Hermenêutica Bíblica Que exatamente vem a ser hermenêutica? E em que difere de exegese e exposição? A palavra “hermenêutica” deriva do verbo grego hermeneuo e do substantivo hermeneia “explicar, interpretar, traduzir, falar com clareza” (Mc 5.41; 15.22; Lc 24.27; Jo 1.38,42; At 9.36; 1 Co 12.10). Esses termos estão relacionados a Hermes — o deus-mensageiro de pés alados da mitologia grega. Cabia a ele transformar o que estava além do entendimento humano em algo que a inteligência humana pudesse assimilar. Afirma-se que foi ele quem descobriu a linguagem verbal e a escrita, tendo sido o deus da literatura e da eloqüência, dentre outras coisas. Ele era o mensageiro ou intérprete dos deuses e principalmente do pai, Zeus. Assim, o verbo hermeneuo passou a significar o ato de levar alguém a compreender algo em seu próprio idioma (“explicar”) ou em outra língua (“traduzir”). Em nossa língua, o verbo “interpretar” às vezes é empregado com o sentido de “explicação”; outras, com o sentido de “tradução”. Nas 19 vezes em que os termos hermeneuo e hermeneia aparecem no Novo Testamento, o sentido quase sempre é de tradução. O verbo diermeneuo é empregado em Lucas 24.27: “E, começando por Moisés, discorrendo por todos os profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras”. Quando Jesus falou com Simão, disse: “... tu serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro)” (Jo 1.42). A locução verbal “quer dizer” é tradução do grego hermeneuo. Em certo sentido, uma tradução é uma explicação; é explicar numa língua o que foi expresso em outra. Portanto, interpretar inclui esclarecer e tomar inteligível o que era obscuro ou desconhecido. A hermenêutica, como já foi dito, é a ciência e a arte de interpretar a Bíblia. Outra definição de hermenêutica seria: ciência (princípios) e arte (tarefa) de apurar o sentido do texto bíblico. Imagem da versão em inglês King James, aberta em João 3.16. Imagem disponível em http://www.publicdomainpictures.net 22/11/2011. A Bíblia é o único livro sagrado para o cristão, por isso devemos saber interpretar e aplicá-lo na nossa vida. I. PORQUE A INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA É IMPORTANTE? É essencial para a compreensão e para o ensino correto da Bíblia Precisamos conhecer o significado da Bíblia a fim de podermos descobrir sua mensagem para nossos dias. Devemos compreender seu sentido para a época antes de percebermos seu significado para hoje. Se descartarmos a hermenêutica (ciência e arte de interpretar a Bíblia), estaremos passando por cima de uma etapa indispensável do estudo bíblico e deixando de nos beneficiar dela. A primeira etapa, que é a observação, consiste na pergunta: “Que diz o texto?”. A segunda etapa, a interpretação, indaga: “Que quer dizer?”. A terceira, a aplicação, questiona: “Como se aplica a mim?”. Talvez a interpretação seja, das três etapas, a mais difícil e a que mais tempo consome. E, no entanto, quando o estudo bíblico é reduzido neste aspecto, pode-se incorrer em erros graves e em resultados distorcidos. Certas pessoas “adulteram a Palavra de Deus” intencionalmente (2 Co 4.2). Outras há que até mesmo “deturpam” as Escrituras “para a própria destruição deles” (2 Pe 3.16). Outros, por sua vez, interpretam a Bíblia erroneamente sem o saber. Por quê? Por não darem a devida atenção aos princípios em causa na compreensão das Escrituras. Nos últimos anos, vemos um interesse crescente pelo estudo bíblico informal. Muitos grupos pequenos reúnem-se em casas ou nas igrejas para debater a Bíblia — o que quer dizer e como aplicar sua mensagem. Será que os integrantes desses grupos sempre chegam ao mesmo entendimento da passagem estudada? Não necessariamente. Alguém pode afirmar: “Para mim, este versículo quer dizer isto”; já outro pode retrucar: “Para mim, o sentido não é esse; é este aqui”. Estudar a Bíblia dessa forma, sem as diretrizes apropriadas da hermenêutica, pode gerar confusão e interpretações que se encontram até em inequívoco desacordo. Será que Deus pretendia que a Bíblia fosse tratada dessa forma? Se conseguirmos manipulá-la para extrairmos o sentido que desejamos, como pode ser um guia confiável? O que não falta são interpretações divergentes de inúmeras passagens. Por exemplo, uma pessoa lê João 10.28 — “Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, eternamente, e ninguém as arrebatará da minha mão” — e entende que esse versículo está ensinando a segurança eterna. Já a explicação que outros oferecem sobre o mesmo versículo é que, apesar de não se poder retirar um cristão das mãos de Deus, o próprio crente pode fazê-lo se persistir no pecado. Alguns são de opinião que a declaração de Paulo, em Colossenses 1.15, de que Cristo é “o primogênito de toda a criação”, significa que ele foi criado. Outros, por sua vez, entendem por esse versículo que, como acontece com o primogênito de toda família, ele é o Herdeiro. Alguns cristãos praticam o chamado “falar em línguas” com base em 1 Coríntios de 12 a 14. Já outros lêem os mesmos capítulos e entendem que tal prática limitava-se à era apostólica sem aplicar-se à atualidade. Naum 2.4 — “Os carros passam furiosamente pelas ruas, e se cruzam velozes pelas praças...” — já levou à conclusão de que se trata de uma profecia sobre o trânsito intenso de automóveis em nossas cidades modernas. Agostinho de Hipona, por exemplo, atribuiu um sentido “espiritual” à parábola do bom samaritano (Luc 10.25-37), explicando que a hospedaria para onde o samaritano levou o ferido simboliza a igreja e que as duas moedas de prata dadas ao hospedeiro representam a ceia do Senhor e o batismo nas águas. O líder mórmon Brigham Young quis dar razão ao fato de ter mais de 30 esposas lembrando que Abraão possuía mais de uma: Sara e Hagar. A prática mórmon de batizar por causa de parentes mortos e de outras pessoas fundamenta-se, afirmam eles, em 1 Coríntios 15.29. Há quem segure cobras venenosas porque leu Marcos 16.18. A questão de as mulheres ensinarem ou não os homens depende de como se interpretam 1 Coríntios 11.5; 14.34, 35 e 1 Timóteo 2.12. Alguns pregam que o reinado atual de Cristo nos céus indica que ele não vai estabelecer um reinado de mil anos na terra após sua volta. Para outros, a Bíblia ensina que Cristo, apesar de governar o universo atualmente, haverá de manifestar seu reino no plano físico quando vier para reinar como o Messias sobre a nação de Israel, no Milênio. Todas essas — como tantas outras — são questões de interpretação. Evidentemente, essa discrepância de concepções ressalta que nem todos os leitores seguem os mesmos princípios para compreender a Bíblia. A ausência de uma hermenêutica correta também é a causa dos enormes desmandos e da difamação que sofre a Bíblia. Até mesmo alguns ateus tentam defender seu posicionamento com Salmos 14.1: “Não há Deus”. E claro que eles pularam a introdução de tais palavras: “Diz o insensato no seu coração: Não há Deus”. Certas pessoas afirmam que é possível fazer a Bíblia dizer o que se queira. No entanto, quantos desses mesmos indivíduos afirmam que é possível fazer Shakespeare dizer o que se queira? Não resta dúvida de que as pessoas podem fazer a Bíblia dizer o que querem ouvir, desde que descartem os métodos normais para a compreensão de documentos escritos. A interpretação bíblica é uma etapa essencial que sucede à observação Ao ler a Bíblia, muitos saltam diretamente da observação para a aplicação, passando por cima da etapa essencial da interpretação. Isto é um erro, pois a interpretação é a seqüência lógica da observação. Ao observar o que a Bíblia diz você está fazendo uma sondagem; ao interpretá-la, está fazendo uma reflexão. Observar significa descobrir; interpretar significa digerir. A observação consiste em descrever; a interpretação, em determinar o sentido. A primeira é exploração; a segunda, explicação. A observação é como um cirurgião abrindo uma região afetada. Ele verifica um tumor, ou talvez uma hemorragia, um tecido com pigmentação anormal ou uma obstrução. A averiguação suscita as perguntas: “Que significa isso? Como pode ser explicado? Que tipo de tumor deve ser? Qual a causa da hemorragia? Por que o tecido está com essa coloração? Por que está havendo esta obstrução aqui?”. Notando o que vemos no texto bíblico, devemos então manejá-lo corretamente (2 Tm 2.15). A oração adjetiva “que maneja bem” é a tradução da palavra grega orthotomounta, que é a combinação de “reto” (orho) com “cortar” (tomeõ). Roy Zuck em seu livro Interpretação Bíblica explica: Como Paulo fabricava tendas, é possível que estivesse empregando um termo relacionado a seu oficio. Quando fazia as tendas, usava determinados moldes. Naquela época, as tendas eram feitas de retalhos de peles de animais costurados uns aos outros. Cada pedaço teria de ser cortado de tal forma que se encaixasse bem com os outros. Paulo estava simplesmente dizendo: “Se os pedaços não forem bem cortados, o todo ficará desconjuntado”. O mesmo ocorre com as Escrituras. Se as diferentes partes não forem interpretadas corretamente, a mensagem como um todo, resultará errônea. Tanto no estudo da Bíblia quanto na interpretação, o cristão deve ser preciso. Deve ser minucioso e exato. A interpretação da Bíblia é essencial para sua aplicação correta A interpretação deve apoiar-se primeiramente na observação e, depois, conduzir à aplicação. Ela é um meio que visa a um fim, não tem um fim em si mesma. O objetivo do estudo da Bíblia não se limita a apurar o que ela diz e o seu significado; inclui a aplicação dela à vida. Se não aplicarmos as Escrituras, estaremos encurtando o processo como um todo e deixando incompleto o que Deus deseja que façamos. É bem verdade que a Bíblia nos fornece muitos fatos acerca de Deus, de nós mesmos, do pecado, da salvação e do futuro, os quais precisamos conhecer. Nela buscamos informação e entendimento, e