source) e o terminal dreno pela letra D (do inglês drain). O terceiro terminal, denominado de porta é identificado pela letra G (do inglês gate), sendo conectado diretamente ao substrato. Terminais de um JFET. Os terminais dreno e fonte servem a propósitos distintos e conseqüentemente não podem ser trocados um pelo outro, nas montagens envolvendo FETs. FORMAS DE ENCAPSULAMENTO Os transistores de efeito de campo são fabricados em invólucros semelhantes àqueles utilizados em transistores bipolares. A figura abaixo mostra dois tipos básicos de encapsulamento disponíveis comercialmente. REPRESENTAÇÃO SIMBÓLICA A figura abaixo mostra a representação simbólica de JFETs canal n e canal p, onde se pode notar que a diferença nas representações, indicativa do tipo de canal do dispositivo, ocorre no sentido da seta no terminal G. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 179 Eletrônica Aplicada POLARIZAÇÃO DE JFETs Como ocorre com o transistor bipolar, o JFET funciona com um terminal comum à entrada e à saída do circuito. A configuração mais usual é aquela em que o terminal fonte é escolhido como terminal comum, como mostrado na figura a seguir, Como pode ser aí observado, a forma de ligação com a fonte externa é função do tipo de canal do dispositivo. Formas de polarização de JFETs canal n e canal p. A análise do comportamento do JFET em circuitos, desenvolvida nas seções seguintes, utiliza o JFET canal p como modelo. Com a devida troca de polaridade das fontes de alimentação no circuito, os resultados da análise são também aplicáveis para o caso do JFET canal n. Fonte Em condições normais de operação, o terminal fonte do p-JFET é ligado ao pólo positivo da fonte de alimentação, como mostrado na figura abaixo: Ligação do terminal S de um JFET à fonte de alimentação. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 180 Eletrônica Aplicada O terminal fonte funciona como terminal de referência para o FET assim como o emissor funciona como terminal de referência para o transistor bipolar. Dreno O terminal dreno é ligado ao pólo negativo da fonte de alimentação através de um resistor de dreno RD, como mostrado na figura abaixo: Ligação do terminal D de um JFET à fonte de alimentação, por intermédio de um resistor. O resistor de dreno desempenha uma função semelhante àquela referente ao resistor de coletor em circuitos com transistores bipolares. Porta A porta é o terminal de controle de um FET, desempenhando um papel semelhante ao terminal de base de um transistor bipolar. Existe uma diferença fundamental no entanto, nas condições de operação de um FET com respeito ao princípio de funcionamento do transistor bipolar: Em operação normal, a junção pn formada entre porta e fonte de um FET deve estar inversamente polarizada. Para obter a condição normal de operação, uma fonte externa deve ser utilizada para polarizar inversamente a junção formada entre porta e fonte, como mostrado na figura abaixo: Emprego de uma fonte externa para polarizar inversamente a junção formada entre a porta e a fonte de um FET. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 181 Eletrônica Aplicada Dessa forma, no p-JFET o terminal da porta fica mantido a um potencial positivo com relação ao terminal fonte, e a configuração do dispositivo no circuito assume a forma mostrada na figura seguinte. Essa condição de polarização inversa atribui ao FET uma altíssima impedância de entrada, que pode chegar a algumas dezenas de megaohms. Condições normais de polarização de um p-JFET. PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO O estudo do princípio de funcionamento do FET é feito com base em uma análise de parâmetros elétricos do componente, cujas relações podem ser representadas em termos de curvas características. Os parâmetros utilizados na representação das curvas características estão representados na próxima figura, e recebem as seguintes denominações: ID =corrente que flui para o terminal dreno, também denominada de corrente de dreno. VDS VD VS = tensão entre dreno e fonte. VGS VG VS = tensão de controle entre porta e fonte. Parâmetros elétricos associados ao FET. O FET é um transistor cujo princípio de funcionamento baseia-se no controle que a tensão VGS exerce sobre o corrente ID. