AQUISIÇÃO DE PRONOMES POSSESSIVOS ADJETIVOS EM LÍNGUA INGLESA Silvana Aparecida Calegari Palavras Chaves: Aquisição de Segunda Língua – Aprendizagem - Instrução Ensinar uma língua estrangeira configura-se numa prática muito complexa que defronta o docente com os mais variados conflitos. Tais conflitos têm provocado o interesse dos estudiosos do assunto na busca de investigar problemas que favorecem ou limitam e dificultam o aprendizado de uma língua estrangeira. Nos últimos anos, tem sido crescente o interesse por pesquisas na área da psicolingüística no que se refere à aquisição da linguagem, tendo sido levantadas e explicadas diversas hipóteses para explicar esse fenômeno. Dentre elas, pode-se citar a Hipótese Cognitivista de Piaget, que defende que o desenvolvimento lingüístico é determinado pelo desenvolvimento cognitivo. A aquisição é vista como resultado da interação entre o ambiente e o organismo, através de assimilações e acomodações, responsáveis pelo desenvolvimento da inteligência em geral. Tem-se também a Hipótese Behaviorista, desenvolvida por Skinner, a qual nos diz que a linguagem está diretamente relacionada com a experiência. Assim, o conhecimento lingüístico desenvolve-se por meio de associações, de estímulo e resposta, imitação e reforço. Outra hipótese que se apresenta é a de Noam Chomsky que demonstra que a versão behaviorista a propósito da aquisição da linguagem, se não for inteiramente abandonada, deve ser suplementada por algo mais substancial do que apelos vazios à analogia. Para o teórico, a aquisição lingüística está baseada no princípio de que existe uma gramática universal (GU) capaz de gerar sentenças infinitas. Nessa perspectiva, os seres humanos são dotados de um módulo específico para o processamento da linguagem, a GU, e que, a partir dele, devem organizar as informações disponíveis sobre uma dada língua através do input. A teoria Chomskyana funda-se na hipótese de que cada indivíduo é munido de uma estrutura cognitiva biologicamente determinada, isto é, inata. É sob a perspectiva inatista que se dá esta pesquisa, segundo a linha gerativista de investigação lingüística que tem sua origem nos estudos de Chomsky (1981). Pesquisas na aquisição de pronomes têm seu foco no domínio das crianças sobre as variadas distinções morfológicas contidas nos modelos dos pronomes pessoais de muitas línguas, especialmente, no que se refere a distinções de pessoas, número, gênero, e caso. Dentre esses estudos podemos citar os de Anderson, 1998; Brown, 1973; Chiat, 1981; Deutsch & Pechman, 1978; Huxley, 1970; Kaper, 1976; Rispoli, 1994, 1998a, 1998b e Tanz, 1974. O presente estudo mesmo enfatizando o aspecto específico de aquisição dos pronomes possessivos adjetivos, especialmente as terceiras pessoas na língua inglesa (his, her), deparou-se com uma ampla bibliografia referente às áreas de aquisição de L2. Verificou-se, pois, que muitos são os estudos nessa área e que as perspectivas adotadas para prever a aquisição da linguagem apresentam controvérsias de pensamento. Qual é a teoria que melhor explica? Não poderia haver uma resposta definitiva nesse aspecto. As várias áreas de pesquisa lingüística têm oferecido contribuições fundamentais que hoje são discutidas no intuito de descobrir os mais eficazes meios de ensinar uma língua estrangeira. As hipóteses com as quais o pesquisador defronta-se são suscetíveis à verificação e podem ser consideradas e até guiar a realização de um trabalho. De acordo com Seow (2004) as pesquisas envolvendo a aquisição dos pronomes possessivos em Inglês devem-se ao interesse dos pesquisadores em entender como os aprendizes processam essa aquisição, se a instrução é ou não eficaz durante o processo. Os resultados encontrados nos estudos realizados até então sobre esse tópico revelaram que os aprendizes que recebem instrução formal demonstram melhor desempenho gramatical, enquanto os que recebem instrução informal melhor desempenho lexical, sem noção de estrutura gramatical. A aquisição de segunda língua desperta focos de pesquisa na área da Psicolingüística, além de ser de interesse central nas ciências cognitivas, é caso do interacionismo social e das vertentes teóricas do cognitivismo construtivista de Piaget e Vygotski, além da proposta comportamentalista skinneriana. E, como não poderia deixar de ser, as teorias lingüísticas têm orientado os estudos nessa área, sobretudo as de inspiração gerativista, como é o caso desta pesquisa. A área da aquisição de segunda língua envolve desde o bilingüismo infantil até a verificação dos processos pelos quais se dá a aquisição de segunda língua entre adultos e crianças, seja em situação formal escolar, seja informal de imersão lingüística. De acordo com Ellis (1997), em um primeiro momento, o termo segunda pode definir aquela língua que é aprendida posterior à língua materna, bem como, pode também se referir à aprendizagem de uma terceira ou quarta língua, assim por diante. Então, a aquisição de uma segunda língua (L2) pode ser definida como um caminho através do qual as pessoas aprendem uma outra língua, que não seja a língua materna (LM) do indivíduo, dentro ou fora de uma sala de aula. A propriedade diferencial é que o aprendiz de L2 possui uma gramática com princípios internalizados de uma primeira língua, que são os princípios da gramática universal acrescidos de valores específicos para esta língua chamados parâmetros1. Duas possibilidades sobre a aprendizagem de uma segunda língua devem ser consideradas: a) o aprendiz tem acesso a GU mesmo direta ou indiretamente, através da primeira língua. b) Nesse caminho, o aprendiz estabelece relações com a primeira língua na reestruturação das frases na segunda língua. Sendo assim, os princípios da GU são respeitados já que o aprendiz faz questionamentos relacionados à gramática da L2 contrapondo suas elaborações gramaticais e sintáticas com as da gramática da L1. Com base nisso, a gramática define-se como um sistema de princípios e regras que geram um conjunto de frases de uma língua. Uma gramática desse tipo é chamada gerativa porque qualquer frase resulta, ou é gerada, a partir da aplicação, em uma determinada ordem, de algumas das regras que fazem parte do sistema. Os teóricos supracitados deram sustentação sobre a aquisição dos pronomes adjetivos possessivos em Inglês. A presente pesquisa foi desenvolvida com 11 estudantes do 1° ano do Ensino Médio, aprendizes de Inglês como L2, de uma escola pública da cidade de Santo Ângelo (RS). A coleta de dados deu-se através de atividades realizadas como pré-teste, anterior a aulas de instrução; e pós-teste, posterior ao trabalho desenvolvido. A análise dos dados coletados foi feita a partir de exercícios gramaticais envolvendo o assunto. Dessa forma, buscou-se observar se os alunos melhoram seu desempenho no emprego dos pronomes possessivos adjetivos em Inglês após instrução formal. A escolha desse aspecto lingüístico deu-se pelo fato de que essa é uma situação recorrente na maioria das aulas de língua inglesa nas escolas regulares. Os estudantes demonstram relativa dificuldade na construção de frases com o uso dos pronomes possessivos adjetivos. Essas limitações se dão na distinção e no uso adequado do pronome, considerando tanto o gênero (masculino ou feminino) quanto o número (singular ou plural) e a pessoa. A pesquisa realizada permitiu chegar a algumas conclusões que comprovam a relação ao desempenho no emprego dos pronomes possessivos adjetivos em Inglês como L2. Esses dados emergiram da análise dos resultados obtidos a partir da testagem que buscava evidenciar como se deu o desempenho dos alunos antes e posterior à instrução recebida. O modelo de análise lingüística proposto por Chomsky prestou-se ao exame de alguns fenômenos da gramática da língua inglesa que podem ser problemáticos para os 1 Parâmetros lingüísticos de acordo com Chomsky (1981) são as variações das propriedades lingüísticas específicas de cada língua. estudantes de língua. Mediante a análise do fenômeno dos pronomes possessivos, percebeuse a importância do conhecimento de noções de lingüística teórica por parte dos professores de língua estrangeiras. Esses conhecimentos revelam-se fundamentais na elaboração de estratégias de ensino mais econômicas e eficazes que encontram expressão seja na escolha de textos, seja na organização do currículo e na escolha dos conteúdos, seja em classe, no momento da reflexão gramatical, ou na preparação de materiais e exercícios de suporte à ação docente. Ficou claro também o processo de Interlíngua dos aprendizes, no qual supõe-se que o aprendiz percorra um caminho que parte do conhecimento que possui de sua L1 com o objetivo de atingir a proficiência na língua - alvo. Concluiu-se ainda, que houve um desempenho da parte dos alunos quando a instrução é explícita, isto é, formal. A instrução foi eficaz e apresentou resultados satisfatórios. Contudo, considera-se a instrução implícita também eficaz dependendo do instrumento e da maneira com que é abordada, já que os aprendizes obtêm maior êxito no léxico, apesar de não ter desempenho melhorado na gramática. Com isso é possível verificar que a aprendizagem de uma L2 é influenciada por muitos fatores. Não somente as características individuais de cada aluno, as diferenças cognitivas, a metodologia, o grau de motivação interferem nesse processo, mas também a quantidade e a qualidade dos inputs oferecidos pelo professor. Acredita-se na relevância da presente pesquisa no auxílio aos profissionais da área de ensino de Língua Estrangeira e às pessoas que se interessam pelo assunto para que tenham subsídios para interpretar e dar maior sentido às experiências vividas em sala de aula já que, como se pôde observar, as instruções formais dadas pelo professor, ou seja, o input oferecido pode ser determinante no desempenho dos alunos.Além disso, este trabalho pode auxiliar o professor e, por conseqüência possibilitar uma aprendizagem melhor qualitativa e quantitativamente.