é assim que deve ser. Mas a questão é o que fazer com essa informação e esse entendimento. A interpretação é a etapa que nos transporta da leitura e da observação do texto para a aplicação e a prática. O estudo bíblico é uma atividade intelectual por meio da qual procuramos compreender o que Deus diz. Contudo, deve ir, além disso, e incluir a disciplina espiritual, por meio da qual procuramos colocar em prática o que lemos e compreendemos. O verdadeiro objetivo do estudo da Bíblia é a assimilação íntima, não a simples percepção mental. Somente assim o crente pode crescer espiritualmente. A maturidade espiritual, que nos torna mais semelhantes a Cristo, não decorre apenas de um conhecimento mais amplo da Bíblia. Resulta de um conhecimento mais amplo da Bíblia e de sua aplicação às nossas necessidades espirituais. Paulo visava a esse objetivo para que pudesse incentivar e ensinar outros a se tornarem maduros em Cristo (Cl 1.28). Pedro também escreveu que devemos desejar “ardentemente [...] o genuíno leite espiritual, para que por ele [nos] seja dado crescimento para [nossa] salvação” (1 Pe 2.2). Paulo escreveu que “o saber ensoberbece” (1 Co 8.1). Jesus disse aos líderes judeus de sua época: “Examinais as Escrituras...” (Jo 5.39); mas logo acrescentou que todo aquele estudo era inútil, porque eles se recusavam a chegar a ele para terem vida (v. 40). Uma passagem clássica sobre a inspiração das Escrituras é 2 Timóteo 3.16. Entretanto, quase todo esse versículo e o seguinte falam da utilidade das Escrituras. Elas devem ser usadas “para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra”. Uma coisa é lermos 2 Timóteo 1.9, prestando atenção ao fato de que Deus “nos chamou com santa vocação”, e compreendermos que santidade é uma vida de pureza e piedade, concretizada pela obra santificadora do Espírito Santo. Outra coisa, no entanto, é lidarmos com o pecado em nossas vidas a ponto de realmente levarmos uma vida santa. Uma coisa é estudarmos o que as Escrituras asseveram sobre a volta de Cristo, em passagens tais como 1 Tessalonicenses 4.13-18 e 1 Coríntios 15.51-56. Mas outra é nos apoiarmos nesses fatos e transcendê-los a ponto de amar sua aparição (2 Tm 4.8), ou seja, ansiar e aguardar com expectativa por sua vinda, continuando firmes na obra do Senhor (1 Co 15.58). Assim sendo, a interpretação bíblica, como a segunda etapa do estudo da Bíblia, é absolutamente essencial. A interpretação é fundamental à aplicação. Se nossa interpretação não for correta, podemos acabar aplicando a Bíblia da forma errada. A forma como você interpreta diversas passagens afeta diretamente seu comportamento e também o de outras pessoas. Por exemplo, se um pastor entende em determinadas passagens ser permitido que uma pessoa divorciada se case novamente, então isso influenciará sua orientação sobre o assunto aos divorciados. Se um pastor entende que 1 Coríntios 11.315 ensina que as mulheres devem usar chapéu na igreja, então sua interpretação influenciará os ensinamentos que ele passa à congregação. As questões de ser o aborto correto ou errado, de como descobrir a vontade de Deus, de como levar uma vida dotada de sentido, de como ser um marido, uma esposa, um pai ou uma mãe eficiente, de como reagir ao sofrimento — tudo isso depende da hermenêutica e da forma como se interpretam diversas passagens, estando-lhes intimamente ligado. Segundo disse determinado autor: “A interpretação da Bíblia é uma das questões mais importantes que os cristãos enfrentam hoje. Dela resulta o que cremos, como vivemos como nos relacionamos e o que temos a oferecer ao mundo”. O Desafio da Interpretação Bíblica Temos, portanto, a responsabilidade de procurar conhecer a verdade conforme exposta na Palavra de Deus, isto é imprescindível para nossa própria vida espiritual e para ajudarmos eficazmente os outros. Quando transmitimos a Palavra de Deus, seja em aconselhamentos individuais, seja ensinando na escola dominical ou num grupo de estudo bíblico, seja pregando, o conhecimento que passamos, com base no nosso entendimento das Escrituras, sem dúvida alguma influenciará outras pessoas. Suas vidas estão em nossas mãos. Quando a Bíblia não é interpretada corretamente, a teologia de um indivíduo ou de toda uma igreja pode ser desorientada ou superficial, e seu ministério, desequilibrado. O processo de entendimento da Bíblia dura a vida toda. Ao estudar a Palavra, você se pergunta: “Que quer dizer isso? Esse conceito está certo? Por que está ou por que não está? E essa interpretação? É válida?”. Ao ouvir sermões e mestres, você sempre esbarra na seguinte indagação: “O que ele está dizendo sobre a Bíblia é certo?”. Quando discute a Bíblia com outras pessoas, você enfrenta a dúvida sobre qual dentre várias concepções melhor reflete o significado do texto em questão. A tentativa de descobrir o verdadeiro sentido de uma passagem é um desafio intelectual e espiritual fascinante. E, quando você compartilhar a Palavra de Deus, as pessoas vão perguntar-lhe: “Que quer dizer esse versículo? Como devemos entender essa passagem?”. Em virtude do vasto conteúdo da Bíblia e da diversidade literária que nela se contém, a hermenêutica é um campo de estudos que encerra inúmeros problemas e questões. Por exemplo, como saber se uma passagem foi escrita apenas para o público-alvo original ou se também se destina às gerações subseqüentes? Uma passagem pode ter mais de um significado? Nesse caso, como descobrilos? Será que alguns dos autores da Bíblia escreveram coisas acima de seu entendimento? A Bíblia é mais do que um livro humano? Se for também um livro divino, como isso influencia nossa interpretação de passagens diversas? De que forma devemos interpretar os diferentes provérbios das Escrituras? Eles têm aplicação universal? Se acreditarmos em interpretação literal, como ela influi em nossa compreensão das figuras de linguagem? Se a Bíblia contém figuras de linguagem, então toda ela deve ser interpretada num sentido “espiritual” ou místico? Como entender as profecias? Visto que existem interpretações divergentes das profecias bíblicas, como vamos saber qual mais provavelmente é a correta? Por que o Novo Testamento faz citações do Antigo que aparentemente revelam um sentido diferente do que se lê neste? Como passar da interpretação à aplicação? Os problemas da interpretação bíblica Um dos maiores motivos por que a Bíblia é um livro difícil de entender é o fato de ser antigo. Os cinco primeiros livros do Antigo Testamento foram escritos por Moisés em 1400 a.C., aproximadamente. Apocalipse — o último livro da Bíblia — foi escrito pelo apóstolo João por volta de 90 d.C. Portanto, alguns dos livros foram escritos há mais ou menos 3400 anos, sendo que o último deles há cerca de 1900 anos. Isto mostra que, na hermenêutica, precisamos tentar transpor vários abismos que se apresentam pelo fato de termos em mãos um livro tão antigo. O abismo do tempo (Cronológico) Devido à gigantesca lacuna temporal, um abismo enorme separa-nos dos autores e dos primeiros leitores da Bíblia. Como não estávamos lá, não podemos conversar com os autores e com os primeiros ouvintes e leitores para descobrir de primeira mão o significado do que escreveram. O abismo do espaço (geográfico) Atualmente, a maior parte dos leitores da Bíblia vive a milhares de quilômetros de distância dos países onde se deram os fatos bíblicos. Foi no Oriente Médio, no Egito e nas nações mediterrâneas meridionais da Europa de hoje que as personagens bíblicas viveram e peregrinaram. A área estende-se desde a Babilônia, no que é hoje o Iraque, até Roma (e talvez a Espanha, se é que Paulo foi até lá). Essa distância geográfica deixa-nos em desvantagem. O abismo dos costumes (cultural) Existem grandes diferenças entre a maneira de agir e de pensar dos ocidentais e a das personagens das terras bíblicas. Portanto, é importante conhecer as culturas e os costumes dos povos dos tempos bíblicos. Muitas vezes, a falta de conhecimento de tais costumes gera interpretações errôneas. Por essa razão, dedicamos um capítulo inteiro deste livro a essa questão. O abismo do idioma (lingüístico) Além dos abismos temporal, espacial e cultural existe ainda enorme lacuna entre nossa forma de falar e de escrever e a dos povos bíblicos. Os idiomas em que a Bíblia foi escrita - hebraico, aramaico e grego - têm singularidades estranhas à nossa língua. Por exemplo, no hebraico e no aramaico dos manuscritos originais do Antigo Testamento só havia consoantes. As vogais estavam subentendidas e, portanto, não eram escritas (embora os massoretas as tenham acrescentado séculos mais tarde, por volta de 900 d.C.). Além disso, tanto o hebraico quanto o aramaico são lidos da direita para a esquerda, e não da esquerda para a direita. Ademais, não havia separação entre as palavras. As palavras escritas nessas três línguas bíblicas emendavam-se umas às outras. Poderíamos exemplificar isso em português da seguinte forma: HCTMDVSCRP. Lendo da direita para a esquerda, o hebreu logo perceberia quatro palavras, que em português seriam: PRCSV D M TCH. Não é muito difícil deduzir o significado da frase: “Precisava de um tacho”. Por outro lado, as letras TCH também poderiam ser interpretadas como tocha ou tacha, além de tacho. Então, como é que um leitor saberia qual a palavra pretendida? Normalmente, podia-se depreender o significado pelo contexto. Se nas frases anteriores ou posteriores houvesse uma referência a tacho, tudo indica que a frase em questão também se referisse a um tacho. Mas às vezes o contexto não dá nenhuma indicação, e, assim, torna-se um problema de interpretação saber qual era realmente a palavra em questão. Outra dificuldade imposta pelo abismo lingüístico é o fato de que as línguas bíblicas originais continham expressões incomuns ou de sentido obscuro, difíceis de compreender em nosso idioma. Além