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 182 Eletrônica Aplicada Esse controle é semelhante ao tipo de controle de fluxo de fluido em um sistema hidráulico, do tipo ilustrado na figura seguinte. Como mostrado abaixo, o sistema hidráulico é composto de um duto e de um pistão com a finalidade de controlar o fluxo de fluido através do canal. Sistema hidráulico com controle de fluxo de fluido. O fluxo máximo de fluido ocorre quando o pistão de controle é deslocado totalmente para cima, proporcionando a abertura total do canal, como mostrado nas ilustrações abaixo. Como pode ser aí observado, a medida que o canal vai sendo obstruído pela penetração do pistão, o fluxo de fluido diminui até o ponto de se tornar totalmente bloqueado quando o pistão é totalmente inserido no canal. Fluxo de fluido para diferentes penetrações do pistão no canal. Da mesma forma que o pistão atua sobre o fluxo de fluido, abrindo ou fechando fisicamente o canal, a tensão de controle VGS efetua um controle eletrostático do fluxo de corrente através do canal do FET. TRANSISTOR DE EFEITO DE CAMPO DE PORTA ISOLADA - MOSFET Os transistores de efeito de campo do tipo porta isolada (IGFET Isolated Gate Field Effect Transistor), assim como os JFETs, são dispositivos unipolares cujo controle de corrente é realizado por intermédio de um campo eletrostático. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 183 Eletrônica Aplicada A sigla MOSFET advinda do termo inglês Metal-Oxide-Semiconductor, Field Effect Transistor, é adotada como padrão de referência aos transistores de efeito de campo de porta isolada. A figuras ilustra as diferenças estruturais entre dispositivos MOSFET e JFET. Estruturas básicas dos dispositivos JFET e MOSFET. Como mostrado na figura anterior, em dispositivos JFET o canal está localizado inteiramente no interior do substrato, existindo portanto duas junções semicondutoras entre o substrato e o canal. Em dispositivos MOSFET, por outro lado, o eletrodo metálico do terminal porta é separado do canal por uma fina camada isolante de óxido, conforme mostrado. Forma-se portanto uma estrutura entre porta e canal do tipo metal-óxido-semicondutor (MOS). A presença da camada isolante entre porta e canal do dispositivo MOSFET permite atingir níveis de impedância de entrada extremamente altos 15 (da ordem de 10 ). Existem dois tipos de dispositivos MOSFET: depleção e enriquecimento. Cada tipo tem características próprias, como descrito a seguir. MOSFET TIPO DEPLEÇÃO O canal de um dispositivo MOSFET depleção exibe dopagem distinta do substrato. Um eletrodo metálico isolado do canal forma o terminal porta. A Fig.29 mostra o aspecto estrutural dos MOSFETs depleção canal p e canal n. Estruturas MOSFET tipo depleção de canal p e de canal n. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 184 Eletrônica Aplicada O controle de corrente em MOSFETs depleção, da mesma forma que em dispositivos JFET, é feito pelo controle da extensão da região de depleção no interior do canal através do potencial aplicado à porta do dispositivo. As representações de circuito de MOSFETs depleção estão ilustradas abaixo, Como pode ser aí observado, essas representações diferem apenas nos sentidos da seta no terminal fonte. Vale notar que o isolamento entre porta e canal está também representado em ambos os símbolos. Princípio de funcionamento O princípio de funcionamento do MOSFET depleção é quase que semelhante ao do JFET e será analisado inicialmente para o caso de um dispositivo com canal p. Como ilustrado na Fig.a, quando o terminal porta fica submetido ao mesmo potencial do terminal fonte, os portadores movem-se livremente no canal, propiciando o aparecimento de uma corrente entre fonte e dreno. A aplicação de uma tensão positiva à porta do dispositivo provoca o aparecimento de uma região de depleção que estreita a faixa de passagem de portadores através do canal, como mostrado na Fig.b, reduzindo assim a corrente ID. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 185 Eletrônica Aplicada Dessa forma, através do controle do potencial aplicado à porta, pode-se controlar a corrente no canal. Há, contudo uma diferença singular entre MOSFETS depleção e JFETs. No caso de dispositivos JFET, a junção pn formada entre canal e substrato não pode ser polarizada diretamente, para evitar o surgimento de uma corrente de fuga excessiva através do terminal porta trazendo como conseqüência uma queda acentuada na impedância de entrada. Em MOSFETs depleção essa situação não ocorre pois o terminal porta é isolado do canal, independentemente da polaridade dos terminais. Dessa forma, em MOSFETs depleção tipo p a aplicação de um potencial negativo à porta provoca um aumento na corrente ID, uma vez que nessa situação a região de depleção no interior do canal é diminuída substancialmente, conforme ilustrado na figura seguinte. Funcionamento do MOSFET tipo potencial negativo aplicado à porta. depleção, canal p, com MOSFET TIPO ENRIQUECIMENTO O MOSFET tipo enriquecimento é composto por duas regiões semicondutoras isoladas entre si pelo material semicondutor do substrato. Sobre esse conjunto estão depositadas uma camada de óxido isolante e uma camada metálica formadora da porta de controle, conforme ilustrado abaixo: Estrutura de um MOSFET tipo enriquecimento, canal p. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 186 Eletrônica Aplicada As representações de circuito de MOSFETs tipo enriquecimento canal p e canal n estão mostradas a seguir , e diferem apenas no sentido das setas do terminal fonte. Princípio de funcionamento Para o caso de um dispositivo de canal p, ilustrado na figura ao lado ,quando o terminal porta fica submetido ao mesmo potencial do terminal fonte, a junção pn formada entre dreno e substrato fica inversamente polarizada, impedindo o fluxo de corrente. Por essa razão estes dispositivos são muitas vezes denominados de bloqueadores. . Aplicando-se um potencial negativo à porta do dispositivo, a estrutura capacitiva metal-óxido-semicondutor propicia a indução de cargas positivas na região do substrato próxima à junção com o óxido, conforme ilustrado abaixo: Indução de cargas positivas em um MOSFET tipo enriquecimento, canal p, quando a porta fica submetida a um potencial negativo. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 187 Eletrônica Aplicada A região de cargas induzidas positivas no substrato forma um canal de condução entre as regiões semicondutoras da fonte e do dreno, permitindo o fluxo de uma corrente ID, como mostrado na próxima figura . Como pode ser aí observado, esse efeito equivale à formação de um canal p entre fonte e dreno. Fluxo de corrente em um MOSFET tipo enriquecimento, canal p. A corrente ID depende diretamente do potencial aplicado à porta, uma vez que este é o fator determinante da quantidade de cargas induzidas no canal. As curvas características de saída de um dispositivo MOSFET tipo enriquecimento, canal p estão mostradas no gráfico abaixo: Curvas características de saída de um dispositivo MOSFET tipo enriquecimento, canal p. Proteção da porta O terminal porta é isolado do restante da estrutura de um MOSFET pela camada de óxido. Essa camada é extremamente fina de forma que sua capacidade dielétrica de isolação é efetiva apenas a baixas tensões. Quando o MOSFET não está sendo utilizado, a estrutura capacitiva metal-óxidosemicondutor tende a armazenar eletricidade estática, o que pode ao fim de um período provocar a degradação da película isolante. Por essa razão, a seguinte precaução deve ser observada: Dispositivos MOSFET que não estejam em uso devem ser armazenados com os terminais inseridos em espuma condutiva ou curto-circuitados, não se devendo tocar nos terminais para que sejam evitados danos ao dispositivo. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 188 Eletrônica Aplicada Os Tiristores São os componentes básicos da Eletrônica Industrial, chaveando grandes cargas, como motores, eletroimãs, aquecedores, convertendo CA em CC, CC em CA e gerando pulsos de controle para outros tiristores. Podem ser usados como comutadores biestáveis, passando de um estado não condutor a um estado condutor. Para muitas aplicações pode-se supor que os Tiristores são interruptores ou comutadores ideais, entretanto, os tiristores práticos exibem certas características e limitações. - O SCR-Retificador controlado de silício Os Retificadores Controlados de Silício, ou componentes dotados de camadas PNPN dopadas formado um conjunto de três junções. Para um representar um SCR por meio de dois transistores outro PNP, como se verá a seguir. simplesmente SCR são de tal maneira que é fim didático, podemos interligados: um NPN e Aspectos reais O SCR atuará em um único sentido de condução da corrente elétrica (unidirecional). Caracteriza-se pela comutação entre dois estados o estado de condução ou o estado de corte ou bloqueio. A corrente aplicada nos seus terminais pode se proveniente de uma fonte CC ou CA. Funcionamento Os SCR não são construídos para operar com tensão de avalanche direta, são projetados para fechar por meio de disparo e abrir por meio de baixa corrente. Em outras palavras, Um SCR permanece aberto até que um disparo acione sua porta (gate). Observando-se o circuito equivalente, fazendo-se uma análise da polarização dos transistores, chega-se a conclusão que após um pulso no gate (porta), o transistor que satura condiciona o outro a permanecer saturado mesmo que o pulso que provocou o disparo seja retirado. Então o SCR trava e permanece fechado (conduzindo) mesmo que o disparo desapareça. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 189 Eletrônica Aplicada A única forma de desativar o SCR é por meio de um destravamento por baixa corrente. Na prática é feito desligando-se a sua alimentação, abrindo S1 no circuito abaixo, ou curtocircuitando anodo com catodo por alguns segundos, fazendo-se com que esta tensão resulte a um valor menor que o necessário para proporcionar a existência da corrente mínima de manutenção. Por exemplo: o um SCR TIC 106D tem uma corrente de manutenção (IH) de 8 mA, abaixo desse valor ele subitamente deixará de conduzir e irá tornar-se um circuito aberto, mesmo que a tensão entre o anodo e catado seja restabelecida. Só irá conduzir novamente se houver um novo disparo. Comportamento do SCR em C.A Quando alimentado diretamente com C.A, o SCR conduzirá apenas um semiciclo da rede para a carga. Não podemos esquecer-nos de retificar a C.A para ser aplicada ao terminal de disparo do SCR, gate. Gráfico: SCR em C.A SCR ACIONANDO UMA LÂMPADA EM C.A CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 190 Eletrônica Aplicada Fatores que influenciam no disparo indesejado do SCR 1. A capacitância da junção interna por efeito da corrente capacitiva pode provocar disparo indesejado. 2. Tensão elevada entre o anodo e o catodo, mesmo com Ig=0 pode provocar disparo indesejado. Métodos para evitar disparos indesejados Dois métodos se destacam para evitar disparos indesejado no SCR, são eles o resistor de gate, conectado entre o gate e o catodo para desviar parte da corrente capacitiva e o snubber que amortece as variações bruscas de tensão entre anodo e catodo. Circuitos para evitar o disparo indesejado do SCR Circuitos e aplicações com SCR´s Controle de brilho em onda completa Controle de brilho em meia onda CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 191 Eletrônica Aplicada - O Triac (tiristor de corrente alternada) É um dispositivo que atua nos dois sentidos de condução da corrente elétrica (bidirecional), o pulso de disparo pode ser positivo ou negativo. O TRIAC tem as mesmas características básicas de comutação que o SCR, porém, exibem estas características em ambas as direções, Isto proporciona aos TRIACs maior simplicidade mantendo eficiência, na elaboração de circuitos controladores de potência de cargas alimentadas com C.A. Funcionamento Os TRIACs assim como os SCRs, não são construídos para operar com tensão de avalanche direta, são projetados para fechar por meio de disparo e abrir por meio de baixa corrente. Porém, exibe as mesmas características de corrente e tensão nas duas direções. O dispositivo é ativado quando submetido a uma corrente de gate. Aspectos reais Este componente não possui catodo, mas sim anodo 1 e anodo 2. Todos os terminais, inclusive a porta estão conectados em ambos os tipos de cristais (P ou N), portanto a porta pode ser acionada tanto por pulsos negativos como positivos. Enquanto não receber um pulso, o Triac está em estado de não condução, ou seja, bloqueio. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 192 Eletrônica Aplicada A figura anterior mostra um controlador de potência com triac e o circuito de disparo representado em bloco,e as representações das formas de ondas: da corrente alternada que alimenta o circuito, dos pulsos de disparo do TRIAC e da carga. Circuitos e aplicações A seguir apresentamos circuitos práticos com triac´s Controle de brilho (dimer) controle de velocidade pela temperatura Controle de velocidade via potenciômetro controle de temperatura para chuveiro CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 193 Eletrônica Aplicada - O DIAC- (Diodo de Corrente Alternada) É um dispositivo semicondutor constituído de dois terminais, funcionando como um diodo bidirecional, passa do bloqueio à condução com qualquer polaridade de tensão aplicada aos seus terminais. Aspecto real A curva característica do DIAC exibe no primeiro e terceiro quadrante as mesmas características de tensão e corrente. possuem a mesma corrente de engate ou tranca (Il) em qualquer das duas direções conforme mostra a figura abaixo. Curva característica - Funcionamento O DIAC conduz quando a tensão em seus terminais excede o valor da avalanche direta em qualquer sentido, após o disparo o dispositivo conduz e a tensão passa de um valor de disparo para um valor inferior (VH), onde se mantém enquanto o DIAC conduz. Uma vez conduzindo a única forma de abrilo é por meio de um desligamento por baixa corrente, ou seja, reduzindo a corrente abaixo de um valor especificado para o dispositivo. o diac é utilizado geralmente em serie com o gate dos triac´s. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 194 Eletrônica Aplicada Tabela dos principais Tiristores! Retificador controlado de Silício - SCR SCR Máxima Tensão (V) Máxima Corrente (A) Corrente de Gate (mA) TIC44 30 0.6 -- TIC45 60 0.6 -- TIC46 100 0.6 -- TIC47 200 0.6 -- TIC48 300 0.6 -- TIC106A 100 5 0.2 TIC106B 200 5 0.2 TIC106C 300 5 0.2 TIC106D 400 5 0.2 TIC106E 500 5 0.2 TIC106M 600 5 0.2 TIC106N 800 5 0.2 TIC106S 700 5 0.2 TIC108B 200 5 0.2 TIC108D 400 5 0.2 TIC108M 600 5 0.2 TIC108N 800 5 0.2 TIC116A 100 8 20 TIC116B 200 8 20 TIC116C 300 8 20 TIC116D 400 8 20 TIC116E 500 8 20 TIC116M 600 8 20 TIC116N 800 8 20 TIC116S 700 8 20 TIC126A 100 12 20 TIC126B 200 12 20 TIC126C 300 12 20 TIC126D 400 12 20 CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 195 Eletrônica Aplicada TIC126E 500 12 20 TIC126M 600 12 20 TIC126N 800 12 20 TIC126S 700 12 20 Duplo Retificador controlado de Silício - TRIAC TRIAC Máxima Tensão (V) Máxima Corrente (A) Corrente de Gate (mA) TIC206A 100 4 5 TIC206B 200 4 5 TIC206C 300 4 5 TIC206D 400 4 5 TIC206E 500 4 5 TIC206M 600 4 5 TIC216A 100 6 5 TIC216B 