do mais, certas palavras só aparecem uma vez na Bíblia inteira, tornando impossível qualquer comparação com seu uso em outro contexto, o que nos ajudaria a entender seu significado. Outro problema que agrava esse abismo lingüístico é a transmissão dos manuscritos originais até a atualidade. Quando os escribas os copiavam, vez por outra cometiam erros. Às vezes um escriba lia um manuscrito para outro escriba. O copista anotava a palavra correspondente ao som que lhe chegava aos ouvidos. A frase “A sessão será aqui” pode ser escrita “A seção será aqui”. Podia acontecer de um copista trocar uma letra por outra de escrita muito semelhante. As letras d e r do alfabeto hebraico são parecidas (embora não idênticas), assim como o w e o y. Às vezes uma palavra era repetida; outras vezes, saltada. Se um manuscrito contivesse alguns erros dessa natureza, eles poderiam ser reproduzidos pelo próximo copista, que estaria, assim, passando aquele texto talvez a várias “gerações” de manuscritos. Em outras ocasiões, porém, o escriba, corrigia a palavra, ou letra que lhe parecia estar errada. O processo de tentar descobrir quais textos são os originais, é chamado de crítica textual. Entretanto, essas variações não afetam as principais doutrinas das Escrituras, tampouco influenciam a doutrina da inerrância dos textos bíblicos, relativa aos manuscritos originais, não às cópias. O abismo da escrita (literário) Existem diferenças entre os estilos e as formas de escrita dos tempos bíblicos e os do mundo ocidental moderno. Dificilmente nos expressamos com provérbios ou parábolas, no entanto grande parte da Bíblia foi escrita em linguagem proverbial ou parabólica. Além disso, o fato de os livros bíblicos terem sido escritos por cerca de 40 autores humanos pode representar um problema para os intérpretes da Bíblia. Por exemplo: o autor de um dos evangelhos afirmou que havia um anjo no túmulo vazio de Jesus, ao passo que outro fez menção de dois anjos. A linguagem figurada, que era usada com freqüência, às vezes dificulta nossa compreensão. Vejamos por essas declarações de Jesus: “Eu sou a porta” e “Eu sou o Pastor”. Evidentemente, ele não quis dizer que era literalmente feito de madeira com dobradiças, nem que possuía ovelhas de verdade e as apascentava no campo. Cabe ao intérprete tentar apurar o que Jesus de fato quis dizer com tais afirmações. O abismo espiritual (sobrenatural) É importante ressaltar também que existe um abismo entre a maneira de Deus agir e a nossa. O fato de a Bíblia ser um livro sobre Deus coloca-a numa posição sem-par. Deus, que é infinito, não pode ser plenamente compreendido pelo que é finito. A Bíblia relata os milagres de Deus e suas predições sobre o futuro. Ela também fala de verdades difíceis de ser assimiladas, tais como a Trindade, as duas naturezas de Cristo, a soberania de Deus e a vontade humana. Todos estes fatores, somados a outros, agravam a dificuldade que temos de entender plenamente todo o conteúdo das Escrituras. Visto que Deus é o Autor divino da Bíblia, ela é um documento absolutamente singular. É única no gênero. Não constitui simplesmente um livro que retrata os pensamentos do homem acerca de Deus, embora os exponha. Ela expõe também os pensamentos de Deus acerca de si mesmo e do homem. A Bíblia relata o que Deus fez e informa o que ele é e deseja. Também um livro raro no sentido de que foi escrito por Deus e pelo homem. Autores humanos escreveram-na sob a orientação do Espírito Santo (2 Pe 1.21). Esta dupla autoria gera dificuldades. Como Deus pôde usar pessoas com personalidades diferentes para registrar as Escrituras e, ao mesmo tempo, o resultado final ser obra do Espírito Santo? Como esse fato influía na personalidade e no estilo literário de cada autor? Esses seis abismos representam problemas graves quando se tenta compreender a Bíblia. Até mesmo o etíope de Atos 8 deparou com várias delas, incluindo a cronológica, a geográfica, a lingüística e a sobrenatural. Se por um lado a maior parte da Bíblia é simples e fácil de entender, por outro é inegável que existem trechos mais difíceis. O próprio Pedro relatou: “... como igualmente o nosso amado irmão Paulo vos escreveu [...] há certas cousas dificeis de entender...” (2 Pe 3.15, 16). Existem versículos da Bíblia que continuam sendo um mistério até para os mais hábeis intérpretes. II. PRINCIPIOS DE INTERPRETAÇÃO Platão foi o primeiro filósofo a usar o termo “Hermenêutica” mais abrangente, estendendo para além dos escritos sagrados. É também uma ciência porque tem normas ou regras, que podem ser classificadas num sistema ordenado. Arte porque é flexível. Divide-se em: Hermenêutica Geral e Hermenêutica Especial. Hermenêutica Geral - é o estudo das regras que regem a interpretação do texto bíblico inteiro. Inclui as análises histórico-cultural, léxico-sintética, contextual e teológico. Hermenêutica Especial - é o estudo das regras que se aplicam a gêneros específicos, como parábolas, alegorias, tipos e profecia. Em síntese, Hermenêutica teológica é um estudo onde o homem procura entender o pensamento divino através dos seus escritos. A Hermenêutica determina as diferenças entre autor e o leitor; é a arte de transpor o leitor para dentro do tempo do autor. A razão da Necessidade da Hermenêutica. 1- Em decorrência da queda do homem, o pecado apagou a luz divina que nele havia, bloqueando a capacidade original que ele possuía de reter a revelação divina consigo. 2- Apesar das diferenças sociais, culturais, políticas e idiomáticas entre os homens, fatos que os distinguem e distanciam uns dos outros, a Bíblia Sagrada não pode e não deve ser interpretada ao bel-prazer de quem quer que seja, tenha a pessoa a desculpa que tiver. Exegese - é a aplicação dos princípios da Hermenêutica para chegar-se a um entendimento correto do texto. O prefixo “ex” = “fora de”, “para fora”, ou “de”, refere-se à idéia de que o intérprete está tentando derivar seu entendimento do texto, em vez de ler o seu significado “no” texto. Teologia Bíblica - é o estudo da revelação divina no Antigo e no Novo Testamento. Teologia Sistemática- organiza os dados bíblicos de uma maneira lógica antes que histórica; dá respostas para as perguntas profundas (vida no além, ministério dos anjos...). Ambas se completam. O estudo da Hermenêutica é de suma importância para todos os que lidam com a palavra de Deus. Importância desse Estudo. 1 - Somente o estudo inteligente das Escrituras Sagradas suprirá o material indispensável à base e alimentação da sua fé e conteúdo da sua teologia e mensagens. 2 - Cada sermão pregado deve ter a sadia exegese bíblica como fundamento. 3 - Instruindo os jovens da Igreja, ou quando em visitas aos membros, os ministros são solicitados a interpretar passagens das Escrituras. Em tais casos um razoável conhecimento das leis de interpretação do texto sagrado é importante. 4 - Constituiu-se de responsabilidade do ministro cristão não apenas crer na verdade, mas também defendê-la da alta crítica e do ataque das seitas heréticas. A importância desse estudo no contexto local. Crer, somente, na Bíblia Sagrada, não é suficiente, Deus exige que a conheçamos adequadamente. Na busca desse conhecimento, há primeiro o auxílio do Espírito Santo, e depois, da Hermenêutica. Não devemos nos mostrar indiferentes diante do fato do Brasil, até a bem pouco tempo aparentemente fora do liberalismo teológico, está hoje às voltas com os mais estranhos tipos de teologia, interpretando a Bíblia como bem interessa aos interesses do grupo. Deve pesar sobre os nossos ombros, além do cultivo da vida cheia do Espírito Santo, a responsabilidade de nos apossarmos de todos os meios legítimos que nos propiciem melhor e maior conhecimento da palavra de Deus. Só assim estamos preparados para responder os ataques das heresias do tempo presente, e habilitados a construir para que os filhos de Deus sejam conservados, sadios na fé e a prosseguirem na promoção dos interesses do reino de Deus. A Bíblia torna-se a Palavra de Deus quando os indivíduos a lêem e as palavras adquirem para eles significado pessoal, existencial. No Estudo da Bíblia a tarefa do interprete é determinar tão intimamente quanto possível o que Deus queria dizer em determinada passagem, e não o que ela significa para mim. É útil distinguir entre interpretação e aplicação. Dizer que um texto tem uma interpretação válida, não quer dizer que o que está escrito tem uma só aplicação. Por ex.: Romanos 8 “Nada poderá nos separar do amor de Deus” têm um significado, mas terá diferentes aplicações, dependendo da situação que a pessoa está enfrentando. A exegese aí é um problema decisivo para o estudo da Hermenêutica. A segunda controvérsia é a questão do duplo autor. Os autores humanos trabalharam juntos. Donald Hagner analisa: “A natureza da inspiração divina é tal que os próprios autores das Escrituras muitas vezes não estiveram conscientes do mais pleno significado e da aplicação final do que escreveram.” A interpretação pode ser Literal, Figurativa e simbólica. As expressões Literais e Figurativas, de modo geral se referem a acontecimentos históricos reais. Se todas as palavras são, em algum sentido, símbolos, como determinar quando devem ser entendidas literalmente, ou simbolicamente? A princípio é mais fácil formular do que aplicar; contudo, como demonstraremos em capítulos posteriores, o contexto e a sintaxe proporcionaram importantes pistas para a intenção e, portanto, para o significado. Fatores espirituais no processo perceptivo Uma escola de pensamentos sustenta que se duas pessoas de igual preparo intelectual (pessoas instruídas nas línguas originais, história e cultura) fazem hermenêutica, ambas serão de igual modo bons intérpretes. A posição da segunda escola de pensamentos é de que a própria Bíblia ensina que o compromisso espiritual, ou sua ausência, influencia a