200 6 5 TIC216C 300 6 5 TIC216D 400 6 5 TIC216E 500 6 5 TIC216M 600 6 5 TIC225A 100 8 5 TIC225B 200 8 5 TIC225C 300 8 5 TIC225D 400 8 5 TIC225E 500 8 5 TIC225M 600 8 5 TIC226A 100 8 50 TIC226B 200 8 50 TIC226C 300 8 50 TIC226D 400 8 50 TIC226E 500 8 50 TIC226M 600 8 50 TIC226N 800 8 50 CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 196 Eletrônica Aplicada TIC236A 100 12 50 TIC236B 200 12 50 TIC236C 300 12 50 TIC236D 400 12 50 TIC236E 500 12 50 TIC236M 600 12 50 TIC236N 800 12 50 TIC236S 700 12 50 TIC246A 100 16 50 TIC246B 200 16 50 TIC246C 300 16 50 TIC246D 400 16 50 TIC246E 500 16 50 TIC246M 600 16 50 TIC246N 800 16 50 TIC246S 700 16 50 TIC253A 100 20 50 TIC253B 200 20 50 TIC253C 300 20 50 TIC253D 400 20 50 TIC253E 500 20 50 TIC253M 600 20 50 TIC253N 800 20 50 TIC253S 700 20 50 TIC263A 100 25 50 TIC263B 200 25 50 TIC263C 300 25 50 TIC263D 400 25 50 TIC263E 500 25 50 TIC263M 600 25 50 TIC263N 800 25 50 CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 197 Eletrônica Aplicada Acopladores ópticos Os Acopladores Ópticos ou Opto acopladores são componentes muito simples, porém de grande importância para a eletrônica. Estes componentes são capazes de isolar com total segurança dois circuitos eletrônicos, mantendo uma comunicação ou controle entre ambos. O isolamento é garantido porque não há contato elétrico, somente um sinal luminoso. O seu funcionamento é simples: há um emissor de luz (geralmente um LED) e um receptor (fototransistor). Quando o LED está aceso, o fototransistor responde entrando em condução. Com o LED apagado o fototransistor entra em corte. Sabendo que podemos alterar a luminosidade do LED, obtemos assim diferentes níveis na saída. Podemos também controlar o fototransistor através de sua base, como se fosse um transistor normal. Os Acopladores Ópticos possuem diversas vantagens sobre outros tipos de acopladores: alta velocidade de comutação, nenhuma parte mecânica, baixo consumo e isolamento total. Na figura a seguir vemos o esquema de um optoacopldor: Tipos Receptor FotoDiac Formato SMD CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 198 Eletrônica Aplicada Outros modelos de acopladores ópticos Chaves ópticas As chaves ópticas são dispositivos sensores formados por um emissor de luz infravermelho, normalmente um led e um foto-sensor que pode ser um foto-transistor ou um foto-diodo. Quando um objeto passa pela abertura existente a luz do emissor que incide no sensor é cortada e com isso um sinal elétrico é gerado. O objeto pode ser parte de uma máquina ou ainda um disco contendo raias transparentes e escuras, conforme mostra na próxima figura: Com essa estrutura temos um encoder ou codificador óptico que gera pulsos com o movimento de uma peça rotativa possibilitando o controle de sua posição ou a medida de sua velocidade. As chaves ópticas também são usadas para detectar a inserção de cartões numa máquina, a presença de papel em impressoras e em muitas outras aplicações semelhantes. CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 199 Eletrônica Aplicada NOÇÕES DE ELETRÔNICA DIGITAL Funções e Portas Lógicas Função lógica Faremos a seguir, o estudo das principais funções lógicas que na realidade derivam dos postulados da álgebra de Boole, sendo as variáveis e expressões envolvidas denominadas de variáveis booleanas. Nas funções lógicas, temos apenas dois estados distintos: => o estado lógico 0 (zero ou nível baixo) e => estado lógico 1 (um ou nível alto). Tabela Verdade Chamamos Tabela Verdade um mapa onde colocamos todas as possíveis situações com seus respectivos resultados. Na tabela, iremos encontrar o modo como a função se comporta. Porta lógica E (AND) A função AND é aquela que executa uma multiplicação de duas ou mais variáveis Sua representação algébrica para duas variáveis é: onde se lê S = A e B, A e B são variáveis de entrada e S é o resultado do lógico de A e B. “A AND B” só será igual