capacidade de perceber a verdade espiritual. O estado emocional também tem influência no uso da hermenêutica; a cegueira espiritual e o entendimento aborrecido obstem a capacidade do individuo de discernir a verdade, e isso independe do conhecimento que se tenha e da aplicação dos princípios hermenêuticos. Esse problema é muito importante e deve ser encarado, e para tanto, tem que conhecer o significado pleno do ensino bíblico. Questão da Inerrância Debatido por dois grupos de Evangélicos: os conservadores e os liberais. Conservadores- Crêem que a Bíblia é sem erro. Liberais- Não tem erro quando fala das questões de salvação e da fé cristã, mas pode ter erro nos fatos históricos e outros. Considerar a Bíblia sem erro é importante para a Hermenêutica. Jesus e a Bíblia Cristo foi uniforme no trato das narrativas históricas do VT como registros fiéis do fato. Ex: Abel, Noé, Abraão... Sodoma e Gomorra, o maná, Jonas e o peixe... Muitas vezes Jesus escolheu como base do seu ensino as mesmas histórias que a maioria dos críticos modernos considera inaceitáveis. Jesus usou com regularidade as Escrituras Hebraicas (VT), como competente tribunal de apelação das suas controvérsias com os escribas e fariseus. Jesus ensinou que nada passaria da Lei até que tudo se cumprisse e que as Escrituras não podem falhar. Finalmente, Jesus usou as Escrituras para refutar cada uma das tentações de Satanás III. HISTÓRIA DA INTERPRETAÇÃO BÍBLICA Ao desenvolvermos todos esses tópicos, vamos estudar a história através de uma visão panorâmica para compreendermos a maneira como os estudiosos pretenderam interpretar a Bíblia, usando do método alegórico ou literal. Exegese judaica Os judeus palestinos (escribas) devotam o mais profundo respeito à Bíblia de sua época, (o VT) como a infalível palavra de Deus. Consideram sagradas até as letras, e os seus copistas tinham o hábito de contá-las a fim de evitar qualquer omissão no ato de transcrição. Dividia-se em: Lei, Profetas e Historia. A lei era tida na mais alta estima. O ponto negativo da hermenêutica dos judeus palestinos é que ela exaltava a Lei Oral. Era classificada em: Literal, Midráshica, pesher e alegórica. Havia certa diferenciação entre judeus, segundo a região onde se radicavam: Judeus palestinos; Judeus caraítas; Judeus espanhóis; Judeus alexandrinos; Judeus cabalistas. Judeus palestinos- Exaltavam a Lei Oral. Judeus caraítas- Seita fundada por Amanben-David, 800 a . C. Historicamente, são descendentes espirituais dos saduceus. É um protesto contra o rabinismo. “Caraítas” significa “filhos da leitura”, desprezavam a tradição oral e o resultado foi o texto Massorético. Sua exegese era mais completa do que a dos judeus palestinos e alexandrinos. Judeus Alexandrinos - interpretavam a Bíblia pela filosofia Alexandrina, no Egito. Quando encontravam alguma coisa que discordava de sua filosofia, no VT, recorriam às alegorias. Filo explicava que quando havia ambigüidade, ou palavras supérfluas, e outras, se recorriam ao método alegórico. Judeus cabalistas - admitiam que mesmo os versículos, as palavras, as letras, as vogais, e até mesmo os acentos das Palavras da Lei, foram entregues a Moisés, e que “o número de letras, cada letra, a transposição e substituição, tinham poder especial e sobrenatural. Judeus espanhóis- quando a exegese da Igreja Cristã estava decadente, e o conhecimento do hebraico estava quase nulo, alguns judeus instruídos da Península Perinaica, restauraram o interesse por uma hermenêutica bíblica sadia. Interpretação Literal- referida como Peshat, servia de base para outras interpretações, e não era registrada. Interpretação Midráshica- pelo Rabino Hilel, a.C. é o elaborador que acentuava a comparação de idéias, palavras ou frases, em situações particulares ou no contexto. Interpretação Pesher- copiou as práticas midráshicas, mas incluía a escatologia; usavam a frase “este é aquela”, explicando que o acontecimento “daquela profecia”. Exegese Alegórica- o verdadeiro sentido faz sob o significado literal da Escritura. É um estudo desenvolvido para reduzir a tensão entre o muito religioso e sua herança filosófica. O uso que os apóstolos fizeram do VT Os apóstolos seguiram Cristo também nisso, sempre o citavam ao pregarem, a fim de darem ênfase à verdade que estavam evidenciando. Ao citarem o VT quando pregavam, os apóstolos mostravam o cumprimento das Escrituras. Exegese Patrística (100-600 d.C.) A despeito da prática apostólica, uma escola de Interpretação Alegórica dominou a Igreja nos séculos que se sucederam, mas com um propósito bom: o desejo de entender o VT como documento cristão. Contudo, o método alegórico praticado pelos pais da Igreja, muitas vezes negligenciou por completo o entendimento de um texto, e desenvolveu especulações que o próprio autor tinha em mente, conforme expresso por suas próprias palavras e sintaxe, não permaneceu nenhum princípio regulador que governasse a exegese. Clemente de Alexandria- (Escola de Alexandria – 150-215). Em sua opinião, o sentido literal da Escritura, poderia originar apenas uma fé elementar, enquanto o sentido alegórico conduziria ao verdadeiro conhecimento. Ele desenvolveu a teoria de que cinco sentidos estão ligados à Escritura: histórico, doutrinal, profético, filosófico e místico. Orígenes - sucessor de Clemente pormenorizou a teoria da Interpretação Alegórica pontificada por seu mestre. Achava ele que assim como homem se constitui de três partes: corpo, alma e espírito, da mesma forma a Escritura possui três sentidos: O corpo é o sentido literal, a alma é o sentido moral e o espírito é o sentido alegórico ou místico, só que desprezou o sentido literal, raramente se referia ao sentido moral e empregou constantemente a alegoria. Agostinho- (Escola de Antioquia- 350-430) Foi um alegórico em excesso, cria que a Escritura tinha um sentido quádruplo: histórico, etiológico, analógico e alegórico. A escola de Antioquia foi fundada por Doroteu e Lúcio; alguns acham que foi Diódoro, bispo de Tarso. Dessa escola foram Teodoro e Crisóstomo, que divergiam grandemente do seu mestre; a exegese de Teodoro era intelectual e dogmática; a de Crisóstomo, espiritual e prática. Escola Ocidental - Hilário, Ambrosio, Jerônimo e Agostinho. Exegese medieval Interpretação totalmente amarrada à tradição e tudo devia adaptar-se à Doutrina da igreja. Levaram o “letrismo” ao ridículo, com o misticismo judaico dando sentido sobrenatural a cada letra. A interpretação voltou com Nicolau de Lyra, e muito influenciou a Lutero e sem ela não teria começado a reforma. Exegeses da reforma No séc.XVI predominava profunda ignorância, alguns doutores em teologia nunca haviam lido a Bíblia toda. Lutero- (1483-1546) Rejeitou o método alegórico (escória, sujeira) e acreditava na fé e na iluminação do Espírito para interpretar a Bíblia. Seu princípio cristológico capacitou-o, de fato, a demonstrar a unidade da Escritura sem apelação para a interpretação mística do texto do VT. Na sua exegese, Lutero mostrou a diferença entre a Lei e o Evangelho. Calvino- (1509-15) O maior exegeta da Reforma, e também acreditou na iluminação espiritual para uma interpretação certa da Bíblia, mas superou a Lutero em harmonizar sua exegese com sua teoria. Exegese de Pós Reforma (1550-1800) Confessionalismo - o período das grandes controvérsias doutrinárias. O protestantismo até aqui coeso, começou a se dividir em varias facções, enquanto que a exegese se tornou serva da dogmática, se degenerando em menor busca de textos-provas. Estudava-se a Escritura apenas buscando apoio às declarações de fé das confissões da época. A maior contribuição para a Hermenêutica da época, não é encontrada nas tendências da Igreja, mas na literatura dos movimentos contra a mesma, dentre as quais se destacam a literatura dos Soncinianos, de Concejus e dos Pietistas. Pietismo - surgiu como reação à exegese dogmática, mas não ficou imune às criticas. Racionalismo - filosofia que aceita a Razão como única autoridade que determina as opções ao curso de ação de alguém. Surgiu empirismo, crença de que só podemos possuir entendimento através dos cinco sentidos. Hermenêutica Moderna (1800 até o presente) Literalismo - negava-se o caráter sobrenatural da inspiração, aplicando-se à Bíblia um naturalismo consumado. Neo-ortodoxia- posição intermediária entre o liberalismo e a ortodoxia. Deus se revela através da Palavra quando se consegue sentir a presença de Deus, e se torna uma experiência existencial pessoal. A nova Hermenêutica - criação européia a partir da Segunda Guerra Mundial; segundo esta exegese, a linguagem não é realidade, mas apenas uma interpretação pessoal da realidade. A Hermenêutica no Cristianismo Ortodoxo. A Hermenêutica no Período Histórico - Critico. A mútua relação entre o humano e o divino. IV. A ESCOLA HISTÓRICA DE INTERPRETAÇÃO A interpretação histórica da Bíblia alcançou seu apogeu na pessoa de Semler. Ele salientou o fato de que os vários livros da Bíblia e o seu Cânon em geral se originaram de modo histórico, e eram, portanto, historicamente condicionados. Partindo dos fatos de que os livros da Bíblia foram escritos por homens provenientes dos mais variados e dos mais diferentes níveis da nação judaica, concluiu que as Escrituras têm erros, cabendo ao estudante e intérprete detectá-los. Pela maneira com que Semler se deu a este tipo de estudo, dando a ele exclusividade em detrimento de outros, em certo sentido tornou-se o pai do chamado “Racionalismo Cristão”. O porquê das Escrituras É o único livro que transforma uma pessoa. Deus se tem revelado através dos tempos por meio de suas obras, porém, na Palavra de Deus temos uma revelação especial. É dupla esta revelação: Na Bíblia (a Palavra escrita); Em Cristo (a Palavra viva). A Necessidade do Estudo das Escrituras. (1 Pe. 3:15; II Tm. 2:15; Is. 34:16 Sl. 119:130) Por que devemos