a 1 se A = 1 E B = 1, caso contrário a saída será „0‟. Representação de uma porta lógica AND CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 200 Eletrônica Aplicada Apenas para melhor compreensão, vamos analisar a função AND com um circuito equivalente: Tabela Verdade Situações possíveis: 1) Chave Chave 2) Chave Chave 3) Chave Chave 4) Chave Chave A aberta (nível lógico 0) B aberta (nível lógico 0) A aberta (nível lógico 0) B fechada (nível lógico 1) A fechada (nível lógico 1) B aberta (nível lógico 0) A fechada (nível lógico 1) B fechada (nível lógico 1) Até agora, descrevemos a função AND para duas variáveis de entrada. Podemos estender esse conceito para qualquer número de entradas. Para exemplificar, mostraremos uma porta AND de três variáveis de entrada, sua tabela verdade e ainda, sua expressão booleana: CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 201 Eletrônica Aplicada Porta lógica OU (OR) A função OR é aquela que assume o valor 1 quando uma ou mais variáveis da entrada forem iguais a 1 e assume valor 0 se, somente se, todas variáveis de entrada forem iguais a 0. Sua representação algébrica para duas variáveis de entrada é: onde se lê S = A ou B. Representação de uma porta lógica OR Apenas para melhor compreensão, vamos analisar a função OR com um circuito equivalente: Situações possíveis: 1) Chave A aberta (nível lógico 0) Chave B aberta (nível lógico 0) 2) Chave A aberta (nível lógico 0) Chave B fechada (nível lógico 1) 3) Chave A fechada (nível lógico 1) Chave B aberta (nível lógico 0) 4) Chave A fechada (nível lógico 1) Chave B fechada (nível lógico 1) Tabela Verdade CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 202 Eletrônica Aplicada Porta lógica Não(NOT) É aquela que inverte o estado da variável, ou seja, se estiver 0, na entrada a saída vai a 1, e se estiver em 1 a saída vai a 0. É representada algebricamente da seguinte forma: onde se lê S = A BARRADO ou NÂO A. Representação de uma porta lógica NOT A inversão é indicada pela bolinha na saída do símbolo da porta NOT. Uma bolinha na saída ou na entrada de qualquer símbolo de circuito digital indica a inversão do valor lógico daquele sinal. 2.5.2 Tabela Verdade de uma função NOT Situações possíveis: Tabela Verdade 1) Chave A aberta (nível lógico 1) 2) Chave A fechada (nível lógico 0) CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 203 Eletrônica Aplicada Resumo das portas lógicas não inversora e inversoras As portas lógicas estão disponibilizadas no interior dos encapsulamentos em forma de circuito integrado, veja as ilustrações a seguir: Pinagem de CI's Da Familia TTL 7400 - 04 portas NAND de 02 entradas 7401 - 04 portas NAND de 02 CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 204 Eletrônica Aplicada 7402 - 04 portas NOR de 02 entradas 7404 - 06 portas INVERSORAS 7432 - 04 portas OR de 02 entradas 7410 - 03 portas NAND de 03 entradas 7420 - 02 portas NAND de 04 entradas 7403 - 04 portas NAND de 02 entradas 7405 - 06 portas INVERSORAS 7433 - 04 portas NOR de 02 entradas 7411 - 03 portas AND de 03 entradas 7427 - 03 portas NOR de 03 entradas CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 205 Eletrônica Aplicada Circuito Lógico É um circuito digital formado por uma combinação de portas lógicas, e que realiza alguma função lógica complexa. Toda função ou expressão lógica somente pode resultar em um de dois valores possíveis, 0 ou 1. Até agora apenas vimos três tipos de portas lógicas, mas a partir de agora iremos ver combinações das portas lógicas que estudamos anteriormente. Mas antes vejamos como isso funciona: CENTEC – CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS Elaboração e diagramação: Robson Wagner Gomes da Rocha Finalização: Robson Wagner Gomas da Rocha Impressão e encardenação: copy 10 “Sempre estudem e nunca abusem” Robson Wagner – instrutor e diretor do Centec cursos CENTRO DE ENSINO DE TECNOLOGIAS 206