estudar as Escrituras? -A Bíblia é o manual do crente na vida cristã e no trabalho do senhor; -A Bíblia alimenta nossas almas; -A é Bíblia é o instrumento que o Espírito Santo usa nas suas batalhas. V. ANÁLISE HISTÓRICO-CULTURAL E CONTEXTUAL A completa técnica de interpretação de textos bíblicos e sua aplicação dividem se em: Análise histórico-cultural; Análise léxico-sintática; Análise teológica; Análise literária; Comparação com outros intérpretes; Aplicação. Análise histórico-cultural - é o que considera o ambiente histórico-cultural do autor, a fim de entender suas alusões, referências e propósitos. A “análise contextual” Compara uma parte com o todo: “... para que o valor de vossa fé, uma vez confirmado, muito mais precioso do que o ouro perecível, mesmo apurado no fogo, redunde em louvor, gloria e honra na revelação de Jesus Cristo” (1Pe. 1:7). Pedro dá muito valor ao ouro, que para ele era a coisa mais preciosa, se fosse Paulo, rico e abastado, desde que nasceu não o levaria em tão alto valor. Para determinar o Contexto Geral Histórico Cultural, são necessárias três perguntas: 1ª) Qual é a situação histórico-geral com a qual se defrontam o autor e seus leitores? Quais eram as situações políticas, econômicas e sociais? Quais eram as principais ameaças e preocupações? Ex.: o que está acontecendo ao auto de Lamentações? Está sofrendo de um colapso de nervos ou de uma reação de angústia normal? Quais as implicações de Cantares de Salomão para uma teologia de expressão sexual cristã? 2ª) Quais os costumes cujo conhecimento esclarecerá o significado de determinadas ações? Por que Jesus deu ordens para preparar a páscoa à noite? b) Por que mandou seguir o homem com o cântaro? 3ª) Qual era o nível de comportamento espiritual da audiência? (Oséias). Para determinar o Contexto Histórico-Cultural específico e a finalidade de um livro, fazem-se, também, três perguntas: 1ª) Quem foi o autor? Qual era seu ambiente e sua experiência espiritual? 2ª) Para quem ele estava escrevendo? (crentes, incrédulos, apóstatas?) 3ª)Qual foi a finalidade do autor ao escrever este livro especial? Ex.: Se o livro “Epístola aos Hebreus” não cita o destinatário, como foi denominado? Pelos dados internos (textuais) e externos (históricos). Dados internos: a epístola cita o VT de maneira que não teria nenhum sentido para o povo pagão comum; mostra, ainda, o contraste da aliança mosaica com a cristã, só podendo ser entendida por quem conhecesse a fé mosaica, ou hebraica. Também quem o escreveu tinha pleno conhecimento da Lei e da Escritura. Depois de encontrarmos o contexto específico histórico-cultural em que o livro foi escrito, devemos determinar a finalidade dele. O que fazemos de três formas: 1ª) Observar a declaração explícita do autor na repetição de certas frases; 2ª) Observa a parte parentética (rotativa) de seu escrito (se o significado do fato é incerto, a natureza da exortação muitas vezes será valiosa para a compreensão de seu significado); 3ª) Observar os pontos omitidos ou os problemas enfocados, ex.: “fez o que era mau (ou reto) perante o senhor”. O que fica subentendido que houve uma história que não foi contada ou registrada. É preciso que estejamos atentos para não interpretar nenhuma passagem sem primeiro entender a intenção do autor ao escrever o livro que a contém. Desenvolver uma compreensão de Contexto Imediato Como método de estudo bíblico, tomar texto para efeito de prova é relegado a plano secundário porque erra neste passo importante: interpreta os versículos sem dar a devida atenção ao contexto. Algumas perguntas ajudam a entender: a)- Quais os principais blocos de material e de que forma se encaixam no topo? b)- Como a passagem que estamos considerando contribui para a corrente de argumentação do autor? c)- Qual era a perspectiva do autor? (qual a visão do futuro? As figuras de linguagem?) d)- está a passagem declarando verdade descritiva ou prescritiva? e)- O que constitui o núcleo de ensino da passagem e o que representa apenas detalhe incidental? Finalmente, a quem se destina a passagem? VI. ANÁLISE LÉXICO-SINTÁTICA Definições e Pressuposição Análise léxico-sintática é o estudo do significado das palavras tomadas isoladamente (lexicologia) e o modo como essas palavras se combinam (sintaxe) a fim determinar com maior precisão e significado que o autor pretendia lhes dar. A análise léxico-sintática reconhece quando um autor tenciona que suas palavras sejam compreendidas de modo literal, quando de modo figurativo e quando de modo simbólico. Está análise fundamenta-se na premissa de que, embora as palavras possam assumir uma variedade de significados diferentes, elas têm apenas um significado intencional em qualquer texto dado. Passos na Análise Léxico-Sintática Para que este complexo se torne mais fácil de entender, foi subdividido num processo de sete passos: 1º) Apontar a forma literária geral (poesia, prosa, história...) 2º) Investigar o desenvolvimento do tema do autor e mostrar como a passagem em considerações se encaixa no texto (análise contextual). 3º) Apontar as divisões naturais do texto. 4º) Identificar os conectivos dentro dos parágrafos e sentenças (conjugações, preposições, prenomes-relativos), evidenciar a relação entre dois ou mais pensamentos. 5º) Determinar o significado isolado das palavras. 6º) Analisar a sintaxe. 7º) Colocar os resultados de sua análise-sintática em palavras que não tenham conteúdo técnico, fáceis de ser entendidas, que transmitam claramente o significado que o autor tinha em mente. Forma literária geral São três as formas literárias gerais: prosa, poesia e literatura apocalíptica. Na prosa predomina o uso literal; Na Poesia usa-se a linguagem figurativa; Nos escritos apocalípticos as palavras têm sentido simbólico. Desenvolvimento do tema - é importante porque o contexto é a melhor fonte de dados. VII. RECURSOS LITERÁRIOS Comparação e Contraste Comparação- envolve a associação de duas ou mais coisas iguais ou parecidas; ex.: como, tal como, igual a (I Sm. 13:5) Contraste - Não consiste na palavra que o indica, mas na diferença das qualidades acentuadas; ex.: Sl 1 = Mas, ou, de outra forma, entretanto...) Repetição e Intercâmbio Repetição - uso repetido de palavras, frases ou orações idênticas para dar ênfase ao que se quer dizer (=ai daquele que...) Intercâmbio - é um tipo especial de repetição no qual um padrão que se alterna é repetido; ex.: 1 e 2 de Lucas encontramos o intercâmbio e a alteração entre os anúncios do nascimento de João Batista e o de Jesus. O uso de intercâmbio reforça o contraste ou comparação. Gradação e Continuação Gradação- o uso de termos mais ou menos iguais; ex.: Amós, 1:6 e 2:6. Continuação- uma prolongada apresentação de um tema particular (vários versículos com o mesmo pensamento); ex.: Jonas ele decidiu sair da presença do senhor, foi a Jope, encontrou um navio que o conduziria à Espanha, pagou sua passagem e subiu a bordo do atado navio. Clímax e Ponto decisivo Clímax - ponto critico de uma narrativa, o ponto de interesse máximo. Ex.: Êxodo: depois da narrativa da saída do Egito, do recebimento da Lei, das instruções, dos detalhes do tabernáculo, finalmente a nuvem de glória cobre a congregação e a luz deslumbrante da presença do senhor enche o tabernáculo. Este é o clímax do livro. Ponto decisivo- está relacionado com o clímax, é o centro da discussão, o eixo em torno do qual gira o assunto em pauta. O ponto decisivo de Gálatas é: “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou.” Particularização- é a marcha do pensamento indo do geral para o particular. Vai do todo para as suas partes; do geral para o específico; ex.: “Todos pecaram, e destituídos estão da glória de Deus.” “Se fulano pecou, eu pequei”, tudo volta ao específico. Generalização- é o mandamento do pensamento indutivo, indo do exemplo específico para o principal geral. Causa e Substância Da causa para o efeitoCausa → pecado; efeito → morte. Causa → ganância; efeito → guerra. Substância – é o inverso da causa. A palavra deste recurso é “porque” Se digo: “meu corpo todo dói” alguém pergunta: por quê? Respondo: porque andei muito a pé. Instrumentação e Explanação Instrumentação- envolve os meios, artifícios, ou instrumentos utilizados para que algo aconteça; palavra-chave: “através de”; ex.: “ninguém vem ao Pai senão por mim.” Explanação- esclarece, analisa, explica; ex.: José foi para Nazaré porque era descendente de Davi. Obs.: Quando Maria foi saudada pelo anjo que anunciou o nascimento de Jesus através dela, falou de sua prima Isabel que já estava no sexto mês de gravidez Maria foi visitá-la e lá passou quase três meses, tempo suficiente para uma gravidez começar a transparecer no corpo de uma mulher. Maria só voltou depois que João nasceu. Pontos a serem explicados: Quando Maria saudou a Isabel, estava no princípio da gravidez, talvez três ou quatro dias, apenas, mas o bebê de Isabel “sentiu” Jesus no ventre de Maria; Embora no princípio da gestação, um coágulo sanguíneo, com poucas células, já existia Jesus, um ser completo. Preparação e Sumarização Harmonia- envolve unidade por acordo ou coerência. Numa passagem um ponto deve concordar com os demais. As escrituras todas são um exemplo! Principalmente- envolve uma idéia principal apoiada por idéias subordinadas. Ex.: as parábolas de Jesus: “O reino do céu é semelhante a uma rede que, lançada ao mar, recolhe peixes de toda espécie. E, quando já cheia, os pescadores arrastaram-na para a praia e, assentados, escolhem os bons para os cestos e os maus deitam fora”. “Assim será a consumação dos séculos: sairão os anjos e separarão os maus dentre os justos, e os lançarão na fornalha acesa; ali haverá choro e ranger de dentes”. O ponto principal: a separação dos bons e dos ímpios na consumação dos séculos. Radiação - Todas as coisas se dirigem para um ponto ou parte dele. Ex.: Sl 119- todos os versículos têm o mesmo ponto: a excelência da Lei de Deus. VIII. FIGURAS DO TEXTO BÍBLICO Metáforas É a figura em que se afirma que alguma coisa é que ela representa ou simboliza, ou com que se compara. A metáfora só se distingue da símile por lhe faltar o elemento de comparação que há neste. Ex.: “Porque foi subindo “como” renovo, é uma símile, uma comparação em que não há figura; “Eis que eu farei vir o meu “servo”, o “Renovo”, é metáfora. Metonímia É o emprego do nome de uma coisa pelo de outra com quem tem certa relação: Do efeito pela causa: “Duas nações há no teu ventre”, os progenitores por sua descendência. Da causa pelo efeito: “Eles têm Moisés e os profetas”. Os autores por seus escritos. Do sujeito pelo atributo ou adjunto: “É como nos interpretou”. Os sonhadores por seus sonhos. Do atributo ou adjunto pelo sujeito: “Falem os dias, e a multidão dos anos ensinam a sabedoria”. A idade por aqueles que o têm. Sinédoque È a substituição de uma idéia por outra que lhe é associada: Do gênero pela espécie, do geral pelo particular – “Então saíam a ter com ele Jerusalém, toda a Judéia e toda circunvizinhança do Jordão”. Da espécie pelo gênero, o particular pelo geral- “O pão nosso de cada dia dános hoje”. Do todo pela parte: “És pó e ao pó tornarás”. Da parte para o todo: “no suor do rosto comerás o teu pão”. Hipérbole É a afirmação em que as palavras vão além da verdade literal das coisas, exageros, ex.: “As cidades são grandes e fortificadas até aos céus.” Ironia É a expressão de um pensamento em palavras que, literalmente entendidas, exprimiriam o pensamento oposto. Usada por Deus: “Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecendo o bem e o mal”. “Clamai aos deuses que escolhestes, eles que vos livrem no tempo do vosso aperto”. Usada pelos homens ”Na verdade vós sois o povo, e convosco morrerá a sabedoria”. Prosopopéia É a personificação de coisas ou de seres irracionais. Ex.: “Todos os meus ossos dirão: Senhor, quem contigo se assemelha?” Antropoformismo Atribuem a Deus ações e faculdades humanas, e até órgãos e membros do corpo humano. Ex.: “E o Senhor aspirou o suave cheiro, e disse consigo mesmo...” Enigma É a enunciação de uma idéia em linguagem difícil de entender; não é do domínio geral das Escrituras, só se tem conhecimento do de Sansão. Alegoria È a narrativa em que as pessoas representam idéias ou princípios. As narrativas bíblicas são histórias verídicas e não alegóricas; temos, no entanto, uma interessante aplicação alegórica, feita por Paulo, do incidente de Agar e Sara e seus respectivos filhos. Símbolo É o emprego de algum objeto material para evocar idéia ou coisa espiritual ou moral. Tipo É a representação de pessoa ou transação futura na esfera espiritual ou religiosa, por meio de transação, pessoas ou coisas do mundo material que tenham com elas certa correlação de analogia ou mesmo de contraste. Parábola É uma narrativa de acontecimento, real ou imaginário, em que tanto as pessoas como as coisas e as ações, correspondem a verdades de ordem espiritual e moral. Agora estudaremos os cinco importantes elementos que compõem o texto bíblico: Parábolas; profecías; tipos; símbolos e poesía. Parábolas- Jesus para ensinar a seus discípulos e outros ouvintes; para encobrir a verdade aos não receptivos à revelação de Cristo como Messias; revelam verdades desconhecidas com base em verdades e fatos conhecidos. Compreensão das parábolas- As parábolas nos Evangelhos estão relacionadas com Cristo e o Seu Reino. As parábolas devem ser estudadas à luz do lugar e da época a que se relacionam; Observe as explicações das parábolas dadas por Jesus; Compare os ensinamentos apresentados na parábola, com todo o contexto da Escritura. Profecias- inspirada declaração da vontade de Deus e os propósitos divinos. Interpretação da profecia - As passagens proféticas podem ser interpretadas literalmente como o são conhecidas passagens didáticas da Bíblia? Ezequiel é muito mais difícil de interpretar do que Jesus, no seu Sermão da Montanha, por causa da linguagem figurada. Quando uma profecia já se cumpriu, sua interpretação está na própria Bíblia; p. ex.: Pedro no dia do pentecostes citou um salmo profético (16.8-11) que se havia cumprido em Jesus. Quando as profecias são interpretadas pela Bíblia: Os profetas, muitas vezes, tinham de Deus a imagem mental dessas visões futuras. Eles escreviam o que viam pelo Espírito, entretanto, é difícil entenderse nessas circunstâncias. O livro do Apocalipse é um exemplo, João teve a visão e escreveu o que viu. Mas para nós é difícil formar um quadro exato das coisas que ele viu. Podemos entender a mensagem geral do livro: o Senhor está operando algo espantoso na terra, só os ímpios serão julgados, os justos herdarão o reino, Jesus será o Rei dos reis e Senhor dos senhores. O volume de material profético nas Escrituras requer anos de estudo específicos para ser levantado. As profecias estão, também, nos Salmos, no Apocalipse, nos Evangelhos e epístolas. O elemento tempo, na profecia, geralmente é indefinido. A seqüência de acontecimentos pode ser dada, mas o tempo do cumprimento e a duração de tempo entre os acontecimentos, geralmente estão ocultos. Algumas profecias têm a ver com o futuro próximo, outras com o futuro remoto. Tipos- é uma classe de metáforas que não consiste meramente em palavras, mas em fatos, pessoas ou objetos que designam fatos semelhantes, pessoas ou objetos no povir. Exemplos abusivos - muitos abusos têm sido cometidos na interpretação de muitas coisas que parecem típicas no NT Como forma de ajuda para que se evitem tais abusos, aconselhamos a fazer o seguinte: Aceite como tipo, o que como tal, é aceito no Novo Testamento; Recorde-se que o tipo é inferior ao seu correspondente real e que, por conseguinte, todos os detalhes do tipo não têm à dita realidade; Tenha presente que às vezes um tipo pode prefigurar coisas diferentes. Lembre-se que os tipos, como as demais figuras, não foram dados para servir de base e fundamento das doutrinas cristãs. Exemplos de Tipos - são lições concretas de Deus; a maior parte dos tipos do AT. Acha-se no Tabernáculo e nas peregrinações dos filhos de Israel no deserto. Várias deles são explicadas na epístola dos hebreus. Jesus faz menção à serpente de metal e a Jonas. Símbolos - símbolo é uma espécie de tipo pelo qual se representa alguma coisa ou algum ato, por meio de outra coisa ou fato conhecido, para servir de semelhante ou representação. É muitas vezes diferente do tipo por não prefigurar a coisa que representa. Ele simplesmente representa o objetivo. Às vezes pode ter mais de um significado Ex.: Jesus é chamado de “Leão da tribo de Judá”, enquanto que Pedro compara o Diabo, em sua fúria devoradora, a um leão que ruge procurando a quem possa tragar. Note bem: o aspecto leão que figura o Senhor Jesus Cristo, é apenas a natureza forte e real do animal. Cristo é chamado de o “Leão da tribo de Judá”, a passo que o diabo vem “como” leão. IX. CLASSES DE SÍMBOLOS Objetos reais O sangue – vida ou alma. Vestido - mérito ou justiça real. Linho fino - (justiça real) Cobre - resistência ao fogo. Ouro - Glória de Deus. Óleo ou azeite - Espírito Santo Incenso - orações. Sal - influência preservadora. Fermento- tendência corruptora. Nomes - Abrão - pai das alturas. - Abraão - pai de multidões. - Sarai - princesa minha - Sara - princesa. - Jacó - suplantador. - Israel - príncipe de Deus. - Egito - Mundo - Belém - casa de pão. - Calvário - sofrimento. - Babel e Babilônia - confissão. Números Um - unidade, primazia. Dois - relação, diferença, divisão. Três- solidez. Quatro- cessação, fraqueza, fracasso, provação, experiência, modificação, criatura, terra, mundo. Cinco - o fraco com o forte, Emanuel, Deus governando, capacidade... Seis - limitação, domínio humano, manifestação do mal, disciplina. Sete - plenitude, perfeição, repouso. Oito - Novo começo, o novo em contraste com o velho. Cores Azul - perfeição celeste que sob a dispensação antiga, só podia ser contemplada de longe. Púrpura - cor dos mantos reais entre os gentios, e a do manto que por escárnio, puseram sobre Jesus. É a cor da realeza. Carmesim ou escarlate - Foi à cor distintiva do povo de Israel, pela qual Raab se identificou com esse povo. Compara-se com o pecado mais tenaz, mas que pode ser lavado com o sangue de Jesus. Poesia Aspectos da poesia hebraica: Não possui rima, seu tamanho não é levado em conta, e pelo fato de estar constituído em torno de um padrão de pensamento básico, o escritor tem grande liberdade na estruturação de cada verso. Tem estilo de Paralelismo literário de três tipos: Paralelismo sinonímico- indica que a segunda linha do poema repete a verdade da primeira, com palavras parecidas; p.ex.: “Ao senhor a terra... e o Mundo e os que nele habitam”. Paralelismo antitético- sugere contraste. A segunda linha do verso contrasta com a primeira, p.ex.: “Pois o senhor conhece o caminho dos justos,mas o caminho dos ímpios perecerá”. Paralelismo sintético- a segunda linha acrescenta alguma coisa à primeira; p.ex.: “A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma”. Na poesia hebraica predominam sentimentos, pensamentos e emoções. X. A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO POR MÉTODO Método- é a maneira ordenada de fazer alguma coisa. É um procedimento seguindo passo a passo, destinado a levar o estudante a uma conclusão. Perigo do mau uso da Bíblia- isto se dá quando se despreza o estudo sistemático e metódico. Não se deve ignorar o que a Bíblia diz sobre determinado assunto para não se aplicar mal; não se deve ignorar o contexto onde está o versículo; não se deve ler uma passagem e tentar dizer o que ela não diz. Princípios de estudo da Bíblia Vá você mesmo diretamente ao texto (confira- confronte) Faça anotações das conclusões dos seus estudos - não se deve confiar só na Memória. Estude constante e sistematicamente - Num mundo de obras inacabadas, onde vamos situar aqueles que somente começam a estudar a Bíblia e não prosseguem? Transmita aos outros os resultados dos seus estudos. Aplique o seu estudo à sua própria vida. Estude pelo método sintético O estudo bíblico pelo método sintético, aborda cada livro como uma unidade inteira e procura entender o seu sentido como um todo. Você fará perguntas e procurará responde-las seguindo os passos: Ler - observar - tomar notas. Descubra o tema central do livro lendo-o mais de uma vez; Desenvolva o tema central do livro lendo-o mais de uma vez; Indique os temas, atmosfera e forma literária do livro. Estudo pelo Método temático O estudo feito pelo método temático lida com um assunto específico; p.ex.: “O tema principal da Bíblia é a redenção através do sangue de Cristo”. Podemos usar como temas o que vemos e o que não vemos, ou seja, coisas invisíveis quanto qualidades invisíveis (chuva, pedra, ar...). Encontramos o tema à medida que vamos estudando a Palavra e vendo quantas vezes o lemos no texto. Deve-se ter, também, às mãos, bons livros, Dicionários Bíblico, Concordância Bíblica, e outras fontes. A maturidade da pessoa, a espiritualidade, o equilíbrio, boa saúde, calma, sossego interior, o discernimento interior, a ausência de preconceitos, a cultura bíblica e a cultura acadêmica, são muito importantes neste estudo. Estudos pelo método Biográfico A Bíblia é cem por cento um livro especial e “sui-gêneris”, até a biografia de santos homens, nela contida, não tem fim. A vida dos seus heróis não termina com a morte, continua no céu. Os tipos biográficos: Narrativa Simples- Toda Escritura contém utilidade para o ensino, e as genealogias acrescentadas de biografias, encerram histórias verdadeiras e edificantes; na narrativa se dá uma lista de fatos, para fins de registros. Exposição Narrativa- a segunda razão pela qual o escritor da Bíblia inclui informações biográficas, é para usar a narrativa como meio de ensinar uma lição histórica; ex.: José do Egito, Isaque, Daniel... Exposição de caráter - a terceira razão é poder ensinar a respeito do caráter da pessoa. Argumentação- para provar um ponto de vista. XI. PRINCÍPIOS DA INTERPRETAÇÃO BÍBLICA Pressuposto ESSENCIAL A Bíblia não pode ser interpretada de qualquer maneira. Estudem a Bíblia partindo do pressuposto de que ela é a autoridade suprema em questões da religião, fé e doutrina. Em assunto de religião, fé e doutrina; consciente ou inconscientemente, o crente se submete à tradição, à razão, ou às Escrituras. A autoridade de tradição- Sobre Maria, só se aceita o que a Bíblia ensina, à medida que este ensino satisfaça o que tradicionalmente é aceito pela Igreja católica; desse modo, a tradição e não a Bíblia, é o guia e juiz. A autoridade da Razão - o racionalismo ocupou o centro das atenções. Para o liberalismo e modernismo teológico; em tais casos a mente humana é que é o guia supremo e juiz. Para o racionalismo teológico, o mais importante não é que a Escritura diz sobre este ou aquele assunto, mas até que ponto a mente humana aceita ou rejeita o que é dito. A autoridade da Escritura - Independentemente do testemunho da tradição ou da Razão, o crente verdadeiro tem na Bíblia e seu guia e juiz infalível. Devemos dar prioridade a nossa fé na Bíblia, como única inspiração divina e Palavra de Deus. Regra Fundamental Não se esqueça de que a Bíblia é a melhor intérprete de si mesma; a Bíblia interpreta a Bíblia. Os maiores inimigos da Bíblia não são os seus opositores que em épocas de grandes perseguições rasgaram-na, mas grande número de seus expositores sempre prontos a acharem na Bíblia, apoio para as suas idéias absurdas. A má interpretação da Bíblia traz maldiçoes, doenças e mortes. O diálogo da serpente com a mulher, no Éden, é um exemplo. O diabo é oportunista. Princípio da Iluminação Dependa da fé salvadora e do Espírito Santo para a compreensão interpretação da Escritura. O Espírito Santo ilumina o Cristão para interpretar as escrituras. O testemunho que o Espírito Santo dá, é muito mais excelente do que qualquer outra razão. “Por que o pecador sujeita a vontade de Deus, tão claramente expressa através da Escritura?” “Porque o coração deste povo está endurecido, de mau grado ouviram com os seus ouvidos, e fecharam os olhos; para não suceder que vejam com os olhos, ouçam com os ouvidos, entendam com o coração, se convertam e sejam por mim curados.” MT 13:15 A Revelação Escriturística tem a primazia sobre a experiência Interprete a experiência pessoal à luz da Escritura e não a Escritura à luz da Experiência pessoal. A experiência pessoal não se transfere se constitui na prova clara de que Deus faz em nós; ao contarmos nossas experiências pessoais, estamos dando testemunho do poder de Deus em nossa vida. Mesmo assim, as experiências pessoais não devem ser vir de tema para sermões, devem ficar no lugar delas, questionáveis que são, e não podem se comparar às Escrituras que permanecem para sempre. Distingua entre exemplo e ordenanças nas Escrituras Os exemplos bíblicos só têm autoridade prática quando comparadas por uma ordem que as faça mandamento universal. Não podemos tomar a vida dos personagens bíblicos como padrão; há os que são mencionados como advertência e os que servem de exemplos a serem seguidos. Almeje o Alvo Principal do Conhecimento Bíblico O principal propósito da Escritura é mudar nossas vidas, não multiplicar nossos conhecimentos. Primeiro vem a transformação, depois o conhecimento. Aprendemos com a experiência dos outros: “Ora, estas coisas se tornaram exemplos para nós, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram.” (1 Co. 10:6). Aprendemos uma lição de duas maneiras: Através das experiências pessoais; Através das experiências alheias. Uma lição tem que ser entendida para depois aplicada, mas o entendimento sem a prática é sem nenhum valor. O que é mesmo essencial num teólogo é que o seu ensino seja um aspecto de sua vida, como membro do corpo de cristo. O Princípio do Sacerdócio Cristão Todo cristão tem o direito e a responsabilidade, interpretar pessoalmente a Escritura, seguindo princípios universalmente aceitos pela ortodoxia bíblica. A Revelação Escriturística tem a Primazia sobre as Tradições Apesar da importância da História da Igreja, ela não chega a ser decisiva na fiel interpretação da Escritura. Muitas das doutrinas consideradas essenciais pelos evangélicos são apenas implícitas nas Escrituras. Devemos à história da Igreja sabermos que: No século II A Igreja liderou especialmente com apologética e as idéias fundamentais do cotidiano; Nos séculos III e IV, com a doutrina de Deus; No começo do século V, com o homem e o pecado; Desde o século V até o século VII, com a pessoa de Cristo; Nos séculos XI e XVI, com a expiação; E no século XVI, com a aplicação a redenção. Ainda assim, a Igreja não determina o que a Bíblia ensina, antes é a Bíblia quem determina o que a Igreja ensina. XII. PRINCÍPIOS GRAMATICAIS Regra Um: “A Escritura tem somente um sentido, e deve ser tomado literalmente”. Nos nossos tempos estão havendo novas tendências na interpretação bíblica, usam a forma de “contextualizar” adaptando as palavras à realidade moderna. Regra Dois: “As palavras do texto bíblico devem ser interpretadas no sentido que tenham no tempo do autor.” Ex.: A parábola das dez virgens. Deve-se, também, conhecer o sentido correto da palavra. ex.: “chegando-se, tocou o esquife e...” Há, ainda, quatro regras a observar, sobre as palavras: O uso que faz dela o autor; Sua relação com o conteúdo imediato; ex.: a conversão do carcereiro sobre a palavra “salvo”: da situação em que se encontrava, ou da própria alma? Segundo Russel Norman Chaplin, NT interpretado, o carcereiro perguntava o que devia fazer para sair da situação em que se encontrava e Paulo atende-o fazendo-o acreditar que o Senhor Jesus resolveria o seu problema e assim entrou no tema da salvação de sua alma. Em outras palavras em relação à palavra deve ser observado: Seu uso correto na época em que foi escrita; Seu sentido etimológico. Regra Três - “As palavras do texto bíblico devem ser interpretadas em relação a sua sentença e ao seu contexto.” Ex.: “A Mulher aprenda em silêncio (...) não permito, porém, que a mulher ensine (...) nem use (...) sobre o seu marido (...) Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi (...) Mas a mulher (...) Salvar-”se-á, porém, dando à luz filhos...” (1 Tm. 2:11-15) Vemos aqui duas palavras cuja interpretação está relacionada à sentença e ao contexto. “Ensine” está relacionado ao marido e “salvar-se-á” ao ato de a mulher dar à luz não que isto a salve ou anule o sacrifício de Cristo, mas a torna mais sensível, mais dócil e meiga. Às mulheres não era dado o direito de ler em voz alta na sinagoga, quando os meninos podiam-no fazer, e até escravos; havia, até, rabinos que ensinavam a mulher como um ser sem alma; em o Filho de Deus ter nascido de mulher, mudou o pensamento da época, principalmente do rabino Paulo, que aceitava o sacrifício de Cristo também pela mulher, embora não a liberasse totalmente. Imaginem isso em nossos dias! E a Escola Dominical? Considerações preliminares - Os Evangelhos são chamados “sinópticos” pelo fato de registrarem eventos comuns sobre a vida, ministério, crucificação, morte e ressurreição de Jesus, entretanto, foram escritos sob prismas diferentes: em Lucas, como o filho do homem; em Marcos como servo; em João é o Filho de Deus, este Evangelho não é sinóptico. Regra Quatro - “Quando um objeto inanimado é usado para descrever um ser vivo, a proposição pode ser considerada figurada.” Ex.: Eu Sou o pão da vida, a luz do Mundo, a porta, o caminho, a videira, etc,. Seria absurdo interpretar literalmente. Ou ainda, “O justo florescerá como palmeira, crescerá como o cedro do Líbano”. Salmo 92:12. A nossa compreensão do mundo espiritual é analógica. O juízo é descrito como fogo porque a dor da queimadura é mais intensa. Regra Cinco - “As principais partes e figuras de uma parábola representam certas realidades. Considere essas principais partes e figuras somente quando estiver tirando conclusão”. Exemplos de má interpretação: dada por Agostinho, doutor da Igreja: Parábola do bom samaritano: Certo homem descia de Jerusalém para Jericó-(Adão) Jerusalém (cidade celestial de Paz da qual Adão caiu) Jericó (a lua, assim significa a imortalidade de Adão) Salteadores (o diabo e seus amigos) Roubaram-lhe, a saber, (sua imortalidade) Causaram-lhe ferimentos (ao persuadi-lo a pecar) Deixando-o semimorto (como homem, vivo, mas que morreu espiritualmente está semimorto.) O samaritano (guardador, logo se refere ao próprio Cristo). O sacerdote e o levita (o sacerdócio é o ministério do Antigo Testamento). Pensou-lhe os ferimentos (significa restringir o constrangimento do pecado). Óleo (o consolo da boa esperança) Vinho (a exortação para trabalhar com o espírito fervoroso). Animal (a carne da encarnação de Cristo). Hospedaria (a igreja) Dia seguinte (dia da ressurreição) Dois denários (a promessa desta vida e da do porvir) Hospedeiro – (Paulo) (LOCKIER, TODAS AS PARÁBOLAS DA Bíblia) Observe que má interpretação! Para se interpretar uma parábola: Determine o propósito da parábola; Certifique-se de que explica as diferentes partes em harmonia com o fim principal contido no ensino da parábola. Na parábola citada: havia uma necessidade: Deviam satisfazer a necessidade; - Houve satisfação da necessidade, - Veio de uma fonte inesperada. Use somente as principais fontes da parábola ao explicar a lição. XIII. PRINCÍPIOS HISTÓRICOS Regra Um - “Uma palavra nunca é compreendida completamente até que se possa entendê-la como palavra viva, isto é, originada na alma do autor”. Deve-se ir além do conhecimento do nome do autor; deve-se conhecer o autor mesmo, seu caráter e temperamento, sua disposição e habitual modo de pensar e penetrar no seu mundo estudando os seus escritos diligentemente. Regra Dois - É impossível entender um autor e interpretar corretamente suas palavras sem que ele seja visto à luz de suas circunstâncias históricas.” Os escritos bíblicos estiveram sujeitos a circunstâncias geográficas, políticas e religiosas. Geográficas- O clima, o caráter das estações, os ventos, vales, montanhas, produtos da terra... Políticas- História nacional, relação com outras nações; suas instituições políticas. Religiosa- Israel como berço das mais elevadas revelações divinas; repreensões religiosas. Regra três - “Uma vez que as Escrituras se originaram de modo histórico, elas devem ser interpretadas à luz da história.” Muitos dos primeiros cristãos, por serem judeus, em grande parte continuaram a viver segundo os costumes judaicos, freqüentando a sinagoga e o templo em Jerusalém, oferecendo holocaustos e obedecendo aos rituais dietéticos. Regra Quatro - “Embora a revelação de Deus nas Escrituras seja progressiva, tanto no Antigo Testamento como no Novo, são partes essenciais dessa revelação e formam uma unidade.” Não se observar esta regra pode levar o estudante a tirar conclusões precipitadas quanto a harmonia dos dois testamentos, como aconteceu com Marcião, um herege da Igreja no século II, que ensinava que o Deus do Novo testamento se opunha ao Deus do Antigo, mas em Cristo destruiu-se a autoridade da lei judaica. Ora esse Jesus é o tema central dos dois testamentos, a Bíblia é Cristocêntrica. Regra Cinco- “Os fatos ou acontecimentos históricos se tornam simbólicos de verdades espirituais, somente se assim as Escrituras os designarem.” Símbolo é algo que se representa ou lembra alguma coisa por relação, associação, convenção ou semelhança ocidental; especialmente um sinal visível de uma coisa invisível. Características de Símbolos Históricos: Um símbolo deve parecer de fato com a coisa que representa; p.ex.: Israelitas sem fé e desobedientes não entraram na Terra Prometida, assim acontecerá espiritualmente. Os símbolos não podem corresponder ao que prefiguram, em todos os seus detalhes. Ex.: Muitos homens no Antigo Testamento são tipos de Cristo, mas nenhum é igual a Cristo. XIV. PRINCÍPIOS TEOLÓGICOS Regra um -“você precisa compreender gramaticamente a Bíblia, antes de compreender teologicamente.” Regra Dois - “Uma doutrina não pode ser considerada bíblica, a menos que resuma e inclua tudo o que a Escritura diz sobre ela.” O propósito desta regra é determinar a verdade doutrinária do texto bíblico. É evidente que a Bíblia inteira é a Palavra de Deus, mas é importante lembrar que nem tudo na Bíblia tem o mesmo valor, nem é útil da mesma maneira. Entretanto, a verdade doutrinária, é útil a nós de uma maneira peculiar, pelo fato de exigir alguma coisa de nós de forma particular. Há determinações na Bíblia que não são como mandamentos diretos, mas devem ser considerados. Por exemplo: bebedice é condenada, embora não seja um mandamento: 1Co. 5.11; 6.10; Ef.5.18. ensinadas Regra Três - “Quando parecer que duas doutrinas na Bíblia são contraditórias, aceite ambas como escriturísticas, crendo confiantemente que elas se explicarão dentro de uma unidade mais elevada”. Ex.: A trindade divina. Não temos três deuses, mas três pessoas plenas e distintas num só Deus. Um Deushomem, plenamente homem e plenamente Deus. De modo que as coisas de Deus não são totalmente compreensíveis pelo limitado homem. Regra Quatro - “Um ensinamento simplesmente implícito na Escritura pode ser considerado bíblico quando uma comparação de passagens correlatas o apóia.” Ex.: 1- Numa discussão de Jesus com os saduceus sobre ressurreição, o mestre encontrou recursos para combater no AT. (Mc. 12.26-27). Deus é Deus dos vivos; Deus é Deus de Abraão, de Isaque. De Jacó, logo Abraão, Isaque e Jacó estão vivos. Ex. 2- Quando Paulo ensina sobre a Ceia do Senhor à igreja, não excluiu as mulheres. A igreja de Corinto recebeu instrução sobre a comunhão; haviam mulheres que faziam parte da Igreja em Corinto, logo as mulheres podem participar da Ceia. XV. MÉTODOS INADEQUADOS DE INTERPRETAÇÃO 1 - Método Supersticioso:- No tempo de Jesus os judeus procuravam todos os possíveis sentidos escondidos do texto, como se o sentido óbvio não tivesse a máxima importância. Apreciavam a interpretação mais original. Também aceitavam a tradição oral, que tinha para eles tanta autoridade quanto a Bíblia. 2 - Método Alegórico:- No tempo de Cristo existia o método alegórico para interpretação dos mitos gregos. Diante dos escândalos do comportamento indecoroso dos "deuses" nestes mitos, os filósofos achavam uma saída honrosa assim evitando a censura pública, dizendo ser claro que tais coisas nunca aconteceram, mas que foram relatadas para ensinar lições espirituais. Eram alegorias escritas somente para ensinar. 3 - Método Dogmático:- A Reforma rejeitou a autoridade da tradição e instituiu de novo o estudo da Bíblia. A hermenêutica exige que a Bíblia seja interpretada por si, e não simplesmente à "luz" da nossa teologia, que não é infalível, embora de que de modo geral seja bíblica. 4 - Método Racionalista:- Hoje em dias há muitos teólogos que dão uma importância exagerada ao cérebro humano, ousando dizer que devemos examinar a Bíblia para distinguir entre os erros e as partes inspirada. Tem um preconceito contra milagres ou qualquer coisa que não pode ser provada pela ciência; contra profecia, a ressurreição, o nascimento virginal, etc.. 5 - Método Mitológico:- Nos últimos anos a teologia de Bultmam (um existencialista) tem ganhado muito apoio entre os teólogos liberais. Afirma que no tempo quando a Bíblia foi escrita, o homem tinha as suas idéias pouco desenvolvidas sobre a ciência e a teologia; mais hoje em dia o homem não aceita mais aquelas idéias. Temos então de apresentar-lhe as verdades em "roupa nova", tirando os conceitos antigos já superados. Deste jeito o que importa é o que costumam chamar o "ensino essencial" da Bíblia, que não segue a apresentação bíblica e às vezes se afasta muito da doutrina bíblica. BIBLIOGRAFIA HENRICHSEN, Walter A. Princípios de Interpretação da Bíblia. São Paulo: Mundo Cristão, 1997. LOCKYER, Hebert. Todas as parábolas da Bíblia, São Paulo: Vida LUND, E. & NELSON, C. Hermenêutica. São Paulo: Vida,1987. VIRKLER, Henry A. A Hermenêutica Avançada: Princípios e Processos de Interpretação Bíblica. São Paulo: Vida, 2001. ZUCK, Roy B. A Interpretação Bíblica: Meios de descobrir a Verdade da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1994. AVALIAÇÃO OBS: Prefira responder usando suas palavras (seu entendimento) Digitalizar e entregar para correção Nome do aluno (a) : ___________________________________ Núcleo de: ______________________________ Data: ___/___/___ 1. O que é hermenêutica bíblica? 2. Em sua opinião, porque estudar a hermenêutica é importante? 3. Porque interpretar a Bíblia é um desafio? 4. Quais “abismos” existem entre os povos bíblicos e os crentes da atualidade? 5. O que é uma analise contextual? 6. O que é uma análise léxico-sintática? 7. Sobre as figuras do texto bíblico, responda: O que é Metáfora? Cite um texto bíblico de exemplo. O que é Metonímia? Cite um texto bíblico de exemplo. O que é hipérbole? Cite um texto bíblico de exemplo. O que é Alegoria? Cite um texto bíblico de exemplo. O que é parábola? Cite um texto bíblico de exemplo. 8. O que vem a ser “Método”? Cite alguns exemplos de métodos no estudo bíblico. 9. Cite 5 princípios de interpretação bíblica. 10. Cite (de forma sucinta) as 5 regras de interpretação baseadas nos princípios gramáticas. 11. Cite (de forma sucinta) as 5 regras de interpretação baseadas nos princípios históricos. 12. Cite (de forma sucinta) princípios teológicos. as 4 regras de interpretação baseadas nos